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Introdução
As flutuações nas condições será o elemento mais influente das mudanças
meteorológicas são uma das principais causas da climáticas na o cenário.
dinâmica ambiental, pois impactam diretamente Segundo Bergamaschi et al. (2013), a
nos processos físicos e biológicos e na sociedade coleta de dados meteorológicos em ambientes de
como um todo. Nesse contexto, a chuva é um dos pesquisa é fundamental para apoiar campos e
elementos climáticos mais importantes, mas possui processos que dependem direta ou indiretamente
a maior variabilidade temporal e espacial (Ferreira das condições meteorológicas, como a agricultura.
et al., 2018; Dias e Penner, 2021), e provavelmente
dos dados de precipitação para sua quantificação localizada no município de Guarabira-PB, situado
(Cavus e Aksoy, 2019, 2020; Eris et al., 2020). a 99 metros de altitude, Guarabira tem as seguintes
Nesse contexto, devido à importância de coordenadas geográficas: Latitude: 6° 51' 20'' Sul,
conhecer as estações seca e chuvosa em uma área Longitude: 35° 29' 24'' Oeste, e pertence a
específica, este trabalho tem como objetivo estudar mesorregião do Agreste Paraibana. Utilizou-se o
as características da variação da precipitação na software Surfer13 Para destacar onde está inserido
cidade de Guarabira-PB utilizando dados de o município de Guarabira-PB em relação a região
estações pluviométricas gerenciadas pela AESA, do Nordeste e no estado da Paraíba (Figura1).
bem como utilizando análises estatísticas e índices Esses dados pluviométricos se encontram
de precipitação padronizados (SPI) para analisar as disponíveis na Agência Executiva de Gestão das
secas que ocorreram entre 1994 e 2020. Águas do Estado da Paraíba (AESA), que está
situada na Universidade Federal de Campina
Material e métodos Grande (UFCG). A série de dados apresenta
período de registro entre os anos de 1994 e 2018.
Foi utilizado os totais mensais da
precipitação pluvial observados na estação
Média: 𝛿
𝐶𝑣 = × 100% (3)
𝑋̅
∑𝑛
𝑖 𝑥𝑖
𝑥̅ = (1) Em que:
𝑛
δ → Desvio Padrão;
Em que: 𝑋̅ → Média;
𝑥̅ → Média 𝐶𝑣 → Coeficiente de variação.
∑𝑛𝑖 𝑥𝑖 →Soma dos números
𝑛 → Quantidade de números somados O SPI foi desenvolvido como um indicador
de seca que reconhece a importância das escalas de
Desvi- padrão: tempo. Portanto, o cálculo do SPI leva em
consideração as séries e períodos médios, que são
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Sendo:
1
𝐴 = 𝑙𝑛(𝑥̅ ) − ∑𝑁
𝑖 𝑙𝑛(𝑥) (7) 𝑐0 = 2,515; 𝑐1 = 0,803; 𝑐2 = 0,010;
𝑁
𝑑1 = 1,433; 𝑑2 = 0,189; 𝑑3 = 0,001;
Em que: Em que:
N → é o número de observações da precipitação;
𝑥̅ → representa o valor médio dos dados de 1
chuva; 𝑡 = √𝑙𝑛 ( 2 ), para 0 < 𝐻(𝑥) ≤ 0,5 (13)
(𝐻(𝑥))
𝑥 → são as precipitações observadas.
e
Os parâmetros resultantes são utilizados 1
𝑡 = √𝑙𝑛 ( 2 ), para 0,5 < 𝐻(𝑥) ≤ 1,0 (14)
para determinar a probabilidade cumulativa de um (1−𝐻(𝑥))
CLASSIFICAÇÃO DO IPP
≥ 2,00 Chuva extrema
1,99 a 1,50 Chuva severa
1,49 a 1,00 Chuva moderada
0,99 a 0,50 Chuva fraca
0,49 a -0,49 Normal
-0,50 a -0,99 Seca fraca
-1,00 a -1,49 Seca moderada
-1,50 a -1,99 Seca severa
≤ -2,00 Seca extrema
Fonte: Mckee (1993)
1800,0
1600,0
1400,0
1200,0
1000,0
800,0
600,0
400,0
200,0
0,0
Anos
município de Guarabira, Paraíba. O desvio padrão, pouca diferença no coeficiente de variação (CV),
por ser uma medida de dispersão, mostra a pois é onde se concentra o período chuvoso do
variação, com valores mais próximos da média, município, por outro lado, a partir de agosto nota-
tendo sido possível constatar que o mês de julho se um aumento no valor do CV devido redução do
apresentou o maior desvio padrão em relação aos volume precipitado.
demais meses. Entre março a julho observa-se
Precipitação (mm) Precipitação Média
180,00
160,00
140,00
120,00
Precipitação
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Figura 3. Precipitação pluviométrica no município de Guarabira-PB de 1994 a 2020.
A Figura 4 (A) exibe a distribuição (2012), ambas com duração de 3 meses, com início
temporal do SPI-1 ao longo dos meses na estação em 2012 (Tabela 2)
de Guarabira-PB, nela pode ser visto que o maior A série temporal do SPI-3 (Figura 4 (B))
pico, -2,76, seca extrema, se refere ao mês de revelou o maior pico de secas no ano de 2012, -
março de 2010, mas no valor médio se categorizou 3,16, em maio de 2012, com o valor médio de -
como seca fraca. As maiores durações de secas 1,53, classificando o período como de seca severa.
estão nos anos de 2006 e 2010, com 10 meses em Os maiores períodos de secas ocorreram nos anos
ambos os anos. Os valores médios do SPI-1 de 2005/2007, duração de 19 meses (valor médio
variaram entre -0,41 e -168. Foram identificadas de -0,91, seca fraca), 2009/2010 com duração de 14
uma seca moderada (2016) e uma seca severa meses (valor médio de -1,11, seca moderada),
2012/2013, com duração de 11 meses, (valor médio
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de -1,23, seca moderada), e entre 2018/2019 que O SPI-12 Figura 4 (D) mostra um período
durou 10 meses (valor médio de -1,39, seca de seca de 33 meses que vai de setembro/1997 a
moderada) conforme a Tabela 2. maio/2000, sendo o maior desse índice, com pico
O SPI-6 Figura 4 (C) identificou que os de -1,37, tendo o valor médio em torno de -0,56
maiores períodos de secas e valores médios estão (seca fraca), outro período longo com duração de
nos anos de 1997/1998 (16 meses, seca fraca), 22 meses entre 2006/2008 foi observado, com pico
2005/2007 (21 meses, seca moderada), 2010 (11 de -2,06, com valor médio de -1,16 (seca
meses, seca severa), 2012/2013 (16 meses, seca moderada). (Tabela 2).
moderada), 2018/2019 (12 meses, seca moderada),
como pode ser visto na Tabela 2.
-1,00
-2,00
-3,00
-4,00
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2012
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Tempo (em anos)
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2015
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Tempo (em anos)
Figura 4. Evolução temporal do SPI-1 (A), SPI-3 (B), SPI-6 (C) e SPI-12 (D) para a estação/posto
pluviométrico de Guarabira-PB.
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