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LÓGICA TRADICIONAL

PROF. FÁBIO BERTATO


Dr. Roberto Cezar de Oliveira
REITOR

Reitor:
Dr. Roberto Cezar de Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do
Nascimento
Diretoria EAD:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à Prof.a Dra. Gisele Caroline
UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
Novakowski
Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates
para reflexão: “a vida sem desafios não vale a
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
pena ser vivida.”
Diagramação:
Cada um de nós tem uma grande Edson Dias Vieira
responsabilidade sobre as escolhas que Thiago Bruno Peraro
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida
acadêmica e profissional, refletindo diretamente Revisão Textual:
em nossa vida pessoal e em nossas relações Camila Cristiane Moreschi
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade
é exigente e busca por tecnologia, informação
Danielly de Oliveira Nascimento
e conhecimento advindos de profissionais que Fernando Sachetti Bomfim
possuam novas habilidades para liderança e Luana Luciano de Oliveira
sobrevivência no mercado de trabalho. Patrícia Garcia Costa
De fato, a tecnologia e a comunicação têm
Renata Rafaela de Oliveira
nos aproximado cada vez mais de pessoas,
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
Produção Audiovisual:
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Adriano Vieira Marques
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Márcio Alexandre Júnior Lara
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, Osmar da Conceição Calisto
capaz de formar cidadãos integrantes de uma
sociedade justa, preparados para o mercado de Gestão de Produção:
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
Cristiane Alves
Que esta nova caminhada lhes traga muita
experiência, conhecimento e sucesso.

© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
LÓGICA TRADICIONAL

O QUE É LÓGICA

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................5
1 APLICAÇÃO DA LÓGICA..............................................................................................................................................6
2 TERMO E PROPOSIÇÃO............................................................................................................................................6
3 PROPOSIÇÕES MODAIS............................................................................................................................................ 7
3.1 PROPOSIÇÃO NECESSÁRIA................................................................................................................................... 7
3.2 PROPOSIÇÃO CONTINGENTE................................................................................................................................8
3.3 PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS..............................................................................................................................8
3.4 PROPOSIÇÃO SIMPLES OU COMPLEXA..............................................................................................................8
4 CARACTERÍSTICAS DAS PROPOSIÇÕES.................................................................................................................9
4.1 QUANTIDADE...........................................................................................................................................................9
4.2 QUALIDADE..............................................................................................................................................................9

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4.3 MODALIDADE..........................................................................................................................................................9
4.4 VALOR..................................................................................................................................................................... 10
5 FORMAS PROPOSICIONAIS: A E I O....................................................................................................................... 10
6 QUADRADO DAS OPOSIÇÕES.................................................................................................................................. 12
7 LÓGICA E O RACIOCÍNIO FILOSÓFICO.................................................................................................................... 13
8 INFERÊNCIA.............................................................................................................................................................. 13
9 SILOGISMO................................................................................................................................................................ 14
10 A INDUÇÃO............................................................................................................................................................... 15

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INTRODUÇÃO

Na visão contemporânea, a Lógica é considerada como o estudo das inferências e das


relações inferenciais. Uma inferência é válida quando, a partir de premissas verdadeiras, obtém-
se uma conclusão verdadeira, com grau de certeza ou possibilidade.
Dentre as inferências, destacam-se as deduções. Nessa acepção, interessam à Lógica
os sistemas dedutivos dos mais variados tipos. Uma importante característica da Lógica
Contemporânea é o fato de ser essencialmente simbólica, de modo a ter um caráter mais
matemático. Daí o seu surgimento no final do século XIX e início do século XX, quando era
chamada de Lógica Simbólica ou Lógica Matemática.
O conceito clássico de Lógica é, por outro lado, muito mais abrangente. Na perspectiva
tradicional, entende-se a Lógica como a arte racional ou, como define Tomás de Aquino, lógica
é “[...] a arte que dirige o próprio ato da razão, quer dizer, pela qual o ser humano pode proceder
no próprio ato da razão, com ordem, com facilidade e, sem erros” (AQUINO, 2007).
Segundo a clássica definição de ser humano, o homem é o animal racional. Assim, é próprio
da natureza do homem dirigir-se pela razão. Isso não quer dizer que todas as escolhas e ações
humanas sejam totalmente racionais. Apenas estabelece uma verdade fundamental: no exercício

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da sua natureza própria, o ser humano distingue-se dos demais animais por sua racionalidade.
No entendimento tradicional, portanto, para exercer plenamente tal natureza, o ser humano deve
guiar-se pela arte racional ou lógica. É sobre essa lógica tradicional que trataremos neste curso.

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1 APLICAÇÃO DA LÓGICA

A Lógica Tradicional é considerada uma ciência e uma arte. Ciência no que diz respeito
a seus conteúdos. Arte no que diz respeito a suas prescrições. É, assim, a arte ou ciência do
pensamento racional ou do raciocínio, especialmente do raciocínio dedutivo. Investiga-se na
Lógica em quais condições é possível inferir uma verdade a partir de outras verdades já conhecidas.
Para progredir no conhecimento da verdade, o ser humano emprega o discurso. Na Lógica,
emprega-se um tipo especial de análise do discurso: a análise lógica. Assim, podemos e devemos
aplicar a Lógica a qualquer campo que possua um discurso racional, que contenha sentenças que
se pretendam verdadeiras (proposições). Tal é o caso da Filosofia. Para filosofar, raciocinamos.
O raciocínio é exposto em argumentos. Os argumentos compõem um discurso. Nada disso pode
ser efetuado sem a Lógica. Portanto, a Lógica é fundamental para o fazer filosófico.
Para que a Lógica possa ser aplicada a um discurso, precisamos determinar quais são os
termos básicos de tal discurso. A partir dos termos considerados primitivos, podemos definir
outros termos. Tais termos formam as proposições do discurso. Por sua vez, as proposições
formam um argumento. Esses elementos são, portanto, essenciais para a possibilidade de se
efetuar a análise lógica de um discurso.

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2 TERMO E PROPOSIÇÃO

Em um discurso particular, empregam-se termos próprios e termos comuns a outros


discursos. Em Metafísica, por exemplo, alguns termos próprios são “ser”, “ato”, “substância”,
“necessário”, “contingente” etc. Mas, em um discurso metafísico, podem ser utilizados termos
comuns a outros discursos, tais como “homem”, “universo”, “igual”, “diferente”, “si”, “mesmo”
etc. Podemos dizer que os termos são as contrapartidas linguísticas de conceitos. Assim, um
conceito (que pode ser considerado como um objeto mental ou abstrato) é representado ou
comunicado por um termo. Um conceito é algo que captura a “essência” comum de algumas
coisas ou é simplesmente construído por “convenção”. Empregaremos “termo” e “conceito” de
forma indiscriminada neste texto, pois “termo” pode ser considerado um conceito linguístico, e
“conceito”, um termo mental.
Como mencionado, em todo discurso, alguns termos são primitivos e outros são definidos.
Alguns termos sempre devem ser assumidos como primitivos, por ser impossível um regresso
infinito nas definições de todos os termos. Os termos primitivos devem ser considerados como
“intuitivos” ou “básicos”. A partir deles, podemos definir termos mais complexos. Por exemplo,
o termo “homem” é, por definição, idêntico ao termo complexo “animal racional”, que emprega
dois termos em sua composição.
Todo termo possui uma extensão e uma intensão (ou compreensão) - não confundir com
o termo “intenção”. A extensão de um termo é o conjunto de todos os elementos aos quais o
conceito correspondente convém. A compreensão de um termo é, por sua vez, o conjunto de
todos os atributos comuns a todos os elementos da extensão, que constituem o significado do
termo. Por exemplo, na extensão do termo “homem” (= “ser humano”) estão todos os indivíduos
aos quais convém serem chamados de homens, ou seja, todos os animais racionais. Sócrates,
Aristóteles, Teresa D’Ávila e a Rainha Elisabeth pertencem à extensão do termo “homem”.

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A Torre de Pisa, um copo, um cachorro, por sua vez, não pertencem à extensão do termo
“homem”. Na intensão do termo “homem”, devem estar todos os atributos ou qualidades comuns
a todos os seres humanos, tais como os atributos “ser”, “vivo”, “racional”, “animal” etc., mas não
os atributos “canino”, “alado”, “branco” e “magro”. Os últimos dois atributos podem pertencer
às características de alguns seres humanos, mas, como não são comuns a todos, não estão na
intensão do termo “homem”.
A partir de dois ou mais termos, é possível afirmar ou negar a conveniência entre eles. Tal
relação pode ser estabelecida por meio de uma proposição. Uma proposição é uma sentença que
admite valor verdadeiro ou falso e que expressa um juízo. Uma proposição é formada por sujeito
(S), cópula (expresso pelo verbo “ser”) e predicado (P). Consideremos a seguinte proposição:

O homem é animal.

Tal sentença expressa um juízo de que o termo “animal” convém ao termo “homem”. Em
tal proposição, o sujeito é “homem”, o predicado é “animal”, e a cópula é expressa por “é”.
Uma proposição é verdadeira se corresponder à realidade que descreve ou falsa, caso
contrário. Assim, a sentença “O homem é animal” é uma proposição verdadeira.
Pode ocorrer que uma proposição não tenha a cópula explícita, mas toda proposição pode
ser reescrita a fim de explicitá-la. Por exemplo, a sentença “A menina canta” é uma proposição que
também pode ser expressa por “A menina é aquela que está cantando”, com a cópula (expressa

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pelo verbo “ser”) explicitada.

3 PROPOSIÇÕES MODAIS

Uma proposição é dita modal se afirmar o modo da relação entre seus termos. Uma
proposição modal afirma explicitamente se a relação é necessária ou contingente.

3.1 Proposição Necessária


As proposições necessárias expressam relações entre os termos e que não poderiam não
ser satisfeitas.
Exemplos:

I. Devemos manter nossas ações, resoluções e desejos em harmonia com nossas crenças
morais.
II. Dois corpos distintos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.
III. Coisas iguais a uma mesma coisa são necessariamente iguais entre si.

A proposição (I) apresenta uma necessidade moral, ou seja, uma necessidade normativa
para um agente livre. Leis ou imperativos, se apresentados na forma proposicional, podem ser
considerados como necessidades morais.
A proposição (II) estabelece uma necessidade física, ou seja, uma necessidade baseada
nas leis da natureza.
A proposição (III) expressa uma necessidade metafísica, ou seja, uma relação que não
poderia ser de outra maneira, inconcebível, contraditória ou impossível.

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3.2 Proposição Contingente


As proposições contingentes expressam relações entre os termos e que poderiam não
ser satisfeitas. Uma proposição não necessária é uma proposição contingente. Estabelece, desse
modo, a possibilidade da relação.
Exemplos:

I. Um gato pode ser preto.


II. Fora do nível do mar, é possível a água ferver a 100º C.
III. É uma possibilidade um triângulo ser isósceles.

3.3 Proposições Categóricas


Uma proposição que afirma uma relação entre seus termos, mas não expressa o modo de
tal relação, é dita categórica. Uma proposição categórica não nega nem afirma a necessidade ou
possibilidade da relação entre os seus termos. Assim, se uma proposição não for modal, então,
ela é categórica. Basicamente, uma proposição categórica expressa apenas se o sujeito “é” ou “não
é” o que o predicado significa.

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Exemplos:

I. Todo homem é mortal.


II. Nem todo cisne é branco.
III. Pedro não é magro.

3.4 Proposição Simples ou Complexa


Uma proposição pode ser simples ou complexa.
Uma proposição simples estabelece a relação entre exatamente dois termos. Proposições
simples podem ser categóricas ou modais.
Exemplos:

I. Francisco é engenheiro. [Termos: Francisco (termo singular) e engenheiro.]


II. Um gato é necessariamente um felino. [Termos: gato e felino.]
III. Nenhum paulista é gaúcho. [Termos: paulista e gaúcho.]

Uma proposição complexa estabelece a relação entre, pelo menos, três termos. Exemplo:

I. Um número natural é primo ou composto. [Quatro termos]

Trataremos, a seguir, das principais características das proposições.

