Você está na página 1de 106

COMPORTAMENTO DOS SISTEMAS FRONTAIS NO

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DURANTE OS


EPISÓDIOS ENOS

BRUNO DIAS RODRIGUES

Orientadora: Prof. Drª. Rita de Cássia Marques Alves

Porto Alegre (RS), Outubro de 2015


BRUNO DIAS RODRIGUES

Comportamento dos Sistemas Frontais no Estado do Rio Grande do Sul


durante os Episódios ENOS

Dissertação submetida ao colegiado do Curso


Pós-graduação em Sensoriamento Remoto
como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Mestre em Sensoriamento Remoto,
área de concentração em Sensoriamento
Remoto Aplicado a Meteorologia.

Orientadora: Rita de Cássia Marques Alves

Porto Alegre, RS, Brasil.


DEDICATÓRIA

A minha família
AGRADECIMENTOS

Primeiramente aos meus pais, Ester Berchon e Luiz Cleimar Rodrigues, pela
dedicação que tiveram sempre em todos os momentos da minha vida para que eu
vencesse todos os obstáculos. Agradeço também pela educação que me
proporcionaram e pelas palavras de superação que me encorajaram diante das
adversidades. Ao meu irmão, Tiago Rodrigues por me apoiar inúmeras vezes,
sempre que precisei e ainda, a minha tia Rosa Lúcia por todo incentivo.

Ao apoio da minha Orientadora, professora e amiga Rita de Cássia Marques


Alves, pela oportunidade concedida para realizar este trabalho e pelo seu
comprometimento para comigo, por me incentivar e acreditar em mim.

Aos professores Dr. André Becker Nunes, Drª.Meiry Sakamoto e a Drª Eliana
Klering pela disponibilidade em avaliar este trabalho e por ter aceito o convite de
participar desta banca.

Aos meus amigos e colegas de Laboratório e Pós-Graduação, Ricardo


Mollmann e Vilson Ávila, pelo convívio familiar que levarei sempre comigo, pelas
discussões em prol do meu crescimento profissional e, não menos, pela ajuda,
paciência e por me estenderem a mão diante de quaisquer circunstâncias.

Ao amigo e colega, Gabriel Munchown pela acolhida neste ambiente de


trabalho e pelo auxílio em meio as minhas necessidades.

Aos colegas do LMQA, pela amizade que fiz e a secretaria do ppgsr por não
medir esforços a tudo que precisei.

Aos colegas da Pós-Graduação, Diniz, Thiago Diniz, Luiz Fernando e Mauro


Nóbrega por me auxiliarem com seus conhecimentos e pela amizade construída.

A Sheila Costa e Silva, pela sua fidelidade nas horas em que precisei me
dedicar para este trabalho, pelas energias positivas e pela paciência para comigo. A
CAPES, pelo auxílio financeiro que me permitiu elaborar este trabalho.
EPÍGRAFE

“Quem vence sem riscos triunfa sem glória. Quem vence sem glória triunfa sem
lágrimas. Quem vence sem lágrimas triunfa sem humildade. Quem vence sem
humildade triunfa sem valorizar seus pares e nem a labuta da jornada”.

Augusto Cury
RESUMO

Este estudo teve por finalidade investigar a frequência e intensidade dos


Sistemas Frontais (SF) avaliando-os com os episódios ENOS (El Niño Oscilação
Sul) para o período da Primavera (SON) de 2000 a 2010 sobre o Estado do Rio
Grande do Sul (RS). As análises mostraram que os anos em que se tem a menor
ocorrência de SF estão associados principalmente a eventos de La Niña Fraco e
Neutralidade. Em contrapartida, um número maior de Sistemas Frontais foi
verificado com relação aos episódios de El Niño Moderado e Neutralidade.
Especificamente, no que se refere à questão mensal, percebeu-se que no mês de
Outubro há uma maior influência dos Sistemas Frontais do que em Setembro e
Novembro. Outro fator pertinente e evidenciado deu-se pelas comparações entre o
período escolhido (no qual não ocorreram eventos fortes) e os episódios de ENOS
Fortes. Notou-se, neste caso, que não ocorreram variações impactantes no número
de Sistemas Frontais, embora se tenha o conhecimento dos efeitos e alterações
existentes nos padrões de circulação atmosférica devido à atuação dos fenômenos
de escala interanual. Ainda, tendo a necessidade de ampliar a gama de
entendimento, foi realizada uma abordagem com relação ao comportamento da
precipitação em seis sub-regiões do Estado, onde se observou de forma geral, um
aumento da precipitação em praticamente todas as áreas do RS, quando comparado
com a média Histórica. Com isso, ressaltou-se que os volumes mensais abaixo da
média Histórica estão ligados a episódios de Neutralidade. Já a normalidade do
regime de precipitação, mostrou-se interligado em média para todas as regiões ao
evento de El Niño e por último, as precipitações acima da normal climatológica estão
mais presentes em condições de El Niño, mais especificamente de intensidade
Moderada. Dentre as sub-regiões analisadas, destacou-se a parte Oeste do Estado
por ter apresentado uma maior intensidade nos volumes de precipitação. Outro fator
importante analisado foram os valores percentuais das precipitações derivadas dos
sistemas frontais. Levando-se em conta a média das avaliações, verificou-se que as
sub-regiões Sul e Sudoeste do Rio Grande do Sul são as mais influenciadas pelas
passagens dos Sistemas Frontais, enquanto os menores impactos na precipitação
podem ser notados nas regiões Central e Norte do Rio Grande do Sul. Além disso,
realizou-se um estudo de caso para avaliar o comportamento dos Sistemas Frontais
em episódios de ENOS diferentes, nos campos de pressão atmosférica e
temperatura do ar. Logo, averigou-se que em um ano de Neutralidade, as passagens
de SF sobre o Estado costumam ser mais prolongadas em sua duração de tempo,
permanecendo mais dias, com algumas variações significativas nos campos
meteorológicos observados. Enquanto para um ano referente à condição de El Niño
Moderado, os Sistemas Frontais possuem, na maioria dos casos, uma duração de
tempo menor, consequentemente com menores variações na temperatura e
pressão.

Palavras chaves: ENOS, Sistemas Frontais, Precipitação.


ABSTRACT

This study aimed to investigate the frequency and intensity of the frontal
systems (FS) evaluating them with respect to the episodes of El Niño – South
Oscillation (ENSO) for the spring season (SON) from 2000 to 2010, over the state of
Rio Grande do Sul (RS - Brazil). The analysis showed that the years having a smaller
incidence of SF are mainly associated to events of weak La Nina and neutrality. In
contrast, a larger number of frontal systems were observed with respect to episodes
of moderate El Nino and neutrality. Specifically with relation to the monthly aspect, it
was noticed that there is a major influence of the frontal systems in October than in
September and November. Another inherent and evidenced factor was given by the
comparisons between the selected period (with no occurrence of strong events) and
the Strong ENSO episodes. In this case it was noticed that there has not occurred
impacting variations in the number of frontal systems although the effects and
changes of the atmospheric circulation patterns due to the action of the interannual
scale phenomena are known. Further, to enlarge the range of understanding, it was
made one approach relating to the precipitation behavior in six sub regions of the
state where in general it was observed an increase in the precipitation almost in all
areas of the RS when compared to the historic average. Thus, the monthly volumes
below the historic average are linked to neutral episodes. Otherwise, the normal
precipitation regime, on average, was proved to be interconnected for all regions to
the event El Niño, and finally the rainfall above the climatology are more common in
El Niño conditions, specifically with Moderate intensity. In this manner, considering
the analyzed sub regions, the west part of the state has presented a higher intensity
of precipitation volumes. Another important factor analyzed were the percentage
values of rainfall derived from frontal systems. Taking into account the average of the
evaluations, it was found that the South and southwest sub-region of Rio Grande do
Sul is the most influenced by passages from the SF, while smaller impacts on
precipitation can be noticed in the Central and North regions. In addition, it was
realized a case study to evaluate the behavior of frontal systems in different episodes
of ENSO, with respect to the fields of atmospheric pressure and air temperature.
Thus, it was found that in a year of neutrality, the frontal systems crossings on the
state tend to be more prolonged, remaining more days, with some significant
variations in the observed meteorological fields. While for a year related to the
condition of Moderate El Nino the frontal systems have, in mosta cases, a shorter
duration, thus with minor variations in temperature and pressure.

Key Words: ENSO, Frontal System, Precipitation.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Representação da circulação em condições de EN...............................6

Figura 2 - Representação da circulação em condições de LN...............................6

Figura 3 – Região de atuação dos Índices Niño (Áreas do Oceano Pacífico


Tropical conhecidas como Niños 1+2, 3, 3.4, 4. A região 3.4 abrange uma área
de 5°N-5ºS e 120°W-170W)..........................................................................................7

Figura 4 – Principais sistemas atuantes na AS em baixos e altos níveis da


troposfera...................................................................................................................12

Figura 5a - Sistema Frontal Clássico no Hemisfério Sul..................................... 14

Figura 5b - Representação de um Sistema Frontal em uma carta Sinótica de


Superfície no Hemisfério Sul.................................................................................. 14

Figura 6 - Padrão esquemático da atuação dos sistemas Frontais com


convecção tropical e suas posições latitudinais: a)40º-35ºS; b)35º-25ºS; c)25º-
20ºS; d)ao norte de 20ºS...........................................................................................16

Figura 7 – Representação da posição dos Satélites GOES-10 e GOES-8...........21

Figura 8 (a, b) – Presença de um SF sobre o RS no dia 12/10/2009 as 1500Z e


2100Z...........................................................................................................................21

Figura 9 – Representação das regiões homogêneas para o estado do Rio Gran-


de do Sul com base no método de agrupamento utilizado por Marques (2005).
.....................................................................................................................................25

Figura 10 – Distribuição dos municípios com Estações Meteorológicas do


INMET no RS..............................................................................................................26

Figura 11 – Frequência Trimestral (SON) de Sistemas Frontais atuantes sobre o


RS de 2000-10 para o período da Primavera (SON)...............................................32

Figura 12 - Pesquisas referentes ao período da Primavera em anos distintos e


áreas diferentes.........................................................................................................33
Figura 13 - Número de Sistemas Frontais atuantes sobre o RS de 2000-10 para
o período da Primavera (SON).................................................................................34

Figura 14 – Número médio de Sistemas Frontais atuantes sobre o RS de

2000-10 para o período da Primavera (SON)..........................................................35

Figura 15 - Média mensal de Sistemas Frontais observada por alguns autores


em suas pesquisas....................................................................................................35

Figura 16 – Número dos Sistemas Frontais em meses da Primavera (SON) em


eventos de El Niño Forte e Moderado....................................................................36

Figura 17 – Número dos Sistemas Frontais em meses da Primavera (SON) em


eventos de La Niña Forte e Moderado...................................................................37

Figura 18a – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Setembro nos
municípios de Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar............................40

Figura 18b – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Outubro nos
municípios de Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar............................40

Figura 18c – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Novembro nos
municípios de Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar............................41

Figura 19 – Média Histórica para os meses de SON nos municípios de Pelotas,


Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.....................................................................41

Figura 20a – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Setembro nos
municípios de Encruzilhada do Sul e Porto Alegre...............................................44

Figura 20b – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Outubro nos
municípios de Encruzilhada do Sul e Porto Alegre...............................................44

Figura 20c – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Novembro nos
municípios de Encruzilhada do Sul e Porto Alegre...............................................45

Figura 21 – Média Histórica para os meses de SON nos municípios de


Encruzilhada do Sul e Porto Alegre........................................................................45
Figura 22a – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Setembro nos
municípios de Uruguaiana, Bagé e Santana do Livramento................................48

Figura 22b – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Outubro nos
municípios de Uruguaiana, Bagé e Santana do Livramento................................48

Figura 22c – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Novembro nos

municípios de Uruguaiana, Bagé e Santana do Livramento...............................49

Figura 23 – Média Histórica nos anos de 2000-10 para os meses de SON nos
municípios de Uruguaiana, Bagé e Santana do Livramento................................49

Figura 24a – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Setembro nos
municípios de Cruz Alta, Santa Maria, Iraí e São Luiz Gonzaga..........................52

Figura 24b – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Outubro nos
municípios de Cruz Alta, Santa Maria, Iraí e São Luiz Gonzaga..........................52

Figura 24c – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Novembro nos
municípios de Cruz Alta, Santa Maria, Iraí e São Luiz Gonzaga..........................53

Figura 25 – Média Histórica para os meses de SON nos municípios de Cruz


Alta, Santa Maria, Iraí e São Luiz Gonzaga.............................................................53

Figura 26 – Precipitação nos anos de 2000-10 para os meses SON no município


de Passo Fundo.........................................................................................................56

Figura 27 – Média Histórica para os meses de SON no município de Passo


Fundo..........................................................................................................................56

Figura 28a – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Setembro nos
municípios de Bento Gonçalves, Bom Jesus, Caxias do Sul, Lagoa Vermelha e
Torres..........................................................................................................................59

Figura 28b – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Outubro nos
municípios de Bento Gonçalves, Bom Jesus, Caxias do Sul, Lagoa Vermelha e
Torres..........................................................................................................................59
Figura 28c – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Novembro nos
municípios de Bento Gonçalves, Bom Jesus, Caxias do Sul, Lagoa Vermelha e
Torres..........................................................................................................................60

Figura 29 – Média Histórica para os meses de SON nos municípios de Bento


Gonçalves, Bom Jesus, Caxias do Sul, Lagoa Vermelha e Torres......................60

Figura 30 – Porcentagem de eventos ENOS para a condição de precipitação


abaixo da média.........................................................................................................61

Figura 31 – Porcentagem de eventos ENOS para a condição de normalidade de


precipitação média....................................................................................................62

Figura 32 – Porcentagem de eventos ENOS para a condição de precipitação


acima da média..........................................................................................................62

Figura 33 – Média das regiões relativas à porcentagem de eventos ENOS para


as condições de precipitação abaixo, normal e acima da média .........................63

Figura 34 (a, b) – Imagem de Satélite do canal IR referente aos dias 04/10/2008,


12/10/2008 as 2100Z, 2100Z .....................................................................................64

Figura 34c – Imagem de Satélite do canal IR referente ao dia e 21/10/2008 as


2115Z...........................................................................................................................65

Figura 35 – Representação das variáveis meteorológicas Temperatura em °C


(925hPa) e PNM (hPa) na região R1 compreendida pelos municípios de Santa
Vitória do Palmar e Rio Grande ..............................................................................66

Figura 36 – Representação das variáveis meteorológicas Temperatura em °C


(925hPa) e PNM (hPa) na região R3 compreendida pelos municípios de Bagé e
Uruguaiana.................................................................................................................66

Figura 37 (a, b, c) - Imagem de Satélite do canal IR referente aos dias


05/10/2009, 11/10/2009 e 14/11/2009 as 2100Z........................................................67

Figura 38 – Comportamento da Temperatura e PNM no mês de Outubro de 2009


(EN Moderado) para a região R1 compreendida pelos municípios de Santa
Vitória do Palmar e Rio Grande...............................................................................69
Figura 39 – Comportamento da Temperatura e PNM no mês de Outubro de 2009
(EN Moderado) para a região R3 compreendida pelos municípios de Bagé e
Uruguaiana.................................................................................................................69
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação da intensidade dos eventos ENOS.................................8

Tabela 2- Relação da intensidade de EN e LN nos anos apresentados................9

Tabela 3- Comportamento trimestral do ION..........................................................30

Tabela 4 - Intensidade do fenômeno ENOS para o trimestre SON 2000-10........31

Tabela 5 - Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS


para os anos de 2000-10, região R1.........................................................................39

Tabela 6 - Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS


para os anos de 2000-10, região R2........................................................................43

Tabela 7- Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS


para os anos de 2000-10, região R3........................................................................47

Tabela 8 - Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS


para os anos de 2000-10, região R4........................................................................51

Tabela 9 - Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS


para os anos de 2000-10, região R5........................................................................55

Tabela 10 - Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS


para os anos de 2000-10, região R6........................................................................58
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

AMJ – Abril-Maio-Junho

AS - América do Sul

BAG – Bagé

BCH – Baixa do Chaco

BG – Bento Gonçalves

BJ – Bom Jesus

CA – Cruz Alta

CCM – Complexos Convectivos de Mesoescala

CPC – Climate Prediction Center

CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos

CX - Caxias do Sul

EN – El Niño

ENOS - El Niño Oscilação Sul

ENZ – Encruzilhada do Sul

FF – Frente Fria

FQ – Frente Quente

GEOS-5 - Goddard Earth Observing System Model – Versão 5

GOES - Geostationary Operational Environmental Satellite

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia.

