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CAPITULO I.

INTRODUÇÃO

1.1.Contextualização

Nos últimos anos, Moçambique tem vindo a registar um clima de estabilidade


macroeconómica o que tem propiciado um crescimento económico e um
desenvolvimento social notável. No tocante ao desenvolvimento social, por parte do
governo tem se criado programas de desenvolvimento sustentável conjuntamente com
parceiros internos e externos de modo a fazer face a um dos grandes desafios do
Milénio, a redução da pobreza absoluta. No domínio do combate à pobreza, que afecta
ainda uma vasta da população Moçambicana, o Governo tem estado a implementar o
Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA).

O Governo tem dado e continuará a dar prioridade ao desenvolvimento rural, através de


políticas de descentralização e de financiamento de iniciativas de promoção do
emprego, produção de comida e de geração de rendimento. O Governo criou o
Programa Estratégico de Redução da Pobreza Urbana doravante designado por PERPU,
cuja as acções dizem respeito à melhoria das condições de vida da população pobre
através do aumento do emprego e do fortalecimento da protecção social.

De entre os domínios chave de intervenção dos PARPA’s salientam-se o investimento


no capital humano, o desenvolvimento de infra-estruturas básicas e da agricultura, o
fortalecimento institucional do quadro legal e do clima de paz e segurança.

Desta feita o presente trabalho visa avaliar os factores que irão contribuir para o fraco
reembolso do fundo do Programa Estratégico de Redução da Pobreza Urbana (PERPU)
no município de Inhambane entre 2015 a 2017. Para a materialização do trabalho de
pesquisa do tema em análise, estará estruturado em Sete (7) capítulos sendo:

Capitulo I – abordada a Introdução onde se apresenta o tema, a relevância do mesmo,


identifica-se a questão orientadora da pesquisa, justifica-se a escolha do tema, define-se
os objectivos e aborda a Metodologia aplicada na pesquisa; Capítulo II – apresenta a
Revisão da Literatura ou Enquadramento Conceptual e Teórico; Capitulo III –
Apresenta, Analisa e Interpreta os Resultados de Pesquisa para além das Conclusões,
recomendações e referencias bibliográficas.

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1.2. Problema

No âmbito da implementação do PERPU, programa levado a cabo pelo Governo


Distrital de Massinga visando atribuição de financiamentos rotativos à pessoas com uma
fraca capacidade económica, e sem possibilidade de acesso a crédito no sistema
financeiro formal que queiram criar uma fonte de renda sustentável a médio longo
prazo. Referir que este financiamento desembolsado é, por conseguinte passível de
reembolso com taxas adicionais de juro e em parcelas consideradas justas e ao alcance
dos mutuários. Porém, tem se reportado uma falta de seriedade na grande parte de
mutuários beneficiados pelo fundo de PERPU caracterizada pelo não reembolso aliado
ao desvio de aplicação deste valor.

Olhando para a característica deste fundo “Rotatividade”, ou seja, o seu reembolso


beneficia aos futuros mutuários, aliada ao incumprimento cíclico da palavra por parte
dos mutuários dificultando deste modo a continuação do ciclo de concessão de crédito
surge à pergunta de partida que irá nortear a presente pesquisa:

Que factores contribuem para o fraco reembolso do fundo do Programa Estratégico de


Redução da Pobreza Urbana (PERPU) no Governo do Distrito de Massinga?

1.3. Hipóteses

A falta de experiência na condução de negócio constitui um dos factores que contribui


para o fraco reembolso do fundo do PERPU, uma vez que se torna impossível fazer uma
gestão eficaz de modo a gerar receita capaz de suprir as necessidades de reembolso;

A falta de experiência na condução de negócio não constitui um dos factores que


contribui para o fraco reembolso do fundo do PERPU, uma vez que não obstante este
facto os mutuários conseguem gerar receita suficiente para suprir as necessidades de
reembolso, porém não o fazem por falta de interesse.

1.4. Objectivos

1.4.1. Geral

 Compreender os Factores que Contribuem para o Fraco Reembolso do Fundo do


Programa Estratégico de Redução da Pobreza Urbana (PERPU), no Governo
Distrital de Massinga.

1.4. 2. Específicos

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 Analisar o perfil dos mutuários para a concessão do crédito;
 Identificar o número de mutuários beneficiados, bem como o comportamento do
reembolso por parte destes durante o período em análise;
 Descrever os factores que contribuem para o fraco reembolso do fundo do PERPU
no Governo Distrital de Massinga.

1.5. Justificativa

Os Governos Municipais tem implementado o Programa Estratégico de Redução da


Pobreza Urbana, designado PERPU, com vista a Redução da Pobreza Absoluta que
assola a grande parte da população Moçambicana e desta forma contribuir para o
alcance dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Este fundo destinará a apoiar pessoas economicamente pobres sem possibilidade de


acesso a crédito no sistema financeiro formal. Quando são aprovados os projectos e a
estes alocados os recursos, servem de instrumento de promoção das actividades
socioeconómicas orientadas para a produção de comida e criação de emprego,
propiciando a captação de rendimentos por parte das comunidades locais.

É olhando para a importância que este programa representará para a escolha do presente
tema, o PERPU irá desenvolver os munícipes da cidade de Inhambane, através da
facilidade de criação de auto-emprego que consequentemente influenciará directamente
no desenvolvimento do Governo.

1.6. Metodologia

Este capítulo será de total importância, pois, detalha os procedimentos metodológicos


utilizados para atingir a meta da pesquisa, desde a concepção do tema, preparação do
projecto e dos instrumentos de pesquisa; trabalho do campo; análise, tratamento e
interpretação de dados, até a redacção do trabalho final.

