Você está na página 1de 23

Licenciatura em Geografia

Unidade Curricular: Dinâmicas Rurais na União Europeia

Docentes Responsáveis: Professora Doutora Maria Helena Mesquita Pina

Ano letivo: 2022/23 | 3º ano, 1º semestre

Mercados Locais e Turismo Rural: Freguesias de Aguiar


de Sousa e Sobreira

Up202005262 | Artur Santos Martins

Up202005271| Gabriel Lemos Amorim

Up202005119| Rúben Raúl Martins Sousa

1
Índice

1-Introdução……………………………………………………………………………………3

1.1-Enquadramento Geográfico……………………………………………………………... 4

1.2 -Caracterização Agrícola…………………………………………………………………4

1.3- Mercados Locais em Aguiar de Sousa e Sobreira……………………..……………,…..7

1.4- Turismo Rural…………………………………………………………....……………...9

2- Metodologia e Delimitação do Problema………………..…………………..…………….10

3- Trabalho de Campo………………………………………………………………………...11

3.1- Participantes…………………………………………………………………………….11

3.2 Inquérito…………………………………………………………………………………11

3.3 Procedimento de Análise de Dados……………………………………………………..12

5-Conclusão…………………………………………………………………………………..14

Referências bibliográficas……………………………………………………………………15

Anexos………………………………………………………………………………………..16

2
1. Introdução

O presente trabalho, realizado no âmbito da Unidade Curricular da Licenciatura em Geografia:


Dinâmicas Rurais na União Europeia, visa o desenvolvimento social, econômico e ambiental, das
freguesias de Aguiar de Sousa e Sobreira, pertencentes ao concelho de Paredes, através da construção
de Mercados Locais e do investimento no respetivo Turismo Rural.
Neste sentido, a escolha destas freguesias deve-se ao recente investimento de um valor de 160
mil euros na construção de dois mercados locais nessas freguesias, com o objetivo de impulsionar o
crescimento económico, o desenvolvimento social e a valorização ambiental do território.
Assim, ao longo deste trabalho, iremos começar por fazer um enquadramento geográfico das
freguesias de Aguiar de Sousa e de Sobreira, bem como uma caracterização agrícola dessa região,
abordando ainda a temática dos mercados locais e do turismo rural, de seguida prosseguiremos para a
metodologia e delimitação do problema e posteriormente, focaremos a nossa atenção no trabalho de
campo, realizado com base num inquérito feito aos habitantes das duas freguesias. Após todos estes
passos, passaremos à apresentação de resultados e faremos uma discussão dos mesmos, terminando
com uma breve conclusão referente à nossa perspetiva sobre o tema e toda a informação que
adquirimos ao longo do trabalho.
Antes disso, numa primeira fase, para que este tema possa ser abordado de uma forma
totalmente esclarecedora, verifica-se a importância de clarificar os seguintes conceitos: Área Rural e
Mercados locais/de produtores. Assim, o conceito de Áreas Rurais, de uma forma simples, refere-se a
áreas com uma densidade demográfica relativamente baixa, destinadas para atividades como a
agricultura, pecuária, silvicultura, entre outras, apresentando um nível de desenvolvimento mais
atrasado. Mercado local é um sítio de acesso público onde os produtores agrícolas e agroalimentares
vendem os seus produtos diretamente aos consumidores, criando uma relação de proximidade e um
local onde se pode encontrar produtos de qualidade oriundos da região.

Legenda relativa às citações:


o Artur Martins - Amarelo
o Gabriel Amorim - Verde
o Ruben Sousa- Laranja

Palavras-Chave: Agricultura, Mercados Locais, Turismo Rural, Desenvolvimento Rural, Recursos


Endógenos.

3
1.1 Enquadramento Geográfica das Freguesias

Primeiramente, iremos começar por fazer um breve


enquadramento geográfica das freguesias de Aguiar de
Sousa e da Sobreira. Assim, estas freguesias estão
localizadas na zona Sul do município de Paredes. Nesse
sentido, estas são freguesias com traços rurais: Aguiar de
Sousa apresentava, em 2011, cerca de 22,3 km2 de área e
cerca de 1631 habitantes, com uma densidade de 73,1
hab/km2. Já a freguesia da Sobreira apresentava em 2011,
uma área de cerca de 21,02 km2 e cerca de 4300
habitantes, sendo a sua densidade populacional de 204,6
km2. Note-se que apesar da sua proximidade e das áreas
semelhantes, existe uma diferença significativa no
Figura 1- Mapa geográfico do concelho de Paredes
número de habitantes.

1.2 Caracterização Agrícola


Prosseguimos agora com uma caracterização agrícola da região, para que seja possível
analisar o estado atual do meio rural em ambas as freguesias, fazendo uma relação com a importância
que isso possa ter na construção dos mercados locais. Neste sentido, foram analisados diferentes
indicadores, como a variação da população empregada por setor, entre 2001 e 2011; as explorações
agrícolas por classes de SAU; também a variação do número de produtores singulares e o número de
produtores singulares por grupo etário, estes últimos três analisados desde 1989 até 2019.
Foram analisados estes indicadores relativos à variação, contudo, constam nos anexos, os
mesmos indicadores, mas referentes ao peso relativo da população empregada, das explorações
agrícolas, como a média da superfície agrícola utilizada, entre outros. Optamos por selecionar os 4
indicadores referidos anteriormente, e os restantes nos anexos, pois acreditamos que estes são os
necessários para fazer uma caracterização agrícola precisa e de qualidade.

Tabela 1 - População empregada por setor, em Aguiar de Sousa e Sobreira entre 2001 e 2011 e respetiva variação.

