Você está na página 1de 80

Prof. Me.

Ricardo Benedito de Oliveira


REITOR

Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Diretora de Ensino a Distância:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Profa. Ma. Daniela Ferreira Correa
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não Designer Educacional:
vale a pena ser vivida.” Clovis Ribeiro do Nascimento Junior

Cada um de nós tem uma grande res- Diagramador:


ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Alan Michel Bariani
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica
e profissional, refletindo diretamente em nossa
Revisão Textual:
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim /
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente
Mariana Tait Romancini Domingos
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam
Produção Audiovisual:
Eudes Wilter Pitta / Heber Acuña
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Berger
cia no mercado de trabalho.
Revisão dos Processos de
De fato, a tecnologia e a comunicação Produção:
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, Rodrigo Ferreira de Souza
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Fotos:
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino Shutterstock
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.

Que esta nova caminhada lhes traga


muita experiência, conhecimento e sucesso.

© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
ENSINO A DISTÂNCIA

01
UNIDADE

REPRESENTAÇÕES DO
DESENHO TÉCNICO
PROF. ME. RENAN AUGUSTO AVANCI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
NOÇÕES DO DESENHO TÉCNICO ............................................................................................................................ 5
NORMALIZAÇÃO DO DESENHO ................................................................................................................................ 7
ESCALA ...................................................................................................................................................................... 11
APLICAÇÃO PRÁTICA DAS ESCALAS ..................................................................................................................... 14
COTAGEM .................................................................................................................................................................. 15

WWW.UNINGA.BR 3
ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Nesta unidade vamos compreender como organizar e confeccionar o desenho técnico,
pensando nas suas normas. Em especial nas normas da ABNT, que serão melhor explicadas no
decorrer da exposição do conteúdo.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


Figura 1 - Diagramas de configuração de organização das formas em aglomeração, e respectivo exemplo
arquitetônico de James Stirling & James Gowan, estudo de casa (1956). Desenho original Hilton Berredo. Fonte:
CHING (2010).

Apesar da natureza subjetiva da percepção, a visão ainda é o sentido mais im-


portante para reunir informações sobre o mundo. No processo de observação,
somos capazes de chegar à visão espacial e traçar os contornos dos objetos, regis-
trar superfícies, sentir texturas e explorar o espaço. A natureza tátil e sinestésica
do desenho, em resposta direta aos fenômenos sensoriais, aprimora o conheci-
mento do presente, expande a memória visual do passado e estimula a imagina-
ção para desenhar o futuro. (CHING, 2010, p.02)

Pontos principais a respeito da ilustração de um objeto por meio de um desenho são


tratados na parte inicial desta apostila, assim como os parâmetros que regem sua conceituação e
representação dita como técnica. Portanto, o estudo desta primeira unidade aborda os princípios
e convenções que gerenciam a configuração de um desenho que pode ser representado e lido por
todos.

WWW.UNINGA.BR 4
ENSINO A DISTÂNCIA

NOÇÕES DO DESENHO TÉCNICO


Francis Ching (2001, p.1), em seu livro, Representação gráfica para desenho e projeto, de-
fine que desenhar é o “processo ou técnica de representação de alguma coisa – um objeto, uma
cena ou uma ideia – por meio de linhas, em uma superfície”. Do mesmo modo, afere que qual-
quer que seja a forma deste desenho, ele representa o meio no qual organizamos e expressamos
pensamentos e percepções visuais. Para o autor, na essência de qualquer desenho, existe um arti-
fício interativo entre ver, imaginar e representar imagens.
A visão, segundo Ching, (2001, p.3), é um dos principais meios do qual tomamos contato
com as formas que configuram o mundo. Também é o nosso sentido com alcance mais longínquo
e no qual nos apoiamos, prioritariamente, para realizarmos as atividades cotidianas. Para o au-
tor, “ver fortalece nossa habilidade de desenhar, enquanto desenhar revigora a visão”. Para além,
Ching entende que as imagens apreendidas pela visão são processadas, manipuladas e filtradas
pela mente em uma constante busca por estrutura e significado. Em outras palavras, considera
que “a mente cria as imagens que vemos, e estas são as imagens que tentamos representar no
desenho”. Portanto, desenhar é um processo que estimula a imaginação, enquanto a imaginação
fornece o ímpeto de desenhar.
Neste sentido, podemos afirmar que o desenho é um meio natural de expressão daquilo
que vemos e imaginamos. De fato, é uma demarcação em um plano que representa graficamente

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


o que enxergamos à frente ou imaginamos mentalmente (CHING, 2001).

