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Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não Diagramação:
vale a pena ser vivida.” Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Revisão Textual:
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica
Gabriela de Castro Pereira
e profissional, refletindo diretamente em nossa
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
Mariana Tait Romancini
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente
e busca por tecnologia, informação e conheci-
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger
mento advindos de profissionais que possuam Leonardo Mateus Gusmão Lopes
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Márcio Alexandre Júnior Lara
cia no mercado de trabalho.
Gestão da Produção:
De fato, a tecnologia e a comunicação Kamila Ayumi Costa Yoshimura
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e Fotos:
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Shutterstock
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
ECOLOGIA GERAL
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1 - NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA E A ECOLOGIA ..................................................................................... 5
2 - FATORES FÍSICO-QUÍMICOS .............................................................................................................................. 6
2.1. ÁGUA .................................................................................................................................................................... 6
2.2. POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (PH) ............................................................................................................... 8
2.3. TEMPERATURA ................................................................................................................................................. 10
2.4. CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA .......................................................................................................................... 13
3 - CICLOS BIOGEOQUÍMICOS ............................................................................................................................... 16
3.1. CICLO DA ÁGUA ................................................................................................................................................. 16
3.2. CICLO DO CARBONO ........................................................................................................................................ 18
3.3. CICLO DO NITROGÊNIO ................................................................................................................................... 19
3.4. CICLO DO FÓSFORO ......................................................................................................................................... 21
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Os fatores ambientais físicos e químicos exercem enorme influência sobre os processos
globais que regem a natureza e, dessa forma, apresentam implicações indissociáveis dos
organismos, interferindo em sua estrutura morfológica, suas respostas adaptativas fisiológicas e
comportamentais. Da mesma maneira, os componentes do clima e a dinâmica dos elementos e
moléculas na biosfera, exercem impacto direto sobre os ecossistemas e, inevitavelmente, sobre os
serviços ambientais correlacionados às atividades humanas.
Neste âmbito, é de fundamental importância reconhecer e compreender estes fatores
e a forma que atuam na natureza. As informações apresentadas nesta Unidade estão baseadas
especialmente nas obras de Cain et al. (2018), Reece et al. (2015), Ricklefs (2003) e Ricklefs
(2008). Bons estudos!
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2 - FATORES FÍSICO-QUÍMICOS
Cada espécie do planeta evolui ao longo de milhares e milhões de anos e persistiram em
determinados habitats, nos quais estabeleceram relações adaptativas com cada um dos fatores
físicos e químicos locais. Os elementos abióticos de um sistema natural são essencialmente todos
os fatores físicos (ex.: luminosidade, temperatura, ventos, solo, etc.) e químicos (ex.: água, pH,
salinidade, etc.) que exercem influência direta ou indireta no modo de vida dos organismos.
Estes, por sua vez, apresentam níveis de tolerância distintos a cada um destes fatores, sendo que
algumas espécies exibem maiores níveis de tolerância e outras menores.
Imagine o urso polar. Trata-se de uma espécie adaptada morfologicamente e
fisiologicamente a ambientes frios, com temperaturas muito baixas. No outro extremo, podemos
dizer que camelos são altamente adaptados a temperaturas muito altas. Além disso, ambos os
organismos mencionados não conseguiriam tolerar grandes variações de temperatura, ou seja,
ursos polares não conseguem sobreviver em ambientes muito quentes, assim como camelos não
sobrevivem em condições de temperatura muito baixas.
Baseado nestas mesmas percepções, o ecólogo norte-americano Victor Ernest Shelford
estabeleceu em 1913, a chamada Lei de Tolerância (também conhecida como Lei de Shelford),
a qual descreve que todas as espécies apresentam, para cada fator abiótico, níveis mínimos e
máximos que representam seus limites de tolerância e o intervalo de condições sob as quais são
capazes de sobreviver, se desenvolver e reproduzir. Neste intervalo, existe uma faixa de condições
2.1. Água
Todas as espécies do planeta são dependentes de água, em maior ou menor grau. A água
possui inúmeras características que a torna fundamental para a existência de vida, como a sua
alta capacidade de dissolução de compostos inorgânicos, além de ser um meio excelente para a
ocorrência de reações químicas. A molécula de água assume três estados físicos distintos: gasoso,
líquido e sólido. Uma de suas propriedades mais interessantes é o seu comportamento físico
ao ser resfriada a temperaturas abaixo de 4°C. Assim como outras substâncias, a redução da
temperatura resulta no aumento de sua densidade. Contudo, isso ocorre apenas até 4°C. A partir
deste ponto, o resfriamento passa a promover a redução da sua densidade. Esta propriedade é
muito importante, pois graças a ela, é possível a existência de vida subaquática em regiões cujas
temperaturas são extremamente baixas.
Imagine um lago no Canadá. Com o término das estações mais quentes e a chegada
do inverno, a queda da temperatura promove um resfriamento intenso da água. A medida que
as camadas de água da superfície do lago são resfriadas, ocorre aumento de sua densidade e
seu deslocamento até o fundo do corpo aquático. Isto ocorre sucessivamente com as camadas
subsequentes expostas a superfície. Contudo, quando a temperatura da água atinge valores
inferiores à 4°C, a densidade da água diminui, de forma que o seu congelamento nunca ocorrerá
primeiramente no fundo do lago, mas sim na superfície. Deste modo, os organismos existentes
no lago conseguem persistir no ambiente sem que sejam complemente congelados. Este mesmo
mecanismo sustenta a vida marinha nos oceanos em regiões muito frias.
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A coesão entre as moléculas de água também promove uma alta tensão superficial que
propicia, inclusive, o estabelecimento e desenvolvimento e de organismos sobre a superfície
aquática (como os percevejos d’água) e na zona de interface ar-água, área ocupada por muitas
espécies larvais de insetos dípteros (Ordem Diptera – moscas e mosquitos). A alta viscosidade
da água (800 vezes maior do que a do ar) também exerce alta influência sobre o modo de vida de
várias espécies, inclusive sobre as suas características morfológicas e fisiológicas.
Muitas espécies de microcrustáceos, componentes do zooplâncton possuem estruturas
morfológicas multirramificadas que minimizam a velocidade de afundamento na coluna de
água. Mecanismo semelhante ocorre com algumas espécies de algas, integrantes do fitoplâncton,
que apresentam gotículas lipídicas (lembre-se que o óleo é menos denso que a água) que
evitam o afundamento e permite sua sustentação na superfície da água e captação de luz para a
fotossíntese. Por outro lado, espécies de alta mobilidade, que precisam vencer a alta resistência
que a viscosidade impõe ao movimento, como é o caso dos peixes, apresentam em quase sua
totalidade corpos achatados lateralmente (em forma de torpedo) ou mesmo dorso-ventralmente
como estratégia de minimização da superfície de atrito que faz interface entre o corpo e a água
(Figura 2).
