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ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO

PLUVIOMÉTRICA DO MUNICÍPIO DE ITAREMA-CE UTILIZANDO O


ÍNDICE DE ANOMALIA DE CHUVA (IAC)

Rafael Bastos Teófilo1 ; João Roberto Façanha de Almeida2


1
Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará, Maracanaú; rafaelbtds@gmail.com
2
Professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Fortaleza;
jrfacanha_ufc@yahoo.com.br

RESUMO

Esta pesquisa discute a importância do monitoramento de ocorrências imprevisíveis de


chuvas por meio de índices de verificação do clima. O objetivo do estudo foi analisar a
variação espaço-temporal da precipitação no município de Itarema, localizado no Nordeste
do Brasil, utilizando o Índice de Anomalia de Chuva (IAC) para análise. Ao examinar os
registros históricos relacionados a esse fenômeno, é possível observar a tendência do
volume de chuva e sua vazão para um determinado ano. O estudo enfoca a variabilidade da
série histórica de chuvas em Itarema-CE, utilizando dados do posto pluviométrico da cidade,
de 1989 a 2021. Os dados primários foram coletados no site HIDROWEB da Agência
Nacional de Águas (ANA). Após os cálculos finais, a pesquisa encontrou evidências da
inclinação para períodos de seca ou excesso de precipitação para as próximas décadas no
município. Este estudo destaca a importância do monitoramento contínuo dos padrões
pluviométricos e do uso de índices confiáveis de verificação do clima para mitigar os riscos
associados a padrões climáticos imprevisíveis.

Palavras-chave: precipitação, monitoramento, precipitação.


