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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA


LICENCIATURA E BACHARELADO EM GEOGRAFIA
ANÁLISE E GESTÃO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
TP01

DIAGNÓSTICO GERAL SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS E


AS LAGOAS DE FEIRA DE SANTANA – BA: LAGOA
GRANDE

FEIRA DE SANTANA- BA
2017
ÁKILA BRITTO
ÉDILA CERQUEIRA
GABRIELLE MOREIRA
NATÁLIA LIMA
VERÔNICA RIBEIRO

Pré-Campo, apresentado como quesito avaliativo da


disciplina de Análise e Gestão de Bacias
Hidrográficas sobre a Lagoa Grande localizada no
Município de Feira de Santana – BA, no semestre de
2017.2.
Professor(a): Jemison Santos.

FEIRA DE SANTANA- BA
2017
SUMÁRIO

1. OBJETO________________________________________________________________________6
1.1 Problema_____________________________________________________________________6
1.2 Hipótese______________________________________________________________________6
2. JUSTIFICATIVA_________________________________________________________________7
3. OBJETIVO______________________________________________________________________7
3.1 Objetivos específicos____________________________________________________________7
4. CARACTERIZAÇÃO GERAL: LOCAL ESPACIAL___________________________________7
5. CARACTERIZAÇÃO: FÍSICO NATURAL__________________________________________8
5.1 Variáveis Hidro-climáticas_______________________________________________________8
5.2 Variáveis Geológicas e Geomorfológicas___________________________________________11
5.3 Variáveis Pedológicas e Biogeográficas____________________________________________14
5.4 Variáveis do Uso e ocupação das terras____________________________________________16
5.5 Variáveis Legais______________________________________________________________18
6. POLUIÇÃO X CONTAMINAÇÃO__________________________________________________20
7. INTRODUÇÃO__________________________________________________________________21
8. DIAGNÓSTICO_________________________________________________________________21
CONCLUSÃO_____________________________________________________________________26
Referências_______________________________________________________________________27
1. OBJETO

A pesquisa tem por temática analisar os recursos hídricos e as lagoas de Feira de


Santana, em especifico a Sub-bacia da Lagoa Grade. Para tanto, aqui estão representados a
Problemática e a Hipótese como elementos constituintes do objeto de estudo.

1.1 Problema

Feira de Santana é o principal entroncamento rodoviário do Norte/Nordeste do pais,


concentrando diversas BR’s e BA’s, mas também é conhecida como Santana dos Olhos
D’agua, pela presença de diversas nascentes e lagos em seu território, proporcionados pela
confluência de três bacias hidrográficas e um lençol freático muito próximo da superfície.
A Lagoa Grande passou por um processo de revitalização, o que acarretou na
transformação das áreas em seu entorno, pois a urbanização acelerada do município gerou
problemas nas áreas próximas às lagoas, estes ligados ao saneamento básico, socioculturais e
assentamentos subnormais, assim como outros problemas.
Deste modo, busca-se investigar: quais são os atuais possíveis agentes contaminantes?
Como se dá a distribuição espacial destes novos agentes? E de que forma podem ser
amenizadas as contaminações geradas pelos mesmos?

1.2 Hipótese

A revitalização da Lagoa Grande serviu apenas como obra eleitoreira para os governos
estaduais e municipais, sem antes ser executado um estudo dos agentes contaminantes,
preservação e possibilidade da mesma para que possa ser utilizada pela população ou pelo
município de forma mais contundente e assim proporcionar uma qualidade de vida eficaz para
a comunidaade, e não apenas utiliza-la como faixada para cartões postais.

