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FACULDADE DE DIREITO

COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

Trabalho de Campo de Ciência Política

Globalização e Ciência Política

Discente: Fátima Mochey Código: 91231074

Pemba, Maio de 2023


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FACULDADE DE DIREITO

COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

Globalização e Ciência Política

Discente: Fátima Mochey Código: 91231074

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Direito do
ISCED, 1º Ano no Módulo de Ciência
Política sob orientação do docente:

Germano Macario

Pemba, Maio de 2023


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Índice
Introdução..................................................................................................................................4

Objectivos..................................................................................................................................4

Metodologia...............................................................................................................................4

1. Globalização e Ciência Política.............................................................................................5

1.1. Enígmas Teóricos................................................................................................................5

1.1.1. A Noção de Globalização.................................................................................................5

1.1.2. Classificação da Globalização..........................................................................................6

1.1.3. A Dimensão Económica Da Globalização.......................................................................8

1.1.3.1. O Comércio Mundial.....................................................................................................8

1.1.3.2. O Mercado Financeiro Internacional............................................................................8

1.1.3. A Produção De Bens E Serviços......................................................................................8

1.2. Ciência Politica...................................................................................................................9

Conclusão.................................................................................................................................11

Referencias Bibliográficas.......................................................................................................12
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Introdução
O tema deste trabalho exige-nos uma concentração da atenção no político, nas correlações de
força sociais, expressão institucional e formas de manifestação do poder de uns sobre os
outros. Esta estrutura de preocupações faz com que nos dispensemos de fazer uma
apresentação detalhada do que á a globalização. No entanto não dispensa que sinteticamente
façamos uma referência ao seu conteúdo, para que não estejamos a falar de assuntos e
problemáticas diferentes sob a capa de uma identidade terminológica.

A globalização do mundo pode ser vista como um processo histórico-social de vastas


proporções, abalando mais ou menos drasticamente os quadros sociais e mentais de
referência de indivíduos e colectividades. Rompe e recria o mapa do mundo, inaugurando
outros processos, outras estruturas e outras formas de sociabilidade, que se articulam ou
impõem aos povos, tribos, nações e nacionalidades. Muito do que parecia estabelecido em
termos de conceitos, categorias ou interpretações, relativos aos mais diversos aspectos da
realidade social, parece perder significado, tornar-se anacrónico ou adquirir outros sentidos.
Os territórios e as fronteiras, os regimes políticos e os estilos de vida, as culturas e as
civilizações parecem mesclar-se, tencionar-se e dinamizar-se em outras modalidades,
direcções ou possibilidades.

Objectivos
Geral:
 Descrever o papel da globalização e da ciência politica.

Específicos:
 Compreender as questões chave e os conceitos implicados no debate sobre a
Globalização;
 Identificar as principais dimensões da Globalização e conhecer a sua origem e os seus
contornos

Metodologia
A metodologia usada para a elaboração do presente trabalho foi com base na pesquisa
documental e consulta de forma censurada e sucinta de algumas obras que abordam sobre o
assunto. Quanto a estrutura o trabalho é regido de regras da ISCED, medidas vigentes tais
como: introdução, desenvolvimento, conclusão e referencias bibliográficas que esta presente
no final do trabalho.
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1. Globalização e Ciência Política


1.1. Enígmas Teóricos
São vários os enigmas históricos e teóricos suscitados pela globalização, envolvendo
inclusive problemas epistemológicos importantes. No âmbito da globalização, ou do
globalismo visto como uma totalidade histórico-teórico, reabrem-se os contrapontos, as
continuidades e as descontinuidades sintetizados em noções tais como: sujeito e objecto do
conhecimento, parte e todo, passado e presente, espaço e tempo, singular e universal, micro
teoria e macro teoria. Estes e outros problemas envolvem novos desafios e outras
perspectivas, quando se trata de reflectir sobre as relações, os processos e as estruturas, bem
como as formas de sociabilidade e os jogos das forças sociais, que desenham as
configurações e os movimentos da sociedade global

1.1.1. A Noção de Globalização


Falamos em “globalização” para designar a mundialização económica capitalista verificada e
intensificada durante a última década.

