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809
RESUMO
(1)
Parte da Tese de Mestrado do primeiro autor, apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Agronomia da Faculdade de Engenha-
ria, Universidade do Estado de São Paulo – UNESP. Ilha Solteira (SP). Recebido para publicação em fevereiro de 2000 e
aprovado em setembro de 2001.
(2)
Engenheiro-Agrônomo do Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Faculdade de Engenharia, Universidade do
Estado de São Paulo – UNESP. Caixa Postal 31, CEP 15385-000 Ilha Solteira (SP).
(3)
Professor Assistente Doutor do Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Faculdade de Engenharia, UNESP.
E-mail: morel@agr.feis.unesp.br
(4)
Doutorando em Ciência do Solo, Departamento de Solos e Adubos - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP. Via de
Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s.n., CEP 14870-000 Jaboticabal (SP). E-mail: rmprado@fcav.unesp.br
Index terms: return period, probability of occurrence, rainfall coefficient, R factor, erosivity
factor.
foi utilizada a equação de Mokus, relatada em atividades agrícolas mais intensivas (preparo do solo
Schwab et al. (1981), dada por: e plantio) indicam a necessidade da adoção de
manejos de solos e culturas que favoreça ótimas
Y = (4,30 . t . log θ)2 + 6 (6) condições físicas e maior cobertura vegetal do solo.
Em relação ao mapa de linhas isoerosivas do
sendo: Y o número mínimo de anos de chuvas para o
cálculo da erosividade; t o valor tabelado estado de São Paulo, elaborado por Lombardi Neto
(distribuição “t” de Student) para dado nível de et al. (1980), o valor do fator R de Teodoro Sampaio
significância, normalmente com p < 0,10, com (Y-6) localizou-se geograficamente próximo à linha de
graus de liberdade, e θ a relação das magnitudes 5.750 MJ mm ha -1 h -1 ano -1. Portanto, o valor
entre o evento com período de retorno de 100 anos e estimado pelo referido mapa para o fator R de
o evento com período de retorno de 2 anos. Teodoro Sampaio foi 19,8 % inferior ao valor
calculado pelo presente estudo.
Utilizando dados pluviométricos do período de
01/01/1977 a 31/12/1996, para cada mês do ano, foi No entanto, em relação aos valores estimados por
calculado o coeficiente de chuva, pelo método Rufino (1986), para o mapa de linhas isoerosivas do
proposto por Lombardi Neto (1977), cuja expressão estado do Paraná, o valor calculado do fator R de
é dada por: Teodoro Sampaio localizou-se próximo à linha de
7.000 MJ mm ha-1 h-1 ano-1. Nesse caso, o valor
calculado do fator R de Teodoro Sampaio foi 2,4 %
Rc = Pm2/Pa (7) inferior ao valor estimado por Rufino (1986). Assim,
o valor de erosividade estimado pelo mapa de linhas
sendo: Rc o coeficiente de chuva em mm; Pm a isoerosivas do estado do Paraná ficou mais próximo
precipitação média mensal em mm, e Pa a do fator R do presente estudo (7.172 MJ mm ha-1 h-1
precipitação média anual. ano-1) do que aquele estimado pelo mapa de linhas
Utilizando o programa estatístico SAS isoerosivas do estado de São Paulo.
(Schlotzhaver & Littell, 1997), procedeu-se o ajuste
O quadro 1 e a figura 1 mostram que 74,0 % da
das funções dos seguintes tipos: linear, potencial,
erosividade ocorre nos meses de outubro a março,
exponencial, quadrática, logarítmica e semilo-
indicando que, nesse período, na condição de parcela-
garítmica, aos dados de erosividade médios mensais
padrão, é esperada a maior parte das perdas anuais
e de coeficiente de chuva. Assim, foram apresentados
de solo por erosão em Teodoro Sampaio, enquanto,
os coeficientes de ajuste para o modelo matemático
no semestre complementar, ocorre apenas 26,0 % do
que apresentou o maior coeficiente de correlação (r).
referido índice e, no trimestre de junho a agosto,
Posteriormente, foi efetuada a análise da variância,
apenas 7,9 %.
com o objetivo de verificar a significância do ajuste.