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Figura 3 - Efeito da disponibilidade hídrica (precipitação) sobre a proporção entre a área de raiz e a parte
aérea da planta (eixo y → Razão Raiz : Parte aérea). Note no gráfico que quanto menor a precipitação, maior a razão
raiz: parte aérea. A imagem à direita evidencia o aprofundamento e expansão do sistema radicular de Malus sp.
Fonte: Cain et al. (2018); Perez (1999).
valores abaixo de sete (7) indicam acidez e valores acima de sete indicam alcalinidade (meio
básico) (Figura 4).
Algumas espécies estão adaptadas a meios mais ácidos, enquanto outras (a maioria)
preferem ambientes mais alcalinos. No caso de ambientes aquáticos, de água doce ou salgada, o
pH natural é levemente básico. Isto significa que a redução do pH nestes ambientes consiste em
um fator de impacto para os organismos que ocupam estes ambientes.
Figura 4 - Escala de pH variando de 0 (muito ácido) a 14 (muito básico). Fonte: Ricklefs (2008).
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Sob uma perspectiva mais holística, é agravante o fato de que o declínio das espécies
mencionadas acima promove, de forma inevitável, efeitos negativos sobre outras espécies com
as quais estabelecem interações. O declínio populacional de moluscos, por exemplo, afetará seus
predadores naturais em função da maior escassez de alimento. De maneira distinta, a degeneração
de recifes de corais implicará na redução de áreas de refúgio e de abrigo para inúmeras outras
espécies.
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2.3. Temperatura
Sob uma perspectiva global, o planeta Terra recebe radiação solar com diferentes níveis
de intensidade, a depender da latitude. As regiões mais próximas à latitude 0° (linha do Equador)
são mais quentes porque a radiação solar atinge a superfície terrestre de forma perpendicular,
de forma que existe um maior aporte de energia por unidade de área. Por outro lado, as regiões
mais próximas dos polos norte e sul (maiores latitudes) são mais frias pois a maior inclinação
(angulação) necessária para que os raios solares atinjam a superfície faz com que a mesma
quantidade de energia seja distribuída sobre uma área maior, o que resulta em menores níveis de
aquecimento (Figura 6).
As regiões tropicais do planeta (situadas entre as latitudes 23,5° norte e sul) costumam
Figura 6 - Variação latitudinal da radiação solar sobre a superfície terrestre. Fonte: Cain et al. (2018).
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Figura 7 - Experimento evidenciando que o sucesso de eclosão dos ovos da pardela-do-pacífico é altamente
influenciado pela temperatura. Fonte: Ricklefs (2008).
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O que tem ocorrido nos últimos tempos é que o incremento dos níveis destes gases
decorrentes das atividades humanas (Figura 8), com destaque ao setor industrial, de transportes,
e agropecuário, têm aumentado quantidade gerada de calor retido na atmosfera. Este fenômeno
de intensificação do efeito estufa é chamado de Aquecimento Global e tem sido responsável pelas
mudanças climáticas ao redor do mundo. Estes efeitos têm sido deletérios de diversas maneiras,
pois têm levado à problemas na produção de alimentos, catástrofes ambientais, além de afetar
muitas espécies promovendo alterações na sua distribuição geográfica, declínio populacional e
ameaça de extinção.
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O que acontece no planeta é que as regiões tropicais são áreas de baixa pressão atmosférica,
marcadas pela formação de massas ascendentes de ar quente que, ao encontrar a região de
fronteira entre a troposfera e a estratosfera, passam a de deslocar em direção aos polos norte e
sul. À medida que se afastam da linha do Equador alcançando maiores latitudes, passam a sofrer
resfriamento, levando à formação de massas de ar frio. Estas, por sua vez, se deslocam em direção
à superfície terrestre gerando subsidência e zonas de alta pressão atmosférica. Isto ocorre na
altura das latitudes 30° norte e 30° sul.
A alta subsidência nestas regiões dificulta a formação de nuvens e, por este motivo,
coincidem com as áreas do planeta nas quais são encontrados os maiores desertos do planeta,
como é o caso do famoso deserto do Saara. Especificamente, este movimento ascendente e
descendente gera um padrão de circulação atmosférica entre a latitude 0° e as latitudes 30° norte
e sul, formando as chamadas células de Hadley, em homenagem a George Hadley, meteorologista
inglês descritor do fenômeno. Além das células de Hadley, são formadas outras células de
circulação atmosférica em direção aos polos, como as células de Ferrell (em homenagem ao
meteorologista norte-americano William Ferrell) e as células polares (Figura 9).
Figura 9 - Padrão global de circulação atmosférica e sua influência na determinação de zonas climáticas da
Terra. Fonte: Cain et al. (2018).
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Figura 10 - Efeito Coriolis e a dinâmica de circulação dos ventos na Terra. Fonte: Cain et al. (2018).
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3 - CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
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Essa enorme quantidade de vapor de água formada sobre o bioma Amazônia que é
chamada de “Rios Voadores”. Esta massa de ar úmido segue em direção à Cordilheira dos Andes
(uma barreira com altitude média de cerca de 4000 metros), na qual é desviada para o sul da
América do Sul, provendo chuvas para a região centro-oeste, sudeste e sul do Brasil (Figura 11).
Estas chuvas são indispensáveis para setores fundamentais como o abastecimento urbano
de água, a geração de energia elétrica por meio de usinas hidrelétricas e a produção agrícola.
Muitos pesquisadores, inclusive, acreditam que algumas regiões brasileiras não são desérticas
graças aos rios voadores. Basta comparar outros países e continentes localizados na mesma
latitude. Na mesma latitude das regiões centro-sul do Brasil são encontrados o Deserto do
Atacama no Chile, o Deserto da Namíbia na África e o Deserto Australiana, que ocupa a maior
parte do território da Austrália. Neste sentido, é imprescindível reconhecer a importância do
bioma Amazônia, de modo que a floresta é um patrimônio incontestável, não somente pela sua
beleza e biodiversidade intrínsecos, mas também pela prestação de serviços ambientais de valor
incalculável para as atividades econômicas brasileiras.
Figura 11 - Processo de formação dos rios voadores. Fonte: Moss e Moss (2014).
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Figura 12 – A) Rocha calcária localizada no Estado de Indiana (E.U.A.); B) Caramujo marinho (Architec-
tonica sp.); e C) Coral (Meandrina meandrites), ambos formados por estruturas de carbonato de cálcio (CaCO3).
Fonte: St. John (2015); Hobgood (2009); Hobgood (2010).
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Ademais, existem bactérias que estabelecem relações simbióticas com algumas espécies
vegetais leguminosas, como é o caso de plantas como a soja e o feijão. Estas bactérias, pertencentes
ao gênero Rhizobium spp., vivem no interior das raízes destas plantas, o que resulta na formação
de nódulos radiculares facilmente vistos a olho nu. Ao converterem o N2 (forma molecular que a
planta não é capaz de utilizar) em NH3, estas bactérias maximizam a capacidade de aproveitamento
do nitrogênio, de forma que as leguminosas são caracteristicamente plantas que são mais bem-
sucedidas em solos pobres em nitrogênio quando comparadas à outras espécies vegetais que não
dispõem desta relação simbiótica.