2. JUSTIFICATIVA

É de saber comum a existência de diversos trabalhos voltados para as diversas lagoas


existentes no município de Feira de Santana, porém não existe nenhum trabalho específico
sobre a presença de agentes contaminantes na Sub-Bacia da Lagoa Grande e suas
distribuições espaciais. Deste modo, pretende-se ampliar as discussões voltadas à gestão de
recurso hídrico e sub-bacias ou micro-bacias em ambientes urbanos dentro do ambiente
acadêmico geográfico.
Trazendo também para a população e gestão local uma ampliação dos conhecimentos
do ambiente em que vive, proporcionando respostas a perguntas frequentes e auxiliando na
geração de programas de conservação e preservação assim como maior fiscalização ambiental
para possíveis agentes contaminantes locais.

3. OBJETIVO

Busca-se, neste trabalho, identificar possíveis pontos de contaminação da Lagoa


Grande para auxiliar na qualidade de vida da população local com propostas que amenizem a
ação deste passivo.

3.1 Objetivos específicos

 Identificar os agentes contaminantes;


 Mapear a distribuição dos agentes pela área da Sub-bacia da Lagoa Grande;
 Analisar os dados coletados transformando-os em informações;
 Propor ações de amenização.

4. CARACTERIZAÇÃO GERAL: LOCAL ESPACIAL

O município de Feira de Santana-BA destaca-se por ser o maior entroncamento


rodoviário do Norte-Nordeste do Brasil, a sua localização está entre as latitudes de 12°25’S a
12°28’ S e as longitudes de 38°90’W a 38°96’W a uma altitude média de 234m, com uma
população estimada em 2017 de 627.477 habitantes (IBGE, 2017). Possui uma extensão
territorial aproximada de 1.304 km², faz divisa com doze municípios: Anguera (oeste);
Antônio Cardoso (sul); Candeal (norte); Conceição do Jacuípe (leste); Coração de
Maria (leste); Ipecaetá (oeste); Santa Bárbara (norte); Santanópolis (leste); Santo Amaro da
Purificação (leste); São Gonçalo dos Campos (sul); Serra Preta (oeste); e Tanquinho (norte).
Á área principal de estudo será o Bairro da Lagoa Grande (MAPA 1) a nordeste da
cidade, localizado dentro da Avenida Eduardo Fróes da Mota (anel de contorno). Segundo o
censo do IBGE (2010) o bairro detinha uma população de aproximadamente 12.229
habitantes, sendo que apenas 24,6% possuíam saneamento. As obras de revitalização da
Lagoa foram iniciadas no dia 19 de junho de 2012 pela CONDER (Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia).

MAPA 1 – LOCALIZAÇÃO DO BAIRRO LAGOA GRANDE NO MUNICÍPIO DE


FEIRA DE SANTANA – BA

5. CARACTERIZAÇÃO: FÍSICO NATURAL

5.1 Variáveis Hidro-climáticas

O município de Feira de Santana está localizado em uma área de confluência de três


bacias hidrográficas do Subaé, Pojuca e Jacuípe (MAPA 2). Há também a presença de
diversas lagoas, as quais geraram a alcunha de Cidade dos “Olhos d’água”, alguns riachos e
várias nascentes. A Lagoa Grande, que é o foco do presente estudo, fica localizada nos limites
da Bacia do Pojuca, do Subaé e do Jacuípe.
O clima de Feira de Santana é o tropical, está numa área de transição climática entre a
Zona da Mata e o Sertão, denominado de Agreste baiano. A cidade é influenciada por massas
de ar quentes provenientes do Atlântico e massas de ar frias oriundas do Sul do Brasil. No
verão, o tempo é quente e seco, com médias máximas de 29°C e mínimas de 21°C. No
inverno é frio e chuvoso, com máximas entre 24°C e mínimas entre 17°C. A precipitação
média anual é de 888 mm, podendo ser vista no mapa de isolinhas apresentando o município
de feira localizado em um intervalo entre duas isoietas de 900 e 800mm (MAPA 3). O índice
de aridez é de 22,0%, hídrico: -19,0 mm e umidade 48% (média anual) (INEMET, 2017).
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2017), referente ao
período de 1961 a 1970 e a partir de 1999, a menor temperatura registrada em Feira de
Santana foi de 8,7°C em 17 de junho de 1997, e a maior alcançou 39,4°C em 12 de fevereiro
de 1961. Os maiores acumulados de precipitação registrados em 24 horas foram 100,3 mm em
25 de novembro de 2005 e 100 mm em 17 de março de 2011. O menor índice de umidade
relativa do ar foi registrado em 3 de fevereiro de 2002, de 17%.

