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DIAGNÓSTICO E PROPOSTA DE INTERVENÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DE FEIRA DE

SANTANA – BA: NASCENTE DO BAIRRO BRASÍLIA

DIAGNOSIS AND PROPOSED INTERVENTION OF THE MUNICIPAL MANAGEMENT OF


FEIRA DE SANTANA - BA: SOURCE OF THE BRASÍLIA NEIGHBORHOOD

Ákila Soares de Britto¹


¹Universidade Estadual de Feira de Santana – BA, Bacharelando em Geografia, akilasbritto@hotmail.com

RESUMO: O artigo visa realizar levantamento quali-quantitativo, bem como teórico-analítico


acerca do planejamento urbana nos bairros do município de Feira de Santana – BA, com ênfase
na gestão dos recursos hídricos presentes na escala analítica em questão. Com referencial teórico
pautado em ADÔRNO (2013), BORSOI (1997), BRASIL (1997), CARELLI (2011), FEIRA DE
SNTANA (2009), MUÑOZ (2000), NASS (2002), notando-se que o planejamento urbano municipal
carece de maior pró-atividade tanto em seu caráter prático – aplicação de projetos e fiscalizações -
quanto na sua forma de leis, sendo notada claramente a importância analítica da participação
popular.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão Municipal. Recursos Hídricos. Proposta de Intervenção.

ABSTRACT: The article aims to conduct qualitative and quantitative as well as theoretical-
analytical survey of urban planning in the districts of the city of Feira de Santana - BA, with
emphasis on the management of the water resources present in the analytical scale in question.
With a theoretical framework based on ADÔRNO (2013), BORSOI (1997), BRASIL (1997),
CARELLI (2011), FEIRA DE SNTANA (2009), MUÑOZ (2000), NASS (2002), noting that municipal
urban planning it lacks greater pro-activity both in its practical character - application of projects
and inspections - and in its form of laws, with the analytical importance of popular participation
being clearly noted

KEY-WORDS: Municipal Management. Water resources. Proposed Intervention.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa refletir sobre a negligencia ambiental existente no município de


Feira de Santana, quanto à existência de suas diversas nascentes e lagoas, em especifico a
nascente localizada no bairro Brasília.
Feira de Santana possui o pseudônimo de cidade dos Olhos D’agua. Pela existência de
diversas nascentes e lagoas, que foram elementos fundamentais no processo de formação do
município. Porém a crescente urbanização vem suprimindo as características naturais do
município, antropizando elementos ambientais e afetando ecossistemas frágeis.
Partindo deste princípio a implantação a recente revitalização da Lagoa Grande demostra
que o município ainda se preocupa com as questões ambientais, e vem promovendo a
preservação ambiental como um marketing para atração de investimentos e consumidores, porém
apenas obras que trazem visibilidade possuem apoio, sendo importante lembrar que a qualidade
de vida da população junto às condições ambientais aceitáveis para a mesma deve ser prioridade
para a gestão publica.
Para tal procura-se verificar a abrangência das leis ambientais municipais e suas
aplicações e fiscalizações, no intuito de propor novas ações preventivas e conservatórias, em
áreas de nascentes e córregos que sofreram intervenção humana, e que atualmente são
praticamente esgotos a céu aberto.
Assim será efetuada coleta de dado de gabinete e pesquisa em bibliotecas de material
téorico para dar suporte no processo de pesquisa, coleta de imagens de satélite pelo Google Earth
da área proposta, assim como fotografias in loco.
Estes dados serão analisádo e comparados com base nos conhecimentos adquiridos no
processo de graduação, em busca de respostas a questão trazida pelo objetivo da pesquisa.
Assim sendo confecionadas tabelas e gráficos que auxiliaram na representação visual dos
dados coletados e das pesquisas aplicadas em campo, facilitando a interpretação dos mesmos.
Como suporte ao processo de pesquisa tem-se a elaboração de mapas onde será utilizado
o Sistema de Informação Geográfica (SIG), utilizando o software Arc View dentro dele a
ferramenta Arc map para a elaboração dos mapas de espacialização das Estações de
Passageiros.
Tal etapa possibilitará ter uma visão ampla do campo de estudo, devido esta relacionar o
mapeamento da área analisada a partir da evolução dos dados, correlacionando os mesmos ao
processo de urbanização e crescimento urbano de Feira de Santana.