A amônia livre no solo ou na água (doce e salgada) também está sujeita ao processo de
nitrificação, que é a conversão da amônia em nitrato (Figura 13). A nitrificação apresenta duas
etapas, a nitrosação e a nitratação. Na nitrosação, a amônia (NH3) é convertida em nitrito (NO2-),
que, por sua vez, é posteriormente transformado em nitrato (NO3-).
A nitrosação é realizada pelas bactérias Nitrosomonas spp. no ambiente terrestre e de água
doce, e por Nitrosococcus spp. em ambientes de água salgada. Já a nitratação é mediada pela ação
das bactérias do gênero Nitrobacter spp. em ambientes terrestres e de água doce e por Nitrococcus
spp. em água salgada (Figura X). Todas as bactérias participantes no processo de nitrificação são
chamadas, de forma geral, de bactérias nitrificantes.
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Conforme estes organismos morrem, eles passam a ocupar o fundo do corpo aquático, e
a decomposição realizada por microrganismos reduz a disponibilidade de oxigênio (via consumo
do oxigênio da água) levando o ambiente à hipóxia (baixa concentração de oxigênio) e até anoxia
(ausência de oxigênio) nos estratos mais profundos. Estas condições promovem alta mortalidade
de organismos, notavelmente de peixes.
Dessa forma, são sinais visuais comuns de eutrofização a água esverdeada (em função
da alta quantidade de algas) e, em ocasião mais avançada, a presença de peixes mortos à deriva
na superfície. Este processo de incremento exacerbado de nutrientes na água é chamado de
eutrofização.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
ECOLOGIA GERAL
BIOMAS TERRESTRES E
AMBIENTES AQUÁTICOS
PROF. DR. RAFFAEL MARCOS TÓFOLI
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 25
1 - BIOMAS TERRESTRES GLOBAIS ...................................................................................................................... 26
1.1. FLORESTA TROPICAL ........................................................................................................................................ 27
1.2. DESERTO ........................................................................................................................................................... 28
1.3. SAVANA .............................................................................................................................................................. 29
1.4. CHAPARRAL ...................................................................................................................................................... 30
1.5. CAMPO TEMPERADO ........................................................................................................................................ 31
1.6. FLORESTA DE CONÍFERAS .............................................................................................................................. 32
1.7. TUNDRA ............................................................................................................................................................. 33
2 - BIOMAS TERRESTRES BRASILEIROS ............................................................................................................. 34
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2.1. AMAZÔNIA ......................................................................................................................................................... 34
2.2. CERRADO .......................................................................................................................................................... 35
2.3. MATA ATLÂNTICA ............................................................................................................................................. 37
2.4. CAATINGA .......................................................................................................................................................... 37
2.5. PAMPA .............................................................................................................................................................. 38
2.6. PANTANAL ........................................................................................................................................................ 38
3 - AMBIENTES AQUÁTICOS .................................................................................................................................. 38
3.1. AMBIENTES DE ÁGUA DOCE ........................................................................................................................... 39
3.2. AMBIENTES DE ÁGUA SALGADA .................................................................................................................... 41
3.3. ESTUÁRIOS ....................................................................................................................................................... 44
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INTRODUÇÃO
A imensa amplitude de condições físicas e químicas ao longo do planeta Terra permitiu
o desenvolvimento de uma vasta gama de ecossistemas, tanto terrestres quanto aquáticos.
É fundamental a compreensão da distribuição geográfica e das características básicas dos
ecossistemas, uma vez que, estes ambientes comportam todas as interações biológicas e relações
ecológicas existentes entre as espécies, sejam estas de escala microscópica, como as algas
pertencentes ao fitoplâncton ou uma simples bactéria até aquelas espécies de grande porte, como
é o caso de algumas espécies arbóreas de tamanho imponente ou de grandes mamíferos.
Sob esta perspectiva, nesta Unidade serão apresentadas informações sobre os principais
biomas terrestres, bem como de ambientes aquáticos de água doce e salgada. O conteúdo desta
Unidade está baseado, especialmente, nas obras de Cain et al. (2018), Godefroid (2017), Reece et
al. (2015), Ricklefs (2003), Ricklefs (2008), além de informações disponibilizadas pelo Ministério
do Meio Ambiente. Bons estudos!
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Figura 2 - Distribuição geográfica global e formação estrutural das florestas tropicais. Fonte: Burkhardt
(2013); Reece et al. (2015).
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1.2. Deserto
A maior parte dos Desertos (Figura 3) do mundo apresenta distribuição próxima às latitudes
30° norte e 30° sul. Os desertos tratam-se se ambientes com taxa de precipitação extremamente
baixa (geralmente abaixo de 30 cm anuais). As temperaturas são altamente variáveis, ao longo
do ano e também no decorrer do dia, de modo que durante o dia as temperaturas são muito
altas, podendo ultrapassar os 50°C, ao passo que no período noturno podem ser registradas
temperaturas negativas (abaixo de 0°C).
A vegetação é escassa e em muitos desertos praticamente ausente. As espécies de plantas
predominantes são de pequeno porte e, boa parte, dotadas de especializações morfológicas e
fisiológicas contra dessecação, como é o caso de espécies de suculentas e cactos, as quais possuem
tecidos especializados em armazenamento de água.
O clima seco também exerce forte influência sobre a fauna local, a qual é constituída por
espécies altamente tolerantes à falta de água e temperaturas altas. Dessa forma, predominam
espécies de répteis, como serpentes e lagartos, insetos, escorpiões, além de algumas espécies de
aves e mamíferos.
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1.3. Savana
As Savanas (Figura 4) estão distribuídas em regiões equatoriais e, principalmente,
abaixo da linha do Equador (regiões subequatoriais). Neste bioma, as precipitações são escassas
e são comuns longos períodos (podem ser maiores do que nove meses) sem nenhuma chuva.
A temperatura média é alta (entre 25 a 30°C), porém com uma maior variabilidade quando
comparada à estabilidade térmica das florestas tropicais.
As savanas possuem uma alta biodiversidade. São constituídas predominantemente
por plantas arbustivas, herbáceas, e árvores esparsas de pequeno porte, geralmente com galhos
retorcidos. Em função do clima seco, as savanas estão frequentemente sujeitas à incêndios, uma
característica que acabou se tornando vantajosa para as espécies vegetais dominantes, as quais
são tolerantes ao fogo. Algumas espécies, inclusive, apresentam dependência do fogo para a
germinação de suas sementes, que apresentam um tegumento (revestimento) muito espesso e
dependente de escarificação (desgaste) térmica para que seja possível a emergência do embrião.
As espécies da fauna da savana africana são muito conhecidas mundialmente em função
da alta propagação pela mídia, além de, evidentemente, chamarem a atenção do ponto de vista
morfológico e comportamental. São comuns espécies de herbívoros de grande porte como os
elefantes, rinocerontes, girafas, gnus, zebras, antílopes, e os predadores como os leões, leopardos,
guepardos e hienas (estas últimas predominantemente carniceiras). Existe também um amplo
número de espécies de insetos, dentre os quais os cupins se destacam em termos de abundância.
