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ESM Aulas

A Europa nos Sistemas Mundiais (Aulas)

17.09.2020
Jennifer McGarrigle
Mail: jcarvalho@campus.ul.pt

Pedro Soares
Mail: pedro.brsoares@gmail.com

Conteúdos programáticos:

1. A globalização/mundialização e os sistemas mundiais.


a. Teorias e interpretações (economia, sociedade e o estado nação)
b. Movimentos de justiça global (desigualdades de género e “raça”, alterações
climáticas)
2. A sistema-mundo como contextos evolutivos da Europa: uma abordagem de história
económica.
3. A Europa do século XXI no quadro da globalização/mundialização: Situação e desafios
geoeconómicos internacionais.
4. A posição geopolítica entre as macrorregiões do mundo.
5. A problemática dos movimentos populacionais e da segurança.
6. A participação nos processos de cooperação internacional.

Avaliação:
1. Teste final- 45%
2. Trabalho pratico de grupo (2 ou 3 pessoas) com apresentação oral- 35%
3. Apreciação do progresso individual com base em pequenos exercícios nas aulas
práticas- 20%

Datas Importantes:

18.09.2020

 Globalização: conceito:
“A intensificação das relações sociais mundiais que ligam as localidades distantes de tal forma
que os acontecimentos locais são moldados por eventos que ocorrem a muitas milhas de
distância e vice versa” Anthony Giddens

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Outro trabalho que teve muita importância para a definição de Globalização foi a de James
Beckford que definiu em 5 principais contornos:
1. A crescente frequência, volume e inter-relação de culturas, matérias primas,
informações e pessoas no tempo e no espaço
2. A capacidade crescente das tecnologias da informação para reduzir e comprimir o
tempo e o espaço (dando origem a noções como a aldeia global).
3. A difusão de práticas e protocolos de rotina para o processamento de fluxos globais de
informações, dinheiro, matérias primas e pessoas.
4. O surgimento de instituições e movimentos sociais para promover, regular,
supervisionar ou rejeitar a globalização.
5. O surgimento de novos tipos de consciência global (...)

TEORIA DOS SISTEMAS-MUNDO

1- Teoria do sistema-mundo (Immanuel Wallerstein – 1974)

 Quadro teórico para compreender as mudanças históricas envolvidas na ascensão do


mundo moderno (perspetiva macrossociológica - visão do mundo como um sistema)
 As origens do sistema-mundo moderno estão na Europa nos seculos XVI XVII
 Colonialismo/Acumulação capital – criou um grupo de países ricos, porem impedindo o
desenvolvimento de outros

Segundo ela, o mundo viu ser criada a partir do seculo XVI uma clivagem entre os países ricos
do centro e as populações pobres da periferia. E assim teria nascido uma supremacia
económica, política, tecnológica e até ideológica, que resultou em primeiro lugar na conquista
e ocupação de largos espaços e riquezas de outros continentes por algumas potencias
europeias. Esse movimento corresponderia, nos primeiros tempos, ao crescimento do
mercantilismo e mais tarde do capitalismo industrial

Wallerstein argumenta que o processo de acumulação de capital produziu um sistema


hierárquico formado por um núcleo (centro), uma semiperiferia e uma periferia, as quais
funcionam a partir da ordem produtiva capitalista onde os países centrais ocupam-se da
produção de alto valor, os periféricos produzem bens de baixo valor, além de oferecerem bens
e serviços, como matérias-primas para a produção de alto valor dos países centrais, e os países
da semiperiferia que funcionam tanto como centro para periferias, como centro para os países
centrais, tendo um papel intermediário. Esta troca desigual cria uma relação de dependência
entre os países de centro e os periféricos (empréstimos, ajuda financeira e humanitária etc.)

Immanuel centrou seu trabalho no conceito da divisão internacional do trabalho e, a partir


disso, elaborou sua tese central.

Críticas:

 Ausência da questão cultural, sendo uma teoria baseada inteiramente na economia


 Periferias podem desenvolver-se em países de centro

2- Teoria da Compressão do Espaço-tempo (David Harley – 1989)

 Globalização refere-se ao alargamento, aprofundamento e aceleração da


interconectividade global

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 A aceleração das atividades económicas leva à destruição de barreiras espaciais e


distâncias

Esta teoria está ligada ao processo de aceleração dos acontecimentos globais, de forma que
sentimos que o mundo é menor e as distâncias mais curtas.

Causas: inovações tecnológicas (comunicação, impressão, transporte);capitalismo etc.

3- World Polity Theory (John Meyer – 1997)

 Coloca a cultura no centro da globalização


 Fornece um conjunto de normas culturais ou orientações em que os atores da
sociedade mundial seguem para lidar com problemas e procedimentos gerais
 Existência de uma política mundial baseada na consciência cultural ampla e
existente/Atitude cívica que atua em uma escala mundial.
 Composta por estruturas políticas, ONGs, associações culturais na esfera internacional
etc.

Polity = atividades e associações das atividades públicas e políticas

Meyer:

 Imorfismo institucional - apesar das diferentes dificuldades existentes entre estados,


as políticas e práticas tendem a convergir com o tempo
 Difusão de modelos universalmente aceitáveis, ou padrões de comportamentos em
áreas como a escolaridade, contabilidade, política populacional, ambiental, direitos de
cidadania e direitos humanos
 Tem influências nas políticas e práticas nacionais e locais, independentemente do tipo
ou maturidade do regime (global cultural script)

A adoção de padrões globais tem 3 consequências:

 Estados e sociedades nacionais definem-se como padronizados


 Resulta em um compromisso constitucional com o progresso (aceitação do
neoliberalismo, direito das mulheres, gays, minorias étnicas etc.)
 Difusão da cultura....

21.09.2020 (prática)

Ex.1 (5%) Data de entrega- 06.10.2020

1. Definições e conceitos chaves: “the network society” “spaces of flows “ “tímeles time”,
outros relevantes...
Estrutura social é a estrutura social caracterizada pela era de informação  organizadas pelas relações
de produção e consumo, experiência e poder. Quando falamos da Era da informação ...

2. Que papel Castells pensa que a informação desempenha na sociedade em rede? É a


própria informação ou outra coisa?
Pag.10
Não é a informação em si, mas o novo paradigma tecnológico.

3. Quais são as transformações sociais que ocorreram para produzir a sociedade de rede?

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Uma aceleração da produção. Novo paradigma centrado na micro eletrónica e nas tecnologias de
produção.
Pag.10 ,11,12
1-novo paradigma tecnológico que resulta na morfologia social;
2-nova economia com 3 fundamentos:
a) informativa global (crescimento da produtividade)
b) é global e seletiva
c) networked
3- Trabalho- flexível, individual (qualquer coisa território
4- Cultural

4. Liste três maneiras elas quais a sociedade em rede mudou as relações de produção,
consumo, poder e/ou experiência, de acordo Castells.
A teoria vai alem da economia, vai ser a base

5. Castells argumenta que a ascensão das sociedades em rede mudou dramaticamente a


cultura. Pense em um exemplo concreto de como a tecnologia e a sociedade em rede
mudaram a cultura ao seu redor. Você acha que isso é uma coisa boa ou trouxe alguns
efeitos colaterais negativos?

24.09.2020

DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALIZAÇÃO UMA PERSPETIVA DA ANTROPOLOGIA

Circulação e movimento em vários “scapes” (Appadurai,1990):


 Ethnoscapes (fluxos de turistas, refugiados, migrantes).
 Techonoscapes.- Finanscapes (fluxo de dinheiro no mercado financeiro e Bolsas de
Valores)
 Mediascapes (fluxos de imagens produzidas e distribuídas por jornais, tv, cinema,
internet, Publicidade, médias sociais)
 Ideoscapes (difusão de ideologias de promover/criticar os valores éticos e políticos
fundamentais)

THREE WAVES OF THEORY


(David ....)
3 teorias de ....

1. Hyper Globalists:
 Identificam uma conjuntura histórica após a qual emergiu a globalização
contemporânea impulsionada por forças de mercado (fenómeno novo).
 Global otimismo (relacionado com o neoliberalismo).
 Erosão do poder e da autoridade do Estado-Nação sobreposta pela mobilidade do
capital/ as TNCs.
 Apoiado por neoliberais económicos (por exemplo, Kenich Ohmae)...

2. Scptics: (os “céticos argumentam que...)


 Globalização não é novo (interdependência económica não é historicamente sem
precedentes- por exemplo, Impérios Mundiais)
 A perspetiva dos globalistas vista como abstratas e supergeneralizadas.

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 O papel continuo dos estados-nação, tanto dentro das suas próprias fronteiras quanto
como agentes dos processos transacionais da globalização (Martell, 2010=
 TNCs ainda vinculadas a estados-nação
 As identidades globais não podem substituir as identidades nacionais (evidencias de
um ressurgimento do nacionalismo de Smith 1990, Kennedy & Danks, 2001)

25.09.2020

3. Transformationalists:
 Não há convergência, mas uma estratificação global (nova divisão internacional do
trabalho).
 A globalização está a criar novas oportunidades para centenas de milhões de pessoas.
 Há grandes diferenças na distribuição de rendimentos entre países (aumento da
desigualdade em vários países)
Obs.: ver Anthony Giddens, Manuel Castells, Saskia Sassen e David Harvey.

