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Programa de Pós Graduação em Geografia

Disciplina: População e Ambiente


Larissa Freitas dos Santos e Isabel Barroso de Souza

AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO PERÍODO DA CRISE HÍDRICA DOS


ANOS DE 2014 E 2015 EM CAMPOS DOS GOYTCAZES E SEUS IMPACTOS
NA AGRICULTURA FAMILIAR NO ASSENTAMENTO ILHA GRANDE,
NORTE FLUMINENSE.

RESUMO
A agricultura é uma atividade primária que se desenvolve sob condições ambientais
específicas, sendo as alterações na vegetação, solo e clima questões que trazem reflexos
diretos para o seu desenvolvimento. Dessas condições, podemos destacar a escassez de
água como uma questão impactante à prática agrícola, podendo contribuir para perdas
econômicas e gastos não previstos pelos agricultores, principalmente para a agricultura
familiar. Partindo desse pressuposto, o presente trabalho busca compreender as
mudanças pluviométricas ocorridas no município de Campos dos Goytacazes no
período de 2014 e 2015, assim como perceber os impactos da estiagem ocorrida nos
anos de 2014 e 2015 na agricultura familiar no assentamento Ilha Grande, Campos dos
Goytacacazes. Para alcançar tal objetivo o presente trabalho realizará ora metodologias
de cunho quantitativo, ora qualitativo.

PALAVRAS CHAVES: Crise Hídrica; Ilha Grande; resiliência

INTRODUÇÃO
Desde que o ser humano passou a desenvolver práticas sedentárias, o domínio
sobre os recursos hídricos e a tentativa de compreender os ciclos hidrológicos são
presentes. Isso ocorreu devido à necessidade da sociedade produzir seu próprio
alimento, deixando de ser apenas coletores e caçadores, para se tornarem agricultores e
criadores. Portanto as questões hídricas sempre estiveram imbricadas nos
desenvolvimento da sociedade.
Na atualidade, o desenvolvimento e o domínio de diferentes técnicas e
tecnologias que permitem o controle de recursos hídricos, assim como uma previsão das
condições atmosféricas são essências nas práticas agrícolas. Todavia, a utilização das
técnicas e tecnologias assim como o acesso água não é igualmente acessível para todos
os modelos de agricultura, sendo os agricultores mais pobres os mais suscetíveis a
problemas relacionadosà seca, aos longos períodos de estiagem ou intensas chuvas.
Em particular, a questão da seca foi historicamente e socialmente assimilada à
Região Nordeste, mas precisamente na sub-região do Sertão Nordestino, cujo clima
predominante é o semiárido tendo medias pluviométricas inferiores a 800 mm ao ano,
contudo um evento de alterações climáticas assolou a Região Sudeste entre os anos de
2014 e 2015, seus reflexos no abastecimento de água na cidade de São Paulo, através da
diminuição do nível do sistema Cantareira e em outros pontos dos estados do Sudeste,
foram alarmantes e muito divulgados na mídia, principalmente a televisiva
(QUINTSLR, 2018).
Segundo Marengo et Al (2015), como principal causa física para tal estiagem
podemos indicar a atuação de um sistema de alta pressão atmosférica que afetou o
transporte das massas de ar oriundas da região amazônica e o desenvolvimento da Zona
de Convergência do Atlântico Sul e das frentes frias, que atuam no clima da Região
Sudeste ocasionando chuvas.
Todavia não podemos apontar apenas as questões climáticas como responsáveis
pelo desenvolvimento de uma severa estiagem, pois está realidade é resultado de
diferentes fatores, como a má administração dos recursos hídricos, a falta de políticas
públicas de abastecimento de água e tratamento de esgoto para a população, assim como
o modelo de produção agrícola respaldado nos preceitos da Revolução Verde e do
modelo industrial, que trouxe uma série de impactos ambientais e sociais.
Os impactos da estiagem na agricultura, em particular na agricultura
desenvolvida por pequenos produtores tomaram grandes proporções, segundo a
Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento do Rio de Janeiro foi estimado 10
milhões de perdas econômicas em apenas um ano no Norte e Noroeste Fluminense
(2014 à janeiro de 2015), sofridas por 13 mil pequenos produtores.
Após essa premissa, o presente estudo tem como objetivo geral perceber os
impactos da estiagem ocorrida nos anos de 2014 e 2015 na agricultura familiar em
Campos dos Goytacacazes. Tendo como objetivos específicos: perceber a dinâmica
climática no município nos anos de 2015 e 2014 através de dados pluviométricos
mensais; e por fim identificar como a seca nesses anos foi sentida pelos assentados da
reforma agrária no assentamento Ilha Grande, Campos dos Goytacazes, RJ.
Para alcance de tais objetivos, a pesquisa realizará metodologias de cunho
quantitativo e qualitativo, realizando as seguintes etapas metodológicas: a)
Levantamento bibliográfico com intuito de compreender as causas climáticas que
ocasionaram a estiagem, assim como os seus impactos na agricultura familiar; b)
construção de um pluviograma com dados pluviométricos dos anos de 2014 e 2015 no
município e c) Aplicação de um questionário com os assentados do Assentamento Ilha
Grande, tal questionário buscará perceber como as mudanças climáticas nesses anos
atingiram as suas produções agrícolas, assim como os mesmos desenvolveram formas
de resistir a tal problemática.