Figura 4 - Distribuição geográfica global e formação estrutural das savanas. A) Sociedades de cupins; B)
Impala, zebras e girafas; C) Manada de elefantes africanos. Fonte: A) Francofranco56 (2007); B) Chadica (2009); C)
MonikaP (2017); Reece et al. (2015).
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1.4. Chaparral
O bioma Chaparral (Figura 5) apresenta distribuição limitada, ocupando algumas regiões
da América do Norte, Chile na América do Sul, Espanha e França na Europa, norte e sul da África,
e sudoeste da Austrália. As precipitações são sazonais, de forma que o período mais quente do
ano possui baixa precipitação e o período mais frio é marcado por mais chuvas.
Na maior parte do ano predominam temperaturas baixas (estações de outono, inverno e
primavera) em torno de 10 a 12°C, sendo que os períodos mais quentes do ano (verão) podem
registrar temperaturas superiores a 30°C. Quanto à fisionomia vegetal, predominam arbustos,
herbáceas e árvores de pequeno porte. Muitas espécies vegetais, de modo semelhante ao que
ocorre nas savanas, possuem adaptações ao fogo.
No que se refere à fauna, há uma alta diversidade de mamíferos de pequeno porte e,
dentre os de grande porte, é marcante a presença de cabras, veados e o coiote. Ainda, existem
várias espécies de aves (com destaque ao cuco do chaparral, ave que se tornou famosa devido ao
desenho “papa-léguas”), anfíbios, répteis e insetos.
Figura 5 - Distribuição geográfica global e formação estrutural do chaparral (A), com destaque à duas
espécies da fauna, o coiote (B) e o cuco do chaparral (roadrunner) (C). Fonte: A) Vieira (2009) / Reece et al. (2015);
B) Hauke (2010); C) Skeeze (2014).
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1.7. Tundra
A Tundra (Figura 8) é o bioma característico da região ártica. Em outras regiões do
planeta, situadas fora da região ártica, fatores climáticos semelhantes (alta incidência de ventos e
temperaturas baixas) aos do ártico são encontrados no topo de montanhas, o que resulta em uma
estrutura de vegetação característica da tundra. São as chamadas tundras alpinas. As temperaturas
raramente excedem os 10°C, mesmo no verão.
Na vegetação são raramente encontradas espécies arbóreas, as quais são sempre de
pequeno porte. Predominam espécies arbustivas e gramíneas, as quais passam boa parte do ano
abaixo da neve. Os liquens (associações simbióticas entre algas e fungos) também são muito
comuns e servem de alimento para várias espécies animais. Na fauna, destacam-se a rena, o boi
almiscarado, caribus, ursos, lobos e raposas.
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Todos estes biomas se enquadram na classificação geral, discutida há pouco, dos biomas
terrestres globais. Contudo, recebem nomenclaturas distintas em função de suas peculiaridades,
pois possuem características específicas no que se refere à composição de espécies vegetais e
animais, estado de conservação, bem como os serviços ambientais que beneficiam a população.
Vamos, a seguir, fazer uma breve descrição de cada um destes biomas.
2.1. Amazônia
A Amazônia é o maior bioma brasileiro, disposto sobre um território de aproximadamente
5,5 milhões de km². Este bioma é bastante reconhecido, nacionalmente e internacionalmente,
pela riqueza de seus recursos naturais como sua vegetação vasta e exuberante, sua ampla
diversidade de espécies e disponibilidade de água. As estimativas apontam a existência de mais
de 30 mil espécies plantas. Destas, cerca de 16 mil são espécies arbóreas, dentre as quais somente
227 espécies somam a metade de todas as árvores da Amazônia. Este fenômeno é chamado de
hiperdominância, ou seja, trata-se da dominância (em abundância) elevada de uma espécie ou de
um grupo de espécies (STEEGE et al., 2013).
A enorme quantidade de árvores de grande porte na Amazônia está diretamente
associada à formação de chuvas que precipitam sobre boa parte do território brasileiro. Trata-se
do fenômeno discutido na Unidade 1, chamado de “Rios Voadores”.
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2.2. Cerrado
O Cerrado abrange cerca de 22% do território nacional, constituindo-se como o
segundo maior bioma do Brasil. Basicamente, este é um bioma de savana (inclusive, conhecido
popularmente como “savana brasileira”) e, por este motivo, apresenta características climáticas
(temperatura e precipitação) e estrutura de vegetação compatíveis com o bioma de savana descrito
anteriormente. É interessante destacar também que neste bioma estão localizadas as nascentes
das bacias Amazônica, do São Francisco e do Prata, que são as três maiores bacias hidrográficas
do mundo.
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2.4. Caatinga
O bioma de Caatinga, distribuído especialmente na região Nordeste do Brasil, é
resultante de condições de baixa umidade e altas temperaturas. Tais fatores climáticos culminam
em um clima seco, que dificulta a colonização e estabelecimento de inúmeras espécies vegetais,
especialmente aquelas de grande porte.
Predominam, dessa forma, espécies de plantas arbustivas, árvores de pequeno porte e
plantas xerófitas, com tecidos especializados no armazenamento de água. Apesar de parecer que
este bioma não tenha muitos recursos a oferecer para a subsistência de espécies, são encontrados
muitos animais adaptados às suas condições.
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Para se ter uma ideia, segundo o Ministério do Meio Ambiente, a Caatinga abriga 178
espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221
abelhas. Este bioma também se encontra altamente impactado e já perdeu cerca da metade de
sua área original.
2.5. Pampa
Com o predomínio de vegetação de pequeno porte, especialmente gramíneas e formações
arbustivas, o Pampa, já citado anteriormente, enquadra-se como um bioma de campos temperados.
É o único bioma brasileiro restrito a apenas um Estado, tomando o centro sul do Rio Grande do
Sul.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a Pampa apresenta cerca de três mil
espécies vegetais, sendo alguns exemplos o capim-forquilha, flechilhas, a babosa-do-campo, o
trevo-nativo e o Nhavandaí. Na fauna, destacam-se espécies de aves como a ema (Rhea americana),
o sabiá-do-campo (Mimus saturninus) e o picapauzinho-chorão (Picoides mixtus – ameaçado de
2.6. Pantanal
O Pantanal é um bioma formado por planícies alagáveis, marcado pela sazonalidade das
chuvas. Estas demarcam o período de seca e de cheia. Com a escassez de chuvas, a delimitação
do grande número de lagoas é facilmente visualizada, de forma que os corpos aquáticos ficam
separados por faixas de terra de maior ou menor extensão.
Na época de chuvas abundantes, a elevação do nível de água dos corpos aquáticos resulta
na inundação de grandes trechos do ambiente terrestre, de forma que os rios e lagoas ficam
conectados sob uma grande quantidade de água. A oscilação dos níveis hidrométricos (altura da
coluna de água), determina um ambiente mais heterogêneo na seca e homogêneo na cheia.
