Você está na página 1de 7

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/284363298

VARIABILIDADE DO BALANÇO HÍDRICO NAS ÚLTIMAS SEIS DÉCADAS EM


BANANEIRAS-PB

Article in Revista Educação Agrícola Superior · October 2014


DOI: 10.12722/0101-756X.v28n02a06

CITATIONS READS
0 99

4 authors, including:

Paulo Roberto Megna Francisco


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
419 PUBLICATIONS 1,141 CITATIONS

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Aptidão Pedoclimática do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas de Interesse Econômico - Primeira Aproximação View project

All content following this page was uploaded by Paulo Roberto Megna Francisco on 11 June 2016.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Revista Educação Agrícola Superior
Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS - v.28, n.2, p.114-119, 2013.
ISSN - 0101-756X - DOI: http://dx.doi.org/10.12722/0101-756X.v28n02a06

VARIABILIDADE DO BALANÇO HÍDRICO


NAS ÚLTIMAS SEIS DÉCADAS EM BANANEIRAS-PB
Daris Correia dos Santos1, Raimundo Mainar de Medeiros1,
Manoel Francisco Gomes Filho2 & Paulo Roberto Megna Francisco3

RESUMO
Este trabalho objetivou estudar os impactos climáticos nas últimas seis décadas de 1950 a 2009 no município de Bananeiras e
averiguar os possíveis impactos no comportamento da variabilidade do balanço hídrico, para isto computou-se o comportamento
hidroclimatológico, de sua demanda hídrica e sua contribuição para a agricultura. Utilizou-se de dados históricos de precipitação
e da temperatura média obtida por retas de regressão múltipla. A comparação das décadas estudadas demonstrou que a
predominância dos índices de deficiência hídrica ocorreu entre os meses de fevereiro a agosto, com destaque a década de 2.000
onde os índices de deficiências foram os mais baixos. Os excedentes hídricos ocorreram entre os meses de março a agosto,
exceto para a década de 2000-2009 que apresentou as menores variabilidades de excedentes. Em regra geral, observou-se nos
resultados do balanço hídrico que nos meses de março a agosto, ocorreram os índices mais elevados de excedentes hídricos. Os
maiores valores ocorridos na evapotranspiração potencial e na evaporação real, em ambas as décadas estudadas, ocorreram no
mês de março.

PALAVRAS-CHAVE: impactos climáticos, precipitação, temperatura, índices

VARIABILITY OF WATER BALANCE IN THE LAST


SIX DECADES IN BANANEIRAS-PB
ABSTRACT
This study investigated the impacts of climate change in the past six decades: 1950- 2009 in the town of Bananeiras and ascertain
the possible impacts on the behavior of the variability water balance, computed for this is the behavior of the hydro municipality,
your water demand and its contribution to agriculture. We used historical data of rainfall and temperature averages obtained by
multiple regression lines. Comparison of decades studied demonstrated that the prevalence rates of water deficiency occurred
between February to August, especially the 2000s where disability rates were the lowest. The surplus water occurred between the
months from March to August, except for the decade 2000-2009 that had the lowest variability of surplus. In general rules, see
the results of the water balance in the months from March to August, the highest rates occurred surplus water. The highest values​​
occurring in potential evapotranspiration and actual evaporation in both decades studied occurred in March.