MAPA 2 – BACIAS HIDROGRÁFICAS E REDE DE DRENAGEM DO


MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA – BA
MAPA 3 – CURVAS ISOSTÁTICAS DO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA – BA

5.2 Variáveis Geológicas e Geomorfológicas

Dentro das características geomorfológicas do município de Feira de Santana,


destacam-se o Pediplano Sertanejo, que se caracteriza por ser uma superfície de aplainamento
retocada, inumada (enterrada), elaborada durante fases sucessivas de retomada de erosão sem,
no entanto, perder suas características (RADAMBRASIL, 1981), ou seja, é uma superfície
deprimida ao longo do limite ocidental da região (MAPA 4). Apresentando altitudes que
variam entre 240 a 600m, com algumas elevações que superam essa cota máxima (MAPA 5).
Os tabuleiros interioranos dispõem de altitudes em torno de 200m, mas em casos
excepcionais podem chegar a 300m e topos concordantes pouco elevados, no município de
Feira de Santana, o modelado nessa área, segundo dados do RADAMBRASIL (1981), se
encontra preservado.

MAPA 4 - GEOMORFOLOGIA DO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA – BA

A formação dos Tabuleiros interioranos é datada do período Quaternário, que é


relacionada com o deslocamento dos níveis de base e principalmente com as condições de
alimentação da rede hidrográfica, pois a descida do nível de base posteriormente ao
aperfeiçoamento da superfície pliocênica ocasionou a desorganização da drenagem nos
tabuleiros e assim possibilitou o aparecimento das lagoas que são bastantes presentes no
município de Feira de Santana (RADAMBRASIL, 1981).
Nos entornos da lagoa grande, nota-se a presença de arenitos que corresponde a areia
litificada, no geral formada por quartzo, feldspato (ou outros minerais de origem ígnea) e
fragmentos líticos (MAPA 6). Os sedimentos são formados a partir da rocha-matriz. Por ações
intempéricas, os minerais relativamente instáveis são transformados e os minerais
quimicamente mais estáveis são enriquecidos proporcionalmente. O quartzo é o mineral
estável mais abundante e o feldspato é um exemplo de mineral instável em clima quente e
úmido, sendo transformado em argila (RADAMBRASIL, 1981).

MAPA 5 – ALTIMETRIA DO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA – BA


MAPA 6 – GEOLOGIA DO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA – BA
5.3 Variáveis Pedológicas e Biogeográficas

O solo da Subbacia da Lagoa Grande é predominantemente do tipo Argissolo


Vermelho-Amarelo (distrófico ou eutrófico). Feira de Santana possui também Latossolos,
Planossolos, Chernossolos e Neossolos (MAPA 7), contendo assim: argilas, caulim, areias,
arenitos, granulitos dentre outros. Destes elementos são explorados no município apenas a
areia, argila e pedras para construção que também são industrialmente transformadas. Muitas
das areias e argilas extraídas no município provêm de áreas de exploração em lagoas
intermitentes. A Lagoa Grande fica localizada em uma área predominantemente de solo tipo
Argissolo Vermelho-Amarelo, de acordo com (PEREIRA, ano não informado) existia nas
margens da Lagoa uma olaria responsável pela extração e transformação da mesma.
MAPA 7 – PEDOLOGIA DO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA – BA

A vegetação de Feira de Santana está relacionada com as chuvas de outono e inverno.


