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Uma
sociologia da globalização
Saskia Sassen*

RESUMO
Na introdução, o texto apresenta as bases para uma sociologia da globalização na qual se afirma que esse fenômeno é
compreensível não apenas em termos de interdependência e formação de instituições exclusivamente globais, mas
também em relação a algo que também reside no interior o Nacional
Superando o nacionalismo metodológico, é então possível abordar um número crescente de casos de localização do
global e desnacionalização do nacional que, por sua vez, abre um amplo leque de possibilidades de pesquisa para as
ciências sociais. Em seguida, aborda-se o estudo das cidades globais como um espaço propício para testar os
pressupostos teóricos desta sociologia na medida em que, através deles, se cria uma nova geografia transnacional que
ao mesmo tempo constitui o espaço para uma nova política transnacional.
sociedade
dossiê:
global
poder
e

Palavras-chave: sociologia-globalização, economia global, política transnacional, cidades globais.

UMA SOCIOLOGIA DA GLOBALIZAÇÃO


RESUMO
Em sua introdução, o texto apresenta as bases para uma sociologia da globalização ao afirmar que tal fenômeno é
compreensível não apenas em termos de interdependência e formação de instituições exclusivamente globais, mas em
relação a algo dentro do que é nacional. Superado um nacionalismo metodológico torna-se possível abordar um número
crescente de casos de localização do que é global e outros de desnacionalização do que é nacional o que, entretanto,
abre um amplo leque de possibilidades de pesquisa em ciências sociais. Em seguida, é empreendido um estudo das
[3]
cidades globais como um espaço conveniente para testar pressupostos teóricos de tal sociologia, uma vez que, nessas
cidades, emerge uma nova geografia transnacional que serve de espaço para novas políticas transnacionais.

Palavras-chave: sociologia-globalização, economia global, política transnacional, cidades globais.

DATA DE RECEBIMENTO: 12/06/2007


DATA DE APROVAÇÃO: 07/09/2007

0121-4705
ISSN

* Professor de Sociologia na Universidade de Chicago e na London School of Economics.


Artigo reproduzido com permissão do autor.
Traduzido por Maria Victoria Rodila.
análise política nº 61, Bogotá, Publicação original: Sassen Saskia, A Sociology of Globalization - 1ª ed. – Buenos Aires: Katz, 2007.
ISBN 978-987-1283-39-2
setembro-dezembro de 2007:pp.3-27
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Uma sociologia da globalização Saskia Sassen

INTRODUÇÃO

Processos transnacionais como a globalização política, econômica e cultural confrontam as


ciências sociais com uma série de desafios teóricos e metodológicos. Esses desafios surgem
porque o global (seja uma instituição, um processo, uma prática discursiva ou um imaginário)
transcende o quadro exclusivo do Estado-nação e ao mesmo tempo habita parcialmente
territórios e instituições nacionais. Vista dessa forma, a globalização não se limita mais à noção
convencional que a define como um processo de formação de instituições exclusivamente
globais e de crescente interdependência entre os Estados-nação do mundo. Se o global, com
efeito, reside em parte no nacional, é evidente que a globalização, nas suas diferentes
modalidades, compromete diretamente duas posições-chave das ciências sociais. A primeira
delas é a concepção implícita ou explícita do estado-nação como um receptáculo de processos
sociais. A segunda é a correspondência implícita entre o território nacional e o nacional como
característica, ou seja, se um processo ou fenômeno social ocorre em uma instituição ou em
um território nacional, presume-se que deve ser de natureza nacional. Ambos os pressupostos
descrevem condições que mantiveram sua validade, embora nunca absolutas, durante grande
parte da história do Estado moderno (especialmente desde a Primeira Guerra Mundial) e que
em grande parte subsistem. O que mudou hoje é que esses pressupostos estão sendo
desmantelados, parcial mas intensamente. Por outro lado, o alcance dessa desarticulação
também é diferente.
Quando a globalização é abandonada em termos de interdependência e de formação de
instituições exclusivamente globais para concebê-la como algo que também reside no nacional,
o campo se abre para um amplo leque de possibilidades de pesquisa até hoje, quase
inexploradas. As suposições sobre o estado-nação como o recipiente dos processos sociais
continuam a ser úteis para muitos dos tópicos estudados nas ciências sociais e, de fato,
[4]
permitiram que aqueles que se dedicam a essas ciências desenvolvessem métodos de análise
eficazes e precisos. os conjuntos de dados necessários. No entanto, tais suposições não são
úteis para responder a uma série crescente de questões sobre a globalização. Tampouco
devem explicar a ampla variedade de processos transnacionais que as ciências sociais devem
começar a investigar e teorizar, nem desenvolver os instrumentos analíticos necessários. A
premissa crítica que organiza o presente trabalho não reside nos métodos nem nos quadros
conceptuais que partem do pressuposto de que o Estado-Nação é uma unidade fechada com
autoridade exclusiva sobre o seu território. Tal premissa poderia ser formulada da seguinte
forma: o fato de um processo ou entidade estar localizado no território de um Estado soberano
não significa necessariamente que seja um processo ou entidade nacional, ou uma entidade
estrangeira tradicionalmente autorizada (embaixadas, turistas estrangeiros, etc. .); ao contrário,
pode ser uma localização do global, ou – um conceito um pouco mais complexo – de uma
entidade nacional que foi desnacionalizada, como poderia ser o caso, por exemplo, de um
componente do capital nacional que foi desnacionalizado. Embora a maioria dos processos e
entidades que se encontram no nacional sejam nacionais, a investigação empírica torna-se
cada vez mais necessária para determinar se todos o são, uma vez que são cada vez mais os
casos de localização do global e desnacionalização do nacional. Uma parte dos fenômenos
que hoje continuam codificados como nacionais poderiam ser exemplos dessa localização e
desnacionalização. Gerar as especificações teóricas e empíricas que permitam incorporar
essas condições é uma árdua tarefa que deve ser realizada coletivamente, na medida em que
cada país possui múltiplas especificidades em relação a essas dinâmicas.

O objetivo deste livro é contribuir para esse trabalho coletivo por meio de um mapeamento
do campo analítico que nos permita um estudo mais complexo da globalização - um campo
analítico que possa incorporar e ao mesmo tempo superar as noções centradas no interdeterminismo.

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crescente pendência entre os países e a formação de instituições exclusivamente globais.


Portanto, parte da pesquisa visa detectar essa dinâmica globalizante na espessura institucional e social do
nacional, onde se misturam elementos nacionais e não nacionais. Quando o global é enquadrado dessa
forma, é possível usar muitas das técnicas de pesquisa e conjuntos de dados existentes nas ciências sociais,
que foram desenvolvidos em termos do nacional ou subnacional; mas tal uso só é possível com a condição
de gerar novos quadros conceituais para interpretações que não assumam que o Estado-nação é um sistema
fechado e exclusivo.

Tanto as pesquisas realizadas em fábricas que fazem parte de cadeias produtivas internacionais, quanto as
entrevistas individuais para vislumbrar o imaginário sobre a globalidade, ou as etnografias dos centros sociedade
dossiê:
global
poder
e

financeiros internacionais, são ferramentas que ampliam o campo analítico para a compreensão dos
processos globais. Tal ampliação do campo analítico para o estudo da globalização abre o campo de
investigação das ciências sociais em geral e, em particular, de questões de natureza mais sociológica ou
antropológica.

O que, então, se pretende designar com o termo “globalização”? Neste trabalho, estamos lidando com
duas dinâmicas diferenciadas. Por um lado, a formação de processos e instituições explicitamente globais,
como a Organização Mundial do Comércio, os mercados financeiros internacionais, o novo cosmopolitismo
e os Tribunais Internacionais de Crimes de Guerra. As práticas e modalidades organizacionais pelas quais
essas entidades explicitamente globais operam constituem o que é normalmente conhecido como global.
Embora sejam parcialmente nacionais, são em grande parte formações globais novas e concretas.

Por outro lado, existem os processos que não pertencem necessariamente à escala global e que, no
[5]
entanto, fazem parte da globalização. Esses processos estão imersos em territórios e domínios institucionais
que em grande parte do mundo, embora não em todos os casos, são considerados nacionais. Embora
localizados em âmbitos nacionais ou mesmo subnacionais, esses processos fazem parte da globalização
porque incorporam redes ou entidades transfronteiriças que conectam múltiplos processos e atores locais
ou “nacionais”, ou porque são questões ou dinâmicas que se inscrevem em um número crescente de países
ou cidades. É possível citar aqui as redes transfronteiriças de ativistas dedicados a uma causa local específica
que também ocorre em escala global, como organizações de defesa do meio ambiente ou de defesa dos
direitos humanos.

Também quero destacar que aspectos específicos do trabalho dos Estados-nação agora fazem parte da
globalização; Exemplo disso são as políticas monetária e fiscal impostas pelo FMI e pelos Estados Unidos
como parte da constituição dos mercados financeiros internacionais. Outro exemplo dessa dinâmica é o fato
de que os tribunais nacionais passaram a utilizar instrumentos internacionais (como declarações sobre
direitos humanos, normas ambientais internacionais ou regras da Organização Mundial do Comércio) para
resolver questões que antes teriam resolvido. instrumentos jurídicos. Da mesma forma, podem ser incluídas
condições emergentes mais difusas, que examinaremos neste livro sob a noção de globalidades não
cosmopolitas. É o caso de alguns tipos de atividade e imaginários políticos que se centram em questões e
causas locais, mas que ao mesmo tempo se inscrevem em redes globais orientadas para os mesmos
objetivos e com participantes cada vez mais conscientes da pertença a essas redes globais. , em que
compartilham problemas locais. São modalidades do global que se constituem em nível horizontal, sem
participação em organizações que as integrem em hierarquias mundiais verticais, como é o caso, por
exemplo, da Organização Mundial do Comércio.

