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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Marcos Tadeu Rodrigues

ASPECTOS DA GLOBALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO

Sorocaba

2022
RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade apresentar uma breve reflexão acerca dos
impactos causados na educação pelo fenômeno da Globalização, perpassado por
uma perspectiva histórica até a análise crítica da temática nos dias, desta forma
relacionando o fenômeno da Globalização com as transformações da sociedade. A
partir do texto de Forjaz faremos uma construção dialética junto ao texto de Janela
para podermos entender como este movimento impacta a prática da educação atual.
Sendo este trabalho fruto de uma reflexão feita a partir de tópicos trabalhados e
apreendidos na disciplina ao longo do 1º semestre de 2022, também faremos algumas
ligações com outros textos trabalhado no conteúdo da disciplina, tendo que o principal
objetivo é refletir sobre como a Globalização interfere na Educação, primeiramente
identificando este movimento na Educação e a influência da globalização no práxis
educativa apresentar as vantagens e desvantagens desta nova realidade, sem
contudo de fazer um exame sobre as influência das organizações internacionais e de
sistemas de avaliação na gestão educacional em nosso país.

Palavras-chave: Educação, Globalização.


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INTRODUÇÃO

Já desde alguns anos atrás, é cada vez maior consciência do mundo como um
sistema interligado, onde podemos até mesmo dizer único. Tal concepção de “mundo”
é fruto do processo de globalização que, constitui-se, em si mesmo, como um
acontecimento vemos acontecendo aos poucos, porém com uma trajetória continua
iniciada há muito tempo na história. Aqui cabe um paralelo antropológico para
pensarmos que a espécie humana tende a uma conexão global na medida em que
evolui. Desta forma entendemos que a globalização é um dos termos mais difundidos
e discutidos para explicar as transformações das sociedades atuais. Embora seja
assumida a sua importância, parte dos discursos acerca do seu conceito não são
consensuais, outros são atravessados por simplificações, exageros, imprecisões e,
muitas vezes, o seu uso indiscriminado e pouco cuidado convida à confusão
conceitual.

A GLOBALIZAÇÃO

A globalização envolve inúmeras dimensões, as mais conhecidas são;


financeira, tecnológica, ecológica, cultural, política, bem como a revolução no mundo
das comunicações, portanto é necessário analisar a dimensão conceitual e teórica do
fenômeno da Globalização na contemporaneidade e os seus impactos para o Estado
Nacional e suas transformações. Fazendo uso de uma análise indutiva e partindo de
conceito menos complexo podemos entender a globalização como um processo de
aproximação entre as diversas sociedades e nações existentes por todo o mundo,
seja no âmbito econômico, social, cultural ou político. Porém, o principal destaque
dado pela globalização está na integração de mercado existente entre os países. O
processo de globalização facilitou a conexão entre lugares totalmente distintos do
planeta, fazendo com que compartilhassem de características em comum. Assim
temos a gênese de um modelo de “mundo” onde todos estão interligados em uma
imensa rede de conexões. Não podemos deixar de notar que este processo é cada
vez mais intrínseco à sociedade moderna, onde a cada geração a ideia de um mundo
“não interligado” é cada vez mais distante de sua realidade e até mesmo impossível
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de se conceber. Essa rede de nações interligadas de certa forma suprimiu as


fronteiras dos países, acentuando uma expansão capitalista onde foi possível realizar
transações financeiras e expandir os negócios - até então restritos ao mercado interno
- para mercados distantes e emergentes. Uma vez colocada uma ideia geral vejamos
o que Forjaz aponta em seu texto:

A frequência e o volume da produção intelectual sobre esse tema, no


entanto, não significam que haja unanimidade ou convergência de
pontos de vista. Pelo contrário, a polêmica é intensa, e determinadas
correntes de pensamento, em geral situadas à esquerda no espectro
ideológico, consideram haver mais mito do que realidade nas
constatações referentes ao processo de globalização. (FORJAZ, 2000,
p. 39).