Segundo Marconi & Lakatos (2003) a metodologia é o conjunto das actividades


sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o
objectivo, conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Segundo Gil (2008) pode-se definir metodologia como caminho para se chegar a
determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e

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técnicos adoptados para se atingir o conhecimento. Para Marcony & Lakatos (2003) esta
é a parte fundamental para a elaboração de projectos, pois explica de forma minuciosa,
detalhada, rigorosa e exacta toda acção a ser desenvolvida no método de trabalho de
pesquisa.

Para Gil (2002) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já


elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase
todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

E a característica da pesquisa documental é que a fonte de colecta de dados está restrita


a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias
(Marconi & Lakatos, 2003).

Fontes documentais são capazes de proporcionar ao pesquisador dados em quantidade e


qualidade suficiente para evitar a perda de tempo e o constrangimento que caracterizam
muitas das pesquisas em que os dados são obtidos directamente das pessoas (GIL,
2008).

O trabalho basear-se-á no método indutivo como forma de abordagem do problema


quantitativa e qualitativa, o que significa que uma parte dos dados traduzir-se-á em
números.

Para Marconi & Lakatos (2003) indução é um processo mental por intermédio do qual,
partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral
ou universal, não contida as partes examinadas. Quanto ao local de Estudo é classificada
como in situ ou em campo, pois ocorrerá no próprio local onde o problema se
manifestou. Não há controlo efectivo de todas as variáveis e esteve sujeita às variáveis
do próprio local.

1.6.1. Fases de Realização da Pesquisa

A pesquisa decorrerá em 3 fases que a seguir se apresentam descritas:

Fase 1: Preparação de Trabalho de Campo - A preparação do trabalho de campo iniciará


com a pesquisa bibliográfica sobre o tema em estudo, que consistirá no levantamento da
máxima informação possível concernente aos fundos rotativos para financiamento de
iniciativas de desenvolvimento local, referir que esta informação será obtida de diversas

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fontes nomeadamente, livros, artigos científicos, dissertações, teses, publicações,
manuais e legislação. Estes materiais estarão em formato físico e electrónico.

Para Romeiro et al. (2013) pesquisa bibliográfica é a busca sistemática de conhecimento


sobre o assunto, do que já existe, o que os diferentes autores já discutiram, propuseram
ou realizaram. Elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de
livros, artigos periódicos e actualmente, com material disponibilizado na Internet.

O acto da recolha de dados no campo materializar-se-á através da elaboração e uso de


instrumento de recolha de dados a seguir:

Segundo Marcony & Lakatos (2003:195) Entrevista é um encontro entre duas pessoas, a
fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante
uma conversação de natureza profissional. É um processo utilizado na investigação
social, para a colecta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um
problema social.

Guião de Entrevista - que será dirigida ao Gestor do PERPU sobre o processo da


implementação, desde a selecção do projecto até o reembolso do fundo pelo mutuário,
conflito de interesse na atribuição do fundo, intervalo monetário em termos de
financiamento e o intervalo temporal permitido para a devolução do crédito.

Também será direccionado um guião de entrevista constituído basicamente por


perguntas mistas aos mutuários do sexo Masculino e feminino com idade compreendida
entre 18 a 40 anos seleccionados de forma aleatória, no sentido de perceber os
principais constrangimentos e análise feita por estes a respeito do PERPU. Para GIL
(2008), entrevista é a técnica em que o entrevistador se apresenta frente ao entrevistado
e lhe fórmula perguntas com o objectivo de obtenção de dados que interessam a
investigação.

Para a pesquisa documental no GDM referente ao nível de reembolso no período em


análise, o instrumento de colecta foram os relatórios lá encontrados, onde aparece toda a
informação concernente ao processo de concessão de crédito e reembolso de crédito.

Fase 2: Realização do Trabalho de Campo - Dados de Pesquisa - Os dados e


informações necessárias para a realização do estudo serão obtidos através de entrevistas
estruturadas como parte dos mutuários seleccionados de maneira aleatória bem como

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gestor do PERPU funcionário do GDM num período determinado. Os dados
bibliográficos serão colectados de forma organizada e previamente planeada compostas
por artigos científicos publicados em revistas especializadas e periódicos, dissertações,
teses, publicações e livros.

Amostragem - Segundo Lakatos & Marcony (2003), universo ou população é o


conjunto de seres que apresentam uma característica em comum. E a amostra é uma
parcela, convenientemente, seleccionada do universo.

Nesta perspectiva, irá ter como população todos os mutuários beneficiados pelo PERPU
nos anos em análise no município de Inhambane e como Amostra um número de 30
seleccionados de probabilística aleatória. Referir que nas amostragens probabilísticas,
os elementos em estudo tem a mesma chance se serem escolhidos.

Fase 3: Análise e Discussão dos Resultados - A premissa fundamental de uma pesquisa


é construir e ampliar conhecimentos e deve ser conduzida de maneira que os seus
resultados possam responsavelmente contribuir para uma melhor compreensão do
objecto ou fenómeno investigado (ROCHA, 2007).

Será utilizado para a análise dos dados o software estatístico Microsoft Excel 2010, onde
após o processamento dos dados colhidos, estes serão apresentados em forma de
gráficos de barras, tabelas de modo a melhor facilitar a compreensão dos resultados.
Posteriormente serão compilados juntamente com os dados obtidos da pesquisa
bibliográfica utilizando o pacote Microsoft Word, pois facilitará a melhor digitalização e
leitura de forma simples e sintética da informação processada.

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CAPÍTULO II. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Enquadramento Conceptual

Segundo o PARPA II (2006) para Moçambique o conceito apropriado de pobreza é a


impossibilidade por incapacidade, ou por falta de oportunidade de indivíduos, famílias e
comunidades de terem acesso as condições mínimas, segundo as normas básicas da
sociedade; uma evolução do PARPA I (2001) que definiu a pobreza como sendo uma
incapacidade dos indivíduos para si e seus dependentes um conjunto de condições
mínimas para a sua subsistência e bem-estar, segundo as normas da sociedade.

