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1. INTRODUÇÃO
No mundo existem cerca de 2.5 bilhões de pessoas sem saneamento adequado (Trata
Brasil, Saneamento no Mundo, 2013). No Brasil essa realidade é ainda maior, pois o déficit de
saneamento ambiental vem constituindo uma preocupação grave, considerando a importância de seu
papel na relação que estabelece com a saúde e o ambiente. Neste contexto, saneamento e saúde
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o controle de todos os fatores do meio físico do
homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social.
Dessa forma, pode-se dizer que saneamento tem por objetivo alcançar salubridade ambiental, que é
o estado de higidez em que vive a população urbana e rural (Guimarães, Carvalho & Silva, 2007).
No entanto, o Brasil está longe de vivenciar tal realidade, porque os problemas ambientais
se potencializam. O meio ambiente tem sido degradado de diferentes formas, verificando-se que a
água é utilizada como meio de transporte para dejetos e rejeitos, o solo é prejudicado pelo
lançamento de lixo a céu aberto (BARROS, R. T. V. ET AL, 1995). Ainda sobre essa problemática,
de acordo com a pesquisa de 2012 do IBGE (Instituto de Geografia e Estatística) 70% dos
Municípios não têm políticas de saneamento ou quando existem funcionam de forma precária.
XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1
Neste cenário, entre os municípios e cidades de precário atendimento dos serviços de saneamento
ambiental, Belém se destaca na posição 95 no ranking do saneamento, das 100 maiores cidades do
Brasil (Trata Brasil Ranking do Saneamento, 2013).
2. BREVE HISTÓRICO DO SANEAMENTO EM BELÉM-PA
Nos anos de 1854 a 1862 foi sancionada, a primeira lei, Artigo 1º da época que limitava o
uso da água por morador da região de Belém conforme documento a seguir: “O governo da
Província determina que para distribuição de água potável nesta capital fixará em duzentos litros o
mínimo de quantidade d'água a fornecer por cabeça em vinte quatro horas”. Assim houve a criação
de sistema de encanação de água potável e o primeiro contrato para abastecimento de água. De
1885 á 1895 houve o marco do saneamento com construção do reservatório de água com
capacidade de 1.570.000 litros, localizado no ponto médio da cidade.
Em 1852, são instalados “canos” nas ruas, forma primitiva de esgoto e esgoto sanitário, para
se retirar às águas pluviais e água das valas que ficavam depositadas e estagnadas nos terrenos,
afetando a saúde pública da cidade. Somente, em 1989 foi elaborado o primeiro plano de sistema de
esgoto sanitário no Município de Belém.
Os serviços de limpeza pública de 1980 á 1987, eram principalmente de coleta do lixo sendo
80% produzido de ordens domiciliares, às dificuldades de se coletar lixo nas áreas alagadiças era
um dos principais problemas enfrentados na época. Por isso, se fez necessário á prestação de
serviços alternativos como utilização de microtratores para percorrer nessas áreas. Contudo, grande
parte da população de não chegava a ser atendida e, além disso, esse serviço ainda era irregular.
Fontedo Marco
4.1.2Bairro
O bairro do Marco situa-se na localidade de Belém do PA. Segundo o censo IBGE o bairro
ocupa uma área de 4,8923 km² com 65 844 habitantes. Originou-se no início do século XX fora
projetado com sistemas de saneamento como água de abastecimento, esgoto sanitário e limpeza
pública. Todavia, o tratamento de esgoto sanitário não funciona.
Gráfico 2. Serviços de Saneamento Ambiental nos Gráfico 1. Procedência da água nos bairros.
Bairros Fonte: Autores 2015 Fonte: Autores 2015
10,5% 12,20%
26% 23%
61%
53%
27,% 31%
12%
6,4% 10%
0%
Conforme a pesquisa nos bairros Marco e Castanheira 90,5% seguido de 74% da população
não obtiveram doenças por contato ou ingestão de água contaminada. Apenas 9,5% e 26%
afirmaram ter sido afetado (Gráfico 4). Contudo, vê-se no gráfico 5 que 20% dos entrevistados do
bairro do Marco constatam ter tido doenças como diarreia, dengue e disenteria, no Castanheira os
números são alarmantes, pois 70% da comunidade relata ter sido acometido por essas doenças.
Percebe-se que embora as pessoas não associem doenças ao contato ou ingestão de água
contaminada, verificar-se diarreia, dengue e disenteria são patologias de vinculação hídrica. As
demais doenças como esquistossomose e filariose estão relacionadas a contato com dejetos
humanos, ocasionado pelo déficit de esgoto sanitário, enquanto a leptospirose e salmonela a vetores
de lixo. Classificado na pesquisa com a palavra outros é identificado somente no bairro do Marco
70%, quando questionados sobre quais seriam as doenças a respostas foram gripe, asma, cólera e
giardíase. Sendo apenas as duas ultimas relacionada à água. Desta forma, a oposição entre os
bairros é evidente, pois o bairro com maior déficit de saneamento ambiental tem a população com
mais prejuízos na saúde.
Gráfico 4. Doenças por contato ou ingestão de água Gráfico 5. Doenças relacionadas a precariedade nos
contaminada. serviços de saneamento.