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Quando as ciências sociais estudam a globalização, elas normalmente não se concentram


neste segundo tipo de processos e instituições, mas sim em fenômenos manifestamente globais.
Nesse sentido, eles deram importantes contribuições ao estudo do global ao estabelecer que
existem múltiplas globalizações e que a forma dominante de globalização – a economia global
corporativa – é apenas uma delas. Na ciência política, e especialmente no campo das relações
internacionais, existe um conceito canônico e arraigado do internacional, segundo o qual o Estado-
nação é um ator fundamental.
A força desse cânone cria dificuldades quando se trata de incorporar a possibilidade de
formações globais que não passam pelo sistema interestatal –quadro típico desse cânone– e
que ocorrem em diferentes escalas, inclusive subnacionais. O mesmo vale para a sociologia.
Seus métodos de pesquisa e os dados coletados são em grande parte baseados no tipo de
entidade fechada que o estado-nação representa, especialmente no caso de uma sociologia mais
quantitativa, que gerou métodos cada vez mais complexos baseados na possibilidade de obter a
delimitação do quadro analítico –o Estado-Nação, uma empresa nacional, um agregado familiar
definido nos termos do censo nacional–. Apesar de ter métodos e hipóteses muito diferentes, a
economia aplicada também está condicionada de forma semelhante, pois seus dados também
pressupõem a delimitação da realidade que fundamenta a categoria analítica. Por outro lado, e
embora mantenham noções semelhantes sobre o Estado-nação, as vertentes mais historicistas
da sociologia têm dado importantes contribuições ao estudo dos sistemas internacionais, como
os trabalhos sobre o sistema-mundo e os movimentos migratórios transfronteiriços.

A geografia econômica e política tem contribuído para o estudo do global mais do que qualquer
outra ciência social, especialmente graças à sua posição crítica em relação à noção de escalas.
Com efeito, reconhece o caráter histórico das escalas e, portanto, apresenta uma resistência à
[6]
reificação e naturalização da escala nacional, tão presente na maior parte das ciências sociais.
Os antropólogos, por sua vez, têm contribuído para o estudo das múltiplas e particulares forças
que compõem essa dinâmica, alertando indiretamente para o quão arriscado seria utilizar um
método analítico baseado exclusivamente no fato de múltiplas escalas, além da escala nacional ,
sem contemplar a complexidade das áreas.
Sem querer generalizar, parece que as ferramentas analíticas e interpretativas dessas duas
disciplinas têm uma vantagem para o estudo do global, seja no quadro de sua definição
convencional como situação de interdependência em escala global, seja no de uma abordagem
mais complexa que inclui escalas subnacionais, como a adotada neste livro. Apesar dos avanços
alcançados nas ciências sociais, ainda há muito a ser feito. Parte do trabalho pendente seria
traçar uma distinção entre: a) as várias escalas que se configuram por meio de processos e
práticas globais; eb) o conteúdo específico e a localização institucional dessa globalização
multiescalar.
A abordagem adotada neste trabalho traz consigo algumas consequências conceituais e
metodológicas. O mais importante é que incorpora a necessidade de estudar exaustivamente as
formações e processos nacionais e subnacionais, bem como seu reconhecimento como
instâncias do global. Isso significa que é possível usar muito dos conjuntos de dados e tecnologias
de pesquisa existentes, mas colocando os resultados em diferentes quadros conceituais, com
novas categorias que não pressupõem a típica dualidade entre o nacional e o global, ou o local
e o local. global. Entre essas categorias podemos citar comunidades de imigrantes ou
profissionais transnacionais, cidades globais, cadeias produtivas internacionais e compressão
espaço-temporal. Em parte, esta terminologia surge da necessidade de nomear certas condições
que são novas, ou que apenas assumiram novas modalidades, ou que se tornaram visíveis pela
alteração de configurações anteriores. Também é possível usar categorias analíticas

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existentes, mas de uma forma diferente da originalmente utilizada. Em princípio, os resultados


analíticos da referida reorganização conceitual podem ser incorporados em categorias
sociológicas bem conhecidas, como raça, gênero, cidade, imigração, estado e conectividade
social. Por seu lado, a categoria de desnacionalização utilizada neste trabalho, postulada em
Sassen (1996; 2006), capta um dos efeitos cada vez mais comuns da interação entre o
nacional e o global. Dois elementos críticos dessa interação são a natureza altamente
institucionalizada e a densidade sociocultural do nacional, de onde se conclui que a
estruturação do global dentro do nacional implica uma desnacionalização de certos
componentes particulares do nacional, mesmo que seja parcial. , e muitas vezes altamente
especializados. sociedade
dossiê:
global
poder
e

CIDADES GLOBAIS: A RECUPERAÇÃO DO LUGAR E AS PRÁTICAS SOCIAIS

As imagens que dominam o discurso sobre a globalização económica são a hipermobilidade,


a capacidade de comunicação global e a neutralização do território e da distância. A existência
de um sistema econômico global tende a ser tida como certa e vista como uma função do
poder das corporações multinacionais e das comunicações globais e, como resultado, a
ênfase é colocada no poder e nos atributos técnicos da economia. Ora, as investigações
sociológicas devem ir além do que é dado como fato e meros atributos, e examinar o processo
de formação dessas condições e suas consequências.

As novas tecnologias da informação e o poder das corporações transnacionais contêm


poderes de operação global, coordenação e controle que devem ser produzidos de alguma forma.
Quando se estuda o processo de produção dessas faculdades, acrescenta-se uma dimensão
muitas vezes negligenciada no discurso sobre a globalização. O foco se desloca para as
[7]
práticas que constituem o que se entende por “globalização econômica” e “controle global”,
ou seja, para o trabalho de produzir e reproduzir a organização e administração de um sistema
global de produção e de um mercado. marcada pela concentração econômica. Esta análise
da globalização econômica centrada em práticas recupera as categorias de lugar e processos
de trabalho, categorias muitas vezes ignoradas em estudos focados na hipermobilidade do
capital e no poder das corporações multinacionais. A elaboração de tais categorias não nega
a centralidade da hipermobilidade e do poder corporativo, mas traz à tona o fato de que muitos
dos recursos necessários para a atividade econômica global carecem dessa hipermobilidade
e estão, de fato, profundamente enraizados em algum território, como cidades globais e zonas
de processamento de exportação.

Por que é importante resgatar as categorias de lugar e processo de produção para a


análise da economia global, especialmente nos casos das grandes cidades? Porque essas
categorias nos permitem observar a multiplicidade de economias e culturas de trabalho onde
o sistema econômico global está inserido, bem como resgatar os processos concretos e
localizados que materializam a globalização e afirmar que o multiculturalismo das grandes
cidades faz parte desse fenômeno como assim como o mercado financeiro internacional.
Finalmente, o lugar e os processos de trabalho permitem descrever as especificidades de
uma geografia de territórios estratégicos à escala global. No presente trabalho, este fenómeno
é definido como uma “nova geografia da centralidade”, e uma das questões que se coloca é
saber se esta nova geografia transnacional constitui também o espaço para uma nova política
transnacional. Por outro lado, enquanto a análise econômica das cidades globais recupera a
grande variedade de empregos e culturas de trabalho que fazem parte da economia global,
ainda que não sejam reconhecidas como tal, tal análise permite examinar a possibilidade de
que haja são novas formas de desigualdade derivadas de

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globalização econômica. Da mesma forma, permite detectar um novo tipo de atividade política
entre os trabalhadores tradicionalmente desfavorecidos; ou seja, permite compreender em termos
empíricos se operar na geografia econômica transnacional das cidades globais representa algum
benefício para esses trabalhadores. Nesse caso, a atividade política seria sustentada pela
participação na economia global daqueles que desempenham os “outros” empregos, como
operários de fábrica em uma zona de processamento de exportação da Ásia, trabalhadores
explorados na indústria têxtil de Los Angeles ou limpeza pessoal do
Edifícios de Wall Street.
Uma questão sociológica específica que organiza a análise dessas questões é se novas
configurações estão realmente se formando em meio a velhas condições sociais.
Poder, mobilidade do capital, desvantagem econômica e política, falta de moradia e gangues são
fenômenos que existem há séculos, anteriores à globalização de hoje. Portanto, seria de se
perguntar se, a partir dos anos 1980, fenômenos como o poder, a mobilidade, a desigualdade, a
falta de moradia, a classe profissional, as gangues ou a política adquiriram modalidades – ainda
que apenas em alguns de seus componentes – que possibilitam distingui-los suficientemente de
fenômenos anteriores e, consequentemente, especificá-los como novos, mesmo quando em
termos gerais isso é difícil de estabelecer.

Este capítulo tentará responder a essas perguntas. A primeira seção examina a possibilidade
de que a cidade (como uma espécie de território complexo) tenha se tornado, como no início do
século passado, um prisma através do qual importantes processos que estão desestabilizando
os alinhamentos existentes. A segunda seção analisa o papel do lugar e dos processos de
produção na economia global. Com base nessa recuperação de atividades territorializadas para
a economia global, a terceira seção postula a formação de novas geografias transfronteiriças de
[8]
centralidade e marginalidade, constituídas pelos referidos processos territoriais de globalização.
A quarta seção examina em que medida esses tipos de processos indicam a formação de uma
nova ordem socioespacial nas cidades globais. A quinta seção descreve algumas das localizações
do global, com atenção especial às mulheres imigrantes que residem em cidades globais. Por
fim, na seção final, propõe-se uma noção de cidade global como um elo onde todas essas
tendências se unem e produzem novos alinhamentos políticos.

O RETORNO DA CIDADE COMO PRISMA PARA A TEORIA SOCIAL


A cidade tem uma longa história como espaço estratégico para explorar os grandes temas da
sociedade e da sociologia. Mas nem sempre foi um espaço com capacidade heurística, ou seja,
capacidade de produzir conhecimento sobre as principais transformações de um período
histórico. Ela o teve durante a primeira metade do século XX, quando seu estudo era central para
a sociologia, como pode ser visto nos trabalhos de Simmel, Weber, Benjamin e, sobretudo, na
escola de Chicago com Park e Wirth, que recebidos Eles foram fortemente influenciados pela
sociologia alemã (Lefebvre também deve ser incluído, embora ele pertença a um período
posterior). Esses sociólogos se depararam com processos de enorme magnitude, como a
industrialização, a urbanização, a alienação e com uma nova configuração cultural que chamaram
de “urbanidade”. O estudo das cidades não se limitou ao estudo do urbano, mas abrangeu os
principais processos sociais da época. Desde então, o estudo das cidades e a sociologia urbana
vêm perdendo sua posição privilegiada como produtores de importantes categorias analíticas e
como prismas da disciplina, o que se explica por vários motivos, principalmente relacionados a
certos avanços no método e nos dados da sociologia em em geral. A

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Um fenômeno crítico foi o fato de que as cidades deixaram de ser o ponto de apoio das transformações
históricas e, portanto, o espaço estratégico para a investigação dos processos não urbanos. A sociologia
urbana tornou-se cada vez mais interessada no que mais tarde foi chamado de "problemas sociais".