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4 CARACTERÍSTICAS DAS PROPOSIÇÕES

4.1 Quantidade
Pela quantidade de uma proposição, sabemos se estamos tratando da totalidade ou de
parte do domínio de objetos do discurso. A quantidade é dada pela extensão do sujeito. Se o
termo-sujeito é empregado na sua extensão completa, então, a proposição é universal. Pelo
contrário, se apenas parte da extensão do termo-sujeito é referida, então, a proposição é dita
particular.
Como possíveis quantificadores universais, podemos empregar: todos, para todo, a
totalidade, qualquer que seja etc.
Como quantificadores particulares ou existenciais, usamos: algum, alguns, existe, pelo
menos um, ao menos um etc.
Exemplos:

I. Todo homem é mortal. [Universal]


II. A totalidade dos homens é mortal. [Universal]

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III. Qualquer que seja o homem, ele é mortal. [Universal]
IV. Algumas frutas são doces. [Particular]
V. Existe pelo menos uma fruta doce. [Particular]
VI. Ao menos uma fruta é doce. [Particular]

4.2 Qualidade
Pela qualidade de uma proposição, indicamos se estamos afirmando ou negando a
conveniência entre os termos. A qualidade é dada pela cópula. Uma proposição é afirmativa se
afirma a conveniência do predicado ao sujeito (é, são, era, alguns são etc.). Uma proposição é
negativa se nega tal conveniência (não é, não são, não era, nem todo é, nenhum, algum não é etc.).
Exemplo:

I. Algumas pinturas são belas. [Afirmativa]


II. Alguma pintura é bela. [Afirmativa]
III. Nem todo gato é branco. [Negativa]
IV. Algum gato não é branco. [Negativa]

4.3 Modalidade
Pela modalidade de uma proposição, percebemos se algo é necessário ou apenas possível.
Assim, uma proposição pode ser necessária ou contingente.

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4.4 Valor
Pelo valor, sabemos se uma proposição é verdadeira ou falsa.
Importante: dois dos princípios da Lógica Clássica são conectados com o valor das
proposições:

Princípio de Não Contradição: Uma proposição e sua negação não podem ser
ambas verdadeiras, ao mesmo tempo, sob o mesmo aspecto.

Princípio do Terceiro-Excluído: Uma proposição ou é verdadeira ou é falsa.


Não há um terceiro valor de verdade.

5 FORMAS PROPOSICIONAIS: A E I O

As proposições podem ser classificadas de acordo com:

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➢ a quantidade e a qualidade;
➢ a modalidade e a qualidade.
Desse modo, segundo a quantidade (universal ou particular) e a qualidade (afirmativa
ou negativa), as proposições podem ser: universal afirmativa; particular afirmativa; universal
negativa; particular negativa.
Com relação à modalidade (necessária ou contingente) e à qualidade (afirmativa ou
negativa), as proposições podem ser: necessária afirmativa; contingente afirmativa; necessária
negativa; contingente negativa.
Em ambos os casos, por tradição medieval, as proposições são classificadas, segundo a
qualidade, em A, E, I ou O. Tais letras são as vogais das palavras latinas afirmo (“eu afirmo”) e
nego (“eu nego”). Assim, se uma proposição for afirmativa, então, ela pode ser classificada como
A ou I. Se uma proposição for negativa, então, ela pode ser classificada como E ou O.
Também empregamos as letras minúsculas (a, e i, o) entre as letras S e P, com S
representando o sujeito, e P, o predicado. A seguir, apresentamos todas as formas possíveis de
uma proposição, com relação à quantidade e à modalidade.

A Universal Afirmativa SaP Todo S é P. Todos os homens são mortais.

E Universal Negativa SeP Nenhum S é P. Nenhum homem é mortal.

I Particular Afirmativa S i P Algum S é P. Algum homem é mortal.

O Particular Negativa S o P Algum S não é P. Algum homem não é mortal.


Quadro 1 - Proposições Categóricas – Quantitativas. Fonte: O autor.

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A Necessária Afirmativa SaP S precisa ser P. Um homem precisa ser mortal.


Um homem não pode
E Necessária Negativa SeP S não pode ser P.
ser mortal.
Contingente
I SiP S pode ser P. Um homem pode ser mortal.
Afirmativa
Um homem pode não
O Contingente Negativa S o P S pode não ser P.
ser mortal.
Quadro 2 - Proposições Modais. Fonte: O autor.

Observe-se a importantíssima diferença entre uma proposição modal do tipo E e uma


do tipo O. Em português, tal diferença se dá em função da ordem do emprego da negação “não”.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
Considere cada proposição categórica a seguir. Diga em que forma está (A, E, I ou O) e
identifique o termo sujeito e o termo predicado, a qualidade (afirmativa ou negativa) e

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a quantidade (universal ou particular).

1 . Todo macaco é símio.

Forma: A; sujeito: macaco; predicado: símio; qualidade: afirmativa; quantidade:


universal.

2. Alguns poemas não são sonetos.

Forma: O; sujeito: poemas; predicado: sonetos; qualidade: negativa; quantidade:


particular.

3. Todo indivíduo invejoso é uma pessoa infeliz.

Forma: A; sujeito: indivíduo invejoso; predicado: pessoa infeliz; qualidade: afirmativa;


quantidade: universal.

4. Alguns administradores são pessoas bem-sucedidas.

Forma: I; sujeito: administradores; predicado: pessoas bem-sucedidas; qualidade:


afirmativa; quantidade: particular.

5. Nenhum número par é número ímpar.

Forma: E; sujeito: número par; predicado: número ímpar; qualidade: negativa;


quantidade: universal.

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6 QUADRADO DAS OPOSIÇÕES

Existe uma relação entre os valores de verdade (verdadeiro ou falso) das proposições em
suas formas A, E, I e O. Um modo de apresentar tais relações é o chamado quadrado das oposições.

Figura 1 - Quadrado das oposições. Fonte: O autor.

As proposições contraditórias não podem ser ambas verdadeiras nem ambas falsas.

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As proposições contrárias não podem ser ambas verdadeiras, mas podem ser ambas falsas. As
proposições subcontrárias não podem ser ambas falsas, mas podem ser ambas verdadeiras.
Se uma proposição universal for verdadeira (“Todo S é P”), então, a sua correspondente
particular (“Algum S é P”), denominada subalterna, também é verdadeira.
Do mesmo modo, se uma proposição necessária for verdadeira (“S precisa ser P”), então, a
sua correspondente contingente (“S pode ser P”), denominada subalterna, também é verdadeira.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

Considere as seguintes proposições:

P1. Ninguém ressuscitou dos mortos.


P2. Alguém ressuscitou dos mortos.

É correto afirmar que:

a) P1 e P2 são contraditórias.
b) P1 e P2 são contrárias.
c) P1 e P2 são subcontrárias.
d) P1 e P2 são equivalentes.
e) Se P1 é verdadeira, então, P2 é verdadeira.

RESPOSTA COMENTADA:
P1 e P2 são contraditórias, pois não podem ser ambas verdadeiras nem ambas falsas.
P1 pode ser reescrita como “Nenhuma pessoa é ressuscitada” (Nenhum S é P, portanto,
Universal Negativa = E) e P2 pode ser reescrita como “Alguma pessoa é ressuscitada”
(Algum S é P, portanto, Particular Afirmativa = I). Pelo quadrado das oposições, E e I
são contraditórias.

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7 LÓGICA E O RACIOCÍNIO FILOSÓFICO

Uma inferência pode ser considerada uma operação mental que permite a obtenção
válida de proposições verdadeiras a partir de outras já reconhecidas como verdadeiras.
Muitos tipos de inferências podem ser encontrados nos discursos, em particular no
discurso filosófico. Podemos encontrar nos textos filosóficos das mais diversas tradições muitos
argumentos que se apresentam segundo estruturas formais bem conhecidas. Todavia, nem sempre
os argumentos são apresentados mediante uma estruturação lógica evidente. Nesses casos, para
se investigar a validade de argumentos ou inferências, devemos empreender uma análise lógica.
Para esse fim, podem-se reconstruir as sentenças que compõem um argumento de modo a se
obterem formas reconhecidas como válidas ou inválidas.
É importante notar que, em geral, de um ponto de vista lógico, o foco está mais na validade
dos argumentos do que na sua veracidade. Isso significa que, quando assumimos algumas
proposições como verdadeiras, é preciso identificar em que condições as proposições derivadas
também podem ser consideradas verdadeiras.

8 INFERÊNCIA

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Inferência é raciocínio pelo qual uma proposição (conclusão) é considerada verdadeira
em decorrência de outras proposições (premissas) assumidas como verdadeiras. Em outras
palavras, inferência é o processo intelectual segundo o qual se estabelece uma conclusão a partir
de premissas.
Um argumento pode ser analisado sob dois pontos de vista, a saber, o formal e o material.
Sob o ponto de vista formal, consideramos a estrutura lógica das inferências e de sua validade.
Na perspectiva material, ocupamo-nos do conteúdo de um argumento, ou seja, se é correto ou
não. Assim, um argumento pode ser válido, mas ser incorreto (falso) do ponto de vista material.
Nesta disciplina, estamos interessados apenas nos aspectos formais da Lógica, ou seja,
estudamos a Lógica Formal. Em particular, interessam-nos dois tipos importantes de inferência
formal: a dedução e a indução.
A dedução pode ser considerada como a inferência que parte do mais universal e chega
ao menos universal. Na dedução, a partir de premissas mais gerais, chegam-se a conclusões menos
gerais ou particulares. Esse tipo de inferência é mais empregado nas ciências exatas. A partir das
propriedades gerais dos objetos estudados, chega-se a resultados sobre objetos particulares.
A indução, por sua vez, é um tipo de inferência que parte do particular e chega ao
universal. A indução é mais utilizada nas ciências humanas e biológicas. A partir de observações
de alguns casos particulares, inferem-se algumas leis universais.

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9 SILOGISMO

O silogismo é a inferência na qual, a partir da relação entre duas premissas que têm um
termo em comum, necessariamente se deduz uma conclusão da qual não consta o termo comum.
O termo comum é chamado termo médio (M).
Exemplo de silogismo:

Todo ser racional é livre.


O homem é um ser racional.
Logo, o homem é livre.

As premissas do silogismo são as proposições “Todo ser racional é livre” e “O homem é


um ser racional”. O termo médio é “ser racional”. A conclusão do silogismo é a proposição “O
homem é livre”. O termo médio “ser racional” não aparece na conclusão. Ele funciona como uma
“ponte” entre os termos “homem” e “livre”. É a relação entre as duas premissas que permite inferir
a conclusão de que o homem é livre. Tal conclusão não poderia ser inferida a partir de uma das
premissas apenas.
Em um silogismo, o sujeito da conclusão é denominado termo menor (t) e o predicado
é denominado termo maior (T). A premissa maior é a que contém o termo maior. A premissa

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menor é a que contém o termo menor. No exemplo, o termo menor (t) é “homem”, e o termo
maior (T) é “livre”. Assim, a proposição “O homem é um ser racional” é a premissa menor, e a
proposição “Todo ser racional é livre” é a premissa maior.
Nos discursos ordinários, não é comum o emprego de inferências silogísticas na forma
desenvolvida. Não é usual a apresentação de um argumento com as duas premissas e uma
conclusão explícitas. Geralmente, as inferências são dadas por meio de uma única frase contendo
três termos. Porém, quando há três termos relacionados dessa maneira, podemos encontrar três
proposições que compõem um silogismo.
Por exemplo, considere a seguinte sentença de um contexto religioso:

Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5, 9).

De uma perspectiva estritamente lógica, tal ensinamento é um silogismo abreviado,


denominado entimema. Nessa inferência, a conclusão é apresentada na ordem inversa da esperada
(“Os que promovem a paz são bem-aventurados”), pois o predicado (“bem-aventurados”) vem
antes do sujeito (“os que promovem a paz”) para dar ênfase na bem-aventurança. Assim, temos
um silogismo que é apresentado na forma conclusão, seguida do termo médio. A expansão do
silogismo é:

Os que promovem a paz serão chamados filhos de Deus.


Aqueles que serão chamados filhos de Deus são bem-aventurados.
Logo, os que promovem a paz são bem-aventurados.

Cada uma das proposições anteriores é uma proposição universal afirmativa (A). Como
veremos, isso garante que o silogismo seja uma forma lógica válida.
O entimema é uma forma bastante comum em nossos discursos. Ademais, como no
entimema uma das premissas (geralmente a maior) é implícita, pode ocorrer de ser assumida
como verdadeira sem o devido exame. Desse modo, fica evidente a necessidade de avaliarmos
cuidadosamente os entimemas nos discursos apresentados.

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10 A INDUÇÃO

A indução é a passagem a partir de casos particulares para o universal. Isso significa que,
a partir de proposições particulares, é possível se obter uma conclusão que generaliza certos casos
individuais.
Exemplo de indução:

Esta porção de água ferveu a uma temperatura de 100º C.


Esta outra porção de água ferveu a uma temperatura de 100º C.
Aquela outra porção de água ferveu a uma temperatura de 100º C.
Etc.
Logo, a água ferve a uma temperatura de 100º C.

Temos, assim, uma generalização a partir de fatos observados particulares. Tal exemplo
nos mostra uma inferência a partir de um tipo de experimento científico. Para ser considerado
científico, um experimento desse tipo deve ser reproduzível, ou seja, que ele possa ser repetido
diversas vezes e que apresente os mesmos resultados, nas mesmas condições. É o caso do exemplo,
no nível do mar, sob uma mesma pressão atmosférica.
Nas ciências empíricas, esse tipo de inferência é bastante comum. A observação de

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fenômenos particulares permite a obtenção de leis gerais. Por isso, a questão da indução é de
suma importância nas discussões de Metodologia e Filosofia da Ciência.
Consideremos a seguinte indução:

Observo um cisne branco.