1.1 Caracterização Geral: Local espacial

O município de Feira de Santana-BA destaca-se por ser o maior entroncamento rodoviário


do Norte-Nordeste do Brasil, a sua localização está entre as latitudes de 12°25’S a 12°28’ S e as
longitudes de 38°90’W a 38°96’W a uma altitude média de 234m, com uma população estimada
em 2017 de 627.477 mil habitantes, possui uma extensão territorial aproximada de 1.304 km², Faz
divisa com doze municípios: Anguera (oeste); Antônio Cardoso (sul); Candeal (norte); Conceição
do Jacuípe (leste); Coração de Maria (leste); Ipecaetá (oeste); Santa
Bárbara (norte); Santanópolis (leste); Santo Amaro da Purificação (leste); São Gonçalo dos
Campos (sul); Serra Preta (oeste); e Tanquinho (norte).
Á área principal de estudo será o bairro Brasília (MAPA 1) a sudeste do centro da cidade
dentro da Av. Eduardo Fróes da Mota (anel de contorno), segundo o censo de 2010 o bairro
detinha uma população de aproximadamente 21,168mil habitantes.

MAPA 1 – LOCALIZAÇÃO DO BAIRRO BRAÍLIA NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA – BA 2018

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1.2 Caracterização: Físico natural

1.2.1 Variáveis Hidro climáticas

Localizado em uma área com as bacias hidrográficas do Subaé, Pojuca e Jacuípe (MAPA
2), diversas lagoas, as quais geraram a alcunha de Cidade dos “Olhos d’água”, alguns riachos e
várias nascentes. A nascente existente no bairro Brasília é uma das diversas que alimentam o rio
Subaé.
O clima de Feira de Santana é tropical, numa área de transição climática entre a Zona da
Mata e o Sertão, denominado Agreste baiano. A cidade é influenciada, por massas de ar quentes
provenientes do Atlântico e massas de ar frias vindas do Sul do Brasil. No verão é quente e seco,
com médias máximas de 29 °C e mínimas entre 21 °C. No inverno é frio e chuvoso, com máximas
entre 24 °C e mínimas entre 17 °C. A precipitação média anual é de 888 mm podendo ser vista no
mapa de isolineas apresentando o município de feira localizado em um intervalo entre duas
isoietas de 900 e 800mm. O índice de aridez é de 22,0%, hídrico: -19,0 mm e umidade 48%
(média anual). (INEMET, 2017)
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referente ao período de
1961 a 1970 e a partir de 1999, a menor temperatura registrada em Feira de Santana foi de 8,7  °C
em 17 de junho de 1997, e a maior alcançou 39,4 °C em 12 de fevereiro de 1961. Os maiores
acumulados de precipitação registrados em 24 horas foram 100,3 mm em 25 de novembro de
2005 e 100 mm em 17 de março de 2011. O menor índice de umidade relativa do ar foi registrado
em 3 de fevereiro de 2002, de 17%.

