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Centro Universitário Católica de Santa Catarina - Arquitetura e Urbanismo

Disciplina: Tecnologia - Conforto Ambiental


Professora: Bruna Faitão Balvedi
Acadêmicos: Paula Delai Riedi
2ª Fase

RELATÓRIO DE ANÁLISE BIOCLIMÁTICA - O clima de Joinville/SC

Joinville,
12 de Setembro de 2019
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO: DEFININDO O CLIMA DE JOINVILLE. ​pag 2


1.1 ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO BRASILEIRO. ​pag 3
2. FERRAMENTAS DE ANÁLISE. ​pag 5
2.1 CARTA SOLAR. ​pag 6
2.2 ROSA DOS VENTOS. ​pag 7
2.3 CARTA PSICROMÉTRICA. ​pag 8
3. CONCLUSÃO - as relações entre as variáveis do clima. ​pag 9
4. REFERÊNCIAS. ​pag 10

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1. INTRODUÇÃO: DEFININDO O CLIMA DE JOINVILLE
Sabemos que o clima de uma região irá refletir no cotidiano, cultura e na economia local. Para
que possamos entender melhor como funciona a dinâmica climática do município de Joinville é
necessário conhecer suas características e formação geográfica, já que a região apresenta uma
grande influência do relevo, particularmente da Serra do Mar que atua como barreira natural à
dispersão da umidade trazida do Oceano.
Localizado na região Sul do Brasil, o município está situado na latitude de 26°S, já na zona
subtropical, porém próximo à transição com a área tropical, e seu território se divide em sete
unidades de planejamento e gestão dos recursos hídricos, sendo elas: BH do rio Piraí, BH do rio
Cubatão, BH do rio Itapocuzinho, BH do rio Palmital, BH do rio Cachoeira, BHs Independentes
da Vertente Leste, e BHs Independentes da Vertente Sul. Devido a diversidade das características
do relevo, entendemos que o clima da região é do tipo úmido a superúmido, mesotérmico, com
curtos períodos de estiagem, apresentando três subclasses de microclima diferentes.
Ainda sobre seu aspecto físico, entendemos que existe uma diferença de altitude por todo
território, sendo importante destacar que a cidade de Joinville está localizada ao fundo da Baía da
Babitonga (figura 1), com altitude em sua maior parte próxima ao nível do mar. Mas, a região
apresenta também altitudes que chegam na porção da Serra do Mar a 1.538m . Esta configura-se
como uma barreira natural, à circulação marítima e umidade, ​influenciando no regime de
chuvas da região​ e sendo também um limitante físico para a expansão horizontal do município.

Fig.1 – Joinville e a Baía da Babitonga: seqüência de imagens 3D feitas com a fusão das bandas
(R)(G)(B) da imagem Landsat 5 de julho de 2000. Fonte CCD-UNIVILLE.

Em um breve resumo, a temperatura média anual do município fica em torno de 22º C, sendo a
máxima 32º C e a mínima 11º C. Entre os meses de Abril e Agosto, as temperaturas caem em
decorrência das estações de Outono e Inverno, podendo variar entre 17º e 21°. Já as temperaturas
entre os meses de Outubro e Março variam entre 18°e 32° com a chegada da Primavera e Verão.

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Com relação a ​ventilação​; predomina com maior frequência das direções leste (26,5%) e
nordeste (16,4%), e em menor frequência ocorrem ventos nas direções sudoeste (16,4%), sudeste
(14,7%) e sul (13,4%). Em menor frequência, predominam os ventos de norte (5,4%), oeste
(4,4%) e noroeste (2,3%). Os ventos de leste e nordeste predominam no verão e os ventos nas
direções sudeste e sul marcam presença no inverno. A velocidade média dos ventos é de 10
Km/h.
Com relação a ​insolação​; ​os índices variam conforme o zênite solar, este, gerenciado pelo
movimento de translação do Planeta. No hemisfério sul a inclinação dos raios solares fornece
radiação mais intensa entre os meses de dezembro a março 57 durante o verão, embora neste
período o aumento da convecção também aumente a cobertura do céu. Joinville apresenta uma
insolação variando entre ​1600hs à 1800hs​, tal índice sofre uma variação considerável da
nebulosidade proveniente da circulação marítima e intensificação dos sistemas meteorológicos.
Estes fenômenos fazem com que a região de Joinville seja uma das regiões de menor taxa de
insolação do Estado.
Sobre a ​umidade relativa do ar​; como já foi dito a Serra do Mar é um fator determinante nos
percentuais de umidade relativa, uma vez que a umidade do ar fica retida pelo relevo que atua
como uma barreira concentrando-a. Além disso, a proximidade do território com o Oceano faz
com que através da circulação marítima a região sofra a influência da umidade trazida do mar
pelos ventos (principalmente de quadrante Nordeste). Estes dois fatores soma-se a ainda grande
quantidade de vegetação presente principalmente nas regiões próximas a Serra do mar, o que
resulta em um considerável valor de evapotranspiração. Tais fatores combinados fazem com que
a média anual de umidade relativa do ar fique acima dos 75%.