Quadro 2. Probabilidade de ocorrência e período de retorno dos valores anuais de erosividade EI30 de
Teodoro Sampaio (SP) no período de 1976 a 1994
Ano Erosividade, EI30 Número de ordem (m) Período de retorno (T) Probabilidade (Pr)
1.800 250,0
PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA, mm
1.600
EROSIVIDADE, MJ mm ha-1 h-1 ano-1
erosividade
Erosividade 200,0
1.400
Precipitação
Precipitação
1.200
150,0
1.000
800
100,0
600
400
50,0
200
0 0,0
Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
MÊS
Figura 1. Distribuição da erosividade (EI30) e da precipitação pluviométrica médias anuais de Teodoro
Sampaio (SP) no período de 1976 a 1994.
Em termos absolutos, esse valor de erosividade, (2001). Dessa forma, tais valores foram de 6.616, 6.047,
nessa época, ocupou a quarta posição em relação aos 5.545, 5.307, 5.117 e 4.933 MJ mm ha-1 h-1 ano-1,
de Mococa, Campinas, Piraju, Pindorama e respectivamente, para Mococa, Campinas, Piraju,
Piracicaba, respectivamente, determinados por Teodoro Sampaio, Pindorama e Piracicaba. Por outro
Lombardi Neto (1977), Pereira (1983), Carvalho lado, em termos relativos, esse valor ocupou a última
(1987), Sosa (1987), Roque (1999) e Roque et al. posição nas referidas localidades: de 90,7, 86,1, 85,4,
83,3, 78,5, e 74,0 %, respectivamente, para Campinas, superior a 4.092 MJ mm ha-1 h-1 pelo menos uma vez
Piracicaba, Mococa, Pindorama, Piraju e Teodoro a cada 1,05 ano.
Sampaio. Portanto, pode-se concluir que, tanto em
termos absolutos como relativos, eram esperadas Em relação ao maior valor de erosividade para
maiores perdas de solo por erosão em Campinas, chuvas individuais, isto é, a chuva mais erosiva do
Mococa e Piraju quando comparadas às de Teodoro período de tempo estudado (3.284 MJ mm ha-1 h-1),
Sampaio. foi observado um período de retorno de 20,0 anos,
sendo equivalente a uma probabilidade de ocorrência
A figura 1 indica haver uma harmonia entre as de 5,0 %.
distribuições médias mensais do fator erosividade e
da pluviometria do município de Teodoro Sampaio. A curva de distribuição de probabilidade dos
Observa-se que a erosividade média anual para valores anuais de erosividade de Teodoro Sampaio
Teodoro Sampaio é de 7.172 MJ mm ha-1 h-1, para (Figura 2) seguiu o padrão log-normal, típico de
uma precipitação de 1.282,3 mm ano-1, estando os eventos hidrológicos, de acordo com o relato de
meses com maiores precipitações associados aos Wischmeier (1959), corroborado por Lombardi Neto
meses de maior erosividade. Este fato destaca, uma (1977), Carvalho (1987), Sosa (1987), Carvalho et al.
vez mais, o efeito preponderante da intensidade da (1996, 1997); Roque (1999) e Roque et al. (2001).