Hoje, no início de um novo século, a cidade ressurge como espaço estratégico para compreender
tendências críticas na reconfiguração da ordem social. Tanto a cidade quanto a região metropolitana são
locais estratégicos para a materialização de algumas tendências macrossociais importantes e, portanto,
podem se tornar objeto de estudo. Entre as tendências mencionadas estão a globalização, o surgimento de
novas tecnologias de informação, a intensificação das dinâmicas transnacionais e translocais e uma maior
presença e voz de instâncias específicas da diversidade sociocultural. Cada uma dessas tendências tem sociedade
dossiê:
global
poder
e

suas próprias condicionalidades, seu próprio conteúdo e suas próprias consequências. A sua fase urbana é
apenas uma fase de um percurso muitas vezes complexo e multiterritorial. Ora, é possível que, como no
início do século XX, o estudo sociológico das cidades produza material intelectual e ferramentas analíticas
úteis para a compreensão das profundas transformações sociais em curso hoje? É fundamental descobrir
se essas transformações contêm instâncias urbanas suficientemente complexas e versáteis para possibilitar
a construção de um objeto de estudo. No presente trabalho considera-se que a fase urbana dos referidos
processos os torna susceptíveis de serem estudados "in concreto", ou seja, de uma forma que não seria
possível noutras fases das suas trajectórias: por exemplo, a centro financeiro é mais concreto do que a rede
eletrônica por onde circula o capital, assim como um bairro segregado é quando comparado com a ideia de
racismo.

Ao mesmo tempo, a tendência atual para uma espécie de urbanização de importantes dinâmicas globais,
[9]
ainda que parcial, reposiciona a cidade como objeto de estudo.
E, mais uma vez, surge a pergunta: do que se fala hoje quando se usa o termo “cidade”? A ideia de cidade é
há algum tempo um conceito discutível, tanto em textos de outras épocas (Lefebvre, 1974; Castells, 1977;
Harvey, 1982) como em obras mais recentes (Brenner, 1998; Lloyd, 2005; Paddison , 2001). ; Drainville,
2004; Satler 2006). Atualmente, há uma desarticulação parcial do espaço nacional e da tradicional hierarquia
de escalas centrada no nacional, onde a cidade se aninhava entre o local e o regional.

Essa desarticulação, mesmo que parcial, dificulta a conceituação da cidade dentro dessa hierarquia aninhada.
Historicamente, as grandes cidades constituem nós onde vários processos se cruzam em concentrações
muito pronunciadas. No contexto da globalização, muitos desses processos operam em escala global e
atravessam fronteiras históricas, com a correspondente complexidade que isso agrega.

As cidades emergem como uma instância territorial ou escalar dentro de uma dinâmica transurbana1 .
Aqui as cidades não são concebidas como unidades fechadas, mas sim como estruturas complexas onde
se podem articular uma variedade de processos transfronteiriços que se reconstituem como condições
parcialmente urbanas (Sassen, 2001). Além disso, as cidades globais não podem ser facilmente localizadas
dentro de uma hierarquia escalar, abaixo do nacional, do regional e do global, pois são um dos espaços do
global, onde essa escala se insere diretamente, passando muitas vezes a ignorar o nacional Algumas cidades
podem ter tido essa capacidade muito antes do tempo atual, mas hoje

1
Eu teorizei isso em termos da rede de cidades globais, onde o crescimento econômico das cidades é, em parte, uma
função dessa rede. Por exemplo, o crescimento dos centros financeiros de Nova York e Londres é alimentado por
fluxos da rede global de centros financeiros, fluxos que aumentaram dramaticamente com a desregulamentação das
economias nacionais. As cidades que ocupam as posições mais altas nessa hierarquia global concentram as
capacidades de maximizar sua captação de renda, por assim dizer.

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as condições multiplicaram-se e ampliaram-se a ponto de poderem ser consideradas


geradoras de uma nova fase urbana, diferente em termos qualitativos.
Vários teóricos sociais (como Giddens, 1990; Taylor, 1996; Brenner, 1998; 2004; Beck,
2006; Robinson, 2005) têm analisado o "estatismo" que caracteriza as ciências sociais em
geral e que se tornou um obstáculo ao produção sobre o global. Tal estatismo assume
explicitamente ou implicitamente que o estado-nação é o único receptáculo dos processos
sociais. A isto acrescento duas noções já examinadas no capítulo anterior: a correspondência
implícita entre o território nacional e a escala nacional e, portanto, a noção de que o nacional
e o não nacional são duas condições mutuamente excludentes.
Essas suposições funcionam bem para muitos dos tópicos estudados pelas ciências sociais,
mas não servem para dar conta de um número crescente de situações geradas pela
globalização e pela variedade de processos transnacionais com os quais os cientistas
sociais estão lidando hoje. Além disso, também são inúteis para desenvolver as técnicas
investigativas necessárias. Com efeito, embora descrevam situações presentes na história
do Estado moderno desde a Primeira Guerra Mundial, ou mesmo antes, assistimos hoje à
sua desarticulação parcial. Esse fenômeno é de particular importância pela análise e
produção teórica levantada neste livro sobre importantes transformações sociais, como a
globalização, e pela possibilidade de se concentrar na cidade a fim de captar algumas das
características empíricas fundamentais dessas transformações. Além disso, traz algumas
consequências interessantes para a cidade como objeto de estudo.
Quando a produção teórica e a pesquisa se concentram na cidade, é possível romper
com esse estatismo e resgatar a reconfiguração das hierarquias espaciais que ocorre hoje.
Diversas disciplinas se interessam pela cidade como espaço de investigação das principais
[10]
dinâmicas contemporâneas, cada uma com suas próprias ferramentas analíticas. Mas as
ferramentas tradicionais da sociologia e da teoria social, incluindo a sociologia urbana, dão
conta apenas de alguns aspectos dessas tendências, com exceção de uma das primeiras
gerações de teóricos da sociologia urbana (Castells, 1989; Rodríguez e Feagin, 1986;
Gottdiener, 1985 ; Timberlake, 1985; Chase-Dunn, 1984; King, 1990; Zukin, 1991; Sassen-
Koob, 1982; 1984, para citar alguns) que propuseram explicitamente analisar essas novas
condições e especificá-las no nível empírico. Hoje esse ramo da sociologia ainda é pequeno,
mas está crescendo rapidamente. No entanto, outros ramos da sociologia tradicionalmente
recorrem à instância urbana para construir um objeto de estudo, mesmo de natureza não
urbana. Isso também porque as cidades são territórios onde interagem tendências
importantes e muitas vezes complexas, o que raramente acontece em outras esferas.
Atualmente, tudo isso é válido para o estudo do global em suas localizações urbanas2 .

Além do desafio ao estatismo, a sociologia enfrenta o desafio de recuperar a noção de


lugar no contexto da globalização, das telecomunicações e da proliferação de dinâmicas
transnacionais e translocais. Talvez seja uma das ironias deste novo século que as velhas
questões da escola de sociologia urbana de Chicago tenham ressurgido como elementos
promissores e estratégicos para a compreensão de certas questões fundamentais da
atualidade. Alguém poderia se perguntar se seus métodos fariam mais do que outros para
recuperar a categoria de lugar (Park e Burgess, 1925; Suttles, 1968; ver também Duncan, 1959), em uma

2 Várias disciplinas têm feito contribuições significativas a esse respeito. Estes incluem antropologia (Bestor, 2001;
Low, 2001), geografia econômica (Knox e Taylor, 1995; Short e Kim, 1999) e estudos culturais (Palumbo-Liu, 1999;
Krause e Petro, 2003). Todos eles desenvolveram uma extensa produção intelectual em termos de fenômenos
urbanos. Ultimamente, alguns economistas (como Glaeser e Gottlieb, 2006; Fujita et al., 2004) começaram a estudar
a economia urbana e a economia regional com premissas que diferem da velha tradição da economia urbana, que
perdeu vigor e poder de influência, persuasão.

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momento em que as forças dominantes, como a globalização e as telecomunicações,


parecem indicar que o lugar e as peculiaridades do local não são mais importantes. Robert
Park e os membros da escola de Chicago definiram “áreas naturais” como zonas geográficas.
casos determinados por forças subculturais não planejadas. Este ramo da sociologia
urbana, que desenvolveu seu trabalho de campo no âmbito da ecologia humana, produziu
muitos estudos interessantes sobre as várias "áreas naturais" de Chicago, mapeando sua
distribuição e descrevendo sua complementaridade funcional3 .
Porém, as categorias dessa velha escola não são suficientes4 . Algumas das principais
condições atuais das cidades, como a instância urbana das dinâmicas não urbanas,
colocam em xeque as formas tradicionais de produção teórica e análise empírica urbana. sociedade
dossiê:
global
poder
e

O trabalho de campo é um passo necessário para capturar muitos dos aspectos da


condição urbana, incluindo aqueles relacionados às tendências examinadas neste capítulo.
No entanto, tomar como certa a complementaridade ou a funcionalidade dos vários
espaços urbanos significa regressar à noção de cidade como espaço fechado, quando na
realidade o que se procura é conceber a cidade como mais um entre os locais onde vários
os processos se cruzam para produzir certas formações socioespaciais. Além disso, para
recuperar essa categoria de lugar ou território, não bastam as técnicas investigativas da
velha escola de Chicago, nem as da nova chamada escola de Los Angeles (ver a polêmica
em Cities and community 1, 1 [ 2002 ] e em Geografia progressiva, 2007; Soja, 2000; Dear,
2002; ver também David A. Smith, 1995). No entanto, é sem dúvida necessário voltar ao
aprofundamento das análises da escola de Chicago sobre as áreas urbanas, bem como
seu projeto de produzir cartografias detalhadas dos fenômenos ali observados. O tipo de
etnografia realizada por Duneier (1999), Wright (1997), Lloyd (2005), Klinenberg (2002),
Small (2004) e os autores de Burawoy et al. (2000), bem como o tipo de As análises [11]
desenvolvidas por Sampson e Raudenbush (2004), são excelentes exemplos de como
utilizar várias técnicas associadas àquela escola enquanto se trabalha com um quadro
conceptual baseado em diferentes pressupostos.
Mas isso é apenas parte do desafio de resgatar a categoria de lugar ou território. A
grande cidade de hoje é o espaço estratégico para uma ampla gama de novas operações,
políticas, econômicas, “culturais” e subjetivas (Anderson, 1990; Lloyd, 2005; Abu-Lughod,
1994; Miles, 2000; Yuval-Davis, 1999; Nashashibi , 2007; Clark e Hoffman-Matinot, 1998;
Allen et al., 1999; Fincher e Jacob, 1998; Krause e Petro, 2003; Bartlett, 2007; Hagedorn,
2006). A cidade global constitui um dos elos onde novas demandas políticas se
materializam e se concretizam. O enfraquecimento do poder nacional cria a possibilidade
de novas formas de poder e política no nível subnacional.
Além disso, enquanto a esfera nacional se fragmenta como receptáculo dos processos em

3
Vemos isso nos primeiros trabalhos da escola de Chicago, como The Taxi Dance Hall e The Gold Coast and the favela,
mas também em trabalhos posteriores (ver Suttles 1968).
4
A globalização, a ascensão das novas tecnologias de informação, a intensificação das dinâmicas transnacionais e
translocais e o fortalecimento da presença e voz de alguns tipos específicos de diversidade sociocultural são fenômenos
que estão na vanguarda da mudança social. Por esta razão, a sociologia deve incorporá-los em suas análises em um grau
muito maior do que até agora. Ao mesmo tempo, é importante notar que essas tendências não cobrem a maioria das
condições sociais. Pelo contrário, a maioria das realidades sociais de hoje provavelmente correspondem a tendências
anteriores e mais conhecidas que continuam a existir. Assim, grande parte da tradição sociológica e subáreas manterão
sua importância e continuarão a formar o núcleo da disciplina. Além disso, há muitas razões para explicar por que a maior
parte da sociologia urbana falha em dar conta das características e consequências dessas três tendências em suas
instâncias urbanas: os conjuntos de dados atuais sobre as cidades são insuficientes para abordar essas tendências no
nível urbano. No entanto, embora essas tendências afetem apenas parcialmente a condição urbana e não se limitem a ela,
são estratégicas na medida em que a determinam de uma nova maneira e, por sua vez, a transformam em um espaço
chave para a pesquisa.