28.09.20

Trabalho de grupo

O trabalho deverá ter uma dimensão das 3,500 palavras (não incluindo a bibliografia).
Data de entrega- 14.12.2020, via moodle.
Escolha uma das seguintes temáticas que vai servir de base ao projeto de grupo.
Definir uma pergunta de partida e objetivo específico a partir dos seguintes temas propostos.
O grupo deve consultar os documentos usados e debatidos nas aulas teóricas e práticas para
escolher uma pergunta de investigação relevante, assim como bibliografia da UC (min.6
referencias bibliográficas)
Os grupos podem ter o max. 4 elementos.

Temáticas:
1. Movimentos de justiça global (ex. desigualdades de género e raça, alterações
climáticas).
2. Tecnologia e a sociedade da informação/ conhecimento (digitalização; impactos
sociais, económicos e políticos).
3. A divisão social na Europa (relações inter-geracionais; pobreza/exclusão;
populacionismo).
4. Democracia: Envelhecimento/ migrações (impactos despesa sociais e mercado de
trabalho)
5. Migração e segurança (política migratória na EU/ externalização)
6. A EU e estratégias geopolíticas/ cooperação internacional
7. A EU e alterações climáticas.
8. Geografia económica: as desiguais geografias do capitalismo global.

Os alunos devem usar o Harvard Referencing System (ver o powerpoint no moodle). As


referências bibliográficas indicadas devem ser complementadas com outros artigos/obras

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científicas relevantes e devem incluir pelo menos 6 fontes/ referencias. Os alunos podem
recorrer a artigos científicos, teses, livros e estatísticas.

Desenvolva uma pergunta/ objetivo claro- que será explorado ou respondido no ensaio.

Planear e Estruturar:
 Responder a uma questão/pergunta e desenvolver uma afirmação clara de resposta-
pensar bem e com cuidado sobre o que a questão está a perguntar antes de iniciar a
pesquisa
 ...
 Após as leituras- sumariar todos os pontos chave numa página usando um diagrama de
aranha/ tópicos.
 ...

Introdução:

1. O quê? Explicitar a tese de investigação numa ou duas frases


2. Porquê? Por que razão é importante fazer aquela argumentação (defender aquela
ideia). Dizer, por outras palavras, o que um leitor pode aprender com o seu
argumento.
3. Como ?...

Corpo do ensaio (desenvolvimento):


 Escrever em parágrafos com subtítulos- cada paragrafo deve conter uma frase dizendo
o que o paragrafo trata e uma finalização que faça a ligação com o paragrafo a seguir.

Conclusão:
 Recapitular a essência do ensaio.
 Resumir os pontos principais do argumento e relacionar os pontos com as perguntas
da introdução.
 Explicitar a resposta a que o investigador chegou com a pesquisa.

Explainer: what is surveillance capitalism and how does it shape our economy?
(artigo)

 Como definir Surveillance Capitalism?

Tech Giants “us” clientes

Temos os tech Giants (como a Google, facebook , etc.), “us” e os clientes.


Nesta imagem nos somos os “us” e não os clientes, somos o produto.
Não somos nos o produto em si mas a informação que geramos é o produto, a informação que
tiram de nos.

01.10.2020

Globalização e Cultura:

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Temas principais relacionados com ...

1. Culturas globais- lógica da homogeneização


 Emergência de uma cultura global capitalista (TOMlinson,1999)
...
a. Imperialismo Cultura
O poder e as estratégias das Empresas Transnacionais (ETN) são suficientes para imporem um
conjunto de marcas e produtos à escala global (Mc, coca-cola,etc.) que vao homogeneizando
os gostos e os estilos, substituído os particularismos locais.

b. Incorporação Ideológica
 Assume que o efeito globalizador se situa ao nível do conteúdo ideológico.
 Propaganda apologética dos valores do capitalismo contemporâneo com pilares
estruturadores do estilo de vida.

c. Mercadorização e ideologia consumista


 O principal mecanismo dinamizador das sociedades contemporâneas, designadamente as
urbanas, reside no consumo e não na produção.
 Consumir bens e eventos corresponde a uma forma de lazer e usufruir dos novos espaços
de consumo como os de centros comerciais ou as zonas reabilitadas e reconvertidas junto
de antigas áreas portuárias

Tem impactos na cultura? Harvey 1989


 Compressão espaço-tempo  uma aceleração na rotação (turnover) de capital, na
produção e uma aceleração no consumo.
 Aumento da volatilidade da moda (no sentido amplo da palavra) e pelo aumento da
produção de produtos descartáveis- “Throwaway society”
 O principal mecanismo dinamizador das sociedades contemporâneas, designadamente as
urbanas, reside no consumo e não na produção.

2. A imbricação de culturas globais e nacionais/ locais-globalismo:


 A globalização produz uma interação complexa entre local e o global.
 Produz culturas híbridas complexas.
 Interação entre as políticas locais e regionais e os movimentos sociais mais amplos para
integração global, dando origem a uma nova dinâmica entre o local e o global.
 Fusão entre culturas locais e processos globais.

3. Hibridização Cultural:
 Mistura de culturas e a criação de novas, às vezes únicas, culturas híbridas que não podem
ser designadas como locais ou globais.
 O surgimento de formas culturais translocais que incluem diásporas, conectividade virtual
e fusão (comida)
 “global melange”: fusões produzidas ao longo da história que desafiam e reinventam
fronteiras.

08.10.20
Aula com o prof. Pedro
Textos/livro em que o professor Pedro vai se basear:

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Eric Hobsbawm - A Era dos Extremos.


Emmanuel Castels - O fim do milênio.
Hobsbawn: O período que vai desde o inicio da 1 guerra mundial e o colapso da URSS forma
uma período histórico coerente, que está relacionado e encerrado/resolvido. Sem abordar
este período é difícil compreender a evolução da Europa e o século XX, nós não sabemos bem
o que vem a seguir e indica que estamos numa fase de transição. Ele considera que por isso é
essencial este período e analisá-lo.

Abordagem genérica do professor deste período: (para introduzir a temática)


Este ciclo começa em 1914, ele considera mesmo q a seguir 1914 há uma era de catástrofes no
mundo e que se prolonga até depois da segunda guerra mundial, a seguir à era da catástrofe
existe uma era de ouro que ocorre dos anos 45/50 até aos 70, são anos de crescimento
económico sustentável. A era que se segue anos 80/90 é considerada uma era de incerteza e
grande instabilidade, o processo histórico e como tal os territórios sofreram muitas alterações.

A 1ª era (catástrofe) chama-se assim devido às guerras que causam um aumento grande nas
mortes, neste período as economias também foram destruídas. Esta ideia de catástrofe é forte
mas está relacionado com a realidade desse tempo. Antes deste período houve uma era de
aparente crescimento e mudanças que davam grandes perspetivas às sociedades da época,
então com contraste a este tempo o período das guerras ganhou o nome de catástrofe. Após a
1ª guerra surge uma ideia de que o mundo atravessou a guerra e conseguiu para-la e agora o
que vamos ter é o retomar da época de desenvolvimento, o que aconteceu foi que a partir
dessa altura as economias procuraram desenvolver-se mas encontraram problemas internos
graves como o desemprego crescente e a inflação. O que originou a crise de 1929 foi a seguir
ao período da 1ª guerra mundial e essa saída onde a perspetiva era de voltar ao
desenvolvimento, o que acontece é completamente diferente e o mundo acaba numa crise
(crash da bolse de nova Iorque). A crise é mais profunda do que parece, tem ramificações que
afetam todos os sistemas, o despertar da crise foi que aconteceu com a bolsa de nova Iorque.
Autores colocam a questão de que de facto, o que está subjacente à crise de 1929 (pobreza
total, filas enormes de pessoas desempregas à espera de uma sopa) foi a chamada crise de
sobprodução/super produção, isto é, na realidade depois da 1ª guerra mundial todo o avanço
tecnológico que já tinham alcançado não foi perdido mas não teria sido possível colocar em
uso durante a guerra. As empreses tinham capacidades de produzir muitos produtos e assim o
fez (a oferta) no lado da procura não havia capacidade para absorver o aumento da oferta. A
consequência disto é que todo o sistema passou a entrar em crise, as empresas deixaram de
produzir por falta de consumo e assim também não conseguiam pagar os seus funcionários
etc... Nós entramos poucos anos depois da 1ª guerra mundial é uma crise violenta, onde os
sistemas de proteção social eram quase inexistentes (todos os apoios não existiam ou estavam
em fases rudimentares) o que quer dizer que parte da população passa a estar em crise com
perda de rendimentos. Esta crise afetou todos os países, fazendo o primeiro impacto em
países desenvolvidos e consequentemente criou impactos nos países periféricos. Como o
consumo no primeiro mundo diminui de forma drástica, aquilo que viviam os países
periféricos, que tinham acabado de sair do estatuto de colónia, deixa de fluir (exportações de
matérias primas). A crise é um tsunami, uma hONDA ;) destruindo todos os territórios. Há
quem diga que esta crise pode ter impulsionado os movimentos fascistas, de facto estes
extremismos de direita surgem e alimentam-se da ansiedade que grande parte da população
tinha acerca da economia, emprego, etc... Esta crise de 29 acaba por dar origem à 2ª Guerra
Mundial. Esta Guerra é igualmente destrutiva, há uma destruição brutal de mão de obra, de
inteligência e de elites. A 2ª Guerra Mundial foi a continuação da 1ª mas com a inovação de
novas tecnologias.