4
Na tabela 1, relativa à população empregada por setor, entre 2001 e 2011, é possível observar
uma queda da percentagem da população empregada nos diferentes setores, o primário, o secundário e
o terciário. A variação mais significativa acontece no setor primário na freguesia da Sobreira, diminuiu
69%, e em Aguiar de Sousa a variação foi de 45% negativos. Para além disso, constatamos que, visto
que o setor primário está associado, por exemplo, à agricultura, com o passar dos anos tem vindo a
perder preponderância e os valores são cada vez mais baixos, ou seja, deixou de ser atrativo para as
gerações futuras que procuram melhores condições de vida. Em contrapartida o setor terciário
associado à industrialização e ao comércio, tem vindo a crescer e foi o único que apresentou uma
variação positiva, de 27% na Sobreira e de 10% em Aguiar de Sousa. Podemos então concluir que
existe uma migração entre setores, em que o setor primário está a ser abandonado aos poucos e o setor
terciário está a destacar-se, com o secundário a apresentar variações negativas, não tão acentuadas
como no setor primário, mas com uma variação de -10% em Aguiar de Sousa e de -27% na Sobreira.
Outra observação passa pelas diferentes características de cada freguesia, com Aguiar de
Sousa apesar de apresentar uma área mais elevada, a sua densidade populacional é baixa,
demonstrando características mais rurais que a Sobreira, como podemos observar pelos valores do
setor terciário em 2011, na sobreira é de 1100 empregados e em Aguiar de Sousa é de 363.
Demonstrando um maior desenvolvimento da freguesia da Sobreira.

Tabela 2- Explorações agrícolas (Nº), total, por classes de SAU, em Aguiar de Sousa e Sobreira entre 1989 e 2019 e respetiva variação

Em relação à tabela 2, correspondente à variação do número das explorações agrícolas, por


classe de SAU, é possível destacar 5 tipos de divisão das explorações agrícolas, desde inferiores a 1 ha
até às superiores a 50 ha.
Um dos aspetos mais relevantes na análise à tabela 2, é a diminuição significativa do número
de explorações. Em Aguiar de Sousa, as explorações diminuíram 49%, ou seja, de 94 explorações em
1989, passou a haver 48 em 2019. Associado a essa queda, observamos que nos 3 tipos de exploração
presentes, todos diminuíram de 1989 para 2019, destacamos as explorações inferiores a 1 ha, com uma
variação negativa de 83%, de 35 explorações passaram para 6. O tipo de exploração que predomina
são as de 1 ha e as inferiores a 5 ha, estas foram afetadas, com uma variação de -26%, de 54 passaram
a 40. Para finalizar destacamos as de 5 ha e inferiores a 20 ha, com uma variação de -60%, onde já
eram poucas em 1989, um total de 5 mas em 2019 passaram a ser só 2. Como característica do solo

5
português, não existem muitas explorações de dimensões elevadas, de modo que se verifica que
Aguiar de Sousa não apresenta nenhuma exploração superior aos 20 ha.
Relativamente a Sobreira, a diminuição foi ainda mais significativa, o número total de
explorações apresentou uma variação negativa de 62%, ou seja, de 117 explorações em 1989, em 2019
esse valor era de 45, menos que Aguiar de Sousa. A freguesia ao longo dos anos tem apresentado um
bom nível de desenvolvimento comparativamente com algumas freguesias ao seu redor, como é o caso
de Aguiar de Sousa, então isso pode estar a proporcionar e a justificar a diminuição destas
explorações. O que predominava era as explorações inferiores a 1 ha, ms observou-se uma queda de
88%, de 58 explorações passou a haver apenas 7, o que resistiu mais dentro desta diminuição
significativa foram as explorações de 1 ha e inferiores a 5 ha, com uma variação de -33%, de 51
passaram para 34 explorações. Uma curiosidade era a existência de uma exploração de 20 ha e inferior
a 50 ha mas acabou por desaparecer até 2019, provavelmente terá se dividido.

Tabela 3- Superfície Agrícola Utilizada, média por exploração agrícola (ha), em Aguiar de Sousa e Sobreira, entre 1989 e 2019 e
respetiva variação

De forma a completar a análise anterior, apresentamos agora a média da superfície agrícola


utilizada, por exploração agrícola e respetiva variação. Assim, concluímos que, apesar da diminuição
significativa das explorações, a média da superfície agrícola utilizada tem aumentado desde 1989 em
ambas as freguesias, com destaque para a Sobreira com uma subida de 56%. Aguiar de Sousa também
apresentou uma subida, mas de uma forma mais lenta, apresentando um aumento de 11%, desde 1989
até 2019. Para finalizar a caracterização agrícola, decidimos observar a estrutura etária para que seja
possível prever e analisar o futuro destes meios rurais.

Tabela 4-População agrícola familiar (N.º), por grupo etário, em Aguiar de Sousa e Sobreira, entre 1989 e 2019 e respetiva variação

Através deste indicador, é possível afirmar que as duas localidades sofreram perdas
significativas, no que toca a População Agrícola Familiar, dentro deste período Aguiar de Sousa, teve

6
uma perda de 55% e Sobreira teve uma perda de 73 %. Ao longo deste período, apesar das perdas,
Sobreira acaba por ter sempre mais população agrícola familiar, do que Aguiar de Sousa, exceto no
ano de 2019. Em ambas localidades, o grupo etário 16-24 anos, apresentava-se como o grupo maior
nos anos de 1989 e 1999, mas em 2009 e 2019, foi o grupo etário 65 e mais anos com mais população
familiar nas duas freguesias.

Tabela 6- Produtores agrícolas singulares (Nº), por grupo etário, em Aguiar de Sousa e Sobreira, entre 1989 e 2019 e respetiva variação

É certo afirmar que durante os 30 anos as freguesias foram perdendo produtores agrícolas
exponencialmente, a variação entre as duas datas limites (1989 e 2019) em Aguiar de Sousa foi de -
49%, sendo os grupos etários 16-24 anos; 25-34 anos e 35-44 anos os que mais perderam, destes três
os primeiros dois grupos deixaram de ter agricultores singulares, o primeiro já não tem registos em
1999 e o segundo deixa de ter registo em 2009, já o terceiro grupo perdeu cerca de 79% de
agricultores neste período de 30 anos, sendo que a partir de 1999 o nº já se encontra debaixo de uma
dezena.

