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Faculdade de Direito
Matrícula: 21560922
Porto
30 de novembro de 2022
Sumário
2
O ESPAÇO-TEMPO, LENTES, ENFOQUE E O ENQUADRAMENTO DE
ALGUNS CONCEITOS DO FENÓMENO DA GLOBALIZAÇÃO À LUZ DAS
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
1
Estudante do 1º Ciclo da Licenciatura em Relações Internacionais da Universidade Lusíada Norte
(Porto).
3
INTRODUÇÃO
2
Saldanha, E. (2006). Globalização: Fenómeno ou Paradigma?. In Guerra, S. (Org.). Globalização:
desafios e implicações para o Direito Internacional contemporâneo. (207-233). Ijuí: Editora Unijuí.
3
Steger, M. B. (2003). Globalization: A Very Short Introduction. New York: Oxford University Press.
4
Brown, C. & Ainley, K. (2012). Compreender as Relações Internacionais. Lisboa: Gradiva.
5
Robertson, R. (2001). Globalização. Teoria Social e Cultural Global. (1ª edição). Petrópolis: Vozes.
6
Sousa, F., Mendes, P., Freitas, J., Ferreira, D., Rocha, R. & Tavares, A. (Coord.). (2022). Dicionário de
Ciência Políticas e Relações Internacionais. Coimbra: Almedina.
7
Ibidem.
5
PRECURSORES DA GLOBALIZAÇÃO
Nº AUTOR FACTO DO MUNDO POLÍTICO
1 “Teoria da Modernização: a industrialização fez
emergir todo um novo conjunto de contactos entre as
Modelski & Morse
sociedades e alterou o processo político, económico e
social que caracterizava o mundo pré-moderno”8.
2 “Rostow viu um claro modelo/padrão para o
desenvolvimento económico, marcado por fases, pelas
quais todas as economias passavam até que
Walt Rostow
adoptassem políticas capitalistas. Era quase que uma
visão automática da história, na qual a globalização
tendia também em confiar”9.
3 “A natureza da interdependência económica; o papel
dos actores transnacionais; modelo da “teia-de-
Cooper; Keohane & aranha” do mundo político. Muita desta literatura
Nye; Mansbach, antecipou os principais temas teóricos da
Ferguson & Lampert globalização, embora, uma vez mais, isto tenda a ser
aplicado muito mais ao mundo desenvolvido do que
no caso da globalização”10.
4 “Aldeia Global: os avanços nas comunicações
electrónicas resultaram num mundo onde podemos
assistir em tempo real a acontecimentos que estão a
Marshall McLuhan ocorrer em partes distantes do globo. Para McLuhan,
os principais efeitos deste desenvolvimento foram a
diluição do tempo e do espaço, de tal forma que as
coisas perderam a sua identidade tradicional”11.
5 “Emergência de uma Sociedade Mundial: o velho
sistema de Estados estava a ficar cada vez mais
Jonh Burton
ultrapassado à medida que significantes interacções
tomavam lugar entre actores não-estatais”12.
6 “O ênfase era colocado [sic.] na questão do governo
Projecto dos Modelos
global, que é hoje uma questão central em muitos dos
da Ordem Mundial
trabalhos sobre a globalização”13.
7 “Chamou a atenção para o desenvolvimento ao longo
dos séculos de um conjunto de normas e
Hedley Bull entendimentos comuns entre chefes de Estado, que o
leva a afirmar que eles efectivamente formam uma
sociedade e não meramente um sistema
8
Sousa, F., Mendes, P., Freitas, J., Ferreira, D., Rocha, R. & Tavares, A. (Coord.). (2022). Dicionário de
Ciência Políticas e Relações Internacionais. Coimbra: Almedina.
9
Ibidem.
10
Ibidem.
11
Ibidem.
12
Ibidem.
13
Ibidem.
6
internacional”14.
8 “Fim da História: o poder da economia de mercado
está a resultar numa democracia liberal, substituindo
Francis Fukuyama todos os outros tipos de governo […]. Existe uma
direcção para a história e essa direcção é a da
expansão da economia de mercado pelo mundo”15.
9 “Teoria da Paz Liberal: […] a principal ligação com a
Bruce Russett globalização, é a suposição de que há progresso para a
& história, e que este é o facto das guerras estarem cada
Michael Doyle vez mais distantes”16.
Quadro 1: A Globalização e as similitudes com os factos do mundo político
7
consonância à teoria plasmada, apresentará a realidade com um determinado lastro.
Dessa forma, a perceção de quem incorpora-a será, a partir de então, constituída por
uma tendencial formulação prévia que não renuncia o rigor científico exigido e
organiza-se no sentido de sistematizar a profusão de minudências que encontram-se
imbricadas no caráter ontológico da Globalização.
Sumariamente, encontram-se infra elencadas as principais teorias utilizadas para a
“compreensão e explicação da política mundial” 22. O conteúdo de cada teoria nada mais
é que o enfoque atribuído à realidade política enquanto objeto da análise em causa.
Desta feita, é impossível deixar de inferir, de forma equivalente, que a teoria está para
as lentes, assim como o seu conteúdo está para o enfoque aplicado. Ambas são
metáforas que explicitam, por meio de comparação subentendida, a abstração que perfaz
o âmbito das teorias.