É importante adentrarmos um pouco mais no texto base para compreender o


conceito de globalização e sua relação com o desenvolvimento da ciência política;
pois neste ponto a já tão conhecida polêmica a respeito dos aspectos mais
conhecidos da globalização, quando falamos a respeito do aspecto político da
globalização, a polêmica sobe em uma escala exponencial, fator este que demanda
de nossa parte uma especial atenção: Nosso estudo está situado nessa área do
conhecimento e refere-se a uma temática relevante, mas ainda pouco desenvolvida,
da Ciência Política.

Além da importância do tema, este estudo busca possibilitar o


desenvolvimento de uma reflexão crucial dentro da Ciência Política, que está
relativamente “atrasada”, na medida em que o próprio objeto da pesquisa,
a globalização política, está menos avançado do que a globalização
econômica, financeira e tecnológica. (FORJAZ, 2000, p. 39).

A autora no explica que para melhor se introduzir o tema, é importante mostrar


a profundidade da divergência tanto sobre a temática mais geral – globalização –
quanto sobre um de seus aspectos – a crise do Estado Nacional. Alguns autores têm
uma visão extremada sobre o fenômeno da globalização, tanto na dimensão
econômica quanto na política.
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A EDUCAÇÃO GLOBALIZADA

Para podemos estabelecer um processo dialético de construção do


conhecimento sobre a globalização a relação da globalização com a
educação há pelo menos duas propostas teóricas muito diferentes que
podem ser convocadas. Aqui avançaremos na proposta apresentada por
Janela. Durante a vigência e expansão do Estado -providência, o contributo
da educação visava sobretudo o processo de legitimação; na fase atual, a
prioridade é direcionada para o processo de acumulação, tomando por
objetivo maior a competitividade econômica. Sinaliza condicionantes
decorrentes dos processos de globalização na configuração das políticas
educacionais contemporâneas. O autor nos aponta a as seguintes
perspectivas referindo-se a uma análise sociológica das políticas
educacionais, Janela prossegue citando (DALE, 1998): a) Perspectiva
normativo/prescritiva foca aspectos legais, administrativos, de caráter mais
funcionalista, sem questionar valores, ordem social e pedagógica
dominantes; b) Perspectiva explicativo/compreensiva, mais próxima de uma
sociologia weberiana: desconstruir os processos de formulação, decisão e
implementação das políticas educacionais – no sentido de perceber as
lógicas, as relações de poder, as contradições e as consequências dessas
mesmas políticas; c) Perspectiva da sociologia crítica: explicita tensões
entre objetividade pretendida pela prática científica e a politicidade da ação
humana. Não obstante o investigador de assumir explicitamente os valores
e visões do mundo. O projeto da modernidade, em grande medida
construído em torno do Estado. Notamos a importância de uma leitura
crítica, indicando como elemento chave o monopólio da violência: Escola
pública, tornada também uma das instituições centrais do exercício da
violência simbólica, para submeter todas as identidades dispersas,
fragmentadas e plurais em torno de um ideário político e cultural a que se
haveria de chamar nação. Nesse mesmo sentido agora sendo apresentada
na forma de questão em face a desnacionalização do Estado
(BOAVENTURA, 1998). Como uma síntese daquilo aqui já exposto Janela,
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destaca que os estudos do campo educacional evidenciam um certo campo


de autonomia:

Se, por um lado, na política económica desse período foram


adoptadas orientações inequivocamente neoliberais (de
desregulação, de privatização, de desmantelamento do
sector empresarial estatal, de abertura ao mercado, de
vulnerabilizarão dos direitos ligados ao trabalho), por outro,
na política educativa, foi possível tomar decisões em relativo
contraciclo com a ideologia neoliberal e, em alguns casos,
como o do ensino fundamental, chegaram a ser decisões
congruentes com a expansão de direitos (ainda)
referenciáveis ao modelo de Estado-providência (Janela
2003 p.42)