1- A estiagem no sudeste brasileiro: aspectos físicos

A estiagem vivenciada entre os anos de 2014 e 2015 afetou profundamente o


sudeste brasileiro, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito
Santo, que compõe tal região, enfrentaram nesse período a maior estiagem dos últimos
oitenta e cinco anos (INEA, 2017). Esse fenômeno se vincula a uma dinâmica climática
natural ao ambiente e a ação antrópica sobre o meio.
Coelho et al (2016) aponta que a seca ocorrida na região sudeste está relacionada
a um fenômeno meteorológico ocasionado pelo estabelecimento de um sistema de alta
pressão no oeste do oceano Atlântico subtropical. Esse sistema tornou o ar mais seco
inibindo a formação de pancadas de chuva, típicas da região (MARENGO et Al, 2015).
Assim foi gerado um bloqueio que restringiu a entrada de umidade vinda da Amazônia e
dos sistemas frontais para essa região. Esse processo fez com que não se efetivasse a
formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que é um dos principais
mecanismos de precipitação da região.
Figura 1: Mapa de déficits (vermelho) e excessos (azul) de chuva, em milímetros, observados
no verão de 2014.
Fonte: Canal Ciência, 2014

A figura 2 demonstra o índice pluviométrico observado na região sudeste do


Brasil no primeiro trimestre de 2014. Na figura essa região aparece demarcada por um
retângulo com coloração de tom vermelho escuro, demonstrando déficits de chuva
superiores a -300 milímetros, ilustrando a extensão e magnitude da seca vivenciada na
região.
Nesse período o Sistema Cantareira, maior produtor de água que abastece a
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), atingiu 5% de sua capacidade de
armazenamento, seu o menor volume histórico até então (COELHO et Al, 2016). No
ano de 2014 “foi necessária a utilização do volume morto desse Sistema com o intuito
de manter o abastecimento público no período mais crítico da seca” (ANA, 2014).
Segundo Marengo et Al (2015) os principais reservatórios de abastecimento humano da
região sudeste operaram em volume morto, com vazão inferior à média histórica. Como
demonstrado na figura 2 o volume dos sistemas de abastecimento de São Paulo tiveram
baixa em seus níveis, sendo o sistema Cantareira o que apresentou baixa mais
expressiva.
Gráfico1- Variação dos volumes dos mananciais de São Paulo
Fonte: World Observer by Claudia e Vicente