KEY WORDS: impacts climate, rainfall, temperature, indices

1
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Meteorologia, Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: dariscorreia@gmail.com; mainarmedeiros@gmail.com
2
Prof. Dr. do Dep. de Meteorologia Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: manuel@dca.ufcg.edu.br
3
Dr. em Eng. Agrícola Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: paulomegna@gmail.com
Variabilidade do balanço hídrico nas últimas seis décadas em Bananeiras-PB 115
INTRODUÇÃO O período chuvoso se inicia em janeiro/fevereiro e termina
em setembro, podendo se estender até outubro (AESA,
De acordo com Horikoshi et al. (2007) os impactos 2011). As chuvas da região sofrem influência das massas
climáticos ocorridos nos últimos 60 anos na estrutura agrária de ar Atlânticas de Sudeste e do Norte além de possuir uma
do território brasileiro, provavelmente, trouxeram impactos distribuição pluviométrica anual muito irregular (1.174,7
ambientais que certamente promoveram mudanças de m), apresenta uma temperatura máxima anual de 27,0ºC; sua
comportamento da camada inferior da atmosfera, afetando temperatura mínima anual é por volta 18,8ºC e a temperatura
diretamente o regime hídrico das precipitações pluviais e da média de 22,0ºC e sua umidade relativa do ar anual são de
disponibilidade de água no solo. Em nosso país, as maiores 63,2%.
dificuldades para a análise das variáveis do clima se referem Para análise foi utilizado um programa em planilhas
ao curto segmento temporal das séries históricas e às falhas e eletrônicas e os dados de precipitações mensais utilizados
inconsistências dos dados meteorológicos. da série de 1930 a 2011 obtidos junto à Superintendência
Assim, a tarefa de explicação das alterações dos elementos de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e Agência
do clima, fica obviamente prejudicada, pois, a partir da análise Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba
de dados das séries temporais, que não são suficientemente (AESA). Sendo também utilizada a capacidade de
longas, fica muito difícil separar as oscilações climáticas armazenamento de campo (CAD) de 100 mm. O cálculo do
naturais daquelas decorrentes dos processos antropogênicos balanço hídrico climático foi utilizado por Thornthwaite &
(TARIFA, 1994). Mather (1955). Para tal, utilizou-se o software desenvolvido
O planejamento hídrico é a base para se dimensionar em planilhas eletrônicas do Excel por Rolim & Sentelhas
qualquer forma de manejo integrado dos recursos hídricos, (1999). Obtiveram-se os valores normais de evaporação real
assim, o balanço hídrico permite o conhecimento da necessidade e evapotranspiração potencial além dos valores de excedente
e disponibilidade hídrica no solo ao longo do tempo. O balanço e deficiência hídrica
hídrico como unidade de gerenciamento, permite classificar o Foram utilizados dados da temperatura média do ar
clima de uma região, realizar o zoneamento agroclimático e estimada através da utilização do software “Estima–T”,
ambiental, o período de disponibilidade e necessidade hídrica desenvolvido pelo Departamento de Ciências Atmosféricas
no solo, além de favorecer ao gerenciamento integrado dos (DCA) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
recursos hídricos (LIMA & SANTOS, 2009). referente ao período de 1950 a 2011.
O balanço hídrico é uma primeira avaliação de uma região, Para a elaboração do balanço hídrico da área estudada,
que se determina a contabilização de água de uma determinada foi utilizado o método de Thornthwaite & Mather (1948;
camada do solo onde se define os períodos secos (deficiência 1955), que requer os dados de temperatura e precipitação
hídrica) e úmidos (excedente hídrico) de um determinado local média.
(REICHARDT, 1990), assim, identificando as áreas onde as Os dados meteorológicos mensais foram agrupados em
culturas e a indústria pode ser explorada com maior eficácia quatro décadas distintas, quais sejam 1950 a 1959; 1960 a
(BARRETO et al., 2009). 1969; 1970 a 1979; 1980 a 1989; 1990 a 1999 e de 2000 a 2009,
Dada à importância de se verificar o comportamento que posteriormente, utilizando-se de planilhas eletrônicas,
sazonal dos períodos de deficiência, excedente, retirada e extraíram-se os valores médios mensais de temperatura e
reposição hídrica, esse trabalho tem o objetivo de comparar precipitação, necessários ao cálculo do balanço hídrico.
o comportamento do balanço hídrico ao longo das décadas
de 1950 a 2009 para o município de Bananeiras subsidiando
o conhecimento sobre o comportamento hidroclimatológico,
além do reforço para a melhoria da agricultura local.