Na freguesia da Sobreira a perda de agricultores no total foi cerca de 62%, mas nesta
localidade é possível afirmar que todos os grupos etários perderam significativamente, o grupo etário
mais jovem encontra-se sem registos desde 1999, já o grupo etário 25-34 anos encontrava-se na meia
dezena em 1989, mas a partir de 1999 até 2019 o registou-se um número sempre abaixo da meia
dezena. O grupo etário 35-44 anos registou uma perda cerca de 91%, passando de 23 agricultores
singulares para simplesmente 2 agricultores, sendo que a partir de 2009 o registo manteve-se abaixo de
uma dezena, apesar do grupo etário 45-54 anos apresentar um registo abaixo de uma dezena desde
2009, apresentou uma perda de 78% desde 1989.

1.3- Mercados Locais em Aguiar de Sousa e Sobreira


Em janeiro de 2022, foi anunciado o investimento da Câmara de Paredes e de Ader-Sousa na
recuperação de dois espaços urbanos com o intuito de criar dois mercados de produtos locais, em que
o investimento estimado será de 160 mil euros, por isso, podemos anunciar que em 2023, Aguiar de
Sousa e a Sobreira, vão ter mercados locais. O principal objetivo da construção destes mercados é
promover o contacto entre o produtor e o consumidor de uma forma direta, onde o presidente da

7
Câmara de Paredes explica ao Jornal “Ao Verdadeiro Olhar”, que os mercados locais da Sobreira e de
Aguiar pretendem, “incentivar práticas de cultura menos intensivas e ambientalmente mais
sustentáveis”
Relacionado com esse investimento, está em vigor outro projeto, o "Cá Paredes”, que consiste
num programa estratégico de médio e longo prazo para a zona Sul do Município de Paredes. Este
programa visa o crescimento económico, o desenvolvimento social e a valorização ambiental do
território, composto pelas freguesias do Sul do concelho.
Atualmente, os consumidores dispõem de diferentes alternativas para a compra de produtos
alimentares, através do e-commerce, cada vez mais utilizado nos dias de hoje, em grande ou pequenas
superfícies comerciais, através da compra direta aos produtores (feiras, assim como lojas nos pontos
de produção) e em Mercados específicos.
Desta forma, os mercados locais consistem em locais de acesso público onde os produtores
vendem os seus produtos diretamente aos consumidores. Para os consumidores destes produtos, esse
contacto direto só traz benefícios pois facilitam o desenvolvimento económico local, criam laços de
identidade e solidariedade entre o consumidor e o produtor (Trobe, 2008). Estes mercados são
reservados a produtores agrícolas e agroalimentares e os produtos comercializados são exclusivamente
da produção própria. Locais onde se vendem produtos frescos da época, produtos artesanais a partir de
matéria-prima local, leguminosas, entre outros. Segundo Lindner (2008), para que os produtos se
tornem um atrativo a mais, sempre que possível é desejável que estes estejam ligados à cultura da
comunidade, demonstrando a identidade do local onde a atividade turística encontra-se inserida.
Em relação ao aspeto ambiental, que era um dos objetivos, a venda nestes mercados também
traz grandes benefícios ambientais, pois diminui a distância que os alimentos percorrem não
necessitando de percorrer muitas vezes quilómetros de camiões, carros, navios e aviões, diminuindo
assim a poluição ambiental global (Trobe, 2008).
O local onde são construídos é importante, pois no caso da Freguesia de Aguiar de Sousa e da
Sobreira, estão a ser reaproveitados certos espaços para a construção dos mercados. Assim, o mercado
da Sobreira vai se situar num edifício que já foi sede da Junta de Freguesia da Sobreira e o mercado de
Aguiar de Sousa será instalado na Escola Primária EB1
Acrescentando que foi disponibilizada, aos cidadãos, a informação de que qualquer pequeno
proprietário do concelho poderá solicitar a sua participação nestes mercados locais, promovendo o
crescimento e de certa forma um método de atratividade.
Foi observado alguns pontos positivos através deste projeto assim como alguns pontos
negativos. Alguns pontos positivos, foi a proximidade entre o consumidor e o produtor, assim como
algum crescimento económico e no ponto de vista do desenvolvimento rural, foi ótimo, porque no
mundo rural observa-se um potencial muito significativo e neste sentido uma das grandes apostas para
os territórios rurais, passa por intervenções diretas, como foi o caso, aproveitando-se as vantagens
locais e privilegiando-se o potencial humano existente. (Paula Reis 2012).

8
Além da pouca adesão neste projeto um dos pontos negativos neste projeto, foi a
imprevisibilidade em relação ao futuro, com a falta de sucessão geracional, mas para combater tal
situação o sucesso da localidade dependerá, da sua capacidade de chamar a si a resolução dos
problemas e da organização de vários agentes em torno de objetivos comuns e da sua adaptação com
sucesso às pressões externa. (Paula Reis 2022)

1.4 Turismo Rural

No seguimento deste contexto, escolhemos abordar também o tema do Turismo Rural, pois
consideramos que este investimento em mercados locais e o seu sucesso pode estar diretamente
relacionado com certos pontos turísticos, e porque o turismo segundo Cavaco (1999), tem vindo a ser
reconhecido institucionalmente “pelas suas potencialidades como factor de desenvolvimento, a várias
escalas, da nacional à local. São efeitos múltiplos e de grande visibilidade aos seus impactos, diretos,
indiretos e induzidos” (Citada em Figueiredo, 2004:74)
Neste tópico, destacamos Aguiar de Sousa, pois em relação à sobreira, apresenta um número
maior de pontos turísticos procurados. Nesta freguesia é possível visitar um monumento da rota do
românico, que é a antiga torre do castelo de Aguiar de Sousa que se situava na rede defensiva do
território, a que reis Asturianos deram particular atenção, nos séculos IX e X, figura 2.
Monumento este que em 2012 foi classificado como monumento de interesse público, apesar
da sua antiguidade e história, e pela integração na rota do românico, um serviço turístico inovador que
Paula Reis (2012) afirma ser crucial para que o turismo nos territórios rurais seja um instrumento de
desenvolvimento dos mesmos, mas infelizmente apresenta algumas problemas que fazem com que não
atraia muitos turistas para esta zona, pois apesar de ter sido remodelado e estar em bom estado de
conservação o seu acesso é muito difícil pois é rodeado por montes altos que lhe retiram a visibilidade
e pela falta de limpeza do mato à sua volta, complica o acesso ao turismo.

