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MUNICÍPIO DE SALVADOR – BA
Ivonice Sena de Souza(a), Ana Paula Sena de Souza(b), Rafael Vinícius de São
José(c), Emanuel Fernando Reis de Jesus.(d)
(a)
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Terra e do Ambiente, Universidade Estadual
de Feira de Santana-BA, anappaullasouza@yahoo.com.br
(b)
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Terra e do Ambiente, Universidade Estadual
de Feira de Santana-BA, vonisouza@yahoo.com.br
(c)
Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, SP, zerafavini16@gmail.com
(d)
Departamento de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Estadual de Feira de Santana-
BA, emanuelfreis@hotmail.com
Resumo
O estudo do clima é de singular relevância, sobretudo, em função da sua interferência na
dinâmica processual da natureza. Este artigo tem por objetivo analisar uma série de dados de precipitação
pluviométrica do município de Salvador, numa série de 25 anos (1978-2003) e construir um quadro com os
registros de desastres ambientais provocados pela pluviosidade no município de Salvador (1995-2005).
Para tanto, fez-se necessário realizar pesquisa bibliográfica, bem como coleta, análise e interpretação de
dados pluviométricos. Adicionalmente, organizou-se um quadro com os dados pluviométricos para o
município de Salvador, no fragmento temporal de 1978-2003. O resultado destas análises demonstrou que
a média histórica para o município de Salvador foi de 20533,8 mm, sendo os anos 1989 e 1993 considerados
o mais e o menos chuvoso, respectivamente, com valores anuais de 3041,7 mm e 1235, 4 mm. Constatou-
se, também, que segmento temporal de 1995 a 2005, o maior registro de desastres ambientais
desencadeados pelas precipitações pluviométricas ocorreu em 1999, apresentando o maior número de
feridos. No entanto, embora este ano tenha apresentado o maior número de ocorrências, observou-se que o
maior índice de mortes e desabrigados ocorreu em 1995.
1. Introdução
2. Materiais e Métodos
2.1 Área de estudo
Salvador é um município brasileiro, capital do estado da Bahia (Figura 1), localizado
na Mesorregião Metropolitana de Salvador, na Região Nordeste do Brasil. De acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) essa capital brasileira possuía 3 573
973 habitantes recenseados em 2010, tornando-a terceira área metropolitana mais populosa do
Nordeste.
3. Resultados e Discussão
Segundo Nimer (1989), a circulação secundária no Nordeste é oriunda de diversos
quadrantes, se configurando nas correntes perturbadas do Norte, do Sul, do leste e oeste.
Para efeito do presente trabalho e visando obter um panorama dos aspectos climáticos
do município de Salvador, utilizou-se dados mensais de precipitação pluviométrica referente ao
período de 1978 a 2003. Vale salientar, porém, que os teóricos preconizam que estudos
climatológicos com base em séries históricas devem utilizar dados com 30 anos ou mais, porém,
neste trabalho utilizamos, apenas, uma série de 25 anos.
Em Salvador, a ocorrência de precipitações pluviométricas é provocada,
principalmente, pelas perturbações sinóticas que estacionam sobre a cidade, bem como pela
atuação das frentes frias, que, por sua vez, causam episódios calamitosos em Salvador.
Na série analisada, verificou-se que os meses mais chuvosos são abril, maio, junho e
julho e os meses mais secos são janeiro e fevereiro (Tabela I). O maior volume de precipitação
pluviométrica ocorreu em 1989, apresentando um total de 3041,7 mm, enquanto que o menor
total de precipitação ocorreu em 1981, com apenas 1489, 4 mm. Em relação à variação mensal
da precipitação, pode-se constatar que o mês de abril é considerado o mais chuvoso no
município, enquanto dezembro foi menos chuvoso da série. Foi possível apontar, também, que
a estação chuvosa em Salvador concentra-se nos meses de abril a maio.
O percentual mensal das precipitações anuais está quantificado na tabela II. Os meses
que registraram a concentração dos maiores percentuais de chuvas anuais na série 1978 – 2003
foram, respectivamente, abril, maio, junho e julho.