Figura 2 - Processo de desenho. Fonte: CHING (2010).

O entendimento do desenho como uma demarcação gráfica da visão e da mente estabele-


ce uma linguagem, ou seja, uma linguagem gráfica. Segundo Thomas French (2002), o importan-
te valor atribuído a esta linguagem pode ser observado ao compará-la com as linguagens verbais.
Para o autor, por exemplo, todas as pessoas que frequentam, ou frequentaram, alguma instituição
de educação estudam a língua do seu país, e até mesmo de países estrangeiros, e aprendem a ler,
escrever e falar essa língua com certo grau de habilidade. Embora, para French (2002, p.16), essas
linguagens verbais sejam sistemas altamente desenvolvidos de comunicação, elas são, de certo
modo, “inadequadas para descrever o tamanho, a forma e a relação dos objetos sólidos”. Em ou-
tras palavras, o que o autor quer nos expor é que nem sempre conseguimos expressar por meio
de textos e falas as cenas que vemos ou imaginamos.

WWW.UNINGA.BR 5
ENSINO A DISTÂNCIA

Para entendermos melhor, façamos um exercício proposto por French (2002) em seu
livro, Desenho técnico e tecnologia gráfica, observe a figura 3 e tente descrevê-la verbalmente, ou
seja, busque narrar com palavras o que você observa na figura de modo que alguém que não a
tenha visto possa formar uma imagem mental completa, clara e precisa daquilo que está repre-
sentado.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


Figura 3 - Pavilhão de Portugal na Exposição de 1998 - Arquiteto Álvaro Siza. Fonte: ARCHIDAILY (2017).

Provável que você tenha encontrado certa dificuldade em descrever verbalmente a ima-
gem. Além disso, ao tentar descrevê-la, você pode ter sentido a necessidade de usar um lápis e um
papel, e até mesmo de gesticular (que é uma forma não materializada do desenho), para esboçar
de forma preliminar alguma parte da figura, em busca de complementar sua descrição verbal. A
partir desse ponto de vista, podemos considerar que a linguagem falada não configura, muitas
vezes, por si só, um canal de comunicação claro e preciso de expressão da forma, do tamanho e
dos componentes daquilo que estamos vendo ou imaginando. É necessária uma linguagem grá-
fica! É necessário o desenho!
Desta forma, uma vez que o “desenho possa assim considerar-se uma linguagem, e como
tal deve ter uma gramática, uma ortografia e uma caligrafia própria, cujo estudo é necessário a
quem pretende ler e escrever corretamente essa linguagem” (CUNHA, 2004, p.23), é possível
distinguir dois tipos de desenho: o Desenho Artístico e o Desenho Técnico.
Para Cunha (2004), o desenho artístico possibilita uma maior liberdade e subjetividade
na representação. Segundo ele, dois artistas ao tratarem o mesmo tema podem transmitir a quem
observa sua ilustração, emoções ou impressões diferentes. Na prática, cada artista se valida de
conceitos e técnicas particulares para expressarem suas percepções em forma de distintas ima-
gens. Já no desenho técnico, “esta diversidade na representação e na interpretação não é admis-
sível, devendo o mesmo objeto, num determinado tipo de figuração, ser representado sempre da
mesma maneira” (CUNHA, 2004, p. 24). O desenho técnico deve ser perceptível e sem ambigui-
dades no modo como descreve determinado objeto, devendo essa descrição explicitar com rigor
a forma e as dimensões daquilo que está sendo representado. Portanto, estamos tratando de um
desenho tecnicamente sujeito a uma única interpretação, ou seja, de um desenho que é entendido
universalmente.