A despeito de ser o menor bioma brasileiro, contempla uma elevada riqueza de espécies.
Dentre os animais vertebrados, avifauna (aves) detém a maior diversidade, com cerca de 463
espécies, seguida pela ictiofauna (peixes) com 263 espécies, herpetofauna (anfíbios e répteis) com
154 espécies e mastofauna (mamíferos) com 132 espécies. O tuiuiú é considerado a maior ave
voadora do Brasil e símbolo Pantanal.
3 - AMBIENTES AQUÁTICOS
Há ambientes aquáticos de água doce e de água salgada, sendo que estes últimos são,
naturalmente, muito mais abundantes no planeta. Dentre os ambientes de água doce, podemos
citar os riachos (também chamados de córregos e, regionalmente, de igarapés na Amazônia), rios
e lagos, enquanto os oceanos abrangem os ambientes de água salgada.
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Vale também considerar que em regiões estuarinas, trechos nos quais os rios desaguam
nos mares, ocorre certa mistura de água doce e água salgada, formando a água salobra. De acordo
com a Resolução N°357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), os ambientes de
água doce são aqueles cujas águas apresentam salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰ (0,5 partes por
mil), ambientes de água salgada possuem salinidade igual ou superior a 30 ‰, e ambientes de
água salobra têm salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰.
Figura 11 - Estrutura de uma bacia hidrográfica e a relação dos corpos aquáticos quanto à sua ordem.
Fonte: Cain et al. (2018).
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A zona pelágica perpassa todos os estratos verticais da coluna d’água do copo aquático,
desde a superfície à zona bentônica. Alguns organismos que vivem nesta região são componentes
do plâncton (como o fitoplâncton e o zooplâncton), os quais são seres microscópicos em suspensão
na coluna d’água. O fitoplâncton é constituído por algas microscópicas e fotossintetizantes que
ocupam especialmente a área de superfície para a captação de luz. Já o zooplâncton é integrado
principalmente por microcrustáceos, como cladóceros e copépodes, e por protistas, os quais
se alimentam basicamente do fitoplâncton e de outros microrganismos. No caso dos peixes, as
adaptações morfofisiológicas conferem maior habilidade natatória, quando comparada àqueles
da zona bentônica.
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A zona abissal está localizada a mais de dois mil metros de profundidade. Trata-se de uma
região com ausência completa de luz e de altíssima pressão. Contudo, a despeito destas condições
adversas, ainda é uma zona habitada por muitas espécies, boa parte das quais são desconhecidas
pela Ciência, uma circunstância associada à dificuldade de acesso para os estudos.
Sob completa escuridão, muitas espécies desenvolveram estratégias e estruturas
morfológicas ímpares na natureza, como órgãos bioluminescentes (que produzem luz própria)
utilizados para fins predação ou atração de parceiros para reprodução. Os peixes abissais, por
exemplo, são quase sempre carnívoros pois são raras outras fontes alimentares nesta região.
Ainda, estes peixes costumam ter dentes muito grandes e pontiagudos, uma adaptação evolutiva
que maximiza as chances de sucesso na obtenção de alimento, que é mais escasso e de difícil
captura.
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3.3. Estuários
Os estuários demarcam a região de transição entre o ambiente fluvial e marinho, ou seja,
estão nas áreas onde os rios deságuam no mar. O encontro entre água doce e a água salgada faz
com que as regiões estuarinas apresentem água salobra. As regiões estuarinas acumulam uma
alta carga de nutrientes e, por isso, apresentam uma elevada produtividade. De forma simples,
a correnteza na foz dos rios se choca com uma força opositiva gerada pela maré oceânica, o que
acaba reduzindo setorialmente a velocidade da água, maximizando os processos de decantação
de nutrientes, sedimentos e matéria orgânica. Este alto influxo de nutrientes acaba sustentando
uma grande diversidade de espécies, muitas das quais possuem um alto valor econômico e fazem
parte da atividade de subsistência de muitas famílias regionais.
Nas regiões de estuários ocorre tipicamente o que chamamos de florestas de Mangue
ou Manguezais. Estes são formados essencialmente por árvores que apresentam uma estrutura
radicular diferenciada. A alta carga de matéria orgânica nesses ambientes demanda uma alta
uma alta atividade microbiana para sua decomposição, o que, por sua vez, reduz drasticamente
os níveis de oxigênio do solo alagado. Em resposta, as espécies arbóreas desenvolveram raízes
aéreas que ficam expostas acima da superfície da água, com possuem adaptações para captação
de oxigênio atmosférico. Quanto à fauna, o mangue possui várias espécies de crustáceos, como
siris e caranguejos, peixes como o robalos e tainhas, moluscos como ostras e caramujos, anelídeos
como os teredos, dentre outros.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
ECOLOGIA GERAL
ECOLOGIA DE COMUNIDADES
PROF. DR. RAFFAEL MARCOS TÓFOLI
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 47
1 - DIVERSIDADE ALFA, BETA E GAMA .................................................................................................................. 48
2 - ÍNDICES DE DIVERSIDADE ............................................................................................................................... 49
3 - SUCESSÃO ECOLÓGICA ..................................................................................................................................... 51
4 - A ESTRUTURA DAS COMUNIDADES BIOLÓGICAS ......................................................................................... 53
5 - INTERAÇÕES BIÓTICAS .................................................................................................................................... 57
5.1. SOCIEDADES E COLÔNIAS .............................................................................................................................. 58
5.2. MUTUALISMO .................................................................................................................................................. 59
5.3. INQUILINISMO E EPIFITISMO ....................................................................................................................... 60
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5.4. COMENSALISMO .............................................................................................................................................. 61
5.5. PREDAÇÃO E CANIBALISMO .......................................................................................................................... 62
5.6. COMPETIÇÃO ................................................................................................................................................... 67
5.7. AMENSALISMO E ALELOPATIA ...................................................................................................................... 68
5.8. PARASITISMO E PARASITOIDISMO .............................................................................................................. 69
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Ao longo de milhões de anos, o processo evolutivo moldou o surgimento de inúmeras
espécies, no entanto, muitas foram perdidas em eventos de extinção natural e, de modo muito
mais acelerado, em extinções de origem antrópica. Cada espécie possui um valor intrínseco, o
que significa que independentemente da interpretação de suas atribuições, segundo a percepção
humana, cada organismo tem o direito inerente à vida. Além disso, as espécies estabelecem
relações complexas entre si e exercem influência direta sobre a dinâmica dos ecossistemas.
Ademais, os seres humanos são amplamente beneficiados por serviços ambientais prestados pelas
espécies, como a polinização – que é fundamental para a produção de alimentos –, a provisão
de subprodutos para a produção de fármacos, a formação de chuvas e a própria produção do
oxigênio atmosférico por meio da fotossíntese.
