Social no Brasil
José Alcides Figueiredo Santos & Celi Scalon
Campo Internacional da
Estratificação Social
1. Utiliza-se David Grusky pela riqueza do breve balanço que realizou, a sua preo
cupação em comparar modelos, o diálogo com outras áreas e a posição privile-
giada que ocupa no campo ao dirigir um importante centro em Stanford e editar
já faz vários anos a principal coletânea-síntese da área nos países desenvolvidos.
médias. Entretanto, caberia ainda verificar até que ponto este pro-
cesso poderia levar a uma aproximação no campo social (Scalon
e Salata, 2012; Scalon, 2013). Uma estratégia mais indutiva, de
inspiração bourdieusiana, revela a existência de um espaço social
ainda amplamente dominado por frações manuais urbanas desti-
tuídas e fragilizadas (30%) e um operariado qualificado e estabe-
lecido (45%). Embora não tenha sido feita uma análise temporal,
o quadro traçado está longe de realçar os estratos médios, quando
se olha para a distribuição das múltiplas formas de capital (Ber-
toncelo, 2016). Esse debate trouxe uma questão muito relevante
para o futuro dos estudos na área, qual seja: Em que medida os
ganhos econômicos e sociais em países emergentes são susten-
táveis no médio e longo prazo? Com isso, a análise da relação
entre desenvolvimento e sustentabilidade, antes restrita ao cam-
po ambiental, vai sendo incorporada aos estudos de estratificação
(Scalon e Salata, 2016). Esse movimento tem início a partir das
pesquisas comparativas sobre estratificação nos países Brics.
Ao mobilizar dados sobre as características das ocupações, em
termos de renda, educação, status ocupacional e chances de mobi-
lidade social, ampliando os termos da análise, Ribeiro mostra que
o Brasil não se tornou uma sociedade de classe média. Na verdade,
a estrutura social é composta por uma divisão clara entre o topo
social (classes I e II) e todas as outras classes abaixo. Além disso,
na ponta inferior da hierarquia social, existem barreiras à mobili-
dade também entre os trabalhadores manuais não qualificados e
pequenos agricultores, de um lado, e as classes intermediárias, de
outro (Ribeiro, 2014). Tais padrões e clivagens já vinham sendo
observados desde a década de 70, registrados em estudos como os
de Pastore (1979), Scalon (1999) e Valle Silva e Pastore (2000),
entre outros, mostrando que há uma persistência das tendências
da mobilidade social no Brasil.
Desigualdade Socioeconômica
e Racial de Saúde
Percepções e Representações
das Desigualdades
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
Barbosa, Rogério Jerônimo (2016). “Desigualdade de Rendimentos do
Trabalho no Curto e no Longo Prazo: Tendências de Idade, Período
e Coorte”. Dados – Revista de Ciências Sociais, vol. 59, n. 2, 2016,
pp. 385-425.
Bertoncelo, Edison Ricardo (2016). “O Espaço das Classes Sociais no
Brasil”. Tempo Social, vol. 28, pp. 73-104.
Bertoncelo, Edison Ricardo (2013). “Classes e Práticas Sociais”. Re-
vista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 28, n. 81, pp. 185-211.
Best, Henning & Wolf, Christof (2015). “Logistic Regression”. In:
Best, Henning & Wolf, Christof (ed.). The sage Handbook of Re-
gression Analysis and Causal Inference. Los Angeles, Sage.
Burns, Tom R. & Deville, P. (2006). “Teorias dos Sistemas Dinâmi-
cos: Teorizações Sobre o Capitalismo e a sua Evolução”. Sociologia,
Problemas e Práticas, n. 50, pp. 11-44.
Cardoso, Adalberto & Préteceille, Edmond (2017). “Classes Mé-
dias no Brasil: Do que se Trata? Qual seu Tamanho? Como Vem
Mudando?” Dados – Revista de Ciências Sociais, vol. 60, n. 4, pp. 977-
-1023.
Carvalhaes, Flavio Alex de Oliveira; Barbosa, Rogério Jerônimo;
Souza, Pedro Herculano G. F. de; Ribeiro, Carlos Antônio Costa
(2014). “Os Impactos da Geração de Empregos Sobre as Desigual-
dades de Renda: Uma Análise da Década de 2000”. Revista Brasileira
de Ciências Sociais, vol. 29, n. 85, pp. 79-98.
org/do-disciplinary-boundaries-keep-us-from-asking-the-right-
-questions-about-inequality/
______; Hill, Jasmine (2017). “Poverty and Inequality in the 21st Cen-
tury”. In: Grusky, David & Hill, Jasmine (org.). “Inequality in the
21st Century”. Westview Press, pp. 1-7.
______. & MacLEAN, Alair (2016). “The Social Fallout of a High-ine-
quality Regime”. In: Grusky, David; MacLEAN, Alair (org.). “Living
in a High Inequality Regime”. The annals of the American Academy of
Political and Social Science, n. 663, pp. 33-52.
______. & Szelényi, Szonja (2014). “The Stories We Tell About Inequali-
ty”. In: Grusky, David (org.). Social Stratification: Class, Race and Gender
in Sociological Perspective. 4th Edition, Westview Press, pp. 17-25.
______. & Weisshaar, Katherined R. (2014). “Preface & The Ques-
tions We Ask About Inequality”. In: Grusky, David (org.). Social
Stratification: Class, Race and Gender in Sociological Perspective. 4th
Edition, Westview Press, pp. 1-16.
HASENBALG, Carlos & Silva, Nelson Valle (orgs.) (2003). Origens e
Destinos. Rio de Janeiro, Topbooks.
Itaboraí, Nathalie Reis (2015). Mudanças nas Famílias Brasileiras
(1976-2012): Uma Perspectiva de Classe e Gênero. Rio de Janeiro, Edi-
tora Garamond, 2016. [Prêmio Anpocs na área de sociologia].
Karlson, Kristian; Holm, Anders & Breen, Richard (2012).
“Comparing Regression Coefficients Between Same-Sample
Nested Models using Logit and Probit”. Sociological Methodology,
vol. 42, n. 1, pp. 286-313.
Knell, Markus & Stix, Helmut (2015). “Perceptions of Inequality”.
Working Paper 126, Oesterreichische Nationalbank, December 2015
Leicht, Kevin T. (2008). “Broken Down by Race and Gender? Sociolo-
gical Explanations of New Sources of Earnings Inequality”. Annual
Review of Sociology, vol. 34, pp. 237-55.
Maloutase, T. & Fujita, K. (orgs.). Residential Segregation around the data?
World: Why Context Matters. London, Ashgate.
Marques, E., Bichir, R. & Scalon, C. (2012). “Residential Segre-
gation and Social Structure in Sao Paulo: Continuity and Change
since the 1990’s”.