Figura 2- Torre do Castelo em Aguiar de Sousa

Em Aguiar de Sousa também é possível visitar a Senhora do Salto, que é um local paisagístico
que se encontra no meio de altas serras por onde corre o rio Sousa. Neste local podemos observar
várias características geológicas. Este lugar proporciona momentos de tranquilidade, frescura e as
escarpas permitem a prática de rappel, escaladas, BTT ou pedestrianismo. Ao contrário da torre do
castelo de Aguiar de Sousa, este local encontra-se muito bem aproveitado, com estradas de fácil
acesso. maravilhosa.

9
Figura 3- Senhora do Salto em Aguiar de Sousa

Em relação à Sobreira, observamos uma falta de pontos turísticos comparativamente a Aguiar


de Sousa, podemos destacar as Minas de Ouro de Castromil, que está aberto a visitas, devido a falta de
manutenção e de investimento, uma das críticas passa pela falta de aproveitamento desta área, que
comparado com a localidade vizinha fez um investimento nos recursos endógenos.
Através da análise bibliográfica podemos observar a relação que existe entre os mercados
locais e o turismo rural, onde se destaca importância que o Turismo rural pode ter na valorização dos
modos de vida do meio rural e a sua relação com os produtos locais, podendo dinamizar a economia e
proporcionar uma reconexão entre produtores e consumidores, (a importância da valorização dos
produtos, é um fator essencial na sua inserção nos mercados, garantindo renda e emprego aos
agricultores, permanência no meio rural e reprodução socioeconómico do grupo familiar (MIOR,
2005; PREZOTTO, 2016). Para além disso, o turismo rural pode acabar por agregar valor aos produtos
locais.
Um dos fatores mais importante e característicos destes produtos é a sua qualidade e a maneira
que eles asseguram a mesma, e chegamos à conclusão de que eles vão assegurar a qualidade dos
produtos e a colocação nos mercados através da confirmação dos consumidores, ou seja, através da
sua opinião (Nichele,2010), são então estabelecidos elos de confiança entre os consumidores e os
produtores a partir da comercialização direta de produtos locais, proporcionadas pelo turismo rural.

2. Metodologia
Numa fase inicial, para a realização deste trabalho, auxiliámo-nos de alguma pesquisa
bibliográfica, baseada em artigos científicos, entrevistas e programas específicos, referentes ao tema,
com o objetivo de aprofundar alguns conhecimentos e perceber o panorama atual das áreas rurais,
enquadrando a nossa área de trabalho nas ideias do programa, “Cá Paredes”.
Assim, e após adquirirmos a informação necessária acerca dessa temática, realizamos um
inquérito, num formato de entrevista, sobre os novos mercados locais, aos residentes das freguesias de
Aguiar de Sousa e Sobreira, em Paredes, visto que este investimento tem como objetivo de
crescimento económico, desenvolvimento social e a valorização ambiental do território, através do
incentivo de práticas de culturas menos intensivas e ambientais sustentáveis.
Nas duas freguesias as amostras do inquérito foram diferentes, na freguesia de Aguiar de
Sousa, foram cerca de 13 participantes, enquanto na Sobreira contamos com 20 participantes.
Através do inquérito procuramos perceber o ponto de vista dos consumidores e produtores e a
importância que os mercados locais têm na vida da população e no desenvolvimento.

10
Depois de analisar o desenvolvimento da região nesses 3 níveis, observamos as consequências
desse possível desenvolvimento, mencionando o possível aumento Turismo Rural e as mais-valia que
pode agregar à região, mas também os aspetos menos positivos, como a questão da afluência e da
adesão, que pode virar uma incógnita, algo que vamos tentar perceber com a realização do trabalho de
campo.
Depois de analisarmos as respostas ao inquérito, mais a informação obtida através da pesquisa
bibliográfica, vamos tirar algumas conclusões e demonstrar a importância dos mercados locais para
todas as áreas rurais.
Procuramos também relacionar a existência desses mercados com o turismo da região já existente,
com a presença dos mercados românicos e com o contributo que isso pode originar à região
O objetivo final passa por concluir e tentar perceber e defender o investimento em
determinadas áreas e os efeitos que podem gerar, tanto positivos como negativos.

3. Trabalho de Campo
3.1 Participantes
Puderam responder a este inquérito todos os habitantes, maiores de 18 anos, residentes das
freguesias de Aguiar de Sousa e Sobreira.
Na freguesia de Aguiar de Sousa conseguimos abordar 13 pessoas, enquanto na freguesia de
Sobreira, conseguimos abordar 20 pessoas.
3.2 Inquérito
Para o trabalho de campo, optamos pela realização de um inquérito à população residente das
freguesias de Aguiar de Sousa e Sobreira. O inquérito é constituído por 6 questões abertas e foi
realizado presencialmente, no qual abordamos residentes das localidades, com as respetivas questões,
e onde as respostas eram anotadas manualmente pelo investigador.

As perguntas do inquérito foram:


1- Sabia da construção de um novo mercado local?
2- Considera benéfico o investimento em mercados locais, nesta freguesia?
3- Sente a falta de um mercado nesta região?
4- Tenciona frequentar o novo mercado?
1. 5-Prefere produtos locais ou produtos industrializados?
5- Considera que compensa pagar mais por um produto de maior qualidade?

3.3 Procedimento de Análise de dados

11
Pergunta 1: Sabia da construção de um novo mercado local?

Aguiar de Sousa Sobreira

Através desta questão a nossa intenção era perceber até que ponto é que a população estava
informada sobre este investimento, observamos que no geral as pessoas sabiam em ambas as
freguesias, mas que em Aguiar de Sousa observamos uma maior desinformação.

Pergunta 2: Considera benéfico o investimento em mercados locais, nesta freguesia?

Aguiar de Sousa Sobreira

Prosseguimos para a segunda questão, onde foi perguntado se achavam benéfico este
investimento e através dos gráficos circulares, concluímos que sim, os cidadãos acham benéfico e
acreditam que pode ter um impacto positivo. As pessoas que disseram que não, acreditam que pode
não ter muita adesão e por isso têm dúvidas sobre o sucesso dos mercados.

Pergunta 3: Sente a falta de um mercado nesta região?