É constituída de matas que se transformam em cerrados, à medida que se aproxima do centro
da cidade. A caatinga, de solo raso, predomina no norte e oeste. A vegetação é xenófila (de
região seca) com arbustos espinhosos (mandacaru, xique-xique, palma e outros cactáceos) e
de gramíneas ralas que acumulam água e têm raízes profundas. A vegetação predominante é a
caatinga. (CARELLI, 2011)
Entretanto, na zona rural de Feira, percebe-se a presença de resquícios de mata
atlântica envolvidos com vegetação xenófila. Portanto, podemos interpretar que o município
de Feira de Santana se encontra numa zona de transição entre a zona da mata e o sertão
(MAPA 8), algo que se estende até as proximidades do município de Anguera, localizado a
35Km do município.
MAPA 8 – BIOMAS DO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA – BA

5.4 Variáveis do Uso e ocupação das terras

Feira de Santana é o segundo maior município do Estado da Bahia. Sua economia está
baseada nas atividades agropecuárias, no comércio, na prestação de serviços e nas atividades
industriais (DIAS, LOBÃO, MACHADO, 2013). No mapeamento de uso e ocupação da terra
do município de Feira de Santana (MAPA 9), realizado a partir de dados do SIG-BA (2003) e
IBGE (2000), foram identificadas nove classes: agricultura/pecuária; campo rupestre; curso
d’agua; lago, açude, represa; caatinga arbóreo/arbustiva; floresta estacional; floresta
secundária; reflorestamento; área urbana.
A extensão territorial do município, em sua maioria, é utilizada e ocupada pelas
atividades da agricultura/pecuária. De acordo com dados do IPEA (2014), os principais
produtos agrícolas do município são o milho, feijão e mandioca. A pecuária do município é
baseada, em sua maioria, na criação de bovinos, granja, codornas, ovinos e suínos (IBGE,
2014).
As classes de vegetação (campo rupestre, caatinga arbóreo/arbustiva, floresta
estacional, floresta secundária e reflorestamento), são pouco densas e representativas no
mapeamento. Sendo apresentas de forma irregular na distribuição territorial do município. O
curso d’água de Feira de Santana apresentado no mapa, que se estende de Norte a Sul, é o Rio
Jacuípe. No extremo Sul de Feira de Santana podemos verificar, também, a forte presença de
lago, açude e represa.
As áreas urbanas são localizadas mais a sudeste do município e correspondem aos
locais de maior densidade populacional e incluem a cidade de Feira de Santana, as sedes dos
distritos e alguns povoados (DIAS, LOBÃO, MACHADO, 2013).

MAPA 9 – USO E COBERTURA DO SOLO DE MINICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA – BA


5.5 Variáveis Legais

A Lagoa Grande passou por um processo de revitalização nos últimos anos, o qual
transformou a área de entorno, pois as consequências da urbanização acelerada em áreas
próximas a lagoas causaram, problemas ambientais ligados ao saneamento básico,
socioculturais e assentamentos subnormais, assim como outros problemas, que ocorriam com
intensidade na Lagoa Grande.
Assim, foi publicado no Diário Oficial do Estado no dia 28/01/15, que a PJ
Construções e Terraplanagem Ltda, empresa vencedora da licitação pelo critério de menor
preço, detinha o prazo de 27 meses para execução das obras complementares de urbanização e
requalificação da localidade Lagoa Grande, conhecida como Rocinha, em Feira de Santana
(ACORDA CIDADE, 2015). 
Obras autorizadas e fiscalizadas (na época) pelo deputado estadual e líder do Governo na
Assembleia Legislativa, Zé Neto, juntamente com o coordenador do Zoológico de
Salvador, Vinícius Dantas, e técnico da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da
Bahia (Conder) com o objetivo de preservar a fauna e flora local.
Deste modo, destacamos aqui o Capítulo III e VI do Título I – Da Politica Nacional de
Recursos Hídricos, das Diretrizes Gerais de Ação e da Ação do Poder Publico e os Capítulos I
e III do Título II – Do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, dos
Objetivos e da Composição e dos Comitês de Bacias Hidrográficas da Lei Nº 9.433, de 8
de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso
XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de
1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
E a Lei Nº 1.612/92 que rege o município e dispõe sobre o código de meio ambiente e
aborda sobre o sistema municipal do meio ambiente para a administração da qualidade
ambiental, proteção, controle e desenvolvimento do meio ambiente e uso, adequado dos
recursos naturais em Feira de Santana.