WWW.UNINGA.BR 6
ENSINO A DISTÂNCIA

Sendo a agrimensura, as engenharias, e a própria arquitetura exemplos de ciências apli-


cadas à produção, ao gerenciamento e à representação de informações espaciais e matemáticas, o
desenho técnico é um dos mais importantes ramos de estudo dessas escolas. Para French (2002),
ele é base de todos os projetos e suas consecutivas fabricações. Para tanto, é preciso que o profis-
sional domine sua teoria e composição básica, e ao mesmo tempo fique a par das normas, abre-
viaturas e convenções adotadas.

NORMALIZAÇÃO DO DESENHO
Thomas French (2002, p.17) afere que, em síntese, os desenhos técnicos são “feitos de
linhas que representam superfícies, bordas e os contornos dos objetos. Símbolos, dimensões e pa-
lavras são acrescentados a estas linhas, fazendo uma descrição completa” daquilo que se pretende
ilustrar tecnicamente. De modo efetivo, os elementos gráficos e textuais que compõem o desenho
técnico configuram uma linguagem padronizada por meio de normas regulamentadas por cada
país. No Brasil, a normatização dos códigos que regem o desenho técnico é realizada pela ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) fundada em 1940.
A ABNT é uma entidade privada e membro fundador desde 1947 da International Or-
ganization for Standartization (Organização Internacional de Normalização – ISO) que aprova
normas internacionais das áreas de interesse econômico e técnico. Do mesmo modo, a ABNT

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


participa da Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas (COPANT), da Associação Mercosul
de Normalização (AMN) e da Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC).
Ainda que cada país elabore seus próprios códigos com legitimidade em território na-
cional, os mesmos podem ser aprovados pelas demais nações fazendo com que a norma editada
nacionalmente possa ser reconhecida internacionalmente, compondo assim, a ISO.
Na Tabela 1, indicamos os documentos normativos brasileiros que estão em conformida-
de com a ISO e que controlam a linguagem do desenho técnico em seus mais diversos campos de
abordagem, dentre eles, o desenho topográfico.

Tabela 1 - Normas brasileiras que regem o Desenho Técnico. Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS (2017).

WWW.UNINGA.BR 7
ENSINO A DISTÂNCIA

Como visto, a ABNT estabelece uma norma geral – a NBR 10647 – designada ao desenho
técnico. Esta normativa define os termos empregados em desenho, bem como sua classificação
quanto ao aspecto geométrico. Neste sentido, a norma estabelece dois tipos de desenhos: o dese-
nho projetivo e o desenho não projetivo.
O desenho projetivo é resultante de projeções do objeto sobre um ou mais planos. São
desenhos que visam à demonstração de suas formas e do dimensionamento de suas proporções.
Estes desenhos compreendem uma representação por meio de “perspectivas” e “vistas ortográfi-
cas” e são utilizados em diversas áreas de concentração das engenharias e da arquitetura conforme
estudaremos mais adiante. Já o desenho não projetivo nega uma correspondência do objeto por
meio de sua projeção em uma superfície. São desenhos que compreendem uma larga variedade
de representações gráficas como: diagramas, esquemas, fluxogramas, organogramas e gráficos.
Nesta perspectiva, nossa finalidade é o estudo do desenho projetivo e por meio dele apre-
ender os códigos, símbolos e traços que configuram tecnicamente a representação de um objeto.
Embora o desenho projetivo englobe diversas áreas de atuação como a mecânica, a civil, a elétri-
ca, a arquitetura, a agrimensura e etc.; utiliza-se nessas distintas áreas os mesmos padrões técni-
cos estabelecidos pelas normas brasileiras. Adiante veremos os principais deles.