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

ION – Índice Oceânico do Niño


IOS - Índice de Oscilação Sul

IR – Infrared

IRA - Iraí

JAS – Junho-Agosto-Setembro

JFM – Janeiro-Fevereiro-Março

JST - Jato Subtropical

LI - Linhas de Instabilidade

LN – La Niña

LV – Lagoa Vermelha

MARH - Método de Agrupamento de Regiões Homogêneas

MERRA - Modern Era-Retrospective Analysis for Research and Applications

NASA - National Aeronautics and Space Administration

NCAR - National Center for Atmospheric Research

NCEP - National Centers for Environmental Prediction

NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration

OND – Outubro-Novembro-Dezembro

PEL – Pelotas

PF – Passo Fundo

PNM - Pressão ao Nível Médio do Mar

POA – Porto Alegre

RG – Rio Grande

RS - Rio Grande do Sul

R1 – Região 1
R2 – Região 2

R3 – Região 3

R4 – Região 4

R5 – Região 5

R6 – Região 6

SC – Santa Catarina

SCM – Sistemas Convectivos de Mesoescala

SF - Sistemas Frontais

SLG – São Luiz Gonzaga

SLV – Santana do Livramento

SM – Santa Maria

SON - Setembro-Outubro-Novembro

SVP – Santa Vitória do Palmar

TOR - Torres

TSM - Temperatura da Superfície do Mar

URU - Uruguaiana

ZCAS - Zona de Convergência do Atlântico Sul


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................4
2.1 Fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS).......................................................4
2.2 Precipitação Associada aos Episódios ENOS no Rio Grande do Sul.........9
2.3 Principais Sistemas Causadores de Precipitação no RS...........................11
2.4 Sistemas Frontais (SF)....................................................................................13
2.5 Estudos e avaliações relacionados aos Sistemas Frontais.......................16
2.6 Utilização de Imagens de Satélite..................................................................20
2.6.1 Escolha do Satélite GOES........................................................................20
2.6.2 Canal Infravermelho (IR)..........................................................................22
2.7 Utilização de dados de Reanálise MERRA....................................................23
2.7.1 MERRA (Modern Era-Retrospective Analysis For Research And
Applications)......................................................................................................23

3. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................24
3.1 Área de Estudo................................................................................................24
3.2 Período de Estudo...........................................................................................27
3.3 Métodos............................................................................................................27

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................29
4.1 Número de Sistemas Frontais de 2000 a 2010.............................................29
4.2 Intensidade da precipitação e comportamento dos episódios ENOS em
diferentes regiões no RS......................................................................................38
4.2.1 Região R1 - SON – 2000 a 2010...............................................................38
4.2.2 Região R2 - SON – 2000 a 2010...............................................................42
4.2.3 Região R3 - SON – 2000 a 2010...............................................................46
4.2.4 Região R4 - SON – 2000 a 2010...............................................................50
4.2.5 Região R5 - SON – 2000 a 2010...............................................................54
4.2.6 Região R6 - SON – 2000 a 2010................................................................57
4.3 Identificação de SF e as avaliações do comportamento dos SF em
episódios diferentes..............................................................................................64
4.3.1 Análise de eventos no mês de Outubro de 2008 (SON) – Neutralidade
.............................................................................................................................64
4.3.2 Análise do mês de Outubro de 2009(SON) – EN Moderado.................67

5. CONCLUSÃO.........................................................................................................70

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................72

APÊNDICE A..............................................................................................................78

APÊNDICE B..............................................................................................................86
1

1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que os diversos sistemas meteorológicos de tempo e clima sofrem


influências significativas quando relacionados ao comportamento de fenômenos
oceano-atmosféricos. Baseando-se nessa questão e, mais especificamente no que
se refere às alterações relacionadas aos padrões de aquecimento e resfriamento
das águas do Oceano Pacífico central, diversos estudos comprovam o quão
impactante vem sendo a atuação de tais eventos com relação à frequência e
intensidade dos sistemas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, bem como na parte
Sudoeste da América do Sul (AS), conforme Grimm et al. (1998).

Para o caso do Estado do Rio Grande do Sul (RS), considera-se que ao longo
dos anos, essa região sofra em termos da variabilidade de precipitação durante o
período da Primavera. Torna-se assim, necessário aprofundar o conhecimento
atrelado a este assunto, indiscutivelmente, pela passagem dos sistemas
meteorológicos transientes os quais predominam sobre o Estado. Alterações no
campo das circulações atmosféricas são de fato perceptíveis, podendo interferir
muitas vezes nos aspectos locais. Do ponto de vista social, alguns setores podem
ser mais afetadas com essas mudanças que ocorrem interanualmente, como é o
caso da agricultura, que pode ter um acréscimo ou déficit na produção. Além disso,
cabe ressaltar os possíveis riscos de eventos extremos, por exemplo, quando se tem
inundações e situações que fogem dos padrões de normalidade.

Ao investigar a relação do El Niño Oscilação Sul (ENOS) e a precipitação, Diaz


et al. (1998), constatou em sua análise que há uma correlação pertinente,
averiguando que o ENOS é um fator o qual potencializa as forçantes atmosféricas
nas regiões Sul e Sudeste, e consequentemente os principais sistemas de tempo,
como por exemplo: os Sistemas Frontais (SF) e a Zona de Convergência do
Atlântico Sul (ZCAS).

Tendo em vista que o ENOS interfere no comportamento dos sistemas e diante


da necessidade de verificar as conexões envolvendo o fenômeno, alguns autores
como Grimm et al. (1998) e Diaz et al.(1998) confirmaram que existe variação
quanto à anomalia de precipitação. Fazendo referência a isso, esses autores
levaram em conta dois fatores: as fases Negativa e Positiva da Oscilação Sul. Para
o primeiro caso, relacionando ao El Niño (EN), têm-se primavera e inverno seguintes
2

ao início do evento, mais chuvosos. Enquanto a fase positiva, denominada La Niña


(LN) produz um padrão oposto, apresentando, primaveras mais secas.

No que compete às avaliações dos Sistemas Frontais, determinados


pesquisadores, dentre eles, Oliveira (1986) e Andrade e Cavalcanti (2004)
elaboraram a climatologia sobre a AS para diferentes áreas de latitude e longitude,
mostrando a configuração dos sistemas e seu comportamento temporal, em escala
sazonal e interanual.

Embora em pesquisas passadas as observações dos SF tenham sido feitas a


partir de técnicas de sensoriamento remoto, alguns fundamentos subjetivos foram
aplicados para, de fato, comprovar a importância do estudo. Com isso, Lemos e
Calbete (1996) observaram imagens de satélite e cartas sinóticas enquanto
Cavalcanti e Kousky (2003) e Andrade (2005) utilizaram dados de reanálise do
National Centers for Environmental Prediction/National Center for Atmospheric
Research (NCEP/NCAR), para analisar variáveis como temperatura, pressão e
vento.

Assim, este trabalho tem por objetivo principal investigar a frequência e


intensidade dos Sistemas Frontais na área correspondente a 27-35°S, na qual se
localiza o Estado do Rio Grande do Sul (RS), a partir de imagens de satélite GOES
na estação referente à Primavera (SON) durante os episódios ENOS para o período
de 2000 a 2010. Além disso, utilizar um método para comprovar a passagem dos SF,
analisando as variáveis Temperatura do ar e Vento Meridional em 925 hPa e
Pressão ao Nível Médio do Mar (PNM), de acordo com os dados obtidos no MERRA
(Modern Era-Retrospective Analysis for Research and Applications).

Quanto aos objetivos específicos, pretende-se:

- Analisar o comportamento da precipitação para as seis regiões sub-regiões do Rio


Grande do Sul, tendo por base as normais climatológicas de precipitação e
classificando os episódios ENOS para cada mês e ano.

- Determinar, nas regiões homogêneas, os valores percentuais de precipitação


derivadas exclusivamente dos SF.

- Analisar o comportamento das variáveis Temperatura do Ar e Pressão Atmosférica


3

em episódios opostos do ENOS, de acordo com as sub-regiões estabelecidas no


estudo, fazendo assim, um levantamento em geral para todo o RS.

Esta dissertação está organizada da seguinte forma: o capítulo 2 traz a


Revisão Bibliográfica; o capítulo 3 descreve Material e Métodos utilizados; o capítulo
4 expõe os Resultados e Discussões; e por fim, o capítulo 5, são apresentadas as
considerações finais.
4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os temas apresentados nesta revisão bibliográfica dão ênfase a diversos


tópicos de âmbito meteorológico. Desta forma, essa abordagem tem por finalidade
apresentar diferentes estudos científicos relacionados ao comportamento climático
do fenômeno de grande escala ENOS e do principal sistema meteorológico
causador de precipitação no Estado do Rio Grande do Sul: os Sistemas Frontais,
segundo Reboita et al.(2010).

2.1 Fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS)

Tendo por base diversos estudos nacionais e internacionais da literatura


científica, considera-se o ENOS um fenômeno de grande escala, originado no
Pacífico Equatorial, com características oceânico-atmosféricas, associadas às
alterações dos padrões normais da TSM bem como dos ventos alísios na região
correspondente ao oceano Pacífico Central. Visto tais considerações quanto a sua
espacialidade, ou seja, sua região de atuação, cabe salientar que tal fenômeno
influencia diretamente a variabilidade de tempo e clima de diversas regiões do
mundo, sendo apontado como um mecanismo o qual atua para manter a
estabilidade do clima global de longo prazo, quando se faz referência ao transporte
de calor dos trópicos para latitudes mais altas.

De forma geral, diversos estudos relacionados ao ENOS foram abordados por


diferentes pesquisadores mundialmente. Dentre eles, citam-se: Kousky et al.(1984),
Ropelewski e Halpert (1987), Rao e Hada (1990), Grimm e Gomes (1996). Quanto a
esse tipo de estudo na AS e, mais precisamente no Brasil, citam-se os seguintes
autores: Kousky e Cavalcanti (1984), Karoly (1989), Cavalcanti e Gan (1992),
Cavalcanti e Rao (1996), Berlato e Fontana (2003), dentre outros. Cabe ressaltar
que tais estudos, fazem alusão à avaliação do comportamento de variáveis como
precipitação, umidade e aos padrões de circulação atmosféricos associados à EN e
LN, além dos pontos de vista associados à precipitação no Estado do RS. Isto posto,
destacam-se alguns estudos a seguir.

Kousky (1984), analisando ENOS e a precipitação, encontrou um sinal de


anomalia negativa nas regiões Nordeste e positiva no Sul do Brasil. Aliado a essa
5

constatação, explicou que as anomalias de precipitação sobre a AS estavam


associadas ao deslocamento da célula de Walker, ao fortalecimento do Jato
Subtropical e a um possível trem de ondas que se estende do Pacífico até o Sul da
AS.

Ropelewski e Halpert (1987) confirmaram a existência de anomalia positiva de


precipitação (assim como Kousky, 1984) associada à ocorrência do fenômeno ENOS
baseando-se em observações.

Rao e Hada (1994) encontraram correlações satisfatórias entre as anomalias


de precipitação e o IOS durante a primavera (SON).

Grimm (1992), através das indicações das funções de Green de um modelo


barotrópico fundamentado na equação da vorticidade, evidenciou o fato de se ter
anomalias positivas de precipitação durante ao Inverno, enquanto no período do
verão observou anomalias negativas de precipitação.

Studzinski (1995) analisou em seu estudo, as precipitações no Sul e Sudeste


do Brasil com as temperaturas dos oceanos Pacífico e Atlântico, concluindo que o
ENOS possui papel crucial na variabilidade interanual das precipitações. Ao mesmo
tempo, em relação à variabilidade das precipitações sazonais, verificou que ambos
os oceanos são determinantes no verão, ressaltando que o oceano Pacífico
influencia na estação do outono e inverno e o oceano Atlântico na estação da
Primavera.

Visto isso, faz-se necessário conceituar as condições de EN (Figura 1) e LN


(Figura 2). Define-se então que o primeiro deve-se ao aquecimento das águas
simultaneamente à diminuição da pressão atmosférica no Pacífico Leste. Enquanto,
o outro extremo é representado pela ocorrência do resfriamento das águas e um
aumento na pressão atmosférica na região do Pacífico Leste (Berlato e Fontana,
2003).
6

Figura 1 - Representação da circulação em condições de EN


Fonte: NOAA/NCEP/CPC

Figura 2 - Representação da circulação em condições de LN

Fonte: NOAA/NCEP/CPC.

Uma vez dado enfoque ao fenômeno ENOS, é preciso ter por conhecimento
que o principal indicador para detectar episódios do fenômeno, é a TSM. Com base
nessa variável, é feito o monitoramento do oceano Pacífico, através de regiões de
Índice Niño (Figura 3). No entanto, destaca-se uma das regiões para se identificar os
padrões de anomalia, sendo esta a região do Niño 3.4, a qual tem sua localização
7

próximo a costa oeste da AS, o que em coordenadas geográficas é representada


pelos valores: 170º a 120ºW longitude e de 5ºN a 5ºS de latitude. Salienta-se, ainda,
que tal região possui um grau de importância maior pelo fato de apresentar altíssima
correlação entre o IOS (Índice de Oscilação Sul) e a TSM, de acordo com Trenberth
(1997). Logo, a principal medida de monitoramento, de avaliação e de predição do
ENOS é derivada da média das anomalias da TSM na região do Niño 3.4.

Figura 3 – Região de atuação dos Índices Niño (Áreas do Oceano Pacífico Tropical
conhecidas como Niños 1+2, 3, 3.4, 4. A região 3.4 abrange uma área de 5°N-5ºS e
120°W-170W)

Fonte: Adaptado NOAA/NCEP/CPC.