Vejo outro cisne branco.
Enfim, todos os cisnes que observei são brancos.
Logo, todos os cisnes são brancos.

A inferência parece fundamentar uma conclusão plausível. O problema é que existem


cisnes negros (Cygnus atratus). Esse é um exemplo clássico do chamado problema da indução.
As induções são problemáticas, mas são fundamentais. Se conseguirmos verificar que
determinado predicado é satisfeito por todos os elementos de certo conjunto, então, podemos
inferir indutivamente uma proposição universal. Na maioria dos casos, porém, só podemos nos
amparar em um número mínimo de verificações. Enquanto não houver um contraexemplo, uma
conclusão obtida por indução só pode ser assumida de modo provisório.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1 - Como você define Lógica?

2 - O que é uma proposição?

3 - O que é um argumento?

4 - O que é dedução?

5 - Dê um exemplo de um argumento indutivo.

6 - O que é um argumento dedutivamente válido?

7 - Quais são os princípios fundamentais da Lógica Clássica estudados nesta unidade?

8 - Considere as proposições a seguir:

P1. Todos os gatos são felinos.

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P2. Alguns cisnes são negros.
P3. Nenhum paulista é carioca.
P4. Algum médico não é cirurgião.
P5. Um cachorro não pode ser racional.

É correto afirmar que as proposições são, respectivamente, classificadas em:


a) A, I, E, O, I
b) A, I, E, O, E
c) A, E, I, O, E
d) A, I, E, I, E
e) A, I, E, A, E

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RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1 - Resposta pessoal envolvendo as expressões “ciência da razão”, “estudo do raciocínio”,


“ciência da argumentação”, “estudo das inferências válidas” etc.

2 - Proposição é uma sentença que ou é verdadeira ou é falsa.

3 - Um argumento é um conjunto de proposições, das quais uma é chamada conclusão


e é afirmada baseada nas demais, que são chamadas premissas.

4 - É um tipo de argumento em que, se as premissas são verdadeiras, a conclusão deve


ser verdadeira.

5 - Algo como “O Sol tem nascido todos os dias. Logo, o Sol nascerá amanhã”.

6 - Um argumento é dedutivamente válido se é impossível as premissas serem


verdadeiras, e a conclusão, falsa.

7 - O Princípio de Não Contradição e o Princípio do Terceiro-Excluído.

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8 – Alternativa “b”.
P1 é da forma “Todo S é P”, portanto, Universal Afirmativa (A);
P2 é da forma “Algum S é P”, portanto, Particular Afirmativa (I);
P3 é da forma “Nenhum S é P”, portanto, Universal Negativa (E);
P4 é da forma “Algum S não é P”, portanto, Particular Negativa (O);
P5 é da forma “S não pode ser P”, portanto, Necessária Negativa (E).

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

02
DISCIPLINA:
LÓGICA TRADICIONAL

FORMA LÓGICA

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................ 19
1 FIGURA DE UM SILOGISMO..................................................................................................................................... 21
2 CONSISTÊNCIA, INCONSISTÊNCIA E CONTRADIÇÃO..........................................................................................23
3 CONDICIONAIS..........................................................................................................................................................24
4 SILOGISMO CONDICIONAL......................................................................................................................................25
5 FALÁCIA DA NEGAÇÃO DO ANTECEDENTE............................................................................................................26
6 FALÁCIA DA AFIRMAÇÃO DO CONSEQUENTE.......................................................................................................27
7 PROPOSIÇÕES DISJUNTIVAS..................................................................................................................................29
8 SILOGISMO DISJUNTIVO..........................................................................................................................................30

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

A forma lógica de um argumento pode ser apreendida por meio de uma representação
simbólica das formas de suas proposições-componentes. Desse modo, podemos evidenciar a
semelhança entre argumentos que têm conteúdos distintos. Consideremos o Quadro 1 contendo
os quatro tipos de proposições categóricas, empregando os termos “cavalo” e “quadrúpede”:

Proposição Classificação Formas


Todo cavalo é quadrúpede. Universal Afirmativa A S a P Todo S é P.

Nenhum cavalo é quadrúpede. Universal Negativa E S e P Nenhum S é P.

Algum cavalo é quadrúpede. Particular Afirmativa I SiP Algum S é P.

Algum cavalo não é quadrúpede. Particular Negativa O S o P Algum S não é P.


Quadro 1 - Proposições categóricas. Fonte: O autor.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


As três últimas colunas do Quadro 1 nos apresentam as formas das proposições
consideradas. Por exemplo, a forma da proposição “Algum cavalo é quadrúpede” é “I”, “S i P” ou
“Algum S é P”. Algo similar pode ser efetuado com os argumentos ou inferências.
Consideremos o seguinte silogismo:

Todo homem é mortal.


Sócrates é um homem.
Logo, Sócrates é mortal

Se substituirmos os termos iguais ou semelhantes por letras, teremos a forma do


argumento:

Todo H é M.
S é H.
Logo, S é M.

No caso, substituímos “homem” por “H”, “mortal” por “M” e “Sócrates” por “S”. Tal
silogismo é válido devido à sua forma. Portanto, qualquer silogismo obtido pela substituição das
letras ou variáveis H, M e S é um silogismo válido.
Os seguintes silogismos podem ser obtidos da forma anterior, mediante substituição
adequada de cada uma das variáveis H, M e S:

Silogismo 1
Todo H é M. Todo paulista é brasileiro.
S é H. João é paulista.
Logo, S é M. Logo, João é brasileiro.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Silogismo 2
Todo H é M. Todo palmeirense é corintiano.
S é H. Pedro é palmeirense.
Logo, S é M. Logo, Pedro é corintiano.

Os dois silogismos são logicamente válidos. Se João for realmente paulista, então, o
Silogismo 1 é verdadeiro (é uma forma válida, com premissas e a conclusão verdadeiras). O
Silogismo 2 é falso apesar de válido, pois a primeira premissa é evidentemente falsa.
Para saber se um silogismo é válido, usaremos as formas A, E, I ou O das proposições
componentes e as figuras dos silogismos. O conhecimento das figuras dos silogismos permite
distinguir as inferências que são válidas, as que são verdadeiras e as que são falaciosas (ou seja,
inválidas).

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1 FIGURA DE UM SILOGISMO

A figura de um silogismo é determinada em função da posição do termo médio nas


premissas. Há quatro posições possíveis e, portanto, quatro figuras:

Primeira Figura Segunda Figura Terceira Figura Quarta Figura

M ____P P ____M M ____P P ____M


S ____M S ____M M ____S M ____S
\ S ____P \ S ____P \ S ____P \ S ____P
Quadro 1 - Figuras de um silogismo. Fonte: O autor.

No Quadro 1, “S” e “P” representam sujeito (termo menor) e predicado (termo maior),
respectivamente. A letra “M” representa o termo médio, que serve de “ponte” de ligação entre
sujeito e predicado. O símbolo “\” significa “portanto”.
A Primeira Figura é bastante importante. A sua forma é tal que o termo médio “M” serve
como essa “ponte” para se concluir a relação entre o termo menor “S” (sujeito da conclusão) e
o termo maior “P” (predicado da conclusão). Também podemos arranjar as premissas em uma

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


ordem “crescente”, do menor para o maior, passando pelo termo médio da seguinte maneira: S –
M – P (menor, médio e maior). A primeira premissa é dada pelo lado direito do arranjo (M – P),
e a segunda, pelo lado esquerdo (S – M). Em todas as figuras, a conclusão tem a forma S – P.
Cada espaço entre os termos pode ser preenchido pelas formas A, E, I ou O. Assim, são
possíveis 4x4x4x4 = 256 combinações. Dentre tais combinações, apenas 19 combinações são
formas válidas. Um modo de verificar tal fato é mediante o uso de diagramas de Venn ou outras
técnicas. Para fazer isso, teríamos de analisar todas as 256 possibilidades.
O Quadro 2 apresenta todas as formas válidas.

Figura Modos válidos Mnemônica

Primeira AAA, EAE, AII, EIO BARBARA, CELARENT, DARII, FERIO

CESARE, CAMESTRES, FESTINO,


Segunda EAE, AEE, EIO, AOO
BAROCO
DARAPTI, DISAMIS, DATISI,
Terceira AAI, IAI, AII, EAO, OAO, EIO
FELAPTON, BOCARDO, FERISON
BAMALIP, CAMENES, DIMATIS,
Quarta AAI, AEE, IAI, EAO, EIO
FESAPO, FRESISON
Quadro 2 - Silogismos válidos. Fonte: O autor.

Segundo uma tradição medieval, cada uma das formas válidas recebe um nome para
facilitar a memorização. A sequência das vogais de cada um dos nomes permite reconhecer os
modos válidos. Como exemplo, consideremos Barbara e Cesare.
O silogismo Barbara está na Primeira Figura e é constituído por proposições universais
afirmativas (AAA). Cesare está na Segunda Figura e é formado por uma universal negativa e uma
universal afirmativa como premissas (EA) e uma universal negativa como conclusão (E).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Para verificar se um silogismo é válido, basta verificar se ele tem uma dessas 19 formas.
Caso contrário, o silogismo será inválido. Uma inferência inválida é denominada falácia.
Consideremos o seguinte silogismo:

Todo homem é mortal.


Algum filósofo é homem.
Portanto, algum filósofo é mortal.

A forma de tal silogismo é:

Todo M é P. MAP
Algum S é M. SIM
Portanto, algum S é P. \ SIP

Esse silogismo está na Primeira Figura. As formas utilizadas são A, I e I. Tal silogismo é um
silogismo Darii. É, portanto, um silogismo válido. Ademais, trata-se de um silogismo verdadeiro
(correto), pois as premissas são verdadeiras e a conclusão é necessariamente verdadeira a partir
de tais premissas.
Consideremos, agora, o seguinte silogismo:

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


Todos os cardiologistas são médicos.
Algum ser humano não é cardiologista.
Logo, algum ser humano não é médico.

A forma do silogismo em questão é:

Todo M é P. MAP
Algum S não é M. SOM
Portanto, algum S não é P. \ SOP

Temos aqui um outro silogismo na Primeira Figura. As formas utilizadas são A, O e O. O


modo AOO é um modo válido na Segunda Figura, mas não na Primeira Figura. Apesar de todas
as suas proposições-componentes serem verdadeiras, tal silogismo é uma falácia, uma inferência
inválida. A conclusão não decorre das premissas. Dizemos que a conclusão é um non sequitur
(tradução: “não se segue”).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2 CONSISTÊNCIA, INCONSISTÊNCIA E CONTRADIÇÃO

Um dos princípios mais importantes da Lógica Clássica é o princípio de não contradição.

Princípio de não contradição: Uma proposição e sua negação não podem ser ambas
verdadeiras, ao mesmo tempo, sob o mesmo aspecto.

Se uma proposição é representada pela letra P, podemos representar a sua negação por ~
P ou por ¬ P (lê-se: “não pê”). Temos os seguintes fatos:

✓ Se P é verdadeira, então, ¬ P é falsa;


✓ Se P é falsa, então, ¬ P é verdadeira;
✓ P e ¬ P são contraditórias;
✓ Afirmar que P e ¬ P são ambas verdadeiras é uma contradição;
✓ Afirmar que P e ¬ P são ambas falsas é uma contradição.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


O princípio de não contradição garante que não pode haver contradições em um sistema
lógico clássico. Isso se deve ao fato de que, na Lógica Clássica, vale o princípio do ex falso, que
afirma que, a partir de uma contradição, podemos inferir qualquer outra proposição. Desse, todas
as proposições seriam verdadeiras (e falsas) a partir de uma contradição.
Pode ocorrer que uma proposição seja apenas uma contradição aparente. Por exemplo,
consideremos as proposições:

P1. Machado de Assis morreu.


P2. Machado de Assis não morre.

Se o termo “morrer” (no sentido de morte física) tiver o mesmo sentido nas duas
proposições, então, temos uma contradição. Se, em P2, o sentido de “morrer” for o de permanência
e relevância literária, então, a contradição é apenas aparente, pois as proposições não se referem ao
mesmo aspecto. Se dois termos são iguais, mas são empregados em sentidos diferentes, dizemos
que os termos são equívocos.
Na análise lógica de um discurso, é preciso verificar se há a presença de contradições reais
(ou seja, afirmação e negação do mesmo, simultaneamente e sob o mesmo aspecto) ou aparentes
(devido a termos equívocos, por exemplo). Um discurso que contém uma contradição real é
denominado inconsistente. Um discurso é consistente se não apresentar contradições reais.
Na perspectiva clássica, as contradições são impossibilidades lógicas. Algo é possível
logicamente se, e somente se, for consistente.
Façamos uma observação: existem lógicas que lidam com contradições, tais como as
lógicas paraconsistentes, desenvolvidas por Newton da Costa e pela Escola Brasileira de Lógica.
Tais sistemas podem assumir contradições informacionais ou aparentes, de modo que não ocorra
a trivialização ou explosão do sistema. Há, porém, alguns filósofos que defendem a existência de
contradições reais. Tal posição metafísica é denominada dialeteísmo. A posição clássica é, porém,
predominante entre os filósofos das mais variadas tradições.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

3 CONDICIONAIS

Uma proposição redutível à forma “Se P, então Q”, em que P e Q são proposições, é
denominada proposição condicional (ou implicação). A proposição P é chamada antecedente, e
Q é denominada consequente.
Por exemplo:

Se chover, então a grama fica molhada.