Segundo PERPU (2010:03) a Pobreza Urbana é a falta de rendimentos necessários para


a satisfação das necessidades básicas de indivíduos, famílias e comunidades residentes
nas zonas urbanas.

2.2. Desenvolvimento Local

Desenvolvimento Local (DL) para Maússe (2009) é a satisfação das necessidades


básicas das populações, sobretudo naquelas que vivem nas zonas rurais, pois ele,
encontra-se ligado mais directamente às formas de acção ou intervenção que
influenciam o processo global de mudança social.

A condição básica para se alcançar o desenvolvimento é o crescimento económico.


Portanto, desenvolvimento, visto numa perspectiva económica é a existência de
crescimento económico em ritmo superior ao crescimento demográfico, envolvendo
mudanças de estrutura e melhoria dos indicadores económicos, sociais e ambientais
(Sousa, 2009).

Os pontos de estrangulamento ao desenvolvimento presentes nas economias dos países


pobres ou em vias de desenvolvimento, dentre outros são: a existência de instituições
públicas excessivamente burocratizadas; politicas governamentais inadequadas;
excessiva dependência do capital estrangeiro e o desinteresse pelas actividades
económicas de resultado a longo prazo, como a agricultura (Sousa, 2009).

O desenvolvimento local nasceu como resposta à situação precária em que se


encontravam os membros de certos agregados humanos, portanto, o desenvolvimento
comunitário surge com a criação e estabelecimento de programas de melhoramento da
qualidade de vida da população pobre, principalmente a camponesa (Jemusse, 2014).

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Segundo Maússe (2009), O processo de Desenvolvimento Local (DL) pode assumir
diversas formas e objectivos, como:

A introdução de novas ideias num sistema social de modo a aumentar o rendimento per
capita e o nível de vida, através de métodos modernos de produção de uma melhor
organização social;

Transição total de uma sociedade tradicional ou pré-moderna para os tipos de tecnologia


e respectiva organização social que caracterizam os países avançados estáveis do mundo
ocidental;

A evolução da população de modo a que esta possa construir um futuro para si próprio.
É uma experiência de liberdade na decisão daquilo que a população deseja fazer.

Prosseguindo Oakley & Gerforth citados por Maússe (2009) o desenvolvimento deve
conter três aspectos fundamentais distintos:

O económico que consiste no desenvolvimento da base económica ou produtiva de


qualquer sociedade, que produzirá os bens e materiais necessários para a vida;

O social que proporcionará toda uma gama de facilidades e serviços sociais (isto é,
saúde, educação, acesso à água potável, assistência, e mais) relativas às necessidades
não produtivas duma sociedade; e

O humano que consiste na evolução das próprias populações quer individual quer
colectivamente, para que estas realizem as suas potencialidades e talentos e,
desempenhem um papel construtivo na transformação da sua sociedade.

2.3. Programa Estratégico de Redução da Pobreza Urbana

Programa Estratégico de Redução da Pobreza Urbana (PERPU) é um programa que


apresenta um conjunto de acções que conduzem à melhoria das condições de vida da
população pobre, através do aumento do emprego e do fortalecimento da protecção
social. Ou seja, este é um programa adiciona-las várias actividades já previstas para a
redução da pobreza nos demais instrumentos digestão pública e Este programa
apresenta um conjunto de acções que conduzem à melhoria das condições de vida da
população pobre, através do aumento do emprego e do fortalecimento da protecção
social (PERPU, 2010).

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2.3. Financiamento dos Projectos

Segundo MIGUEL (2006) a uma interdependência entre decisões de investimento e de


financiamento é relativa. O promotor de um projecto de investimento deve, em primeiro
lugar, certificar-se se o mesmo é rentável (ou não), antes de entrar em linha de conta
com considerações sobre o modo de financiamento. Em condições de solvabilidade
viáveis, quanto maior for a parcela de financiamentos externo maior será a rentabilidade
do projecto, em virtude dos encargos financeiros decorrentes permitirem uma economia
fiscal. Segundo o mesmo autor o financiamento das actividades produtivas é efectuado
em função de um programa financeiro e segue duas etapas distintas:

Na primeira definem-se as necessidades financeiras que permitem a realização das


diferentes operações em vista;

Na segunda selecionam-se os processos de financiamento mais adequados, para


responder as necessidades inventariadas.

A boa gestão por parte do mutuário exige que se pratique o princípio da racionalidade
económica, isto é, que os objectivos sejam alcançados pelos meios mais económicos
possíveis.

Conforme afirma Bresser-Pereira (2008), financiamento e desenvolvimento são duas


palavras naturalmente ligadas. A actividade empresarial, seja ela privada ou pública,
depende directamente da possibilidade de financiamento. Podemos dizer que quando o
investimento é equivocado, ou seja, quando os cálculos não são bem-feitos, ou quando
há desperdícios, tal empréstimo pode levar a empresa à ruína. O autor afirma que o
financiamento será causa de subdesenvolvimento ao invés de desenvolvimento se os
recursos emprestados por um país forem utilizados para consumo e não para
investimento.

2.4. Descentralização

A Desconcentração é o sistema em que o poder decisório se reparte entre o superior e


um ou vários órgãos subalternos, os quais, todavia, permanecem, em regra, sujeitos à
direcção e supervisão daquele.

A Desconcentração traduz-se num processo de descongestionamento de competências,


conferindo-se a funcionários ou agentes subalternos certos poderes decisórios, os quais

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numa administração concentrada estariam reservados exclusivamente ao superior. A
principal razão pela qual se desconcentram competências consiste em procurar aumentar
a eficiência dos serviços públicos. Por outro lado, há quem contraponha a estas
vantagens da desconcentração de certos intervenientes: em primeiro lugar, diz-se, a
multiplicidade dos centros decisórios pode inviabilizar uma actuação harmoniosa,
coerente e concertada da Administração; e mais.