Mês Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. P(m/mês)
Ano
1978 2,3 1,8 10,5 11,4 15,6 20,0 10,5 5,0 5,6 6,3 3,4 7,1 2280,9
1979 8,0 12,8 3,8 19,1 7,9 18,1 11,9 4,7 1,7 1,4 6,9 3,0 1564,4
1980 9,5 18,6 3,6 4,0 10,1 7,5 6,5 8,6 8,0 4,5 15,7 2,8 1949,5
1981 3,6 6,3 13,2 16,5 13,6 10,0 13,0 4,2 1,3 2,7 3,0 4,0 1489,4
1982 1,0 8,2 0,6 23,5 18,5 19,1 8,4 4,8 7,4 5,8 0,9 1,2 1802,9
1983 1,7 6,1 14,3 11,7 3,9 20,5 6,5 11,8 5,8 8,0 6,3 2,8 1580,2
1984 1,8 1,2 9,0 37,0 14,8 9,1 5,4 5,5 8,5 4,6 1,5 1,1 2403,6
1985 4,4 3,6 2,6 32,1 14,1 6,1 8,2 5,8 2,4 4,1 9,3 6,7 2007,6
1986 4,0 1,3 11,8 17,3 10,7 8,5 6,0 6,6 10,1 11,7 7,0 4,5 2315,5
1987 1,3 4,0 8,4 9,5 14,0 14,7 15,5 7,2 6,6 0,9 14,5 2,9 1539,8
1988 7,9 3,7 15,4 12,7 6,4 11,0 13,6 6,3 2,3 3,6 6,4 8,1 2137,4
1989 6,2 1,0 5,0 13,5 21,5 8,0 6,0 6,5 8,2 4,3 5,0 14,8 3041,7
1990 2,5 1,6 3,5 2,5 16,0 10,5 13,4 10,2 6,6 19,5 1,5 12,2 2031,9
1991 10,6 4,9 6,3 17,1 24,2 17,8 5,6 7,2 4,1 1,7 5,4 1,7 1770,7
1992 5,0 13,8 6,0 8,2 6,7 12,4 12,4 6,5 6,0 1,5 13,1 8,4 1576,7
1993 1,02 0,6 0,9 8,7 23,0 14,6 9,5 13,3 5,8 8,9 3,9 1,1 1235,4
1994 1,31 2,8 10,5 18,5 9,3 20,8 14,7 8,6 4,4 5,2 2,1 1,9 2287,8
1995 1,0 2,0 4,8 17,0 28,3 14,6 10,6 4,6 4,0 0,9 9,3 2,4 1679,1
1996 2,5 4,5 2,6 33,2 8,1 7,8 8,8 5,5 9,0 4,8 9,9 3,3 2287,8
1997 2,2 13,5 16,6 20,7 8,6 10,1 10,9 3,1 1,7 7,7 1,6 1,4 1669,4
1998 3,5 3,1 6,5 11,5 14,0 20,0 17,1 8,6 3,5 6,2 3,6 1,9 1788,3
1999 3,0 3,8 11,7 14,0 14,0 6,9 8,3 12,0 5,2 6,1 10,2 3,5 2677,3
2000 1,5 4,4 10,0 19,1 13,0 16,2 10,5 7,1 8,4 0,8 3,8 4,6 1908,5
2001 5,3 1,5 14,7 5,7 11,1 10,9 12,2 8,3 10,6 11,2 1,8 6,2 1791,8
2002 13,8 5,6 5,5 3,7 19,2 11,3 13,9 8,9 14,1 0,8 1,3 1,2 1826,9
2003 1,3 4,8 10,2 9,3 27,4 11,8 9,2 6,8 8,4 3,5 6,6 0,7 2007,9
Fonte: Tabela I.
Org. por Souza (2015).
Sob o olhar geográfico, o estudo do clima, sob o olhar geográfico, coordena vários
temas contemporâneos, dentre eles, a questão dos riscos é de fundamental relevância. Nas
metrópoles, as áreas de riscos se ampliam cada vez mais em ambientes tropicais, e o elemento
do clima que mais interfere na sociedade é a chuva.
Nas áreas metropolitanas, os volumes de chuva (em 24 horas) acima de 30 milímetros
são suficientes para causarem perturbação urbana, sejam em áreas periféricas ou nobres, uma
vez que esse fato é decorrente da intensa impermeabilidade do solo urbano, o que contribui para
provocar vários pontos de alagamentos na cidade. Em concordância com esses acontecimentos,
O território brasileiro é afetado por inúmeros riscos climáticos, tais como, chuvas
torrenciais, tornados, tormentas e tempestades. Esses riscos em conjunto são de natureza
climática e afetam outros sistemas ambientais, como os hidrológicos que estão relacionados aos
4. Considerações Finais
Pode-se, assim, ressaltar que a média histórica para o referido munícipio foi de 20533,8
mm, sendo os anos 1989 e 1993 considerados o mais e o menos chuvoso, respectivamente, com
valores anuais de 3041,7 mm e 1235, 4 mm. Em relação à variação mensal da precipitação,
constatou-se que o mês de abril é considerado o mais chuvoso no município, enquanto
dezembro o menos chuvoso da série. Além disso, foi possível apontar que a estação chuvosa
em Salvador concentra-se nos meses de abril a maio.
Ademais, constatou-se que segmento temporal de 1995 a 2005, o maior registro de
desastres ambientais desencadeados pelas precipitações pluviométricas ocorreu em 1999,
apresentando o maior número de feridos. No entanto, embora este ano tenha apresentado o
maior número de ocorrências, observou-se que o maior índice de mortes e desabrigados ocorreu
em 1995.
Portanto, o estudo estatístico da série 1978 a 2003 constitui-se um aspecto
consideravelmente importante, visto que possibilitou caracterizar o regime de chuva local e,
além do mais, o estudo de eventos de altas precipitações meteorológicos que provocam
desastres naturais é de fundamental relevância para subsidiar na formulação e planejamento de
políticas públicas voltadas para minorar perdas de vidas humanas e materiais.
REFERÊNCIAS
AYOADE, J. O.; Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2007. 332p.