INTRODUÇÃO

No Nordeste brasileiro, o monitoramento de períodos de secas ou chuvosos e da


variabilidade espaço-temporal da precipitação são de extrema importância devido aos
aspectos de inúmeros projetos de planejamento governamentais (FREITAS, 2004). A
precipitação pluvial é um dos fatores meteorológicos de extrema importância, pois está
diretamente associada aos mais diversos setores sociais, de forma que o regime
pluviométrico pode afetar, diretamente, a economia, o meio ambiente e a sociedade (SILVA
et al. 2007).
Esse viés destaca a importância de conduzir o estudo atual por duas razões
principais. Em primeiro lugar, pretende contribuir para a compreensão global da
climatologia, alargando o conhecimento nesta área. Em segundo lugar, busca suprir a
carência de estudos voltados especificamente para o clima local. Além disso, enfatiza a
importância do uso de índices, principalmente pluviométricos, em pesquisas para melhor
compreensão das condições climáticas. Esse entendimento é fundamental para o
planejamento efetivo de políticas públicas que promovam a convivência com o semiárido.
De acordo com Tucci (2004), existem dois métodos para medir o volume da chuva:
espacialmente, com ajuda de radares, e pontualmente, através de pluviômetros ou
pluviógrafos. Esses últimos divergem entre si, quanto a forma de coleta dos dados,
enquanto o pluviômetro precisa de leituras manuais, o pluviógrafo registra os dados em
forma gráfica.
O pluviômetro se resume a um instrumento hidro meteorológico, se dedicando ao
estudo da transferência de água e energia entre a superfície e a atmosfera, e tem como
finalidade medir a quantidade de precipitação atmosférica. O princípio de funcionamento
desse equipamento é coletar a água da chuva em um recipiente graduado, logo os dados
de pluviosidade serão fornecidos através da “altura pluviométrica” indicada no instrumento.
O funcionamento dos pluviômetros é teoricamente simples e assim como a
tecnologia evoluiu, as técnicas para análise pluviométrica também, sendo criados os
pluviômetros automáticos. Nesse equipamento a coleta da chuva é feita de forma
automatizada e os dados são registrados dispensando a necessidade de um operador em
campo para fazer a leitura desses dados.
A precipitação pluviométrica na região Nordeste do Brasil é resultado do junção de
vários sistemas atmosféricos de grandes escalas quase periódicos, como a Zona de
Convergência Intertropical (Uvo, 1989), os Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (Kousky; Gan,
1981), os Sistemas Frontais (Kousky, 1979), e os Distúrbios de Leste (Espinoza, 1996), que
podem ser ligeiramente modificados pelas características fisiográficas da região e por
anomalias atmosféricas de escala global, destacando o dipolo do Atlântico e o ENSO, que
modificam a frequência, distribuição espacial e intensidade desses sistemas, afetando
diretamente a agricultura e os recursos hídricos na região (ARAÚJO, 2006).
A partir destas precipitações irregulares faz-se necessário o acompanhamento
através da aplicação de índices de chuva. Dependendo do resultado, pode se aperfeiçoar
um sistema de monitoramento das características dos períodos mais longos de seca ou
períodos mais úmidos, com informações anuais, sazonais ou mensais e até mesmo com
séries históricas com as quais pode-se aprender padrões de precipitações de uma região, e
verificar os impactos que o clima regional causa sobre a distribuição pluviométrica local, ou
seja, a regionalização da precipitação para determinado local (ARAÚJO, 2009).
O município de Itarema, localizado no estado do Ceará, possui seu território quase
totalmente inserido dentro do semiárido, o que sempre o torna propenso às secas severas.
Walker (1928) e Oladipo (1985) conforme citado por Costa e Silva (2017) foram os
pioneiros da teoria de que o aquecimento anômalo das águas superficiais no Oceano
Pacífico Equatorial tem influência sobre as secas do Nordeste do Brasil. Desde então,
tornou-se viável a comparação entre desvios de precipitação entre diversas regiões.
Andreoli et al (2004) conforme citado por Nóbrega (2014) explica que a região
nordeste do Brasil “é uma das regiões do mundo que sofre com tais irregularidades
pluviométricas apresentando eventos extremos, como secas severas ou chuvas excessivas,
que têm sido relacionados aos padrões anômalos de grande escala da circulação
atmosférica global associada sobretudo ao fenômeno El-Niño-Oscilação Sul”. Sobre o
oceano, o ENOS é caracterizado pela ocorrência de temperatura da superfície do mar
(TSM) no Pacífico equatorial central e leste anomalamente positivas (El Niño) em uma fase
e negativas (La Niña) (NÓBREGA, 2014).
Kane (1997) citado por Andreoli et al. (2004) mostra que a relação entre El Niño e
as secas no NEB não significa apenas uma única interpretação, uma vez que mostrou que
dos 46 El Niño (fortes e moderados) do período de 1849-1992, somente 21 (45%) estiveram
associados a secas severas em Fortaleza.
Posteriormente, Kayano e Capistrano (2014) evidenciaram um padrão de anomalias
da TSM sobre o oceano Atlântico tropical, comumente chamado de padrão de Dipolo do
Atlântico, e que este padrão está associado a mudanças nos valores de precipitação sobre
a região Nordeste e Norte do Brasil.
Vários índices têm sido empregados em pesquisas com o objetivo de compreender
as anomalias pluviométricas e distinguir entre anos secos e chuvosos no NEB (Nordeste do
Brasil). A seguir, foram destacados alguns estudos realizados.
Freitas (1998) aplicou o método para regiões inseridas no estado do Ceará,
verificando a relação da precipitação atual com valores da média histórica para três postos
pluviométricos, evidenciando que o método serve para a análise da distribuição e da
intensidade dos eventos de precipitação, principalmente para as ocorrências de secas.
Assis e outros (2013) analisaram como a variabilidade climática influencia a
precipitação na bacia do rio Pajeú (PE) e como ocorre a variabilidade espaço-temporal das
chuvas na região, utilizando o IAC. Os dados encontrados apontam que até a década de
1980 prevaleceram anos úmidos, ao passo que nas décadas de 1990 a 2000 ocorreram oito
anos secos, quatro deles foram classificados como sendo muito secos à extremamente
secos.
Sanches et. al. (2014) realizou o método como forma de analisar a variabilidade de
precipitações das chuvas nos postos pluviométricos de Alegrete (RS) e no seu entorno, no
período de 1928 a 2009, utilizando-se como ferramenta o Índice de Anomalia de Chuva
(IAC).
Assis, Souza e Sobral (2015) analisaram a variabilidade espaço-temporal da
precipitação climática e caracterizaram os períodos secos e úmidos no trecho
Submédio da bacia hidrográfica do rio São Francisco. A análise baseou-se no IAC. Os
dados permitiram inferir até a década de 1980 anomalias positivas com maior intensidade,
já entre 1990 e 2000 ocorreram apenas anos secos, evidenciando anomalias negativas. Os
autores destacam que o ano 1985 foi o mais chuvoso da série histórica (1964 a 2014),
posto que tenha ocorrido um evento La Niña de intensidade fraca. Por outro lado, o ano
1993 foi considerado o mais seco da série histórica, devido à atuação do fenômeno El Niño
de intensidade forte.
Costa e Da Silva (2017) calculou o Índice de Anomalias de Chuva para analisar sua
distribuição espaço-temporal para o Estado do Ceará. Os dados foram obtidos pelo INMET
e pela ANA, para uma série histórica de 38 anos. A partir desses dados calculou-se o IAC
anual de 12 postos pluviométricos, e posteriormente colocou a distribuição de IAC das
regiões em mapas para melhor visualização.
Diniz et al (2020) buscou analisar a variabilidade climática da microrregião do Cariri
Ocidental Paraibano que é composta por 17 municípios, através da utilização do Índice de
Anomalia de Chuva (IAC) e correlacionar a classificação desse índice com a ocorrência,
intensidade e influência do Fenômeno El Niño, observando inicialmente se o fenômeno
provoca grandes variações nos índices pluviométricos.
Nery (2020) teve como objetivo analisar a variabilidade da chuva através,
principalmente, do Índice de Anomalia de Chuva (IAC) e cálculos de anomalias no estado
do Paraná. conjunto de dados que foram selecionados (37 séries pluviométricas), dentro do
período 1970 a 2015. Com base nessas séries procurou-se realizar o índice da chuva no
estado, utilizando para isso metodologias de análises da qualidade de dados, que
possibilitaram concretizá-las e preencher possíveis falhas dessas séries históricas.
Consequentemente, para cooperar nos estudos referentes às precipitações do
estado do Ceará e sua participação na dinâmica climática da região, o presente estudo tem
como objetivo analisar a variabilidade anual da precipitação pluviométrica no município de
Itarema - CE através do Índice de Anomalia de Chuva (IAC), buscando dados do posto
pluviométrico da cidade, selecionando a série histórica de 1989 a 2021.
Considerando a afirmativa inicial acerca da importância do conhecimento dos
elementos da paisagem, notadamente o clima, posto que o mesmo interfira diretamente nas
atividades humanas, o presente estudo propôs-se a realizar análise da precipitação
pluviométrica no município de Castelo do Piauí, localizado no NEB, a partir de estatística
descritiva e do IAC.