MAPA 2 – BACIAS HIDROGRÁFICAS E REDE DE DRENAGEM DO


MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA – BA 2018

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1.2.2 Variáveis Legais

O município é regido pela Lei complementar nº 41/2009 que dispõe sobre ampliação e dá
nova redação ao código de meio ambiente que aborda sobre o sistema municipal do meio
ambiente para a administração da qualidade ambiental, proteção, controle e desenvolvimento do
meio ambiente e uso, adequado dos recursos naturais em Feira de Santana, Lei nº 1612/1992.
Porém obras urbanísticas de canalização de córregos efetuadas no passado não são
fiscalizadas e não passa por manutenção municipal, o “abandono” desses canais canalizados
abrem espaço para efeitos diverso, partindo da própria população que descartam resíduos e lixos
diversos transformando o córrego em um esgoto a céu aberto, dentre outros efeitos.
Feira de Santana recentemente vem trabalhando em obras de revitalização de suas
lagoas, para utilização publica, mas o tratamento e revitalização dos diversos canais que
alimentam as bacias hidrográficas da região acabam por não ocorrer, ocasionando um desconforto
para a população que vive nas proximidades destes córregos.
Assim o Capítulo I que aborda sobre os princípios, objetivos e normas gerais da política
municipal do meio ambiente em sua seção I referente aos princípios aponta no Art 2º:

A Política do Meio Ambiente do Município de Feira de Santana, respeitadas as


competências da União e do Estado, objetiva manter o meio ambiente
ecologicamente equilibrado visando assegurar a qualidade ambiental propícia à
vida, atendidas as peculiaridades locais e em harmonia com o desenvolvimento
social e econômico através da preservação, conservação, defesa, recuperação e
melhoria do meio ambiente (FEIRA DE SANTANA, 2009)

Deste modo cabe a prefeitura municipal manter o meio ambiente equilibrado, em


condições que possibilitem a qualidade de vida da população local em sintonia com o
desenvolvimento socioeconômico junto a preservação, conservação, defesa, recuperação e
melhoria do meio ambiente, em destaque o córrego situado no bairro Brasília.

2. POLUIÇÃO X CONTAMINAÇÃO

Para se iniciar tal discussão é preciso saber antes a diferença entre Poluição e
Contaminação, assim seguem alguns conceitos que expressão as diferentes visões que são
encontradas sobre as temáticas em questão.
Poluição é uma alteração ecológica, ou seja, uma alteração na relação entre os seres
vivos, provocada pelo ser humano, que prejudique, direta ou indiretamente, nossa vida ou nosso
bem-estar, como danos aos recursos naturais como a água e o solo e impedimentos a atividades
econômicas como a pesca e a agricultura (NASS, 2002).
Nem toda alteração ecológica pode ser considerada poluição. Um lançamento de uma
carga de esgoto doméstico de uma casa em uma lagoa provoca a diminuição do teor de oxigênio
de suas águas. Mas se esta diminuição de oxigênio não afetar a vida dos peixes nem dos seres
que lhes servem de alimento, então o impacto ambiental provocado pelo esgoto lançado na lagoa
não é uma poluição.
Porém quando o numero de casas que lançam seus esgotos na lagoa ultrapassam os
milhares, podemos sim supor que agora este esgoto se enquadra como uma poluição pela carga
que excede a capacidade de depuração da lagoa.
Nass (2002) aborda que a contaminação é a presença, num ambiente, de seres
patogênicos, que provocam doenças, ou substâncias, em concentração nociva ao ser humano. No
entanto, se estas substâncias não alterarem as relações ecológicas ali existentes ao longo do
tempo, esta contaminação não é uma forma de poluição.
Esta diferenciação é fundamental no caso do ambiente ser a água. Uma água barrenta, de
coloração acentuada, malcheirosa ou espumante é considerada impura ou nociva, por estar "suja".
Entretanto, muitas vezes, trata-se de uma água que não faz mal à saúde. Já uma água realmente
contaminada por germes patogênicos, mas inodora e de aparência límpida, não é rejeitada. Trata-
se de um equívoco perigoso.

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3. DIAGNÓSTICO

O presente diagnóstico visa elaborar uma intervenção através de uma implementação


propositiva no bairro Brasília em relação aos elementos estudados dos tópicos seguintes do
Programa social.
O pseudônimo de Feira de Santana de cidade dos Olhos D’agua advém das suas diversas
nascentes, córregos e lagoas. No entanto a crescente urbanização vem sobrepondo as
características naturais do município por estruturas de concreto e aço, afetando a paisagem e
colocando em risco a frágil fauna e flora local.
O conjunto de tópicos a seguir apresentam algumas características do município e do
bairro Brasília referentes a diversos elementos constituintes de um Programa social, sendo o
principal foco a gestão dos recursos naturais.