Nesta unidade, será dada ênfase às características das comunidades biológicas que, por
definição, referem-se a um conjunto de espécies (de diferentes populações) que habitam em uma
determinada área, em um dado intervalo de tempo. Neste contexto, o conceito de biodiversidade
está fortemente atrelado às comunidades biológicas, de modo que o entendimento destas
é primordial para a conservação da diversidade biológica em todas as suas nuances e para a
consolidação de uma sociedade pautada na sustentabilidade. As informações apresentadas nesta
Para saber mais a respeito da importância da biodiversidade e como ela está sen-
do afetada, assista ao vídeo: O Clima e a Biodiversidade. 2016.
Disponível em: <https://youtu.be/XNY8UyKfTJg>.
Acesso em: 12 ago. 2018.
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2 - ÍNDICES DE DIVERSIDADE
Para uma avaliação mais acurada da diversidade das comunidades biológicas, são
utilizados índices de diversidade, de modo que alguns não consideram somente a quantidade
de espécies (riqueza de espécies) em um determinado local ou região, mas também ponderam a
forma, como o fato de como as abundâncias (número de indivíduos) de cada uma das espécies
está distribuída da comunidade. É o que chamamos de equitabilidade (Figura 2).
Figura 2 – A diversidade, expressa pela riqueza de espécies e equitabilidade. Fonte: Reece (2015).
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Tabela 1 – Representação do cálculo do Índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) para uma comuni-
dade biológica hipotética composta pelas espécies 1, 2, 3, 4 e 5. N = abundância. Fonte: o autor.
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Para saber a equitabilidade de uma comunidade, basta utilizar a seguinte fórmula: E = H’/
logS, em que E = equitabilidade, H’ = Índice de diversidade de Shannon-Wiener e S = riqueza de
espécies. Considerando que a riqueza da comunidade biológica, retratada anteriormente, é de 5
espécies, o cálculo da equitabilidade seria: E = 1,387/log5 = 1,387/0,6989 = 1,984.
O índice de diversidade de Simpson (Ds) apresenta cálculo mais simplificado (Tabela 2),
por meio da fórmula:
Em que,
Ds = O valor do índice de diversidade de Simpson
pi = a proporção da i-ésima espécie
s = número de espécies na comunidade (riqueza de espécies)
3 - SUCESSÃO ECOLÓGICA
A sucessão ecológica refere-se ao processo de formação de uma comunidade biológica ao
longo do tempo (Figura 3). Imagine um ambiente terrestre inóspito, ainda não colonizado. O solo
deste local, por exemplo, apresenta características favoráveis ao estabelecimento de determinadas
espécies vegetais. As primeiras espécies a colonizar uma determinada área são chamadas de
espécies pioneiras e tendem a apresentar algumas características peculiares. Em geral, gostam
de luz, são tolerantes a baixos níveis de umidade, assim como sobrevivem em solos com menor
disponibilidade de nutrientes.
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5 - INTERAÇÕES BIÓTICAS
As interações bióticas são relações ecológicas estabelecidas entre organismos na
natureza. Estas interações podem ser intraespecíficas – que ocorrem entre entre indivíduos
pertencentes a mesma espécie – ou interespecíficas – são aquelas existentes entre indivíduos de
espécies diferentes. As interações bióticas (intraespecíficas ou interespecíficas) são, por sua vez,
subdivididas em harmônicas – aquelas em que os organismos envolvidos não são prejudicados
sob nenhum aspecto, ou seja, ou a relação será benéfica ou não exercerá influência sobre o
organismo (será neutra) – e desarmônicas – são aquelas em que ao menos um dos organismos
envolvidos será prejudicado. Não é incomum que estas interações sejam representadas por sinais
que identificaquem a situação de cada um dos organismos da interação, como benefício (+),
prejuízo (-) ou neutralidade (0). Por exemplo, em uma interação biótica de predação, o predador
é evidentemente beneficiado (+) e a presa prejudicada (-). Neste caso, a interação é representada
da seguinte maneira: (+/-).
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As colônias (Figura 10) são, muitas vezes, confundidas com as sociedades. A principal
diferença entre estas interações bióticas reside no fato de que os indivíduos de uma colônia são
conectados anatomicamente, enquanto que na sociedade, cada indivíduo é livre. Para entender
melhor, são exemplos de colônias as espécies de corais formadas por unidades denominadas
pólipos, que têm uma capacidade individualizada de alimentação, de modo que os nutrientes são
dirigidos a todos os indivíduos da colônia. Outro bom exemplo de colônia é a caravela-do-mar
ou caravela-portuguesa, um cnidário flutuante similar a uma água viva; este animal tem pólipos
que apresentam morfologias e funções distintas, por exemplo, existem pólipos de alimentação
chamados de gastrozooides, pólipos reprodutivos chamados de gonozooides e pólipos de defesa
denominados dactilozooides.
Colônias, como as dos corais têm indivíduos que possuem morfologia e funções
semelhantes, são chamadas de homeomórficas. Já as colônias como as da caravela-portuguesa
são chamadas de heteromórficas.
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5.2. Mutualismo
O mutualismo é uma interação interespecífica harmônica em que ambos os organismos
envolvidos são mutuamente beneficiados (+/+). Existem interações de mutualismo obrigatórias,
de modo que as espécies precisam estar juntas para sobreviverem, como no caso do mutualismo
facultativo, em que as espécies conseguem sobreviver caso sejam separadas. Dentre os exemplos
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Figura 11 – Exemplo de inquilinismo com o peixe- pérola e o pepino-do-mar. Fonte: Coad (1912);
BMacZeroBot (2015).
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O epifitismo (Figura 12) é similar ao inquilinismo. Porém, ao invés de uma das espécies
servir como abrigo, a sua função é dar suporte estrutural ou servir de apoio para outra espécie.
Esta interação ecológica é bastante típica de espécies vegetais, que são denominadas plantas epífitas,
que utilizam, em geral, os galhos mais altos do dossel de espécies arbóreas como suporte para
seu estabelecimento, visando alcançar um melhor aproveitamento da radiação solar (para a
fotossíntese), que é mais escassa em estratos inferiores de florestas. As orquídeas e bromélias
são exemplos clássicos de plantas epífitas. É importante destacar que estas plantas não afetam de
nenhuma forma as espécies arbóreas sobre as quais encontram suporte.
5.4. Comensalismo
O comensalismo é uma interação interespecífica harmônica em que uma espécie é
beneficiada, enquanto que para outra não há benefícios ou prejuízos (+/0). Basicamente, uma das
espécies desta interação ecológica se beneficia da relação, aproveitando resquícios alimentares
para o seu sustento. Esta espécie é chamada de comensal. Um exemplo clássico de comensalismo
é o que ocorre com o peixe-piloto (também chamado de rêmora) e algumas espécies de
tubarão (Figura 13). O peixe-piloto apresenta uma nadadeira dorsal modificada em ventosa,
uma adaptação morfológica que lhe permite se fixar ao corpo de tubarões, em uma posição,
geralmente, próxima à boc,a a fim de aproveitar os restos alimentares remanescentes das presas
capturadas pelo tubarão.