As definições operacionais do NOAA estabelecem a partir do ONI a


classificação da intensidade tanto para EN quanto para LN (Tabela 1).
8

Tabela 1 – Classificação da intensidade dos eventos ENOS.

INTENSIDADE EL NIÑO (+) / LA NIÑA (-)

FRACO 0,5 - 1

MODERADO 1 – 1,5

FORTE =>1,5

Fonte: Adaptado NOAA.

Em se tratando da periodicidade, a transição entre EN e LN tende a ser mais


rápida do que ao contrário. Para os episódios de EN, tem-se uma ocorrência a cada
3-5 anos e duração correspondente a 9-12 meses. Enquanto, para o caso de LN, o
intervalo de ocorrência pode variar de 1-3 anos. No entanto, essa variabilidade se
dá, evento a evento, de acordo com a intensidade de ambos os fenômenos. Frisa-se
que a atuação do fenômeno inicia no começo do segundo semestre de um ano e
termina no final do primeiro semestre do ano seguinte (Grimm et al., 2000; Berlato &
Fontana, 2003; Berlato et al., 2005).

A relação dos eventos EN e LN é apresentada na Tabela 2, como forma de


caracterizar a intensidade do fenômeno nos últimos anos.
9

Tabela 2 – Relação da intensidade de EN e LN nos anos apresentados.

EL NIÑO LA NIÑA

FRACO MODERADO FORTE FRACO MODERADO FORTE

1952-53 1951-52 1957-58 1950-51 1955-56 1973-74


1953-54
1963-64 1965-66 1954-55 1970-71 1975-76
1958-59
1968-69 1972-73 1956-57 1998-99 1988-89
1969-70

1986-87 1982-83 1964-65 2007-08 1999-00


1976-77

1991-92 1987-88 1971-72 2010-11


1977-78

1994-95 1997-98 1974-75


2004-05

2002-03 1983-84
2006-07

2009-10 1995-96

2000-01

2005-06

2008-09

2011-12

Fonte: Adaptado NOAA.

2.2 Precipitação Associada aos Episódios ENOS no Rio Grande do Sul

O regime de precipitação no RS, de acordo com as normais climatológicas,


geralmente é caracterizado por volumes bem distribuídos na maioria das regiões e
sub-regiões (Rao e Hada, 1990), exceto quando se tem fatores de escala global
(macroescala) que possam modificar ou influenciar na dinâmica do comportamento
10

das chuvas.

Com a finalidade de investigar as possíveis anomalias na distribuição dos totais


de precipitação durante os episódios ENOS, alguns autores apresentaram estudos
para o Estado do Rio Grande do Sul.

Fontana e Berlato (1997) voltados para os estudos relacionados às análises


agrometeorológicas utilizaram uma base de dados correspondente às séries
históricas de 29 estações meteorológicas no período de 1913 a 1995. Nessa
observação, caracterizaram a distribuição temporal e espacial da precipitação pluvial
no Estado do RS em anos de LN e EN comparando com a média climatológica. Os
resultados obtidos mostraram que em anos de EN ocorre precipitação acima da
média em quase todos os meses do ano, com destaque principal na primavera e
início do verão, especialmente em outubro e novembro do ano de início do
fenômeno, existindo um repique no final de outono e início de inverno,
especialmente, em maio e junho. Já nos anos de LN, os períodos são
aproximadamente coincidentes com os períodos de EN, quando levados em conta,
para este caso, a vulnerabilidade de déficit hídrico. Com isso, fazendo referência ao
fenômeno EN, notaram que os valores numéricos observados tiveram um aumento
de 40 a 70 mm na precipitação pluvial de outubro e novembro nas regiões Norte e
Oeste do Estado, como destacado anteriormente. Para anos de LN, foi verificado
uma redução na precipitação em torno de 80mm, em outubro e novembro.

Grimm e Santana (2000) avaliaram as fases extremas de ENOS e suas


relações quanto à intensidade e frequência das chuvas no Sul do Brasil. Logo, foi
observado que a estação mais suscetível a eventos de EN e LN é a Primavera.
Quando considerado a fase de EN, percebeu-se um aumento da precipitação média
em dias chuvosos e o aumento de número de dias chuvosos. Já em respeito à
frequência no período de LN, há uma diminuição do número de dias chuvosos,
exceto na faixa litorânea. Na estação quente (Verão), a diferença de precipitação
durante os eventos EN e LN, é mais perceptível na parte Sudoeste do RS devido à
variação da quantidade de precipitação média nos dias chuvosos. Nos anos
considerados EN foi possível observar que na estação do inverno do ano seguinte
ao início do evento, tem-se um impacto na quantidade de precipitação em dias
chuvosos bem como no número de dias chuvosos. Frisa-se, assim, um maior
11

número de dias chuvosos em comparação com os volumes elevados de


precipitação.

No que se refere ao déficit hídrico no Estado do Rio Grande do Sul, Puchalski


(2000) avaliou que em anos correspondentes aos episódios de LN, há um aumento
significativamente do risco de ocorrência de déficit no final da primavera e no início
de verão, principalmente na metade sul do Estado. Já, para os anos de EN, as
probabilidades de ocorrência de déficit hídrico diminuem drasticamente,
desaparecendo em grandes áreas do norte e nordeste do Estado. Foi constatado
ainda pelo autor, que o ENOS influencia quanto ao número de dias em que se têm
registros de precipitação pluvial no RS. Para anos com atuação do EN, o autor
percebeu um maior número de dias de precipitação enquanto nos anos
correspondentes a LN foi verificado redução dos números de dia de precipitação.

2.3 Principais Sistemas Causadores de Precipitação no RS

O Estado do Rio Grande do Sul está localizado em latitudes médias, em torno


de 27ºS e 33ºS, e a circulação atmosférica nessa região é fortemente influenciada
pelos principais centros de pressão que atuam na AS tais como a Alta do Atlântico,
Alta do Pacífico, Alta Móvel Polar e Baixa do Chaco (BCH). Por conseguinte,
enquanto os centros de Alta Pressão permitem uma condição de tempo estável, os
centros de Baixa Pressão fazem com que se tenha um padrão contrário a este,
favorecendo as circulações que geram instabilidade e que consequentemente
influenciam o volume de precipitação sobre a região (Nimer, 1989). A Figura 4
mostra os sistemas meteorológicos atuantes na AS em baixos e altos níveis da
troposfera.
12

Figura 4 - Principais sistemas atuantes na AS em baixos e altos níveis da troposfera.


Fonte: Reboita, 2010, adaptado de Satyamurty et al.1998.

De acordo com o boletim Climanálise (1986) e Reboita et al. (2010), a


precipitação na Região Sul está associada com os seguintes sistemas
meteorológicos: 1) sistemas frontais que se deslocam do Pacífico, passam pela
Argentina e seguem para o nordeste do Brasil (Kousky, 1979; Oliveira, 1986;
Rodrigues et al., 2004; Andrade, 2005); 2) ciclones e frentes frias que se
desenvolvem devido à presença de vórtices ciclônicos ou cavados em altos níveis
sobre a costa oeste da América do Sul vindos do Pacífico (Miky Funatsu et al., 2004,
Iwabe e Da Rocha, 2009), juntamente com as condições frontogenéticas e/ou
ciclogenéticas (Satyamurty e Mattos, 1989; Reboita, 2008; Reboita et al., 2009); 3)
Complexos Convectivos de Mesoescala (CCMs) (Figueiredo e Scolar, 1996); 4)
sistemas ciclônicos em níveis médios conhecidos como vírgula invertida (Bonatti e
Rao, 1987; Hallak, 2000) e 5) bloqueios atmosféricos (Marques e Rao, 1999 e 2000;
Nascimento e Ambrizzi, 2002). Além disso, há atuação de sistemas de circulação
locais, como brisas (Braga e Krusche, 2000); bem como dos Jatos de Altos Níveis
(Jato Subtropical e Polar) e a influência indireta da Zona de Convergência do
Atlântico Sul (Kousky, 1988; Kodama, 1992; Quadro, 1994; Nogués-Peagle e Mo,
1997; Ferraz, 2004; Carvalho et al., 2004), uma vez que este sistema apesar de
atuar climatologicamente sobre a região Sudeste do Brasil pode gerar movimentos
subsidentes intensos no Sul (Casarin e Kousky, 1986).
13

Fundamentado nos conhecimentos prévios sobre os sistemas que causam


precipitação no Rio Grande do Sul e devido à importância, os Sistemas Frontais,
serão destacados no tópico a seguir.

2.4 Sistemas Frontais (SF)

As frentes são definidas como a região de transição entre duas massas de ar


com propriedades termodinâmicas distintas (Palmén e Newton, 1969). As regiões
Sul e Sudeste do Brasil foram consideradas por Satyamurty e Mattos (1989) como
frontogenéticas, ou seja, regiões onde as frentes podem formar-se ou intensificar-se.
No verão, as frentes frias, ao se formarem no sul do país, podem eventualmente
associar-se a um sistema de Baixa pressão em superfície sobre o Paraguai,
conhecido como a Baixa do Chaco e intensificarem-se. No inverno, nota-se um
contraste térmico entre duas massas separadas pela zona frontal no interior do
continente (Lemos e Calbete, 1996).

O encontro de duas frentes (quente e fria) é chamado de Sistema Frontal (SF).


Um SF clássico é geralmente composto de: Frente Fria, Frente Quente e centro de
baixa pressão na superfície chamado ciclone (Figura 5 a,b).
14

(a)

(b)
15

Figura 5 – (a) Esquema de sistema frontal clássico no Hemisfério Sul e (b)


Representação de um Sistema Frontal em uma carta Sinótica de Superfície no
Hemisfério Sul.

Fonte: IAG e CPTEC/INPE.

Já, de acordo com o modelo clássico da Escola Norueguesa, as frentes podem


ser classificadas de quatro tipos: fria, quente, estacionária e oclusa. Uma frente é
dita fria quando sua passagem por um determinado local da superfície terrestre
provoca a substituição do ar relativamente quente que antes se fazia presente sobre
uma determinada região por um ar mais frio. Assim, relativamente à massa de ar
pré-frontal é quente e a massa de ar pós-frontal é fria, já a passagem de uma frente
quente, por um determinado local da superfície, acarreta a substituição do ar
relativamente dito como frio por um ar mais quente (Varejão, 2001).

Quando ocorre pouco avanço ou nenhum das massas de ar, considera-se a


frente como estacionária. Para este caso, o movimento do ar não se dirige para a
massa ar quente ou fria, mas paralelo à linha da frente. Por fim, a frente oclusa
ocorre quando uma frente fria aproxima-se da frente quente (aproximação esta que
ocorre devido a velocidade e inclinação da frente fria) fazendo com que o ar seja
forçado a subir, afastando-se do solo.

Quanto a atuação dos SF, eles atuam todo o ano sobre o Brasil com uma maior
ocorrência nas latitudes mais altas, como observado por Oliveira (1986) em seu
estudo sobre as interações dos SF com a convecção da região Amazônica. Foi
proposto pelo autor a divisão a partir de faixas de nebulosidade convectiva em
quatro bandas latitudinais (Figura 6). Logo, encontrou, uma maior frequência entre a
interação da convecção tropical e os SF entre 20°S e 35°S (bandas 2 e 3), área de
análise do seu estudo.
16

Figura 6 - Padrão esquemático da atuação dos sistemas Frontais com convecção


tropical e suas posições latitudinais no Hemisfério Sul: a) 40º-35ºS; b) 35º-25ºS; c)
25º-20ºS; d) ao norte de 20ºS.

Fonte: Adaptado de Oliveira,(1986).

2.5 Estudos e avaliações relacionados aos Sistemas Frontais

Sabe-se que diversos métodos de identificação de SF podem ser utilizados


tanto em baixos níveis da atmosfera como em níveis superiores. Em superfície, por
exemplo, estudos como o de Kousky (1979), avaliaram o comportamento dos SF
quanto às variáveis: vento, temperatura do bulbo úmido e pressão.

Uma metodologia fundamental e não menos importante na identificação de SF


são as imagens de satélite. Oliveira (1986) e Satyamurty et al.(1998) determinaram
faixas de latitude dentre as quais compreendem os limites de: 40 até 35ºS, de 35 até
25ºS, de 25ºS a 20ºS e de 20 a 05ºS, com a finalidade de analisar a climatologia das
penetrações dos sistemas frontais na AS a partir de imagens de satélite GOES,
como mostrado na Figura 6. Nessa análise os autores observaram que existem
penetrações dos SF em todas as faixas de latitude ao longo do ano, porém, a região
17

de latitude onde ocorre maior frequência de SF situa-se entre 40 e 35ºS, com a


ocorrência de nove eventos por mês. Além disso, foi encontrado que cerca de seis a
sete sistemas frontais que atingem a região costeira do Sul do Brasil mensalmente,
enquanto para a região Sudeste, obteve-se uma frequência de quatro a cinco SF por
mês.

Lemos e Calbete (1996) realizaram a climatologia dos SF que ocorreram de


1987 a 1995 também com base nas imagens de satélite. Para esse estudo, no
entanto, foram utilizadas bandas de latitude correspondentes a 35 a 25ºS, 25 a 20ºS
e ao Norte de 20ºS. Cabe ressaltar que para esse tipo de análise, levaram-se em
consideração também as observações de cartas sinóticas. Os resultados obtidos por
esses autores mostraram que a média mensal para o período estudado apresentou
entre quatro, cinco e seis para os SF atuantes sobre o litoral Brasileiro.

Cavalcanti (1996) mostrou que durante os anos de 1990 a 1994 (período de


EN) não houve deslocamento dos SF de Sul para Norte, tendo-se assim, um padrão
anômalo. O autor ressaltou, inclusive, que associado aos SF, à atuação do JST
bloqueava o avanço das frentes para latitudes mais baixas.

Federova e Carvalho (2000) avaliaram os processos sinóticos em anos de LN e


EN para os casos de Zonas Frontais. Considerando as Frentes Frias (FF), os
autores verificaram um maior número sobre o Sul do continente da América do Sul,
Sul do Rio Grande do Sul e Uruguai. Com isso, foi notado um aumento das frentes
frias (FF) sobre o Rio Grande do Sul nos meses de março, agosto e setembro no
ano de La Niña em comparação com os meses de novembro a fevereiro. Para os
meses de outubro, novembro e dezembro, fase na qual os fenômenos EN e LN são
mais ativos, observaram que as frentes frias tiveram um padrão de frequência mais
acentuado nos anos de EN do que nos anos de LN, com valores de
respectivamente, 40-60% e 30%. Outro fator devidamente constatado foi a maior
permanência de frentes frias sobre o Rio Grande do Sul em comparação com outras
regiões. Cabe salientar que a duração de tais FF em ano de LN, foi de 1,1 a 2,6 dias
enquanto em ano de EN, estes valores foram de 1,5 a 5 dias. Em se tratando do
caso das Frentes Quentes (FQ), foi notado que, tanto em anos de EN ou LN, há uma
maior predominância sobre o oceano Atlântico e no Sul da AS.