Aguiar de Sousa Sobreira

Respeito à pergunta 3, observamos uma unanimidade em Aguiar de Sousa, correspondente à


pergunta se sentem falta de um mercado local na região, todos os inquiridos disseram que sim e em
contrapartida, na Sobreira, a maioria respondeu que não, pois preferem optar por outros locais para
efetuar as suas compras e acham que a criação deste mercado, não vai alterar as suas preferências,
devido também à grande oferta de mercados na freguesia da Sobreira.

12
Pergunta 4: Tenciona frequentar o novo mercado?

Aguiar de Sousa Sobreira

De uma forma breve e direta, em Aguiar de Sousa a curiosidade é maior e os 13 participantes


querem visitar o mercado, e na Sobreira 13 disseram que sim e os restantes disseram que não, mas que
não excluíam a ideia de ir lá uma vez só para perceber e observar o resultado final.

Pergunta 5: Prefere produtos locais ou produtos industrializados?

Aguiar de Sousa Sobreira

Aproximamo-nos do fim do inquérito, com uma das últimas perguntas sobre a preferência em
produtos locais ou industrializados, onde chegamos a um consenso de que todas as pessoas preferem
produtos locais.

Pergunta 6: Considera que compensa pagar mais por um produto de maior qualidade ?

Aguiar de Sousa Sobreira

A última pergunta é referente aos preços dos produtos, um dos aspetos negativos associados aos
produtos locais, através desta pergunta observamos que os inquiridos não se importam de pagar pela
qualidade, mas sempre dependendo do valor.

13
4. Conclusão

Através da realização deste trabalho, foi possível aprofundar diversos conceitos e entender
melhor a realidade rural. Após a análise geográfica e agrícola foi possível concluir
que o cenário encontrado era o esperado, o desaparecimento dos jovens no setor primário e que o
investimento nos recursos endógenos é essencial para o desenvolvimento das áreas de estudo e que
uma das melhores abordagens ao desenvolvimento seria a incorporação de elementos dos modelos
“cima para baixo” e do modelo “baixo para cima”, num plano à escala regional.
Neste sentido, observamos que, por exemplo, o setor terciário predomina, o primário é cada
vez mais insignificante, associado a isso as produções singulares reduziram para mais de metade nos
últimos 30 anos, existe uma grande preocupação devido ao elevado envelhecimento da população,
surgindo a questão da continuidade no futuro, ou seja, existem muitos aspetos preocupantes, que
infelizmente são a realidade da agricultura em Portugal, como das áreas rurais continentais do país.
Após a consolidação das características agrícolas desta área, começamos a relacionar com as
características dos mercados locais e as capacidades turísticas de cada freguesia e começamos a tirar
algumas conclusões.
Entendemos que na freguesia de Aguiar de Sousa seria um bom investimento devido a falta de
oferta de mercados na região, tendo a população de se deslocar a outra freguesia para conseguir fazer
as suas compras, associado também a um conjunto de pontos turísticos que pode cativar e atrair mais
pessoas a frequentar esta freguesia e o respetivo mercado.
Na sobreira, pelo contrário, devido à elevada oferta e competitividade de mercados presentes na
região, achamos que a construção deste mercado possa passar ao lado do verdadeiro objetivo e que as
pessoas acabem por não frequentar, pois provavelmente iria acabar por ser mais um mercado.
Os mercados, em si, estão cada vez menos atrativos e a adesão é cada vez menor, mas nestes
casos, a esperança é que o turismo consiga valorizar estas regiões e os respetivos produtos. No fundo
consideramos que o sucesso destes mercados está dependente dos pontos atrativos dessas áreas rurais,
se não acaba por ser só mais um mercado, por isso acreditamos que o turismo pode valorizar a região e
os produtos, promovendo o desenvolvimento. Com este trabalho foi possível reafirmar a importância
do Turismo, como disse Balabanian (1999) “quando não sabemos mais o que fazer por uma região
rural frágil, quando o êxodo populacional parece ser inexorável, quando tudo o que podemos imaginar
como apoio à agricultura e aos agricultores parece ineficaz, um recurso é aparentemente sempre fácil:
o turismo verde, ou seja, o turismo integrado nos espaços e nas sociedades rurais, por exemplo, o
turismo integrado nos espaços e nas sociedades rurais.” (Balabanian, 1999:255 citado em Figueiredo,
2004:73). Não só o turismo como os recursos endógenos acabam por ser essenciais para o
desenvolvimento das áreas rurais, que foram completamente ultrapassadas pelos polos de

14
investimentos no setor secundário, e sem estes recursos torna-se mais difícil a valorização para estas
áreas para mitigar o efeito do modelo de concentração /difusão/urbano/industrial, que foi adotado após
a Segunda Guerra Mundial.
No seguimento deste contexto, esta parece uma boa opção para promover o desenvolvimento
econômico, com a parte social a ser determinante e sempre com a preocupação em termos ambientais.
A parte econômica acaba por ser a parte mais importante, pois é a fonte de rendimento dos produtores
e da respetiva freguesia para continuar a promover o desenvolvimento, como podemos observar com a
análise feita anteriormente. Já em relação à parte social, através do inquérito foi possível perceber as
diferentes perspetivas das respetivas freguesias, com a freguesia de Aguiar de Sousa a demonstrar um
interesse maior no mercado. Existe capacidade para que este projeto, de desenvolver a parte sul de
Paredes, se concretize, estes investimentos são importantes e ainda por cima quando aproveitam
estabelecimentos abandonados ou degradados, por exemplo.
Estas áreas não podem ser abandonadas e é preciso lutar pela sobrevivência e o desenvolvimento
destas regiões, se não o futuro não é promissor.
Em suma, o turismo apresenta um papel fundamental para o desenvolvimento, é importante
atrair pessoas, atrair investimentos, patrocinadores e é preciso mudança e pensar no turismo é pensar
no futuro. Em relação ao Turismo destas áreas, apresentam algumas diferenças, mas acreditamos que
existem algumas medidas que possam ajudar a potencializar estas áreas e uma das mais importantes é
a manutenção e o próprio investimento nestas áreas, deparamo-nos com vários pontos turísticos que ou
apresentam acessibilidades reduzidas, ou degradação, falta de manutenção, tudo influência e em vez
de atrair pode acabar por afastar os turistas.