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Figura 13 – Interação biótica de comensalismo entre tubarão e rêmora (peixe-piloto). Fonte: Jones (2012).
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Outro aspecto importante sobre a interação de predação foi o chamado modelo de interação
predador-presa de Lotka-Volterra (Figura 17), cunhado originalmente pelos pesquisadores
Alfred Lotka e Vito Volterra. Este modelo descreve a flutuação temporal das abundâncias de
predadores e presas, mostrando que as oscilações são interdependentes e seguem um padrão
repetitivo ao longo do tempo. O primeiro estudo sobre o tema foi realizado com dados temporais
extensos e as inferências sobre as abundâncias dos predadores e presas (O lince e a lebre-das-
neves) foram feitas a partir do registro histórico de peles destes animais, resultantes da caça.
Os dados foram utilizados para a descrição do modelo, cujas características são didaticamente
divididas em quatro etapas sequenciais: 1) o aumento da abundância dos predadores leva ao
declínio da abundância das presas; 2) o declínio da abundância das presas gera falta de alimento
para os predadores que, consequentemente, apresentam redução de sua abundância; 3) a redução
da abundância dos predadores favorece o crescimento populacional das presas; 4) o aumento da
abundância das presas incrementa a oferta de alimento aos predadores que, por isso, têm sua
abundância aumentada.
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5.6. Competição
A competição pode ser intraespecífica ou interespecífica e é considerada uma interação
biótica desarmônica. A competição pode ocorrer por diversos motivos, como a disputa por
alimento, território, áreas relacionadas à reprodução, abrigos, fêmeas para cópula, entre outros. Esta
interação ecológica é fundamental para o processo adaptativo e evolutivo das espécies, uma vez
que, diante da competição, os melhores competidores serão aqueles indivíduos que irão persistir,
reproduzir para transmitir suas características às próximas gerações. Deste modo, a competição é
um mecanismo fortemente correlacionado ao processo de seleção natural (sobrevivência do mais
apto), preconizado por Charles Darwin.
A despeito de sua importância evolutiva, a competição por recursos, de uma forma ou de
outra, irá acarretar em efeitos negativos sobre os indivíduos envolvidos, uma vez que a energia
investida no processo competitivo poderia ser poupada na ausência desta interação. Outro ponto
importante é de que é fundamental compreender que a competição só ocorrerá quando o recurso
disputado for escasso, não somente pelo simples fato de dois indivíduos estarem buscando o
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Figura 18 – O experimento de Georgy Gause e o Princípio de Exclusão Competitiva. Fonte: Ricklefs (2008).
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
ECOLOGIA GERAL
ECOLOGIA DE POPULAÇÕES
PROF. DR. RAFFAEL MARCOS TÓFOLI
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 73
1 - MODELO EXPONENCIAL DE CRESCIMENTO POPULACIONAL .................................................................... 74
2 - MODELO LOGÍSTICO DE CRESCIMENTO POPULACIONAL .......................................................................... 78
3 - MODELO DE CRESCIMENTO POPULACIONAL COM ESTRUTURAÇÃO ETÁRIA .......................................... 83
3.1. FECUNDIDADE .................................................................................................................................................. 84
3.2. PERFIL DE SOBREVIVÊNCIA .......................................................................................................................... 85
3.3. PROBABILIDADE DE SOBREVIVÊNCIA .......................................................................................................... 85
3.4. CURVAS DE SOBREVIVÊNCIA ......................................................................................................................... 86
3.5. TAXA REPRODUTIVA LÍQUIDA ........................................................................................................................ 87
3.6. TEMPO DE GERAÇÃO ...................................................................................................................................... 88
4 - PRINCIPAIS IMPACTOS SOBRE AS POPULAÇÕES ........................................................................................ 89
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INTRODUÇÃO
As populações naturais são definidas como o conjunto de indivíduos pertencentes à
mesma espécie, que habitam um determinado local em um dado intervalo de tempo. É muito
importante compreender os mecanismos relacionados ao crescimento das populações na natureza,
para que seja possível estudar atributos relacionados ao seu desenvolvimento, como a sua taxa
de crescimento, previsões do seu tamanho em tempos futuros, número médio de descentes
esperados a cada ano, entre outros. Todas essas métricas são fundamentais para a conservação
efetiva das populações. Além destas informações, você também conhecerá um pouco a respeito
dos principais impactos sobre as populações na natureza. As informações apresentadas nesta
Unidade estão baseadas, especialmente, nas obras de Gotelli (2009), Reece (2015) e Ricklefs
(2003). Bons estudos!
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✓ B = número de nascimentos.
✓ D = número de mortes.
✓ I = número de novos imigrantes que entraram na população.
✓ E = número de emigrantes que deixaram a população.
Considere que o tamanho populacional no tempo t é expresso como Nt. Por exemplo,
N1 significa o tamanho populacional no tempo 1. Quando estudamos o crescimento de uma
população, precisamos saber o quanto ela aumentou em certo intervalo de tempo, por exemplo,
entre os tempos t1 e t2, ou seja, entre os tempos t e t + 1 . Sob esta perspectiva, tem-se:
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Considere que a subtração entre a taxa de natalidade (b) e a taxa de mortalidade (d) é
igual à taxa de crescimento instantânea (r). Substituindo na equação, tem-se:
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ENSINO A DISTÂNCIA
,em que:
Note que quanto maior o r (taxa de crescimento intrínseca da população), menor será o
tempo necessário para que o tamanho da população seja duplicado. Veja a Tabela 1:
Tabela 1 – Exemplos de espécies, sua taxa de crescimento intrínseco (r) e tempo de duplicação (tdobro).
Fonte: o autor.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Existem variações no modelo exponencial, uma vez que algumas populações naturais
não possuem crescimento contínuo, mas um crescimento discreto. Em certos casos, como os
de alguns insetos em ambientes sazonais ou plantas anuais de desertos, ocorre apenas uma
reprodução e depois a morte dos indivíduos. A prole que sobrevive será a base da população do
próximo ano.
A equação Nt= λtN0 (modelo exponencial discreto) é similar a equação Nt=N0 ×ert (modelo
exponencial contínuo). Com base na comparação de ambas, (especialmente os termos ert e λt,
podemos afirmar que er=λ. Assim, r=ln(λ), ou seja, a taxa de crescimento intrínseco da população
é ao logaritmo da razão do tamanho populacional no próximo tempo e do tempo presente. De
modo similar ao que ocorre no modelo exponencial contínuo, é possível realizar as seguintes
interpretações no modelo exponencial discreto:
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ENSINO A DISTÂNCIA
Na Figura 2, note que o crescimento populacional não é ilimitado como ocorre no modelo
exponencial, mas se estabiliza à medida que a população cresce com o passar do tempo, ou seja,
é denso-dependente.