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Em suas múltiplas modalidades (ver Taylor, 1995; Sachar, 1990; García, 2002; Parsa e Keivafi, 2002),
abrem-se novas possibilidades para uma geografia política transfronteiriça que liga espaços subnacionais
e na qual as cidades desempenham um papel de liderança. Isso abre um questionamento sobre a
emergência de um novo tipo de política transnacional que estaria localizada nessas cidades.

A imigração, por exemplo, é um dos principais processos que começaram a constituir uma nova
economia política transnacional, tanto no nível macro dos mercados de trabalho globais quanto no nível
micro das estratégias translocais de sobrevivência familiar. É um processo em grande parte imerso nas
cidades, pois a maioria dos imigrantes está concentrada nas grandes cidades, principalmente em
países desenvolvidos como Estados Unidos, Japão e nações da Europa Ocidental (Castles e Miller,
2003; Bhachu, 1985; Iredale et al., 2002; Tsuda, 1998), mesmo quando o fluxo para as pequenas
cidades e subúrbios aumenta (Light, 2006; Buntin, no prelo). Segundo alguns autores (Castles e Miller,
2003; Sassen, 1998: parte i; Ehrenreich e Hochschild, 2003; Skeldon, 1997; Samers, 2002), a imigração
é um dos processos constitutivos da globalização atual, embora a maioria dos estudos sobre a
economia global não a reconhece ou representa como tal. E a cidade constitui um dos lugares-chave
para o estudo empírico dos fluxos migratórios transnacionais e das estratégias de sobrevivência dos
migrantes e seus lares.

O capital global e a nova força de trabalho imigrante são dois atores transnacionais importantes,
com algum paralelismo em grande parte de suas trajetórias, mas posicionando-se em posições opostas
quando se encontram em cidades globais (Sassen, 1998: cap. 1; Ehrenreich e Hochschild, 2003; ver
também Bonilla et al., 1998; Cordero-Guzmán et al., 2001). Investigar essas novas formações políticas
e teorizar sobre elas exigirá uma abordagem que se afaste das análises mais tradicionais de elites
políticas, partidos políticos locais, associações de bairro, comunidades de imigrantes e outras entidades
[12]
semelhantes que a sociologia tem usado até agora para conceituar o cenário político. das cidades e
regiões metropolitanas.

CATEGORIAS DE LOCAL E PRODUÇÃO NA ECONOMIA GLOBAL

A globalização pode ser desconstruída em termos dos lugares estratégicos onde se materializam os
processos globais e dos vínculos que os conectam. Esses lugares incluem zonas de processamento
de exportação, centros bancários offshore e, em um nível muito mais complexo, cidades globais. Isso
produz uma série de geografias específicas da globalização e ressalta o fato de que o fenômeno não
abrange todo o planeta5 . Mais ainda, trata-se de geografias em mudança, que em certos casos
sofreram alterações ao longo dos séculos e, numa nova fase, a partir de 19806 .
Em sua fase mais recente, essas geografias
também incorporaram o espaço digital.
A geografia da globalização econômica contém simultaneamente uma dinâmica de dispersão e uma
dinâmica de centralização, que só recentemente começou a ser reconhecida (Friedmann, 1986;
Friedman e Wolff, 1982; Sassen, 1982, 1984). Então,

5 A globalização é um processo que também gera diferenciações, mas estas são de natureza muito diferente daquelas que decorrem de
noções diferenciadoras como cultura nacional, sociedade nacional ou caráter nacional. O mundo dos negócios de hoje, por exemplo,
tem uma geografia global, mas não está presente em todas as partes do planeta: na verdade, ocupa espaços muito definidos e
estruturados. Além disso, diferencia-se cada vez mais dos segmentos não empresariais que também compõem as economias dos
espaços locais (como a cidade de Nova York) ou dos países onde atua. A homogeneização ocorre ao longo de certas linhas que
atravessam as fronteiras nacionais, mas dentro dessas fronteiras há uma diferenciação marcante.

6 É necessário reconhecer as condições históricas específicas dos diferentes conceitos de “internacional” e “global”.
Há uma tendência a conceber a internacionalização da economia como um processo que opera no centro, imerso no
poder das empresas multinacionais de hoje ou das empresas coloniais do passado. De qualquer maneira se

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Fortes tendências de dispersão das atividades econômicas nos níveis metropolitano, nacional e global foram
reconhecidas, mas o que só agora começa a ser percebido é que muitas dessas tendências também
aumentaram a necessidade por parte das empresas de novas formas de centralização território para controle
de linha de frente e operações de gerenciamento7 . Assim, a dispersão espacial da atividade econômica
possibilitada pelas telecomunicações contribui para a expansão das funções centralizadas, quando ocorre no
quadro da concentração de controle, propriedade e apropriação de renda que caracteriza as grandes
corporações e empresas no atual sistema econômico8 .

Mercados nacionais e globais, assim como organizações transnacionais, precisam de lugares centrais
onde o trabalho mais complexo de gestão da globalização é feito9 . sociedade
dossiê:
global
poder
e

Além disso, o setor de TI também requer uma enorme infraestrutura física de nós estratégicos com uma
hiperconcentração de instalações. É essencial fazer uma distinção entre a capacidade de transmissão e
comunicação global e as condições que a tornam possível.

Por fim, mesmo os setores de TI mais avançados têm um processo de produção vinculado ao menos em
parte ao território, já que –mesmo que seus produtos sejam hipermóveis– requerem uma combinação de
determinados recursos. Noutro artigo (Sassen, 2006a: capítulos 5 e 7) desenvolvo a tese de que o setor
financeiro está cada vez mais centrado na transatividade, devido às redes eletrónicas através das quais
opera, e, por isso mesmo, é cada vez mais dependente do mundo concreto dos centros financeiros. A razão
para isso é que os centros financeiros contêm todos os recursos e talentos para lidar com a velocidade e o
grande número de transações, bem como as culturas técnicas especializadas para interpretar,
instantaneamente, o que é um bom investimento ou compra e o que não é.

[13]
Em suma, a nova topografia econômica que o espaço eletrônico está gerando é apenas uma instância ou
fragmento de uma cadeia econômica ainda mais ampla inserida, em grande medida, em espaços não
eletrônicos. Não existe indústria ou empresa absolutamente virtual. Mesmo os setores mais avançados da
indústria informatizada, como o setor financeiro, estão apenas parcialmente instalados no espaço virtual. O
mesmo se aplica aos setores produtores de bens digitais, como o design de software. A crescente
digitalização das atividades económicas não eliminou a necessidade de contar com importantes centros
comerciais e financeiros a nível internacional, ou centros do tipo Silicon Valley, com todos os recursos
materiais que concentram, desde a infraestrutura interna

Você pode ver que as economias de muitos países periféricos são profundamente internacionalizadas devido aos
altos níveis de investimento estrangeiro em muitos setores econômicos e uma forte dependência dos mercados globais
para moeda forte. O que os países centrais possuem é uma concentração estratégica de empresas e mercados que
operam em escala global, além de grande poder e grande capacidade de controle e coordenação global. É uma
configuração do internacional muito diferente daquela que está presente nos países periféricos. 7 Este é um dos
conceitos centrais do modelo de cidade global que proponho (ver Sassen, 2001: “Preface to the
nova edição” e cap. 1).
8 De uma perspectiva mais conceitual, pode-se perguntar se um sistema econômico com tal tendência à concentração
pode funcionar em uma economia do espaço desprovida de pontos físicos de aglomeração. Ou seja, o poder, neste
caso econômico, tem um correlato espacial?
9 Os serviços produtores, e mais especificamente os serviços financeiros e os serviços empresariais avançados,
constituem um setor que produz os insumos organizacionais necessários para a implementação e gestão de sistemas
econômicos globais (Sassen, 2001: caps. 2-5). Os serviços do produtor são de natureza intermediária, pois são
adquiridos por empresas, e estão relacionados a questões financeiras, jurídicas e administrativas de caráter geral,
como serviços de inovação e desenvolvimento de produtos, design, administração, recursos humanos, tecnologia de
produção, manutenção , transporte, comunicações, distribuição por grosso, publicidade, limpeza, segurança e armazenamento.
Alguns elementos centrais do setor de serviços ao produtor têm um mercado misto, formado por empresas e
consumidores diretos, como seguros, associações profissionais e serviços bancários, financeiros, imobiliários,
jurídicos e contábeis. O trabalho mais abrangente sobre o assunto é o de Bryson e Daniels (2006).

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computação de ponta para talentos de recursos humanos (Castells, 1989; Graham e Marvin, 1996;
Sassen, 1984; 2006a: caps. 5, 7 e 8)10 .
Em estudos anteriores, caracterizei as cidades contemporâneas como espaços de produção
das principais indústrias da informação, a fim de recuperar a “infraestrutura” de atividades,
empresas e empregos necessários ao funcionamento da economia de negócios avançada11 . Em
geral, essas indústrias são descritas com base na hipermobilidade de seus produtos e no alto grau
de especialização de seus profissionais, mas deixam de lado os processos de trabalho e a
infraestrutura de instalações e empregos não qualificados que exigem. Uma análise detalhada das
economias de serviços urbanos mostra que há uma considerável articulação de empresas,
indústrias e trabalhadores que à primeira vista podem parecer alheios a uma economia urbana
dominada pelo mercado financeiro e serviços especializados, mas que, na realidade, cumprem
uma série de funções integrantes da referida economia. No entanto, esta articulação ocorre em
condições de profunda segmentação em termos sociais, de rendimento e, frequentemente, étnicos
ou raciais (Sassen, 2001: capítulos 8 e 9).