Caligrafia técnica
A NBR 8402 é a norma que fixa as exigências para que os componentes textuais sejam
utilizados em desenhos técnicos. A função desta normativa é estabelecer meios para que a escrita,
quando necessária no desenho, seja legível, uniforme e se adeque aos processos de reprodução

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


gráfica, como por exemplo, a microfilmagem. French (2002) considera que embora possa existir
a representação de um bom desenho, ele pode tornar-se inutilizado, principalmente, quando as
letras e algarismos que o compõem não forem representados com cuidado, pois números e pala-
vras ilegíveis podem causar erros no entendimento do desenho.
Para alcançarmos as exigências de legibilidade, com uniformidade e adequação da escri-
ta, a norma estabelece uma tabela de proporções e dimensões dos caracteres.
Apesar desta padronização, o tamanho (altura dos textos), sua posição no desenho e a
fonte utilizada podem ser elásticos, ou seja, podem adequar-se com cada tipo e finalidade do
desenho, no entanto, devem primar pela clareza, segundo Tamashiro (2010). Lembrem-se que o
texto é apenas um complemento do desenho.
Em síntese, a padronização da caligrafia técnica é determinada pela letra do tipo BAS-
TÃO, podendo ser utilizada no sentido vertical ou inclinado, de preferência maiúsculas, com
fonte padronizada, tamanho constante e espaçamento adequado entre os algarismos. A tabela
abaixo exemplifica a normatização da letra técnica:

Tabela 2 - Exemplo de algarismo para a escrita técnica. Fonte: NBR 8402.

Pesquise a NBR 8402 e coloca-se a par das características da forma de escrita,


proporções e dimensionamentos dos símbolos gráficos utilizados na represen-
tação e na leitura do desenho técnico!

WWW.UNINGA.BR 8
ENSINO A DISTÂNCIA

Tipos de linhas
Em desenho técnico utilizam-se tipos e espessuras de linhas diferentes para cada infor-
mação a ser representada. Quanto ao tipo, as linhas podem ser:
• Contínuas: ______________
• Tracejadas: --------------------
• Traço e ponto: -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Quanto à espessura elas podem ser:


• Largas:
• Estreitas: __________

A utilização dos tipos de linhas é estabelecida pela NBR 8403. Esta norma brasileira in-
dica 10 tipos de traços e suas respectivas gramaturas. Em síntese, é normativo que para a re-
presentação dos contornos e arestas visíveis do desenho utilizam-se as linhas contínuas e para a
representação dos contornos e arestas ocultos ao desenho empregam-se as linhas tracejadas. A
utilização correta dos tipos de linhas no desenho clarifica seu entendimento. A Tabela 3 apresen-
ta algumas denominações e aplicações gerais. No decorrer da disciplina vamos nos familiarizar
melhor com os significados dessa tabela.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1

Tabela 3 - Lista geral de especificação do tipo e espessuras das linhas no desenho técnico. Fonte: NBR 8403.

WWW.UNINGA.BR 9
ENSINO A DISTÂNCIA

Folhas de desenho
Os desenhos técnicos devem ser apresentados em pranchas, ou seja, em folhas de papel
devidamente padronizadas pela NBR 10068. Os formatos básicos para as dimensões destas pran-
chas correspondem à regulamentação da série “A”, cujo maior formato é nomeado de A0 (841mm
x 1189mm) e corresponde a uma área de 1m². Os outros formatos da série (A1, A2, A3, A4, A5 E
A6) são resultantes das subdivisões do A0 por meio de uma relação matemática onde configura
que o próximo formato será sempre a metade do formato anterior.

Tabela 4 - Formato das pranchas. Fonte: Modificado de NBR10582.

Atenção! As tabelas abaixo indicam as relações dos formatos das pranchas, a configuração
de suas margens e a disposição do carimbo e das legendas (informações atribuídas ao desenho).

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


Tabela 5 - Formato folhas do desenho. Fonte: Tamashiro (2010).

Tabela 6 - Margem folhas do desenho. Fonte: Tamashiro (2010).

WWW.UNINGA.BR 10
ENSINO A DISTÂNCIA

Tabela 7 - Carimbo e legenda folhas do desenho. Fonte: Tamashiro (2010).