Justi da Silva e Silva Dias (2002) consideraram a variação da componente


18

meridional do vento para elaborar a climatologia de SF no período que vai de 1981 a


1998. Com isso, foi observada uma alta frequência de frentes que se posicionam em
torno de 30°S bem como o giro predominante do vento quando associado a entrada
de um SF sobre uma determinada região.

Cavalcanti e Kousky (2003), a partir de dados de reanálise do NCEP/NCAR,


verificaram a média anual de passagem de SF para o período de 1979 a 2000,
baseado nas variáveis: temperatura, pressão e vento. Logo, evidenciaram o período
de inverno como o de maior frequência de SF. Entretanto, em referência ao
comportamento mensal em termos médios, notaram que a área entre as latitudes de
25-30°S e 50-55°W apresentou um maior número de entrada de SF em Setembro e
Outubro, variando aproximadamente em três SF.

Rodrigues (2004) verificou a climatologia das FF para o litoral de Santa


Catarina baseado em dados de reanálise. O autor relatou em seus resultados um
número médio de 12,6 frentes frias para a Primavera, o que, de fato, corresponde a
30% dos sistemas identificados na região durante o ano. Encontrou ainda, para cada
mês da estação (SON), uma frequência frontal próxima aos 10% do total anual e as
maiores médias mensais a cerca de quatro FF. Nas demais estações a média
encontrada foi de 10 FF no trimestre (25% do total anual). Assim como neste estudo,
Oliveira (1986), Lemos e Calbete (1996) e Justi da Silva e Silva Dias (2002) também
verificaram a atuação das FF, no litoral de Santa Catarina em todas as épocas do
ano, com um ligeiro aumento do número durante a Primavera. Estes autores
encontraram em média, um número ligeiramente menor de FF nos meses do verão e
do outono.

Andrade e Cavalcanti (2004) estudaram a climatologia dos SF e os padrões de


comportamento para o verão na AS nos anos que vão de 1980 a 2002.
Consequentemente foram classificadas onze áreas baseadas na sua identificação
no sul da AS, e na posição alcançada dos SF sobre a AS. Cabe destacar que os
resultados encontrados mostraram uma maior frequência sazonal de SF sobre o Sul
e Sudeste do Brasil, durante o período da Primavera.

Dando sequência ao trabalho sobre a climatologia e comportamento dos SF na


AS para o período de 1980-2002, Andrade (2005) apresentou as frequências médias
dos SF para as áreas de coordenadas 35-30ºS, 57-52ºW e 30-25ºS, 53-48ºW. Seus
19

resultados mostraram para a área na qual está situado o RS, respectivamente, seis,
cinco e cinco SF, nos meses de setembro, outubro e novembro, correspondentes a
Primavera, e que sazonalmente pode variar entre dezesseis e dezessete SF.
Outrossim, para a área 4, o autor observou cinco SF para todos os meses da
Primavera. Andrade (2005), ainda relacionou o número de SF de cada mês com os
eventos de EN FORTE e LN FORTE chegando à conclusão de que nos anos de
82/83 foram observados para os meses SON: cinco, sete e seis no período de
82/83; e para 97/98: cinco, oito e quatro. No segundo semestre desses anos,
constatou em média 5,4 SF em 82/83 e 6 para 97/98. Enquanto para 88/89,
observou nos trimestre SON: seis, cinco e cinco; e para 98/99: sete, cinco e cinco.
Logo, a média semestral dos eventos de SF atinge respectivamente, 4,8 e 5,3 SF,
para 88/89 e 98,99. Do ponto de vista interanual, Andrade (2005) notou que as
maiores penetrações dos SF sobre o RS ocorreram nos anos de 1984 e 1995. Visto
tal consideração, faz-se primordial ressaltar que nos dois anos prevaleciam as
condições de LN Fraco, já em termos de quantidade, citam-se 80 e 72 sistemas
frontais, em 1984 e 1995, respectivamente.

Damatti e Rocha (2005) e Morais et al.(2010) verificaram para a cidade de São


Paulo e região metropolitana maiores entradas de FF na Primavera. Em termos da
quantidade média sazonal, Damatti e Rocha (2005) encontraram 10,7 FF na
Primavera, 10,2 no Inverno, 8,4 no Verão e 8,0 no Outono.
20

2.6 Utilização de Imagens de Satélite

Sabe-se que com os avanços tecnológicos atuais, áreas como o sensoriamento


remoto, vêm ganhando um enfoque significativo e um grande crescimento. Em
consequência torna-se possível dar suporte aos estudos científicos, permitindo
avaliações coerentes e observações mais seguras sobre conhecimento da
atmosfera. Levando em consideração tal importância e com a finalidade de avaliar a
frequência dos SF sobre o Estado do RS, foram utilizados imagens do Canal
Infravermelho dos satélites Geostationary Operational Environmental Satellite -
GOES -8, GOES-10 e GOES-12.

2.6.1 Escolha do Satélite GOES

O primeiro satélite meteorológico foi lançado em 1960 e recebeu a


denominação de TIROS (Television and Infrared Observation Satellite) e foi
considerado uma inovação para a época. Esse satélite tinha sua órbita polar,
possuía baixa resolução temporal e levava a bordo duas câmeras de televisão em
miniatura. Com o passar dos anos, observou-se que existia um grande problema
justamente quanto à questão da resolução espacial, inviabilizando a detecção de
fenômenos meteorológicos. Logo, os satélites passaram a ser posicionados de
forma geoestacionária, ou seja, em uma órbita em que o satélite permanece parado
em relação à terra, apresentando um movimento síncrono apenas com o movimento
de rotação da terra, estando em uma posição de aproximadamente 36000 km.

A NOAA é agência americana responsável por manter os satélites GOES


desde o primeiro satélite da série que foi lançado em 1975. As imagens dos satélites
dessa série são utilizadas nesta dissertação e são fornecidas, atualmente, a cada 15
minutos. O satélite GOES possui sensores em cinco canais espectrais,
representados nas faixas do Visível (0,55-0,75µm), Infravermelho, onde se tem três
faixas de canais espectrais (3,8-4,0µm; 10,2-11,2µm; 11,5-12,5µm) e Vapor d'Água
(6,5-7,0µm). A resolução espacial é de 1 km no canal do Visível, 4 km no canal
Infravermelho e 8 km no canal de Vapor d'água.

Pelo seu posicionamento, os satélites GOES-8 e GOES-10 mostram ângulos


diferentes da superfície terrestre, especificamente nas regiões Norte e Sul da
21

América, oceano Atlântico, Oceano Pacífico e America do Norte. Tais satélites


quando em órbita, tinham sua posição a 75ºW de longitude no equador, para o caso
do GOES-8(GOES-E) enquanto GOES-10(GOES-W) posicionava-se a 135ºW de
longitude e no equador (Figura 7). Ressalta-se ainda a utilização das imagens de
satélite do GOES-12.

Figura 7 – Representação da posição dos Satélites GOES-10 e GOES-8.

Fonte: NOAA

As imagens obtidas para esse estudo são apresentadas na Figura 8(a, b).

(a) (b)

Figura 8(a, b) – Presença de um SF sobre o RS no dia 12/10/2009 as 1500Z e


as 2100Z. Fonte: CPTEC/INPE
22

2.6.2 Canal Infravermelho (IR)

O canal do IR através de sensores tem como finalidade medir a radiação de


onda longa emitida pela superfície e pela atmosfera, assim, na presença de nuvens
este canal fornece a temperatura do topo (Ferreira, 1979). Quanto mais quente a
superfície, mais radiação infravermelha é emitida, e no caso das imagens de satélite
utilizadas pelos meteorologistas, é feito um tratamento de modo que nuvens com
topos frios e/ou com grande desenvolvimento vertical são mostradas com tonalidade
branca enquanto que as nuvens baixas são relativamente mais quentes, e, portanto
apresentam tonalidade cinza. O fato das imagens do canal IR estarem disponíveis
durante o dia e durante a noite é uma de suas vantagens.
23

2.7 Utilização de dados de Reanálise MERRA

2.7.1 MERRA (Modern Era-Retrospective Analysis For Research And Applications)

O vasto campo de variáveis observacionais faz com que as reanálises sejam


ideias para se investigar a variabilidade climática. As reanálises MERRA integram
uma série de dados, produzindo, assim, uma síntese espacial e temporal mais
precisa (Rienecker et al., 2011). Os estudos e aplicações do MERRA têm por
finalidade auxiliar os projetos terrestres da National Aeronautics and Space
Administration (NASA) através do sistema de assimilação Goddard Earth Observing
System Model – Versão 5 (GEOS-5), considerado o estado da arte pela sua
modernidade quando em menção ao panorama climático.

Os dados MERRA cobrem um período que vai de 1979 até dois meses antes
do período presente em que se buscam os dados. Além disso, dispõe de dados de
sensoriamento remoto, no qual o foco especial da assimilação atmosférica é o ciclo
hidrológico. O sistema de dados de assimilação do GEOS-5 usados no MERRA
serve para ajustar o estado do modelo tanto quanto os dados observados.

Em relação aos dados de saída, o MERRA assemelha-se a outros importantes


produtos de reanálises mundiais e considera frequências de saída maiores do que 6
horas. Diagnósticos bidimensionais (fluxos de superfície, nível meteorológico
individual, integrais verticais e estados terrestres) são produzidos em intervalos de 1
hora. Estes produtos de dados e as análises atmosféricas tridimensionais estão
disponíveis na resolução espacial completa que corresponde a 0,5 graus de latitude
x 0,6 graus longitude. Além de diagnósticos bidimensionais, existem os
tridimensionais atmosféricos com saídas de 3 em 3 horas, dispondo de 42 níveis de
pressão, porém com uma resolução um tanto mais “grosseira” de 1,25 graus.

Para este trabalho foram utilizados os dados do MERRA de Temperatura e


Vento Meridional em 925hPa e Pressão ao Nível do Mar para identificação dos SF.
24

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de Estudo

Para determinar a região de estudo, levou-se em consideração dois fatores: o


embasamento bibliográfico, tendo em vista a apresentação de diversas referências
indicando possibilidade de diagnosticar áreas suscetíveis às possíveis mudanças
interanuais e sazonais em anos ENOS, independente das características dos
episódios ocorridos; e o método de identificação de regiões homogêneas para
constatar volumes de precipitação mensais no período em análise como forma de
verificar a intensidade da atuação dos SF em episódios ENOS.

Sendo assim, com base em Marques (2005), foi utilizado o Método de


Agrupamento de Regiões Homogêneas (MARH), o qual é dividido a partir de seis
regiões homogêneas de precipitação (Figura 9). Na sua aplicação no estudo base,
foram utilizadas, 40 estações meteorológicas com a seguinte distribuição: a região
R1 foi constituída por quatro estações meteorológicas, a R2 por sete estações, a R3
por seis estações, a R4 por sete estações, a R5 por cinco estações e a R6 por onze
estações meteorológicas.
25

Figura 9 – Representação das regiões homogêneas para o estado do Rio Grande do


Sul com base no método de agrupamento utilizado por Marques (2005).

Fonte: Adaptado de Marques (2005)

Para este estudo foram considerados os dados das estações meteorológicas


do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) identificadas pelo mapa a seguir nos
municípios em que se encontram (Figura 10). Assim, para a elaboração dos gráficos
de precipitação pluviométrica sazonal média dos episódios de El Niño e La Niña e
26

períodos Neutros para os anos de 2000 a 2010 consideraram-se os dados das 18


estações convencionais de superfície existentes no Estado do Rio Grande do Sul.

Figura 10– Distribuição dos municípios com Estações Meteorológicas do INMET no


RS.

Fonte: INMET
27

3.2 Período de Estudo

O estudo considerou o período da Primavera, dos os anos de 2000 a 2010.

3.3 Métodos

Com o enfoque principal em diagnosticar a frequência e intensidade dos SF,


utilizaram-se os seguintes procedimentos:

I – Análise das imagens dos satélites GOES-8, GOES-10 e GOES-12 para o período
trimestral SON dos anos de 2000 a 2010.

II - Para comprovar a passagem de tais sistemas sobre a área em estudo, fez-se a


análise subjetiva de todos os trimestres SON dos anos de 2000 a 2010, tomando
como critério dados diários obtidas pelo MERRA das variáveis: Temperatura e Vento
no nível de 925hPa e Pressão ao Nível do Mar (PNM). Foram setados pontos de
coordenadas de latitude e longitude, de acordo com a localização das estações
convencionais disponibilizadas pelo INMET, considerando que será verificada a
intensidade de precipitação para cada região. De acordo com outros estudos,
examinaram-se as três variáveis com os seguintes critérios: de um dia para o outro
deve haver queda na Temperatura, Aumento da Pressão e alteração na componente
Meridional do Vento.

Quanto ao critério de escolha das variáveis Pressão Atmosférica, Temperatura


do Ar e Vento, levaram-se em consideração: a forte mudança de temperatura em
uma distância relativamente curta; variações na direção do vento; presença de
nuvens e precipitação. Nesse último caso, fazendo-se a verificação visual em
Imagens de Satélite e avaliações de volumes de precipitação medidas em estação
meteorológica.

III - Tendo vista a necessidade de explicitar o comportamento de tais variáveis para


todas as seis regiões mensalmente, durante a estação da Primavera (SON),
separaram-se os meses para o período de 2000 a 2010. A seguir, baseando-se nos
valores das normais climatológicas do INMET, foram classificados os anos, como:
abaixo da Média Histórica, Normal e acima da Média Histórica; e os episódios ENOS
que ocorreram, de acordo com a precipitação total mensal de cada município e a
28

intensidade do evento.

IV - Além disso, foram selecionados os dias em que se observou a atuação dos SF e


dois dias após ele, com a finalidade de avaliar os registros pluviométricos e
posteriormente detectar valores médios percentuais da presença dos SF sobre tais
regiões em análise. Isso se deu a partir dos dias em que ocorreram precipitações
devido aos SF, logo foram feitos somatórios dos três dias, sendo estes relacionados
com o volume total de precipitação mensal, encontrando assim os valores
percentuais.

V - Foram efetuadas avaliações do comportamento dos SF em episódios diferentes.


Levaram-se em conta, dados obtidos pelo MERRA em superfície, nos campos de
temperatura e pressão.
29

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Número de Sistemas Frontais de 2000 a 2010

Inicialmente, como se teve por objetivo avaliar a frequência dos SF em


episódios variados de ENOS sobre a região do RS, foram destacadas as fases do
fenômeno conforme observado no período de 2000 a 2010. Foi visto anteriormente
que o comportamento do ENOS é dependente da TSM, sendo consequentemente
avaliado a partir dos padrões de anomalia da TSM. Foi usado o Índice de Oscilação
Niño (ION) que considera os dados da região do Niño 3.4. Esse índice, por sua vez,
é acompanhado através de um monitoramento, passando as informações quanto à
variação da TSM nas águas do Pacífico para os diferentes tipos de fases, sejam elas
de aquecimento, resfriamento e/ou neutralidade, que é a situação para a qual não há
variação.

A Tabela 3 a seguir, mostra o comportamento trimestral do ION dos anos que


vão de 1950-2015.
30

Tabela 3 - Comportamento trimestral do ION.