3.1 ANÁLISE DO PÚBLICO-ALVO A ATENDER

3.1.1 Tendências do crescimento demográfico

As tendências do crescimento demográfico servem para identificar se ocorre crescimento


ou redução da população local assim como a taxa de velocidade com que isto ocorre.
O município de Feira de Santana apresenta um crescimento desacelerado ao longo dos
anos da população urbana sendo de 2000/2010 de 18,28% sendo que a população rural encontra-
se em redução oscilatória registrando no mesmo período uma queda de -6,53% (tabela 1).
A taxa média geométrica de crescimento de 2000/2010 Para o bairro Brasília é de 0,5%, o
que indica certo adensamento populacional, já que obtivemos um crescimento na população
urbana, estes podem ser provenientes da zona rural ou dos bairros mais afastados do centro, se
um bairro “cresce” outro “diminui” e esse aumento na população do bairro indica que moradores
de outros bairros estão migrando para o bairro Brasília, pelos motivos dos mais diversos.

TABELA 1 - CRESCIMENTO ABSOLUTO E RELATIVO DA POPULAÇÃO URBANA E RURAL RESIDENTE


NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA, BAHIA 1940 - 2010
POPULAÇÃO RESIDENTE
ANO
URBANA (%)¹ RURAL (%)1
1940 19.660 - 63.608 -
1950 34.277 74,35 72.928 14,65
1960 69.884 103,88 71.873 -1,44
1970 131.720 88,48 55.570 -22,68
1980 233.905 77,58 57.599 3,65
1991 348.973 49,20 56.875 -1,26
2000 431.730 23,71 49.219 -13,46
2010 556.642 18,28 46.007 -6,53
FONTE: IBGE - CENSOS DEMOGRÁFICOS.

3.1.2 Perspectivas de crescimento futuro da população e público atendido

A perspectiva para o crescimento futuro da população do município de Feira de Santana


apresenta-se de forma negativa, ele vem caindo nos últimos anos e uma provável queda de 2 a
3% ou uma estabilidade dos valores entorno do 1,5% de crescimento se mantenha para 2020
(tabela 3). Refletindo assim no bairro estudado que pode manter sua taxa de crescimento estável
ou cair 0,2 ou 0,3%, podendo até surpreender com a migração entre bairros e obter um
crescimento mais positivo de 0,1 ou 0,2%, lembrando que são apenas suposições com base em
dados anteriormente coletados pelo censo e que serão comparados quando possível com dados
do censo demográfico de 2020.

1
Variação percentual com o período imediatamente anterior.
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TABELA 3 - TAXA MÉDIA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO ANUAL DA POPULAÇÃO RESIDENTE NO
MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA, BAHIA 1940 - 2010
ANOS TAXA MÉDIA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO ANUAL (%)
1940 -
1950 3,00
1960 3,80
1970 4,60
1980 4,50
1991 3,05
2000 1,64
2010 1,57
FONTE: IBGE - CENSOS DEMOGRÁFICOS.

3.3 ANÁLISE DOS CONDICIONANTES AMBIENTAIS

3.3.1 Identificação de áreas de Proteção e restrições

O município possui algumas áreas de proteção incluindo a Área de Proteção Ambiental


(APA) da Lagoa de Pedra do Cavalo de responsabilidade estadual e algumas áreas de proteção,
ligadas às diversas lagoas do município regidas pela Lei complementar Nº 41/2009 que dispõe
sobre ampliação e dá nova redação ao código de meio ambiente, Lei Nº 1612/1992, institui o
código do meio ambiente e dispõe sobre o sistema municipal do meio ambiente para a
administração da qualidade ambiental, proteção, controle e desenvolvimento do meio ambiente e
uso, adequado dos recursos naturais no município de Feira de Santana.
.O bairro Brasília não possui em sua área lagoas ou qualquer passivo de proteção
ambiental.