Para o funcionamento quotidiano do complexo de serviços altamente especializados, existe


uma grande proporção de trabalhos braçais e mal remunerados que são largamente ocupados
por mulheres e imigrantes. Embora esses trabalhadores e seus empregos nunca sejam
representados como componentes da economia global, na verdade eles fazem parte da
infraestrutura necessária para implementar e gerenciar o sistema econômico global, mesmo no
caso de formações avançadas como o setor financeiro internacional12. É muito mais fácil identificar
como pertencentes a um sistema econômico avançado os componentes de elite da economia
corporativa (encarnada pelos grandes edifícios que simbolizam conhecimento especializado,
[14] precisão e techné) do que transportadores ou outros trabalhadores de serviços industriais, apesar
da facto de estes últimos constituírem uma parte insubstituível do sistema13. Aqui se detecta uma
dinâmica valorativa que gera uma crescente desigualdade
entre esses dois mundos da economia de serviços avançada.
Abordar essas questões a partir da sociologia implica trabalhar com diferentes sistemas de
representação e construir espaços de interseção. Há fases na análise em que se cruzam dois
sistemas de representação diferentes, muitas vezes interpretados como espaços de silêncio.

10 A tecnologia da informação e a globalização tornaram-se duas das forças fundamentais que reconfiguram a organização
do espaço econômico. Essa reconfiguração diz respeito tanto à digitalização de um número crescente de atividades
econômicas quanto às mudanças na geografia do ambiente construído para a atividade econômica. Seja no espaço
virtual ou no ambiente construído, essa reconfiguração acarreta certas mudanças organizacionais e estruturais.
11 Em termos metodológicos, esta é uma forma de abordar a questão da unidade de análise para o estudo dos processos
econômicos contemporâneos. A categoria “economia nacional” é problemática porque existe um alto grau de
internacionalização econômica, enquanto a categoria “economia global” é problemática porque um estudo empírico
detalhado não pode ser realizado nessa escala. Cidades com alto grau de internacionalização, como Nova York ou
Londres, oferecem a possibilidade de examinar detalhadamente os processos de globalização dentro de uma
determinada área e em todos os seus aspectos múltiplos e às vezes contraditórios. King (1990) aponta que é necessário
diferenciar o internacional do global e, em muitos aspectos, o conceito de “cidade global” cumpre esse objetivo.
12 Para esse tipo de análise, as noções de circuitos de distribuição e instalação de operações econômicas são úteis como
ferramenta metodológica. Estes circuitos permitem, por um lado, seguir o fio condutor da atividade económica em
determinados domínios que escapam às representações dominantes e cada vez mais estreitas da “economia avançada”
e, por outro lado, atravessar as fronteiras de espaços socioculturais descontínuos .
13 O seguinte fenômeno serve como exemplo do que foi exposto. Em 1987, quando ocorreu o primeiro colapso sério do
mercado de ações após anos de crescimento considerável, havia muitos artigos de jornal sobre o súbito desemprego
em massa que afetava os profissionais de alta renda de Wall Street. Mas o que passou despercebido, por não ter lugar
na representação dominante do setor, foi o desemprego que atingia as secretárias e trabalhadores braçais da região;
Por exemplo, a quebra do mercado de ações criou um nível altamente concentrado de desemprego na comunidade
dominicana do norte de Manhattan, onde viviam muitos dos zeladores e trabalhadores da manutenção de Wall Street.

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ou ausência, e constitui um desafio descobrir o que neles se passa, que operações


(analíticas, de poder, de sentido) aí se realizam. Uma versão desses espaços de interseção
é o que chamei de “zonas de fronteira analíticas” (Sassen, 2006a: cap. 8). Por que "fronteiras"?
Porque são espaços constituídos por descontinuidades: neles, a descontinuidade não se
reduz a uma mera linha divisória, mas adquire um território. Grande parte do meu trabalho
sobre cidades e globalização econômica concentra-se nessas descontinuidades e procura
reconstruí-las analiticamente como fronteiras (que, na maioria das vezes, nada têm a ver
com a fronteira geográfica de um país) e não como fronteiras, linhas divisórias. Produz-se,
assim, um terreno no qual as descontinuidades podem ser reconstituídas em termos de
operações econômicas cujas propriedades não são apenas uma característica dos espaços sociedade
dossiê:
global
poder
e

que se encontram em ambos os lados de uma linha divisória, mas também, e mais
importante, uma característica da própria descontinuidade, uma vez que é considerado como
um componente ou parte integrante do sistema econômico.

UMA NOVA GEOGRAFIA DE CENTROS E


MARGENS A ascensão do setor de tecnologia da informação e a expansão da economia
global, dois fenômenos inextricavelmente interligados, ajudaram a gerar uma nova geografia
de centralidade e marginalidade, que em parte reproduz as desigualdades já existentes, mas
que decorre também de uma dinâmica específica das atuais formas de crescimento econômico.
Tal geografia assume muitas formas e opera em muitos campos, desde a distribuição de
facilidades necessárias para telecomunicações até a estrutura econômica e trabalhista. As
cidades globais acumulam imensas concentrações de poder econômico, enquanto outras
cidades que antes eram grandes centros industriais agora sofrem um declínio desproporcional.
As áreas centrais e comerciais das áreas metropolitanas recebem grandes investimentos [15]
em imóveis e comunicações, enquanto as áreas urbanas e metropolitanas de baixa renda
são privadas de recursos. Trabalhadores altamente qualificados no setor corporativo
recebem aumentos salariais extraordinários, enquanto os ganhos dos trabalhadores
semiqualificados ou não qualificados despencam. Os serviços financeiros geram lucros
excepcionais, enquanto o setor industrial de pequenas empresas mal sobrevive14.

A mais poderosa dessas novas geografias de centralidade em escala global é a que liga
os principais centros comerciais e financeiros do mundo: Nova York, Londres, Tóquio, Paris,
Frankfurt, Zurique, Amsterdã, Los Angeles, Sydney e Hong Kong , entre outros. No entanto,
esta geografia atualmente inclui também outras cidades, como Xangai, Bangkok, Taipei,
São Paulo e Cidade do México, havendo um aumento considerável na intensidade e
magnitude das transações entre essas cidades, especialmente através dos mercados fi
nanceiros, comércio de serviços e investimentos (ver Sassen, 2006b: cap. 2)15.
Ao mesmo tempo, aumentou a desigualdade no que diz respeito à concentração de recursos
e atividades estratégicas entre cada uma dessas cidades e as demais.

14 Há um grande número de fontes que documentam um ou mais desses fenômenos. Para o início desse processo, ver Fains tein et al (1993); para dados atuais,
ver Sassen (2006b: cap. 6), e para dados sobre vários países, Sassen (2001: cap. 8).
15
Se isso contribuiu para a formação de sistemas urbanos transnacionais é debatido. O crescimento do mercado global de
finanças e serviços especializados, a necessidade de redes de serviços transnacionais causadas pelo aumento acentuado
do investimento estrangeiro, a diminuição da importância do governo para a regulação da atividade econômica
internacional e o correspondente aumento de outros campos institucionais ( como mercados globais e escritórios
corporativos) são fenômenos que apontam para a existência de entidades econômicas transnacionais com sede em mais
de um país. Essas cidades não estão apenas competindo umas com as outras por participação de mercado, como
frequentemente se afirma ou se supõe. Na realidade, existe uma divisão do trabalho que incorpora cidades de múltiplos
países e, nesse sentido, pode-se falar de um sistema global (por exemplo, financeiro) por oposição a um sistema
simplesmente internacional (ver Sassen, 2001: caps. 1 - 4, 7). Aqui você pode ver a formação incipiente de um sistema urbano transnacio

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cidades do mesmo país. Paralelamente a estas novas redes hierárquicas globais e regionais
de cidades, existe um vasto território que se vai tornando cada vez mais periférico e cada
vez mais excluído dos principais processos que alimentam o crescimento económico na
nova economia global. Observa-se um declínio e uma perda de funções nos centros
industriais e nas cidades portuárias que antes eram importantes, não só nos países
subdesenvolvidos, mas também nas economias mais avançadas. Algo semelhante ocorre
com a valorização dos insumos trabalhistas: a supervalorização dos serviços especializados
e dos trabalhadores profissionais tem marcado “outras” atividades econômicas e “outros”
trabalhadores como desnecessários ou irrelevantes para as economias avançadas.
Existem outras formas de demarcação segmentada para indicar o que é e o que não é
uma instância da nova economia global. O discurso dominante sobre a globalização, por
exemplo, reconhece que a presença de empresas ou pessoal estrangeiro criou uma classe
internacional de trabalhadores profissionais e várias arenas de negócios altamente
internacionalizadas. O que não é reconhecido é a possibilidade de que tal economia
também contenha operários ou trabalhadores de serviços mal pagos, que constituem uma
força de trabalho similarmente internacionalizada, nem que muitos componentes das
comunidades de imigrantes também constituam arenas de negócios internacionalizados.
Esses processos continuam a ser interpretados em termos de imigração através de um
discurso enraizado em um período histórico anterior, indicando que certas representações
do global ou do transnacional não são reconhecidas como tal ou são conflitantes. Entre
eles está a imigração, bem como a multiplicidade de esferas laborais para as quais contribui
nas grandes cidades, frequentemente subsumida à noção de economia étnica ou economia informal.
Pode-se conjeturar que muitos dos fenômenos que ainda são narrados na linguagem da
[16]
imigração e da etnicidade são, na verdade, uma série de processos relacionados, por um
lado, com a globalização da formação da identidade e da atividade econômica e cultural e,
por outro, por outro lado, com a racialização cada vez mais pronunciada da segmentação
do trabalho. Assim, os elementos imigrantes dos processos de produção da economia
global avançada e baseada na informação não são reconhecidos como parte dessa
economia. Imigração e etnicidade se constituem como alteridade. Ao conceber esses
fenômenos como um conjunto de processos pelos quais se localizam elementos globais,
se constitui o mercado de trabalho internacional e se desterritorializam e depois
reterritorializam as culturas de diferentes partes do mundo, esses fenômenos permanecem
no centro da questão - juntamente com a internacionalização do capital – como aspectos fundamentais d
Ora, como surgiram esses novos processos de valorização e desvalorização, com a
desigualdades que geram? A próxima seção tentará responder a essa pergunta.