TABELA 1 – LEIS ORIENTADORAS


Legislações
Artigos
LEI ANO TEMA Discussão
utilizados
Lei Nº 1992 O Código do O zoneamento ambiental definindo-se as áreas de maior ou
1.612 Meio Ambiente e Art. 14 menor restrição no que respeita ao uso e ocupação do solo e
dispõe sobre o ao aproveitamento dos recursos naturais.
sistema Compete ao município criar, definir, implantar e administrar
municipal do áreas de interesse ecológico e, ou paisagístico como ASRE¹
Art. 17
meio ambiente nas Sub categorias de APM, APCP e APA a serem
para a protegidas.
administração da O controle, monitoramento e a fiscalização dos
qualidade empreendimentos e das atividades que causem ou possam
ambiental, Art. 29
causar impactos ambientais serão realizados pelo Sistema
proteção, Municipal do Meio Ambiente.
controle e Art. 37 Serão considerados de preservação permanente, os
desenvolvimento revestimentos florísticos e demais formas de vegetação
do meio ambiente naturais situadas: ao redor de rios e quais quer cursos d’agua,
lagoas e nascentes – perenes ou intermitentes.
A criação pelo município de áreas para Parques Municipais,
com finalidade de resguardar atributos especiais da natureza,
Art. 40 conciliando a proteção da flora, da fauna, de belezas naturais
com a utilização para objetivos educacionais, recreativos e
científicos.
É proibida a utilização, mutilação, destruição, caça ou apanha
dos animais de quaisquer espécies, em qualquer, fase do seu
Art. 62
desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro,
euso, adequado constituindo a fauna silvestre local.
dos recursos Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser
naturais no Art. 69 lançados direta ou indiretamente nos corpos de água desde
município de que obedeçam as condições indicadas na presente lei
Feira de Santana. Os lançamentos finais dos sistemas públicos e particulares de
coleta de esgoto sanitário em corpos hídricos deverão ser
Art. 74 precedidos de tratamento adequado, ou seja, tratamento com a
eficiência comprovada e que não afete os usos legítimos
destes recursos hídricos.
Diretrizes gerais de ação para implementação da Política
 Política Nacional Art. 3
Nacional de Recursos Hídricos
de Recursos
Art. 29 Implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos e cria o
Hídricos, cabe ao Poder Executivo Federal, Poderes
Lei Nº Sistema Nacional Art. 30
1997 Executivos Estaduais e do Distrito Federal.
9.433 de
Criação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Gerenciamento Art. 32
Recursos Hídricos
de Recursos
Art. 37 Quanto à área de atuação do Comitê de Bacia Hidrográfica
Hídricos.
Art. 39 Quanto aos componentes do Comitê de Bacia Hidrográfica