3.3.2 Passivos e agravos ambientais

São possíveis passivos e agravos ambientais para o município a crescente urbanização e


industrialização sem o adequado isolamento e preservação das lagoas e nascentes.

3.3.3 Oportunidades de exploração do turismo e desenv. Sustentável

O município possui um grande atrativo comercial, porem possui um numero significativo


de lagoas, as quais não são cuidadas e preservadas pela administração municipal, que poderia
utiliza-las como atrativos turísticos.

3.4 ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL

3.4.1 Comissões de Participação Popular/Social existentes

Existem Associações de diversos bairros, e os moradores do município se mostram


bastante ativos e inteirados com os acontecimentos que envolvem os serviços servidos a
população, porém o bairro Brasília como dito anteriormente não possui uma associação de
moradores.

3.4.2 Histórico/Cultura de Participação

Por volta da década de 1820, um casal de portugueses, Domingos Barbosa de Araújo e


Ana Brandoa fundam uma fazenda que mais tarde deu origem à cidade.
As primeiras medidas para transformar no que é hoje Feira de Santana começaram com a
criação da vila em 13 de novembro de 1832. O Município e a Vila foram criados no dia 9 de
maio de 1833, quando o governo elevou o então povoado a Vila, com a denominação de Villa do
Arraial de Feira de Sant’Anna, com o território desmembrado de Cachoeira, constituídas pelas
freguesias de São José das Itapororocas (sede), Sagrado Coração de Jesus do Perdão e Santana
do Camisão, atual município de Ipirá (ACHE TUDO E REGIÃO, 2014).

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Em 1846 a sede é transferida para a fazenda que recebia o nome de Santana dos Olhos
D'Água que por e ali passava a estrada das boiadas, onde se passava com o gado que deveria ser
vendido em Salvador, Cachoeira e Santo Amaro. Os donos daquela fazenda
eram católicos fervorosos e construíram uma capela em louvor a Nossa Senhora Santana e São
Domingos. Com o movimento de vaqueiros e viajantes, formou-se uma feirinha. Quando da sua
fundação no século XVIII os poucos moradores existentes saciavam sua sede com a água
existente nos "Olhos D'Água", fonte localizada na fazenda e ainda nos diversos minadouros
e tanques da cidade. Afirma-se que o grande propulsor do desenvolvimento feirense foi a atividade
pecuária. (ACHE TUDO E REGIÃO, 2014)
O bairro Brasília, em Feira de Santana, fica situado a 20 minutos do centro da cidade.
Dispõe de várias ruas e avenidas largas, sendo que uma das principais é a  Avenida Maria
Quitéria, estão localizados diversos conjuntos habitacionais, dentre eles, o Conjunto Luís Eduardo
Magalhães e o Conjunto João Marinho Falcão (mais conhecido como Jomafa), o qual foi entregue
aos seus moradores iniciais no mês de março de 1979, dispondo de quarenta caminhos (nome
que é dado aos seus logradouros internos) e quinhentos e quarenta unidades habitacionais.
Ao longo dos anos, o bairro Brasília vem sofrendo diversas alterações nas suas
características, deixando de ser eminentemente residencial, contando, hoje, com diversos
estabelecimentos dos seguimentos comerciais, de despachantes e emplacadoras de veículos,
uma vez que neste bairro situa-se também a sede da 3ª CIRETRAN, bem como o Complexo
Policial de Feira de Santana.