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A 2ª Era (de ouro), o que houve foi a necessidade de o próprio sistema capitalista se regenerar
da maior maneira possível (como o plano Marshall), surge também movimentos políticos em
que exigem uma nova atitude social relativamente à população em geral. Quando se fala em
um novo modelo para esta Europa é preciso ter em conta este esforço e este sacrifício para
não abandonar as pessoas (acho que as classes baixas/trabalhadoras) que apoiaram a guerra.
O Keynes (economista britânico) participa nas negociações sobre o futuro da economia no pós
2ª Guerra Mundial, antes o que determinava a vida económica eram as regras do mercado, o
Keynes considera que é preciso rever toda esta perspetiva, ele diz para reconsiderar a lei de
que o mercado gera a sua própria procura, ele acha que a procura é que tem de estimular o
lado da oferta e produção, ele defende a redistribuição dos rendimentos de forma efetiva que
permita sustentar o lado da oferta do mercado, nesta perspetiva surge o novo modelo daquilo
que hoje chamamos de estado social. Ele estabeleceu estas medidas com o objetivo de
salvaguardar o capitalismo.

09.10.20

Sempre que o mercado produzia a oferta, a procura adaptava-se. O que a realidade demonstra
é que não era assim, a crise de 1929 tornou....

Alguém (keynes) mudou a lei da economia, passando a falar que era a procura que
determinava a oferta. As crises cíclicas do capitalismo seriam cada vez mais longas e
profundas.

Alguém (keynes) considerou que essas crises eram cada vez mais longas, o que daria a
perspectiva era uma análise de uma tendência de que o capitalismo estivesse mergulhado em
uma nova frequência. Crise que tinha fatores fundamentais, e aquele que foi considerado mais
fundamental (origem da crise) durante a crise de 1929, foi a crise sobre a produção
(produziram mais do que a procura queria).

Questão que se coloca é pq isso aconteceu:

- 1 guerra mundial

Período de expansão em que a revolução industrial estava no seu auge. Portanto a oferta tinha
uma grande capacidade para gerar mercadorias. Evolução forte em termos tecnológicos que tb
tinham a ver com progressos ao nível da ciência, o que gerou uma produtividade como nunca
antes na humanidade. O que ocorreu com a 1 guerra foi uma grande destruição da mão de
obra, portanto, queriam recuperar todo o processo que tinha antigamente (níveis de
produção, etc.), porém, as famílias estavam pobres, a remuneração da mão de obra era baixo
(característica do sistema liberal), portanto, a vontade de recuperar o sistema não era
compatível com os níveis de remuneração, ou seja, quem produz as mercadorias não tinha
capacidade de comprar as mesmas.

- inexistência do estado social

Não havia mecanismos de proteção do estado social (habitação, reformas, velhice, etc.), o que
diminui a riqueza produzida, portanto, a fatia do trabalho era muito inferior a fatia da
produção.

Portanto a crise em si não é o crash, o crash é só a parte dramática.

Chega a segunda guerra mundial (antes teve a guerra civil espanhola), que surge com a
ascensão do fascismo, e pela primeira vez aparece a guerra aérea e a submarina.

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Hobsbawn – era da catástrofe (era de ouro – 30 anos dourados). Era que se estende até os
anos 70, há uma referência política que é a eleição da margaret thatcher e do reagan. Eleição
desses dois determinou o fim da era de ouro.

Essa era foi marcada pela construção do estado social (estado providência – welfare state),
portanto, dentro daquela lógica de para poder salvar o capitalismo e combater as crises
cíclicas, Keynes diz que para ultrapassar isso defende que a capacidade da procura tem que
aumentar e para isso é preciso alterar a distribuição do rendimento.

Estado providência – estado intervém para garantir o processo de redistribuição, que tem a ver
com a intervenção pública em uma nova fase de distribuição do rendimento.

15.10.2020
REPETIÇÃO DA ÚLTIMA AULA (ACHO):
A Era de Ouro = crescimento económico, níveis de desemprego baixos etc.
Estes 30 anos dourados tiveram por base uma mudança no pensamento económico, Keynes foi
o economista que deu origem a uma nova ideia económica, ele é o fundamental da origem da
teoria económica destes 30 anos dourados. Ao contrário dos liberais, a partir do momento que
havia oferta e essa oferta não tinha procura imediata os preços iam baixar e iam estimular a
procura. Toda a oferta acaba por produzir a sua procura. Keynes contestou esta ideia e disse
que não era assim, ele disse que o que era necessário era estimular a procura. Havendo
aumento da produção e da procura = há um aumento na velocidade do ciclo económico. O
próprio sistema capitalista estava confrontado com um sistema alternativo, que era o
comunismo. Por um lado havia o sistema capitalista que tinha entrado em crise, tinha dado
origem às guerras mundiais, por outro lado tinha um sistema comunista em criação e
evolução.
Keynes defendeu a construção de um sistema do estado social "wellfare state", mantendo o
sistema capitalista mas dando melhores condições aos setores de trabalho. Isto de facto é o
pós segunda guerra, este processo de redistribuição permite anos de crescimento económico
muito fortes, permite melhorar as condições de vida. Keynes considera que é necessário como
contraponto ao modelo socialista mas também para socializar o sistema capitalista e criar o
Wellfare State, para criar procura e fazer com que a oferta se desenvolva.
Nos anos 70 encontra-se um problema: o choque petrolífero (1973) mostra os problemas que
já existiam na economia. O principal argumento vindo dos setores liberais é que uma parte
importante da riqueza produzida estava a ser tirada para o estado. O estado social suportava
para que houvesse uma massa de mão de obra porque se recebia subsídios e portanto impedia
que a mão de obra que devia de ser utilizado para produzir a economia não estava a ser
também utilizada mas sim suportada pelos fundos públicos do estado (esta era a perspetiva
neoliberal que contra argumenta a perspetiva Keynesiana.)

16.10.2020

30 anos dourados – período de investimento econômico que implicou uma intervenção do


estado que conseguiu recuperar as economias e sociedades das situações que se viveram
durante as duas guerras.

Após os anos 80 o que caracteriza é a instabilidade, crise que afeta as economias e um


conjunto de aspectos sociais, etc.

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A partir dos anos 70 – mudança de paradigma. Ideia liberal de que o essencial devem ser as
regras do mercado que devem comandar as economias e por isso há um momento histórico
forte no reino unido que dá origem.

Elementos principais dos custos da mudança econômica a partir dos anos 70 e com a viragem
para o neoliberalismo:

- no contexto de crise econômica, as políticas liberais acabam por aumentar o desemprego

- passa a haver uma pressão financeira elevada sobre o sistema. Processo de financeirização do
sistema. O sistema financeiro que comanda a economia de acordo com os seus interesses e a
própria economia encontra no sistema a melhor forma de produzir mais valias. A partir dos
anos 70 essa pressão passa a ser sobre todos os sistemas internacionais.

- “Bomba relógio demográfica”: situação de crise que ainda não implodiu mas vai mais cedo ou
mais tarde. Tem a ver com o facto de que a população ativa diminuiu em relação a população
ativa idosa. Com o aumento do desemprego e o aumento da esperança média de vida, há uma
situação de crise para o sistema que é termos uma população ativa menor relativamente a
população idosa. O sistema de proteção social é intergeracional (gerações de hoje que estão a
pagar as reformas de pessoas que se aposentaram). Se a população ativa for menor que a
idosa, coloca em causa a sustentabilidade desse sistema.

Principais críticas ao sistema do welfare state (keynesianismo):

- sistema estava a criar pessoas dependentes do sistema, que não tinham autonomia e passam
a ser dependentes do sistema

- criava uma população subsídio dependente. Crítica baseada em um conceito; estado criou
uma espécie de creches. Assistencialista? Nanny-state.

Neoliberais contrapuseram o welfare state pois welfare=dependência

Algumas medidas foram tomadas:

- sem destruir completamente o welfare foram criadas situações para criarem maiores
obstáculos para essa dependência como os critérios de elegibilidade. Não havia universalidade
de acesso, só tinha acesso quem cumprisse certos critérios. Por exemplo – imigrantes só
poderiam se estivessem a x anos no território, etc. Foi o mecanismo mais forte do
neoliberalismo.

Obs: um dos princípios do estado social era ter um sistema universionalista (todos contribuem
de acordo com a sua riqueza), e todos tinham acesso de acordo com a sua necessidade.

Outro aspecto importante:

Welfare tinha a lógica de satisfazer as necessidades das pessoas. Lógica que foi mudada.
Passou a haver uma transferência desses serviços do setor público para o setor privado. Esta
transferência era feito para empresas capitalistas assim como para IPSS, que em princípio não
tem fins lucrativos mas são instituições privadas. Dentro de uma lógica que o estado, ao
apropriar-se da riqueza de um país, está a retirá-la da esfera privada e isso atrasa o ciclo de
reprodução do capital.