Enquanto processo corresponde a significados e práticas diferentes conforme os actores


sociais em presença e as suas preocupações económico-administrativas, tendendo a exprimir,
no limite, o funcionamento da economia mundial como um conjunto totalmente integrado
(Boyer, 1998).

Globalização diz respeito à multiplicidade de relações e interconexões entre estados e


sociedades, conformando o moderno sistema mundial. Focaliza o processo pelo qual
acontecimentos, decisões e actividades em uma parte do mundo podem vir a ter
consequências significativas para indivíduos e colectividades em lugares distantes do globo
(Raymond, 1993).

Podemos definir globalização como um processo que tem conduzido ao condicionamento


crescente das políticas económicas nacionais pela esfera mega-económica, ao mesmo tempo
que se adensam as relações de interdependência, dominação e dependência entre os actores
internacionais e nacionais, incluindo os próprios governos nacionais que procuram pôr em
prática as suas estratégias no mercado global (Mário, 2003).

1.1.1. Caracterização da Globalização


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Se assim não procedêssemos correríamos o risco de produzir equívocos. “As palavras lutam
contra as palavras e a realidade a que se referem fica fora do campo de visão” (Meneses,
2001:123).

É o que acontece com muitas palavras que migram entre conhecimento corrente e científico,
mantendo em cada um deles, durante um período de tempo, significados diferentes. É o caso
da “globalização”. É o que acontece por força de razão quando comportam ideologias e
sentimentos que reduzem a complexidade das situações a um conjunto de símbolos, de mitos,
que se transformam em evidências, em mantos diáfanos da fantasia (Meneses, 2001:123).

É, mais uma vez, o caso da “globalização”. Começaremos, pois, por apresentar uma sua
caracterização sintética, remetendo a sua compreensão mais pormenorizada par outros
trabalhos já produzidos.

Dessa caracterização resulta de imediato a constatação que a “globalização” não é a negação


do Estado, em muitos aspectos, antes pelo contrário. Num debate dos anos sessenta em torno
da reorganização do sistema monetário internacional, um dos autores, que não conseguimos
com precisão identificar, afirmava que o “livre funcionamento dos mercados cambiais”
significaria a sistemática reunião de emergência de Ministros e Directores de Bancos
Centrais. Com as devidas adaptações podemos transpor esta postura para a presente realidade
de “livre funcionamento dos mercados” (Meneses, 2001:124).

Algumas palavras sobre a afirmação do poder político, manifestando-se em múltiplas


plataformas espaciais, numa simbiose de formas de expressão tradicionais e novas, constitui o
nosso segundo ponto de análise.

1.1.2. Classificação da Globalização


Tomados em conjunto, os estudos sobre a globalização podem ser classificados em
“sistémicos” e “históricos”. As suas linguagens podem ser muito diversas, envolvendo
noções que parecem dispares: transnacionalização, mundialização, planetarização,
globalização ou globalismo; assim como nova ordem económica mundial, mundo sem
fronteiras, aldeia global, terra-pátria, capitalismo mundial, política global, história global,
cultura global, modernidade-mundo, ocidentalização do mundo e outras (Raymond, 1993).

Inclusive podem distinguir-se os estudos em termos de orientações teóricas: evolucionismo,


funcionalismo, marxismo, weberiano, estruturalista, sistémico ou outro. A despeito dessas e
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outras diferenças ou convergências, em geral significativas, cabe reconhecer que os estudos


sobre globalização tendem a ser predominantemente “sistémicos” ou “históricos”.