6. POLUIÇÃO X CONTAMINAÇÃO

Para se iniciar tal discussão é preciso saber antes a diferença entre Poluição e
Contaminação, assim, seguem alguns conceitos que expressão as diferentes visões que são
encontradas sobre as temáticas em questão.
Poluição é uma alteração ecológica, ou seja, uma alteração na relação entre os seres
vivos, provocada pelo ser humano, que prejudique, direta ou indiretamente, nossa vida ou
nosso bem-estar, como danos aos recursos naturais como a água e o solo e impedimentos a
atividades econômicas como a pesca e a agricultura (NASS, 2002).
Nem toda alteração ecológica pode ser considerada poluição. Um lançamento de uma
carga de esgoto doméstico de uma casa em uma lagoa provoca a diminuição do teor de
oxigênio de suas águas. Mas se esta diminuição de oxigênio não afetar a vida dos peixes nem
dos seres que lhes servem de alimento, então o impacto ambiental provocado pelo esgoto
lançado na lagoa não é uma poluição.
Porém, quando o número de casas que lançam seus esgotos na lagoa ultrapassa os
milhares, podemos sim supor que agora este esgoto se enquadra como uma poluição pela
carga que excede a capacidade de depuração da lagoa.
Nass (2002) aborda que a contaminação é a presença, num ambiente, de seres
patogênicos, que provocam doenças, ou substâncias, em concentração nociva ao ser humano.
No entanto, se estas substâncias não alterarem as relações ecológicas ali existentes ao longo
do tempo, esta contaminação não é uma forma de poluição.
Esta diferenciação é fundamental no caso do ambiente ser a água. Uma água barrenta,
de coloração acentuada, malcheirosa ou espumante é considerada impura ou nociva, por estar
"suja". Entretanto, muitas vezes, trata-se de uma água que não faz mal à saúde. Já uma água
realmente contaminada por germes patogênicos, mas inodora e de aparência límpida, não é
rejeitada. Trata-se de um equívoco perigoso.

7. INTRODUÇÃO

O presente trabalho analisa a presença de agentes contaminantes na Lagoa Grande no


município de Feira de Santana, para que deste modo, se reflita sobre as políticas públicas
voltadas à preservação e conservação das lagoas municipais a fim de auxiliar na qualidade de
vida da população local com a proposta que ameniza a ação do agente contaminante.
Deste modo, buscou-se investigar: Quem são estes agentes contaminantes? Como
estes agentes estão distribuídos no espaço? De que forma podem ser amenizadas as
contaminações geradas pelos mesmos?
É de saber comum a existência de diversos trabalhos voltados para as várias lagoas
existentes em Feira de Santana, porém, não existe nenhum trabalho específico sobre a
presença de agentes contaminantes na Sub-Bacia da Lagoa Grande e suas distribuições
espaciais. Sendo assim, pretende-se ampliar as discussões voltadas à gestão de recurso hídrico
e sub-bacias ou micro-bacias em áreas urbanas dentro do ambiente acadêmico geográfico.
Traz também para a população e gestão local uma ampliação dos conhecimentos do
ambiente em que vivem, e proporciona respostas às perguntas freqüentes, auxiliando na
geração de programas de conservação e preservação, assim como maior fiscalização
ambiental para os agentes contaminantes locais.
Para isso, foram identificados quais são estes agentes através de visitas de campo e
com o auxílio de imagens de satélite obtidas pelo Google Earth da área da sub-bacia.
Posteriormente a esta identificação, foram coletados pontos com o auxílio de uma GMSS
(Global Mobile Satellite System) e espacializando os agentes com um software de
mapeamento digital, e com o amparo de pesquisas teórico-conceituais previamente exercidas,
foram propostas formas e modelos de amenização destes contaminantes.

8. DIAGNÓSTICO

Efetuada uma breve visita de campo para visualização da área da Lagoa Grande e
observação dos possíveis agentes contaminantes, podemos observar o grande fluxo de
veículos que passam na Avenida Eduardo Fróes da Motta (anel do contorno) e sua
proximidade com a lagoa, assim como a proximidade das casas não respeitavam a faixa
marginal de largura de 30m, que após a revitalização ganhou maior evidência. Pôde-se
perceber a diferença gerada pela revitalização quanto ao limite marginal quando são
comparadas imagens da lagoa nos anos de 2008 e 2018 (FOTO1).

FOTO 1 – OCUPAÇÃO IRREGULAR NA FAIXA MARGINAL DE 30M EM 2008 E 2018.


2008

2018

Fonte: Google Earth 2018. Elaboração: Ákila Soares de Britto.