Para Buarque (2004) DL é um processo endógeno de mudança, que ao dinamismo


económico e à melhoria da qualidade de vida da população em pequenas unidades
territoriais e agrupamentos humanos.

2.5. Enquadramento Teórica

A pobreza por ser um fenómeno multidimensional, o PARPA II (2006) considera não


existir indicador capaz de captar todas as vertentes, remetendo-nos ao uso de vários
indicadores que captam as vertentes principais de pobreza através de múltiplas
abordagens.

A situação da pobreza em Moçambique, segundo o Inquérito dos Agregados Familiares


citado na obra de Maússe (2009) representa uma prevalência de 69,4% ou seja dois
terços da população do país se encontrava abaixo da linha da pobreza. O mesmo indica
uma acentuada situação nas zonas rurais, com mais de 71,2% que nas urbanas, estimada
em cerca de 62,0%.

Para o Programa Estratégico de Redução da Pobreza Urbana (PERPU) (2010) a pobreza


resulta de uma combinação de factores, tais como a incapacidade da economia de gerar
postos de emprego suficientes e de criar condições de vida decente; a expansão
demográfica não acompanhada de provisão de infra-estruturas e serviços básicos.

Segundo Ministério da Função Pública (2004) citado por PERPU (2010) refere que
dados dos Censos de 1997 e 2007 indicam que a população urbana no país aumentou
ligeiramente entre estes dois períodos, tendo passado de 29% em 1997 para 29,8% em
2007 (INE, 2009). A pobreza urbana registou uma redução de cerca de 11% entre 1996-
97 e 2002-03, tendo passado de 62,0 para 51,5%, respectivamente.

Para Maximiano et al. (2005) a demografia, educação, emprego e fontes de rendimento


constituem factores determinantes para o desenvolvimento da pobreza Urbana. Estudos
indicam que o tamanho do agregado familiar apresentada numa relação negativa com o
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consumo real per-capita o que significa que quanto maior for o tamanho do agregado
familiar, que muitas das vezes é devido a maior número de crianças, o nível de bem-
estar dessa família é baixa.

(Maximiano, et al, 2005) Os resultados da análise da dinâmica dos determinantes da


pobreza nas zonas urbanas, indicam que quanto maior for o tamanho do agregado
familiar, que muitas vezes é devido ao maior número das crianças, o nível de bem -
estar dessa família é baixo, ou seja, as famílias apresentam em média maior número de
membros. Também é notória a importância de educação da mulher no bem-estar
familiar comparado com a educação do homem, é obvio que os retornos para o nível
máximo da educação são maiores quanto mais elevados for nível académico/formação.

No que concerne à educação, as variáveis para adultos femininos alfabetizados e adultos


masculinos alfabetizados são modelados separadamente por grandes cidades e pequenas
cidades. Os resultados mostram que a variável para adulto feminino alfabetizado é
fortemente positiva e significativa nas grandes e pequenas cidades, sendo que a variável
para o adulto masculino alfabetizado é não significativa para ambas (negativa para as
grandes cidades e positiva para as pequenas).

Este resultado mostra mais uma vez a importância da educação da mulher no bem-estar
familiar comparado com a educação do homem. As variáveis de número de adultos
empregues no sector agrícola, número de adultos empregues em outros sectores, número
de adultos masculinos alfabetizados empregues no sector industrial são positivas e
significativas. No bloco das grandes cidades o número de adultos empregue em outros
sectores é positivo e altamente significativo.

Segundo Oakley & Gerforth, citados por Maússe (2009), O processo de


Desenvolvimento Local (DL) pode assumir diversas formas e objectivos, como:

A introdução de novas ideias num sistema social de modo a aumentar o rendimento por
capital e o nível de vida, através de métodos modernos de produção de uma melhor
organização social;

Transição total de uma sociedade tradicional ou pré-moderna para os tipos de tecnologia


e respectiva organização social que caracterizam os países avançados estáveis do mundo
ocidental;

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A evolução da população de modo a que esta possa construir um futuro para si próprio.
É uma experiência de liberdade na decisão daquilo que a população deseja fazer.

Prosseguindo Oakley & Gerforth citados por Maússe (2009) o desenvolvimento deve
conter três aspectos fundamentais distintos:

O económico que consiste no desenvolvimento da base económica ou produtiva de


qualquer sociedade, que produzirá os bens e materiais necessários para a vida.

O social que proporcionará uma gama de facilidades e serviços sociais (isto é, saúde,
educação, acesso à água potável, assistência, e mais) relativas às necessidades não
produtivas duma sociedade e,

O humano que consiste na evolução das próprias populações quer individual quer
colectivamente, para que estas realizem as suas potencialidades e talentos e,
desempenhem um papel construtivo na transformação da sua sociedade.

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CAPÍTULO III. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS

3.1. O Processo de Concessão de Crédito para os Mutuários do PERPU

O processo de concessão de crédito do fundo PERPU no Governo Distrital de


Massinga, decorre em conformidade com o estipulado pelo manual de procedimentos
legalmente instituído pelo MAE, onde o Governo de Massinga anualmente, recebe um
financiamento total na ordem de 8.995.000,00 Mtn destinado a execução de actividades
com objectivo de aumentar as oportunidades de emprego, melhorar o ambiente de
negócios, os níveis de empregabilidade da mão-de-obra e melhorar o sistema de
protecção social básico nos mais variados povoados existentes nomeadamente: Basso,
Nhachengue, Malamba, Queme, Mabial, Marucua, Mangonha, Paindane, Chicomo,
Balata, Murenze, Chilacua, Rovene, Matingane, Chiunze, Lionzuane, Ngongane,
Malova e Mahocha.