Ano DJF JFM FMA MAM AMJ MJJ JJA JAS ASO SON OND NDJ
1950 -1.4 -1.2 -1.1 -1.2 -1.1 -0.9 -0.6 -0.6 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8
1951 -0.8 -0.6 -0.2 0.2 0.2 0.4 0.5 0.7 0.8 0.9 0.7 0.6
1952 0.5 0.4 0.4 0.4 0.4 0.2 0.0 0.1 0.2 0.2 0.2 0.3
1953 0.5 0.6 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7 0.8 0.8 0.8 0.7
1954 0.7 0.4 0.0 -0.4 -0.5 -0.5 -0.5 -0.7 -0.7 -0.6 -0.5 -0.5
1955 -0.6 -0.6 -0.7 -0.7 -0.7 -0.6 -0.6 -0.6 -1.0 -1.4 -1.6 -1.4
1956 -0.9 -0.6 -0.6 -0.5 -0.5 -0.4 -0.5 -0.5 -0.4 -0.4 -0.5 -0.4
1957 -0.3 0.0 0.3 0.6 0.7 0.9 1.0 1.2 1.1 1.2 1.3 1.6
1958 1.7 1.5 1.2 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.4 0.5 0.6 0.6
1959 0.6 0.5 0.4 0.2 0.1 -0.2 -0.3 -0.3 -0.1 -0.1 -0.1 -0.1
1960 -0.1 -0.2 -0.1 0.0 -0.1 -0.2 0.0 0.1 0.2 0.1 0.0 0.0
1961 0.0 0.0 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.1 -0.1 -0.3 -0.3 -0.2 -0.2
1962 -0.2 -0.2 -0.2 -0.3 -0.3 -0.2 -0.1 -0.2 -0.2 -0.3 -0.3 -0.4
1963 -0.4 -0.2 0.1 0.2 0.2 0.4 0.7 1.0 1.1 1.2 1.2 1.1
1964 1.0 0.6 0.1 -0.3 -0.6 -0.6 -0.7 -0.7 -0.8 -0.8 -0.8 -0.8
1965 -0.5 -0.3 -0.1 0.1 0.4 0.7 1.0 1.3 1.6 1.7 1.8 1.5
1966 1.3 1.0 0.9 0.6 0.3 0.2 0.2 0.1 0.0 -0.1 -0.1 -0.3
1967 -0.4 -0.5 -0.5 -0.5 -0.2 0.0 0.0 -0.2 -0.3 -0.4 -0.4 -0.5
1968 -0.7 -0.8 -0.7 -0.5 -0.1 0.2 0.5 0.4 0.3 0.4 0.6 0.8
1969 0.9 1.0 0.9 0.7 0.6 0.5 0.4 0.5 0.8 0.8 0.8 0.7
1970 0.6 0.4 0.4 0.3 0.1 -0.3 -0.6 -0.8 -0.8 -0.8 -0.9 -1.2
1971 -1.3 -1.3 -1.1 -0.9 -0.8 -0.7 -0.8 -0.7 -0.8 -0.8 -0.9 -0.8
1972 -0.7 -0.4 0.0 0.3 0.6 0.8 1.1 1.3 1.5 1.8 2.0 1.9
1973 1.7 1.2 0.6 0.0 -0.4 -0.8 -1.0 -1.2 -1.4 -1.7 -1.9 -1.9
1974 -1.7 -1.5 -1.2 -1.0 -0.9 -0.8 -0.6 -0.4 -0.4 -0.6 -0.7 -0.6
1975 -0.5 -0.5 -0.6 -0.6 -0.7 -0.8 -1.0 -1.1 -1.3 -1.4 -1.5 -1.6
1976 -1.5 -1.1 -0.7 -0.4 -0.3 -0.1 0.1 0.3 0.5 0.7 0.8 0.8
1977 0.7 0.6 0.4 0.3 0.3 0.4 0.4 0.4 0.5 0.6 0.8 0.8
1978 0.7 0.4 0.1 -0.2 -0.3 -0.3 -0.4 -0.4 -0.4 -0.3 -0.1 0.0
1979 0.0 0.1 0.2 0.3 0.3 0.1 0.1 0.2 0.3 0.5 0.5 0.6
1980 0.6 0.5 0.3 0.4 0.5 0.5 0.3 0.2 0.0 0.1 0.1 0.0
1981 -0.2 -0.4 -0.4 -0.3 -0.2 -0.3 -0.3 -0.3 -0.2 -0.1 -0.1 0.0
1982 0.0 0.1 0.2 0.5 0.6 0.7 0.8 1.0 1.5 1.9 2.1 2.1
1983 2.1 1.8 1.5 1.2 1.0 0.7 0.3 0.0 -0.3 -0.6 -0.8 -0.8
1984 -0.5 -0.3 -0.3 -0.4 -0.4 -0.4 -0.3 -0.2 -0.3 -0.6 -0.9 -1.1
1985 -0.9 -0.7 -0.7 -0.7 -0.7 -0.6 -0.4 -0.4 -0.4 -0.3 -0.2 -0.3
1986 -0.4 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.2 0.4 0.7 0.9 1.0 1.1
1987 1.1 1.2 1.1 1.0 0.9 1.1 1.4 1.6 1.6 1.4 1.2 1.1
1988 0.8 0.5 0.1 -0.3 -0.8 -1.2 -1.2 -1.1 -1.2 -1.4 -1.7 -1.8
1989 -1.6 -1.4 -1.1 -0.9 -0.6 -0.4 -0.3 -0.3 -0.3 -0.3 -0.2 -0.1
1990 0.1 0.2 0.2 0.2 0.2 0.3 0.3 0.3 0.4 0.3 0.4 0.4
1991 0.4 0.3 0.2 0.2 0.4 0.6 0.7 0.7 0.7 0.8 1.2 1.4
1992 1.6 1.5 1.4 1.2 1.0 0.8 0.5 0.2 0.0 -0.1 -0.1 0.0
1993 0.2 0.3 0.5 0.7 0.8 0.6 0.3 0.2 0.2 0.2 0.1 0.1
1994 0.1 0.1 0.2 0.3 0.4 0.4 0.4 0.4 0.4 0.6 0.9 1.0
1995 0.9 0.7 0.5 0.3 0.2 0.0 -0.2 -0.5 -0.7 -0.9 -1.0 -0.9
1996 -0.9 -0.7 -0.6 -0.4 -0.2 -0.2 -0.2 -0.3 -0.3 -0.4 -0.4 -0.5
1997 -0.5 -0.4 -0.2 0.1 0.6 1.0 1.4 1.7 2.0 2.2 2.3 2.3
1998 2.1 1.8 1.4 1.0 0.5 -0.1 -0.7 -1.0 -1.2 -1.2 -1.3 -1.4
1999 -1.4 -1.2 -1.0 -0.9 -0.9 -1.0 -1.0 -1.0 -1.1 -1.2 -1.4 -1.6
2000 -1.6 -1.4 -1.1 -0.9 -0.7 -0.7 -0.6 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.8
2001 -0.7 -0.6 -0.5 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 -0.1 -0.1 -0.2 -0.3 -0.3
2002 -0.2 -0.1 0.1 0.2 0.4 0.7 0.8 0.9 1.0 1.2 1.3 1.1
2003 0.9 0.6 0.4 0.0 -0.2 -0.1 0.1 0.2 0.3 0.4 0.4 0.4
2004 0.3 0.2 0.1 0.1 0.2 0.3 0.5 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7
2005 0.6 0.6 0.5 0.5 0.4 0.2 0.1 0.0 0.0 -0.1 -0.4 -0.7
2006 -0.7 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.1 0.2 0.3 0.5 0.8 0.9 1.0
2007 0.7 0.3 0.0 -0.1 -0.2 -0.2 -0.3 -0.6 -0.8 -1.1 -1.2 -1.3
2008 -1.4 -1.3 -1.1 -0.9 -0.7 -0.5 -0.3 -0.2 -0.2 -0.3 -0.5 -0.7
2009 -0.8 -0.7 -0.4 -0.1 0.2 0.4 0.5 0.6 0.7 1.0 1.2 1.3
2010 1.3 1.1 0.8 0.5 0.0 -0.4 -0.8 -1.1 -1.3 -1.4 -1.3 -1.4
2011 -1.3 -1.1 -0.8 -0.6 -0.3 -0.2 -0.3 -0.5 -0.7 -0.9 -0.9 -0.8
2012 -0.7 -0.6 -0.5 -0.4 -0.3 -0.1 0.1 0.3 0.4 0.4 0.2 -0.2
2013 -0.4 -0.5 -0.3 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 -0.3
2014 -0.5 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.2 0.4 0.6 0.6
2015 0.5 0.4 0.5 0.7

Fonte: Adaptado NOAA.

Com base na Tabela 3, formula-se a Tabela 4 para destacar os casos em


31

análise, de acordo com os valores do ION, representando assim, o episódio


correspondente ao ano verificado para o trimestre SON.

De forma geral, constatou-se que para os onze anos em análise (Tabela 4),
foram observados quatro anos de EN, quatro anos de Neutralidade e três anos de
LN. Logo, percebeu-se que nos primeiros anos de 2000-2005, existe a um episódio
de EN ou LN seguido de um episódio de Neutralidade. Já a partir de 2006, é
verificado apenas um evento de Neutralidade no ano de 2008. Quanto aos intervalos
dos acontecimentos de um evento de EN até outro e de um evento de LN até outro,
obteve-se em média de 2-3 anos para o primeiro e de 3 anos para o segundo.

Tabela 4- Intensidade do fenômeno ENOS para o trimestre SON 2000-10.

ANO EPISÓDIO ENOS (SON)


2000 LN Fraco
2001 Neutro
2002 EN Moderado
2003 Neutro
2004 EN Fraco
2005 Neutro
2006 EN Fraco
2007 LN Moderado
2008 Neutro
2009 EN Moderado
2010 LN Moderado

Fonte: Adaptado NOAA.

Conhecendo-se os episódios ENOS, verificou-se a frequência de passagens


dos SF sobre o RS (Figura 11). Em termos de avaliações interanuais para o
trimestre SON, os anos em que apresentaram o menor número de SF presentes
sobre o Estado foram 2005 e 2000, sendo eles correspondentes aos eventos de
Neutralidade e LN Fraco. Em contrapartida os anos de 2001 e 2009, mostraram-se
com um número maior de SF e equivalem aos episódios de Neutralidade e EN
Moderado. A partir dessa variação do número trimestral de SF anualmente de 2000
a 2010, encontrou-se em média a entrada de 13 SF para o Estado do RS.
32

Figura 11 – Frequência Trimestral (SON) de Sistemas Frontais atuantes sobre o RS


de 2000-10 para o período da Primavera (SON).

Embora as análises tenham sido realizadas em diferentes regiões do


Brasil para o período da primavera e em anos distintos, na figura 12 observou-
se que os valores referentes à frequência do comportamento médio dos SF e
FF apresentam similaridade de forma geral. Logo, quando se analisou os
resultados apresentados nos estudos de Justi da Silva e Silva Dias (2002) e
Andrade (2005), para a área do Rio Grande do Sul, foi verificado que nestes
dois casos houve mais entradas de SF.
Com relação aos valores observados neste trabalho, estes possuem uma
semelhança com os encontrados por Rodrigues (2004), porém diferem dos
valores obtidos no estudo de Dameto e Rocha (2005), obviamente por se tratar
de uma área em que se tem uma frequência menor de SF menor do que no
RS.
33

Figura 12 – Pesquisas referentes ao período da Primavera em anos distintos


e áreas diferentes.

Avaliando-se mês a mês para cada ano (Figura 13), notou-se que o mês em
que ocorreu um maior deslocamento de SF sobre o RS, foi no mês de Outubro,
embora apresente uma diminuição dos sistemas sobre o Estado nos anos de 2000 e
2005. No mês de Setembro dos anos 2000, 2003 e 2005 a quantidade de SF foi
menor e não chegou a quatro SF. Porém entre os anos de 2006 a 2010, verificou-se
um padrão constante, enquanto para os outros meses, existiram algumas variações
para mais ou para menos. Fazendo-se a leitura referente ao mês de Novembro
percebeu-se que nos anos iniciais estudados a frequência de SF foi bastante
uniforme, no entanto entre os anos de 2005 a 2008, houve uma diminuição de 1 a 2
SF, o que de fato, volta a ter um acréscimo nos dois anos após 2008.
34

Figura 13 – Número de Sistemas Frontais atuantes sobre o RS de 2000-10 para o


período da Primavera (SON).

De acordo com a Figura 14, a média de SF variou de 4 a 5 sistemas, sendo


maior no mês de Outubro. Estes resultados concordam com aqueles obtidos por
Lemos e Calbete (2002) que verificaram em torno de quatro a seis SF para o RS no
período correspondido entre 1987-1995. No entanto, o resultado aqui obtido na
análise mensal difere em termos de quantitativo com o observado por Oliveira em
seu artigo de 1986. Em suas observações, o autor destacou que cerca de seis a
sete SF penetravam a região costeira do RS. Enquanto para o Sudeste do Brasil,
encontrou entre quatro e cinco SF. Por outro lado, Cavalcanti e Kousky (2003),
encontraram um menor número de entrada de SF, com aproximadamente três SF
dentre os anos de 1979 a 2000. Uma observação comum aos dois trabalhos citados
é que os autores verificarem um maior número de SF nos meses de Setembro e,
principalmente, Outubro, como constatado neste trabalho.
35

Figura 14 – Número médio de Sistemas Frontais atuantes sobre o RS de 2000-10


para o período da Primavera (SON).

A Figura 15 traça os valores médios mensais dos SF em alguns estudos para o


período da Primavera. Cabe lembrar que as técnicas utilizadas são diferentes, assim
como, os anos analisados.

Figura 15 – Média mensal de Sistemas Frontais observada por alguns autores em


suas pesquisas.
36

No estudo da climatologia dos SF para América do Sul, entre 1980 a 2002,


Andrade (2005), fez referência a avaliação dos SF quanto a episódios fortes de EN e
LN. Logo, neste estudo, foram feitas comparações com o observado por Andrade
(2005) para o Estado do RS em relação aos episódios de EN e LN Moderados.

Os resultados obtidos por Andrade (2005) mostraram o número das passagens


de SF para as condições de EN Forte nos anos de 1982/83 e 1997/98 nos meses da
Primavera. Enquanto nesta dissertação, foram selecionados os anos de 2009/10,
considerado como de EN Moderado e 2010/11 referente à LN Moderado para a
mesma estação do ano.

Avaliando os casos de EN (Figura 16), constatou-se que o mês de Setembro


apresentou uma entrada de SF menor do que os períodos anteriores considerados
como eventos Fortes. Para Outubro, obteve-se de um a dois SF a menos. Em
contrapartida, o mês referente à Novembro, mostrou-se similar quanto à entrada dos
SF no episódio de 82/83 e uma leve superioridade para o episódio de 97/98, quando
visto a penetração de dois SF a mais para essa região.

Figura 16 – Número dos Sistemas Frontais em meses da Primavera (SON) em


eventos de El Niño Forte e Moderado.