Referências Bibliográficas:

Duarte, X., & Brasil. (n.d.). A COMPRA DE PRODUTOS LOCAIS: MERCADOS MUNICIPAIS VERSUS
MODERNA DISTRIBUIÇÃO. Retrieved December 1, 2022

Trobe, H. L. (2001). Farmers´ markets: consuming local rural produce. International Journal of Consumer
Studies, 25(3), 181-192

Duarte, X., & Brasil. (n.d.). A COMPRA DE PRODUTOS LOCAIS: MERCADOS MUNICIPAIS

VERSUS MODERNA DISTRIBUIÇÃO. Retrieved December 1, 2022

Trobe, H. L. (2001). Farmers’ markets: consuming local rural produce. International Journal of
Consumer Studies, 25(3), 181–192. https://doi.org/10.1046/j.1470-6431.2001.00171.x

https://www.rederural.gov.pt/circuitos-curtos-agroalimentares/2016-06-01-13-36-46/mercado-de-produtores

Mercados locais definição

15
https://www.forumdascidades.pt/content/area-ruralcampo

áreas rurais definição

Anexos

Anexo 1
Tabelas que não usamos

Anexo 2
História da Torre de Aguiar de Sousa
Séc. X – Provável construção do Castelo;

995 – Foi tomado por Almançor;

1220 – Nas Inquirições este território é dominado pelos Sousas e é designada pelo Termo de
Ferreira e Termo de Aguiar, sendo o centro administrativo no Castelo de Aguiar de Sousa;

1258 – É criado o Julgado de Aguiar de Sousa;

1411 – Foral de D. João I;

1513 (25 de Novembro) – D. Manuel II atribuiu o Foral a "Aguiar de Sousa";

1758 – Aguiar de Sousa pertencia à Comarca de Penafiel;

1837 – Aguiar de Sousa é extinto como concelho e integrado no de Paredes;

1999 – A proprietária era a viúva do Sr. Amável Costa;

2004 – Integração da Torre do Castelo de Aguiar de Sousa na Rota do Românico do Vale do


Sousa;

2008 – Obras de conservação e valorização geral do imóvel, no âmbito do projeto da Rota do


Românico do Vale do Sousa;

2012 – A Torre do Castelo de Aguiar de Sousa é classificada como Monumento de Interesse


Público;

2011-2013 – Trabalhos gerais de manutenção e recalçamento de estruturas; trabalhos de


limpeza da vegetação infestante; revisão da iluminação; reabilitação dos acessos à Torre;
realização de trabalhos arqueológicos na área envolvente à Torre, no âmbito da Rota do
Românico.

16
Anexo 3

Ficha de Leitura nº1

Discente: Rúben Raul Martins Sousa – Grupo 8

Ø Título do artigo: Farmers’ markets: consuming local rural produce

Ø Autor: Helen la Trobe

Ø Ano de publicação: 2008

Ø Editor: Wiley

Ø Revista: Consumer Studies, Volume 5

Ø Páginas do artigo: 1-12

Ø Palavras-chave: Mercado de agricultores, produtos alimentares, produtos orgânicos.

Resumo:

Este artigo fala sobre a comercialização dos alimentos e centra-se principalmente em mercados de
agricultores espalhados pelo Reino Unido. O Reino Unido vive neste momento numa situação
preocupante já que 70% dos seus produtos biológicos são importados, bem como os seus vegetais,
pois 40% são também importados da Europa. Mas tem havido progressos pois em 1980 existiam 1200
mercados de agricultores locais e em 1999 já eram 3000 valor que tem vindo a aumentar até aos dias
de hoje.

No artigo podemos ver a opinião diretamente dos produtores e dos consumidores, como meio de
resolver os problemas que os “intermediários”, pessoas que efetuaram a ligação entre produtores e
consumidores, tem nos produtos que vão vender. Para os consumidores destes produtos, esse contacto
direto só traz benefícios pois facilitam o desenvolvimento económico local, criam laços de identidade
e solidariedade entre o consumidor e o produtor, oferecem uma melhor frescura dos produtos,

17
alimentos mais saudáveis e em muitos casos, ainda a preços mais acessíveis, pois o alimento de
supermercados tem o valor do transporte acrescido no seu valor final. Essa evidência pode ser
corroborada por alguns estudos, como efetuado no Lewes Farmers Market, onde foram comparados
produtos orgânicos e frescos que estavam à disposição no mercado com os produtos equivalentes, mas
em supermercados. Essa comparação revelou que muitos dos produtos vendidos no mercado de
agricultores Lewes Farmers Market, eram mais baratos que os produtos vendidos nos supermercados
mais próximos. Ao longo do artigo podemos ver como, através da compra de produtos locais, os
consumidores estão a dar um apoio à economia local e assim, ajudam esse comércio a revitalizar-se e a
evoluir.

Com a crise na agricultura britânica, a venda nestes mercados ajuda os produtores a “sobreviver”, pois
podem reter uma maior margem monetária na venda dos produtos. A venda destes mercados também
traz grandes benefícios ambientais, pois diminui a distância que os alimentos percorrem não
necessitando de percorrer muitas vezes quilómetros de camiões, carros, navios e aviões, diminuindo
assim a poluição ambiental global.

Foi feito um questionário pessoalmente a 146 clientes de 3 mercados diferentes, onde foram abordados
temas como: motivações para frequentar o mercado; como poderá ser usado o mercado no futuro;
como poderá ser melhorado no futuro; que atitudes e comportamentos tomam na compra em relação a
produtos orgânicos e alimentos transgênicos; quais os fatores importantes para os clientes na escolha
de produtos frescos; e que preocupação tem em relação à forma como os alimentos são produzidos.
Concluíram que a maioria das pessoas vai a esses mercados à procura de produtos com mais qualidade
e mais frescos (com 57% de respostas) e não pela ausência de resíduos agrotóxicos (com 0,5% de
respostas)

Concluindo, podemos observar que a maioria dos produtores e agricultores que vendem nestes
mercados são de pequena escala, menos dependentes de produtos químicos e criam animais em
sistemas naturais extensivos ou ao ar livre. Além disso, ao comprar diretamente à pessoa que cultivou
ou criou o produto dá aos clientes a oportunidade de perguntar sobre métodos de produção destes
alimentos e sistemas de criação de animais, etc. Isso melhora a responsabilidade e ajuda os clientes a
superar quaisquer preocupações que possam ter em relação às questões éticas dos animais de criação,
bem como à qualidade e segurança dos alimentos que estão a comprar.