A que se pensar ainda na contribuição da ação humana a essa anomalia. De


acordo com ANA (2014) a rigorosa estiagem e expressiva diminuição nos níveis dos
reservatórios de água estão diretamente relacionados ao alto consumo e à poluição
hídrica, senda a intervenção antrópica mais nociva que fatores naturais. A região sudeste
é a mais populosa do território brasileiro, e essa concentração populacional aumenta a
demanda pelo recurso hídrico, “É possível observar a consequência direta da maior
concentração populacional existente na região - 42% da população brasileira,
combinada a um evento de seca extrema com probabilidade de ocorrência inferior a
1%.” MARQUES et al, (2020).
Segundo afirma Manera (2015) “no Cantareira, apesar de não haver uma grande
estiagem em 2013, 15% de sua capacidade total foi consumida, 185 milhões de metros
cúbicos.”. Entre os anos de 2013 e 2014, antes mesmo que se atingisse o auge da
estiagem, 41% do Cantareira foram consumidos “Incríveis 524 milhões de metros
cúbicos“. MANERA (2015). Esse consumo desregulado foi fator importante para a
seca instaurada.
Assim pode-se indicar que a severa estiagem vivenciada na região sudeste
ocorreu devido à junção de fatores, a ação conjunta de fenômenos naturais e alta
demanda por recurso, “alta demanda hídrica atrelada à disponibilidade situacional
deficitária, resultando na crise.” (MARQUES et al, 2020).
2- A dinâmica pluviométrica em Campos dos Goytacazes (2014-2015)

Com o objetivo de perceber a dinâmica climática do município de Campos dos


Goyatacazes, o qual o assentamento Ilha Grande está situado, a pesquisa analisou os
dados pluviométricos disponibilizados pela Agência Nacional de Águas nos anos de
2014 e 2015, anos iniciais e mais críticos da estiagem apresentada. Para a análise foi
utilizado dados de três estações pluviométricas, as únicas em funcionamento nos anos
de 2014 e 2015 no município. A identificação das estações pluviométricas esta exposta
no quadro 1.
Quadro 1-Identificação das estações de Campos dos Goytacazes (2014 e
2015)
Sub- Estado Responsáve Latitud
bacia - Sigla Município l Estação - Tipo Código Nome e Longitude Operando
CAMPOS -
CAMPO DOS PONTE -
58 RJ GOYTACAZES ANA Pluviométrica 2141002 MUNICIPAL 21:45:12 -041:18:01 Sim
CAMPO DOS CARDOSO -
58 RJ GOYTACAZES ANA Pluviométrica 2141003 MOREIRA 21:29:14 -041:36:49 Sim
CAMPO DOS FAROL DE -
59 RJ GOYTACAZES ANA Pluviométrica 2241001 SÃO TOMÉ 22:02:33 -041:03:20 Sim
 
Fonte: Agência Nacional de Águas, 2021

Foram aferidos os dados pluviométricos dispostos por dia dos anos de 2014 e
2015, obtendo uma somatória mensal e anual. Posteriormente foi realizada uma
porcentagem do total desses meses, que foi utilizado para a construção do pluviograma.
Por fim foi calculada uma média das três estações, chegando a um único valor para cada
mês de cada ano. A metodologia usada esta disposta no quadro 2.
Quadro 2- Metodologias para a Tabulação dos dados
1º Extração de dados nas séries históricas da ANA
2º Somatório diário
3º Média das 3 estações
4º Construção do pluviograma

Como salientado na descrição metodológica a partir do somatório dos dias e da


porcentagem anual dos meses, foram construídos três pluviogramas (gráfico 2, 3 e 4),
que demonstram os índices de chuvas das três estações durante os anos de 2014 e 2015.
O pluviograma gerado demonstra uma percentagem mensal de precipitação na
região de estudo. Para sua construção é utilizada a metodologia de Schroder (apud
Pereira et al 2017) que indica os meses que apresentam a coloração mais escura como
sendo os meses mais chuvosos, em contrapartida os meses que apresentam coloração
mais clara são considerados os mais secos. De acordo com Schroder esses pluviogramas
permitem a visualização da distribuição da chuva ao longo dos meses e anos, “[...]
ressaltando ainda os meses mais secos e os mais chuvosos. Permite, ainda, classificar
com restrição, um determinado mês como muito seco, apenas seco, apenas úmido ou
muito úmido” (apud Pereira et al 2017). Para tal foram considerados os postos
pluviométricos que apresentaram menos falhas em relação a séries históricas, assim os
dados foram tratados por meio de estatísticas básicas como médias e percentagens
mensais e anuais, não sendo utilizado nenhum método de preenchimento de falhas.
( PEREIRA et al 2017).

  JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL

2014 1,5 0 8,54 26,07 8,06 11,38 19,22 0,75 1,71 1,35 12,97 7,82 415,8

2015 0 0,86 9,42 5,14 19,95 7,76 3,54 3,03 9,22 6,89 20,4 13,79 313,2
2,0- 4,0- 8,3- 12,5-
0,00% <2,0% 3,9% 8,2% 12,4% 25% >25,1%
Gráfico 2- Pluviograma da Estação Farol de São Thomé (2014 e 2015)
Fonte: Agência Nacional de Água, adaptado pela autora, 2021.

  JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL

2014 3,7 1 24 18,3 0,6 5,4 24,9 2,1 1,6 3,4 10,5 4,3 621,30
2015 0 5,1 17,5 5,7 13,8 5,8 1,3 3,3 12,3 7,9 13,6 13,5 794,3
2,0- 4,0- 8,3- 12,5-
0,00% <2,0% 3,9% 8,2% 12,4% 25% >25,1%
Gráfico 3- Pluviograma da Estação Ponte Municipal (2014 e 2015)
Fonte: Agência Nacional de Água, adaptado pela autora, 2021.

  JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
2014 8,22 7,11 6,93 11,47 0,38 3,67 6,49 1,38 0,89 4,77 36,67 12,01 628
2015 0,47 3,97 16,56 9,8 10,68 3,36 2,03 4,51 9,54 6,83 18,69 13,56 590
2,0- 4,0- 8,3- 12,5-
0,00% <2,0% 3,9% 8,2% 12,4% 25% >25,1%
Gráfico 4- Pluviograma da Estação Cardoso Moreira (2014 e 2015)
Fonte: Agência Nacional de Água, adaptado pela autora, 2021.
Ao analisar os pluviogramas, é notório o baixo índice de chuva presentes nos
anos de 2014 e 2015 no município de Campos dos Goytacazes. Podemos destacar
também que dentre as três estações analisadas, a estação de Farol de São Thomé, a mais
próxima do assentamento Ilha Grande (15 Km), é a que possuiu o menor índice
pluviométrico. A seguir, no gráfico 5, está exposto a média anual obtida das três
estações no ano de 2014, 2015.

140
120
100
80
60
40
20
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

2014 2015

Gráfico 5- Medias Pluviométricas Campos dos Goytacazes (2014 e 2015).


Fonte: Agência Nacional de Água, adaptado pela autora, 2021.

A média anual de chuvas registradas no ano de 2014 foi de 521,1 mm e em 2015


foi de 600,03 mm. Tais médias revelam um quantitativo de chuvas baixo, reflexo da
estiagem observada na região nos anos citados. Segundo Sobral et Al (2018), ao realizar
uma caracterização da variabilidade espaço-temporal e interanual da chuva no Estado
do Rio de Janeiro (ERJ) entre 1979 e 2009, revela que a média puviométrica no Norte
Fluminense é de 1033 mm. Valor superior ao analisado nesta pesquisa, evidenciando a
mudanças climáticas em questão.

-O impacto da estiagem (2014 e 2015) na agricultura familiar: um estudo


de caso no Assentamento Ilha Grande.

A estiagem vivenciada entre os anos de 2014 e 2015 trouxe diversos prejuízos


aos âmbitos econômico e social, a falta de chuva afetou a população com racionamento
de uso de água, quedas de energia e impactou a produção agrícola. De acordo com a
Agencia Nacional de Águas (ANA) cerca de 72% da água captada no Brasil é destinada
a produção agrícola, demonstrando assim a importância desse recurso para esse setor.
Assim sendo, em um contexto de severa estiagem, o setor agrícola é fortemente afetado
haja vista que “os produtores são diretamente impactados pela falta d’água porque a
legislação brasileira determina que, em caso de seca, o uso prioritário é o humano, e não
o agrícola.” (IDOETA, 2015).
Segundo afirma Neher (2015) “A crise hídrica que atinge a região Sudeste do
país começa a afetar a produção agrícola no Brasil.” Segundo a autora algumas culturas
já tiveram redução no primeiro ano de estiagem e as produções posteriores
apresentavam perspectiva de déficit, como ocorreu. Nesse cenário os produtores mais
afetados tendem a ser os de pequeno porte (IDOETA, 2015), em específico os
agricultores familiares que já trabalham em condições menos favoráveis sem o amparo
técnico e financeiro que em geral é destinado aos grandes agricultores.
Sob essa perspectiva, a presente pesquisa realizou um questionário no
assentamento Ilha Grande, localizado no quinto distrito de Campos dos Goytacazes,
com a finalidade de perceber como a estiagem vivenciada nos anos de 2014 e 2015
impactaram os agricultores familiares, assim como identificar as técnicas que os
mesmo possuem para enfrentar esse tipo de desastre ambiental. O questionário teve 5
questões fechadas e foi aplicado com 10 agricultores, todos produtores de lavouras
temporárias e criadores de animais, no caso, bovinos. Os dados do questionário estão
sintetizados no quadro 3.
Quadro 3- Questionário (impactos da seca na agricultura)
1- Você lembra do ( 10 ) sim ( 0 ) não
período de estiagem
nos anos de 2014 e
2015?