chuva em caracterizar seu potencial erosivo. O período de retorno do fator erosividade da
Acrescenta-se, ainda, que existem localidades que chuva (R) do município de Teodoro Sampaio
apresentam esse mesmo comportamento, como (7.172 MJ mm ha-1 h-1) foi de 2,33 anos, equivalente
Cáceres-MT e Corixa-MT, com erosividade média a uma probabilidade de ocorrência de 42,92 %,
anual de 7.766 e 7.278 MJ mm ha-1 h-1 e precipitação valores estes obtidos da figura 2. Esse valor foi
média anual de 1.246 e 1.259 mm, respectivamente próximo daqueles obtidos para os fatores R de
(Morais et al., 1991). Vale destacar que Goiânia (GO), Campinas (2,1 anos), Piracicaba (2,1 anos),
com precipitação média (1.280,6 mm) próxima à de Pindorama (2,1 anos), Mococa (2,4 anos), Botucatu
Teodoro Sampaio, apresenta uma erosividade maior (2,3 anos), Selvíria (2,3 anos) e Piraju (2,3 anos),
(8.355 MJ mm ha-1 h-1) (Silva et al., 1996). Estas respectivamente, determinados por Lombardi Neto
diferenças decorrem, especialmente, do clima e (1977), Pereira (1983), Sosa (1987), Carvalho (1987),
relevo distintos entre as localidades. Carvalho et al. (1996, 1997), Roque (1999), Roque et
Com base nos dados de erosividade decendiais, a al. (2001). Conclui-se, portanto, ser possível ocorrer
partir do primeiro decêndio de julho, foram obtidas para o local estudado, com uma probabilidade de
as percentagens dos parâmetros de erosividade 42,92 %, um valor anual de erosividade igual ou
(Quadro 1), a serem utilizadas na determinação do superior ao fator R calculado (7.172 MJ mm ha-1 h-1),
fator C da USLE, para o solo e local em questão, pelo menos uma vez a cada 2,33 anos. Na mesma
conforme preconizado por Wischmeier & Smith figura, pode-se observar que os valores dos
(1978). parâmetros de erosividade anual, esperados para os
períodos de retorno de 2, 5, 10, 20, 50 e 100 anos,
Os valores extremos dos fatores anuais de ero- foram de 6.831, 8.666, 9.877, 11.046, 12.546 e
sividade variaram de 4.092 a 13.651 MJ mm ha-1 h-1, 13.675 MJ mm ha-1 h-1, respectivamente, enquanto
respectivamente, em 1988 e 1982 (Quadro 2), os valores máximos anuais do parâmetro de
enquanto os valores extremos médios mensais foram erosividade para chuvas individuais, esperados para
de 116 e 1.579 MJ mm ha-1 h-1, respectivamente, os respectivos períodos de retorno, foram,
para os meses de julho e dezembro (Quadro 1). A respectivamente, de 1.223, 1.853, 2.274, 2.675, 3.195
adequação do número de anos de registros de dados e 3.585 MJ mm ha-1 h-1, segundo o método preconizado
de erosividade revelou ser de 11,3 anos (p < 0,10) em Schwab et al. (1981).
ou de 21,1 anos (p < 0,02) os tempos mínimos
necessários de dados para obtenção do fator R de Os meses de dezembro e março foram os de maior
Teodoro Sampaio, de acordo com a equação (6). freqüência de chuva individual mais erosiva do ano
(seis vezes), enquanto os meses de janeiro e fevereiro
Os valores do período de retorno e da
apresentaram uma freqüência de três vezes para
probabilidade de ocorrência, determinados para o
cada um deles, sendo o mês de outubro o de menor
maior parâmetro de erosividade anual observado
freqüência, com apenas uma vez, podendo-se
(13.651 MJ mm ha-1 h-1), foram de 20,0 anos e 5,0 %,
observar que ocorreram 19 chuvas individuais mais
respectivamente (Quadro 2). Portanto, esperava-se
erosivas do ano no período de outubro a março,
ocorrer neste local, com uma probabilidade de 5,0 %,
totalizando, assim, 100 % nesse período (Quadro 3).
um valor anual de erosividade igual ou superior a
13.651 MJ mm ha-1 h-1 pelo menos uma vez cada Assim, obteve-se comportamento igual ao de
20,0 anos. Os menores valores de erosividade anual Pindorama, onde também houve o total destas
observados (4.092 MJ mm ha-1 h-1) foram, respectiva- chuvas neste período, conforme estudado por Sosa
mente, de 1,05 ano e de 95,00 % (Quadro 2). Acredita- (1987). Por outro lado, os dados obtidos concordaram
se, por essa razão, que ocorra, com uma probabilidade parcialmente com os dados de Mococa, Piraju e
de 95,0 %, um valor anual de erosividade igual ou Campinas, que registraram valores respectivos de
Valores teóricos
Xc=X(1+cv.k)
10.000
EROSIVIDADE, MJ mm ha-1 h -1 ano-1
9.000
8.000
7.000
6.000 n=19
5.000
4.000
Valores observados
T=(N+1)/m
3.000
2.000
1.000
95 90 80 70 60 50 40 30 20 10 5 5 1
PERCENTAGEM DE PROBABILIDADE
Figura 2. Distribuição da probabilidade de ocorrência e do período de retorno dos valores anuais de
erosividade EI30 de Teodoro Sampaio (SP) no período de 1976 a 1994.