MATERIAL E MÉTODOS

Uma forma de analisar a quantidade de chuva é através do Índice de Anomalias de


Chuva (IAC), que ajuda a comparar os anos de seca e chuvas excessivas. Esse índice
possibilita a comparação do padrão de chuvas de uma determinada região, utilizando dados
históricos anuais em conjunto com as condições atuais de precipitação. Além disso, o IAC
também é utilizado para avaliar a variabilidade espaço-temporal da chuva na região em
estudo (Referências: ARAÚJO et al. 2007; MARCUZZO et al. 2011; SANCHES et al. 2014).
Outra vantagem do (IAC) é que, diferentemente de outros índices, ele necessita
apenas de dados de precipitação e é de fácil estimativa. Sendo uma informação que
contribui para estudos de verificação dos impactos do clima global sobre a vulnerabilidade
da distribuição pluviométrica no planeta (ARAÚJO et al. 2009).

Área de estudo

O município de Itarema está localizado no estado do Ceará, região que está inserida
no bioma Caatinga, a 204 Km da capital. Ocupa uma área de 714,833km 2 . A densidade
demográfica do município é de 52,00 hab/km2 . A população segundo dados do último
censo demográfico foi de 42.595 pessoas. Apresenta 12.2% de domicílios com
esgotamento sanitário adequado, 95% de domicílios urbanos em vias públicas com
arborização e 3.2% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada
(presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio). Quando comparado com os outros
municípios do estado, fica na posição 117 de 184, 47 de 184 e 95 de 184, respectivamente.
Já quando comparado a outras cidades do Brasil, sua posição é 4203 de 5570, 909 de 5570
e 3813 de 5570, respectivamente. (IBGE, 2010).
O Município de Itarema faz parte do litoral Oeste do Ceará, e faz parte da
Microrregião do Litoral de Camocim e Acaraú. A economia local é baseada na agricultura,
com a produção de algodão arbóreo e herbáceo, caju, mandioca, milho e feijão. E na
aquicultura, com destaque para peixe, camarão e lagosta, estes são exportados em grande
escala para outros continentes como o europeu e asiático, e para a América do Norte.
Também se destaca no comércio varejista com supermercados, farmácias, depósitos de
construção, lojas de roupas, boutiques, frigoríficos, lojas de móveis e eletrodomésticos e
eletrônicos, mercadinhos, mercearias, padarias, lojas de variedades, lanchonetes e
restaurantes. O artesanato também é uma outra fonte de renda, desde a confecção de
bijuterias a redes e bordados.