Questão que caracterizam a situação criada na transição do milênio:

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 globalização: economia que se torna muito mais internacional


 A perda de capacidade do estado-nação. Ao longo do século 20 o estado-nação é o
elemento de regulação e poder a todos os níveis e que marcava o panorama da
paisagem internacional. Com a globalização há um recuo do estado-nação. E é um
recuo que não se sabe o que veio substituir. Há uma tendência para a fratura de
espaços geográficos que estavam organizados em estado-nação.
 instituições internacionais ou supranacionais que regulavam a nível mundial. hoje
percebemos que isso perde espaço. tínhamos um mundo bipolar e a capacidade de
regulação perde-se. as instituições que articulavam esta relação entre os dois blocos
perdem também a capacidade de intervenção.

19.10.2020 (prática)

(texto rise of core economies)

1. Mudanças económicas são graduais, por pequenos incrementos, tirando alguns casos
específicos em que há mudanças bruscas.
2. Essa mudança tem a ver com inovações tecnológicas ou de outro tipo.
3. Alterações ao nível institucional e sociopolítico que dão suporte às mudanças ou são
fatores de .... dessa mudança
4. Fator demográfico

22.10.2020

Como que o processo de integração (europeia) se relaciona com a globalização:

Foi colocado um texto (30 pags) no moodle de Castells, "O Fim do Milênio". (aula é
basicamente o resumo deste livro suponho)

Primeira questão: o que se aprende com o processo de unificação europeia? Unificação é


diferente de integração. Integração é o processo de vários estados membros europeus
integrarem num sistema comum (começou com a CECA), a integração não implica unificação.
Unificação é um estado federalista, existe uma partilha de poderes e como exemplo temos os
EUA e o Brasil. Utilizar estes termos com consciência do seu significado e diferença.

Há uma tendência para um processo de unificação europeia, segundo Castells, com o seu texto
(publicado em 2003). Ele analisava nesta altura uma tendência crescente para o processo de
unificação, este processo prendia-se com vários interesses que estão interligados e definem
esta tendência. O principal objetivo é acabar ou diminuir o potencial de guerras, que foi uma
constante na Europa durante vários séculos. O processo de integração e unificação tinha como
objetivo poder acabar com o potencial de guerras. Outro objetivo era a possibilidade de
potenciar o poder economico e tecnológico da própria Europa, ou seja, a Europa era dividida
por vários estados nação e cada um com o seu estatuto económico e tecnológico. A ideia era
criar uma estrutura polissenica, que apesar do poder economico, militar e tecnológico dos
EUA, seria possivel criar um centro (Europa) que pudesse enfrentar os EUA. Por outro lado, a
integração europeia era a possibilidade de criar uma nova forma de estado, o que acontecia na
Europa antigamente era a existência e rivalidade entre impérios. Nova estrutura institucional
que permitisse a unificação de forma democrática e de livre vontade, em contraste com a
forma que era imposto antigamente por cada império.

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Esta ideia de integração da Europa colocou vários problemas, e portanto, os vários atores
colocaram várias questões:

Haviam alguns estados nação que defendiam um processo mais federalista de unificação mas
havia atores que não acreditavam nesse processo e recusavam-se a isso, não acreditaram num
processo de Europa como comunidade comum (questionavam o que era a identidade
europeia, questão difícil devido à diversidade cultural, de línguas e de território dificilmente
trará a ideia de unidade europeia). Cada vez mais a Europa é um território multi - religioso,
cultural, étnico. O que deu origem é que todo o processo europeu fosse feito a partir de uma
continuidade de processos políticos defensivos, ou seja, com base na procura de conciliação
dos interesses comuns dos vários estados participantes. O processo de integração europeia foi
feito com o objetivo de conciliar os interesses dos vários tipos de estado nação. Tudo isto é
confrontado nos anos 80 e 90 com a era da informação, processos novos tipo o da globalização
da economia, tecnologia e da comunicação e também a afirmação crescente de identidades
paralelas.

Este processo foi muito complexo e começou nos anos 50 após a 2ª guerra mundial com a
constituição da CECA (criada em Paris, participando a Alemanha, a França, a Itália e mais uns).
A constituição da CECA é feita à volta de interesses de estados nação, a principal fonte de
energia e indústria de base era o carvão e a indústria do aço precisava de ser regulada. Mais
tarde, 6 anos depois, surge o Tratado de Roma que dá origem à União Europeia.

Todo este processo europeu tem 2 dimensões (vertentes interna e externa): 1. A relação entre
os vários estados nação, não criar uma estrutura nova e inovadora, era procurar articulação
dos interesses imediatos dos estados nação. Nenhum dos estados nação na época desejava
este ajuntamento de estados porque queriam todos conseguir poder sobre os outros. 2. a
relação com o exterior da Europa, muito do processo europeu foi avançado como contra ponto
do avanço mundial, fazendo do processo europeu uma política defensiva (sempre contra os
EUA e o avanço tecnológico do Japão).

Exemplo/curiosidade: o UK foi impedido de aderir à CEE durante muitos anos, porque o


consulado francês vetou durante muito a entrada do UK na CEE porque considerava que o UK
não tinha uma perspetiva de integração nem de unificação europeia porque o UK era um tipo
de aliado preferencial em termos históricos, políticos e militar dos EUA.

Entramos numa altura em que ia acontecer uma crise economica, com o choque petrolífero,
isto ao invés de ajudar a avançar o projeto da europa acaba por prejudicar o mesmo, entrando
numa fase de euro pessimismo.

Tempo cronológico: CECA -> CEE -> Tratado de Roma

Após o ato único europeu, surge a queda do muro de Berlim, e surge uma questão marcante
que foi a unificação alemã. A Alemanha assim passa a ser um estado ainda mais importante,
hegemônico e decisivo, passa a ser um grande mercado e portanto com um poder económico
produtivo e de consumo muito importante.

23.10.2020

Reação ao processo de globalização:


1. As principais atividades económicas estratégicas estarem integradas de forma global;

13
ESM Aulas

2. Aos mercados financeiros e mercados monetários serem globais, de facto, com a


possibilidade de funcionarem em tempo real e de contornarem ou superarem o controlo
govermental;
3. À diversidade das condições macroeconómicas no espaço económico europeu face à
integração dos mercados de capitais;
4. Ao declínio potencial da competitividade europeia nem mercado global.

Globalização e integração europeia:

Porque a integração europeia é uma reação ao processo de integração? E porque é a


expressão mais avançada?

Reação:

 Principais atividades econômicas estratégicas estão integradas de forma global


 Aos mercados financeiros e mercados monetários serem globais, de facto, com a
possibilidade de funcionarem em tempo real e de contornarem ou superarem o
controlo governamental
 A diversidade das condições macroeconômicas no espaço económico europeu face à
integração dos mercados de capitais
 Ao declínio potencial da competitividade europeia num mercado global

Expressão mais avançada:

 Homogeneização das condições macroeconômicas, incluindo a fiscalidade


 Orçamentos nacionais sob controlo de critérios europeus
 Adoção dos critérios-padrão do FMI através do ‘pacto de estabilidade e crescimento’
(tratado de maastricht)
 Instituição de uma moeda única
 Livre circulação de capitais, mercadorias e pessoas

Riscos:

 Dificuldade em preservar o Estado Social


 Investimento em regiões de menor custo de mão de obra e menores condições
ambientais
 Aumento das desigualdades

 Legitimidade política questionada

30.10.2020
Powerpoint: A institucionalização da Europa

 O estado em rede
 A identidade europeia
 A génese de um novo mundo

1ª Citação:

O A. Zaldivar tinha a perceção de que há algo novo a surgir em termos de arquitetura


institucional, ele acha que é uma rede mas não sabe ao certo como nomear.

14
ESM Aulas

Entretanto o Castells escreve a sua obra depois do Zaldivar. O Castells lendo esta reflexão
procura que a teoria política responda, dando um nome a esta nova forma de estado que é um
estado supranacional e nomeia de estado em rede. Castells concorda com a afirmação de
Zaldivar e dá-lhe um nome.

Qual a perspetiva do Castells do estado em rede? Um estado caracterizado pela perspetiva de


impor a autoridade (exercício da violência), a rede não tem um centro, constituída por várias
ligações e são compostas por nós (este nós pode ter dimensões diferentes). O estado em rede
não impede desigualdades entre os seus membros. O peso político de cada estado-nação é
diferenciado. Esta é a nova configuração institucional que estes autores reconhecem estar a
crescer na União Europeia.

Segundo o professor, a percepção do caminho institucional é um debate permanente entre


uma visão federalista (visão de um governo central tipo Brasil) e a visão multinacional (uma
espécie de confederação em que os estados continuam a ser o centro da constituição europeia
e depois há uma articulação entre estados). Esta visão do estado em rede aproxima-se mais da
visão multinacionalista.

2ª Citação:

Existe ou não uma identidade europeia? Castells considera que a identidade europeia tem de
ser construída em torno de objetivos concretos dos cidadãos (condições de trabalho). Para que
isso acontecesse era necessário que houvesse grandes mudanças na economia (o abandono da
ideia neoliberal e recuo do estado de providência) e nas instituições (que houvesse mais
partilha entre os cidadãos e as instituições, participação cidadã).