MATERIAIS E MÉTODOS

O município de Bananeiras localizado no estado da Paraíba


apresenta uma área de 258 km², sua localização geográfica esta
inserida na latitude de 06º46’ ao Sul e sua longitude de 35º38’
ao Oeste de Greenwich com uma altitude média em relação
ao nível o mar de 552,0 metros. Está inserido na unidade
geoambiental do Planalto da Borborema, que apresenta relevo
movimentado, com vales profundos e estreitos dissecados.
Inserido nos domínios da bacia hidrográfica do Rio Curimataú
os principais tributários são os rios Curimataú, Dantas e
Picadas e os riachos: Sombrio e Carubeba, todos de regime
intermitente. Conta ainda com os recursos do açude da Piaba.
(IBGE, 2006). Fonte: Adaptado de CPRM (2005).
De acordo com a classificação de Köppen o clima é Figura 1. Localização do município de Bananeiras no estado
considerado do tipo As - Tropical Chuvoso, com verão seco. da Paraíba

Revista Educação Agrícola Superior - v.28, n.2, p.114-119, 2013.


Mês efetivo de circulação deste número: Outubro/2014.
116 Daris C. dos Santos et al.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 2 observam-se as menores variações ocorridas
nos índices hídricos, aridez e umidade para as décadas em
Na Tabela 1 observam-se os resultados do balanço hídrico estudo. Nas décadas de 1960 e 1990 os índices hídricos
para as seis décadas onde se analisou as deficiências e os fluíram entre 23,27 e 25,63%, respectivamente, nos índices
excedentes. Para a década de 1950, não ocorreram deficiências de aridez observam-se suas menores variações nas décadas de
nos meses de abril a agosto, na década de 1960 os meses de 1980 e 2000 com flutuações de 15,64 e 12,92%. Já as menores
março a julho não ocorreram deficiências, assim como nos oscilações nos índices de umidade os ocorreram nas décadas
meses de março a agosto na década de 1970. Entre fevereiro de 1960 com 9,31% e na década de 1990 com 12,49%, estas
e abril na década de 1980 e nos meses de março a agosto na flutuações estão condicionadas aos fatores provocadores de
década dos anos 1990 e para a década dos anos 2000 os meses chuva da região.
de janeiro a agosto apresentaram-se com índices de deficiências A pluviometria representa o atributo fundamental na análise
mais baixas, e estas deficiências estão condicionadas aos dos climas tropicais, refletindo a atuação das principais correntes
fatores provocadores de chuvas da região. da circulação atmosférica. Na região sul do estado do Piauí as
Nas análises dos excedentes para as décadas estudadas chuvas determinam o regime dos rios perenes, córregos, riachos,
observa-se que nos meses de abril a agosto os excedentes níveis dos lagos e lagoas, ocupação do solo, sendo imprescindível
ocorrem na década de 1950, de abril a julho em 1960, de abril o conhecimento da sua dinâmica ao planejamento de qualquer
a agosto em 1970-1979, nos meses de março a agosto 1980- atividade (BARRET & CURTIS, 1992).
89, em maio a agosto 1990-99 e de abril a agosto na década A precipitação pluvial passa a ser a única fonte de suprimento
de 2000, sendo esta década a que apresentou excedentes de água. Por isso, ao escoar superficialmente a água é barrada
mais elevados, isto devido a sua variabilidade dos fatores em pequenos açudes e usada para o abastecimento. Além disso,
provocadores de chuvas da área estudada.
Tabela 2. Representações dos Índices hídricos, aridez e de
A variabilidade das deficiências hídricas e dos excedentes
umidade para as seis décadas
hídricos para as seis décadas em estudos demonstrou que os
Índices Índices Índices
valores são significativos e os seus índices flutuam conforme a Anos
hídricos (%) de aridez (%) de umidade (%)
atuação dos fatores meteorológicos que ocorreram na década, 1950-1959 36,89 24,47 22,22
como por exemplo, a atuação dos fenômenos de larga escala 1960-1969 23,27 23,27 9,31
El Niño e La Niña, auxiliados pela contribuição local que 1970-1979 30,65 17,74 20,01
diretamente podem fornecer para as reduções ou elevações 1980-1989 33,84 15,69 24,42
destes índices, observa-se que na década dos anos 2000 1990-1999 25,63 21,89 12,49
ocorreram maiores flutuações destes elementos. 2000-2009 50,75 12,92 42,99