POLÍTICA MUNDIAL
TEORIA/LENTE CONTEÚDO/ENFOQUE
“Procurou ver o mundo como ele realmente era, em
Realismo
vez de o ver como ele deveria ser”23.
“Os principais temas do pensamento liberal estão
relacionados com a ideia de que os seres humanos
Liberalismo são aperfeiçoáveis e que a democracia é necessária
para esse aperfeiçoamento se desenvolver. Por trás
de tudo isto reside a crença no progresso”24.
“A característica mais importante da política
mundial é que ela tem lugar num mundo de
economia capitalista. Nesta economia mundial os
Teoria do Sistema-Mundo
actores mais importante [sic.] não são os Estados,
Estruturalismo/Neomarxismo
mas as classes, e o comportamento de todos os
outros actores é, em último lugar, explicado por
forças de classes”25.
Quadro 2: Teorias da Política Mundial
Editora Unijuí.
22
Sousa, F., Mendes, P., Freitas, J., Ferreira, D., Rocha, R. & Tavares, A. (Coord.). (2022). Dicionário de
Ciência Políticas e Relações Internacionais. Coimbra: Almedina.
23
Ibidem.
24
Ibidem.
25
Ibidem.
Conceito
26
Sousa, F., Mendes, P., Freitas, J., Ferreira, D., Rocha, R. & Tavares, A. (Coord.). (2022). Dicionário de
Ciência Políticas e Relações Internacionais. Coimbra: Almedina.
27
Ibidem.
28
Ibidem.
29
Ibidem.
30
Ibidem.
9
Teoria
Pretenso conceito
31
Sousa, F., Mendes, P., Freitas, J., Ferreira, D., Rocha, R. & Tavares, A. (Coord.). (2022). Dicionário de
Ciência Políticas e Relações Internacionais. Coimbra: Almedina.
32
Ibidem.
33
Ibidem.
34
Ibidem.
35
Ibidem.
36
Ibidem.
37
Sousa, F., Mendes, P., Freitas, J., Ferreira, D., Rocha, R. & Tavares, A. (Coord.). (2022). Dicionário de
Ciência Políticas e Relações Internacionais. Coimbra: Almedina.
10
O percurso teórico até ao momento apresentado é a expressão do raciocínio que
viabiliza a compreensão da relação entre o momento histórico em que surge o fenómeno
da Globalização para as Relações Internacionais e os meios que permitem a sua
identificação enquanto tal. Logo, é possível deduzir algumas conclusões.
CONCLUSÃO
Após tentar «fragmentar» a estrutura formal dos paradigmas teóricos das Relações
Internacionais é possível concluir que as «lentes» as quais o pesquisador pode utilizar-se
para vislumbrar a política mundial estão «graduadas» com valores, hipóteses e
assunções que lhes são próprios. Neste sentido, não pode-se negligenciar que cada
autor, ao pretender definir o que é o fenómeno da Globalização, não fá-lo-á destituído
de um elemento axiológico que está associado à sua forma de refletir e emitir as suas
constatações.
Ora, os conceitos apresentados no quadro 3 resultam do pensamento dos autores
mencionados que dispuseram-se a fazer uso dos paradigmas e, com fundamento num
deles, concebeu uma definição à qual acredita ser possível identificar o fenómeno da
Globalização no espaço-tempo. Isto fica evidente no momento em que contesta-se o
período do advento da Globalização, pois, como visto em aula, não trata-se de uma
questão pacificada, ou seja, a académia não é unânime acerca da mesma.
Mais interessante ainda é notar, após a realização deste trabalho que, se há
pesquisadores que acreditam ser a Globalização um fenómeno antigo revestido apenas
de uma nova nomenclatura, por qual motivo os anos 80 foram definidos como o espaço-
tempo do advento da Globalização nesta unidade curricular de Introdução às Relações
Internacionais?
Ainda que muitas questões e reflexões fiquem sem uma exata resposta – e esta é
uma das características das ciências humanas, do contrário estar-se-ia face a um dogma
–, conclui-se que, dos conceitos apresentados no Quadro 3, é perfeitamente possível
coaduná-los aos paradigmas teóricos das Relações Internacionais, portanto, os conceitos
de Khor e Albrow pertencem à Teoria do Sistema-Mundo; o conceito de Cox relaciona-
se à Teoria Realista e o conceito estipulado por Khanter é de teor Liberal.
Por fim, como proposta de estudo para pesquisas futuras, sugere-se a seguinte
hipótese-problema: “a Globalização viabiliza a disseminação da retórica do ódio através
das fake news?”38
REFERÊNCIAS
11
Vestefália. In Guerra, S. (Org.). Globalização: desafios e implicações para o Direito
Internacional contemporâneo. (19-34). Ijuí: Editora Unijuí.
Brown, C. & Ainley, K. (2012). Compreender as Relações Internacionais. Lisboa:
Gradiva.
Delgado, A. P. T. (2006). Terrorismo e Contemporaneidade. In Guerra, S. (Org.).
Globalização: desafios e implicações para o Direito Internacional contemporâneo.
(353-368). Ijuí: Editora Unijuí.
Del’Olmo, F. (2006). A Globalização e seus Paradoxos: Algumas Reflexões. In Guerra,
S. (Org.). Globalização: desafios e implicações para o Direito Internacional
contemporâneo. (237-258). Ijuí: Editora Unijuí.
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