O que representa o projeto de identidade?

02.11.2020 (prática)

Texto de Saskya Sassen – The Global City

Nova economa com duas premissas essenciais:

1- Surgimento das novas tecnologias de informação que permitem o contacto rápido entre
fluxos de informação e capital

2- Enorme mobilidade do capital;

Fluxos financeiros ganharam peso e dimensão que ultrapassa os valores implicados na


circulação de mercadorias.

Hoje a principal forma de mobilidade de capital são os fluxos financeiros, e é a forma que o
capital encontra de mais rapidamente valorizar, reproduzir e acelerar o processo de
acumulação.

Como a Saskya refere, ultrapassou-se a fase dos fluxos habituados pelos Estados-nação e isso
tem a ver a partir dos anos 80 com os processos de privatização. Hoje os capitais fluem mais
livremente de forma global e há a existência da consolidação de mercados globais, ou seja,

15
ESM Aulas

empresas que trabalham para mercados globais e cada vez mais quando produzem tem a
perspectiva do mercado global.

Isso mostra a atividade económica em diversas escalas. Já não é apenas a escala nacional que
era a principal, e uma parte dessa parte dedicava-se ao export/import.

Há também a escola supranacional(?) que abrange áreas.... perdi.

Por ultimo a escala global que tem a visão supranacional à escala global.

Saskya coloca uma questão essencial, no conceito de cidade global é diferente do que hoje
chamamos a cidade mundial, ou seja, uma cidade que até o século XX tinha ligações com os
mercados exteriores, mas que muitas vezes tinham a perspectiva colonial, neocolonial, etc.

7 características em que procura classificar as diferenças entre as duas cidades:

1- Globalização deu origem a uma concentração de determinadas atividades de um grupo com


expressão geográfica (2)

2- Terceirização ou externalização. Serviços que tem a ver com funções complexas e


especializadas e que a empresa externaliza, ou seja, passa para outras empresas (serviços
jurídicos, etc.). há várias sedes (a central e as outras), portanto, passa a configurar-se um rede.

3- Problemas das economias de aglomeração. Sistema que ganha com o facto de aglomerar entre
os vários momentos de uma determinada atividade económica. Significa que se essas
atividades estiverem aglomeradas, ganham maior capacidade do que se tiver um extremo
oposto

4- Estas empresas acabam por se integrar em uma rede global de serviços especializados.

5- Reforço das sedes globais. Empresas da rede global de serviços especializados forma uma rede
que será também uma rede de cidades onde as empresas estão sediadas. Isso causa com que
muitas das empresas ganhem dinâmicas que estão para além das economias nacionais.
Consequências: da origem a uma grande concentração de profissionais altamente
especializados e com condições laborais valorizadas e que de certo modo polarizam a
sociedade. (o outro pólo são os trabalhadores que não estão no lote de trabalhadores
especializados e, portanto, as condições laborais são mais baixas).

6- Informalização. Concentração de empresas especializadas em uma rede global também


especializadas, há um conjunto de pequenas empresas sem capacidade de aceder esta rede e
com taxas de lucro inferiores e que procuram competir pelo menos ao nível do mercado local,
com uma certo precarização ao vários níveis.

aparentemente ele disse 7 mas eu só tenho 6 características.

5.11.2020

Citação Castells: Esta nova economia surge devido a uma crise do capitalismo mas também do
"estatismo" (sociedades mais centradas no estado como a União Soviética). O surgimento dos
movimentos sócio-culturais, movimentos de massa que enfatizam a liberdade individual, o
feminismo. Isto faz surgir uma estrutura social dominante que Castells chama de sociedade em
rede.

16
ESM Aulas

(isto ^ foi abordado na última aula)

"É um tipo de capitalismo diferente..." - Castells:

A ideia de um mundo permanentemente em mudança. Nós hoje vivemos num determinado


tipo de capitalismo que amanhã pode ser outro ou nem ser capitalismo. Importa perceber
como chegámos até hoje e perceber qual o momento que vivemos hoje em dia.

O Castells diz que hoje temos um capitalismo informacional. É um capitalismo que surge a
partir da revolução da informação e das tecnologias de informação. O capitalismo
informacional ao contrário do capitalismo anterior que era interessado no aumento da
produção (exemplo o fordismo), a lógica do capitalismo informacional é da produtividade da
produção com a menor utilização possível de recursos produtivos (capital e trabalho), este
novo capitalismo já não quer uma produção em massa o que quer é a produtividade. Para
além da produtividade, é importante a competitividade, ou seja, a globalização e competir com
vários mercados e ter acesso a várias matérias-primas. Este novo capitalismo tem uma
perspetiva seletiva, ou seja, produz mercadoria para aqueles que a podem adquirir, a
preocupação da oferta não é fornecer para todo o mercado mas só para quem tem capacidade
de adquirir.

"os movimentos sociais..." - Castells:

Estes movimentos, ao contrário do que existia que era uma afirmação do estado, do capital e
do coletivismo, eles procuram efetuar a identidade individual e este movimento dá a origem à
uma nova política de identidade (exemplo: woodstock e o movimento dos hippies que era
contrário ao capitalismo e à guerra do vietnam, por exemplo). O movimento feminista ganha
uma maior relevância a partir dos anos 60 e 70 e hoje reflete-se bem nas sociedades que
combatem o patriarquismo, a violência doméstica, etc...

As principais características da mudança:

As relações de produção transformaram-se: produtividade (inovação), competitividade


(flexibilidade), diferenciação da mão-de-obra, constituem os principais processos da nova
economia;

Competitividade / Flexibilidade - termos uma grande capacidade para os produtos variarem


rapidamente.

Diferenciação da mão de obra - há mão de obra muito qualificada e com bons salários e com
boas condições de vida e depois há mão de obra sem qualificação e que mal tem condições
para sobreviver.

Neste novo sistema a mão-de-obra é redefinida: mão de obra genérica CONTRA mão de obra
autoprogramável. Jornada flexível, trabalho por conta própria, subcontratação,
individualização dos trabalhadores.

17
ESM Aulas

Os mercados financeiros globais e as suas redes de gestão passam a ser o verdadeiro capital, a
mãe de todas as acumulações. São o centro nevrálgico (nervoso) do capitalismo informacional
(novo capitalismo global).

Os seus movimentos, a interação entre fluxos de capital à escala global, determinam o valor de
ações, títulos e moedas, trazendo a ruína ou a prosperidade de empresas ou países.

As consequências sobre as relações nas classes sociais são profundas. O novo sistema
distingue-se pela tendência para aumentar a desigualdade social e a polarização. Cresce um
polo social com grandes rendimentos e que de certa modo se individualiza e cresce, por outro
lado há um polo oposto excluídos e empobrecidos e com grandes dificuldades em adaptarem-
se às mudanças que são fortes e importantes. Este aumento das desigualdades é uma
tendência muito forte.

A exclusão social ganha nova dimensão. A criação de um grupo marginal. Após a 2ª guerra
mundial há uma democratização das condições sociais devido ao Wellfare State, aqui a
exclusão social ganha uma nova dimensão.

A fronteira entre a exclusão e a sobrevivência é cada vez mais indistinta para um grande
número de pessoas em todas as sociedades. Isto é um dos aspetos graves de toda a economia
e tem como base a nova perspetiva da seletividade.

A economia global expandir-se-á ao longo do Séc.XXI. Mas de forma seletiva, ligando


segmentos valiosos e descartando locais e pessoas "inúteis e não-pertinentes". A
irregularidade territorial da produção resultará numa geografia que mostrará profundos
contrastes entre países, regiões e áreas metropolitanas.

Existem sempre regiões que são afastadas desta nova economia. Mesmo nas áreas
metropolitanas existe o conceito da seletividade e a ideia de que a riqueza é só para alguns.

O planeta está a ser segmentado em espaços claramente distintos, definidos por diferentes
sistemas temporais. Que reações podemos esperar dos segmentos excluídos da humanidade.

06.11.2020

A Europa e as décadas da crise

A história dos vinte anos após 1973 é a de um mundo que perdeu as suas referências e
resvalou para a instabilidade e para a crise. A grande crise do estado financeiro que começou
nos EUA.

E, no entanto, até aos anos 80 não era claro como é que as fundações da era de Ouro se
haviam desmoronado irrecuperavelmente. De facto tudo começa a mudar nos anos 70 com o
choque petrolífero, esta crise pode ser comparada à crise de 29. Até aos anos 80/90 as pessoas
não tinham noção de que a época dos anos dourados estava a arruinar-se e que isto não
aconteceria inaugurando uma nova época de instabilidade e das crises.

18
ESM Aulas

Porque razão a economia mundial se tornou menos estável? A era Benetton substituiu a era
Henry Ford? A perda de poderes económicos e de regulação dos Estados nacionais foi de
algum modo compensada?

A grande marca global que surgiu com grande força nesta época era a Benetton e esta tinha a
característica da nova época, ou seja, focar a sua produção apenas em certos grupos excluindo
outros (fator de seletividade).