Em tal implicação, o antecedente é “chover” e o consequente é “a grama fica molhada”.


A proposição condicional “Se P, então Q” afirma que, se a proposição P for verdadeira, então, a
proposição Q também será verdadeira. Também podemos dizer que Q é condição necessária
para P e que P é condição suficiente para Q.
Consideremos a seguinte condicional:

Se a Lua é feita de queijo, então 2 + 2 = 5.

Nesse exemplo, o antecedente é “a Lua é feita de queijo” e o consequente é “2 + 2 = 5”.


Contrariando possíveis intuições, a implicação “Se P, então Q” dada é considerada verdadeira.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


Isso ocorre porque P e Q são ambas proposições falsas. O pressuposto subjacente é que, a partir da
falsidade, qualquer coisa se segue. Qualquer proposição, verdadeira ou falsa, pode ser deduzida
a partir de uma falsidade. Como o antecedente P é falso, não importa o valor de verdade do
consequente para que a condicional seja verdadeira.
Podemos determinar os possíveis valores de verdade (valoração) de uma implicação
“Se P, então Q” em função dos valores de verdade de suas componentes P e Q. Para tanto, é
possível construir uma tabela, denominada tabela-verdade, com todas as valorações possíveis,
representando o valor verdadeiro por V e o valor falso por F.
Consideremos o seguinte:

1 - Se P for falsa, a proposição condicional “Se P, então Q” será verdadeira,


independentemente do valor de Q;
2 - Se P e Q forem ambas verdadeiras, a implicação “Se P, então Q” também é verdadeira.

Falta verificar o caso em que P é verdadeira e Q é falsa. Em uma inferência válida, é esperado
que não obtenhamos uma conclusão falsa a partir de uma premissa verdadeira. Novamente,
uma inferência é válida se, a partir de premissas verdadeiras, a conclusão seja necessariamente
verdadeira. Portanto, a implicação “Se P, então Q” é falsa no caso em que P é verdadeira e o
consequente Q é falso.
A tabela-verdade a seguir (Quadro 1) apresenta todas as possibilidades de valoração para
“Se P, então Q”.

P Q Se P, então Q
V V V
V F F
F V V
F F V
Quadro 1 - Tabela-verdade. Fonte: O autor.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A única possibilidade de uma proposição condicional ser falsa ocorre quando o


antecedente é verdadeiro e o consequente é falso.
Agora que já conhecemos bem o que é uma proposição condicional e em quais condições
tal proposição é falsa, podemos definir o que é um silogismo condicional.

4 SILOGISMO CONDICIONAL

Silogismo condicional é uma inferência cuja premissa maior é uma proposição condicional,
cujas proposições componentes são afirmadas ou negadas pela premissa menor.
Um silogismo condicional não é propriamente um silogismo, mas é um tipo muito
importante de inferência. A primeira proposição, considerada como a premissa maior, é uma
proposição condicional “Se P, então Q”. A segunda é uma das componentes P ou Q, ou uma de
suas negações ~P ou ~Q. Assim, existem quatro formas de silogismos condicionais. Duas são
formas válidas e duas são formas inválidas.
Por exemplo:

Se Maria tomou o remédio, então, ela está curada.


Maria tomou o remédio.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


Logo, ela está curada.

Na premissa maior desse silogismo condicional, o antecedente P é “Maria tomou o remédio”


e o consequente Q é “Ela está curada”. A forma lógica de tal silogismo condicional é, portanto:

Se P, então, Q
P
Logo, Q

Nessa forma de inferência, é possível obter como conclusão a afirmação da proposição


consequente devido à afirmação da proposição antecedente. Devido a isso, os lógicos medievais
chamavam tal inferência de modus ponendo ponens (maneira de afirmar afirmando), ou
simplesmente Modus Ponens.
Modus Ponens ou Afirmação do Antecedente é o silogismo condicional no qual, na
premissa menor, se afirma o antecedente P da premissa maior “Se P, então Q” e cuja conclusão é o
seu consequente. No próximo exemplo, a premissa menor é a negação da proposição consequente
da premissa maior:

Se o preço do combustível aumentou, então, o preço das mercadorias aumentou.


O preço das mercadorias não aumentou.
Logo, o preço do combustível não aumentou.

Nesse caso, o antecedente P é “o preço do combustível aumentou” e o consequente Q é “o


preço das mercadorias aumentou”. A premissa menor é a negação do consequente da premissa
maior, ou seja, não-Q ou ~Q. Sua forma lógica é, portanto:

Se P, então, Q
~Q
Logo, ~P.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Esse silogismo condicional foi chamado pelos medievais de modus tollendo tollens
(maneira de negar negando) ou simplesmente Modus Tollens. Obtemos como conclusão a negação
do antecedente pela negação do consequente. De modo análogo ao Modus Ponens, podemos
assim definir:
Modus Tollens ou Negação do Consequente é o silogismo condicional no qual, na
premissa menor, se nega o consequente Q da premissa maior “Se P, então Q” e cuja conclusão é a
negação de seu antecedente.
Modus Ponens e Modus Tollens são formas válidas de inferência.
Se representarmos a proposição condicional “Se P, então Q” em sua forma simbólica
usual, P à Q, então, as formas válidas de silogismos condicionais são as seguintes:

Modus Ponens Modus Tollens

PàQ PàQ
P ~Q
\ Q \ ~P

A seguir, veremos as outras duas formas de silogismos condicionais, distintas do Modus


Ponens e do Modus Tollens. São elas: a Falácia da Negação do Antecedente e a Falácia da Afirmação

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


do Consequente.

5 FALÁCIA DA NEGAÇÃO DO ANTECEDENTE

A Negação do Antecedente tem uma forma muito similar ao Modus Tollens.


Consideremos o seguinte silogismo:

Se choveu, então, a grama está molhada.


Não choveu.
Logo, a grama não está molhada.

O antecedente P é “choveu” e o consequente Q é “a grama está molhada”.


A forma dessa falácia é a seguinte:

Se P, então, Q
~P
Logo, ~Q

Em nosso exemplo, as premissas podem ser ambas verdadeiras, e a conclusão pode ser
falsa. A grama poderia estar molhada, independentemente de ter chovido ou não. Ora, isso
caracteriza um argumento inválido.
De modo análogo, podemos verificar que a Afirmação do Consequente é inválida.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

6 FALÁCIA DA AFIRMAÇÃO DO CONSEQUENTE

A Afirmação do Consequente, por sua vez, tem uma forma muito similar ao Modus
Ponens. Consideremos o seguinte silogismo:

Se choveu, então, a grama está molhada.


A grama está molhada.
Logo, choveu.

O antecedente P é “choveu” e o consequente Q é “a grama está molhada”.


A forma dessa falácia é a seguinte:

Se P, então, Q.
Q
Logo, P.

Se representarmos a proposição condicional “Se P, então Q” em sua forma simbólica


usual, P à Q, então, as formas inválidas de silogismos condicionais são as seguintes:

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


Negação do Antecedente Afirmação do Consequente

PàQ PàQ
~P Q
\ ~Q \ P

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

EXERCÍCIO PROPOSTO

A respeito dos silogismos condicionais, dois são formas válidas e dois são falácias
formais. É importante saber distinguir cada uma delas nas inferências presentes em um
argumento.
Tendo em vista tal consideração, analise as afirmativas a seguir:

I. Modus Ponens é uma regra de inferência válida.


II. Modus Tollens é um silogismo condicional válido.
III. A Afirmação do Consequente é equivalente a Modus Tollens.
IV. A Negação do Antecedente é um silogismo condicional inválido.

Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:


II, III e IV, apenas.
I, III e IV, apenas.
I, II e III, apenas.
I, II e IV, apenas.
I, II, III e IV.

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RESPOSTA DO EXERCÍCIO PROPOSTO

A única afirmativa falsa é a que diz que a Afirmação do Consequente é equivalente a


Modus Tollens, pois Modus Tollens é uma forma válida, e a Afirmação do Consequente
é uma falácia formal.

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7 PROPOSIÇÕES DISJUNTIVAS

Uma proposição disjuntiva é uma proposição formada por duas ou mais proposições, que
são ligadas pelo conectivo “ou”.
Por exemplo:

José é médico ou professor.

Tal exemplo de proposição disjuntiva é equivalente a:

José é médico ou José é professor.

A forma lógica de tal disjunção é:

P ou Q

Como José pode ser apenas médico, apenas professor ou tanto médico quanto professor,
chamamos uma proposição disjuntiva desse tipo de disjunção inclusiva. A proposição P pode ser
verdadeira (e Q ser falsa), a proposição Q pode ser verdadeira (e P ser falsa) ou as duas podem ser

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


verdadeiras. Em todas as três possibilidades, a disjunção é verdadeira. Quando P e Q são ambas
falsas, a disjunção é falsa.
A tabela-verdade (Quadro 2) a seguir apresenta todas as valorações possíveis para a
disjunção inclusiva.

P Q P ou Q
V V V
V F V
F V V
F F F
Quadro 2 - Tabela-verdade. Fonte: O autor.

A única situação na qual uma disjunção inclusiva é falsa é quando todas as suas
proposições-componentes são falsas. Nos demais casos, se houver uma componente verdadeira,
a disjunção é verdadeira.
Consideremos outro exemplo de disjunção:

Ou José está vivo ou José está morto.

Nessa proposição disjuntiva, o conectivo “ou” foi empregado duas vezes. Tal recurso
é empregado para enfatizar a impossibilidade de ambas as proposições-componentes serem
verdadeiras. José pode estar vivo e morto, ao mesmo tempo, sob o mesmo aspecto? Evidentemente
não, pois isso feriria o princípio lógico de não-contradição, já que “morto” é sinônimo de “não-
vivo”. Uma proposição disjuntiva desse tipo é denominada disjunção exclusiva. Significa “ou uma
possibilidade ou outra, mas não ambas”. Sua forma lógica é:

Ou P ou Q

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A tabela-verdade (Quadro 3) a seguir apresenta todas as valorações possíveis para uma


disjunção exclusiva.

P Q Ou P ou Q
V V F
V F V
F V V
F F F
Quadro 3 - Tabela-verdade. Fonte: O autor.

8 SILOGISMO DISJUNTIVO

Um silogismo disjuntivo é uma inferência tendo uma disjunção “P ou Q” como a primeira


premissa e a negação de uma das componentes como segunda premissa. A conclusão será a

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afirmação da componente não negada. Suas formas lógicas são:

P ou Q P ou Q
~P ~Q
Logo, Q Logo, P
Por exemplo:

Esta maçã é doce ou é vermelha.


Esta maçã não é vermelha.
Logo, esta maçã é doce.

Se a primeira premissa de um silogismo disjuntivo for uma disjunção exclusiva (“Ou P ou


Q”), a inferência também é válida.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

EXERCÍCIO PROPOSTO:

Suponha que as seguintes proposições sejam verdadeiras:

Proposição 1
Se choveu muito, então, a colheita foi comprometida.

Proposição 2
Se nevou, então, a colheita foi comprometida.

Proposição 3
Ou choveu muito ou nevou.

Considerando as três proposições como premissas, podemos concluir que:


Não nevou.
Não choveu.
Choveu e nevou.
A colheita foi comprometida.
A colheita foi realizada.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


RESPOSTA DO EXERCÍCIO PROPOSTO:
A partir das premissas, podemos inferir que, se choveu muito ou nevou, então, a colheita
ficou comprometida. Como um dos dois ocorreu (ou choveu muito ou nevou), então,
podemos concluir que a colheita ficou comprometida.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

EXERCÍCIOS PROPOSTOS:

1 - Considere o seguinte silogismo e as sentenças de I a III.

I. Ou a alma é espiritual ou é material.


II. A alma não é material.
III. Logo, a alma é espiritual.
Tal silogismo é um silogismo disjuntivo, e uma das suas premissas é uma disjunção
exclusiva.
Tal silogismo é um silogismo disjuntivo, e a inferência é válida.
Tal silogismo é um silogismo condicional, e as componentes das proposições são “a
alma é espiritual” e “a alma é material”.

Analisando o texto, podemos afirmar que:

a) As sentenças I e II são falsas.


b) As sentenças I e III são verdadeiras.
c) As sentenças II e III são falsas.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


d) As sentenças I e II são verdadeiras.
e) A sentença III é verdadeira.