Vale dizer que este texto, dos anos 2000, não capta uma nova demanda
econômica por mão de obra capaz de fazer sua autoformação, na
combinação de competências cognitiva e competências socioemocio nais,
conforme apontou o relatório do Banco Mundial . Nesta esteia observamos
o papel desta instituição tem a tendência de supostamente conhecer a
realidade socioeconômica e educacional dos países em desenvolvimento.
Essa condição lhe confere determinada autoridade para influenciar na
proposição de reformas para a educação (CORAGGIO, 1998). No âmbito da
economia, mesmo com histórico es casso na produção de conhecimento
inovador, o Banco Mundial exerce função expressiva na produção de
conhecimento para e sobre os países, além de atuar na concessão de
empréstimos. A produção intelectual influencia na formulação de políticas
nos países membros. Pode-se inferir a existência de um confronto entre os
argumentos de aliviar a pobreza e os objetivos de minimizar os gastos
públicos. partir da década de 1990, na produção intelectual do Banco
Mundial, a educação básica tende a continuar como elemento central para
o alívio da pobreza e promoção da equidade. Contudo, o Banco Mundial
afirma a ineficiência da educação como expressão da ine ficiência do Estado
e da má utilização de recursos públicos. Com isso, retoma -se os preceitos
do Estado avaliador e da gestão por resultados, evidenciando que a
continuidade do processo de reformas torna -se mais contundente.
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CONCLUSÃO

Após uma leitura dos dois tópicos confrontados neste trabalho podemos
concluir que, ao analisarmos o cenário político e o papel do Estado encontramos duas
visões: a primeira denominada radical, onde o Estado se encontra em acelerado
processo de extinção; frente a uma segunda moderada, na qual se reconhece
mudanças importantes impostas pela globalização, mas enxergam enorme poder de
resistência nas entidades estatais. Ao confrontarmos essas perspectivas trazidas
pelos textos com cenário político-educacional atual, notamos a hodiernidade dos
mesmos, um novo conceito vem ganhando popularidade: o globalismo, que traz uma
argumentação crítica a respeito da validade de entidades supranacionais uma vez que
não possuem uma validação representativa, pois se baseia na cessão parcial das
competências estatais de cada nação em favor de uma entidade ou organismo
superior. Em outras palavras, consiste em criar uma superestrutura. O novo quadro
político se torna um superestado onde se ativa um conjunto de alianças entre estados
membros. Assim vemos que o debate iniciado nos idos da década de 90 do século
passado está longe de ter fim ou simplesmente um mero concesso. É de extrema
importância que os educadores e pedagogos continuem esse confronto de ideias sem
deixar de trazer com isso melhorias constantes no processo de ensino aprendizagem
contribuindo de maneira significativa para educacionais do país.

REFERÊNCIAS:

AFONSO, A. J. Estado, globalização e políticas educacionais: elementos para uma


agenda de investigação. Revista Brasileira de Educação, Jan/Fev/Mar/Abr 2003, n.º
22, p.35-46.

DALE, R. Globalização e educação: demonstrando a existência de uma cultura


educacional mundial comum ou localizando uma agenda globalmente estruturada
para a educação. Educação, Sociedade & Culturas, n. 16, p. 133-169, 2001.
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FORJAZ, Maria Cecília Spina. Globalização e crise do estado nacional. Rev. adm.
empres., São Paulo, v. 40, n. 2, p. 38-50, Junho 2000.

CORAGGIO, José Luis. Propostas do Banco Mundial para a educação: sentido oculto
ou problemas de concepção? In: WARDE, Mirian Jorge; HADDAD, Sergio (org.). O
Banco Mundial e as políticas educacionais. Tradução de Mônica Corullón. 2. ed. São
Paulo: Cortez, 1998. p. 75-123

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