Fonte: Autores Fonte: Autores
A análise e interpretação dos dados a seguir são do questionário contendo duas perguntas
envolvendo a destinação e/ ou implantação da rede de Esgotamento Sanitário. Quando questionados
sobre a destinação do esgoto sanitário 40% dos moradores do Marco revelaram que os dejetos são
encaminhados a fossas enquanto que no Castanheira os números são ainda maiores 71,4%. Sobre o
sistema de esgotamento sanitário no Marco são destinados 57,5% dos dejetos á rede, em
contrapartida, no Castanheira apenas 20% (Gráfico 6). Dessa maneira, evidencia-se a oposição de
infraestrutura nos bairros. A alternativa rede de esgoto sanitário e fossa são encontrados,
exclusivamente, no bairro do Castanheira, apesar de menos desenvolvido em estrutura 1,4% dos
moradores relatam pode escolher onde depositar os rejeitos humanos. Representou-se na pesquisa o
uso de fossa negra como o termo outros.
Ao perguntar sobre um projeto de implantação de esgoto sanitário a maioria da população se
mostrou interessada e receptiva com a ideia de um projeto desse porte (Gráfico 7) Foram 81% de
aceitação no Marco seguido de 76% Castanheira, responderam que não participariam 9,5% Marco e
8 % Castanheira. Relataram a alternativa talvez 9,5% subsequente de 15,6% Marco/Castanheira. Os
entrevistados que talvez/não participariam relatam desconhecer a importância do sistema de esgoto
sanitário e por este motivo não ligaram a casa a rede, os demais analisaram condições financeiras.
71,4%
57,5% 81%
76%
40%
20%
1,4% 7%
0% 2%
Por último, o gráfico 8 mostra a classificação de limpeza pública (Resíduos Sólidos) constatou-se
que 31% dos moradores do Marco consideram ruim os serviços, no bairro Castanheira o número
praticamente dobrou 58%. Consideram o serviço como bom 52% no Marco seguido e 36,5% no
Castanheira o inverso da primeira alternativa mostrando o contraste entre os bairros. Quanto a
classificam do serviço de forma excelente há um equilíbrio entre ambos os bairros. No quesito não
funciona responderam 13% no bairro Marco e 3,2% no Castanheira. A principal reclamação da
população do Marco e em relação à variação de rua por ser apenas em alguns pontos e o bairro é
abundantemente arborizada.
58%
52%
36,5%
31%
13%
4% 2,3% 3,2%
CONCLUSÃO
Conclui-se que, é incontestável a importância dos serviços de saneamento ambiental, tanto
na prevenção de doenças, quanto na preservação do meio ambiente. Neste segmento a baixa
cobertura dos serviços de saneamento no Norte do Brasil, em eminencia o município de Belém do
PA, implicam desdobramentos nocivos à saúde da população, principalmente daquelas que vivem
em locais de pouca infraestrutura, além das consequências negativas ao meio ambiente,
considerando as formas de poluição e agravo ao equilíbrio dos ecossistemas.
Desta forma, a avaliação quantitativa e qualidade dos dados tornam-se fundamental para
avaliar a saúde da população em detrimento de um ambiente que propicie condições favoráveis ao
bem- estar social dos moradores da cidade de Belém.
Portanto, buscar salubridade no meio urbano da região de Belém do Pará ainda é um grande
desafio, por isso é grande a quantidade de pessoas as quais são atingidas por agentes patogênicos
que são vinculados a água, esgoto e vetores de doenças relacionadas ao lixo, o que seria evitado se
houvesse infraestrutura de forma igualitária.
REFERÊNCIAS
b) Capítulo de Livro
BARROS, R. T. V. et al. Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG,
1995. (Manual de saneamento e proteção ambiental para os municípios – volume 2).
CAVINATTO, V. M. Saneamento básico: fonte de saúde e bem-estar. São Paulo: Ed.
Moderna, 1992.
CVJETANOVIC, B. Health effects and impact of water supply and sanitation. World Health
Statistics Quaterly, v.39, p.105-117, 1986.
d) Capitulo de Relatório
Composição Técnica e proposições. “Plano Municipal de Saneamento Básico de
Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Município de Belém do Pará, 2014- volume 2).
Disponível em ww3.belem.pa.gov.br/www/wp.../PMSB-Belém-PA_Volume-I2.pd
e) Páginas de Relatório
Ranking do Saneamento Instituto Trata Brasil Resultados com base no SNIS 201 São Paulo,
22 de Agosto de 2014. Disponível em :< http:// www.tratabrasil.org.br/
f) Notas de Aula
LEAL, F. C. T. Juiz de Fora. 2008. Sistemas de saneamento ambiental. Faculdade de
Engenharia da UFJF. Departamento de Hidráulica e Saneamento. Curso de Especialização em
análise Ambiental. 4 ed. 2008. Notas de Aula.
http://www.academia.edu/12536394/Saneamento_Básico_e_Saúde
g) Sites oficias
BGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA). Pesquisa nacional
de saneamento básico. 2010. Disponível em: <www.ibge.com.br/> e
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/