Quadro 3. Valores médios mensais e média anual de precipitação pluviométrica, coeficientes de chuva e
parâmetro de erosividade EI30 de Teodoro Sampaios (SP) no período de 1976 a 1994
Mês Precipitação média mensal Coeficiente de chuva (Rc) EI 30 médio mensal calculado
89,5, 91 e 95,5 % destas chuvas neste período, individual mais erosiva do ano para Teodoro
conforme observado, respectivamente, por Lombardi Sampaio, sendo observadas seis chuvas para cada
Neto (1977), Carvalho (1987), Roque (1999) e Roque mês. Assim, esta observação ficou plenamente de
et al. (2001). Os meses de dezembro e março acordo com os dados observados por Sosa (1987) para
mostraram maior freqüência mensal da chuva Pindorama, onde os meses de dezembro e março
1.700
1.600 EI
ei3030==106,8183
106,8183 + 46.9562. Rc (7)
+ 46,9562.Rc
1.500 rr==0,963 (p < 0,01)
0,9634
1.400 nn==1212
foram os de maior frequência, sendo de seis vezes cada equação (Figura 3), concordando com os dados de
um. Carvalho (1987), para Mococa, observou que o Lages (SC) e Campos Novos (SC), observados,
mês de maior freqüência foi o de dezembro com seis respectivamente, por Bertol (1993, 1994). Por outro
vezes, enquanto Lombardi Neto (1977), Roque (1999) lado, contrastou com os dados de Campinas,
e Roque et al. (2001) observaram, para Campinas e Piracicaba, Pindorama, Mococa e Piraju, observados,
Piraju, que o mês de janeiro foi o que apresentou respectivamente, por Lombardi Neto (1977), Pereira
maior freqüência, sete e oito vezes, respectivamente. (1983), Sosa (1987) e Carvalho (1987), Roque (1999),
Roque et al. (2001), cujo modelo de maior correlação
O volume de precipitação (Quadro 4) no semestre
foi o do tipo exponencial.
outubro-março contribuiu com 64,9 % da quantidade
total anual de chuva.
A figura 3 apresenta a curva de regressão entre
o índice de erosividade médio mensal e o coeficiente CONCLUSÕES
de chuva para Teodoro Sampaio, durante os anos de
1976 a 1994.
1. O fator erosividade da chuva para o município
Teodoro Sampaio apresentou elevada correlação de Teodoro Sampaio (SP), calculado pelo parâmetro
entre o índice de erosividade, EI30, médio mensal e o EI30, foi de 7.172 MJ mm ha-1 h-1 ano-1. Este fator,
coeficiente de chuva. É importante ressaltar que, que revela uma probabilidade de ocorrência de
para regiões com tipo de formação de chuvas menos 42,9 %, pode ser igualado, ou superado, pelo menos
complexa, como Teodoro Sampaio, esta relação uma vez a cada 2,33 anos.
erosividade x coeficiente de chuva apresenta alto valor
de correlação, entretanto, Albuquerque et al. (1994) 2. Nos meses de outubro a março, observou-se
relataram que esta relação em regiões com período uma distribuição de 74,0 % do total da erosividade
chuvoso sujeito a dois regimes de chuvas distintos, anual, indicando que, nesse período, era esperada a
a exemplo da região Nordeste, pode limitar o uso do maior parte das perdas anuais de solo por erosão.
coeficiente de chuva para predizer a erosividade.
3. Os valores dos índices de erosividade anual,
O modelo matemático que apresentou a melhor esperados para os períodos de retorno de 2, 5, 10, 20,
correlação foi o linear (r = 0,963), de acordo com a 50 e 100 anos, foram de 6.831, 8.666, 9.877, 11.046,
12.546 e 13.675 MJ mm ha-1 h-1 ano-1, respectiva- HUDSON, R. Soil conservation. 2.ed. Ithaca, Cornell University
mente, enquanto os valores máximos anuais do Press, 1973. 320p.
índice de erosividade para chuvas individuais,
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foram, respectivamente, de 1.223, 1.853, 2.274, 2.675,
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