18
Ficha de Leitura nº2

Discente: Ruben Raul Martins Sousa – Grupo 8

Ø Título do artigo: A compra de produtos locais: Mercados municipais versus moderna


distribuição

Ø Autores: Duarte Xara Brasil, Pedro Pardal, João Pedro Cordeiro, Luísa Cagica Carvalho

Ø Ano de publicação: 2021

Ø Editora: DEG

Ø Revista: Internacional Forum on management

Ø Páginas do artigo: 1 - 13

Ø Palavras-chave: Consumidor, Mercados Municipais, Produtos Locais, Sustentabilidade

Resumo:

Neste artigo podemos observar a reflexão sobre os eixos de diferenciação que poderão ser
evidenciados pelos mercados municipais e pelos comerciantes tradicionais na venda de produtos locais
junto da sua comunidade.

Nos dias de hoje os consumidores dispõem de diferentes alternativas para a compra de produtos
alimentares, podendo ser realizados online (ex.Amazon), em lojas físicas de diferentes formatos (como
Hiper e supermercados, lojas de bairro, comerciantes em mercados) compra direta a produtores, em
Mercados específicos, feiras, venda porta a porta ou até deslocação até ao local de produção.

As principais insígnias de comércio retalhista alimentar formam a designada “Moderna Distribuição”


que inclui diferentes opções/formatos comerciais, geralmente caracterizados através de uma tipologia
usada pela empresa de estudos de Mercado Nielsen, que incluem hipermercados, (pontos de venda
com mais de 2500m2), supermercados grandes (1000 a 24999 m2), supermercados pequenos 400 a
999 m2) e livre- serviços (50 a 299m2), sendo que em 2020 os hipermercados representaram 24,2% do
mercado, os supermercados grandes (35,5%), supermercados pequenos (28,9%), livre Serviços

19
(11,,4%). Acresce ainda, neste universo, os pontos de venda independentes e de proximidade que
representam 17,5% do Mercado, em linha com o que tinha acontecido em 2019

Em paralelo à moderna distribuição alimentar, existem canais de distribuição tradicionais compostos


por pontos de venda com menos de 50m2: pequenas mercearias, bancas em mercados municipais e em
feiras, carrinhas e estrutura de venda ambulante, vendas diretas. Também existem canais mais diretos
para os produtos locais, que podem permitir uma maior possibilidade de escolha aos consumidores e
novas oportunidades de venda aos produtores, em princípio aumentando a rentabilidade do negócio ou
permitindo a fixação de preços de venda mais baixo (Printezis & Grebitus, 2018). Nesses ifm | 51
canais, os dados de venda e de cadastramento são mais difíceis de verificar dada a frequente falta de
informação de gestão e de práticas de reporte o maior nível de informalidade das atividades. Sendo um
universo de pontos de venda muito heterogéneos, incluem-se aqui muitos pequenos comerciantes
locais, especializados em produtos e produções regionais, frequentemente localizados nos centros de
cidade e nos Mercados Municipais. Por exemplo, em 2020, no Mercado do Livramento em Setúbal,
dos 109 comerciantes (bancas) existentes, 95 dizem respeito a sociedades unipessoais (7) e
Empresários em nome individual (88)

Tem-se assistido progressivamente a uma cada vez maior preocupação por parte dos consumidores por
comportamentos de compra mais sustentáveis, que podem incluir uma maior aposta em produtos e/ou
em comerciantes locais, que permitam um maior ifm | 52 benefício para comunidades em que se
inserem, designadamente na geração de justiça social, emprego, sustentabilidade ambiental e de
riqueza (Skallerud & Wien, 2019; Vadakkepatt et al., 2020).

O conceito de “Produto Local” pode ter diversos significados, relacionados com a distância até ao
local de produção, com as divisões administrativas do território ao tipo de produto (geralmente
produto fresco, autêntico ou de elevada qualidade), com o processo de produção (tradicionais), ou
mesmo com a (geralmente pequena) dimensão da unidade de produção (Brune et al., 2020; Penney &
Prior, 2014; Skallerud & Wien, 2019).-

20
Ficha de Leitura nº1- DRUE
Discente: Gabriel Lemos Amorim – Grupo 8

Ø Título do artigo: O Turismo Rural e os Produtos Locais: Construção Social da Qualidade a


Partir da Teoria das Convenções
Ø Autor: SILVA, MARIELEN ALINE COSTA DA; SCHINAIDER, ANELISE DANIELA;
DORNELES, FILIPE MELO; SILVA, SUELEN CRISTINE COSTA DA.
Ø Ano de publicação: 2017
Ø Editora: -
Ø Revista: Rosa dos Ventos, vol. 9, núm. 3.
Ø Páginas do artigo: 1-14
Ø Palavras-chave: Turismo Rural, Produtos Locais, Teoria das Convenções, Qualidade.