Segundo funcionário do Governo do Distrito de Massinga, Mestrado em Gestão Pública


e actual Gestor do Fundo PERPU Senhor Machaieie, para o Governo de Massinga o
processo se inicia a nível dos povoados, onde os potenciais Mutuários, tomam
conhecimento desta iniciativa e são convidados a submeter os seus projectos a nível
local.

Segundo o mesmo, o financiamento disponibilizado no âmbito do PERPU destina-se,


prioritariamente a apoiar pessoas pobres, mas economicamente activas e que não têm
acesso ao crédito bancário e outro tipo de crédito concedido por instituições financeiras
formais. Este grupo de pessoas inclui jovens, mulheres chefes de agregados familiares,
incluindo viúvas, pessoas empreendedoras, em geral, com prioridade para os sem acesso
ao financiamento formal e pessoas portadoras de deficiência, mas com a capacidade de
trabalhar.

O gestor adiantou ainda que, os critérios de elegibilidade são organizados em duas


categorias a seguir descritas:

Para Singulares, os mesmos devem ser residentes no território do Distrito Municipal


onde pretende implementar o projecto e confirmado pelas autoridades locais
(Secretários dos Bairros); devem possuir nacionalidade moçambicana; devem ser

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considerados idóneos pelas autoridades administrativas e comunitárias locais; ter idade
não inferior a 18; e devem possuir o NUIT.

Para Associações, estas devem estar legalmente registadas e com uma estrutura de
organização e gestão consolidada observável a partir do núcleo central dos membros das
associações, os membros das associações devem ser residentes no território do Distrito
Municipal onde se pretende implementar o projecto, confirmada pelas autoridades
locais, as associações devem operar no Distrito onde se pretende implementar o
projecto, as associações devem ser constituídas por cidadãos nacionais e possuir o
NUIT.

Logo após a submissão do pedido de crédito através do projecto, o Conselho Consultivo


Local, responsabiliza-se pela aprovação dos Projecto mediante a triagem técnica do
Projecto, apreciação do local onde será executado, estudos de viabilidade e parecer em
nível das estruturas locais.

O conselho consultivo local é o órgão que delibera a aprovação do projecto e é


composto por 54 membros dentre os quais por 2 residentes (representantes de cada
povoado) e todas as estruturas do povoado.

Segundo o gestor do PERPU, para que o projecto seja aprovado, estes devem ser
identificados pelas comunidades, priorizados e aprovados pelos Conselhos Consultivos
Distritais Municipais, ter origem nos povoados e ter a primeira apreciação a este nível
antes de transitarem para os Conselhos Consultivos de escalão superior, ser
implementados no território do Distrito, os proponentes dos projectos devem ter
domicílio no Distrito e devem privilegiar o uso sustentável dos recursos locais
(humanos materiais e naturais).

Questionado sobre a existência de conflitos de interesse no acto de aprovação do


projecto, o Gestor afirmou que devido à estrutura dos povoados dispor de autonomia na
escolha dos projectos que devem passar para o escalão superior, há sempre conflito de
interesse, e vem se envolvendo todos os actores neste processo no sentido de se
colmatar este fenómeno.

Em termos de submissão de projectos, tem - se registado mais homens que mulheres


neste acto embora esteja claro no manual de procedimentos que este género disponha de
uma certa prioridade.

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Segundo o Gestor do PERPU, o Distrito desenha um plano anual de beneficamente dos
mutuários, mas nem todos os anos a meta é atingida, a média anual estimada de
beneficiários é de 200 mutuários em todos os povoados do Distrito de Massinga.

A mesma fonte referiu que com vista a assegurar o maior número possível de
beneficiários, são fixados os limites máximos indicativos de financiamento por
categoria de actividade. As taxas de juro a aplicar para todos os projectos financiados no
âmbito do Programa variam nos extremos de 3 a 7 por cento sobre o montante
concedido de acordo com a natureza do projecto. Os Distritos, em conformidade com as
condições específicas, em alguns casos procedem ajustamentos pontuais.

O Gestor adiantou ainda que nem sempre o fundo pedido pelo mutuário é o
desembolsado, visto que em muitos casos os mutuários criam projectos idealizados, e
não há honestidade dos mutuários em planificar e descrever a área de produção
correctamente. Havendo casos comprovados em que os mutuários fazem a cópia
integral dos projectos já desenhados, mas em outros contextos, e com falsos orçamentos
facto que leva ao conselho consultivo local solicitar a reformulação do projecto tendo
em conta os dados reais.

De modo a maximizar as chances de devolução do fundo alocado para o PERPU, o


município conta com a parceria de alguns instituições como Serviços Distritais das
Actividades Económica (SDAE) e INEFP, onde em colaboração, os mutuários passam
por uma formação em matérias ligadas a gestão de modo a reduzir as dificuldades na
execução da actividade.

Segundo o gestor apesar dos esforços neste sentido, o nível de reembolso continua a não
ser satisfatório, e chegando-se a pensar na adopção de medidas coercivas em detrimento
da sensibilização aos mutuários como vem sendo feito.

Constitui tarefa dos técnicos da área de fiscalização do Município, a realização da


monitoria e avaliação 3 vezes por semana entre os diferentes povoados do distrito,
mediante o plano de monitoria previamente definido. Contudo esta actividade não se
mostra eficiente, uma vez que os técnicos não têm um meio circulante disponível a todo
o momento o que torna esta actividade não muito abrangente principalmente para os
povoados mais distantes.

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3.2. Perfil dos Mutuários Beneficiários do PERPU

Dentre os Mutuários entrevistados grande parte são do sexo masculino 21 em


detrimento do sexo feminino apenas 4, o que reforça o posicionamento do Gestor do
PERPU, segundo o qual refere que apesar das mulheres disporem do privilégio, ainda
continuam a não acederem ao crédito em grande número. Segundo o Gestor isto se deve
porque ainda prevalece o paradigma societário de que o papel da mulher na comunidade
abrange actividades não ligadas ao empreendedorismo de grande vulto, aliado à
hesitação de várias mulheres na contracção deste empréstimo.