Já para os episódios de LN Forte e para o evento de LN Moderado foram


escolhidos os anos de 1988/89, 1998/99 e 2010/2011. A Figura 18 monstra o
37

comportamento dos SF nos meses da Primavera para os anos citados. Em


Setembro verificou-se entre dois e três SF diante de um evento de LN Moderado.
Quanto ao mês de Outubro, percebeu-se um padrão de similaridade nos três
episódios observados. Finalmente para Novembro, a condição de LN Moderado
supera os outros anos em que se tiveram eventos de LN Forte. Cabe destacar que
tanto para o gráfico apresentado na Figura 16 como para Figura 17, o mês de
Novembro possui uma tendência de igualdade ou superioridade quanto às
passagens de SF em comparado com eventos Fortes.

Figura 17 – Número dos Sistemas Frontais em meses da Primavera (SON) em


eventos de La Niña Forte e Moderado.
38

4.2 Intensidade da precipitação e comportamento dos episódios ENOS em


diferentes regiões no RS

4.2.1 Região R1 - SON – 2000 a 2010

De acordo com a Tabela 5 e as Figuras 18 e 19, nota-se para a região R1, que
a condição de Neutralidade presente nos três meses da Primavera, pode ser um
fator que explica à diminuição das precipitações nessa área. Outro padrão verificado
para essa situação de volumes inferiores de precipitação foi o LN Moderado. Por
conseguinte, avaliando-se uma condição de normalidade de precipitação, pode-se
dizer que os padrões de LN Fraco e EN Moderado, estão ligados a essa categoria.
Por fim, os eventos que são destacados de um maior volume total mensal de chuva,
relacionam-se a padrões de Neutralidade e EN Moderado.

Todavia, com relação às distribuições mensais e anuais dos episódios, vale


ressaltar alguns pontos principais. À medida que passam os meses, em um
determinado ano, vão sendo alteradas as categorias de precipitação, podendo ser
notado um comportamento diferente para o fenômeno em análise. Por exemplo, nos
anos de 2004 e 2006, considerados de EN Fraco, observam-se volumes de
precipitação abaixo da normal climatológica durante o mês de Setembro, porém nos
meses seguintes há uma intensificação quanto ao volume de precipitação,
ocorrendo mudança de categoria para normal ou acima da média. Enquanto, o
padrão de LN Moderado, observado no ano de 2010, tem no primeiro mês uma
condição normal e posteriormente, verifica-se uma diminuição das chuvas, nos
meses de Outubro e Novembro.

Tomando-se o volume total mensal de cada estação meteorológica e


considerando a atuação dos SF sobre a região R1 nos dias selecionados, pode-se
dizer que os SF são responsáveis em média, por 66 a 79% das chuvas no mês de
Setembro. Com relação aos meses de Outubro e Novembro são notados valores
que correspondem respectivamente de 68 a 70% e 61 a 73%.
39

Tabela 5- Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS para os


anos de 2000-10, região R1.

Mês Abaixo da M.H Normal da M.H Acima da M.H

2004-EN fraco 2000-LN fraco 2005-neutro

Setembro 2006-EN fraco 2002-EN mod. 2009-EN mod.

2007-LN mod. 2003-neutro

2008-neutro 2010-LN mod.

2003-neutro 2001-neutro 2000-LN fraco

Outubro 2008-neutro 2005-neutro 2002-EN mod.

2010-LN mod. 2006-EN fraco 2004-EN fraco

2007-LN mod. 2009-EN mod.

2008-neutro 2000-LN fraco 2003-neutro

Novembro 2010-LN mod. 2002-EN mod. 2004-EN fraco

2005-neutro

2006-EN fraco

2007-LN mod.

2009-EN mod.
40

Figura 18a – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Setembro nos
municípios de Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.

Fonte: INMET

Figura 18b – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Outubro nos
municípios de Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.

Fonte: INMET
41

Figura 18c – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Novembro nos
municípios de Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.

Fonte: INMET

Figura 19 – Média Histórica para os meses de SON nos municípios de Pelotas, Rio
Grande e Santa Vitória do Palmar.

Fonte: INMET
42

4.2.2 Região R2 - SON – 2000 a 2010

A partir da observação dos regimes de precipitação da região R2 para os


meses de SON, destacados nas Figuras 20 e, de acordo com a Média Histórica
(Figura 21), faz-se importante considerar que os volumes de precipitação na maioria
dos anos atingem valores acima da normal climatológica (Tabela 6) para os três
meses da Primavera. Analisando-se de forma mais detalhada, tem-se que a
condição de Neutralidade e LN Moderado, são os fatores que implicam em menores
volumes de precipitação, como observado no ano de 2008. Quando se faz referência
a valores dentro da normal de precipitação, não é visto nenhum episódio em
destaque. Um fator que pode explicar tal comportamento deve-se a variação dos
fenômenos, ou seja, o fato de se ter episódios intercalados. Os volumes de chuva
acentuados são observados em diferentes eventos. Esses eventos prevalecem
notoriamente em LN Fraco e ainda mais, na condição de EN Moderado, com
destaque para o ano de 2009.

Vale destacar o mês de Outubro, que nos anos de 2004, 2006 e 2007,
apresentou discrepâncias entre os municípios. Constataram-se, volumes maiores na
estação meteorológica de Encruzilhada do Sul e volumes menores na estação
meteorológica de Porto Alegre. Por outro lado, no mês de Novembro, observou-se o
inverso.

Levando-se em conta os volumes de precipitação oriundos dos dias em que se


fizeram presentes os SF, foram constatados que eles são responsáveis no mês de
Setembro entre 62 a 71% da precipitação. Enquanto para Outubro e Novembro, tem-
se em torno de 62-64% e 51-69% das chuvas relacionadas aos SF, respectivamente.
43

Tabela 6 - Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS para os


anos de 2000-10, região R2.

Mês Abaixo da M.H Normal da M.H Acima da M.H

2001-neutro 2006-EN fraco 2000-LN fraco

Setembro 2003-neutro 2002-EN mod.

2004-EN fraco

2005-neutro

2007-EN mod.

2008-neutro

2009-EN mod.

2010-LN mod.

2001-neutro 2000-LN fraco

Outubro 2010-LN mod. 2002-EN mod.

2003-neutro

2005-neutro

2008-neutro

2009-EN mod.

2005-neutro 2001-neutro

Novembro 2008-neutro 2002-EN mod.

2010-LN mod. 2003-neutro

2006-EN fraco

2007-EN mod.
44

Figura 20a – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Setembro nos
municípios de Encruzilhada do Sul e Porto Alegre.

Fonte: INMET

Figura 20b – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Outubro nos
municípios de Encruzilhada do Sul e Porto Alegre.

Fonte: INMET
45

Figura 20c – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Novembro nos
municípios de Encruzilhada do Sul e Porto Alegre.

Fonte: INMET

Figura 21 – Média Histórica para os meses de SON nos municípios de Encruzilhada


do Sul e Porto Alegre.

Fonte: INMET
46

4.2.3 Região R3 - SON – 2000 a 2010

Analisando a Tabela 7 e as Figuras 22 e 23 que se referem aos meses


relacionados no estudo e enfatizando aos episódios, nota-se que os valores abaixo
da Normal Histórica, estão relacionados a um padrão de Neutralidade, assim como
observado na região R2. Alguns episódios de EN Fraco e LN Moderado podem
também ser observados. Os volumes em torno da média são pouco evidenciados.
Por outro lado, anos com precipitação acima da normal climatológica estiveram
associados a padrões de EN Moderado, LN Fraco e EN Fraco.

Destaca-se o ano de 2009 como aquele em com totais mensais acumulados


mais significativos. Em Novembro, por exemplo, os totais de precipitação superaram
os 500 mm. Em contrapartida, os valores apresentados no mesmo mês, em 2010,
não passaram de 40 mm.

O percentual de precipitação devido aos SF na região R3 foi de 74 a 78% no


mês de Setembro; em Outubro, de 73 a 80%; e em Novembro, de 78 a 82%.
47

Tabela 7 - Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS para os


anos de 2000-10, região R3.

Mês Abaixo da M.H Normal da M.H Acima da M.H

2001-neutro 2005-neutro 2000-LN fraco

Setembro 2003-neutro 2002-EN mod.

2006-EN fraco 2004-EN fraco

2007-EN mod. 2009-EN mod.

2008-neutro 2010-LN mod.

2010-LN mod. 2009-EN mod. 2000-LN fraco

Outubro 2005-neutro 2002-EN mod.

2006-EN fraco 2003-neutro

2004-EN fraco

2007-EN mod.

2008-neutro

2005-neutro 2000-LN fraco

Novembro 2007-EN mod. 2001-neutro

2008-neutro 2002-EN mod.

2010-LN mod. 2003-neutro

2004-EN fraco

2006-EN fraco

2009-EN mod.
48

Figura 22a – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Setembro nos
municípios de Uruguaiana, Bagé e Santana do Livramento.

Fonte: INMET

Figura 22b – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Outubro nos
municípios de Uruguaiana, Bagé e Santana do Livramento.

Fonte: INMET
49

Figura 22c – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Novembro nos
municípios de Uruguaiana, Bagé e Santana do Livramento.

Fonte: INMET

Figura 23 – Média Histórica para os meses de SON nos municípios de Uruguaiana,


Bagé e Santana do Livramento.

Fonte: INMET
50

4.2.4 Região R4 - SON – 2000 a 2010

Considerando a Tabela 8 e as Figuras 24 e 25, que abrangem localidades das


partes Central, Norte e Noroeste do Estado, foram verificados eventos que apontam
um comportamento dos volumes de precipitação abaixo da média Histórica
associados à condição de Neutralidade em todos os meses, embora não sejam em
anos iguais, como é o caso de 2001 e 2008. No que se refere à normalidade dos
volumes de precipitação, é possível dizer que houve variações, mesmo assim,
evidencia-se a condição de EN Fraco. Já para os maiores volumes totais mensais de
precipitação destacam-se principalmente os episódios EN Moderado.

Alguns anos, como 2004 e 2008 no mês de Setembro, apresentaram dois


municípios, com valores abaixo da média e dois municípios na condição de
normalidade. Nesses anos, a estação meteorológica de São Luiz Gonzaga registrou
volumes totais mensais abaixo do normal enquanto os dados da estação de Iraí
indicaram uma situação de neutralidade.

Cabe salientar ainda, que os volumes totais mensais de precipitação,


mostraram-se mais altos no mês de Outubro de 2005 e 2008. Convém observar que
em Setembro de 2005, o volume de chuva ficou na categoria normal e em Novembro
de 2008 foram verificados valores abaixo da média Histórica. Associado a tal
questão ressalva-se que o ano de 2005 registrou a menor entrada de SF,
apresentando um total sazonal de oito casos.

Quanto aos volumes de precipitação registrados para a região R4, foram


verificados que os SF são responsáveis para os meses de Setembro, Outubro e
Novembro, respectivamente, por 64-76%; 57-72%; e 63-75% do total mensal de
precipitação.
51

Tabela 8- Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS para os


anos de 2000-10, região R4.

Mês Abaixo da M.H Normal da M.H Acima da M.H

2001-neutro 2005-neutro 2000-LN fraco

Setembro 2003-neutro 2006-EN fraco 2002-EN mod.

2007-EN mod. 2007-EN mod.

2009-EN mod.

2010-LN mod.

2010-LN mod. 2004-EN fraco 2000-LN fraca

Outubro 2009-EN mod. 2002-EN mod.

2003-neutro

2005-neutro

2006-EN fraco

2007-EN mod.

2008-neutro

2001-neutro 2000-LN fraco 2002-EN mod.

Novembro 2008-neutro 2007-EN mod. 2003-neutro

2010-LN mod. 2006-EN fraco

2009-EN mod.
52

Figura 24a – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Setembro nos
municípios de Cruz Alta, Santa Maria, Iraí e São Luiz Gonzaga.

Fonte: INMET

Figura 24b – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Outubro nos
municípios de Cruz Alta, Santa Maria, Iraí e São Luiz Gonzaga.

Fonte: INMET
53

Figura 24c – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Novembro nos
municípios de Cruz Alta, Santa Maria, Iraí e São Luiz Gonzaga.

Fonte: INMET

Figura 25 – Média Histórica para os meses de SON nos municípios de Cruz Alta,
Santa Maria, Iraí e São Luiz Gonzaga.

Fonte: INMET
54

4.2.5 Região R5 - SON – 2000 a 2010

Conforme mostram a Tabela 9 e as Figuras 26 e 27, os valores de precipitação


total mensal para a região R5 apresentaram-se abaixo da média histórica,
associados, principalmente, a condições de LN Moderado e Neutro. Em Novembro
de 2004 e 2005, meses relacionados à EN Fraco e LN Neutro, a precipitação
manteve-se em torno da normal climatológica. Assim como para as demais regiões,
diversos anos apresentaram volumes de chuva acima da normal histórica, com
condição mais frequente associado ao padrão de EN Moderado.

Tomando-se os dados da única estação meteorológica analisada na região R5


verificou-se que do volume total mensal, a precipitação associada aos SF foi
responsável por 65%, 56% e 79%, respectivamente, nos meses de Setembro,
Outubro e Novembro.

Tabela 9- Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS para os


anos de 2000-10, região R5.
55

Mês Abaixo da M.H Normal da M.H Acima da M.H

2000-LN fraco 2002-EN mod.

Setembro 2001-neutro 2004-EN fraco

2003-neutro 2007-EN mod.

2005-neutro 2009-EN mod.

2006-EN fraco 2010-LN mod.

2006-EN fraco 2000-LN fraco

Outubro 2009-EN mod. 2001-neutro

2010-LN mod. 2002-EN mod.

2003-neutro

2004-EN fraco

2005-neutro

2007-EN mod.

2008-neutro

2001-neutro 2004-EN fraco 2000-LN fraco

Novembro 2010-LN mod. 2005-neutro 2002-EN mod.

2003-neutro

2006-EN fraco

2007-EN mod.

2008-neutro

2009-EN mod.
56

Figura 26 – Precipitação nos anos de 2000-10 para os meses SON no município de


Passo Fundo.

Fonte: INMET
57

Figura 27 – Média Histórica para os meses de SON no município de Passo Fundo.

Fonte: INMET

4.2.6 Região R6 - SON – 2000 a 2010

Para a região R6 que abrange cinco municípios, de acordo com a Tabela 10 e


as Figuras 28 e 29, percebe-se um padrão EN Fraco e Neutro relacionado a valores
de precipitação abaixo da normal climatológica, principalmente, no ano de 2006.
Associado a padrão de EN Fraco, foi observado volume de precipitação em torno da
média. Por outro lado, precipitação total mensal acima da média histórica, foi
observado em condição, principalmente, de EN Moderado, seguido da condição de
LN Fraco.

Cabe salientar que para essa região, os volumes de precipitação se mostraram


altos para os anos de 2005 e 2009. Em 2005, no mês de Outubro, os volumes totais
mensais atingiram cerca de 300 mm em cada estação meteorológica analisada. Já
no ano de 2009, no mês de Setembro, foi possível constatar valores entre 400 e 500
mm.

Como obtido nas outras regiões, a precipitação mensal na região R6, devido a
atuação dos SF representou, no mês de Setembro 48-59% do volume acumulado;
em Outubro, de 39-58% e em Novembro de 37-66%.
58

Tabela 10 - Relação do comportamento da precipitação e os episódios ENOS para


os anos de 2000-10, região R6.
59

Mês Abaixo da M.H Normal da M.H Acima da M.H

2001-neutro 2002-EN mod. 2000-LN fraca

Setembro 2003-neutro 2004-EN fraco 2007-EN mod.

