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Aptidão Pedoclimática do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas de Interesse Econômico - Primeira Aproximação View project
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RESUMO
Este trabalho objetivou estudar os impactos climáticos nas últimas seis décadas de 1950 a 2009 no município de Bananeiras e
averiguar os possíveis impactos no comportamento da variabilidade do balanço hídrico, para isto computou-se o comportamento
hidroclimatológico, de sua demanda hídrica e sua contribuição para a agricultura. Utilizou-se de dados históricos de precipitação
e da temperatura média obtida por retas de regressão múltipla. A comparação das décadas estudadas demonstrou que a
predominância dos índices de deficiência hídrica ocorreu entre os meses de fevereiro a agosto, com destaque a década de 2.000
onde os índices de deficiências foram os mais baixos. Os excedentes hídricos ocorreram entre os meses de março a agosto,
exceto para a década de 2000-2009 que apresentou as menores variabilidades de excedentes. Em regra geral, observou-se nos
resultados do balanço hídrico que nos meses de março a agosto, ocorreram os índices mais elevados de excedentes hídricos. Os
maiores valores ocorridos na evapotranspiração potencial e na evaporação real, em ambas as décadas estudadas, ocorreram no
mês de março.
1
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Meteorologia, Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: dariscorreia@gmail.com; mainarmedeiros@gmail.com
2
Prof. Dr. do Dep. de Meteorologia Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: manuel@dca.ufcg.edu.br
3
Dr. em Eng. Agrícola Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: paulomegna@gmail.com
Variabilidade do balanço hídrico nas últimas seis décadas em Bananeiras-PB 115
INTRODUÇÃO O período chuvoso se inicia em janeiro/fevereiro e termina
em setembro, podendo se estender até outubro (AESA,
De acordo com Horikoshi et al. (2007) os impactos 2011). As chuvas da região sofrem influência das massas
climáticos ocorridos nos últimos 60 anos na estrutura agrária de ar Atlânticas de Sudeste e do Norte além de possuir uma
do território brasileiro, provavelmente, trouxeram impactos distribuição pluviométrica anual muito irregular (1.174,7
ambientais que certamente promoveram mudanças de m), apresenta uma temperatura máxima anual de 27,0ºC; sua
comportamento da camada inferior da atmosfera, afetando temperatura mínima anual é por volta 18,8ºC e a temperatura
diretamente o regime hídrico das precipitações pluviais e da média de 22,0ºC e sua umidade relativa do ar anual são de
disponibilidade de água no solo. Em nosso país, as maiores 63,2%.
dificuldades para a análise das variáveis do clima se referem Para análise foi utilizado um programa em planilhas
ao curto segmento temporal das séries históricas e às falhas e eletrônicas e os dados de precipitações mensais utilizados
inconsistências dos dados meteorológicos. da série de 1930 a 2011 obtidos junto à Superintendência
Assim, a tarefa de explicação das alterações dos elementos de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e Agência
do clima, fica obviamente prejudicada, pois, a partir da análise Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba
de dados das séries temporais, que não são suficientemente (AESA). Sendo também utilizada a capacidade de
longas, fica muito difícil separar as oscilações climáticas armazenamento de campo (CAD) de 100 mm. O cálculo do
naturais daquelas decorrentes dos processos antropogênicos balanço hídrico climático foi utilizado por Thornthwaite &
(TARIFA, 1994). Mather (1955). Para tal, utilizou-se o software desenvolvido
O planejamento hídrico é a base para se dimensionar em planilhas eletrônicas do Excel por Rolim & Sentelhas
qualquer forma de manejo integrado dos recursos hídricos, (1999). Obtiveram-se os valores normais de evaporação real
assim, o balanço hídrico permite o conhecimento da necessidade e evapotranspiração potencial além dos valores de excedente
e disponibilidade hídrica no solo ao longo do tempo. O balanço e deficiência hídrica
hídrico como unidade de gerenciamento, permite classificar o Foram utilizados dados da temperatura média do ar
clima de uma região, realizar o zoneamento agroclimático e estimada através da utilização do software “Estima–T”,
ambiental, o período de disponibilidade e necessidade hídrica desenvolvido pelo Departamento de Ciências Atmosféricas
no solo, além de favorecer ao gerenciamento integrado dos (DCA) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
recursos hídricos (LIMA & SANTOS, 2009). referente ao período de 1950 a 2011.