2 - Uma expressão popular diz que “Relembrar é viver”. Uma pessoa apresenta o seguinte
argumento:

Discordo, pois, se esse for o caso, uma pessoa sem memória seria considerada morta.

O argumento apresentado pode ser reescrito como um silogismo:

Relembrar é viver.
Uma pessoa não relembra.
Logo, essa pessoa não é viva.

Enunciado:
Tal silogismo é um silogismo condicional:
a) Válido, pois é um Modus Ponens.
b) Inválido, pois é um Modus Tollens.
c) Válido, pois é uma Negação do Antecedente.
d) Inválido, pois é uma Negação do Antecedente.
e) Inválido, pois é um Modus Ponens.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

3 - Um dilema construtivo simples é um silogismo que tem: como premissa menor,


uma proposição disjuntiva exclusiva, na forma “Ou P ou Q”; como premissa maior,
uma proposição condicional composta na forma “Se P, então R; Se Q, então S”; e como
conclusão, uma proposição simples ou disjuntiva.
Tertuliano, o apologeta cristão, usou um argumento em favor dos cristãos de Roma a
fim de que o imperador Marco Aurélio, um justo filósofo, encerrasse sua perseguição.
Seu argumento pode ser apresentado como o seguinte dilema construtivo simples:

Ou os cristãos cometeram crimes ou não os cometeram.


Se os cometeram, tua recusa em efetuar uma investigação pública é irracional; se eles não
os cometeram, então, tua decisão de castigá-los é injusta.
Logo, ou tu és irracional ou tu és injusto.

A premissa menor desse dilema é:


a) Verdadeira, por ser uma disjunção inclusiva.
b) Falsa, por ser um condicional.
c) Verdadeira, pelo princípio do terceiro excluído.
d) Verdadeira, por ser verificada pela experiência.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


e) Nem verdadeira nem falsa.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS:

1 – “d”.
A premissa maior é uma disjunção exclusiva, pois tem a forma “Ou P ou Q”. Como a
segunda é a negação de uma das componentes da disjunção, então, o silogismo é um
silogismo disjuntivo. Como o silogismo não apresenta condicional na forma “Se P, então
Q”, ele não é um silogismo condicional. Portanto, só são verdadeiras as sentenças I e II.

2 – “d”.
O silogismo condicional apresentado tem como segunda premissa a negação do
antecedente da primeira premissa. Logo, é uma negação do antecedente, que é uma
falácia formal.

3 – “c”.
A premissa menor é, conforme o texto, uma proposição disjuntiva exclusiva. Ou seja, a
premissa é “Ou os cristãos cometeram crimes, ou não os cometeram.” Tal proposição é

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 2


verdadeira pelo princípio do terceiro excluído, pois ou uma proposição P é verdadeira
ou ela é falsa. Nesse caso, “cometer” ou “não cometer” os crimes são contraditórias,
se uma é verdadeira, então, a outra é falsa, e vice-versa. Como, para uma disjunção
ser verdadeira, basta que uma das componentes seja verdadeira, então, segue que a
premissa é verdadeira.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

03
DISCIPLINA:
LÓGICA TRADICIONAL

REGRAS DO SILOGISMO

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................37
1 REGRAS DO SILOGISMO...........................................................................................................................................38
1.1 1ª REGRA..................................................................................................................................................................38
1.2 2ª REGRA................................................................................................................................................................38
1.3 3ª REGRA.................................................................................................................................................................38
1.4 4ª REGRA................................................................................................................................................................39
1.5 5ª REGRA................................................................................................................................................................39
1.6 6ª REGRA................................................................................................................................................................39
1.7 7ª REGRA.................................................................................................................................................................40
1.8 8ª REGRA................................................................................................................................................................40
2 DEDUÇÃO, INDUÇÃO, ABDUÇÃO E ANALOGIA....................................................................................................... 41

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.1 DEDUÇÃO (MODUS PONENS)............................................................................................................................... 41


2.2 INDUÇÃO................................................................................................................................................................. 41
2.3 ABDUÇÃO................................................................................................................................................................ 41
2.4 ANALOGIA...............................................................................................................................................................42
3 FALÁCIAS...................................................................................................................................................................44
3.1 FALÁCIAS FORMAIS...............................................................................................................................................44
3.2 FALÁCIAS INFORMAIS..........................................................................................................................................45
3.3 ARGUMENTO AD HOMINEM................................................................................................................................45
3.4 FALÁCIA DO ESPANTALHO....................................................................................................................................45
3.5 ARGUMENTO AD MISERICORDIAM....................................................................................................................46
3.6 ARGUMENTO AD POPULUM.................................................................................................................................46
3.7 ARGUMENTO AD IGNORANTIAM.........................................................................................................................46
3.8 ARGUMENTO AD BACULUM.................................................................................................................................46
3.9 FALÁCIAS DE AMBIGUIDADE................................................................................................................................47

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INTRODUÇÃO

Nesta unidade, apresentaremos algumas regras para os silogismos, que são em número
de oito.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 3

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1 REGRAS DO SILOGISMO

1.1 1ª Regra
Um silogismo tem três termos.

São eles: o termo menor, o termo médio e o termo maior.


Exemplo de violação da regra:

Todo pardal é um pássaro.


Todo papagaio não é mamífero.
Logo, um pardal não é mamífero.

O exemplo apresenta um argumento que não é um silogismo, pois temos três proposições e
quatro termos. Apesar de as três proposições serem verdadeiras, a conclusão não decorre das premissas.

1.2 2ª Regra

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 3


Nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas.

O sujeito ou o predicado não podem ser considerados em extensão maior na conclusão


do que a extensão que têm nas premissas. Por isso, o seguinte silogismo é inválido.
Exemplo de violação da regra:

Todo cristão é teísta.


Alguns filósofos são cristãos.
Logo, todos os filósofos são teístas.

Apesar de as premissas serem verdadeiras, a conclusão é falsa, pois alguns filósofos são
ateus. Ocorre que a extensão do termo menor (“filósofos”) é maior na conclusão (a totalidade –
“todos”) do que na segunda premissa (extensão parcial - “alguns”).

1.3 3ª Regra
O termo médio não deve aparecer na conclusão.

O termo médio liga, nas premissas, o termo menor e o termo maior, que são o sujeito e o
predicado da conclusão.
Exemplo de violação da regra:

Todo suíno é quadrúpede.


Todo porco é suíno.
Logo, alguns quadrúpedes são suínos.

O termo médio é o termo que aparece nas duas premissas, a saber, o termo “suíno”.
Porém, ele também aparece na conclusão. Ele deveria ser a “ponte” que liga os termos “porco” e
“quadrúpede” para termos um silogismo bem formado.

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1.4 4ª Regra
O termo médio deve ser tomado em toda a sua extensão em, pelo menos, uma das premissas.

Não é possível estabelecer a relação entre sujeito e predicado na conclusão se o termo


médio não for considerado em toda a sua extensão em, pelo menos, uma das premissas.
Consideremos a seguinte inferência:

Alguns médicos são pediatras.


Alguns cariocas são médicos.
Logo, alguns cariocas são pediatras.

As três proposições do silogismo são verdadeiras. Todavia, a conclusão não segue das
premissas, pois é logicamente possível a situação de nenhum médico carioca ser pediatra e, ainda
assim, as premissas serem verdadeiras. Tal situação é improvável, mas não impossível.
Isso se dá, porque o termo “médico” não é considerado em toda a sua extensão em todas as
proposições envolvidas. Na primeira premissa, o termo “médico” é utilizado de modo particular,
considerando apenas uma parte de sua extensão. Na segunda, ocorre o mesmo, pois se refere
apenas aos “médicos cariocas”. A passagem de “carioca” para “pediatras” não pode se dar por
meio do termo “médico” nesse caso.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 3


1.5 5ª Regra
De duas premissas negativas, nada se pode concluir.

Se as duas premissas forem negativas, não é possível estabelecer a relação entre sujeito e
predicado na conclusão, baseados em ligações inexistentes entre o termo médio e o sujeito e entre
o termo médio e o predicado. Exemplo de violação da regra:

Nenhum pato é vegetal.


Nenhum vegetal é mineral.
Logo, nenhum pato é mineral.

Temos três proposições verdadeiras, porém, a conclusão não pode ser obtida a partir das
premissas negativas. Ainda que a conclusão também seja negativa, as premissas não indicam uma
conexão entre os termos para que possamos concluir algo com certeza.

1.6 6ª Regra
De duas premissas afirmativas, não se pode concluir uma proposição negativa.

Se o termo menor está incluído no termo médio e, por sua vez, o termo médio está incluído
no termo maior, não é possível concluir a negação da inclusão do termo menor no termo maior.
Exemplo de inferência inválida, por não satisfazer essa regra:

Todo felino é mamífero.


Todo mamífero é animal.
Logo, algum felino não é animal.

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1.7 7ª Regra
(i) Se uma das premissas for particular, então, a conclusão é particular.
(ii) Se uma das premissas for negativa, então, a conclusão é negativa.

O item (i) decorre da 2ª Regra. Se a conclusão fosse universal, então, um dos termos seria
empregado com extensão superior à da premissa particular indicada.
O item (ii) se justifica do seguinte modo: se um termo está incluído no termo médio e o
outro está excluído dele, então, na conclusão, os termos estarão reciprocamente excluídos um do
outro, resultando uma conclusão negativa.

1.8 8ª Regra
De duas premissas particulares, nada se pode concluir.

Tal regra decorre da 4ª Regra, pois, se o termo médio for tomado em toda a sua extensão
em, pelo menos, uma das premissas, então, pelo menos uma delas deve ser universal.
Exemplo de violação da regra:

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Algum paulistano é paulista.
Algum paulista é prefeito de Campinas.
Logo, algum paulistano é prefeito de Campinas.

As duas premissas são particulares e não fundamentam a conclusão. Se o prefeito de


Campinas for campineiro, ele satisfaz a segunda premissa, mas não a conclusão. Ainda que o
prefeito de Campinas fosse paulistano (tornando a conclusão verdadeira), a conclusão não
poderia ser obtida a partir das premissas.

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2 DEDUÇÃO, INDUÇÃO, ABDUÇÃO E ANALOGIA

Há diversos tipos de argumentação ou inferência que são empregados em discursos dos


mais variados contextos. Do ponto de vista lógico, destacam-se quatro tipos de argumentação:
dedução, indução, abdução e analogia.
Como discutido anteriormente, a dedução pode ser considerada como a argumentação
que parte do mais universal ao menos universal. Em uma dedução, chega-se a uma conclusão
particular ou menos geral a partir de premissas mais gerais. A forma clássica da dedução é o
silogismo. Inversamente, a indução é um tipo de argumentação que parte do particular para o
universal.
Um tipo menos discutido de argumentação é a abdução. Para compreender a abdução, é
útil o seu contraste com a dedução e com a indução.
A dedução permite derivar uma conclusão (consequente) como uma consequência lógica
a partir de premissas (antecedente).
A indução permite inferir uma conclusão geral (consequente) que não decorre
necessariamente a partir de premissas particulares (antecedente).
A abdução, por sua vez, permite inferir o antecedente como um tipo de explicação para o
consequente. Por exemplo, uma pessoa pode chegar a sua casa e observar que a porta de entrada
está aberta. De forma abdutiva, tal pessoa pode concluir que sua casa foi invadida ou que ele

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 3


esqueceu a porta destrancada etc. Por meio de abduções, a pessoa pode concluir uma explicação
para o fato observado.
Consideremos um exemplo para cada tipo de argumentação, empregando os mesmos
termos componentes:

2.1 Dedução (Modus Ponens)


Se o motor do carro não está dando partida, então, as velas de ignição estão avariadas.
O motor do carro não está dando partida.
Logo, as velas de ignição estão avariadas.

2.2 Indução
Toda vez que as velas de ignição estavam avariadas, o motor do carro não dava partida.
Logo, se as velas de ignição estiverem avariadas, então, o motor do carro não dará partida.

2.3 Abdução
O motor do carro não está dando partida.
Se as velas de ignição estiverem avariadas, então, o motor do carro não dará partida. Logo,
as velas de ignição devem estar avariadas.

Pode parecer que a abdução está na forma da falácia formal denominada afirmação do
consequente. Seria uma falácia se se considerasse que a conclusão (a explicação ou a hipótese)
decorre necessariamente das premissas. Não é o caso aqui, posto que, na conclusão, há o acréscimo
do termo “deve”, enfraquecendo a força da conclusão. O raciocínio abdutivo nos fornece um grau
de probabilidade para a sua conclusão apenas.