Para compreender melhor o modelo logístico, observe o significado dos seguintes
parâmetros:
✓ N = tamanho da população
✓ b' = taxa de natalidade per capita
✓ d' = taxa de mortalidade per capita
✓ b = taxa de natalidade em condições ideais (recursos ilimitados)
✓ d = taxa de mortalidade em condições ideais (recursos ilimitados)
✓ a e c = constantes que medem a força de denso-dependência, ou seja, medem o
quanto a densidade populacional influencia o crescimento populacional.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Assim, quanto maior o tamanho da população (N), menor é a taxa de natalidade (b') e
maior é a taxa de mortalidade (d'). Existem algumas exceções a esta regra na natureza, como é
o caso de espécies que são mais bem-sucedidas quando estão em grupos maiores. Por exemplo,
predadores como os cachorros do mato e os lobos aumentam as suas chances de captura de presas
e obtenção de alimento, quando os grupos/ bandos têm muitos indivíduos, já que a presa obtida
é compartilhada. Espécies de mamíferos herbívoros de grande porte são geralmente beneficiadas
pelo incremento de indivíduos em suas populações, pois aumentam as chances de escape de
predadores, a probabilidade de encontrar regiões com maior abundância de vegetação para
pastejo e, o cuidado com a prole. Deste modo, note que nestes exemplos o aumento da densidade
populacional implica no aumento das taxas de natalidade (b') e redução das taxas de mortalidade
(d'). Esta circunstância na natureza é chamada de Efeito de Allee (Figura 3).
Rearranjando os termos:
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Note que parte da equação (dN⁄dt = rN) expressa exatamente a equação do modelo
populacional de crescimento exponencial. Contudo, como o modelo de crescimento logístico
considera a influência da densidade populacional, considera-se que o crescimento é dependente
da porção não utilizada da capacidade de suporte [1- N⁄K], ou seja, o quanto os recursos ambientais
(exemplo: quantidade de alimento disponível, espaço disponível, etc.) são capazes de sustentar.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Sob esta perspectiva, note que quando o tamanho populacional é menor do que a
capacidade de suporte (N<K), o resultado é aumento populacional. Em contrapartida, quando
o tamanho populacional é maior do que a capacidade de suporte (N>K), ocorre declínio
populacional. Neste sentido, poderíamos fazer as seguintes perguntas: quando uma população
vai parar de crescer (dN⁄dt = 0)? Ou quando uma população vai parar de declinar? A resposta para
ambas é a seguinte: quando o tamanho populacional for igual a capacidade de suporte (N=K).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Vamos supor que K=200 e que N=200, observe as etapas da resolução da equação:
O crescimento populacional também será nulo nos casos em que a taxa de crescimento
intrínseco for nula (r=0), ou quando o tamanho populacional for igual a zero (N=0). De modo
geral, o modelo logístico evidencia que as populações naturais alcançam os seus maiores níveis de
crescimento (crescimento à taxa máxima) quando o número de indivíduos (N) é igual à metade
da capacidade de suporte (K), ou seja, quando N= K⁄2. Para fins de comparação dos modelos de
crescimento populacional exponencial e logístico, observe a representação gráfica na Figura 4.
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✓ fi : Indivíduos da classe etária i, ou seja, entre as idades i-1 e i. Por exemplo, f3 é uma
referência aos indivíduos da classe etária 3, situada entre as idades 2 e 3 (Figura 5). A classe etária
é uma medida discreta que inclui indivíduos com idades ligeiramente diferentes.
Figura 5 – Representação das classes etárias (fi ) e a sua relação com a idade (x) dos indivíduos da popula-
ção. Fonte: o autor.
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3.1. Fecundidade
Nos modelos de crescimento estruturados por idade, também é muito importante
considerar a fecundidade, que é definida como o número médio de descendentes produzidos,
na unidade de tempo, por uma fêmea de uma idade específica. A taxa de fecundidade per capita
(por indivíduo), para fêmeas, é representada por b(x). Por exemplo, b(2)=3, significa que uma
fêmea com idade 6 produz, em média, três descendentes por ano (observe a Tabela 2). Existem
dois tipos básicos de classificação das espécies quanto à sua fecundidade: espécies semelparas
– espécies em que o organismo se reproduz somente uma vez durante toda a sua vida – ou
iteroparas – são aquelas que se reproduzem repetidamente ao longo da vida.
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De acordo com o resultado, existe 50% de chance de que um indivíduo de idade 1 ainda
esteja vivo na idade 2.
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✓ Se R0<1: a mortalidade é tão grande que a população não consegue repor a si mesma e
ela declinará rumo a extinção.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Uma vez obtidos os valores da taxa reprodutiva líquida (R0) e do tempo de geração (G),
é possível calcular a taxa intrínseca de crescimento populacional (r) do modelo de crescimento
com estruturação etária, cuja equação é:
= 0,718 indivíduos/indivíduo.ano
O resultado indica que, a cada ano, há um crescimento populacional a uma taxa de 0,718
indivíduos para cada indivíduo da população.
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ENSINO A DISTÂNCIA
De modo geral, o impacto do desmatamento, por si só, gera uma ampla mortalidade de
indivíduos e reduz os tamanhos das populações. Os pequenos grupos de indivíduos em cada
um dos fragmentos florestais representam apenas uma parcela da representatividade genética
da população original (com muitos indivíduos). Por este motivo, afirmamos que as populações
remanescentes dos impactos antrópicos sofrem redução da variabilidade genética. Este é um
evento denominado Efeito Gargalo de Garrafa (Figura 8). Neste efeito, a garrafa representa um
ambiente em que há uma população cujos indivíduos são representados por bolinhas coloridas,
cujas cores ilustram a variabilidade genética. Ao virar garrafa, apenas algumas bolinhas irão
conseguir atravessar o gargalo (que representa a fonte de impacto), sendo que nem todas as cores
estarão nas bolinhas restantes, ou seja, os indivíduos remanescentes da população original terão
menor variabilidade genética.
Figura 8 – Efeito gargalo de garrafa. Note que a população sobrevivente ao impacto (representado pelo
gargalo) possui menor variabilidade genética (representada pelas cores) em relação a população original. Fonte:
OpenStax, Rice University (2016).
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Figura 9 – Efeito de borda e a extensão (distância em metros) dos seus impactos. Fonte: Cain (2018).
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Uma vez introduzidas, as espécies que persistem no novo habitat costumam ter
características oportunistas e serem amplamente competitivas. Os maiores impactos gerados
pelas espécies introduzidas são a predação exacerbada de indivíduos nativos (nos casos
que em que a espécie não-nativa é predadora), a competição por recursos ambientais (como
abrigo, locais para nidificação e alimento), a alteração de habitat (no caso de espécies que
modificam as características originais do ambiente no qual foram introduzidas), a introdução
de novos patógenos e parasitas (por exemplo, muitas espécies introduzidas carregam consigo
microrganismos e parasitas associados a doenças que ocorriam no ambiente anteriormente), e a
alteração genética (por exemplo, quando há a reprodução da espécie não-nativa com uma espécie
nativa congênere e isso resulta na formação de um híbrido). Além disso, as espécies invasoras
podem causar impactos sociais, culturais e econômicos (Tabela 6).
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