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1 Área

Áreas de chuva:
As áreas de chuva são regiões geográficas onde a precipitação é significativamente
maior em comparação com outras áreas. Essas áreas podem ser identificadas através de
medições de pluviosidade, que registram a quantidade de chuva em determinado local
durante um período de tempo específico, geralmente em milímetros
(MAGALHÃES,2012).
Essas áreas podem variar amplamente em tamanho, desde pequenas áreas de
precipitação localizada até grandes regiões que abrangem vários países ou continentes.
Elas podem ser influenciadas por vários fatores, como correntes oceânicas, sistemas de
alta e baixa pressão atmosférica, relevo, entre outros.
Segundo Lima (2008) os dados de chuva dos pluviômetros e pluviógrafos referem-se a
uma área de coleta de 400 cm2. Comparando com a área de uma bacia hidrográfica, esta
é uma estimativa pontual da chuva. Por outro lado, o maior interesse na hidrologia é por
chuvas média que atinge uma região, como uma bacia hidrográfica.
O cálculo da chuva média em uma bacia pode ser realizado utilizando o método da
média aritmética, das isoietas, dos polígonos de Thiessen ou através de interpolação em
Sistema de informação Geográfica (SIGs).
O método mais simples é o da média aritmética, em que se calcula a média das chuvas
ocorridas em todos os pluviômetros localizados no interior de uma bacia. Entretanto,
este método é, também, o mais sujeito a erros (SALGUEIRO,2005).

Figura 1. Mapa de uma bacia com as chuvas observadas em cinco pluviômetros.

O método das isoetas parte de um mapa de isoieta, e calculada a área da bacia que
corresponde ao intervalo entre as isoietas. Assim, considera-se que a área entre as isoetas de
1200 e 1300 mm receba 1250 mm de chuva.
1.1 Método dos polígonos de Thiessen.

De acordo com Araújo (2001) o método dos polígonos de Thiessen, também conhecido como
poligonização de Thiessen ou tesselação de Voronoi, é um a técnica utilizada na análise
espacial para dividir uma área em polígonos adjacentes, onde cada polígono representa uma
região única em torno de um dado ponto de amostragem.

O método é baseado na ideia de que cada ponto amostrado exerce uma influência em sua
área circundante. Os limites entre os polígonos são definidos pelas linhas medias entre os
pontos de amostragem mais próximos. Portanto, o polígono de Thiessen para cada ponto é
construído de forma que ele seja composto por todas as áreas mais próximas a esse ponto do
que a qualquer outro ponto de amostragem (ARAÚJO, 2001).

Essa técnica é amplamente utilizada em várias aplicações, como no planejamento urbano, na


análise de dados geoespaciais, na hidrologia e em estudos de ecologia.

Ao dividir uma área em polígonos de Thiessen, é possível viasualizar de forma clara e objetiva
as áreas de influência, analise de padrões espaciais e outras análises espaciais.

O método de Thiessen é um dos mais utilizados, para calcular a chuva média em bacias ou
vizinho mais próximos. Este método está baseado na hipótese que a chuva que atinge um
ponto qualquer dentro de uma bacia é exatamente igual a chuva que atinge o pluviômetro
mais próximo. Assim pelo critério de menor distância é definida a área de influência de cada
ponto, e a precipitação média da bacia é calculada por uma média ponderada de precipitação
das áreas de influência.

Na aplicação manual do método de polígonos de Thiessen, o primeiro passo é traçar linhas que
se unem os pontos pluviométricos mais próximos entre si. A seguir, é determinado o ponto
médio em cada uma destas linhas e, a partir desse ponto é traçada uma linha perpendicular. A
interceptação da linha média entre si e, com os limites da bacia definem a área de influência
de cada um dos pontos.

Figura 2. Modelo de Pluviômetro Figura 3. Pluviômetro posicionado no jardim.


Figura 4. Mapa da bacia com chuvas em pontos pluviométricos para estimativa de chuva média com método
Thiessen.
Figura 5. Exemplo de etapas para cálculo de chuva média em uma bacia utilizando o método do polígono de
Thiessen.

2 Sazonalidade da Chuva

A sazonalidade da chuva refere-se aos padrões de variação na distribuição da


precipitação ao longo do ano em uma determinada área. Em muitas regiões, existem
períodos de chuvas mais intensas e períodos de chuvas escassas.
Segundo Collischonn (2013) nas regiões tropicais, é comum observar um padrão de
chuvas sazonal, com uma estação chuvosa e uma estação seca distintas. Durante a
estação chuvosa, ocorre uma maior quantidade de chuvas, enquanto na estação seca a
precipitação é reduzida ou quase inexistente. Esse padrão é influenciado por fenômenos
climáticos como a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e os ventos de monção.
Figura 6. Convergência intertropical (ZCIT) do globo terrestre.

Em contraste, em regiões temperadas, a sazonalidade de chuva pode variar de acordo


com as estações do ano, com um padrão de chuvas mais distribuído ao longo do ano,
embora possa haver picos de precipitação em determinadas estações.

Segundo Silva et al (2017) O estado da arte da sazonalidade da chuva envolve o estudo


e compreensão dos padrões de distribuição temporal e espacial das chuvas em diferentes
regiões. A sazonalidade da chuva é influenciada por vários fatores, como a localização
geográfica, circulação atmosférica, relevo, correntes oceânicas e variabilidade climática.