No entanto os Homens são mais ousados na contracção deste crédito, deste o inicio do
Programa até então, houve uma maioria esmagadora de pedidos de contracção de
crédito por parte dos homens em detrimento das mulheres.

O gestor do fundo perante este facto assumiu que há a necessidade de se fazer uma
campanha de base no sentido de fazer acreditar as próprias mulheres sobre o seu
potencial e contributo para o desenvolvimento do país. O município junto aos conselhos
consultivos está a agora a desenhar estratégias no sentido de envolver este actor chave
para o desenvolvimento sustentável.

Ainda no gráfico abaixo se pode observar que há maior número de mutuários com um
grau de 12ª Classe completo, facto que remete-nos a considerar a existência de
mutuários com potencial mínimo necessário para a gestão dos seus negócios. Houve
uma unanimidade no ramo de actividade, onde todos os entrevistados beneficiários
actuam no ramo de comércio de bens e serviços básicos, facto que leva a crer que a
grande parte dos Mutuários aloca estes fundos para a prática do comércio.

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Gráfico 1. Perfil dos Mutuários Entrevistados

Fonte: (Autora, 2018).

O gráfico 2 apresentado na página seguinte, mostra que todos os Mutuários tomaram


conhecimento da existência do financiamento do PERPU, através das autoridades locais
dos bairros, facto anteriormente referido pelo Gestor deste fundo, contudo pode-se olhar
para este acto como o catalisador de maior confiança e credibilidade da informação e
leva os beneficiários a comprometerem-se com a devolução dos fundos. E 50% dos
Mutuários beneficiados, já apresentavam um histórico na condução de negócios no
ramo de comércio e, entretanto, um dado negativo é que apenas 2 mutuários dos
entrevistados conseguiram efectuar o reembolso do financiamento de forma íntegra. Os
2 mutuários que conseguiram efectuar o reembolso de maneira íntegra (Vide os
Apêndice 3 e 5) e os que estão prestes a completar o pagamento, apresentam um longa
experiência no negócio de comércio, o que faz da experiência na condução de negocio
determinante no reembolso.

Nota-se também que grande parte dos Mutuários não conseguiu obter na totalidade o
valor solicitado no projecto (vide o gráfico 2), facto que compromete o
desenvolvimento dos seus negócios com sucesso.

Factos positivos e determinantes na execução do programa estão na facilidade de reunir


a documentação requerida, facilidade no desenho dos seus projectos e ainda a
orientação no desenho do projecto ministrada pelos órgãos governamentais responsáveis
pelo financiamento.

17
Gráfico 2. Experiência dos Mutuários Entrevistados com relação ao PERPU

Fonte:(Autora, 2018).

3.3. Factores que contribuem para o fraco reembolso do fundo do PERPU

Segundo o Gestor do Fundo PERPU, os relatórios de monitoria mostram que os


reembolsos não decorrem de maneira satisfatória (Vide a Tabela 2 na página 21), devido
àfactores como desvio de aplicação do montante projectizado, ou seja, os mutuários
acabam levando o valor pré-destinado para o projecto para os outros usos como,
construção de casas, compra de bens de consumo familiar e mais, falta de interesse em
reembolso, falta de experiência na condução de negócios e o outro factor que tem se
mostrado comum é o não domínio da gestão de pequenos negócios, muitos mutuários
acabam se beneficiando do financiamento sem ter noção do campo da atividade, bem
como a situação actual do mercado.

O ano de 2015, mostrou-se o que menos reembolso obteve-se (Vide a tabela 2), isto
deu-se porque houve falência de mais da metade dos projectos financiados e também
houve um maior número de desvios de aplicação dos fundos, facto que incapacitou os
mutuários de garantir o reembolso dos mesmos. A dificuldade de transporte para o
deslocamento sistemático para o campo por parte dos técnicos de Monitoria e Avaliação
esteve na origem deste facto, uma vez que muitos mutuários ficaram a acomodados e
fizeram das suas com o valor desembolsado.

Isto reforça o posicionamento de Bresser-Pereira (2007), segundo o qual quando o


investimento é equivocado, ou seja, quando os cálculos não são bem-feitos, ou quando
há desperdícios, tal empréstimo pode levar a empresa à ruína.

18
Conforme mostra a tabela 1 abaixo, os anos de 2015, 2016 e 2017 os valores de
reembolso mostram-se elevados, porém abaixo dos 50% desembolsados isto porque,
foram os anos em que as campanhas de sensibilização, monitoramento e avaliação
foram insistentes, facto que levou a um maior reembolso por parte de alguns dos
Mutuários.

Tabela 1. Relação entre o Desembolso e o Reembolso do Fundo PERPU em Massinga

Anos Desembolso (Mtn) Reembolso (Mtn) Diferença (Mtn)

2015 8.995.000,00 3.797.355,26 5.197.644,74

2016 8.995.000,00 1.971.675,29 7.023.324,71

2017 8.995.000,00 3.339.432,86 5.655.567,14

Total 26.985.000,00 9.108.463,41 17.876.536,59

Fonte: (Autora, 2018).

O Gestor referiu que pelo facto do programa beneficiar pessoas consideradas


desfavorecidas na sociedade (muitas delas sem conta bancária), facto que poderia
facilitar a conservação do valor para realmente as necessidades do projecto, estes
acabam usando o dinheiro de maneira desapropriada, sem controlo e prejudicando o
projecto uma vez que levam para casa.

O gestor ainda referiu que são programadas anualmente 4 capacitações aos mutuários,
mas as mesmas não se materializam muitas vezes por falta de fundo para cobrir as
despesas. Estas capacitações são da iniciativa do município e carecem de
disponibilidade financeira para sua execução.