Resumo:
O artigo aborda a importância que o turismo rural pode ter na valorização dos modos de vida
do meio rural e a sua relação com os produtos locais, podendo dinamizar a economia e proporcionar
uma reconexão entre produtores e consumidores. O objetivo passa então por perceber o impacto que
esta relação pode gerar nas áreas rurais e ainda o destaque para o processo de construção social de
qualidade através da Teoria das Convenções.
Abordam a evolução da agricultura e concluem que a modernização da agricultura afetou
negativamente diversos setores, o mais relevante foi o processo de exclusão social no campo, devido
às dificuldades das pequenas propriedades se adaptarem à tecnologia, provocando êxodo rural.
Acreditam que o que pode ajudar na sobrevivência desses produtores são os mercados locais e a
relação que criam com o consumidor.
Para desenvolver essas áreas o ministério do turismo acredita no potencial que o turismo tem
em agregar valor aos produtos locais. Dessa forma, pode-se entender esta prática como uma atividade
potencializadora da valorização da economia local, através do consumo de produtos locais, e também
pela geração de uma grande demanda de serviços à comunidade rural. Um dos fatores fundamentais é
a qualidade do produto, onde chegaram a conclusão de que a qualidade dos produtos em larga escala
está diretamente ligada à padronização dos processos de produção, e devido aos custos elevados, os
mais prejudicados foram os pequenos produtos. Então, eles vão assegurar a qualidade dos produtos e a
colocação nos mercados através da confirmação dos consumidores, ou seja, através da sua opinião
(Nichele,2010), são então estabelecidos elos de confiança entre os consumidores e os produtores a
partir da comercialização direta de produtos locais, proporcionadas pelo turismo rural,
Para o autor, o turismo rural é uma oportunidade dos agricultores se manterem em meio a um
mercado flutuante, através da venda direta de seus produtos aos turistas e pela demanda de serviços a
qual gera. Segundo Lindner (2008), para que os produtos se tornem um atrativo a mais, sempre que

21
possível é desejável que estes estejam ligados à cultura da comunidade, demonstrando a identidade do
local onde a atividade turística encontra-se inserida.
No que se refere à comercialização dos produtos locais podemos perceber que esta está
baseada na garantia da qualidade através da confiança estabelecida entre produtores e consumidores,
uma vez que existe a cadeia agroalimentar curta com a ocorrência da venda direta [face-to-face].
Nesse sentido, a dinâmica dos mercados locais pode ser explicada pela Teoria das Convenções, onde a
construção dos mercados e da confiança é assegurada pelas relações pessoais, que asseguram a
qualidade do produto e do produtor.

Conclui-se então, que o turismo rural pode ter um forte impacto nestas áreas, proporcionando o
contacto direto com os consumidores, criando laços de confiança e existe uma troca de informação que
vai proporcionar uma possível melhoria dos produtos e melhorar assim as vendas. Destacando ainda o
impacto que tem no desenvolvimento da região em si, tanto para os mercados locais, como para a
freguesia no geral.

Ficha de Leitura nº2 – DRUE


Discente: Gabriel Lemos Amorim – Grupo 8

Ø Título do artigo: Desenvolvimento Rural a Partir da Inserção em Mercados Agroalimentares;


Ø Autor: Sinara Pizzi Martins, Simone Bueno Camara, Luciana Fagundes Christofari, Adriano
Lago.
Ø Ano de publicação: 2020
Ø Editora: -
Ø Revista: Porto Alegre, v.2, n.2;
Ø Páginas do artigo: 1-25
Ø Palavras-chave: Pluriatividade, Desenvolvimento Local, Soberania Alimentar.

Resumo:
O objetivo deste artigo é procurar analisar as contribuições das indústrias agrícolas familiares
como estratégia de inserção de agricultores familiares no mercado, oferecendo produtos processados
de forma tradicional, saudável e sustentável, aliados a questões de segurança e soberania alimentar.
Aborda os avanços dos processos e das mudanças na agricultura, no Brasil, questionando-se como é
que se pode aumentar a oferta de alimentos a uma população mundial crescente, mas principalmente,
como garantir a soberania e a segurança alimentar e diminuir as implicações sociais, econômicas e
ambientais.
É visível a importância do desenvolvimento de novos mercados caracterizados pelas famílias
agrícolas, onde preservam os hábitos e as práticas de consumo, sem desconsiderar as contribuições dos
mercados globais de commodities na produção e oferta de alimentos.

22
Destacam a importância da valorização dos produtos, é um fator essencial na sua inserção nos
mercados, garantindo renda e emprego aos agricultores, permanência no meio rural e reprodução
socioeconómico do grupo familiar (MIOR, 2005; PREZOTTO, 2016), basicamente, esses fatores
procuram reduzir os índices de pobreza no campo, minimizam as migrações aos centros urbanos e
incentivam a sucessão familiar. Através do desenvolvimento das produções familiares relativas ao
processo da agro-industrilaização, os produtos têm ganho valor e a região também tem valorizado.
Aborda o panorama brasileiro, principalmente em Rio Grande do Sul, onde analise a evolução
e a importância das indústrias agrícolas familiares, como já mencionamos, são utilizadas para
comercializar os seus produtos e inserir-se nos mercados cada vez mais competitivos, vista então
como uma estratégia de reprodução socioeconómica, através da valorização dos seus produtos
aumentam a autonomia da família em relação aos agentes externos.
A agro-industrialização como processo de organização familiar também propõem “a inclusão social,
promovendo a participação e a equidade, especialmente de segmentos menos privilegiados como, por
exemplo, as mulheres, os idosos e os jovens” (PREZOTTO, 2016, p. 10).
Uma das conclusões é o facto de ser maioritariamente uma profissão geracional, é de geração
em geração que esse negócio se mantém ativo, mas também existem outras indústrias agrícolas que
foram criadas por incentivos de organizações e instituições.
A matéria-prima utilizada é produzida na própria propriedade familiar e/ou adquirida parcialmente ou
totalmente de outras fontes, como supermercados, cooperativas, ou até mesmo de outros agricultores.
Dependendo da quantidade de mão de obra e das produções, às vezes é necessário contratar alguém de
fora, de maneira temporária ou até mesmo permanente.
O método de vendas é de maneira direta aos consumidores, pode ser por domicílios ou em feiras
agrícolas. Segundo Agne e Waquil (2011), a comercialização direta é a mais utilizada, criando assim
laços de confiança e de proximidade.
Assim, com este artigo percebe-se a importância que as indústrias agrícolas familiares têm nos
rendimentos das famílias, e no desenvolvimento das regiões, procurando a valorização dos produtos e
da área envolvente. O método utilizado tem características mais tradicionais, mas sem esquecer as
políticas públicas já criadas, como as práticas sustentáveis, a preocupação com a sucessão e o
aperfeiçoamento tecnológico.
Finaliza com algumas sugestões sobre o que é que devia ser investigado de uma forma mais precisa,
destacando a importância dos jovens e o interesse ou a falta dele para continuar este processo das
indústrias agrícolas familiares.

23

Você também pode gostar