2006-EN fraco 2005-neutro 2009-EN mod.

2008-neutro 2010-LN mod.

2006-EN fraco 2004-EN fraco 2000-LN fraca

Outubro 2007-EN mod. 2009-EN mod. 2001-neutro

2010-LN mod. 2002-EN mod.

2003-neutro

2005-neutro

2008-neutro

2005-neutro 2000-LN fraca 2001-neutro

Novembro 2008-neutro 2010-LN mod. 2002-EN mod.

2003-neutro

2004-EN fraco

2006-EN fraco

2007-EN mod.

2009-EN mod.
60

Figura 28a – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Setembro nos
municípios de Bento Gonçalves, Bom Jesus, Caxias do Sul, Lagoa Vermelha e
Torres.

Fonte: INMET

Figura 28b – Precipitação sobre a região nos anos de 2000-10 para o período o mês
de Outubro nos municípios de Bento Gonçalves, Bom Jesus, Caxias do Sul, Lagoa
Vermelha e Torres.

Fonte: INMET
61

Figura 28c – Precipitação nos anos de 2000-10 para o mês de Novembro nos
municípios de Bento Gonçalves, Bom Jesus, Caxias do Sul, Lagoa Vermelha e
Torres.

Fonte: INMET

Figura 29 – Média Histórica para os meses de SON nos municípios de Bento


Gonçalves, Bom Jesus, Caxias do Sul, Lagoa Vermelha e Torres.

Fonte: INMET
62

Os gráficos das figuras 30, 31 e 32 servem para associar a intensidade de


precipitação (a partir das classes definidas como abaixo da média histórica, normal e
acima da média histórica) com os episódios ENOS, nas seis sub-regiões do RS.
A representação observada na figura 30, mostra na maioria dos casos, que
uma condição abaixo da média de precipitação está interligada a um padrão de
Neutralidade, seguido do padrão de LN e EN.

Figura 30 – Porcentagem de eventos ENOS para a condição de precipitação abaixo


da média.

A figura 31 apresenta volumes de precipitação dentro de uma condição de


normalidade, ou seja, em anos com precipitação normal, os eventos se mostraram
interligados majoritariamente a eventos de EN.
63

Figura 31 – Porcentagem de eventos ENOS para a condição de normalidade de


precipitação média.

Com base na figura 32, na qual se tem uma condição referente a volumes de
precipitação acima da normal histórica, sendo esta relacionada a episódios ENOS,
destacou-se que assim como na classe de precipitação normal, os eventos de EN
estão associados a precipitações maiores em praticamente todos os casos.

Figura 32 – Porcentagem de eventos ENOS para a condição de precipitação acima


da média.
64

A figura 33 resume as informações das figuras 30, 31 e 32.

Figura 33 – Média das regiões relativas à porcentagem de eventos ENOS para as


condições de precipitação abaixo, normal e acima da média.
65

4.3 Identificação de SF e as avaliações do comportamento dos SF em


episódios diferentes

Os casos foram selecionados considerando a intensidade da precipitação e o


padrão dos eventos ENOS nas seis regiões referenciadas através do método de
agrupamento.

Os anos de 2008 e 2009 (meses de setembro, outubro e novembro - SON)


foram selecionados por apresentarem o volume de precipitação mais baixo e mais
alto, respectivamente. Em 2008 observou-se o padrão de Neutralidade e em 2009,
prevaleceu a condição de EN Moderado de acordo com as anomalias de TSM do
oceano Pacífico.

Seguindo a metodologia, foram feitas análises das imagens de satélite e


análises subjetivas das variáveis: Temperatura e Pressão descritas no item 3.3.

4.3.1 Análise de eventos no mês de Outubro de 2008 (SON) – Neutralidade

Dias 04/10/2008, 12/10/2008, 21/10/2008

As imagens de satélite do canal Infravermelho dos dias 04, 12 e 21/10/2008


(Figura 34) permitem identificar a presença de Sistemas Frontais sobre o Estado do
Rio Grande do Sul.

(a) (b)
66

(c)

Figura 34 – Imagem de Satélite do canal IR referente aos dias: (a) 04/10/2008


(2100Z); (b) 12/10/2008 (2100Z) e (c) 21/10/2008 (2115Z).

Fonte: CPTEC/INPE

Comportamento das variáveis: Temperatura e Pressão para as regiões R1-R6 e


análise geral para Outubro de 2008.

Dentre as datas escolhidas e considerando os dias de análise (Figura 35 e 36),


verificou-se que durante a atuação dos SF houve variações no campo da
Temperatura em todas as regiões, porém não muito significativas em termos de
valores. Ao longo das avaliações foram observadas quedas na Temperatura em
torno de 2 a 8°C na entrada do SF e durante sua permanência em todo o Estado. Já
quando analisada a PNM, percebeu-se ao longo dos casos escolhidos que houve
um aumento entre 1 a 9 hPa. Esses padrões de variação ocorrem pelo critério de
frentes, ou seja, quando se tem queda da Temperatura na data do evento de SF e
posteriormente a passagem desse SF, haja um aumento no campo de pressão
atmosférica e outras mudanças nas condições de tempo (Petterssen, 1956). O
comportamento observado nas regiões R1 e R3 também foram identificados em
todas as demais regiões.

No ano de 2008, caracterizado pelo padrão de Neutralidade, notou-se que os


SF que ocorreram em outubro de 2008, tiverem sua permanência sobre o Estado
67

pelo tempo de no máximo 2 dias para as três datas em questão. Salienta-se o fato
de que as setas presentes nas Figuras 35 e 36 indicam a entrada do SF sobre RS.

Figura 35 – Representação das variáveis meteorológicas Temperatura (temp) em °C


(925hPa) e Pressão ao Nível Médio do Mar (pres) (hPa) na região R1, compreendida
pelos municípios de Santa Vitória do Palmar (SVP) e Rio Grande (RG).

Figura 36 –. Representação das variáveis meteorológicas Temperatura (temp) em °C


(925hPa) e PNM (pres)(hPa) na região R3 compreendida pelos municípios de Bagé
(BAG) e Uruguaiana (URU).

4.3.2 Análise do mês de Outubro de 2009(SON) – EN Moderado


68

Dias 05/10/2009, 11/10/2009, 14/10/2009

Para os dias abaixo que foram destacados nas imagens de satélite no canal
Infravermelho, percebeu-se sobre o Estado do RS a presença de SF.

(a) (b)

(c)

Figura 37 – Imagem de Satélite do canal IR referente aos dias: (a) 05/10/2009


(2100Z); (b) 11/10/2009 (2100Z) e 14/10/2009 (2100Z).

Fonte: CPTEC/INPE.
69

Comportamento das variáveis: Temperatura e Pressão para as regiões R1-R6 e


análise geral para Outubro de 2009

As Figuras 38 e 39 ilustram o comportamento da Temperatura e Pressão nos


três eventos analisados em Outubro de 2009. De acordo com essas figuras, no dia
05 de Outubro de 2009, observou-se um decréscimo maior na Temperatura, em
torno de 8 a 10°C, enquanto o campo de PNM mostrou aumentos significativos, em
média de 8 a 20 hPa. Nos dias 11 e 14/10/2009, a variação nos campos foram
menos significativos, com registro de queda da Temperatura, entre 1 a 5°C e
aumento da PNM, entre 1 e 5 hPa.

No ano de 2009 foram observados diversos dias em que ocorreram variações


entre a Temperatura e a PNM devido à entrada de SF, como dito anteriormente,
definido a partir do critério de frentes. Entretanto, essas variações não se mostraram
tão significativas, a não ser no dia 05/10/2009. Na tabela presente no Apêndice B,
mostra-se um levantamento observado em relação aos SF nos meses da primavera.
Com isso, para o mês de outubro de 2009, houve um maior número de penetrações
de SF na região em estudo do que o verificado no mesmo mês em 2008.

Em relação aos SF no mês de outubro de 2009, estes variaram o seu tempo de


atuação. Enquanto para o primeiro caso, teve-se uma duração de 2,5 dias, para o
segundo dia, verificou-se a presença do SF no RS durante 1,5 dia e por último,
durante um dia. As setas presentes nas Figuras 38 e 39 indicam a entrada do SF
sobre RS.
70

Figura 38 – Comportamento da Temperatura e PNM no mês de Outubro de 2009


(EN MODERADO) para a região R1 compreendida pelos municípios de Santa Vitória
do Palmar e Rio Grande.

Figura 39 – Comportamento da Temperatura e PNM no mês de Outubro de 2009(EN


MODERADO) para a região R3 compreendida pelos municípios de Bagé e
Uruguaiana.
71

5. CONCLUSÃO

Tendo em vista os resultados obtidos, faz-se primordial concluir e salientar a


importância dos estudos de fenômenos oceano-atmosfera e dos sistemas
meteorológicos de tempo quando analisados sobre uma região como o Estado do
RS. Tal fato se deve, uma vez que essa área é referenciada pelos pesquisadores por
sua vulnerabilidade, seja no âmbito econômico, seja, mais precisamente,
relacionado às variações climáticas sazonais e interanuais.

Na análise realizada neste trabalho, focada no período da Primavera, foi


constatada que a menor frequência de SF no RS se dá nos eventos relacionados,
primeiramente, aos episódios LN Fraco, seguidos de padrões de Neutralidade. Em
contrapartida, foi observado que a maior ocorrência de SF está associada a
episódios de EN Moderado e ainda do padrão de Neutralidade.

Conforme discutido, não se verificaram diferenças acentuadas em


comparação aos resultados de outros estudos para essa mesma região para a
estação da Primavera, já que os números de SF trimestrais e os números mensais
pertinentes a esta área em análise apresentam similaridade. Verificou-se maior
passagem de sistemas frontais no mês de Outubro, embora tenha sido observado,
em Setembro, um volume de precipitação mensal maior em todas as sub-regiões.

É indiscutível que a influência dos sistemas de grande escala traz


consequências quanto à intensidade dos regimes de precipitação para todas as
regiões do Estado. Nos meses de SON, nas seis sub-regiões observou-se que os
volumes mensais de precipitação abaixo da normal climatológica estão relacionados
a situações, principalmente, de Neutralidade. Precipitações mensais normais, por
sua vez, estão, geralmente associados com os episódios de EN Fraco. Enquanto em
situações com precipitações acima da média histórica, verificou-se uma relação com
padrões de EN Moderado no Oceano Pacífico.

Considera-se, de fato, que a intensidade de precipitação causada pelos SF


mostrou-se com maior impacto sobre a região R3, que corresponde à faixa Oeste do
RS. Menores volumes de precipitação foram observados na região R4 (região
Central e Noroeste do RS), menos influenciada pela penetração dos SF.

Sobre as influências dos SF na precipitação em termos percentuais, salienta-


72

se, que em média para os três meses da Primavera, as sub-regiões com valores que
derivam significativamente de tais influências são: R1 e R3 (Sul do RS), enquanto os
menores valores percentuais são vistos na sub-região R6 (Região da Serra), embora
esta área apresente acumulados mensais altos.

Cabe ressaltar que o método subjetivo baseado nos dados MERRA conseguiu
representar e caracterizar o perfil dos SF a partir da visualização das três principais
variáveis meteorológicas fornecendo subsídios para, com confiabilidade, apoiar as
constatações.
73

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Andrade, K.L; Cavalcanti, I.F.A. Climatologia dos Sistemas Frontais e padrões de


comportamento para o Verão na América do Sul. 13p.. Anais: SBMET, Fortaleza-
CE 2004. 1 CD-ROM (INPE-12090-PRE/7436), 2004.
Andrade, K.L. Climatologia e Comportamento Dos Sistemas Frontais Sobre a
América Do Sul, 2005.185p. Dissertação (Mestrado em Meteorologia) – Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 2005.
Berlato, M.A.; Fontana, D.C. El Niño e La Niña: impactos no clima, na vegetação
e na agricultura do Rio Grande do Sul; aplicações de previsões climáticas na
agricultura. Porto Alegre: UFRGS, 110p. 2003..
Berlato, M.A. et al. Associação entre El Niño oscilação Sul e a produtividade de
milho no Estado do Rio Grande do Sul. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.40,
p.423-432, 2005.
Bjerknes, J. On the structure of moving cyclones. Geofysiske Publikationer, v.1,
n.2, p.1-8, 1919.
Bonatti, J. P.; Rao, V. B. Moist baroclinic instability of North Pacific and South
American intermediate-scale disturbances. Journal of the Atmospheric Sciences,
v. 44, p. 2657-2667, 1987.
Braga, M F S; Krusche, N. Padrão de Ventos em Rio Grande, RS, no período de
1992 a 1995. Revista Atlântica, Rio Grande, v. 22, p. 27-40, 2000.
Carvalho, L. M. V; Jones, C.; Liebmann, B. The South Atlantic convergence zone:
Intensity, form, persistence, and relationships with intraseasonal to interannual
activity and extreme rainfall. Journal of Climate, v. 17, p. 88–108, 2004.
Casarin, D. P.; Kousky, V.E. Anomalias de precipitação no sul do Brasil e varia-
ções na circulação atmosférica. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 1, p. 83-90,
1986.
Cavalcanti, I.F.A. e Gan, M.A. Anomalous precipitation in Southern Brazil and
ENSO events. Workshop sobre o fenômeno ENOS e a variabilidade climática nas
escalas sazonal a interanual:Impactos socioeconômicos, previsão e aplicações ao
processo de tomada de decisão. Florianópolis, 1992.
Cavalcanti, I. F. A. e V. B. Rao, 1996. Variação nas características de umidade
nos anos de El Niño e La Niña de 1987 e 1988. VIII Congresso Brasileiro de Mete-
orologia. Campos do Jordão (SP.), 6-13 Novembro, 1996.
Cavalcanti, I. F. A.; Kousky, V. E. Climatology of South American cold fronts. In-
ternational Conference on Southern Hemisphere Meteorology and Oceanogra-
phy, 101 7., Wellington, New Zealand, 2003. Proceedings... New Zealand: American
Meteorological Society, 2003. 1 CD-ROM.
74