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2.4 Analogia
Quando explicar um fato é muito complicado, podemos empregar uma comparação
para elucidá-lo, partindo de alguma semelhança entre coisas distintas. O termo analogia vem do
grego e significa proporção. Em seu sentido mais preciso, analogia é a proporção na matemática.
Por exemplo:

Tal proporção indica que a relação de 6 para 4 é a mesma de 12 para 8. Indica-se, desse
modo, que há algo igual entre os números diferentes (a mesma razão nos dois casos). No sentido
mais geral, a analogia é um tipo de argumento no qual se deseja indicar a relação de semelhança
entre coisas distintas.
A forma da analogia, cujos termos comparados são A, B, C e D, é:

“A está para B, assim como C está para D”.

Uma analogia adequada oferece uma conclusão que é apenas possível. Os termos comuns
em uma analogia são “Assim” (no início da analogia) e “como”, “também”, “do mesmo modo”,
“igualmente”, “destarte” etc. (na segunda parte comparada).

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 3


Por exemplo:

Assim como a ética está para a ação, a lógica está para o pensamento.

Analogias são muito empregadas nos diversos discursos. Podemos dizer que alegorias,
metáforas, parábolas e símiles são, ou dependem de, analogias bem elaboradas.
Uma alegoria é um modo de expressão que consiste em apresentar certos conteúdos sob
uma forma figurada, estabelecendo uma analogia.
Uma parábola é uma narração alegórica que contém um preceito moral.
A metáfora consiste no emprego de palavras em sentido distinto do próprio por analogia.
O símile, por sua vez, é uma expressão que estabelece uma comparação entre dois termos
com sentidos distintos, ou seja, é um tipo de analogia.

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EXERCÍCIO PROPOSTO:
O sikhismo (ou siquismo) é uma religião monoteísta indiana, fundada por Guru Nanak
(1469-1539). É considerado uma espécie de sincretismo com elementos do hinduísmo,
do islamismo e do sufismo. O termo “sikh” significa “discípulo forte e tenaz”. A doutrina
fundamental do sikhismo é a crença em um único Deus, no ensinamento dos Dez
Gurus, registrados no livro sagrado Guru Granth Sahib. Os homens sikhs prendem o
cabelo com um turbante, e as mulheres utilizam um lenço. A respeito desse costume,
apresentamos as três inferências que seguem:

Inferência I
Esses homens são sikhs.
Esses homens usam turbante.
Logo, todos os homens sikhs usam turbante.

Inferência II
Todos os homens sikhs usam turbante.
Esses homens são sikhs.
Logo, esses homens usam turbante.

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Inferência III
Esses homens usam turbante.
Todos os homens sikhs usam turbante.
Logo, esses homens são sikhs.

Podemos dizer que as Inferências I, II e III são, respectivamente:


a) Indução – Analogia – Abdução
b) Indução – Dedução – Abdução
c) Dedução – Indução – Abdução
d) Dedução – Dedução – Abdução
e) Abdução – Dedução – Indução

RESPOSTA DO EXERCÍCIO PROPOSTO:


A Inferência I parte de duas premissas particulares para uma conclusão universal,
portanto, é uma indução. A Inferência II é uma aplicação do Modus Ponens, portanto, é
uma dedução. A alternativa correta é, portanto, a alternativa B.

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3 FALÁCIAS

Uma falácia é um raciocínio ou argumento inválido. Alguns tipos de falácias são bem
conhecidos e recebem nomes especiais.
A seguir, estudaremos os principais tipos de falácias.

3.1 Falácias Formais


Uma falácia formal, como o nome sugere, é uma inferência inválida devido à sua forma.
Todo silogismo inválido é uma falácia formal. Já discutimos dois tipos especiais de falácias
formais, a saber, a Afirmação do Consequente e a Negação do Antecedente. Recordemos que:

1 – A Afirmação do Consequente é uma falácia que se confunde com o Modus Ponens. A forma
dessa falácia é a seguinte:

Se A, então, B.
B.
Logo, A.

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Por exemplo:

Se uma mulher fizer bons investimentos, então, ela se torna uma milionária.
Maria é milionária.
Logo, Maria fez bons investimentos.

2 – A Negação do Antecedente, por sua vez, confunde-se com o Modus Tollens. A forma dessa
falácia é a seguinte:

Se A, então, B.
~A
Logo, ~B.

Por exemplo:

Se uma mulher fizer bons investimentos, então, ela se torna uma milionária.
Maria não fez bons investimentos.
Logo, Maria não é milionária.

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3.2 Falácias Informais


Uma falácia informal é uma inferência inválida devido ao seu conteúdo.

3.3 Argumento Ad Hominem


A falácia do Argumento Ad Hominem, ou Argumento contra a pessoa, é um tipo de falácia
que ataca a pessoa que apresenta um argumento, e não o argumento em si.
Como exemplo, consideremos o seguinte trecho de um debate sobre a legalização do
aborto no Brasil:

Exemplo
Paulo: “Sou contra o aborto, porque defendo a vida. A vida se inicia na concepção, logo, o
aborto é um tipo de assassinato. A Constituição Brasileira garante que ‘todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza’ e garante aos brasileiros a inviolabilidade do direito à vida”.

Hugo: “Paulo só é contra o aborto por motivos religiosos. Como Paulo pode falar com
propriedade sobre esse assunto se ele é homem? Esse assunto é exclusivo das mulheres. Além disso,
que moral ele tem para ser contra o aborto se a sua esposa já fez um aborto no passado?”

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 3


Não cabe aqui a discussão sobre a questão do aborto propriamente dito e, sim, a análise
lógica do discurso. O que interessa de um ponto de vista estritamente lógico é perceber que a
resposta de Hugo ataca Paulo, e não seus argumentos. Na verdade, nesse breve debate, Hugo
simplesmente ignora os argumentos apresentados, sejam bons ou não.

3.4 Falácia do Espantalho


A Falácia do Espantalho baseia-se na construção de um argumento de fácil refutação e
atribuição ao oponente.

Exemplo
Político 1: Educação e saúde são as prioridades de nosso programa de Governo. Precisamos
educar e cuidar do bem-estar de nosso povo.

Político 2: Claramente, meu adversário não se importa com as graves questões econômicas
de nosso País. Para ele, geração de emprego e segurança não têm importância alguma.

O Político 2 distorce a fala do Político 1. Enfatizar duas áreas como prioritárias não
significa que outras questões também sejam importantes para ele. A Falácia do Espantalho
distorce o argumento do adversário.

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3.5 Argumento Ad Misericordiam


A Falácia Ad Misericordiam, ou do apelo à misericórdia, é um argumento que necessita de
uma resposta a um apelo de tipo emocional e compassivo.

Exemplo
Rapaz: “Professor, que maldade! Não posso reprovar por faltas. Se minha mãe souber disso,
ela vai ficar uma fera! Imagine se o senhor estivesse no meu lugar. Por favor, me ajude, professor.”

3.6 Argumento Ad Populum


A Falácia Ad Populum, ou do apelo à maioria, é um argumento que tenta obter uma
conclusão mediante o fato de ser o que a maioria pensa, concorda ou aprova.

Exemplo
“Seja um assinante do jornal Tupinambá. É o preferido dos brasileiros.”

Apesar de a aprovação dos consumidores ser um indício da qualidade de um produto,


isso não significa que um produto é bom por ser bem avaliado pela maioria.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 3


3.7 Argumento Ad Ignorantiam
A Falácia Ad Ignorantiam, ou apelo à ignorância, é um argumento no qual uma conclusão
é tirada pela falta de provas que a refutem.

Exemplos
“Ninguém conseguiu provar que gnomos existem, logo, eles não existem”.

“Ninguém conseguiu provar que gnomos não existem, logo, eles existem”.

Se os argumentos fossem válidos, o mesmo apelo à ignorância poderia justificar uma


conclusão ou a sua negação.

3.8 Argumento Ad Baculum


A Falácia Ad Baculum, ou apelo à força, é um argumento que objetiva uma conclusão
mediante a indicação de consequências indesejáveis, caso contrário.

“Algumas pessoas têm se manifestado contra a minha forma de administrar este setor.
Minhas ações são justas e fundamentadas. Quem não concordar comigo deve se retirar, senão as
coisas não vão ficar agradáveis por aqui. Terei de tomar providências.”

As sentenças apresentadas formam mais uma ameaça do que um argumento. É puramente


um apelo à força. É o modo usual de argumento empregado por tiranos, mafiosos, chantagistas
e “canceladores”.

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3.9 Falácias de Ambiguidade


A Falácia de Ambiguidade, ou do equívoco, se baseia na ambiguidade ou no equívoco
acerca dos termos envolvidos em um argumento.

Exemplo
“Você diz que os únicos animais racionais são os homens. Quer dizer que as mulheres são
irracionais?”

A confusão semântica se dá, porque, na primeira frase, “homem” é sinônimo de “ser


humano” e, na segunda frase, o sentido é de “ser humano do sexo masculino”.
Esse tipo de raciocínio errado merece bastante atenção. A falácia do equívoco é muitíssimo
frequente. Em um diálogo, se cada um dos interlocutores entende de modo distinto o sentido
das palavras, então, a comunicação fica dificultada. Por isso, antes de entrar em um debate
propriamente dito, é salutar o estabelecimento preciso dos termos importantes para a discussão.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS:

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 3


1 – Identifique as formas de argumentos e classifique-os em (V) válidos ou (I) inválidos.

a) Se choveu, então, o campo está molhado. Choveu. Logo, o campo está molhado.

b) Se Edmundo está vivo, então, ele será homenageado. Edmundo será homenageado.
Logo, Edmundo está vivo.

c) Minha mãe diz que eu sou muito nova para namorar. Ora, ela ficou grávida com 16
anos. Então, eu também posso namorar.

d) A maioria das pessoas é desonesta. Logo, eu também devo ser desonesto.

e) Se Tiago dirigiu com prudência, então, o carro está em perfeitas condições. O carro está
quebrado. Logo, Tiago foi imprudente.

f) Os políticos de direita são aqueles que acham que os ricos devem continuar ricos e os
pobres devem morrer de fome. Por isso, você só pode votar em políticos da esquerda.

g) Se você não me der dinheiro, eu terei de roubar. Se eu roubar, então, eu serei preso. Logo,
se você não me der dinheiro, então, eu serei preso.

h) Ou eu serei promovido ou serei transferido. Não serei promovido. Logo, eu serei


transferido.

i) Todo macaco é um animal. Logo, o instrumento que eu uso para trocar os pneus do meu
carro é um animal.

j) Se você não fizer a sua tarefa de casa, ficará de castigo. Logo, você fará a sua tarefa.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2 – Determine se os argumentos a seguir são válidos ou falácias. Se for uma forma


conhecida, classifique-a.

a) A Programação Neurolinguística (PNL) tem sido utilizada por um grande número de


profissionais das mais diversas áreas. É a nova estratégia de pessoas bem-sucedidas. Logo,
você deve utilizar a PNL também.

b) Francisco, eu sei bem que você está contra mim neste projeto. Você disse isso várias
vezes. Mas o projeto é bom. Vai ser bom para todo mundo. Eu tenho certeza de que você
vai reconsiderar e votar a favor. Afinal, seria muito ruim se sua esposa soubesse com quem
você esteve ontem à noite, não é? Tenho certeza de que posso contar com você.

c) Eu disse: “Se você não estudar, não vai passar de ano”. Você não estudou. Logo, está reprovado.

d) Até o momento, não obtivemos nenhum indicativo de que nossa estratégia não é
bem-sucedida. Logo, nossa estratégia é bem-sucedida.

e) Ninguém é perfeito. Como eu sou um ninguém, então, eu sou perfeito.

f) Os seres humanos são seres livres. Então, somos livres para fazer o que quisermos.
Logo, ninguém pode ser preso.

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 3


g) Paulo argumenta que, como há uma certa ordem racional na natureza, deve haver
um ser racional que a criou. Ora, Paulo diz isso, porque é uma pessoa religiosa. Logo,
a ordem racional do mundo não implica a existência de um ser racional que o criou.

h) O presidente pediu que todos economizem energia elétrica. Eu não vou economizar.
Ora, ele mesmo deveria economizar evitando gastos com tantas viagens que faz.

i) Ou estou sonhando ou estou morto. Se estou sonhando, não quero acordar. Se estou
morto, eu quero ressuscitar. Logo, ou não quero acordar ou quero ressuscitar.

j) Ou venceremos ou morreremos. Eu digo: Não morreremos! Logo, venceremos!

k) Ou eu sei ou eu não sei. Se sei, digo que sei. Se não sei, digo que não sei. Logo, ou digo
que sei ou digo que não sei.

l) Meus caros, não posso ser preso. Eu tenho esposa e três filhos para cuidar. Como eles
irão viver sem mim?

m) Os cristãos acreditam na Trindade, isto é, que um Deus é igual a três deuses: Pai,
Filho e Espírito Santo. Ora, essa doutrina só pode ser falsa, pois, segundo a aritmética,
um é diferente de três. Só mesmo um tolo para acreditar nisso!

n) Eu quero vencer. Se eu quiser vencer, então, eu vencerei. Portanto, uma coisa é certa: eu vencerei!

o) Estudos recentes comprovam que as pessoas pessimistas tendem a cometer mais


erros em seus trabalhos. Por isso, se você quer ser um vencedor, seja um otimista!

p) Você tem duas opções: ou fica do nosso lado ou contra. Nós somos a maioria. Os que
pensam diferente de nós são uns imbecis! Além disso, se você escolher o outro lado e
precisar de nossa ajuda em momento de necessidade, pode ser que nós não possamos
te ajudar. Entendeu?