Porém as nascentes – conhecidas como olhos d’água – próximas da lagoa possuem


tratamento diferenciado entre si. Sendo elas perenes ou intermitentes, deveriam ter uma faixa
marginal de 50m de raio, a nascente que se encontra a noroeste – ponto 4 – possui um
perímetro murado com raio superior a 50m, mas a nascente a sudoeste – ponto 3 – não, e
muitas casas são construídas em sua proximidade.
Eis que os agentes contaminantes foram identificados e escolhidos de acordo com o
critério pessoal dos pesquisadores, nenhuma informação aqui possui comprovação ou
embasamento cientifico de pesquisa e coleta de matérias e estudos que comprovem tais
afirmações. Assim os pontos escolhidos como agentes contaminantes foram:

TABELA 2 - AGENTES CONTAMINANTES


DISTÂNCIA DE FOTOGRAFIAS
PONTOS ONDE CONTAMINAÇÃO
CORPOS HÍDRICOS (2011-2017)

Sedimentos e produtos
Av. Eduardo
Ponto 1 ~44,86m químicos derivado de
Fóes da Motta
vazamento de veículos

Conjunto de Produtos químicos


Ponto 2 oficinas ~400m derivados de veículos
mecânicas (óleos e gasolina)

Nascente Esgoto doméstico e


Ponto 3 ~12m
sudoeste resíduos sólidos

Nascente
Ponto 4 ~85m Esgoto doméstico
noroeste

Aglomerado
Esgoto doméstico e
Ponto 5 subnormal ~220m
resíduos sólidos
(Rossinha)

Área industrial Produtos químicos


Ponto 6 ~130m
(Pirelli) destinados a veículos

Condomínio Esgoto doméstico


Ponto 7 ~805m
Imperial Ville (tratamento)

Rua Cruzeiro
Esgoto doméstico e
Ponto 8 do sul ~20m
resíduos sólidos
(Conceição)
Área
Produtos químicos
Ponto 9 Industrial ~485m
destinados a veículos
(Bridstone)

Produtos químicos
Posto de
Ponto 10 ~450m destinados a veículos
Gasolina
(óleos e gasolina)

MAPA 10 – Espacialização dos contaminantes na subbacia da lagoa grande


Com base nos dados acima apresentados, foi possível observar que a área no entorno
da lagoa encontra-se em uma depressão, fazendo com que em períodos chuvosos resíduos e
sedimentos sejam transportados do ponto mais alto para o ponto mais baixo em direção a
Lagoa grande, possibilitando assim a contaminação do corpo hídrico (figura 1).

FIGURA 1 – PERFIL ALTIMÉTRICO DA LAGOA GRANDE NOS SENTIDOS NORTE-SUL E LESTE-


OESTE.
Fonte: Google Earth (2018)

CONCLUSÃO

Com a realização do presente estudo, viu-se a importância que se tem em fazer a


identificação de agentes contaminantes presentes em bacias ou subbacias hidrográficas. A
partir dessa identificação, poderão ser realizadas políticas públicas para evitar que esse corpo
hídrico seja totalmente contaminado e perdido. Evitando assim, que ocorram graves danos
ambientes para a área em que este está localizado.
Deste modo é proposta com este breve diagnóstico de observação, a execução por
parte da população local da estruturação de uma associação de moradores do bairro, para que
estes possam observar os problemas existentes em seu espaço e em assembleia levantarem
pontos a serem cobrados a gestão pública, para que se amplie a qualidade de vida e o bem
estar da população local, que se sentirá assistida pelos órgãos municipais.
Por parte da gestão pública o desenvolvimento e execução de projetos de participação
popular dos moradores dos bairros os quais estes projetos serão aplicados, assim como a
criação de planos ambientais de preservação e transformação dos recursos hídricos
localizados em área urbana como patrimônio municipal, e a criação de um projeto de
descontaminação e revitalização dos córregos da subbacia da Lagoa Grande, assim como
obras de ampliação do saneamento local.
E por fim, mas não menos importante, cabe aos órgãos públicos ambientais e de
planejamento e desenvolvimento urbano o rigor na fiscalização dos projetos públicos assim
como a cobrança da execução do mesmo, emitindo multas aos devidos envolvidos, sendo
estes: pessoa física ou órgão público em ação irregular.
Referências

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