1.1 ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO BRASILEIRO


O zoneamento bioclimático brasileiro estabelece ​a divisão do território brasileiro em oito zonas
relativamente homogêneas quanto ao clima ​(figura 2), ​resultante da análise de dados climáticos
obtidos entre 1931 a 1990, classificados por meio da Carta Bioclimática de Givoni adaptada ao
Brasil. P​ara cada uma destas oito zonas, formulou-se um conjunto de recomendações
técnico-construtivas que otimizam o desempenho térmico das edificações, através de sua melhor
adequação climática.

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Fig.2 – As diferentes zonas bioclimáticas estabelecidas. Fonte ABNT Projeto 02:135.07-001/3.

O município de Joinville não consta na relação de cidades apresentada na norma, nem na revisão
do zoneamento elaborada pelo autor e estudioso do assunto Roriz (2012). No entanto, Grunberg
(2014) em seu estudo determina Joinville como pertencente à ​zona bioclimática número 5​.
Nesta zona algumas das estratégias recomendadas são: sombreamento de aberturas, ventilação
natural (ventilação cruzada, aberturas médias para ventilação e uso de ventilação durante 24h),
inércia térmica para aquecimento, utilização de paredes leves e refletoras e cobertura leve e
refletora (figura 3).

Fig.3 – Algumas estratégias para atingir o conforto térmico para a zona Bioclimática 5. Fonte ABNT
Projeto 02:135.07-001/3.

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2. FERRAMENTAS DE ANÁLISE
Segundo Lamberts (2014) conhecer os dados climáticos de um local permite identificar os
períodos de maior probabilidade de desconforto e, consequentemente, definir as estratégias que
devem ser incluídas no projeto para compensar essas condições. Para um projeto com conforto
térmico devidamente adequado devemos levar em consideração as variáveis climáticas, sendo
elas: radiação solar, temperatura do ar, os ventos e a umidade do local. Para analisar as variáveis
podemos recorrer a algumas ferramentas específicas:
● Radiação solar: Uma das ferramentas disponíveis para estudá-la é a carta solar. Nela são
plotados os dois ângulos utilizados para definir a posição do sol na abóbada celeste com
relação a determinado período do ano.
● Ventos: A “Rosa dos ventos” é uma ferramenta que demonstra as probabilidades de
ocorrência de vento (com informações de orientação e velocidade).
● Temperatura do ar e Umidade: A Psicrometria pode ser definida como a análise das
propriedades físicas e termodinâmicas das misturas entre gases e vapor. Sendo assim, a
carta psicrométrica é uma ferramenta que estabelece as relações entre as medidas de
temperatura e umidade.
Além destas, ainda é possível a obtenção de dados climáticos através de softwares
especializados, como por exemplo o Climate Consultant, desenvolvido pelo Departamento de
Energia dos Estados Unidos que utiliza arquivos .epw para gerar os gráficos de temperatura,
umidade, vento e radiação. Para a análise do clima de Joinville foram utilizadas as diversas
ferramentas citadas, a fim de estabelecer relações e informações para possíveis proposições de
estratégias projetuais para a adaptação ao clima.

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2.1 CARTA SOLAR
Segundo Barbosa (2009), sabe-se que no hemisfério sul a inclinação dos raios solares fornece
radiação mais intensa entre os meses de dezembro a março durante o verão, entretanto, como
neste período há um considerável aumento da convecção (transferência de calor entre um corpo e
um fluido - líquido ou gasoso) aumenta-se também por consequência a cobertura do céu, o que
faz com que Joinville seja uma das regiões de menor taxa de insolação do estado de Santa
Catarina, assim como apresenta as maiores totais de precipitação.
Ao observarmos a carta solar, na face norte percebemos a predominância do sol nos equinócios e
no período de inverno, tanto no período do manhã quando a tarde. Já na face sul existe
predominância de sol no verão e um pouco nos equinócios em uma parcela de maior
concentração no início da manhã e nos finais de tarde. Na face leste o sol permanece por toda
manhã durante todo o ano e por fim a face oeste receberá o sol da tarde por durante todo ano
também. Portanto podemos concluir que a face norte deverá receber a devida atenção para
melhor sombreamento e estratégias de bloqueio de luz solar, assim como se deverá pensar em
estratégias para evitar possíveis problemas causados pela falta de insolação - como por exemplo
a fachada oeste, que deverá receber menor luz do sol durante o ano.