OS ELEMENTOS DE UMA NOVA ORDEM SOCIOESPACIAL


A implementação de processos globais nas grandes cidades gerou uma expansão
significativa do setor internacionalizado da economia urbana, que por sua vez impôs um
conjunto de novos critérios de valoração de atividades e produtos econômicos. Isso tem
efeitos devastadores em muitos setores da economia urbana,

16
Do mesmo modo, a acentuada orientação para os mercados mundiais que se evidencia nestas cidades levanta
algumas questões quanto à articulação com os Estados-nação, as regiões e as estruturas sociais e económicas mais
amplas destas cidades. Em geral, as cidades estão profundamente enraizadas nas economias de suas regiões e
muitas vezes refletem as características dessas regiões. No entanto, as cidades mais estratégicas da economia global
tendem a estar parcialmente desconectadas de suas regiões. Esta afirmação entra em conflito com uma premissa
fundamental da teoria tradicional dos sistemas urbanos, ou seja, que estes sistemas promovem a integração territorial
das economias regional e nacional.

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que não se trata de uma simples transformação quantitativa, mas que se detectam os elementos
de um novo regime econômico. A tendência à polarização assume formas distintas em: 1) a
organização espacial da economia urbana, 2) as estruturas de reprodução social e 3) a
organização do processo de trabalho. Nessas tendências a polarizações diversas estão as
condições para a criação de uma nova forma de pobreza e marginalidade urbana centrada no
trabalho (não no desemprego), bem como para o estabelecimento de novas formações de
classe.
A ascensão da economia de serviços especializados e, principalmente, do novo complexo fi -
financeiro, gera o que poderia ser interpretado como um novo regime econômico, pois apesar
de constituir apenas uma parte da economia urbana, este setor prevalece sobre os demais sociedade
dossiê:
global
poder
e

componentes da referida economia. O imposto manifesta-se, por exemplo, na grande


rentabilidade da atividade financeira e na desvalorização da atividade industrial e dos serviços
de pouco valor acrescentado. A enorme rentabilidade que caracteriza muitos dos setores mais
importantes do atual sistema económico resulta de uma combinação complexa de novas
tendências, nomeadamente: o desenvolvimento de tecnologias que permitem a hipermobilidade
do capital à escala global e a desregulamentação dos mercados que permite implementar
aquela hipermobilidade; inovações financeiras, como a securitização, por meio das quais o
capital ilíquido pode ser liquefeito para que circule e gere lucros adicionais. A isto acresce o
crescimento da procura de serviços empresariais em todos os sectores, com o correspondente
aumento da complexidade e especialização dos referidos serviços, o que tem ajudado a valorizá-
los, mesmo excessivamente, como o comprovam os aumentos salariais. desde o início da
década de 1980, têm beneficiado profissionais e gestores de empresas líderes. A globalização
confere maior complexidade a estes serviços, acentua o seu carácter estratégico e aumenta a
sua atractividade, contribuindo para a sua sobrevalorização.
[17]

A presença de uma massa crítica de empresas com capacidade de gerar lucros exorbitantes
contribui para a elevação do preço do espaço comercial, serviços industriais e outros insumos
comerciais, o que torna precária a sobrevivência de empresas com rentabilidade média ou
baixa. Apesar de estes últimos serem essenciais para o funcionamento da economia urbana,
mesmo nos setores mais avançados, e para as necessidades quotidianas da população, a sua
viabilidade económica encontra-se ameaçada, num contexto em que os serviços financeiros e
especializados podem fazer lucros extraordinários. Os altos preços e as grandes receitas do
setor internacionalizado e suas atividades complementares, como restaurantes e hotéis de
primeira linha, tornam cada vez mais difícil para outros setores competir por espaço e
investimento. Além disso, muitos deles sofreram considerável abandono e/ou deslocamento,
como, por exemplo, quando as lojas de bairro adaptadas às necessidades locais são substituídas
por butiques e restaurantes sofisticados que atendem à nova elite urbana de alta renda.

Sempre houve desigualdade na rentabilidade dos diversos setores da economia, mas o que
se observa hoje tem uma magnitude nunca vista antes e está gerando enormes distorções no
funcionamento de diversos mercados, do imobiliário ao trabalhista.
A polarização entre empresas e famílias na organização espacial da economia, por exemplo,
contribui para a informalização de uma variedade crescente de atividades econômicas nas
economias urbanas avançadas. Quando as empresas de lucro baixo ou moderado produzem
bens e serviços para os quais a demanda continua a existir, e até cresce, em um contexto em
que outros setores importantes da economia estão obtendo lucros excepcionais, muitas vezes
elas não podem competir, mesmo quando têm um mercado para seus produtos. . Em geral,
uma das poucas maneiras de sobreviver nessas condições é começar a operar informalmente,
por exemplo, ocupando espaços não adequados para uso comercial ou industrial.

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para questões de zoneamento, como porões em áreas residenciais, ou para saúde pública, segurança,
prevenção de incêndios, etc. (Sassen, 2001: cap. 9).
Em setores de baixa lucratividade, às vezes novas empresas só conseguem entrar no mercado se operarem
informalmente, mesmo quando a demanda é forte. Outra opção para empresas de baixo lucro é terceirizar
algumas de suas tarefas, que acabam ficando nas mãos de entidades informais17.

Essa crescente polarização, por sua vez, acarreta uma recomposição no emprego, em alguns elementos
da reprodução social e no consumo. Embora os estratos sociais intermediários ainda constituam a maioria,
as condições que contribuíram para a expansão de seu poder político-econômico no pós-guerra (que
desempenhou papel central no crescimento econômico da produção e consumo de massa) foram substituídas
por novas fontes de crescimento.
O desenvolvimento acelerado de setores com alta concentração de empregos muito bem pagos e muito mal
pagos reestruturou o consumo, o que, por sua vez, afeta a organização do trabalho e os tipos de empregos
gerados. O crescimento da força de trabalho altamente remunerada, juntamente com o surgimento de novas
formas culturais, produziu um processo de elitização do alto poder aquisitivo, que, em última análise, repousa
na disponibilidade de uma enorme oferta de trabalhadores de baixa remuneração. As necessidades de
consumo dos moradores de baixa renda das grandes cidades são atendidas, em grande parte, por
estabelecimentos industriais e varejistas de pequeno porte, dependentes da mão de obra familiar e muitas
vezes desrespeitando normas básicas de saúde e segurança. Roupas produzidas a baixo custo em fábricas
locais, por exemplo, podem competir com as importadas da Ásia. Há uma oferta crescente e variada de
produtos e serviços para a população de baixa renda, desde móveis baratos feitos em porões até táxis
informais e creches instaladas em casas de famílias.

[18]
Esse complexo de tendências assume suas modalidades mais extremas nas cidades globais.
Uma maneira de conceituar a informalização nas economias urbanas avançadas é situá-la como o
equivalente sistêmico do que é chamado de desregulamentação no nível superior da economia (ver Sassen,
1998: cap. 8). a informalização de setores de baixa rentabilidade pode ser concebida como ajustes que
ocorrem em um contexto de crescente tensão entre as novas tendências econômicas e as antigas
regulamentações (Venkatesh, 2006; Buechler, 2007)18.

Juntas, essas tendências constituem novas geografias de centralidade e marginalidade, que atravessam
a antiga divisão entre países ricos e pobres. Essa nova geografia de centros e margens que se manifesta
nas grandes cidades, tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento, não só contribui para
reforçar as desigualdades existentes, como põe em movimento todo um espectro de novas dinâmicas de
desigualdade.

17 Em termos mais gerais, podemos observar a formação de um novo tipo de segmentação no mercado de trabalho,
com duas características marcantes. Por um lado, há um enfraquecimento do papel das empresas na estruturação
das relações de trabalho, que ficam à mercê do mercado. Por outro lado, há evidências de uma reestruturação no
mercado de trabalho relacionada ao deslocamento de suas funções para o lar ou para a comunidade. Para uma
análise definitiva dessas questões, ver Mingione (1994) e Venkatesh (2006).
18 Ao estabelecer um vínculo entre informalização e crescimento econômico, procuro deslocar a análise para além da
ideia de que o surgimento de setores informais em cidades como Nova York e Los Angeles é produto da presença de
imigrantes, supostamente propensos a replicar o estratégias de sobrevivência típicas dos países do Terceiro Mundo.
Outro efeito dessa vinculação é levar a análise para além da noção de que os principais fatores de informalização na
atual fase das economias avançadas são o desemprego e a recessão. Essa abordagem aponta algumas características
do capitalismo avançado que geralmente não são consideradas. Para uma excelente coleção de trabalhos atuais
sobre a economia informal em diferentes países, ver Komlosy e outros (1997), e para uma discussão sobre padrões
estruturais e conjunturais, ver Tabak e Chrichlow (2000).

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OS LOCAIS DO GLOBAL
A globalização econômica também deve ser entendida em suas múltiplas localizações, e
não apenas em termos dos processos amplos e extensos que ocorrem no nível
macroeconômico e dominam as descrições mais atuais do fenômeno. Além disso, é
necessário destacar que algumas dessas localizações não são geralmente codificadas como
processos relacionados à economia global. A cidade global pode ser concebida como uma
instância estratégica de múltiplas localizações.
Nesta seção, analiso locais do global que geralmente não são reconhecidos como tal.
Muitas delas decorrem num contexto de transição demográfica destas cidades, onde residem
uma boa parte dos trabalhadores imigrantes e mulheres, muitas vezes pertencentes a sociedade
dossiê:
global
poder
e

minorias étnicas. Nessas cidades há uma expansão de empregos de baixa remuneração


que não condiz com a imagem dominante da globalização, mas faz parte desse processo.
Um dos fatores que geram a desvalorização desses trabalhadores e de sua cultura de
trabalho, bem como a “legitimação” desse processo, é justamente sua inserção na transição
demográfica das grandes cidades, com a consequente invisibilidade desses atores.