2- Se sim. Você ( 8 ) sim ( 2 ) não


perdeu produção?

3- Você já perdeu ( 7 ) sim ( 3 ) não


produção em outro
período por causa da
seca?

4- De qual forma a Perdeu produção total Perdeu criação Aumentou os gastos,


seca afetou sua (08) mas não perdeu
(04)
produção ou o seu produção
abastecimento? (02)

4- Qual tipo de Natural Mecanizada/poço Fluvial/bomba ou


irrigação você motor)
utiliza? (03)
(07)

Como podemos observar todos os entrevistados se lembram e sentiram os efeitos


do período de baixa estiagem vivenciado nos anos de 2014 e 2015, na Região Sudeste.
É válido ressaltar que apenas dois (02) entrevistados não perderam totalmente a
produção, que no caso se configuram como lavouras temporárias (quiabo, cana-de-
açúcar, milho e jiló). Contudo os dois entrevistados que não perderam a produção,
relataram um gasto atípico para realizar a irrigação e também acentuaram ter que
realizar a irrigação com águas provenientes de canais.
Outro ponto a ser observado é que todos os entrevistados realizam irrigação
mecanizada, o que contribuiu para resistirem durante o período de estiagem que
sucederam-se.
Por fim, sete dos entrevistados relataram que já perderam produção em outros
períodos de estiagem, sendo um problema recorrente no assentamento. Demonstrando a
necessidade de políticas públicas que pensem na irrigação dos pequenos agricultores no
município.
Considerações Finais
A crise hídrica vivenciada na Região Sudeste trouxe grandes impactos
socioeconômicos, que se configuraram desde o abastecimento doméstico nas grandes
cidades a perdas na produção agrícola e demais setores produtivos. O município de
Campos dos Goytacazes, situado no Norte Fluminense, região cujo índice de chuvas é
considerado inferior às demais regiões, não teve divergência a essa realidade, visto que
o mesmo obteve médias inferiores a 600 mm nos dois anos mais crítico da crise.
Em relação às questões agrícolas, a disponibilidade de chuva ou de água para a
irrigação é fundamental, portanto a estiagem intensa vivenciadas nos anos analisados
trouxeram grandes impactos na produção, sobretudo, na realizada pela agricultura
familiar que possui baixo acesso a tecnologia e capacidade de reação a momentos
críticos como ao período de grande estiagem, perdendo sua produção ou sofrendo
grandes gastos para manter-las.

Referências
ANA. Agência Nacional de Águas - Encarte Especial Crise Hídrica. Conjuntura dos
Recursos Hídricos no Brasil - Informe 2014, Brasília, ANA, 2014.
CANAL CIENCIA. Mapa de Déficits e Excessos de Chuvas no Verão de 2014.
Disponível em < https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese1/ciencias-exatas-e-da-
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de Julho de 2021.
COELHO, C. A. S.; CARDOSO, D. H. F.; FIRPO, M. A. F.. A seca de 2013 a 2015 na
região sudeste do Brasil. Climanálise – Edição Especial de 30 anos, p. 55-61, 2016.
IDOETA, P. A. A agricultura é vilã ou vítima na crise hídrica. BBC News Brasil. 2015.
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Disponível em: < https://vicentemanera.com/2015/11/02/sao-paulo-atacama-a-verdade-


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