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globalização
Globalização versus globalitarismo
A globalização a partir
da perspectiva de
Milton Santos
Sumário
Realização: Fundação Itaú
Palavras iniciais
Autor: Antonio Carlos Malachias (Billy Malachias)
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O discurso da
globalização
Desde a década de 80, um grupo de intelectuais se dedica
ao tema, associando a difusão das novas tecnologias de
comunicação à homogeneização de um sistema cultural
global voltado ao consumo. Esse sistema busca se
sobrepor à identidade da diversidade cultural através da
padronização do consumo em detrimento da cultura local
e da cidadania.
SAIBA MAIS
Um exemplo clássico de
padronização do consumo Estudiosos vislumbram a globalização com um
são as redes de fast food, sentido simbólico, ou seja, que se refira à suposta
que produzem alimentos em unificação do mundo.
grande escala, incorporando
elementos culturais externos Esta unificação se dá através das políticas
com o objetivo de padronizar neoliberais, tais como: redução do estado de bem-
os hábitos alimentares. estar social, abertura dos mercados de capital,
bens e serviços, privatizações, flexibilização das leis
trabalhistas, entre outras.
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Em sua face normativa, a globalização
cria as condições para que:
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O globalitarismo
Milton Santos aborda a globalização com criticidade e reflete
sobre os interesses que acompanham esta ideia.
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É o chamado pensamento único. Algumas vozes críticas
podem se manifestar, uma ou duas pessoas têm permissão
para falar o que quiserem, para legitimar o discurso da
democracia. Só que a estrutura do processo de produção
das ideias se opõe e hostiliza novas ideias autônomas, por
conseguinte, ficando sem alternativas.
Eu chamo isso de tirania da
É uma forma de totalitarismo muito forte, insidiosa,
porque se baseia em ideias que aparecem como centrais informação, que, associada
à própria ideia da democracia – liberdade de opinião,
de imprensa, tolerância –, utilizadas exatamente para à tirania do dinheiro,
suprimir a possibilidade de conhecimento do que é o
mundo, do que são os países, os lugares. resulta no globalitarismo.
(Milton Santos, 1999)
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A globalização
no pensamento
miltoniano
No Brasil, o processo global de internacionalização da
economia se intensifica a partir de 1994 com a abertura da
economia e com o programa de estabilização monetária
implementado pelo governo brasileiro.
A interpretação miltoniana da
globalização é mais plenamente Para Santos, a globalização é, de
apresentada no livro “Por
uma outra globalização, do certa forma, o ápice do processo
pensamento único à consciência de internacionalização do mundo
universal”, publicado em 2000.
capitalista. Para entender esse
processo, existem dois elementos
Nesta obra, é realizada uma interpretação fundamentais que precisam ser
multidisciplinar e contemporânea do mundo,
observando a função da ideologia na produção da história
levados em conta: o estado das
e mostrando os limites do discurso globalizante diante técnicas e o estado da política.
da realidade vivida pela maioria das nações, sobretudo
na Ásia, África e América Latina.
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Assim como outros intelectuais, Milton Santos entende
que os avanços das ciências produziram um sistema de
Há uma tendência em separar técnicas presidido pelas técnicas da informação e que
essas passam a exercer uma função de elo entre as demais
uma coisa da outra. Daí muitas técnicas, unindo-as e garantindo a presença planetária
interpretações da história a partir desse novo sistema.
das técnicas. E, por outro lado, Ele entende também que a globalização é o resultado de
interpretações da história a partir processos políticos. É desse ponto que partem algumas
da política. Na realidade, nunca das suas críticas, pois se de um lado existe um sistema
técnico baseado na ciência, este é comandado pelo
houve na história humana separação mercado global, que controla seletivamente o uso desses
entre as duas coisas. As técnicas sistemas avançados de informação, ditando as regras e os
níveis de participação de pessoas e lugares.
são oferecidas como um sistema
utilizado através do trabalho e das
formas de escolha dos momentos e
dos lugares de uso das técnicas, das A análise do geógrafo é que o comando e
combinações entre elas. É isso que uso desses sistemas avançados deveriam
ser de outra ordem, na qual o paradigma de
fez a história. utilização do sistema fosse centrado nas
pessoas, e não no mercado.
(Milton Santos, 1999)
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