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS:

1–
a) Modus Ponens, V
b) Afirmação do Consequente, I
c) Ad Hominem, I
d) Ad Populum, I
e) Modus Tollens, V
f) Espantalho, I
g) Silogismo Hipotético, V.
h) Silogismo Disjuntivo, V.
i) Equívoco, I.
j) Ad Baculum, I.

2–
a) Inválido. Falácia do apelo ao Povo (ad Populum).
b) Inválido. Falácia do apelo à força (ad Baculum).
c) Válido. Modus Ponens.
d) Inválido. Falácia do apelo à ignorância (ad Ignorantiam).

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 3


e) Inválido. Falácia do Equívoco.
f) Inválido. Falácia do Equívoco.
g) Inválido. Falácia abusiva contra a Pessoa (ad hominem).
h) Inválido. Falácia conta a Pessoa (ad hominem). Tu quoque.
i) Válido. Dilema construtivo.
j) Válido. Silogismo disjuntivo.
k) Válido. Dilema construtivo.
l) Inválido. Falácia do apelo à Misericórdia (ad misericordiam).
m) Inválido. Falácia do espantalho e falácia abusiva contra a pessoa (ad hominem).
n) Válido. Modus Ponens.
o) Inválido. Falácia do apelo ao Povo (ad Populum).
p) Inválido. Falácia do apelo ao Povo (ad Populum); abusiva contra a pessoa (ad hominem)
e apelo à força (ad baculum).

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

04
DISCIPLINA:
LÓGICA TRADICIONAL

ARTE DAS ARTES

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................52
1 AS PARTES DA LÓGICA.............................................................................................................................................53
1.1 APREENSÃO SIMPLES...........................................................................................................................................53
1.2 JUÍZO........................................................................................................................................................................53
1.3 RACIOCÍNIO............................................................................................................................................................54
2 LÓGICA E CIÊNCIA....................................................................................................................................................54
3 A IMPORTÂNCIA DA RAZÃO HUMANA...................................................................................................................55
4 RETÓRICA E DIALÉTICA...........................................................................................................................................56
4.1 ETHOS......................................................................................................................................................................56
4.2 PATHOS...................................................................................................................................................................56
4.3 LOGOS.....................................................................................................................................................................57

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

5 PERSUASÃO..............................................................................................................................................................57
5.1 CAMPANHA PUBLICITÁRIA...................................................................................................................................58
5.2 CAMPANHA ELEITORAL........................................................................................................................................58
6 DEBATES....................................................................................................................................................................59
6.1 ESTRUTURA DE UM DEBATE................................................................................................................................59
7 A TOMADA DE DECISÃO...........................................................................................................................................60

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Como visto anteriormente, a Lógica é tradicionalmente considerada a arte diretiva da


razão, ou seja, a arte que dirige o próprio ato do pensamento racional.
O emprego do termo arte nesse contexto clássico é diferente da semântica atual. Em
linhas gerais, para nós, arte é algo que se faz ou que é produzido. Desse modo, consideramos que
arte é o que é feito por um artista. Já para os autores antigos e medievais, arte é algo que se possui,
é um hábito (do latim habeo, “eu tenho, eu possuo”).
Ademais, hábito também não era considerado apenas um costume, e, sim, algo próprio
de uma pessoa. Na visão clássica, hábito é uma disposição em relação a um fim buscado pelo
sujeito. Nessa perspectiva, arte é um hábito prático.
Em uma concepção aristotélica, arte é considerada recta ratio factibilium, ou seja, o justo
critério das realizações, o conhecimento que regula a atividade exterior.
Portanto, arte é uma operação que produz uma obra que é distinta da própria ação. É por
isso que dizemos que o produto de tal operação é uma obra de arte.
Por exemplo:

LÓGICA TRADICIONAL | UNIDADE 4


Geral
O artista produz a obra segundo os preceitos de uma arte. Ele só é capaz disso, pois tem
a arte, isto é, o tipo de hábito ou conhecimento necessário para atingir tal fim.

Particular
O pintor produz o quadro segundo os preceitos da Pintura. Ele só é capaz disso, pois
tem a arte de pintar.

O exemplo particular é um caso de uma das belas artes. O sentido de arte é mais geral
e corresponde a vários outros tipos de saberes, tais como a Gramática, a Lógica, a Retórica, a
Aritmética, a Geometria etc.
O vocábulo latino ars tem um sentido bastante próximo ao termo grego techné. Este
último deu origem ao termo técnica, que implica que a arte é considerada, na acepção de ser, um
conhecimento prático e útil.
Quando dizemos, com a Tradição, que a Lógica é a arte que dirige o próprio ato da razão,
queremos inferir que a Lógica é entendida como Arte por excelência ou a Arte das artes. Donde
decorre a importância fundamental da Lógica, por considerarmos que a Lógica é a Arte pela qual
as outras artes são dirigidas racionalmente.
Isso não quer dizer que tudo seja lógica ou redutível à Lógica. Há vários outros domínios
do saber, de arte e de modos de conhecer, que não são estritamente lógicos ou racionais. Porém,
mesmo para perceber tal fato e expressá-lo, é necessário o emprego da razão e, consequentemente,
da Lógica.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1 AS PARTES DA LÓGICA

A Lógica está relacionada a uma operação cujo objeto próprio é o raciocínio. Por meio
do raciocínio, é possível progredir no conhecimento da verdade. O raciocínio é uma operação
complexa, que depende de outras duas operações da razão.
São três as operações da razão: a apreensão simples, o juízo e o raciocínio.

1.1 Apreensão Simples


A apreensão simples permite a formação de conceitos. Podemos acessar os objetos da
realidade por meio de nossos sentidos. Por um processo de abstração, “extraímos” das percepções
dos objetos sensíveis algumas características. Nesse contexto, a abstração pode ser considerada
como um ponto de vista particular, que seleciona alguns tipos de características e ignora outros.
Por exemplo:
Podemos abstrair certas propriedades de uma planta. Tal abstração depende da perspectiva
do sujeito que a efetua. Assim, o botânico está interessado em características externas da planta,
tais como reprodução, longevidade, em que clima se desenvolve etc. O farmacologista, por sua
vez, está interessado nas propriedades medicinais da planta, para quais fins terapêuticos ela serve

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etc. Um pintor pode se interessar por sua cor, forma, volume etc. Um poeta pode utilizar, em
suas composições, a planta como símbolo do amor, ódio etc. Tais considerações de algumas
propriedades da planta, e não de outras, é uma abstração.
Nossa inteligência tende a capturar as propriedades comuns a certos objetos, criando
desse modo um conceito.
A apreensão simples é, portanto, o processo de entendimento ou abstração da essência
(ou natureza) de um objeto. É a apreensão do que a coisa é, sem afirmar ou negar nada sobre ela.
Apesar de conseguirmos apreender quais são as características comuns a certos objetos
que estão no escopo de determinado conceito, a ponto de dizer se pertencem ou não à extensão
do conceito, nem sempre conseguimos explicitar claramente quais são tais características que
formam a sua intensão.
Quando conseguimos expressar precisamente tais características comuns a todos os
objetos que estão no escopo de um conceito, dizemos que temos uma definição. Ao dizer que
o homem é um animal racional, estamos dando uma definição de ser humano. Por sua vez, tal
definição depende da compreensão exata do que queremos dizer por “animal” e por “racional”.
Essa definição exemplifica o produto obtido pela segunda operação da mente, isto é, o juízo.

1.2 Juízo
O juízo é o ato da inteligência que une ou separa os conceitos, mediante uma afirmação
ou uma negação, tendo a realidade como referência. Pelo juízo, afirmamos ou negamos uma coisa
de outra.
Por exemplo:
Quando dizemos “todo pernambucano é brasileiro”, estamos afirmando a conveniência
do conceito de “brasileiro” como predicado ao conceito de “pernambucano”.
O produto dessa operação também é denominado juízo. Um juízo é expresso por uma
proposição, ou seja, pode ser verdadeiro ou falso. Desse modo, podemos efetuar raciocínios.

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1.3 Raciocínio
O raciocínio é a operação própria da razão. O raciocínio nos permite chegar ao
conhecimento das coisas desconhecidas a partir do que já conhecemos.
Como discutido anteriormente, um raciocínio pode ser indutivo ou dedutivo. O exemplo
canônico de dedução é o silogismo, que é composto de três proposições (juízos). Por sua vez,
essas proposições são formadas pelo emprego de três termos. Os termos são as contrapartidas
linguísticas dos conceitos. Por isso, podemos dizer que um termo é um conceito verbal e que o
conceito é um termo mental.
O Quadro 1 resume as operações da razão e seus respectivos produtos mentais e
linguísticos.

Operação da razão Produto mental Produto Linguístico


1 Apreensão Simples Conceito Termo
2 Juízo Juízo Proposição
3 Raciocínio Raciocínio Inferência
Quadro 1 - Operações da razão e seus respectivos produtos mentais e linguísticos. Fonte: O autor.

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A cada uma das operações da razão corresponde uma das partes da Lógica Tradicional:

1. Lógica da Apreensão Simples (ou Lógica dos Conceitos);


2. Lógica do Juízo (ou Lógica Proposicional);
3. Lógica do Raciocínio.
Note-se que tal divisão explicita a estrutura dos estudos efetuados, pois iniciamos pelos
termos, passamos pelas proposições e, finalmente, estudamos os raciocínios ou inferências.

2 LÓGICA E CIÊNCIA

Segundo a tradição aristotélica, ciência é o conhecimento pelas causas. Ademais, a ciência


é certa posse (conhecimento) da verdade. Nesse sentido mais amplo, podemos dizer que a Lógica
é a ciência racional.
Podemos aplicar princípios, regras e resultados da Lógica, empregando-a como uma
arte, como um conhecimento prático. Se, além de tais preceitos, também conhecermos a sua
fundamentação a partir dos princípios lógicos, podemos dizer que conhecemos a Lógica como
ciência. Como ciência e arte, a Lógica fundamenta e guia a razão humana em suas operações.

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3 A IMPORTÂNCIA DA RAZÃO HUMANA

A racionalidade é uma capacidade que distingue os seres humanos de outros animais.


Ela é responsável por orientar o ser humano em suas práticas, escolhas e crenças. Por isso, o ser
humano pode ser filosoficamente considerado o “animal racional”. Além disso, de acordo com
algumas tradições religiosas, o ser humano é considerado imagem e semelhança de Deus. Tais
perspectivas fundamentam a chamada dignidade da pessoa humana e o fato de que o ser humano
deve buscar a Verdade.
Há várias teorias acerca da verdade, com mais ou menos coerência. A perspectiva
tradicionalmente mais aceita é a teoria correspondencial da verdade. Segundo tal teoria, a
verdade é vista como correspondência, isto é, uma relação efetiva entre o que se afirma e os fatos
da realidade. Aristóteles é considerado um dos principais defensores de tal perspectiva. Muito
útil e intuitiva é a seguinte distinção efetuada por Aristóteles:

“Dizer do que é que ele não é ou do que não é que ele é, é falso; dizer do que é que ele é e do
que não é que ele não é, é verdadeiro.”
(Metafísica 1011b26-27 – Tradução Nossa).

Nessa esteira, o filósofo polonês Alfred Tarski (1901 - 1983) propõe a seguinte definição

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semântica:

Dada uma proposição “P”, temos que “P” é verdadeira se, e somente se, P.

Em outras palavras, uma proposição é verdadeira se, e somente se, o que ela significa
corresponde ao estado de coisas referido por ela.
Por exemplo:

A proposição “A neve é branca” é verdadeira se, e somente se, a neve é branca.

A expressão entre aspas serve para distinguir proposição da situação (ou estado de
coisas). Assim, o que está entre aspas é a proposição que afirma que a neve é branca e, sem aspas,
o próprio estado de coisas no mundo. A proposição é verdadeira, porque corresponde à situação
(a neve é branca).
Pode parecer que tal discussão seja trivial, mas nem todos os filósofos concordam com tais
considerações. Uma vez assumida uma teoria da verdade, a Lógica tem a função de determinar
em quais condições certas proposições podem ser inferidas como verdadeiras a partir de outras
premissas assumidas como verdadeiras.