Isso pode ser interpretado como uma ruptura com a dinâmica tradicional segundo a qual
o pertencimento a um setor em expansão da economia criou as condições para a formação
de uma “aristocracia operária” e de sindicatos fortes, que fizeram parte da história das
economias industrializadas ocidentais. A dupla “mulheres e imigrantes” vem substituir a
categoria de trabalhadores que recebem um salário “família”, ou seja, aquele que lhes
permite manter (e gerar) a categoria “mulheres e crianças” do fordismo industrial (Sassen,
1998). . : cap 5; Ehrenreich & Hochschild, 2003; Parennas, 2002)19. Um dos locais dessas
dinâmicas de globalização é o processo de reestruturação econômica das cidades globais.
[19]
A polarização socioeconômica que esse processo acarreta tem causado a desvalorização e
destruição do salário familiar, juntamente com o grande aumento da demanda de
trabalhadores por empregos de baixa remuneração que oferecem poucas possibilidades de
ascensão e poucas proteções, em um contexto em que At ao mesmo tempo, há um boom
na concentração urbana de riqueza e poder. A dupla “mulheres e imigrantes” torna-se uma
força de trabalho que facilita a imposição de baixos salários e a falta de poder em um
contexto de grande demanda por esse tipo de mão de obra para ocupar postos de trabalho
em setores com altos índices de crescimento. Assim, quebra-se o vínculo histórico que teria
dado aos trabalhadores um certo poder de barganha, e essa ruptura é “legitimada” desde o
nível cultural em uma sociedade que desvaloriza trabalhadores e mulheres imigrantes.
Outra localização raramente associada a processos globais é a informalidade, que
reintroduz as categorias de comunidade e lar como espaços econômicos importantes nas
cidades globais. Nesse contexto, a informalização poderia ser um equivalente de baixo custo
e muitas vezes feminilizado à desregulamentação no topo do sistema. A informalização,
como a desregulamentação (por exemplo, financeira), traz flexibilidade, reduz os “fardos” da
regulamentação e diminui os custos, especialmente os custos trabalhistas. Quando o
processo ocorre nas grandes cidades dos países desenvolvidos (como Nova York, Londres,
Paris ou Berlim) é possível concebê-lo como uma degradação de uma variedade de
atividades para as quais há uma demanda específica, mas ao mesmo tempo uma
desvalorização e uma enorme concorrência, pois os custos de entrada são baixos e existem
poucas formas alternativas de emprego. A rota informal constitui uma forma de produzir e
distribuir bens e serviços com maior flexibilidade e custos mais baixos, o que por sua vez desvaloriza ain

19 Nesse caso mais recente, a importância econômica desses atores é mais fortemente evidenciada do que no caso
do contrato fordista, que no contrato fordista era velado ou amortecido pela existência do salário familiar.

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esses tipos de atividades. Imigrantes e mulheres são atores importantes nas novas
economias informais dessas cidades. Na verdade, eles absorvem os custos da
informalização (ver Sassen, 1998: cap. 8, e Buechler, 2007).
A reconfiguração dos espaços econômicos relacionada à globalização nas grandes
cidades teve efeitos diferenciados sobre mulheres e homens, sobre culturas femininas e
masculinas de trabalho e sobre formas de poder e empoderamento centradas no masculino
e no feminino. A reestruturação do mercado de trabalho implica um deslocamento de
algumas de suas funções para o lar ou para a comunidade. A mulher e o lar surgem como
entidades que devem ser incluídas na teorização sobre os formatos sociais que emergem
dessas dinâmicas econômicas, e marcam um contraste marcante com o fordismo e com a
era do surgimento da produção em massa, que, em sua maioria, , Eles geralmente
deslocaram o trabalho remunerado fora de casa.
Apesar de suas características extremamente negativas, essas transformações têm
possibilidades, ainda que limitadas, de autonomia e empoderamento das mulheres. Uma
questão possível, por exemplo, é se o crescimento da informalização nas economias
urbanas avançadas remodela algumas das relações econômicas entre homens e mulheres.
Esse processo implica um ressurgimento do bairro e da casa como espaços de atividade
econômica, apresentando suas próprias possibilidades dinâmicas para as mulheres. A
degradação econômica cria “oportunidades” para trabalhadoras e empreendedoras de
baixa renda e, com isso, reconfigura algumas das hierarquias trabalhistas e domésticas
nas quais essas mulheres se encontram imersas. Isso é mais do que evidente no caso das
mulheres imigrantes que vêm de países com culturas tradicionais fortemente masculinas.
Existe uma grande quantidade de material publicado sobre os efeitos nas relações de
[20]
gênero do trabalho remunerado dos imigrantes e seu maior acesso a outros domínios
públicos (Fernán dez Kelly e Shefner, 2005; Kofman et al., 2000; Ribas-Matteos, 2005; Buechler, 2007).
Nestas condições, as mulheres imigrantes ganham maior autonomia e independência
pessoal, enquanto os homens perdem terreno. As mulheres ganham mais controle sobre
o orçamento doméstico e outras decisões domésticas, além de poder pressionar mais os
homens para ajudá-los nas tarefas domésticas. Além disso, o acesso aos serviços públicos
e a outros recursos dá-lhes a oportunidade de emergir como a face pública do lar e,
portanto, como atores públicos. Além disso, em geral são os membros da família que
medeiam esse processo de incorporação à sociedade. Algumas mulheres provavelmente
se beneficiarão mais do que outras nessas circunstâncias: mais pesquisas são necessárias
para determinar quais são os efeitos da classe social, educação e nível de renda nesses
resultados diferenciados por gênero (ver, por exemplo, Chesney-Lind e Hagedorn, 1999).
Em suma, além do relativo empoderamento das mulheres no lar graças ao trabalho
remunerado, há uma maior participação das mulheres na esfera pública e uma possível
emergência como atores nessa esfera.
As mulheres imigrantes desempenham um papel público ativo em duas arenas principais:
instituições de bem-estar públicas e privadas e a comunidade étnica ou imigrante. A
incorporação das mulheres ao processo migratório reforça as chances de fixação na cidade
e gera uma maior participação dos imigrantes em suas comunidades e perante o Estado
(Chinchilla e Hamilton, 2001). Hondagneu-Sotelo (1994), por exemplo, aponta que as
mulheres imigrantes adotam um papel mais ativo na esfera pública e social, o que fortalece
sua posição em casa e no processo de assentamento. As mulheres são mais ativas nos
processos de construção comunitária e nas políticas comunitárias, e posicionam-se de
forma diferente dos homens em relação ao Estado e à economia, em sentido lato (Mogha
dan, 2005). São eles que provavelmente lidam com a vulnerabilidade jurídica de suas
famílias no processo de obtenção de serviços públicos e sociais. é mais velho

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a participação feminina sugere a possibilidade de que se tornem atores mais visíveis e


enérgicos, o que também tornaria mais visível o papel que desempenham no mercado de
trabalho. A condição das mulheres nas cidades globais combina em grande parte duas
dinâmicas diferentes. Por um lado, constituem uma classe de trabalhadores invisíveis e
impotentes ao serviço de setores estratégicos da economia global (Ehrenreich e Hochschild,
2003). Essa invisibilidade impede que constituam o equivalente contemporâneo (seja lá o que
for) da "aristocracia operária" que caracterizava as formas anteriores de organização
econômica, em que os trabalhadores de baixa renda que trabalhavam em setores avançados
eram por ela empoderados. por exemplo, tinha a possibilidade de se sindicalizar. Por outro
lado, o acesso a salários (ainda que baixos), o aumento da proporção de mulheres na força sociedade
dossiê:
global
poder
e

de trabalho e a feminização das oportunidades de negócios produzidas pela informalidade


alteram as hierarquias de gênero nas quais essas mulheres se encontram imersas (Buechler,
2007 )20.

A CIDADE GLOBAL: UM NEXO PARA OS NOVOS ALINHAMENTOS POLÍTICO-ECONÔMICOS


Conforme analisado no primeiro capítulo, o caráter estratégico das cidades globais como
território de valorização de novas formas de capital global confere um caráter estratégico às
instâncias de localização que temos descrito, cujos protagonistas são trabalhadores sem
poder e muitas vezes invisíveis, mas que têm potencial para criar uma nova política
transnacional.
Em geral, as análises sobre a globalização da economia priorizam como tema a
reconstituição do capital como entidade globalizada e enfatizam o caráter vanguardista dessa
reconstituição. Ao mesmo tempo, não contemplam em nada outro elemento fundamental
dessa transnacionalização, que para alguns autores constitui a outra face do capital global: é [21]
a transnacionalização da força de trabalho, para além da classe profissional. Atualmente, o
discurso sobre imigração e seu referencial teórico ainda são utilizados para descrever esse
processo21. Da mesma forma, essas análises negligenciam a transnacionalização na
formação de identidades e lealdades em vários segmentos da população que explicitamente
rejeitam o imaginário da nação como uma comunidade. Isso gera novas noções de
pertencimento e novos laços de solidariedade. As grandes cidades se apresentam como
espaços estratégicos, tanto para a transnacionalização da força de trabalho quanto para a
formação de identidades transnacionais. Nesse sentido, constituem um território para um
novo tipo de atuação política.
As cidades são o terreno onde é possível a interação entre pessoas de diferentes países e
onde se reúnem uma multiplicidade de culturas. O caráter internacional das grandes cidades
reside não apenas em sua infraestrutura de telecomunicações e empresas multinacionais,
mas também na grande diversidade de ambientes culturais onde se encontram os trabalhadores.
Não é mais possível pensar em negócios internacionais e centros financeiros simplesmente
em termos de infraestrutura e cultura empresarial. Hoje, as cidades globais constituem em
parte o espaço do pós-colonialismo e, com efeito, contêm as condições

20 Outro exemplo importante de localização da dinâmica globalizante é a emergência de um novo estrato de


mulheres profissionais. Em outro lugar, examino os efeitos do aumento de profissionais femininas na linha de
frente no redesenvolvimento da vida familiar da classe média e na elitização dos distritos residenciais e comerciais
nas cidades globais (ver Sassen, 2001: cap. 9). ).
21 Cada vez mais, esse discurso concebe a imigração como um processo desvalorizado, pois se volta para pessoas
oriundas de países mais pobres em busca de uma vida melhor, que supostamente só o país receptor pode lhes
oferecer. Nesse sentido, o discurso sobre a imigração contém uma valorização implícita dos países receptores e
uma desvalorização dos países de origem.