O debate económico - a batalha entre keynesianos e neoliberais:

Keynesianos afirmavam que salários altos, pleno emprego e Estado de bem-estar criam a
procura de consumo alimenta a expansão e dificulta as depressões económicas; neoliberais
afirmavam que a economia da Época de Ouro impedia o controlo da inflação, o corte de custos
dos governos e empresas, não permitindo que os lucros - motor do crescimento numa
economia capitalista - aumentassem.

O desemprego na Europa Ocidental subiu de uma média de 1,5% nos anos 60 para 4,2% nos
70, no fim dos anos 80 atingiu uma média de 9,2% na Comunidade Europeia e em 1993 11%. A
pobreza, os sem abrigo, a exclusão aumentava. Em 1993, o Reino Unido registou oficialmente
$100 mil pessoas sem abrigo.

09.11.2020 (prática)

Apresentação do plano dos trabalhos.

12.11.2020
A posição geopolítica entre as macrorregiões do mundo

O que é a geopolítica?
 “A geopolítica é a interação entre geografia, poder, política e relações internacionais. A
geopolítica traz considerações de localização, contextos ambientais, perspetivas
territoriais e pressupostos espaciais para a frente (to the fore)”
 “A geopolítica refere-se à teoria e à prática de política à escala global, com uma ênfase
específica nas geografias que tanto moldam como resultam dessa política.” É o estudo
de como a geografia está implicada nessa política.”

Considerações principais:

 Relações políticas entre países


 O que é a estrutura global de poder?
 Onde existe a tensão política e porquê? Hotsopts
 Como podemos prever futuros acontecimentos políticos?

Escola geopolíticas de pensamento

Geopolítica clássica: interpretação metodologicamente tradicionalista dos papéis


desempenhados pela geografia, recursos naturais e transportes na formulação e
implementação de estratégias políticas, económicas, diplomáticas e militares nacionais e
internacionais.

Geopolítica crítica (área mais reduzida): abordagem política e metodológica de esquerda


fortemente influenciada por teorias políticas desconstrucionistas e pós-modernas. Procura
19
ESM Aulas

expor o que diz serem falhas na política tradicional, sejam eles deterministas, excecionais,
geográficas ou ideológicas.

Geopolítica clássica enquadra-se em duas categorias:


Escola alemã: explicação porque certos estados são poderosos e como se tornar poderoso.
Escola britânica/americana: oferece conselhos estratégicos para os Estados e explica porque é
que os países interagem à escala global da forma como o fazem.

Escola alemã – teoria orgânica


Friedrich Ratzel (1844-1904)
“the state resembles a biological organism whose life cycle extends from birth through
maturity and, ultimately, decline and death. To prolong its existence, the state requires
nourishment, just as an organism needs food. Such nourishment is provided by the acquisition
of territories belonging to less powerful competitors”
An extreme form of environmental determinism.

Ideia principal: Os estados têm de crescer, só podem prosperar quando alcançam mais
território.
Detalhes:
Estado assemelha-se a um organismo vivo e atravessa o ciclo de vida. Para prosperar, o estado
precisa de alimento através do lebensraum (espaço vivo)
Se o estado estiver confinado, morrerá.
As fronteiras são temporárias.
O colonialismo/imperialismo impulsiona esta teoria.
Justificou a expansão nazi alemã, século XIX.
 Críticas
 Baseado na especulação
 Finalmente levou ao expansionismo nazi, __

Geopolítica clássica

Escola britânica: Heartland Theory


 Halford Mackinder Jr. (1861-1947) Geográfo
 Proeminente promotor britânico da geopolítica
 Salientou a importância estratégica da localização física das ilhas britânicas e da
dotação de recursos naturais.
 “O Pivô Geográfico da História” (1904), publicado pelo Royal Geographical Society’s
Geographical Journal, sublinhou a sua preocupação de que um poder ou aliança de
poderes pudesse ganhar o controlo da Eurásia e utilizar os recursos dessa região para
o domínio global.

Heartland Theoty

 Acreditava que as maiores potencias controlariam a terra, não os mares.


 A maior terra seroa a Eurásia, “a ilha mundial porque contém a maior massa de
terra e população conhecida como o heartland ou a “área pivô”

Ideia principal: qualquer estado que controle a Terra do Heartland pode eventualmente
dominar o mundo.

Detalhes:
Determinação da maioria dos lugares estratégicos na terra

20
ESM Aulas

O poder terrestre, não baseado no mar, acabará por governar o mundo.


Heartland = Europa oriental – Sibéria oriental
Ilha Mundial = Europa, Ásia, África – contém 50% dos recursos mundiais
Offshore Islands: UK, Japan
Outer crescent: America, Austrália
 Quem governa a Europa de leste comanda o heartland
 Quem governa o heartland comanda a ilha mundial
 Quem governa a ilha mundial comanda o mundo
 Este trabalho teve um impacto imediato limitado nos EUA e no Reino Unido, mas
teve um impacto mais forte na Alemanha.

Mackinder

 Acreditava que a posição geográfica da Rússia tornasse possível expandir o seu poder.
Considerou a China e o Japão como futuros adversários para a Rússia.
 Os ideais democráticos e a realidade (1919) defendiam que o poder estava a tornar-se
mais centralizado em todos os grandes estados e que as populações seriam suscetíveis
à manipulação governamental.
 Apoiou a liga das nações e estabeleceu o conceito de coração, incluindo toda a europa
oriental, dizendo que a Alemanha e a Rússia procurariam controlar a região.
 ____?
 Aparecimento da URSS e controlo sobre a europa de leste deu mais atenção à teoria.
 Os EUA começaram a contenção (política para parar a propagação do comunismo e
manter os soviéticos sob controlo criando aliança em torno do Atlântico Norte) e a
NATO formou-se.

Rimland Theory

 Contra teoria da teoria de Heartland


 Nicholas Spykman (1894-1943) concordou que a Eurásia era a base provável para o
domínio mundial, mas argumentou que as franjas costeiras eram as áreas-chave –
acesso costeiro e acesso ao interior.
 O heartland seria a massa de terra mais fraca se o acesso fosse cortado
 “who controls the rimland rules Eurasia; who controls rules Eurasia controls the
destinies of the world”

Teoria do Dominó (política externa dos EUA)

 Se um país cair no comunismo, muitos mais irão.


 Produto de potências mundiais concorrentes (URSS e EUA)
 Política de Guerra Fria (Plano Marshall; Doutrina Truman, Vietname)

Geopolítica crítica

 Surgiu com a viragem cultural – cultural turn – nas ciências sociais nos anos 80/90
 Geopolítica clássica concebeu a geografia como uma realidade que precisava de ser
analisado para moldar/orientar a política externa
 A geografia crítica vê a linguagem como os blocos de construção através dos quais a
realidade emerge estudando as implicações da utilização de representações
particulares
 Quem beneficia de representações diferentes?

21
ESM Aulas

 Geopolítica crítica regressa à tradição clássica para mostrar os pressupostos


geopolíticos que os teóricos primitivos incorporam nas suas teorias;
 Analisa a política externa na era da globalização.

16.11.2020 (prática)

Leitura do texto  exercício 3

19.11.2020
Plano para a aula:
Tendências - migrações internacionais
Dimensões chave de nexus entre migrações e segurança:
 Desafios para a capacidade e autonomia do estado;
 Mobilidade transfronteiriço e mudança de natureza dos conflitos violentos;
 "The war on terrorism";
 Fluxos em massa de refugiados
Consequências da securitização da migração e política na UE.

Qual é o estoque (nº de migrantes residentes num território) de migrantes internacionais no


mundo? 3,5%
(gráfico)

Migração e segurança:
As perceções de ameaças relacionadas à migração aumentaram nos últimos anos, porque
houve um aumento no número de migrantes que atravessam fronteiras e especialmente de
migrantes irregulares (políticas restritivas).
A noção de "war on terror" e outras designadas ameaças transnacionais têm sido ligadas à
migração, especialmente à migração irregular.

Dimensões chave de nexus entre migrações e segurança:


1. Desafios para a capacidade e autonomia do estado.
2. Mobilidade transfronteiriça e mudança de natureza dos conflitos violentos.
3. Terrorismo: migração e política transnacional.

1. Desafios para a capacidade e autonomia do estado:


 Desafios percebidos: culturais, socioeconômicos, políticos.
 Migrante visto como uma ameaça para a identidade nacional / status quo cultural
(relacionado com identidade religioso e práticas linguísticas).
 Ameaça política - ideia de que os migrantes podem ser politicamente desleais ou
subversivos.
 A migração internacional / aumento do transnacionalismo influencia a capacidade e a
autonomia do Estado para manter o controle sobre suas fronteiras e formular uma
identidade nacional coerente.

Migração e segurança
A securitização é:
A construção da migração como uma ameaça à segurança pelos estados da nação moderna.
Ligação a outros problemas de segurança - terrorismo, tráfico. A capacidade do Estado para
construir tecnologias para controlar os fluxos transfronteiriços aumentou (Faist, 2006).

22
ESM Aulas

20.11.2020

Migração e Segurança

A securitização de migração é:
A construção da migração como uma ameaça à segurança pelos estados da nação modernas.
Ligação a outros problemas de segurança- terrorismo, tráfico.
A capacidade do Estado para construir tecnologias para construir tecnologias para controlar os
fluxos transfronteiriços aumentou.