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4 RETÓRICA E DIALÉTICA

Para tratar das artes da descoberta e comunicação da verdade, Aristóteles dedicou vários
tratados. Além de praticamente ter criado a Lógica, Aristóteles também sistematizou a Retórica e
a Dialética como ferramentas na busca da verdade.
Segundo Aristóteles, a Retórica é a outra face da Dialética. Ambas são artes que lidam com
matéria opinável, com o provável, e não com o certo. As duas artes podem oferecer argumentos
para defender posições contrárias. A Dialética trata de questões filosóficas e mais gerais mediante
o emprego de termos mais técnicos e precisos. A Retórica, por sua vez, trata de questões mais
práticas e particulares. É sobre alguns aspectos fundamentais da Retórica que nos concentraremos
a seguir. Segundo Aristóteles, “a Retórica pode ser definida como a faculdade de se observar em
cada caso os meios disponíveis de persuasão” (Retórica, I, 2, 1355b 26-27).
Tradicionalmente, são três os modos de persuasão, a saber, ethos, pathos e logos. O ethos
objetiva estabelecer o caráter pessoal do emissor como uma autoridade. O pathos visa colocar
emotivamente a audiência em certa disposição mental. O logos é a parte mais racional do discurso,
que tenta estabelecer-se como uma prova.

4.1 Ethos

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A persuasão é obtida pelo emissor pelo ethos, quando fica estabelecido o seu caráter
pessoal, que convence o receptor de que tem credibilidade. Por meio do ethos, o emissor inspira
confiança no público. Isso se dá por meio de sua reputação, cortesia, temperamento, competência,
conhecimento etc. Por exemplo:

Ethos: O próximo palestrante é o Dr. Tomasini. Ele é graduado em Filosofia pela Universidade
da Califórnia e Doutor pela Universidade de Oxford. É especialista em Epistemologia e tem publicado
diversos livros e artigos em reconhecidas revistas na área. Atualmente, é Coordenador do Projeto
“Racionalidade e Conhecimento Humano”, da Universidade de St. Andrews. Dr. Tomasini recebeu o
Prêmio Gettier por seu livro “Novas Perspectivas em Epistemologia” e escreve periodicamente artigos
para o Jornal New York Times sobre assuntos filosóficos.

Tal apresentação visa apresentar o palestrante como uma autoridade no assunto e


despertar a credibilidade junto ao público.

4.2 Pathos
O pathos persuade o receptor mediante certo apelo emocional, de tal modo que desperte
sentimentos favoráveis à aceitação de seu discurso. Pelo pathos, a audiência é estimulada a adotar
certa disposição mental mais receptiva. Por exemplo:

Pathos: “Cansado de ficar preso em casa? Chega de trabalho! É hora de viajar e conhecer
novos lugares. Nossa agência tem muitas opções para que você possa desfrutar as merecidas férias.
Venha viver essa aventura”.

O trecho anterior pretende estimular emoções em potenciais clientes a fim de vender um


produto ou serviço.

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4.3 Logos
O logos consiste na prova ou inferência racional propriamente dita. Basicamente, os tipos
de argumentos e inferências válidos estudados neste curso até agora correspondem ao logos dos
discursos. Por exemplo:

Logos: “Pesquisas têm mostrado que o uso de nosso medicamento, associado com a prática
de atividades físicas, pode auxiliar em até 80% a redução de peso. Das 20 pessoas que participaram
de um experimento, 12 pessoas perderam 15 Kg em menos de duas semanas. As outras 8 pessoas
perderam entre 5 kg e 10 Kg.”

Tais informações apelam para o aspecto racional do público, mostrando casos anteriores,
resultados de pesquisas e dados estatísticos, com o objetivo de mostrar a funcionalidade de um
produto.

5 PERSUASÃO

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Para persuadir o público, em seu discurso o emissor deve cuidar de:

(i) estabelecer a sua autoridade e domínio sobre o assunto (ethos);


(ii) provocar emoções favoráveis (pathos);
(iii) convencer racionalmente os receptores sobre a veracidade de suas proposições
(logos).

O termo grego “ethos” significa “caráter”. Tal palavra está relacionada ao termo “ethikos”,
que significa “moralidade” e que deu origem ao termo “ética”.
Segundo Aristóteles, existem três categorias de ethos:

1 - Phrónesis (“prudência”): corresponde à virtude prática e à sabedoria de uma pessoa;


2 - Aretê (“excelência”): significa adaptação perfeita. É a virtude que corresponde ao
cumprimento pleno do propósito de uma pessoa;
3 - Eunoia” (“benevolência”): significa a boa-vontade e a receptividade que o orador
estabelece com o público.

O orador deve cultivar tais virtudes para que possa, de fato, atingir a audiência de forma
persuasiva. Ele deve ser prudente, excelente e benevolente. Cada uma dessas categorias do ethos
está diretamente relacionada a uma das formas de persuasão aristotélicas.
A phrónesis permite argumentos e conselhos sábios e razoáveis. Possibilita, desse modo,
o logos do discurso.
A areté permite argumentar de modo honesto e sincero. Isso é a base para o ethos do
discurso.
A eunoia permite a solidariedade e amabilidade com o público. Estabelece-se, assim, o
pathos do discurso.
Outros exemplos do emprego das formas ethos, pathos e logos são apresentados a seguir.
Vejamos:

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5.1 Campanha Publicitária


Ethos: Especialistas de um determinado assunto e/ou pessoas famosas (tais como atletas,
artistas, influencers etc.) recomendam um produto ou um serviço.
Pathos: Os contextos se dão em ambientações familiares e/ou situações desejáveis
(comodidade, descanso, alegria, prazer etc.) e são decorrentes do uso de determinado produto
ou serviço.
Logos: São apresentados experimentos, dados, estatísticas, resultados de pesquisa etc.
que visam comprovar que determinado produto ou serviço é o melhor custo-benefício.

5.2 Campanha Eleitoral


Ethos: Ênfase nas virtudes do candidato e as características (formação, experiência
política etc.) para mostrar que o candidato é o mais apto.
Pathos: Cenários com crianças, pessoas sorridentes, canções etc., que estimulem
as emoções. Também são apresentadas situações ruins, tristes e problemas, associados aos
concorrentes e/ou partidos e aliados.
Logos: São apresentados resultados de pesquisa, experimentos, estatísticas etc. para
mostrar que a intenção de votos é maior para o candidato. Também são apresentadas as propostas

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e promessas de campanha.
Tais formas retóricas também são utilizadas nos debates, dos quais trataremos
sucintamente a seguir.

EXERCÍCIO PROPOSTO:

Júlia está tentando convencer sua mãe a fim de que possa participar da viagem de
formatura que sua turma de Ensino Médio está organizando. Ela diz: “Mãe, todos os
meus colegas vão participar dessa viagem. Eu prometo que vou me comportar. Se você
não me deixar participar, eu serei a única esquisitona da minha escola que não vai viajar
com a galera. Que vergonha! Isso é pior do que a morte!”

Qual é a principal forma de persuasão que Júlia utiliza em seu discurso?


a) Ethos.
b) Pathos.
c) Logos.
d) Phrónesis.
e) Aretê.

RESPOSTA DO EXERCÍCIO PROPOSTO:


O discurso de Júlia apela simplesmente para a dimensão emocional, ou seja, ela emprega
essencialmente o pathos para tentar convencer sua mãe. Aliás, de um ponto de vista
estritamente lógico, Júlia está cometendo uma Falácia de Apelo à Misericórdia. Seu
argumento não é racional.

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6 DEBATES

O debate é um ato comunicativo no qual duas ou mais pessoas apresentam suas opiniões.
Usualmente, um debate se dá de modo argumentativo e é sobre um tema específico.
Um debate pode ser formal ou informal:
1 - Debate formal: tem formato rígido, com regras e temas preestabelecidos. Normalmente,
é mediado por um moderador, cujo papel é garantir a ordem e a igualdade de oportunidades para
os debatedores.
2 - Debate informal: ocorre espontaneamente entre pessoas que têm perspectivas
diferentes sobre determinado assunto e podem apresentar livremente seus pontos de vista.
O exemplo clássico de debate é a disputatio medieval, além dos debates eleitorais
organizados por canais de TV e estações de rádio, bem como os debates sobre temas diversos
organizados por instituições de ensino e entidades culturais.
Em um debate, os debatedores devem apresentar posições opostas, pelo menos
inicialmente. Se todos os participantes envolvidos concordam de antemão com as teses que serão
discutidas, então, isso não configura um debate. O debate visa à busca pela verdade. Se um dos
debatedores for convencido de que estava inicialmente errado devido aos argumentos de seu
adversário, pode-se dizer que ele é o verdadeiro ganhador.

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6.1 Estrutura de um Debate
O proponente apresenta uma tese e a defende por meio de argumentos. O oponente tenta
refutar a tese apresentada, apresentando objeções. O proponente deve, então, responder a cada
objeção. Se for bem-sucedido, a tese é considerada bem defendida e é o vencedor do debate. Caso
contrário, ele perdeu o debate. Nem sempre tal conclusão é emitida por um moderador, júri ou
juiz, podendo ficar em aberto para que cada integrante do público tire suas próprias conclusões.
A estrutura desse tipo de debate é apresentada na Figura 1.

Figura 1 – Estrutura de um debate com proposição de uma tese. Fonte: Adaptado de Rescher (1997).

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Outros tipos de debate seguem mais ou menos a mesma estrutura. Pode ocorrer que o
oponente também tenha que apresentar a sua tese e confrontar a refutação do outro debatedor.
Tal estrutura também pode ser utilizada por uma peossa que tenta desenvolver um
raciocínio sobre determinado assunto, exercendo o papel de proponente e oponente em um
exercício mental de debate. Esse procedimento pode nos ajudar na tomada de decisão em um
sentido bem amplo.

7 A TOMADA DE DECISÃO

A tomada de decisão é um processo cognitivo que resulta na escolha de uma crença


ou uma ação dentre diversas possibilidades. Por exemplo, consideremos que um sujeito esteja
analisando a validade de uma tese T e elenque um conjunto de argumentos favoráveis a tal tese.
Se, após efetuar um exercício mental semelhante ao proposto anteriormente, no qual são
considerados argumentos a favor e contra a tese, ele conclua que T é falsa, podemos dizer que
ele efetuou uma tomada de decisão sobre a crença T. De modo análogo, sua reflexão poderia ser
sobre determinada ação. Em um sentido bastante amplo, podemos dizer que efetuamos tomada
de decisão a todos os instantes, de modo consciente ou inconsciente. Cada uma de nossas ações
e pensamentos são resultados de uma tomada de decisão.

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Nesse sentido, um primeiro tipo de tomada de decisão depende do processamento rápido
e automático de informação. Tal processo é de difícil controle, está baseado em associação com
dados já conhecidos e depende de hábitos e emoções.
O segundo tipo é um processo mais lento, consciente, voluntário e reflexivo. A deliberação
para a tomada de ação é mais racional e depende de esforço intelectual e de conhecimento.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS:

1 – Leia o texto a seguir, extraído da Retórica, de Aristóteles(1356ª1-4).


“Dos modos de persuasão fornecidos pela palavra falada, existem três tipos. O primeiro
tipo depende do caráter pessoal do orador; o segundo, em se colocar o público em um certo
estado de espírito; o terceiro na prova, ou na prova aparente, fornecida pelas palavras do
próprio discurso.”
(ARISTÓTELES. Rhetoric. In: The Complete Works of Aristotle. Vol. 2. Ed. Jonathan
Barnes, 2152-269. Princeton: Princeton University Press, 1995, p. 2155 – Tradução
Nossa).

De acordo com a passagem em questão, Aristóteles está tratando, respectivamente, dos


seguintes tipos de persuasão:
a) ethos – logos – pathos.
b) pathos – logos – ethos.
c) logos – pathos – ethos.
d) pathos – ethos – logos.
e) ethos – pathos – logos.

2 - Quais são as três operações da razão e quais são seus produtos mentais e linguísticos?

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RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS:

1 - Alternativa “e”. O caráter do orador corresponde ao ethos. O estado de espírito


despertado no público é o pathos. Finalmente, a proposta de prova corresponde ao
logos do discurso.

2 - Apreensão simples produz o conceito, que corresponde ao termo.


Operação do Juízo, que, como o nome sugere, produz o juízo, que é expresso por uma
proposição.
Operação do raciocínio, que produz o raciocínio, expresso por uma inferência.

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ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
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Argumentação. São Paulo: Rideel, 2009.

D’OTTAVIANO, M. L.; FEITOSA, H. A. Sobre a história da lógica, a lógica clássica e o


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QUILELLI, P. Raciocínio Lógico. Rio de Janeiro: Quileditora, 2009.

ROCHA, E. Raciocínio Lógico para Concursos. São Paulo: Ed. Impetus, 2010.

ROCHA, E.; AIRES, M. A Lógica do Cotidiano - Como o Raciocínio Lógico contribui para o
seu desenvolvimento profissional. São Paulo: Impetus, 2010.

SINHA, N. K. The Pearson Guide to Logical Reasoning and Data Interpretation for the CAT
[Common Admission Test]. 2nd. ed. New Delhi: Dorling Kindersley, 2009.

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