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2.2 ROSA DOS VENTOS
Ao observarmos a rosa dos ventos de Joinville percebemos que a predominância dos ventos se
concentra no quadrante Leste, sendo assim, sabemos que devemos priorizar essa orientação para
que se receba maior qualidade de ventilação para o projeto. É possível que essa predominância
possa variar dependendo da estação do ano; durante o verão acentuam-se os ventos oriundos de
quadrante Nordeste - acompanhando fenômenos de massas tropicais, que carregam ventos de
temperatura quente para a região.
Devemos observar que há existência de uma topografia bastante acidentada e que provoca efeitos
e fenômenos climáticos que atuam diretamente sobre o índice de conforto térmico: o ar que vem
do Oceano Atlântico se eleva ao se deparar com a Serra das Laranjeiras. Ao ultrapassar a serra,
esta desce e vai de encontro ao município, atravessando pelo complexo hídrico da Baía da
Babitonga. Esta dinâmica ocasiona uma massa de ar carregada de umidade, que chega na cidade
saturado e de altas temperaturas. Em pesquisa também descobriu-se que a média dos ventos -
segundo a Estação Meteorológica de São Francisco do Sul - fica em torno do 10km/h, o que
representa uma velocidade baixa.
Na primavera, predomina o vento na orientação noroeste; no verão a fachada leste deverá receber
maior ventilação, assim como no outono e inverno.

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2.3 CARTA PSICROMÉTRICA
Como vem sendo analisado neste relatório, sabe-se que há existência de uma complexa dinâmica
climática, em que a ocorrência de diversos fenômenos meteorológicos influenciam diretamente
na qualidade do conforto térmico da região. Ao observarmos a carta psicrométrica de imediato
percebemos o elevado nível de umidade presente no município: quanto maior se é a umidade de
uma determinada região maior será a sensação de calor, que é exatamente o que ocorre no
município de Joinville.
Concluímos que a estratégia de ventilação natural e alta inércia são indicadas em basicamente
todos os meses do ano (Joinville possui forte característica de umidade e uma alta amplitude
térmica). Já nos meses mais frios - de junho até final de agosto - pode-se utilizar táticas de
aquecimento solar passivo, que já resolveria os problemas de desconforto por frio. A situação
mais crítica de desconforto por calor deve ocorrer no mês de setembro, onde haverá também as
maiores taxas de umidade relativa do ar no ano, podendo-se recorrer ao uso de resfriamento
mecânico. Num geral podemos observar que os períodos de maior conforto térmico ocorrem nos
meses de maio a agosto. No ano, a cidade se encontra em cerca de 31% de conforto térmico
sendo que neste caso, em sua maioria não há necessidade de nenhum tipo de artifício para a
melhora do conforto ambiental.

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3. CONCLUSÃO -​ as relações entre as variáveis do clima
No decorrer do desenvolvimento da pesquisa foram analisados diversos parâmetros físicos e
ambientais responsáveis por exercer influência direta sobre o desempenho térmico e energético
das edificações, sendo identificados: as propriedades dos materiais, a relação entre o ambiente
externo em contato com a edificação, os níveis de absortância dos revestimentos, paredes e
cobertura, a orientação do projeto e das suas aberturas, além das características físicas dos
componentes. Observou-se também uma certa dificuldade na confiabilidade dos dados em função
da falta de informações precisas, principalmente pela questão de que os estudos na cidade em
análise são escassos.
Com relação ao clima, Joinville é uma cidade que possui as estações do ano bem demarcadas; a
alta amplitude térmica faz com que as temperaturas no verão sejam altas, e no inverno baixas.
Existe pouca necessidade de aquecimento e resfriamento artificial durante o ano, o que
significaria grande economia e eficiência energética. O município não possui quantidade e
velocidade significativa de ventos, entretanto deve-se tomar cuidado com as altas temperaturas e
o alto índice de umidade em certo período no verão, que pode fazer com que a ventilação natural
em contraposição a temperatura quente não alcance o efeito desejado (a alta temperatura faz com
que os ventos não refresquem mais, mas sim aumentem a sensação de abafamento).
Por fim, podemos concluir que o clima de Joinville não apresenta grandes empecilhos que
possam ocasionar dificuldade para se alcançar equilíbrio térmico nos ambientes. Embora a
questão da umidade seja pertinente, existe uma gama de ferramentas para controle ou a mitigação
da mesma, e aliadas ao bom aproveitamento das condicionantes físicas do local poderá se
alcançar um bom resultado final com relação ao conforto térmico de projetos na cidade.

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4. REFERÊNCIAS

JOINVILLE - CIDADE EM DADOS 2017. Disponível em:


https://www.joinville.sc.gov.br/wp-content/uploads/2016/01/Joinville-Cidade-em-Dados-2017.p
df​.

LAMBERTS, Roberto, DUTRA, Luciano, PEREIRA, FERNANDO O.R., EFICIÊNCIA


ENERGÉTICA NA ARQUITETURA.

MELLO, Yara Rúbia de, KOEHNTOP, Paulo Ivo, CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DA


BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CACHOEIRA, JOINVILLE/SC.

Aulas: TECNOLOGIA - CONFORTO AMBIENTAL. Disponível em: Ambiente Virtual


Acadêmico.

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