Pesquisas nessa área têm como objetivo identificar as variações sazonais das chuvas ao
longo do ano, analisando períodos secos e chuvosos, assim como as mudanças nas
intensidades e frequências das chuvas. Isso inclui o estudo de fenômenos como a
estação chuvosa, a influência de sistemas meteorológicos, como os El Niño e La Niña, e
padrões climáticos de longo prazo, como o aquecimento global.

No Brasil, devido à sua vasta extensão territorial, a sazonalidade da chuva varia


significativamente entre as diferentes regiões. No Norte, a região amazônica apresenta
um padrão de chuvas mais uniforme ao longo do ano, com precipitação elevada. Já no
Nordeste, há uma clara distinção entre uma estação chuvosa e uma estação seca. No Sul
e Sudeste, as chuvas tendem a ser mais concentradas no verão, enquanto as estações de
outono e inverno são mais secas (MARCUZZO, 2012).
Figura 7. Variabilidade sazonal da chuva média mensal em diversas regiões do Brasil.
Fonte: Collischonn and Dornelles, 2013

Os estudos sobre a sazonalidade da chuva são fundamentais para o planejamento de


atividades agrícolas, recursos hídricos, gestão de desastres naturais e projeções
climáticas. Eles fornecem informações essenciais para tomada de decisões, adaptação às
mudanças climáticas e formulação de políticas públicas relacionadas ao uso sustentável
dos recursos hídricos (MARCUZZO,2011).

A variabilidade sazonal da chuva é representada por gráficos da chuva média mensal,


mostrando os valores típicos de chuva em cada mês do ano. Observa-se que o regime de
chuva na região Centro-Oeste, exemplificado pelas chuvas em Brasília, é caracterizado
por um período úmido (outubro a abril) e um período seco (maio a setembro).
Na região Sudeste, tomando por exemplo os casos das cidades de São Paulo e Rio de
Janeiro, a variabilidade sazonal é semelhante, porém menos marcada. No extremo norte
d Amazônia, no Estado de Roraima (Boa vista), o período de maior pluviosidade é o
período de abril a agosto. Já em Fortaleza, a sazonalidade também é marcante, porém o
período úmido inicia mais tarde do que nas regiões Centro-Oeste e Sudeste (janeiro a
junho), enquanto o período seco se estende de julho a dezembro (GUIMARÃES, 2014).
Figura 8. Gráfico das médias de chuvas sazonais de todos os postos do Centro-Oeste, no período de 1998-2017.

Na região Norte do país destaca-se ainda o grande volume de chuva anual, como em
Manaus, que tem 6 meses com precipitação média superior a 250 mm.

Figura 9. Precipitação total em Manaus.

De acordo com Silva et al. (2007) um dos aspectos mais importantes do clima e da
hidrologia de uma região é a época da ocorrência das chuvas. Existem regiões com
grande variabilidade sazonal da chuva, com estações do ano muito secas ou muito
úmidas. Na maior parte do Brasil, o verão é o período das maiores chuvas. No sul do
Brasil, por outro lado, a chuva é relativamente bem distribuída ao longo de todo o ano
(em média). Isso não impede, entretanto, que é alguns anos ocorram invernos ou verões
extremamente secos ou extremamente úmidos. No extremo norte do Brasil, na porção
localizada no hemisfério Norte, a época mais chuvosa corresponde aos meses de maio a
agosto, que coincide com a época mais seca no centro do país.

3 Referência

ARAÚJO, Wellington F. et al. Precipitação pluviométrica mensal provável em Boa Vista, estado
de Roraima, Brasil. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 5, p. 563-567,
2001.

COLLISCHONN, Walter; DORNELLES, Fernando. Hidrologia para engenharia e


ciências ambientais. Porto Alegre: Associação Brasileira de Recursos Hídricos, v. 1,
p. 336, 2013.
GUIMARÃES, Raphael Mendonça et al. Análise temporal da relação entre leptospirose e
ocorrência de inundações por chuvas no município do Rio de Janeiro, Brasil, 2007-
2012. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 3683-3692, 2014.

LIMA, Walter de Paula. Hidrologia florestal aplicada ao manejo de bacias hidrográficas. 2008.

MAGALHÃES, Gledson Bezerra. O USO DO GEOPROCESSAMENTO E DA ESTATISTICA


NOS ESTUDOS ECOLOGICOS EM EPIDEMIOLOGIA: O CASO DA DENGUE EM 2008 NA
REGI? O METROPOLITANA DE FORTALEZA. Hygeia: Revista Brasileira de Geografia
Médica e da Saúde, v. 8, n. 15, 2012.

MARCUZZO, Francisco Fernando Noronha et al. Distribuição espaço-temporal e sazonalidade


das chuvas no Estado do Mato Grosso. 2011.

MARCUZZO, Francisco Fernando Noronha; MELO, Denise Christina de Rezende; COSTA,


Helen de Camargos. Sazonalidade e distribuição espaço-temporal das chuvas no bioma do
Cerrado do Estado do Mato Grosso do Sul. 2012.

SALGUEIRO, João Hipólito Paiva de Britto. Avaliação de rede pluviométrica e análise de


variabilidade espacial da precipitação. 2005. Tese de Doutorado.

SILVA, Emerson Mariano da et al. Uma aplicação de conjuntos difusos na otimização do


prognóstico de consenso sazonal de chuva no Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de
Meteorologia, v. 22, p. 83-93, 2007.

SILVA, Roberto Omena Barbosa da; MONTENEGRO, Suzana Maria Gico Lima; SOUZA,
Weronica Meira de. Tendências de mudanças climáticas na precipitação pluviométrica nas
bacias hidrográficas do estado de Pernambuco. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 22, p.
579-589, 2017.

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