Tabela 1. Balanço hídrico para as seis décadas


Anos 1950-1959 1960-1969 1970-1979
Deficit Excedente Deficit Excedente Deficit Excedente
Balanço
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
Jan 57,3 0,0 24,0 0,0 40,7 0,0
Fev 47,6 0,0 11,8 0,0 21,8 0,0
Mar 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Abr 0,0 14,6 0,0 79,1 0,0 25,3
Mai 0,0 94,9 0,0 52,1 0,0 78,9
Jun 0,0 159,6 0,0 89,2 0,0 61,0
Jul 0,0 75,5 0,0 18,9 0,0 132,3
Ago 0,0 32,0 2,9 0,0 0,0 15,3
Set 3,7 0,0 8,8 0,0 0,2 0,0
Out 33,2 0,0 46,0 0,0 20,8 0,0
Nov 59,8 0,0 71,2 0,0 43,3 0,0
Dez 48,1 0,0 74,5 0,0 54,1 0,0
Anos 1980-1989 1990-1999 2000-2009
Deficit Excedente Deficit Excedente Deficit Excedente
Balanço
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
Jan 38,7 0,0 57,4 0,0 0,0 0,0
Fev 0,0 0,0 11,1 0,0 0,0 0,0
Mar 0,0 13,4 0,0 0,0 0,0 0,0
Abr 0,0 104,3 0,0 0,0 0,0 58,7
Mai 0,0 53,6 0,0 57,0 0,0 67,1
Jun 0,0 93,6 0,0 97,9 0,0 188,2
Jul 0,0 50,0 0,0 95,0 0,0 130,3
Ago 0,0 38,6 0,0 20,7 0,0 94,3
Set 2,2 0,0 7,6 0,0 0,2 0,0
Out 30,4 0,0 34,8 0,0 26,3 0,0
Nov 44,3 0,0 55,6 0,0 49,1 0,0
Dez 48,4 0,0 64,6 0,0 61,5 0,0

Revista Educação Agrícola Superior - v.28, n.2, p.114-119, 2013.