São principalmente sistémicos os relatórios, diagnósticos e prognósticos de que se servem as


corporações transnacionais, os órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU), os técnicos
do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (BIRD, Banco Internacional de
Reconstrução e Desenvolvimento), da Organização Mundial do Comércio (ONC) e outras
organizações públicas e privadas, nacionais, regionais e transnacionais (Raymond, 1993).

O que predomina nos estudos, relatórios, diagnósticos e prognósticos sistémicos é uma visão
sincrónica da realidade, tomada como um todo ou em seus aspectos sociais, económicos,
políticos, demográficos, geopolíticos ou outros. As análises orientam-se principalmente no
sentido de propiciar a inteligência da ordem sócio-econômica mundial vigente, tendo-se em
conta o seu funcionamento, a sua integração, os seus impasses e o seu aperfeiçoamento
(Renato, 1998).

Em geral, os estudos históricos privilegiam tanto a integração como a fragmentação, a


diversidade e a desigualdade, a identidade e a alteridade, a ruptura e o impasse, o ciclo e a
crise, a guerra e a revolução.

A análise das relações, processos e estruturas que articulam e desenvolvem a


transcionalização, ou a globalização, compreendem sempre a dominação política e a
apropriação económica, tanto quanto a formação, a consolidação e a crise de soberanias. No
âmbito das configurações e dos movimentos da sociedade global, tanto se abrem novas
perspectivas como se criam impasses insuspeitados, sobre as condições e as possibilidades de
construção da hegemonia, seja da nação, da classe social ou do bloco do poder (Raymond,
1993).

Em um mundo no qual as corporações transnacionais e as organizações multilaterais


descolam-se dos territórios e fronteiras, navegando através e por sobre o mapa do mundo,
criam-se desafios insuspeitados para a construção, o desenvolvimento ou a realização da
soberania, hegemonia, democracia e cidadania.
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1.1.3. A Dimensão Económica Da Globalização


Muitas das teorias sobre a Globalização inspiram-se (em grau variável) no legado de Karl
Marx (1818-1883), o primeiro a conceptualizar o sistema capitalista de produção e a
caracterizar a sociedade daí decorrente.

Entendido enquanto modelo civilizacional, o Capitalismo é claramente o veículo da


globalização económica, porque as suas instituições específicas (mercados financeiros, os
bens materiais e simbólicos enquanto mercadorias, o trabalho assalariado e a propriedade
alienável) facilitam as trocas económicas mesmo a grandes distâncias.

Para melhor compreender a importância e os contornos da dimensão económica da


Globalização, é útil subdividi-la (a dimensão económica) em três grandes sub-dimensões:
 Comércio mundial de bens e serviços;
 Capital e mercado financeiro;
 Produção de bens e serviço;

1.1.3.1. O Comércio Mundial


O comércio constitui um dos principais e certamente o mais antigo fundamento de uma
globalização económica, ao articular produtores e consumidores geograficamente distantes e
ao estabelecer entre eles uma relação de interdependência e mesmo, por vezes, de
identificação entre si.

1.1.3.2. O Mercado Financeiro Internacional


O mercado financeiro é porventura o mais globalizado dos mercados. A liberalização dos
fluxos de capitais ocorrida desde os anos oitenta, aliada à inovação tecnológica nas
telecomunicações e nas aplicações informáticas permitindo a deslocação de avultadas somas
de capital, tem sido considerada por muitos como o centro nevrálgico da Globalização.

1.1.3. A Produção De Bens E Serviços


Outro importante pilar da Globalização económica é a internacionalização da própria
produção de bens e serviços. Para melhor compreender as recentes alterações implicadas pelo
processo de Globalização, vale a pena recuar no tempo e introduzir alguns importantes
conceitos relativos à forma como tem evoluído a reprodução do sistema capitalista de
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produção, destacando algumas transformações relativas a: organização do trabalho e da


produção; relação salarial; mercado de trabalho e emprego.