Por sua vez os mutuários entrevistados alegam não conseguir reembolsar mensalmente
os fundos a eles alocados como mostra o gráfico apresentado, em virtude da existência
de factores como: o valor desembolsado muitas vezes não reflecte a necessidade do
projecto, facto que afecta as suas perspectivas causando alteração dos planos, roubos
frequentes em função da confiança da gestão a familiares, amigos e conhecidos, fraca
capacidade da sua gestão, doenças periódicas, facto que afecta a abertura dos
estabelecimentos e consequentemente a rentabilidade dos mesmos, outras dividas
contraídas por eles e a subida dos preços de aquisição da mercadoria.

19
Os mutuários recebem a monitoria e avaliação, porém dos entrevistados apenas tiveram
a monitoria 1 vez em 3 anos que se beneficiam do fundo, isto mostra-se preocupante
uma vez que possibilita e atiça o comportamento de desvio de aplicação e propicia o
comodismo dos mutuários no acto de reembolso.

Gráfico 3. Análise do Reembolso

Fonte: (Autora, 2018).

3.4. Conclusões e Recomendações

20
O PERPU constitui uma iniciativa que tem vindo a desenvolver as comunidades
urbanas e que somente com o comprometimento de todos os actores chaves deste
processo, poderá garantir a rotatividade deste fundo para os demais, actualmente pouco
se pode falar da rotatividade, pelo baixo volume de reembolso por parte dos que estão
sendo beneficiados pelo programa.

Após a realização do trabalho tendo em conta as condições encontradas no campo,


conclui-se que o processo de concessão de crédito aos mutuários do PERPU, decorre em
conformidade com o manual de procedimentos elaborado pelo MAE, desde o processo
de tomada de conhecimento dos mutuários, processo de aprovação, desembolso e
reembolso e monitoria e avaliação, pese embora os reembolsos e o sistema de monitoria
e Avaliação estarem a decorrer com algumas limitações.

Nota-se um maior número de mutuários do sexo masculino em detrimento do feminino,


apesar do género feminino se beneficiar de uma vantagem comparativa neste acto. Em
termos de reembolso no período em análise os valores são baixos, os valores
reembolsados anualmente encontram-se abaixo da metade dos valores desembolsados e
poucos mutuários conseguiram reembolsar no período em análise na sua totalidade os
valores desembolsados pelo Distrito.

Dentre os factores que levam a existência deste fenómeno (baixo reembolso) registam-
se, fraca capacidade de gestão de negócios, desvio de aplicação dos mesmos muitas
vezes aplicados na construção de casas e outras despesas de âmbito familiar, falta de
interesse no reembolso, roubos frequentes e doenças periódicas dos próprios mutuários,
que acabam afectando a abertura e condução dos negócios de maneira saudável. Os
factores não restringem-se apenas aos mutuários, os órgãos distritais também tem a sua
quota, uma vez que o sistema de monitoria e avaliação está aquém das expectativas o
que propicia comodismo nos mutuários.

Perante este cenário, a falta de experiência na condução de negócio aliada à fraca gestão
constituem factores que contribuem para o fraco reembolso do fundo do PERPU, uma
vez que se torna impossível fazer uma gestão eficaz de modo a garantir a receita capaz
de suprir o compromisso do reembolso.

3.4 Recomendações

21
Que os responsáveis dos povoados façam a monitoria e avaliação no sentido de
desacomodar e incentivar o reembolso do valor por parte dos mutuários;

Que o Distrito desenvolva mais formações de rotina aos mutuários como forma de
capacitá-los na gestão do próprio negócio;

Que se desenhem medidas estratégicas para eliminar a existência de conflitos de


interesse;

Que haja medidas disciplinares para evitar a onda de desvio de aplicação por parte dos
Mutuários; e

Que haja aumento dos técnicos de monitoria e avaliação para dar vazão às actividades
em todos os povoados conforme o plano estabelecido.

3.5. Referências Bibliográficas

22
 António, Miguel (2006). Avaliação de Projectos de Investimento. 2 Edição. Lisboa
 Buarque, S.C. (2004). Construindo o desenvolvimento Local sustentável:
Metodologia de planejamento. 2ª edição, Rio do Janeiro: Garamond.
 Bresser-Pereira, Luiz Carlos. (2008) Financiamento para o subdesenvolvimento o
Brasil e o segundo consenso de Washington.
 Marques etal. 2006. Metodologia da pesquisa e do trabalho cientifico. SP-Br.
 Mausse, M.A. (2009). Pobreza, participação e desenvolvimento Rural em
Moçambique: Estudo de caso a Localidade de Chijinguire, Maputo.
 Maximiano, N., C. Arndt E K. R. Simler. (2005). Qual foi a Dinâmica dos
Determinantes da Pobreza em Moçambique? Maputo: Ministério da Economia e
Finanças.
 INE 2009. Resultados do Censo de (2007). Apresentação pública de slides, feita
pelo INE.
 Plano Municipal de Gestão Ambiental do Município de Inhambane (2009).
Inhambane.
 Gil, António Carlos. (2008). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social.6 ª edição.
 Gil, António Carlos (2002). Como Elaborar Projectos de Pesquisa. 4ª Edição. São
Paulo.
 Jemusse, A. B. (2014). Análise da contribuição do Fundo de Desenvolvimento
Distrital no Desenvolvimento do distrito de Changara no período entre 2006-2012:
FAGRENM-Tete.
 Marconi & Lakatos (2003). Fundamento da Metodologia Cientifica.5ª Edição. São
Paulo.
 Ministério da Administração Estatal. (2011). Critérios de afectação e procedimentos
para o uso de recursos no âmbito da Redução da Pobreza Urbana. Moçambique.
 PARPA I (2001).Versão final aprovada pelo Conselho de Ministros, Maputo.
 PARPA II (2006). Versão final aprovada pelo Conselho de Ministros, Maputo.
 Programa Estratégico de Redução a Pobreza Urbana (2010). Inhambane.
 Romeiro etal. (2013) Manual de orientações para projectos de pesquisa. Nova
Hamburgo.
 Sandroni, P. (1994). Dicionário de economia. São Paulo: Atlas.
 Santos etal. (2009). Economia e Finanças Publica. 3 Edição. Escolar Editora.
Lisboa.