Climanálise. Boletim de Monitoramento e Análise Climática. São José dos Cam-


pos: INPE, 1992-2002.
CPTEC, Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos. http://cptec.in-
pe.br/, acessado em maio de 2015.
Dametto, G., Da Rocha, R. P. Características Climáticas dos Sistemas Frontais
na Cidade de São Paulo. Relatório FAPESP, 2005.
Diaz, A.F. et al. Relationships between precipitation anomalies in Uruguay and
southern Brazil and sea surface temperature in the Pacific and Atlantic Oceans.
Journal of Climate, v.11, p.251-271, 1998.
Federova, N.; Carvalho, M.H. Processos sinóticos em anos de La Niña e de El
Niño. Parte II: Zonas Frontais. Revista Brasileira de Meteorologia, v.15, n.2, p. 57-
72, 2000.
Federova, N., Levit, V., Carvalho, M. H. Eventos de precipitação na cidade de Pe-
lotas – RS associados a processos e sistemas sinóticos. Revista Brasileira de
Meteorologia, v.22, p. 134-159, 2007.
Ferraz, S. E. T. Variabilidade Intrasazonal da Precipitação sobre o Sudeste Bra-
sileiro. Tese de Doutorado em Meteorologia, Instituto de Astronomia, Geofisica e Ci-
ências Atmosféricas, IAG-USP, 2004.
Ferreira, N. J. e Fortune, M. A .Introdução à Interpretação de Imagens de Satéli-
tes, Curso Intensivo sobre Satélites Meteorológicos e Interpretação de Ima-
gens.1980, INPE, São José dos Campos, SP, 12 de novembro a 8 de dezembro de
1979.
Figueiredo, J. C.; Scolar, J. O Tempo de Vida Médio dos Sistemas Convectivos
de Mesoescala na América do Sul. In: Congresso Brasileiro De Meteorologia,
Anais. Campos de Jordão, SP, p. 984-986, 1996.
Fontana, D.C.; Berlato, M.A. Influência do El Niño Oscilação Sul sobre a precipi-
tação do Estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agrometeorologia,
Santa Maria, v.5, n.1, p. 127-132, 1997.
Grimm, A.M..;Influência remota de fontes tropicais anômalas de calor. Tese de
Doutoramento. Instituto Astronômico e Geofísico/USP. São Paulo, 216 p, 1992.
Grimm, A. M. e Gomes, J., Análise da sensibilidade do método para
identificação de anomalias de precipitação relacionadas ao fenômeno El
Niño/Oscilação Sul. Anais do IX Congresso Brasileiro de Meteorologia, Sociedade
Brasileira de Meteorologia,1996.
Grimm, A.; Ferraz, S.E.T; Gomes, J. Precipitation anomalies in Southern Brazil
associated with ElNiño and Lã Niña events. Journal of Climate, Boston, v.11,
p.2863-2880. Nov, 1998.
75

Grimm, A.; Barros, V.E; Doyle, M.E. Climate Variability in Southern South America
associated with El Niño and La Niña Events. J. Climate, 13p., 35–58, 2000.
Grimm, A. M.; Sant´anna, C. L. da S. Influência de Fases Extremas da Oscilação
Sul Sobre a Intensidade e Freqüência das Chuvas no Sul do Brasil. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 11, Rio de Janeiro, Anais...Rio
de Janeiro: SBMet, 2000. 1 CD-ROM, 1992.
Hallak, R. Aspectos dinâmicos e simulação numérica da formação e evolução
de um vórtice de ar frio. Dissertação de Mestrado em Meteorologia, Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, IAG–USP, 2000.
INMET, Instituto Nacional de Meteorologia, www.inmet.gov.br; acessado em março
de 2015.
Iwabe, C. M. N.; da Rocha, R. P. An event of stratospheric air intrusion and its
associated secondary surface cyclogenesis over the South Atlantic
Ocean. Journal of Geophysical Research, v. 114, D09101,
doi:10.1029/2008JD011119, 2009.
Justi Da Silva, M.G.A.; Silva Dias, M.A.F. A freqüência de fenômenos
meteorológicos na América do Sul: uma climatologia. Congresso Brasileiro de
Meteorologia, 11., Foz do Iguaçu, 2002. Anais... Foz do Iguaçu: SBMET, 2002. 1 CD-
ROM.
Karoly, D. K. ,. Southern Hemisphere circulation features associated with El
Niño- Souther Oscillation Events. Journal of Climate, Nov. :1239-1252, 1989.
Kodama, Y.-M. Large-scale common features of subtropical precipitation zones
(the Baiu frontal zone, the SPCZ, and the SACZ), Part I: Characteristics of
subtropical frontal zones. Journal of the Meteorological Society of Japan, v.70,
p.813–835, 1992.
Kousky, V. E. Frontal Influences on Northeast Brazil. Monthly Weather
Review,v.107, p. 1140-1153, 1979.
Kousky, V. E.; Cavalcanti, I. F. A. Eventos Oscilação do Sul - El Niño: característi-
cas, evolução e anomalias de precipitação. Ciência e Cultura, 36(11), p.11888-
11899, 1984.
Kousky, V. E. Pentad outgoing longwave radiation climatology for the South
American sector. Revista Brasileira de Meteorologia, n. 3, p. 217-231, 1988.
Lemos, C.F.; Calbete, N. O. Sistemas frontais que atuaram no litoral de 1987-
1995. Climanálise, Edição comemorativa 10 anos, 1996. (INPE-10717-PRE/6178).
Marques, R.F.C.; Rao; V.B. A diagnosis of a long-lasting blocking event over the
Southeast Pacific Ocean.Monthly Weather Review, vol. 127, p. 1761-1776, 1999.
Marques, R.F.C.; Rao; V.B. Interannual variations of blocking in the Southern
Hemisphere and their energetics. Journal Geophysical Research, vol. 105, p.
4625-4636, 2000.
76

Marques, J. R. Variabilidade espacial e temporal da precipitação pluvial no Rio


Grande do Sul e sua relação com indicadores oceânicos. 2005. 209p. Tese
(Doutorado-Fitotecnia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2005.
MERRA, Modern-Era Retrospective Analysis for Research and Applications,
http://gmao.gsfc.nasa.gov/merra/ . Acessado em junho de 2015.
Miky Funatsu, B., Gan, M. A.; Caetano, E. A case study of orographic
cyclogenesis over South America. Atmósfera, v. 17, n. 2, p. 91-113, 2004.
Morais, M. A., Castro, W. A. C., Tundisi, J. G. Climatologia de Frentes Frias sobre
a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), e sua Influência na Limnologia
dos 12 Reservatórios de Abastecimento de Água. Revista Brasileira de
Meteorologia, 2010.
Nascimento, E. L.; Ambrizzi, T. The Influence of Atmospheric Blocking on the
Rossby Wave Propagation in Southern Hemisphere Winter Flows. Journal of
the Meteorological Society of Japan, v. 80, n. 2, p. 139-159, 2002.
Nimer, E. Climatologia do Brasil. Rio de janeiro: IBGE. Departamento de
Recursos Naturais e Estudos Ambientais. 2. ed,. 421p. 1989.
NOAA, National Oceanic and Atmospheric Administration. http://www.noaa.gov/.
Acessado em março de 2015.
Nogués-paegle, J.; Berbery, E.H. Low-level Jets over the Americas. Exchanges –
Selected Research Papers. Nº16, Jun/2000.
Oliveira, A. S. Interações entre sistemas frontais na América do Sul e convec-
ção na Amazônia. 1986. 134p. (INPE-4008-TDL/239). Dissertação (Mestrado em
Meteorologia) – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos,
1986.
Pálmen, E.; Newton, C.W. Atmospheric circulation systems. Their structure and
physical interpretation. New York: Academic Press, 603p, 1969.
Petterssen, S. Weather Analysis and Forecasting. New York: McGraw-Hill, v. 1,
498p, 1956.
Puchalski, L. A. Efeito associado ao El niño e La Niña na temperatura média,
precipitação pluvial e no déficit hídrico no Rio Grande do Sul. 2000. 100f. Dis-
sertação (Mestrado Agrometeorologia) – Programa de Pós-graduação em Fitotecnia,
Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2000.
Quadro, M.F.L. Estudo de episódios de zonas de convergência do Atlântico Sul
(ZCAS) sobre a América do Sul. 1994. 97p. Dissertação (Mestrado em Meteorolo-
gia) – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 1994.
77

Rao, V. B.; Hada, K. Characteristics of raifall over brazil: annual variations and
connections with the southern oscillation. Theoretical and applied climatology,
v.42(2), p. 81-92, 1990.
Rao, V.B., Hada, K.; Annual variation of rainfall over Brazil and atmospheric cir-
culation over South America. Anais do VIII Congresso Brasileiro de Meteorologia,
1994: Volume 2, 81-84, 1994.
Reboita, M. S. Ciclones Extratropicais sobre o Atlântico Sul: Simulação Cli-
mática e Experimentos de Sensibilidade. Tese de Doutorado em Meteorologia,
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas – IAG–USP, 359 pg.,
2008.
Reboita, M. S.; AmbrizzI, T.; Da Rocha, R. P. Relationship between the Southern
Annular Mode and Southern Hemisphere Atmospheric Systems. Revista
Brasileira de Meteorologia, v. 24, n. 1, p. 48-55, 2009.
Reboita, M.S; Gan, M.A; Rocha, R.M e Ambrizzi, T. Regimes de Precipitação na
América do Sul: Uma Revisão Bibliográfica. 2010. Revista Brasileira de Meteoro-
logia, v.25, n.2, 185 - 204, 2010.
Rienecker, M.M., M.J. Suarez, R. Gelaro, R. Todling, J. Bacmeister, E. Liu, M.G. Bo-
silovich, S.D. Schubert, L. Takacs, G.-K. Kim, S. Bloom, J. Chen, D. Collins, A. Co-
naty, A. da Silva, et al. (2011), MERRA: NASA's Modern-Era Retrospective Analy-
sis for Research and Applications. J. Climate, 24, 3624-3648, doi:10.1175/JCLI-D-
11-00015.1.
Rodrigues, M. L. G; Franco, D; Sugahara, S. Climatologia de frentes frias no lito-
ral de Santa Catarina.Revista Brasileira de Geofísica, v.22, n. 2, p.135-151, 2004.
Ropelewski, C. H. e Halpert, S.Global and regional scale precipitation patterns
associated with the El Niño/Southern Oscillation. Monthly Weather Review, 115p.
1606-1626, 1987.
Satyamurty, P; Mattos L. F. Climatological Lower Tropospheric Frontogeneis in
the Midlatitudes Due to Horizontal Deformation and Divergence. Monthly
Weather Review, v. 117, n. 6, p. 1355-1364, 1989.
Satyamurty P, Mattos LF, Nobre CA & SILVA DIAS PL. Tropics - South America. In :
Meteorology of the Southern Hemisphere, Ed. Kauly, D. J. and Vincent, D. G., Me-
teorological Monograph. American Meteorological Society, Boston, 119-139, 1998.
Silva, M.V. Análise sazonal do regime hídrico do Rio Grande do Sul no período
de 1977 a 2006: impacto de sistemas meteorológicos no regime hídrico do Es-
tado em 2006. 2010.120p. Dissertação (Mestrado em Meteorologia). Universidade
Federal de Pelotas-RS.
Studzinski, C. D. Um estudo da precipitação na Região Sul do Brasil e sua Rela-
ção com os Oceanos Pacífico e Atlântico Tropical Sul. São José dos Campos.
INPE. Dissertação de Mestrado em Meteorologia, 87p., 1995.
78

Trenberth, K. E. The Definition of El Niño. Bulletin of the American Meteorological


Society, v. 78, n. 11, p.2771-2777, 1997.
Varejão-Silva, M. A. Meteorologia e Climatologia. PAX Gráfica e Editora Ltda,
2ªEdição, 532 p, 2001.

APÊNDICE A

Foram escolhidos os anos de 2008 e 2009 para mostrar a aplicação da


metodologia presente no trabalho.
79

- Setembro de 2008

A - Referente à observação visual das imagens de Satélite (quatro


eventos).

(a) (b)
Figuras 1 a-b – Imagens de Satélite GOES-8 referentes aos dias 05/09/08 e
11/09/08, respectivamente as 1815Z e as 1800Z.
Fonte: CPTEC/INPE

(a) (b)
Figuras 2 a-b – Imagens de Satélite GOES-8 referentes aos dias 20/09/08 e
29/09/08, respectivamente as 0000Z e as 1800Z. Fonte: CPTEC/INPE

B - Referente à aplicação do método subjetivo. (Foi escolhida uma região, das


seis em análise como forma de demonstração).
80

Figura 3 - Comportamento da Temperatura (925hPa) e PNM no mês de Setembro de


2008 para a região R2. As setas indicam o dia de entrada dos sistemas frontais
identificados sobre o RS.

Figura 4 - Comportamento do Vento Meridional (925hPa) no mês de Setembro de


2008 para a região R2. As setas indicam o dia de entrada dos sistemas frontais
identificados sobre o RS.

- Outubro de 2008

A - Referente à observação visual das imagens de Satélite (quatro eventos).


81

Figuras 5 a-b – Imagens de Satélite GOES-8 referentes aos dias 04/10/08 e


12/10/08, respectivamente as 1815Z e as 1800Z.

Fonte: CPTEC/INPE

Figuras 6 a-b – Imagens de Satélite GOES-8 referentes aos dias 21/10/08 e


25/10/08, respectivamente as 2115Z e as 1800Z.

Fonte: CPTEC/INPE

B - Referente à aplicação do método subjetivo. (Foi escolhida uma região, das


seis em análise como forma de demonstração).
82

Figura 7 - Comportamento da Temperatura (925hPa) e PNM no mês de Outubro de


2008 para a região R4. As setas indicam o dia de entrada dos sistemas frontais
identificados sobre o RS.

Figura 8- Comportamento do Vento Meridional (925hPa) no mês de Outubro de 2008


para a região R4. As setas indicam o dia de entrada dos sistemas frontais
identificados sobre o RS.

- Novembro de 2008
83

Figuras 9 a-b – Imagens de Satélite GOES-8 referentes aos dias 01/11/08 e


05/11/08, respectivamente as 2100Z e as 0930Z.

Fonte: CPTEC/INPE

Figuras 10 a-b – Imagens de Satélite GOES-8 referentes aos dias 11/11/08 e


29/11/08, respectivamente as 1200Z e as 0300Z.

Fonte: CPTEC/INPE

B - Referente à aplicação do método subjetivo. (Foi escolhida uma região, das


84

seis em análise como forma de demonstração).

Figura 11 - Comportamento da Temperatura (925hPa) e PNM no mês de Novembro


de 2008 para a região R4. As setas indicam o dia de entrada dos sistemas frontais
identificados sobre o RS.

Figura 8- Comportamento do Vento Meridional (925hPa) no mês de Novembro de


2008 para a região R6. As setas indicam o dia de entrada dos sistemas frontais
identificados sobre o RS.
85
86

APÊNDICE B

A Tabela abaixo refere-se aos dias em que foram observados os Sistemas Frontais
para o período de estudo.

Tabela 1 – Dias de atuação de Sistemas Frontais de 2000-10 para os meses SON.

SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO

2000 11, 18, 21 09,16,22 01,07,12,24,27

2001 03,07,12,24,27,29 02,07,10,20,26 06,10,13,21,21

2002 06,11,18,29 02,07,11,16,21 03,09,17,19,24

2003 07,19,23,28 05,08,18,26 12,18,24,27,30

2004 02,09,19,28 08,12,16,23,25,30 03,10,16,24

2005 04,10,24,29 03,14,24 04,18,24

2006 01,08,19,27 04,05,14,27,29 03,06,16

2007 06,11,14,18 01,06,09,25,27,30 08,13,23

2008 06,11,14,18 04,12,21,25,29 01,05,11,29

2009 01,07,17,22 01,05,11,14,21,24,30 03,05,14,19,24,29

2010 01,11,13,28 06,14,17,22,29 04,09,19,21,23,28

Você também pode gostar