Mês efetivo de circulação deste número: Outubro/2014.
Variabilidade do balanço hídrico nas últimas seis décadas em Bananeiras-PB 117
muitas vezes, uma pequena fração é captada e armazenada
em cisternas para fins potáveis. No entanto, este elemento do
clima é extremamente variável tanto em magnitude quanto em
distribuição espacial e temporal para qualquer região e, em
especial, no NEB (ALMEIDA & SILVA, 2004; ALMEIDA &
PEREIRA, 2007).
Na Tabela 3 observam-se os valores da precipitação, da
evapotranspiração potencial (ETP), e evaporação real (EVR)
para as seis décadas estudadas. As variações das precipitações
demonstram que os maiores índices pluviométricos ocorreram
entre os meses de março a agosto com flutuações variando entre
41,9 a 261,5mm. Destacando-se os meses de junho na década
1950, o mês de abril na década de 1960, julho na década de
1970, março na década 1980 e no mês de junho para as décadas
de 1990 e 2000, onde os índices pluviométricos foram acima
da média histórica.
Figura 2. Balanço hídrico decenal do município de
Os menores valores de ETP para as décadas estudadas
Bananeiras para o período 1950-1959
ocorreram no mês de julho, já no elemento EVR as oscilações
ocorreram no mês de novembro nas décadas de 1950, 1969 e A Figura 3 representa o balanço hídrico da década de 1960-
1980. Nas décadas de 1970, 1990 e 2000 o mês de menores 1969, as deficiências ocorreram entre final de agosto e meado
valores de EVR foi em dezembro. Os maiores índices ocorridos do mês de fevereiro, reposições das águas no solo ocorreram
tanto na ETP e na EVR aconteceram no mês de março das entre os meses de março e abril e os excedentes entre abril e
referidas décadas. julho a retirada da água no solo iniciou-se no final de agosto e
Na Figura 2, pode-se comparar o balanço hídrico calculado prolongou-se ate o inicio do mês de novembro.
para o primeiro decêndio entre os anos de 1950 a 1959, que Na Figura 4, tem-se a representação do balanço hídrico
apresentou excedente hídrico nos meses de abril a agosto, da década de 1970-1979 onde as retiradas das águas do solo
associado aos elevados índices pluviométricos. Os meses de ocorreram entre o período do final de setembro ao final de
setembro a fevereiro foram os meses com maiores índices de janeiro, as reposições das águas foram entre os meses de
deficiência hídrica, e entre setembro e novembro ocorreram às março e abril e as deficiências ocorreram entre os meses de
maiores retiradas de águas, sendo março e abril os meses que outubro a fevereiro, os excedentes foram no período de abril
foi observado à reposição de água no solo. a agosto.

Tabela 3. Valores médios da precipitação climatológicas, evapotranspiração potencial e evaporação real para as seis décadas
1950-1959 1960-1969 1970-1979
Meses
Chuva ETP EVR Chuva ETP EVR Chuva ETP EVR
Jan 37,1 98,7 41,4 73,7 98,8 74,8 53,0 98,4 57,7
Fev 46,5 96,1 48,5 83,6 95,9 84,1 71,8 95,3 73,5
Mar 134,0 104,3 104,3 175,4 104,2 104,2 128,7 103,4 103,4
Abr 173,8 92,1 92,1 197,0 92,6 92,6 185,5 91,8 91,8
Mai 179,4 84,6 84,6 137,3 85,1 85,1 163,6 84,7 84,7
Jun 229,9 70,3 70,3 160,2 71,0 71,0 131,7 70,7 70,7
Jul 140,5 65,1 65,1 84,9 66,1 66,1 198,2 65,8 65,8
Ago 98,4 66,4 66,4 41,9 66,8 64,0 81,7 66,4 66,4
Set 41,5 70,1 66,4 43,4 71,0 62,2 64,1 70,7 70,5
Out 13,3 84,9 51,7 8,0 86,0 40,0 19,2 85,3 64,4
Nov 10,3 90,4 30,6 4,6 91,5 20,3 24,1 91,0 47,6
Dez 42,6 97,8 49,6 18,1 98,9 24,4 31,4 97,5 43,4
1980-1989 1990-1999 2000-2009
Chuva ETP EVR Chuva ETP EVR Chuva ETP EVR
Jan 58,0 100,8 62,1 40,6 101,6 44,2 120,5 102,3 102,3
Fev 101,1 97,4 97,4 87,1 98,7 87,6 116,0 98,9 98,9
Mar 208,2 106,2 106,2 157,3 107,5 107,5 139,2 107,9 107,9
Abr 198,1 93,8 93,8 131,7 95,3 95,3 177,2 95,5 95,5
Mai 140,1 86,5 86,5 155,1 88,1 88,1 154,7 87,6 87,6
Jun 165,7 72,0 72,0 171,0 73,1 73,1 261,5 73,3 73,3
Jul 116,8 66,8 66,8 162,7 67,7 67,7 198,1 67,8 67,8
Ago 106,2 67,6 67,6 88,8 68,1 68,1 163,1 68,7 68,7
Set 50,8 72,7 70,5 30,9 72,5 64,9 67,9 73,4 73,3
Out 15,9 87,4 57,0 20,9 87,9 53,1 11,7 88,9 62,6
Nov 30,8 93,3 49,1 21,0 94,1 38,5 23,3 94,7 45,6
Dez 43,0 100,6 52,2 28,3 101,2 36,7 29,7 102,3 40,8

Revista Educação Agrícola Superior - v.28, n.2, p.114-119, 2013.