Dados utilizados para estudo.

Os dados referentes às precipitações pluviométricas diárias, mensais e anuais,


foram obtidos no site HIDROWEB da Agência Nacional de Águas (ANA). O posto
pluviométrico selecionado foi o de Itarema. Foi feito um download do arquivo em formato de
planilha referente ao município. Os anos de 1989 a 2021 foram selecionados como a série
histórica a ser trabalhada no presente estudo.
Em seguida, os dados foram copiados para o Excel 2010. Com os dados
disponibilizados foram realizados cálculos de média e desvio-padrão para valores mensais
referentes aos anos de 1989 a 2021, que correspondem à série histórica selecionada. Logo
após, foi realizado o cálculo do Índice de Anomalia da Chuva (IAC) para cada ano da série
histórica. Após isso, foi feita a análise dos resultados obtidos através do estudo.

Cálculo do Índice de Anomalia da Chuva (IAC)

No início, os dados de chuva em milímetros (mm) de cada ano da série histórica


foram obtidos através da planilha eletrônica disponível no site HIDROWEB. Em seguida, foi
calculada a média anual de chuva para os anos de 1989 a 2021 utilizando a seguinte
fórmula:

Fórmula 1: 𝑋série = ⅀𝑋n/𝑛

Nessa fórmula, 𝑋série representa a média de chuva em mm para a série histórica, 𝑛


é o número de anos considerados e ⅀𝑋𝑛 é a soma das quantidades anuais de chuva em
mm.
Após obter o valor da média de chuva para a série histórica, foram selecionados os
dez maiores e dez menores registros de precipitação para os anos de 1989 a 2021. Em
seguida, foi calculado o Índice de Anomalias de Chuva (IAC) para cada ano, utilizando as
seguintes equações:

Fórmula 2:
𝐼𝐴𝐶=3𝑥[ N−𝑁̅ 𝑀̅−𝑁̅ ]; para anomalias positivas (I)
𝐼𝐴𝐶=−3𝑥[ N−𝑁̅ 𝑋̅−𝑁̅ ]; para anomalias negativas (II)

Nessas equações, 𝑁 representa a precipitação anual do ano em análise em mm, 𝑁̅ é


a média anual de precipitação da série histórica em mm, 𝑀̅ é a média dos dez maiores
registros anuais de precipitação da série histórica em mm, e 𝑋̅ é a média dos dez menores
registros anuais de precipitação da série histórica em mm.

Anomalias positivas indicam valores acima da média, enquanto anomalias negativas


representam valores abaixo da média. Foi adotada a classificação proposta por Araújo et al.
(2009) para identificar a intensidade da pluviometria com base no valor do IAC
correspondente, conforme apresentado na Tabela 01.

Tabela 01: Categorias de IAC e sua respectiva classificação

IAC Intensidade da pluviometria

>4 Extremamente úmido

2a4 Muito Úmido

0a2 Úmido

-2 a 0 Seco

-4 a -2 Muito seco

< -4 Extremamente seco


Fonte: Araújo et al. (2009)
ENOS e ODP

A metodologia empregada para a correlação do IAC conforme os eventos climáticos


ENOS e ODP foi a de Nery e Siqueira (2020), onde foi utilizada a metodologia apresentada
em Trenberth (1997).
Entretanto, para os anos de eventos de Dipolo do Atlântico foram escolhidos
conforme Souza et al. (1998):
- Fase Positiva (anomalias de TSM positivas na Bacia Norte e negativas na Bacia
Sul do Oceano Atlântico): anos de 2002 e 2010.
- Fase Negativa (anomalias de TSM negativas na Bacia Norte e positivas na Bacia
Sul do Oceano Atlântico): anos de 1989 e 2001”.