1. Desafios para a capacidade e autonomia do estado:


 Desafios percebidos: culturais, socioeconómicos, políticos.
 Pluralidade cultural visto com uma ameaça para a identidade nacional/ status quo
cultural (relacionado com a identidade religioso e praticas linguísticas)
 A migração internacional/ aumento do transnacionalismo influencia a capacidade e a
autonomia do Estado para manter o controle sobre suas fronteiras e formular uma
identidade nacional coerente.

2. Crime organizado: tráfico de pessoas e redes de economia cinzenta:


 A ligação mais óbvia entre a migração e o crime organizado seja a indústria global de
trafico de seres humanos que surgiu para atender à procura por parte de indivíduos
que tentam atravessar fronteiras nacionais.
 Os mecanismos baseados no mercado assumem o controle quando a procura por
oportunidades de imigração ultrapassa a oferta fornecida por canais oficiais nas
políticas de migração estaduais.
 Os contrabandistas exigem preços elevados para os seus serviços, que variam de US
$500 para a passagem de Marrocos para Espanha até US $50.000 de alguns países da
Ásia para os Estados Unidos.
 Aproveitar as novas tecnologias para alcançar os seus objetivos.

3.Terrorismo: migração e política transnacional


 Após a 2GM, a migração de muçulmanos para a Europa não era vista como ameaça à
segurança até os anos 70 e 80 (os Trabalhadores Convidados eram temporários) - a
Revolução Islâmica no Irão (1979) começou a mudar esse percepção (ascensão dos
movimentos fundamentalistas islâmicos).
 Desde os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, as questões relacionadas
com as migrações e a segurança são cada vez mais vistas através do terrorismo
internacional.
 War on Terror - invasão do Iraque liderada pelos EUA (em 2003).
 Os ataques bombistas e outros ataques em Madrid (2004), em Londres (2005,2017),
Paris (2015), Berlim (2016), Nice (2016), Bruxelas (2016), Manchester (2017), Paris
(2017), Saint Petersburgo (2017), Estocolmo (2017), Barcelona (2017) reforçaram os
temores já existentes quanto às ligações entre migração e terrorismo na Europa.
 Pesquisas sobre a população muçulmana heterogênea na Europa mostram que elas
estão a incorporar-se nas sociedades de destino (mas são alvos de discriminação e
marginalização entre os domínios).

4. Aumento no fluxo de refugiados

23
ESM Aulas

De onde vêm e para onde vão os refugiados?

 Os países em desenvolvimento hospedam 85% da população global de refugiados. Os


países menos desenvolvidos oferecem asilo a 27% do total.

26.11.2020

Consequências (...)

Gestão da migração: o estado burocrático


 A ideia de gestão da migração enfatiza a organização e a otimização sobre a restrição-
o termo ganhou popularidade na década de 1990- liderada por organizações
internacionais como a OIM.
 Produção de categorias socio-legais – direitos e privilégios diferentes.
 Há uma distinção cada vez mais clara entre migrantes procurados e indesejados.
 Quem estamos a deixar entrar (altamente qualificados, familiares e estudantes) ?
Quem estamos a afastar (refugiados e migrantes pouco qualificados)?
 Estamos a selecionar os migrantes que queremos- criando um sistema de classe global
(se tiver o capital humano certo / o dinheiro pode migrar)

(vídeo)

Gestão da migração: A capacidade do Estado para contruir tecnologias para controlar os fluxos
transfronteiriços aumentou.
 Ex. frontex- criada em 2004 para controlar as fronteiras da UE.

Criação de geografias complexas de aplicação:


a. Deslocação de fronteiras para fora dos territórios- externalização
b. Redimensionamento das fronteiras (re-scling/ internalização)
c. Encarceramento, “campização” e privatização.
(vídeo)

27.11.20

Outro exemplo de: externalização


 O acordo UE- Turquia
Abril 2016, objetivo: parar o fluxo de requentes de asilo que viajam da Turquia para a Europa
através da Grécia.
Define a Turquia como um pais seguro, e permite que os requentes de asilo que chegaram à
Grécia sejam deportados de volta para a Turquia.
Benefícios para a Turquia? Resettlement de requentes de asilo sírios via para acordo 1:1; mais
vistos para cidadãos turcos; apoio financeiro da UE (6 mil milhões+)
O número de chegadas caiu 97% imediatamente após a promulgação do acordo, de 5.005
pessoas diariamente em dezembro de 2015 para 43 pessoas diariamente em março de 2016
(EC 2017). Mas em março de 2020, apenas 26.835 refugiados sírios foram realojados sob este
mecanismo.

24
ESM Aulas

 Global Approoach to Migration and Mobility 2011- GAMM (antiga GAM, 2005)
 Tenta reformular as dimensões externas para torna-lo mais atraente para os países
terceiros -coloca uma maior enfase nas oportunidades de mobilidade, proteção regional e
desenvolvimento.
 Estratégia para abordar a migração irregular e o tráfico de seres humanos, por um lado, e
para gerir a migração e o asilo através da cooperação com países terceiros (origem e
trânsito).
 Tentou abordar “fatores de impulso” e aliviar a pressão de migração (migração e
desenvolvimento)
 Definiu a mobilidade como “ideia mais ampla do que a migração” para gerir melhor a
circulação de cidadãos estrangeiros que desejam visitar a UE por curtos períodos.
 Instrumento chave- Parcerias de mobilidade
 Acordos informais entre a UE e países terceiros que oferecem diversos
incentivos (facilitação de vistos temporários em troca de cooperação em
matéria de gestão de fronteiras e de controlo da imigração
 Acordos de readmissão com Estados não membros da EU para facilitar o
regresso de nacionais de países terceiros (em troca de acordos de vistos)

 Outros exemplos:
 A externalização de instalações de acolhimento para requentes de asilo e refugiados para
locais cada vez mais remotos, como ilhas.
 Criação de ambiente hostil, criação de propagandas contra a migração ilegal.

Encarceramento e “campização”

 Condições de receção de refugiados em Berlim: (artigo).


 Condições de receção de refugiados na Dinamarca.
 Condições de receção de refugiados na Suíça - Bunkers

 Literatura crítica sobre controle migratório Ehrkamp, 2017/ Darling, 2016.


O discurso político enquadra os migrantes como ameaças de segurança (securitização da
migração/ guerra ao terror/ dissuasão sobre asilo)

Resultou em 2 desenvolvimentos principais:


1. A Reconfiguração espacial da fronteira (ehrkamp, 2017: 815)
 Fronteiras internas/ redimensionamento das fronteiras (controlo descentralizado/ atores
non-estatais)
 Mudança de fronteiras para fora do território nacional
 “Externalização” (militarização) dos centros de acolhimento para os refugiados/
requerentes de asilo/ locais remotos/ ilhas/ países terceiros ( que não ratificaram a
convenção de Genebra)
 Impede a comunicação com ativistas/ advogados e a afirmação de seus direitos humanos
(impactos negativos na segurança pessoal)
 Viagens cada vez mais perigosas.

2. O surgimento de novos “regimes de gestão migratória” que tentam impedir os


requerentes de asilo de alcançar um refúgio.

25
ESM Aulas

“The emergence of new “migration management regimes with the intention to stop those
fleeing war and violence from reaching a refuge” (Ehrkamp, 2017: 815)

 Trabalho realizado por organizações internacionais/ intergovernamentais para apoiar


estados-nação (ex. IOM/ Frontex).
 Exclui/ impede que os migrantes alcancem espaços de refúgio.

03.12.20

 Delinear o debate académico em torno da evolução da política de desenvolvimento na


UE...
Introdução
 A política de desenvolvimento é uma das mais antigas/complexas políticas
estabelecidas na EU – raízes remontam ao Tratado de Roma
 Principal instrumento – a ajuda externa.
 UE = doador bilateral atípico, na medida em que transfere recursos substanciais
diretamente para países em desenvolvimento e um doador coletivo único, devido aos
seus esforços para “federar” às políticas bilaterais dos estados membros.
 A declaração frequentemente ouvida de que a eu é o “doador mais generoso do
mundo” é válida apenas se combinarmos os programas geridos pela Comissão
Europeia e os geridos pelos Estados-Membros da EU, que preservaram a sua
autonomia no que acreditam ser uma área política __

Relação entre a UE e os Estados-Membros


 A difícil coexistência gera fricção entre as instituições supranacionais da UE e os
Estados-Membros, sobre a questão:
 da coordenação e complementaridade.
 a escolha de abordagem a seguir: abordagens mais orientadas para os
interesses de cada país ou mais orientadas para as normas da UE
 A tensão prende-se com as tentativas de criar melhores sinergias entre a ajuda dada e
outras políticas relacionadas com o desenvolvimento (por exemplo, comércio,
agricultura, segurança e migração), que se acredita terem uma importância igual,
senão maior, na luta contra a pobreza mundial.
 A política de desenvolvimento não é uma extensão opcional, mas um componente
fundamental do processo de integração europeia: “sem políticas externas, como as
relações com o mundo em desenvolvimento, a ‘ideia’ da Europa é diminuída”
(Holland 2002:242).