3.5 OBSERVAÇÃO

As nascentes do Rio Subaé estão especializadas em uma área de 20,62 km² e são
caracterizadas principalmente por demandas de usos urbanos, industriais e agrícolas (ADÔRNO,
2013), a nascente estudada localiza-se a sudeste do bairro Brasília, nas proximidades com o
Hospital Geral Cleriston Andrade e a Av. Eduardo Fróes da Motta, as obras de canalização e
paisagismo do córrego Subaé foram efetuadas a partir do ano de 2016, e de acordo com a lei
municipal 1.612/92, respeitou as características ambientais locais, e preservação de vegetal local,
assim como obras que possibilitem maior aproveitamento por parte da população local.

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TABELA 4 – PRINCIPAIS ARTIGOS DA LEI Nº 1.612/92 REFERENTES À PRESERVAÇÃO E
CONSERVAÇÃO RECURSOS HÍDRICOS
LEGISLAÇÕES
ARTIGOS
LEI ANO TEMA DISCUSSÃO
UTILIZADOS
O zoneamento ambiental definindo-se as áreas de
maior ou menor restrição no que respeita ao uso e
Art. 14
ocupação do solo e ao aproveitamento dos
recursos naturais.
Compete ao município criar, definir, implantar e
administrar áreas de interesse ecológico e, ou
Art. 17
paisagístico como ASRE nas Sub categorias de
APM, APCP e APA a serem protegidas.
O Código do O controle, monitoramento e a fiscalização dos
Meio Ambiente e empreendimentos e das atividades que causem ou
dispõe sobre o Art. 29 possam causar impactos ambientais serão
sistema municipal realizados pelo Sistema Municipal do Meio
do meio ambiente Ambiente.
para a Serão considerados de preservação permanente,
administração da os revestimentos florísticos e demais formas de
qualidade Art. 37 vegetação naturais situadas: ao redor de rios e
Lei Nº ambiental, quais quer cursos d’agua, lagoas e nascentes –
1992
1.612 proteção, perenes ou intermitentes.
controle e A criação pelo município de áreas para Parques
desenvolvimento Municipais, com finalidade de resguardar atributos
do meio ambiente especiais da natureza, conciliando a proteção da
Art. 40
e uso, adequado flora, da fauna, de belezas naturais com a utilização
dos recursos para objetivos educacionais, recreativos e
naturais no científicos.
município de Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente
Feira de Santana. poderão ser lançados direta ou indiretamente nos
Art. 69
corpos de água desde que obedeçam as condições
indicadas na presente lei
Os lançamentos finais dos sistemas públicos e
particulares de coleta de esgoto sanitário em corpos
hídricos deverão ser precedidos de tratamento
Art. 74
adequado, ou seja, tratamento com a eficiência
comprovada e que não afete os usos legítimos
destes recursos hídricos.

Dentre os artigos citados na tabela a cima, destaco os artigos 29 e 37 da Lei em questão,


estes apresentam os principais defeitos por parte da gestão municipal quando se observa a área
de estudo, pois não basta canalizar o córrego e deixa-lo “bonito” com obras paisagísticas
utilizando vegetação não nativa, quando não se efetua obras de revitalização e descontaminação
de forma adequada, já que atualmente o córrego possui mais características de um esgoto a céu
aberto do que um canal natural de drenagem hidrográfica.
É perceptível que o foco de fiscalização da Secretária Municipal de Meio Ambiente está
em áreas de maior visualização pública e midiática como: grandes parques, lagoas importantes
entre outras, localizados em áreas de importância político-econômicas, enquanto os pequenos
córregos e nascentes localizados no interior dos bairros são negligenciados e muitos soterrados
ou transformados em esgoto pela concentração dos dejetos domésticos despejados.
De acordo com o artigo 37 da lei 1.612/92 as características da área enquadram o córrego
como sendo de preservação permanente, este ainda é um tributário do Rio Subaé, e as obras que
ali foram efetuadas deveriam ser mais rigorosas e de uma seriedade ambiental impar, e não
apenas uma ferramenta política provedora de votos por deixar o córrego mais “limpo”.