Mês efetivo de circulação deste número: Outubro/2014.
118 Daris C. dos Santos et al.
A Figura 6 demonstra a contabilização do BH para a
década de 1990-1999 onde se têm as retiradas das águas do
solo ocorrendo no final do mês de setembro e inicio de janeiro,
seguida pela deficiência hídrica a reposição das águas no solo
ocorreram nos meses de março a inicio de maio, e os excedentes
foram entre os meses de maio a agosto.
Na Figura 7 observa-se o BH da década de 2000-2009
onde as deficiências e retiradas das águas ocorreram entre os
meses de setembro a dezembro e a reposição das águas entre
janeiro e abril e os excedentes entre os meses de abril e agosto.
Demonstrando que este decênio foi o melhor na distribuição
dos índices pluviométricos, ao passo que nos anos 60 e 70 as
irregularidades das chuvas foram anomalias.

Figura 3. Balanço hídrico decenal do município de


Bananeiras para o período 1960-1969

Figura 6. Balanço hídrico decenal do município de


Bananeiras para o período 1990-1999

Figura 4. Balanço hídrico decenal do município de


Bananeiras para o período 1970-1979

Na Figura 5 observa-se o demonstrativo do BH para a


década de 1980-1989, onde ocorreram deficiências entre
setembro e janeiro seguidamente da retirada de água no solo, a
reposição das águas ocorreram entre o final do mês de fevereiro
e inicio de março e os excedentes entre os meses de março a
agosto.