O balanço hídrico é uma primeira avaliação de uma região, Para a elaboração do balanço hídrico da área estudada,
que se determina a contabilização de água de uma determinada foi utilizado o método de Thornthwaite & Mather (1948;
camada do solo onde se define os períodos secos (deficiência 1955), que requer os dados de temperatura e precipitação
hídrica) e úmidos (excedente hídrico) de um determinado local média.
(REICHARDT, 1990), assim, identificando as áreas onde as Os dados meteorológicos mensais foram agrupados em
culturas e a indústria pode ser explorada com maior eficácia quatro décadas distintas, quais sejam 1950 a 1959; 1960 a
(BARRETO et al., 2009). 1969; 1970 a 1979; 1980 a 1989; 1990 a 1999 e de 2000 a 2009,
Dada à importância de se verificar o comportamento que posteriormente, utilizando-se de planilhas eletrônicas,
sazonal dos períodos de deficiência, excedente, retirada e extraíram-se os valores médios mensais de temperatura e
reposição hídrica, esse trabalho tem o objetivo de comparar precipitação, necessários ao cálculo do balanço hídrico.
o comportamento do balanço hídrico ao longo das décadas
de 1950 a 2009 para o município de Bananeiras subsidiando
o conhecimento sobre o comportamento hidroclimatológico,
além do reforço para a melhoria da agricultura local.
MATERIAIS E MÉTODOS
Tabela 3. Valores médios da precipitação climatológicas, evapotranspiração potencial e evaporação real para as seis décadas
1950-1959 1960-1969 1970-1979
Meses
Chuva ETP EVR Chuva ETP EVR Chuva ETP EVR
Jan 37,1 98,7 41,4 73,7 98,8 74,8 53,0 98,4 57,7
Fev 46,5 96,1 48,5 83,6 95,9 84,1 71,8 95,3 73,5
Mar 134,0 104,3 104,3 175,4 104,2 104,2 128,7 103,4 103,4
Abr 173,8 92,1 92,1 197,0 92,6 92,6 185,5 91,8 91,8
Mai 179,4 84,6 84,6 137,3 85,1 85,1 163,6 84,7 84,7
Jun 229,9 70,3 70,3 160,2 71,0 71,0 131,7 70,7 70,7
Jul 140,5 65,1 65,1 84,9 66,1 66,1 198,2 65,8 65,8
Ago 98,4 66,4 66,4 41,9 66,8 64,0 81,7 66,4 66,4
Set 41,5 70,1 66,4 43,4 71,0 62,2 64,1 70,7 70,5
Out 13,3 84,9 51,7 8,0 86,0 40,0 19,2 85,3 64,4
Nov 10,3 90,4 30,6 4,6 91,5 20,3 24,1 91,0 47,6
Dez 42,6 97,8 49,6 18,1 98,9 24,4 31,4 97,5 43,4
1980-1989 1990-1999 2000-2009
Chuva ETP EVR Chuva ETP EVR Chuva ETP EVR
Jan 58,0 100,8 62,1 40,6 101,6 44,2 120,5 102,3 102,3
Fev 101,1 97,4 97,4 87,1 98,7 87,6 116,0 98,9 98,9
Mar 208,2 106,2 106,2 157,3 107,5 107,5 139,2 107,9 107,9
Abr 198,1 93,8 93,8 131,7 95,3 95,3 177,2 95,5 95,5
Mai 140,1 86,5 86,5 155,1 88,1 88,1 154,7 87,6 87,6
Jun 165,7 72,0 72,0 171,0 73,1 73,1 261,5 73,3 73,3
Jul 116,8 66,8 66,8 162,7 67,7 67,7 198,1 67,8 67,8
Ago 106,2 67,6 67,6 88,8 68,1 68,1 163,1 68,7 68,7
Set 50,8 72,7 70,5 30,9 72,5 64,9 67,9 73,4 73,3
Out 15,9 87,4 57,0 20,9 87,9 53,1 11,7 88,9 62,6
Nov 30,8 93,3 49,1 21,0 94,1 38,5 23,3 94,7 45,6
Dez 43,0 100,6 52,2 28,3 101,2 36,7 29,7 102,3 40,8
CONCLUSÕES