Ocorrência de El Niño Ocorrência de La Niña

1972-1973** 1970-1971*
1976-1977* 1973-1974**
1979-1980* 1975-1976**
1982-1983*** 1988-1989**
1986-1988** 1998-1999*
1987-1988*** 1999-2000**
1991-1992*** 2007-2008**
1992-1993* 2010-2011**
1997-1998*** 2017-2019**
2002-2003**
2006-2007**
2009-2010**
2015-2016***

(*) Evento fraco, (**) evento moderado, (***) evento forte


Fonte: CPTEC/INPE (2005)

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os anos secos e os anos chuvosos, durante o período de 1989 a 2021, para o


município de Itarema-CE, puderam ser visualizados através do Índice de Anomalia de
Chuva (IAC), onde foi possível identificar períodos onde esses eventos foram mais intensos
(Figura 01). Os valores positivos estão representados acima da média 0 e indicam anos
chuvosos ou úmidos e os valores negativos estão abaixo do IAC=0 indicando os anos mais
secos e com baixa intensidade pluviométrica, para melhor compreensão os valores de IAC
foram multiplicados por 10 para melhor visualização do histograma.

Figura 01: IAC para o município de Itarema de 1989 a 2021.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2022)

Com base nas informações fornecidas, verifica-se que o município experimentou


mais anos secos do que chuvosos no período histórico em questão. Isso porque foram 19
anos com IACs negativos e apenas 14 anos com IACs positivos. No entanto, sem contexto
ou informações adicionais, é difícil tirar conclusões definitivas sobre os padrões climáticos
da área.
No decorrer do período analisado pode-se observar algumas características
singulares do município. Dos 19 anos em que houve IAC negativo, ou seja, indicando
pluviométricas mais baixas do que o esperado, 7 anos correspondem do ano de 2012 a
2018, indicando período de seca recente no município.
Para os anos de 1989 e 1992 onde se teve a ocorrência mútua dos eventos El Niño
moderado e ODP fria, Gershunov e Barnett (1998), Andreoli e Kayano (2005) e Da Silva et
al. (2009) afirmam que estes fenômenos quando em fases opostas, como nesse caso,
provocam anomalias mais fracas e mal definidas do que quando eles encontram-se na
mesma fase. Entretanto, na classificação dos eventos El Niño o CPTEC tenha denominado
o El Niño 1991/92 como forte, consequentemente do ano de 1989 a 1993 com IAC
negativos abaixo da média do município.
O ano de maior IAC positivo foi 2009 superando positivamente as médias positivas
de anomalias positivas de em média 4, entretanto tratado como anomalia atípica pela
presença do El nino ter marcado bastante com um período de médias pluviométricas abaixo
da média.

CONCLUSÃO

Para o período compreendido entre 1989 e 2021, observou-se, com a utilização do


Índice de Anomalia de Chuva, mais anos de seca do que anos úmidos no município de
Itarema-CE. Quanto à evolução temporal anual do IAC, visualizou-se um “ponto de inflexão”
com modificações no padrão de precipitação, onde até o ano de 1994 a 2004 ocorreram
mais anos úmidos do que após esse período, que teve maior número de secas. Entretanto,
os períodos de secas mais severas e duradouras, encontram-se entre os anos de 1989 a
1993 e de 2012 a 2017.
Compreende-se nesse estudo a tendência, conforme os IACs encontrados para o
município de Itarema-CE, de períodos de menor precipitação pluviométrica e períodos mais
rigorosos de secas. Além disso, verifica-se a influência direta dos eventos climáticos ENOS
na precipitação pluviométrica do município.
Constata-se nesse estudo, que o IAC é uma importante ferramenta para o
acompanhamento comportamental da precipitação no município. Além disso, salienta-se a
necessidade de mais estudos sobre as particularidades climáticas das distintas regiões do
Ceará, visando auxiliar na implementação de medidas de convivência que atendam as
especificidades da região, e que sejam condizentes com a sua realidade climática e social,
já que em poucos anos não seguiu a tendência do que era esperado, visando auxiliar na
implementação de medidas econômicas e de infraestrutura da cidade que correspondam
com a sua realidade climática.
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