1.2. Ciência Politica


A Ciência Política detém-se no estudo de fenómenos sociais como organizações, processos
políticos e nos sistemas que são gerados dentro das relações de poder. Estes fenómenos
caracterizam o que geralmente chamamos de Política.

Dois elementos são destacados para assentar as bases da sua pesquisa, o Estado e o poder.
Cientistas políticos se dividem em considerações e análises para fundamentar suas posturas a
partir de um ponto de origem, desdobrando diversas reflexões. Mas toda e qualquer
instituição pode ser objecto de análise desta ciência.

Segundo Bonavides (2010: 38), a Ciência Política possui algumas dificuldades


terminológicas que precisam ser visualizadas para construirmos mais certezas em torno da
sua constituição e aplicação. Destas dificuldades destacam-se:

 O carácter móvel e variável do vocabulário político;


 As variações semânticas dos termos de que se serve o cientista social de um país para
outro;
 Os casos distintos, por exemplo, os vários sentidos de democracia, que gera um caos
aos esforços de fixação conceitual.

Bonavides (2010: 26-27) faz uma abordagem histórica encontrando em diferentes autores
directrizes variadas para compreendermos o que é ciência. Traçando um percurso de
definições significativas que vão de Aristóteles a Comte, ou seja, definições que se
sucederam desde o séc. III a.C até o séc. XIX, com o positivismo. Assim, os autores e suas
definições são esboçados do seguinte modo:

 Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C) considera ciência a análise que detinha os princípios e
as causas por objecto.
 Santo Tomás de Aquino (1225 - 1274) definiu-a como a assimilação da mente
direccionada ao conhecimento do mundo.
 Wolff (1679 - 1754) compreendeu como aquilo que se liga a princípios certos e
imutáveis, apresentado pelo hábito de demonstrar afirmativas e inferências.
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 Kant (1724 – 1804) diz que a ciência é tudo que possa ser objecto de certeza
apotídica, ou seja, necessário e demonstrável. Age sistematizando conhecimentos a
partir de princípios.
 Spencer (1820 – 1903) recorre à simplicidade. Segundo ele, há três variantes do
conhecimento: empírico não unificado; científico parcialmente unificado; e filosófico
totalmente unificado.
 Comte (1798 – 1857) as ciências podem ser abstractas e concretas. Estas últimas
consideradas como ciências fundamentais.

Através da análise das políticas a Ciência Política apresenta teses que são caracterizadas
como positivas, quando se detém no exercício de análise e normativas, quando alça previsões
acerca de situações determinadas. Medir o grau de sucesso de um governo, das políticas
implementadas, o grau de estabilidade, elementos como justiça, bem-estar social, paz, entre
outros.
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Conclusão
Neste contexto a globalização é um fenómeno complexo de muitas repercussões. Não é, por
conseguinte, surpreendente que o termo “globalização” tenha adquirido numerosas
conotações emocionais (...). No limite ela é considerada como uma força irresistível e
benéfica que trará a prosperidade económica a todos os habitantes do mundo. No outro
extremo, vê-se nela a fonte de todos os males contemporâneos.
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Referencias Bibliográficas
Bonavides, Paulo. (2010), Ciência política. São Paulo: Malheiros.

Boyer, Robert (1998), Le Politique à L’Ère de la Mondialisation et de la Finance: Le pont


sur quelques recherches régulationnistes. Paris, Cahiers du CEPREMAP.

Martin Albrow. (1990), “Globalization, Knowledge and Society”, em: Martin Albrow e
Elizabeth King (Editora), Globalization, Knowledge and Society, Sage Publicatione,
Londres.

Meneses, Paulo. (2001), Universidade e Diversidade, Recife, UNICAP

Raymond Graw. (1993), “On the Prospect of Global History”, em: Bruce Mazlish e Ralph
Buuitjene (Editora), Conceptualizing Global, History, Westview Press, Oxford.

Renato Ortiz. (1994), Mundialização e Cultura, Editora Brasiliense, São Paulo.

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