23
 Silva, V. G. (2003). Avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios
brasileiros: directrizes e base metodológica. São Paulo: Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo.
 Sousa, N. J. (2009). Desenvolvimento Económico. 5ª Edição. São Paulo, Atlas S.A.
 Vasconcelos, M. A. & Garcia, M. E. (1998). Fundamentos de economia. São Paulo.

Anexos

24
Apêndice 1. Guião de Entrevista Direccionado ao Gestor do Fundo PERPU

O presente guião de entrevista foi elaborada pelo estudante do Curso de Administracao Publica,
na Universidade Joaquim Chissano da Delegação de Inhambane para uma pesquisa cujo o tema
é Avaliação dos Factores que Contribuem para o Fraco Reembolso do Fundo de Programa
Estratégico de Redução da Pobreza Urbana (PERPU): Caso do Distrito de Massinga entre 2015-
2017.

I. Identificação (Opcional)

Nome _______________________________ Nível Acadêmico__________________

Sector_______________________________ Idade____________________________

II. Guião de Entrevista

Como decorre o processo de Concessão de crédito aos beneficiários do Fundo PERPU?

Quais são os requisitos necessários para a atribuição do fundo de PERPU?

Quem é responsável pela aprovação do projecto?

Quem indica o responsável pela aprovação do projecto?

Que medidas são tomadas para que não haja conflito de interesse?

Durante o processo de desembolso, há uma financiamento integro naquilo que são as


necessidades do projecto submetido pelo mutuário? Se não, como se estima o valor de
credito a conceder ao mutuário?

Os mutuários se beneficiam de algum tipo de formação mínima quanto a gestão destes


fundos?

Será que este reembolso permite haver rotatividade entre os mutuários?

Como decorre processo de monitoria e avaliação da implementação do projecto por


parte do mutuário?

Quem é responsável pelo processo de monitoria e avaliação?

Quais têm sido os principais constrangimentos vividos durante este ciclo de reembolso?

Que medidas são tomadas em caso do não reembolso deste fundo?

Será que estas medidas contribuem para a materialização do reembolso?

Apêndice 2. Guião de Entrevista Direccionado aos Mutuários Beneficiários

25
O presente guião de entrevista foi elaborado pela estudante do Curso de Administração
Publica na Universidade Joaquim Chissano da Delegação de Inhambane para uma
pesquisa cujo tema é Avaliação dos Factores que Contribuem para o Fraco Reembolso
do Fundo de Programa Estratégico de Redução da Pobreza Urbana (PERPU): Caso do
Distrito de Massinga entre 2015 a 2017.

I. IDENTIFICAÇÃO (OPCIONAL)

Nome: ______________________________Nível académico: ___________________


Sector: ________________

II. Guião de Entrevista

1. Como tomou conhecimento sobre a existência do PERPU?

2. Possuía uma experiência na gestão de negócio antes de ser beneficiário do fundo do


PERPU?

Sim □ Não □

3. Se sim, em que área de negocio?

4. Em termos de requisitos para a obtenção do fundo, considera de fácil acesso e


abrangência?

Sim □ Não □

5. Teve alguma orientação no desenho de projecto?

Sim □ Não □

6. Teve dificuldades no desenho do projecto?

Sim □ Não □

7. Quanto tempo levou para que fosse desembolsado o valor solicitado pelo projecto?

8. Quanto valor solicitou para que efectivasse o projecto?

9. Quanto valor foi atribuído para a concretização do Projecto?

10. Teve alguma formação quanto a gestão do fundo por parte dos gestores do fundo
PERPU?

Sim □ Não □

11. O valor conseguiu sustentar todas as necessidades do teu projecto?

Sim □ Não □

12. Pelo rendimento mensal, consegue cumprir com o plano do reembolso?

26
Sim □ Não □

13. Quanto valor reembolsou até ao momento?

14. Tem dificuldades em reembolsar o valor do PERPU?

Sim □ Não □

15. Se Sim, que factores contribuem para que Isso aconteça?

16. Já recebeu alguma equipa de monitoria e avaliação por parte dos gestores do
PERPU?

Sim □ Não □

CoIndice Pagina

27
CAPITULO I. INTRODUÇÃO.......................................................................................................1

1.1.Contextualização................................................................................................................1

1.2. Problema...........................................................................................................................2

1.3. Hipóteses...........................................................................................................................2

1.4. Objectivos..........................................................................................................................2

1.4.1. Geral...............................................................................................................................2

1.4. 2. Específicos.....................................................................................................................3

1.5. Justificativa........................................................................................................................3

1.6. Metodologia......................................................................................................................3

1.6.1. Fases de Realização da Pesquisa....................................................................................4

CAPÍTULO II. REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................7

2.1. Enquadramento Conceptual..............................................................................................7

2.2. Desenvolvimento Local.....................................................................................................7

2.3. Programa Estratégico de Redução da Pobreza Urbana.....................................................8

2.3. Financiamento dos Projectos............................................................................................9

2.4. Descentralização...............................................................................................................9

2.5. Enquadramento Teórica..................................................................................................10

CAPÍTULO III. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................13

3.1. O Processo de Concessão de Crédito para os Mutuários do PERPU................................13

3.2. Perfil dos Mutuários Beneficiários do PERPU..................................................................16

3.3. Factores que contribuem para o fraco reembolso do fundo do PERPU..........................18

3.4. Conclusão e Recomendação............................................................................................21

3.4 Recomendações...............................................................................................................22

3.5. Referências Bibliográficas................................................................................................23

Anexos....................................................................................................................................25

28
29

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