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MAPA 5 – BAIRRO BRASÍLIA: PONTOS OBSERVADOS

Em 2013 um conjunto de pesquisadores da UFBA juntamente com representante do


Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos efetuaram um série de analise das águas das
nascentes incluindo a nascente do bairro Brasília.
Constatou-se com a pesquisa que o uso urbano foi fator preponderante para obtenção dos
valores limitantes de oxigênio, apesar do córrego do Subaé ser considerado água corrente, que

9
deveria refletir maior oxigenação. A grande carga de despejo doméstico acaba por proporcionar
um aumento na quantidade de matéria orgânica disponível – OD – e esta, por sua vez, em
processo de decomposição gera a redução das concentrações de oxigênio dissolvido pela ação
das bactérias decompositoras que absorvem este oxigênio, comprometendo assim a vida
aquática.
Com a permanência do nível de OD negativo por tempo prolongado, o córrego tornou-se
anaeróbico – ausência de oxigênio –, causando a geração de maus odores, o crescimento de
outros tipos de bactérias e a morte de diversos seres aquáticos aeróbicos, inclusive peixes.
(ADÔRNO, 2013)

4. CONCLUSÃO

Deste modo é proposto com esta breve pesquisa de observação, a execução por parte da
população local da estruturação de uma associação de moradores do bairro, para que estes
possam observar os problemas existentes em seu espaço e em assembleia levantarem pontos a
serem cobrados a gestão pública, para que se amplie a qualidade de vida e o bem estar da
população local, que se sentirá assistida pelos órgãos de gestão municipal.
Por parte da gestão pública o desenvolvimento e execução de projetos de participação
pública da população dos bairros os quais estes projetos serão aplicados, assim como a criação
de planos ambientais de preservação e transformação dos recursos hídricos localizados em área
urbana como patrimônio municipal, e a criação de um projeto de descontaminação e revitalização
do córrego do bairro Brasília.
E por fim, mas não menos importante, cabe aos órgãos públicos ambientais e de
planejamento e desenvolvimento urbano o rigor na fiscalização dos projetos públicos assim como
a cobrança da execução do mesmo, emitindo multas aos devidos envolvidos, sendo estes: pessoa
física ou órgão público em ação irregular.

Referências

ACHE TUDO E REGIÃO. História de Feira de Santana, 2014. Disponível em: <
http://www.achetudoeregiao.com.br/ba/feira_do_santana/historia.htm/>. Acesso em: 25 de jan de 2018,
16:17.

ADÔRNO, Erivaldo; SACRAMENTO DOS SANTOS, Elinaldo; BOMFIM DE JESUS, Taise. SIG e regressão
linear para avaliação ambiental das nascentes do rio Subaé em Feira de Santana-BA. Boletim Goiano de
Geografia, v. 33, n. 2, 2013.

BORSOI, Zilda Maria Ferrão; TORRES, Solange Domingo Alencar. A política de recursos hídricos no
Brasil. Revista do BNDES, v. 4, n. 8, p. 143-166, 1997.

BRASIL, Lei das Águas. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional, 1997.

CARELLI, Liamara; PAIXÃO LOPES, Priscila. Caracterização fisiográfica da bacia Olhos D’água em Feira de
Santana/BA: Geoprocessamento aplicado à análise ambiental. Boletim Goiano de Geografia, v. 31, n. 2,
2011.

DE JESUS SOUZA, Ana Paula Mascarenhas; MACHADO, Ricardo Augusto Souza. DELIMITAÇÃO E
CARACTERIZAÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA-BA.

FEIRA DE SNTANA. Lei Complementar nº 41/2009 dispõe sobre ampliação e dá nova redação ao código de
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MUÑOZ, Héctor Raúl. Interfaces da gestão de recursos hídricos: desafios da lei de águas de 1997. 2000.

NASS, Daniel Perdigão. O conceito de Poluição. Revista Eletrônica de Ciências. São Carlos:


Universidade de São Paulo/Instituto de Química, n. 13, 2002.

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