Figura 7. Balanço hídrico decenal do município de


Bananeiras para o período 2000-2009

CONCLUSÕES

Os índices de deficiências hídricas para as seis décadas


estudadas predominam nos meses de fevereiro a agosto com
destaque para a década de 2000 onde seus índices foram os
mais baixos.
O comportamento do balanço hídrico evidencia que em todas
Figura 5. Balanço hídrico decenal do município de as décadas houve um período chuvoso com excedente hídrico,
Bananeiras para o período 1980-1989 exceto para a década de 2000-2009, onde ocorreu excedente
Revista Educação Agrícola Superior - v.28, n.2, p.114-119, 2013.
Mês efetivo de circulação deste número: Outubro/2014.
Variabilidade do balanço hídrico nas últimas seis décadas em Bananeiras-PB 119
acima da normalidade nos meses de abril a agosto. Observa-se IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2006.
nos resultados do balanço hídrico que nos meses de março a IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
agosto ocorrem os índices mais elevados de excedentes hídricos. ESTATÍSTICA. Mapa de climas do Brasil, Diretoria
Nos índices hídricos ocorreram variações numéricas nas de Geociências. Disponível em http://www.ibge.gov.
seis décadas estudadas que estão diretamente condicionadas às br/geociencias/default-prod.shtm#MAPAS. Acesso em
variabilidades das ocorrências das chuvas durante o período 19/12/2010.
chuvoso. IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
Os valores dos balanços hídricos demonstram que para ESTATÍSTICA. Censo 2010. Disponível em: http://www.
a produtividade agrícola, em média o balanço geral ainda ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em
apresenta-se favorável à manutenção da umidade no solo e 20/12/2010.
que o clima apresenta respostas de favorecimento às práticas
Lima, F. B.; Santos, G. O. Balanço hídrico-espacial da
agrícolas na região.
cultura para o uso e ocupação atual da bacia hidrográfica
do Ribeirão Santa Rita, Noroeste do Estado de São
AGRADECIMENTOS
Paulo. 2009. 89f. Monografia. Fundação Educacional de
A CAPES pela concessão da bolsa de estudo aos dois Fernandópolis. Fernandópolis, 2009.
primeiros autores. Medeiros, R. Mainar. Estudo agrometeorológico para o Estado
da Paraíba. Publicação avulsa, 2000. 114p.
LITERATURA CITADA Medeiros, R. Mainar. Estudo de regressões múltiplas.
Publicação avulsa, 2011.
AESA. Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado Reichardt, K. A água em sistemas agrícolas. Barueri. Ed.
da Paraíba. João Pessoa, 2011. Disponível em <http://geo. Manole, 1990.
aesa.pb.gov.br>. Acesso: 20 de outubro de 2011. Rolim, G. S.; Sentelhas, P. C. Balanço Hídrico Normal por
Almeida, H. A. de, Pereira, F. C. Captação de água de chuva: Thornthwaite & Mather (1955). Piracicaba. ESALQ, 1999.
uma alternativa para escassez de água. In: Congresso CD-ROM.
Brasileiro de Agrometeorologia, 15, Aracaju, SE, Anais..., Santos, A. R. Zoneamento agroclimatológico para a cultura
Aracaju: CDROM. 2007. do café conilon (Coffea canephora L.) e arábica (Coffea
Almeida, H. A. de, Silva, L. Modelo de distribuição de chuvas arabica L.) na Bacia do Rio Itapemirim, ES. Dissertação
para a cidade de Areia, PB. In: I Congresso Intercontinental de (Mestrado em Meteorologia Agrícola). Programa de Pós
Geociências, Fortaleza, Anais... Fortaleza: CD-ROM. 2004. Graduação em Engenharia Agrícola. Universidade Federal
Barrett, E. C.; Curtis, L. F. Introduction to environmental Remote de Viçosa. Viçosa, 1999.
Sensing. London: Chapman & Hall, 3rd. Ed, 1992. 425p. Rolim, G.S.; Sentelhas, P. C. Balanço Hídrico Normal por
Barreto, P. N.; Silva, R. B. C.; Souza, W. S.; Costa, G. B.; Nunes,
Thornthwaite & Mather (1955). Piracicaba. ESALQ. 1999.
H. G. G. C.; Sousa, B. S. B. Análise do balanço hídrico
CD-ROM.
durante eventos extremos para áreas de floresta tropical de
SUDENE. Superintendência do Desenvolvimento do
terra firme da Amazônia Oriental. In: XVI CONGRESSO
BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA, 2009, Belo Nordeste. Dados pluviométricos mensais do nordeste. Série
Horizonte. Anais... Belo Horizonte. CD. pluviometria 5. Estado do Paraíba. Recife, 1990. 239p.
CPRM. Serviço Geológico do Brasil. Atlas digital dos recursos Tarifa, J.R. Alterações climáticas resultantes da ocupação
hídricos subterrâneos da Paraíba. Brasília: CPRM/Projeto agrícola no Brasil. Revista do Departamento de Geografia,
cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea. n.8, p.12-23, 1994.
Prognósticos do município de Bananeiras. p.21, 2005. Thornthwaite, C.W. An approach toward a rational classification
Horikoshi, A. S., Fisch, G. Balanço Hídrico Atual e Simulações of climate. Geogr. Rev, v.38, p.55-94, 1948.
para Cenários Climáticos Futuros no Município de Taubaté, Thornthwaite, C. W.; Mather, J. R. The Water Balance.
SP, Brasil. Revista Ambiente e Água - An Interdisciplinary Publications in Climatology. New Jersey: Drexel Institute
Journal of Applied Science: v.2, n.2, 2007. of Technology, 104p. 1955.

Revista Educação Agrícola Superior - v.28, n.2, p.114-119, 2013.


Mês efetivo de circulação deste número: Outubro/2014.

View publication stats

Você também pode gostar