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para a formação de um discurso pós-colonialista (ver Hall, 1991; King, 1990; Ribas-
Matheos, 2005; Tsuda, 1999)22.
A grande cidade ocidental de hoje concentra a diversidade. Nos seus espaços inscreve-
se a cultura empresarial dominante, mas também outras culturas e múltiplas identidades.
O deslize é evidente: a cultura dominante consegue abranger apenas uma parte da
cidade23 . E enquanto o poder corporativo identifica essas múltiplas culturas e identidades
com “alteridade” e assim as desvaloriza, elas permanecem onipresentes. Com a imigração,
por exemplo, vem uma variedade de culturas originalmente locais que hoje fazem parte das
grandes cidades cujas elites se consideram “cosmopolitas” porque transcendem o local.
Hoje, existe uma gama enorme de culturas originárias de um determinado país ou povo
que foram reterritorializadas em algumas cidades, como Nova York, Los Angeles, Paris,
Londres e, mais recentemente, Tóquio, gerando uma variedade de novos tipos de cosmopolitismo
Além disso, esta forma de narrar o fenômeno da migração no pós-guerra capta a
influência contínua do colonialismo e das formas imperiais pós-coloniais nos principais
processos de globalização, especialmente aqueles que ligam países de origem e países
receptores de imigrantes. Embora a gênese e o conteúdo específico de sua responsabilidade
possam variar conforme o caso e o período, os principais países receptores não são
espectadores inocentes (Sassen, 1988, 1999). A centralidade da cidade global nos
processos migratórios, incluindo seu papel como fronteira pós-colonial, gera uma abertura
econômica e política transnacional para a formação de novas reivindicações e, portanto, de
novos direitos, sobretudo relacionados ao lugar, bem como para a constituição da
“cidadania” (para uma variedade de pontos de vista, ver, por exemplo, Hamilton e Chinchilla,
2001; Farrer, 2007; Stasiulis e Yuval-Davis, 1995). Com efeito, a cidade surge como espaço
[22]
de novas demandas: por um lado, por parte do capital global, que a utiliza como “recurso
organizacional” e, por outro, por setores menos favorecidos da sociedade.

22 É interessante questionar a natureza da internacionalização nas cidades das ex-colônias. A análise de King (1990: 78) das distintas e
diferentes condições históricas em que o conceito de “internacional” foi construído é de grande importância. Ali, o autor demonstra que,
durante o período imperial, alguns dos principais centros coloniais tinham um grau de internacionalização muito maior do que as metrópoles.
O conceito atual de internacionalização é considerado enraizado na experiência do centro. Isso aponta para um ponto cego nas análises
contemporâneas, que Hall capta perfeitamente quando observa que a atual crítica pós-colonial e pós-imperialista surge nos antigos centros
dos impérios, mas nada diz sobre uma série de condições presentes nas cidades ou nos estados hoje. colonial (para a especificidade da
era colonial, ver Spivak, 1999; Mbembe, 2001; Mamdami, 1996). Outro desses pontos cegos é o não reconhecimento da interação entre a
internacionalização do capital iniciada com o colonialismo e os grandes movimentos migratórios internacionais em direção ao centro
daqueles antigos territórios coloniais ou em direção aos novos territórios neocoloniais, como no caso dos Estados Unidos Estados Unidos e,
mais recentemente, Japão (Sassen, 1988).

23 O referido “deslizamento” ou resistência pode assumir diversas formas. A cultura de massa global homogeneíza e é capaz de absorver uma
imensa variedade de elementos culturais locais, mas esse é um processo que nunca se completa.
Minha análise dos dados do setor da indústria eletrônica mostra que o emprego nos setores mais avançados da
economia não garante mais pertencer a uma “aristocracia operária”. As mulheres do Terceiro Mundo que trabalham
em zonas de processamento de exportação, por exemplo, não adquiriram maior poder de barganha: o capitalismo
pode aproveitar a diferença. Outro exemplo é o dos imigrantes “ilegais”, em que se observa que a existência de
fronteiras nacionais gera e criminaliza a diferença. Diferenciações desse tipo são centrais para a formação do sistema-
mundo (Wallerstein, 1990).
24
Atualmente, em Tóquio há várias concentrações de imigrantes legais e ilegais, principalmente trabalhadores, que vêm
da China, Bangladesh, Paquistão ou Filipinas. Dada a natureza fechada da cultura e da lei de imigração japonesa,
esse é um fenômeno notável. Agora, pode ser descrito como uma mera consequência da pobreza nos países de
origem? Essa explicação não é suficiente, já que a pobreza existe há anos nesses países. Pode-se dizer que a
internacionalização da economia japonesa, com suas formas específicas de investimento naqueles países e sua
crescente influência cultural desde a década de 1980, construiu pontes entre eles e o Japão e serviu para reduzir a
distância subjetiva com aquele país ( ver Sassen, 2001: 307-315; Tsuda, 2003; Komai, 1995; Farrer, 2007).

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a população urbana, que muitas vezes constitui um ator tão internacionalizado quanto o
capital.
Vejo aqui um tipo de abertura política que contém tanto uma capacidade unificadora
transfronteiriça quanto uma capacidade de gerar conflitos cada vez mais profundos dentro
das fronteiras nacionais. O capital global e o trabalho imigrante são duas instâncias de
transnacionalização com propriedades unificadoras internas em cada uma delas, mas nas
cidades globais eles estão em conflito. Como já foi dito, essas cidades são o espaço para
a supervalorização do capital empresarial e a subvalorização dos trabalhadores
desfavorecidos. Tanto o funcionamento quanto a organização dos setores avançados
desse capital adquiriram um caráter global. E muitos dos trabalhadores desfavorecidos sociedade
dossiê:
global
poder
e

nessas cidades são mulheres, imigrantes e pessoas de cor, grupos que, à sua maneira, se
espalham para o nacional, em parte porque não foram totalmente acolhidos pela nação,
mesmo sendo cidadãos ( ver, por exemplo, , Chatterjee, 1993: caps 1, 6 e 7; Crenshaw et
al., 1996; Geddes, 2003; Schiffauer et al., 2006). Nesse contexto, as cidades globais são
territórios estratégicos para as operações políticas e econômicas de ambos os atores: o
capital global e a fusão de grupos minoritários desfavorecidos.
Se se estabelecer uma comparação com o que se passa na cidade provinciana ou no
subúrbio, nas cidades globais é menos provável que a ligação entre as pessoas e o
território seja mediada pelo Estado-nação ou pela “cultura nacional”. Há uma desarticulação
entre identidade e fontes tradicionais de identidade, como a nação ou a aldeia (Yaeger,
1996; Nashashibi, 2007). Esse desencaixe no processo de formação da identidade cria
novas noções de comunidade de pertencimento e titularidade de direitos. Por sua vez,
pode-se também pensar nas consequências políticas da transnacionalização estratégica
do espaço em termos da formação de novas reivindicações sobre esse espaço. A [23]
globalização econômica configurou, ao menos em parte, o surgimento de novas
reivindicações, especialmente visíveis no caso do capital global25.
As empresas estrangeiras e a nova classe de profissionais transnacionais têm cada vez
mais direito de operar nessas cidades graças à progressiva desregulamentação das
economias nacionais. Estes são alguns dos novos “utilizadores da cidade” (Martinotti,
1993), que marcaram profundamente a paisagem urbana. No outro extremo estão aqueles
que usam a violência política urbana para expressar suas reivindicações sobre a cidade,
uma vez que carecem da legitimidade de fato de que gozam os primeiros (Body-Gendrot,
1999; Hagedorn, 2006); Aqui, trata-se de demandas dirigidas à própria cidade por atores
que buscam o reconhecimento de seus direitos à cidade26. Com isso fica evidente que a
falta de poder não elimina a possibilidade de ser um ator político. Para me referir a essa
possibilidade, uso o termo “presença”: de fato, dentro de um espaço estratégico como a
cidade global, os habitantes desfavorecidos descritos nesta seção não são simplesmente
marginalizados, mas adquirem presença em um processo político mais amplo. limites das
estruturas políticas formais. Essa presença aponta para a possibilidade de uma nova
política, cuja configuração dependerá de projetos e práticas específicas de diversas
comunidades (Drainville, 2004; Bartlett, 2007). enquanto o

25 Para uma combinação diferente desses elementos, ver Dunn (1994) e Drainville (2004).
26
Body-Gendrót (1999) mostra que a cidade continua a ser um terreno de conflito, caracterizado pelo aparecimento de novos e mais jovens
atores. É um terreno onde as dificuldades e limitações institucionais do governo para responder às demandas por igualdade geram desordem
social. Para Body-Gandrot, a violência política urbana não deve ser interpretada como uma ideologia coerente, mas como um elemento
temporário de estratégia política que permite que os atores mais vulneráveis entrem em contato com os que estão no poder em termos
ligeiramente mais favoráveis aos mais fracos.

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o sentido de pertença a estas comunidades não está subsumido ao nacional, poderia nascer uma política
transnacional mas centrada em espaços locais específicos.

CONCLUSÃO
As grandes cidades do mundo são o território onde múltiplos processos de globalização adquirem um
caráter concreto e localizado. Essas instâncias localizadas constituem em grande parte a globalização. Se
considerarmos também que as grandes cidades também concentram uma proporção crescente de grupos
demográficos desfavorecidos (como imigrantes na Europa e nos Estados Unidos, afro-americanos e
hispânicos nos Estados Unidos, as massas de habitantes das vilas e bairros pobres das megacidades do sul
global), pode-se postular que estes se tornaram um território estratégico para todo um espectro de conflitos
e contradições. A partir disso, é possível conceber as cidades como um dos espaços onde se materializam
as contradições da globalização econômica. Por um lado, eles possuem uma concentração desproporcional
do poder corporativo e são o terreno chave para a supervalorização da economia corporativa; por outro lado,
têm uma concentração desproporcionada de habitantes desfavorecidos e constituem o terreno chave para a
desvalorização desses habitantes. Essa presença conjunta ocorre em um contexto em que: a) a
transnacionalização da economia cresceu e transformou as cidades em espaços cada vez mais estratégicos
para o capital global, e b) habitantes marginalizados estão ganhando presença política e fazendo-se ouvir. .

A crescente distância entre esses dois players destaca ainda mais sua presença conjunta em cidades globais.

[24] O espaço constituído pela rede mundial de cidades globais, com seu novo potencial político e econômico,
é talvez um dos espaços mais estratégicos para a formação de novos tipos de identidades e comunidades,
mesmo transnacionais. É um espaço centrado no território e inserido em lugares determinados e estratégicos,
mas que ao mesmo tempo tem um caráter transterritorial porque liga cidades que não compartilham uma
proximidade geográfica, mas cujas transações mútuas estão aumentando rapidamente. Nesse contexto,
surge a possibilidade de espaço para uma nova política transnacional, inserida ao menos parcialmente na
política da cultura e da identidade, mas ao mesmo tempo superando-a. A análise apresentada neste capítulo
indicaria que sim, na medida em que a centralidade do lugar no contexto dos processos globais gera uma
abertura econômica e política transnacional para a formação de novas reivindicações e até mesmo de novos
direitos, especialmente relacionados ao lugar. Isso também poderia contribuir para a formação de novos
tipos de “cidadania” e uma diversidade de práticas cívicas. Tanto a crescente desnacionalização do espaço
urbano quanto as novas reivindicações de atores transnacionais e atores localizados transformam a cidade
global em uma zona de fronteira para um novo tipo de alinhamento político-econômico.

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