Fases na evolução da política de desenvolvimento da UE 1


A evolução da política de desenvolvimento da EU reflete diferentes legados históricos e
mudanças nos arranjos institucionais.
Na primeira fase (1950 e 1980), o foco principal desta política era um grupo essencialmente
constituído por antigas colónias.
Inicialmente na África francófona e, após a adesão do Reino Unido, no resto da África
subsariana, nas Caraíbas e nos Pacífico.

Fases na evolução da política de desenvolvimento da UE 2


 Na última fase (2000s), a UE está a lidar com um conjunto sobreposto de países em
desenvolvimento como consequência da existência de vários quadros de
desenvolvimento inter-regionais e o surgimento de novas prioridades políticas.

26
ESM Aulas

 O foco nos países menos desenvolvidos assenta num “novo acordo” para Estados
frágeis.
 Ao mesmo tempo, a nova proeminência da União Africana em questões políticas e
de segurança e outras várias sub-regiões na política comercial é vista como uma
ameaça a existência da parceria, de longa data, UE-África, Caraíbas e Pacífico
(ACP). (outros parceiros).

Principais beneficiários e acordos 1


O parceiro mais privilegiado da EU foi o grupo ACP. Isto é observável nas convenções e acordos
celebrados:

1. Convenção de Lomé (1975-2000: associa 70 países da África, Caraíbas e do Pacífico aos 15


Estados-Membros da União Europeia, continua a ser o acordo coletivo de cooperação mais
vasto da história das relações entre países do Norte e países do Sul) e
 Com base nos pilares interligados da ajuda e do comércio, a Convenção de Lomé foi
objeto de um aceso debate:
 Para alguns: promoveu uma cultura de dependência do apoio financeiro.
 Para outros: representou um modelo exemplar de cooperação progressiva
com base em obrigações contratuais mútuas.
 Convenção de Lomé evaporou-se gradualmente e no final dos anos 80 e 90, houve
relatos críticos sobre o mesmo, inclusive até dentro da própria Comissão Europeia.
 Fracasso do regime comercial preferencial em conseguir benefícios para a
maioria dos países do grupo ACP e
 As fragilidades da assistência ao desenvolvimento para responder
efetivamente as necessidades das pessoas mais pobres exigiram uma revisão
de todo o quadro.

Principais beneficiários e acordos 2

2. O acordo de Cotonou (2000-2020 – pareceria entre a EU, os países da EU e 79 países de


três continentes, que abrangem os estados da África, das Caraíbas e do Pacífico (ACP)).
 Visa reduzir a pobreza tendo, apoiar o desenvolvimento económico, cultural e social
sustentável.
 O acordo introduziu grandes mudanças no pilar económico e reforçou o pilar político.
 Como resultado, novas questões tomaram parte do discurso da UE sobre o
desenvolvimento internacional:
 A boa governação.
 A igualdade de género,
 A participação democrática,
 A migração,
 A luta contra o terrorismo internacional (após as revisões em 2005 e 2010).

UE como um agente único de desenvolvimento 1


 A novidade desde o início do século XXI = tentativa da Eu de agir como um agente
único de desenvolvimento (“nova atitude”)

Exemplos:
27
ESM Aulas

É Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento de 2005 (com o objetivo primordial a redução


da pobreza no mundo no contexto do desenvolvimento sustentável apoiada nos objetivos
complementares de promoção da boa governação e de respeito pelos direitos humanos)
 alguns viram a afirmação de uma identidade europeia
 outros argumentaram que colocar a política de desenvolvimento no centro da ação
externa da EU significava que os objetivos originais da erradicação da pobreza
estavam comprometidos e que as prioridades de comércio e segurança poderiam
eclipsar os principais objetivos de desenvolvimento.

UE como um agente único de desenvolvimento 2


É A estratégica conjunta África-EU de 2007
 a maioria viu as intenções da eu em prosseguir uma política externa mais coerente
e testar as suas ambições como um poder normativo, ao invés de um verdadeiro
esforço para promover o desenvolvimento e a pose de bens entre a população
(Sicurelli, 2010; Carbone, 2013b).
 a evolução desta “parceria estratégica” confirma a dificuldade de conciliar as
agendas das duas partes e aponta para o não cumprimento das expectativas inicias,
com a exceção parcial da parceria _

UE como um agente único de desenvolvimento 3


 Agenda para a mudança de 2011, a UE indicou que no período 2014-2020,
concentraria os recursos nos países mais necessitados e que aproveitam melhor a
ajuda.
 o a aplicação do princípio da diferenciação significa que a ajuda terá de ser
progressivamente eliminada em cerca de vinte países de rendimento médio. Isso
implica o risco de ignorar desigualdades e desequilíbrios graves e significativos
dentro dos países.
 A ajuda externa foi o principal instrumento para promover o desenvolvimento
internacional.

UE como um agente único de desenvolvimento 4


As melhorias no programa de ajuda supranacional da UE foram acompanhadas de
compromissos ambiciosos sobre a quantidade e a qualidade da ajuda.
 Em primeiro lugar, em março de 2002, os países comprometeram-se coletivamente a
aumentar o seu volume de ajuda de 0,33% para 0,39% do rendimento nacional bruto.
 Um objetivo foi alcançado em maio de 2005 – antes do prazo de 2006 – os países
concordaram num objetivo mais ambicioso: o de atingir 0.56% até 2010 e 0.7% até
2015.
 Em segundo lugar, os países comprometeram-se a concentrar as suas atividades num
número limitado de países e setores – objetivo de reduzir o desperdício de recursos,
aumentando a visibilidade e a legitimidade da EU no desenvolvimento internacional
(Carbone, 2007).

04.12.20

UE como um agente único de desenvolvimento 4

2021-2017

28
ESM Aulas

Neighbourhood, Development and International Cooperation Instrument (NDICI)


“O instrumento canalizará a maior parte dos fundos da ação externa, com um orçamento de
89,2 mil milhões de euros. Será a principal ferramenta da UE para contribuir para erradicar a
pobreza e promover o desenvolvimento sustentável, propriedade, paz e estabilidade”
(EC,2019) > 96, 4. Mil milhões no contexto de Covid-19.

 Os desafios globais de hoje – as mudanças climáticas, igualdade de género à migração


– são complexos, multidimensionais e entrelaçados.
 O instrumento remove barreiras artificiais entre os instrumentos anteriores, reduz os
encargos administrativos e simplifica as estruturas de gestão.
 Alinhada com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
 Nova arquitetura integrada (respondendo a várias metas ao mesmo tempo).

Neighbourhood, Development and International Cooperation Instrument (NDICI)


3 pilares:
1. Pilar geográfico
O pilar geográfico prestará assistência no valor de E 68 bilhões para promover o diálogo e a
cooperação com países terceiros. Cada envelope regional será adaptado às necessidades e
prioridades das regiões em questão, que refletem as prioridades estratégicas da UE,
principalmente na vizinhança e na África da UE, bem como nos países mais necessitados.

2. Pilar temático
 7 mil milhões de euros, financiará o apoio aos direitos humanos e à democracia, à
sociedade civil, à estabilidade e à paz.
 Completamente as atividades no pilar geográfico, na medida em que tenham que ser
abordados em nível global.
 Direitos humanos e democracia
 Organizações da sociedade civil
 Estabilidade e paz

29
ESM Aulas

 Desafios globais, questões como: saúde, educação, empoderamento de


mulheres e crianças, migração e deslocamento forçado, crescimento inclusivo,
trabalho decente, proteção social e segurança alimentar.
3. O pilar de resposta rápida
 4 mil milhões de euros, permitirá à UE intervir rápida e eficazmente na prevenção de
conflitos e responder a situações de crise ou instabilidade.
 Objetivo → aumentar a resiliência dos países parceiros e a tomar medidas precoces
para atender às necessidades e prioridades da política externa da UE.
 Proporcionará estabilidade e prevenção de conflitos em situações de crise;
 Reforçar a resiliência e vincular melhor as ações humanitárias e de
desenvolvimento;
 Atender às necessidades e prioridades da política externa da UE.

Objetivo: 0.7% PIB coletivo

O papel dos Estados Membros


 As preferências dos Estados membros aglomeraram-se em torno de uma dicotomia
regionalista-globalista.
 Os regionalistas (inicialmente a França, Bélgica, a Itália, a que se juntaram Espanha
e Portugal) enfatizaram os laços estratégicos entre a Europa e as suas antigas
colónias.
 Os globalistas (inicialmente Alemanha e Países baixos, juntaram-se aos países
nórdicos e ao Reino Unido) colocaram maior ênfase nos níveis de pobreza.
 Uma segunda divisão – divisão Norte-Sul – relaciona-se com o nível de política de
desenvolvimento que os Estados-membros desejavam realizar através da EU e as
suas atitudes e, relação à coordenação europeia em geral.
 Norte da Europa, estados que apresentam bons desempenhos em termos de
ajuda (tendem a não ser muito recetivos no que concerne a um maior nível de
coordenação europeia).

Países no sul da Europa (bem como na Europa Central e Oriental) que não um bom
desempenho geral (são mais favoráveis aos esforços de coordenação orientados pela UE.

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