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Fichamento: Resposta à Pergunta: O que é o Esclarecimento?

[Aufklärung]
Disciplina: Pesquisa
Docente: Adriana Maamari
Discente: Marcos Tadeu Rodrigues

FICHAMENTO

KANT, I. Textos Seletos. 2. ed. (Trad.) Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis: Vozes, 1985.
Páginas 100 a 117

Esclarecimento
Já no início de seu breve texto, Kant (1985. P 100) conceitua o [Esclarecimento] como “a
saída do homem de sua menoridade”, ou seja, será um processo que retira o homem desta
condição (menor), de tutelado e eleva o seu modo de pensar. Em seguida o texto apresenta
as causas que prendem o homem a menoridade: preguiça e covardia. Vale notar que, no
mesmo parágrafo onde estão as causas da menoridade, Kant já aponta para a liberdade
(natural) que o ser humano possui para buscar o esclarecimento.
“A incapacidade de servir do entendimento sem orientação de outrem” (Kant 1985, p 100.),
é falta do entender sem ajuda de outra pessoa. Aquele que é tutelado por outro não precisa
pensar e vive acomodado, sendo assim facilmente manipulado. Mesmo a natureza tendo
libertado o homem do controle alheio, mas é cômodo viver sob a tutela de outrem, isso se
dá pela preguiça de pensar e pela covardia em exercer suas capacidades. É interessante
notarmos que existe quase uma “mudança” da natureza do homem, ou um grande
afastamento dela, “é difícil a um homem em particular desvencilhar-se de da menoridade
que para ele se tornou quase uma natureza” (Kant 1985, 102), assim o homem torna-se
incapaz de fazer uso de sua liberdade e seu entendimento, o mau uso de seus dons se torna
os “grilhões de uma menoridade perpétua”.
Para que possamos ter o “esclarecimento”, ou seja, sair da menoridade “nada mais se exige
senão a liberdade” (Kant 1985, p 104) uma “volta” a condição já dada ao homem pela
natureza. Desta forma Kant indica que uma restrição que se opõe ao iluminismo: “o uso
público da própria razão e é só ele que pode entre os homens levar a cabo do iluminismo”
(Kant 1985, p. 104), e segue explicando que o uso público da razão é aquele que um erudito
faz perante um publico letrado. Esta atitude aparenta ser oposta àquilo observamos no meio
social: não raciocinar e pagar, não raciocinar e pagar e não raciocinar e acreditar. Também é
apresentado o uso privado onde pode-se fazer uso da razão em um cargo ou função, neste
caso a comunidade é orientada pelo governo para fins públicos, nestes não se deve
raciocinar, mas sim obedecer. Em um de seus exemplos Kant usa do religioso que está a
serviço de uma comunidade, tal líder tem a obrigação de ensinar dentro dos dogmas de sua
crença, porém como erudito, tem liberdade de trazer ao público seus pensamentos “bem-
intencionados” sobre o que ele pensa ser errôneo em tal crença e “nada existe que possa ser
um peso na consciência” (Kant 1985, p. 106). O clérigo que ensina em virtude de sua função,
não tem o livre direito de ensinar segundo sua própria opinião, mas ensina em nome de
outro: “nossa igreja ensina isto”, e logo em seguida “extrai a utilidade prática de preceitos
que ele próprio não subscreveria com plena convicção”, de certa forma tal fato acarretaria
uma contradição que levaria o religioso a renúncia de seu cargo. Porém como erudito o
clérigo no uso público da razão tem “liberdade ilimitada” de falar em seu próprio nome.
Perto do final do opúsculo Kant indaga sua própria época e nos da a resposta de que ela não
é esclarecida, porém de esclarecimento, pois os homens ainda não se capazes de fazerem
bom uso do entendimento sem que outro lhe oriente. Novamente Kant lança mão de um
exemplo da esfera religiosa. Ele argumenta que não é “indigno” um príncipe que não
prescreve por dever aos homens matéria religiosa, deixando-os livres para poderem servir
de seu entendimento nos assuntos de sua consciência e onde clérigos possam, na qualidade
de eruditos, exporem suas ideias publicamente ao mundo para serem examinados. Tal é o
espírito da liberdade. Desta forma os homens se libertam de sua brutalidade sem mais se
conservarem nela. A saída do homem de sua menoridade culpada é apresentada sobretudo
nas “coisas da religião” por Kant entender ser a mais danosa de todas.
A natureza que nos deu a vocação do pensamento livre, tmabem atua graudalmente sobre o
sentir do povo que será cada vez mais capaz de agir segundo a liberdade. Também o
governate deve agir dando liberdade a seus súditos para utilizarem o entendimento e a
razão para decidirem sobre questões morais e religiosas contribuindo para o esclarecimento
de seus súditos e este deve ser louvado.

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