Até o momento, vimos que o desenho é uma demarcação em um plano daquilo que
enxergamos ou imaginamos. Vimos também que este desenho pode ser representado de for-
ma artística, quando ilustrado com maior liberdade de expressão ou de forma técnica, quando
configurado por meio de normativas e padronizações. Atento à noção de universalidade, os de-
senhos técnicos são regidos por normas, em sua maior parte de abrangência internacional, que
estabelecem parâmetros de execução e representação. Um destes parâmetros, conforme vimos
anteriormente, atenta-se às dimensões do papel onde serão reproduzidos os desenhos. Neste

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


sentido, a representação dos objetos para que se adequem as dimensões da prancha poderão ter
seu tamanho ampliado ou reduzido, pois de modo geral, não conseguimos representa-los no pa-
pel de forma correspondente as suas medidas reais, isto é, em verdadeira grandeza. Para ampliar
ou reduzir um objeto devemos coloca-lo em escala. É sobre esta relação que trataremos a seguir.

ESCALA
Escala é a relação entre as dimensões do desenho e as dimensões reais do objeto.
ESCALA = D/R
ou seja,
1/X = D/R

• D = dimensão do desenho
• R = dimensão real do objeto
• X = escala indicada

A escala é utilizada quando não conseguimos representar um objeto por meio de suas
medidas verdadeiras. Imaginemos desenhar uma montanha em seu tamanho real, certamente
este desenho não se adequaria em nenhuma padronização das pranchas técnicas, além de gerar
uma série de dificuldades relacionadas à sua execução e posterior visualização e entendimento.
Nesta perspectiva, a redução proporcional das dimensões da montanha idealizaria tecnicamente
sua representação no papel sem, de fato, modificar sua forma. Por outro lado, como representar,
de modo legível, as minúsculas peças que compõem um aparelho celular, por exemplo? Segu-
ramente, a ampliação destas peças sob a folha de desenho expressaria uma maior legibilidade
daquilo que se está representando. Essas relações proporções estabelecem três tipos de escala: a
natural, a de redução e a de ampliação.

WWW.UNINGA.BR 11
ENSINO A DISTÂNCIA

• Escala natural: quando a dimensão do objeto no desenho é igual a sua dimensão real,
ou seja, o objeto é representado na sua verdadeira grandeza. Escala 1:x onde x=1. Representação:
1/1 ou 1:1 (lê-se: escala um para um).

• Escala de redução: quando a dimensão do objeto no desenho é menor que a sua dimen-
são real. Escala 1:x onde x>1. Representação exemplo: 1/5 ou 1:5 (lê-se: escala um para cinco)
– nesta escala as dimensões reais do objeto foram reduzidas cinco vezes.

• Escala de ampliação: quando a dimensão do objeto no desenho é maior que a sua di-
mensão real. Escala 1:x onde x<1. Representação exemplo: 5/1 ou 5:1 (lê-se: escala cinco para
um) – nesta escala, as dimensões reais do objeto foram ampliadas cinco vezes.

Tabela 8 - Representações dos tipos de escalas. Fonte: NBR8196.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


Adotamos diferentes escalas para diferentes tipos de desenhos. No caso do
desenho topográfico, utilizaremos obviamente as escalas de redução, visto que
iremos representar grandes superfícies. É importante notar que neste tipo de
REFLITA escala, quanto mais reduzimos os desenhos menos aparecem os seus níveis de
detalhes.

As escalas também podem ser classificadas em numéricas ou gráficas.


• Escala numérica: quando indicamos as escalas por meio de fração. A fração 1:50, por
exemplo, nos indica que o objeto desenhado foi reduzido 50 vezes.

• Escala gráfica: quando indicamos as escalas por meio de uma figura geométrica. A
escala gráfica é uma representação da escala numérica. Essa representação dá-se por uma linha
fragmentada, como se fosse uma régua graduada pontuando as distâncias. Para construirmos a
escala gráfica, é necessário calcular o valor da divisão principal da escala. Por exemplo, a escala
gráfica correspondente a escala numérica 1:50, é representada por segmentos iguais de 2cm, pois
1/50 = 0.02m = 2cm. Isto quer dizer que 2cm no papel equivale a 1m do objeto real.

Tabela 9 - Classificação das escalas. Fonte: NBR8196.

WWW.UNINGA.BR 12
ENSINO A DISTÂNCIA

Para facilitar o uso das escalas, tanto para a construção do desenho quanto para a legibili-
dade de sua leitura, utilizamos um instrumento chamado “escalímetro” (Fig.03). Este instrumen-
to funciona como uma régua triangular graduada de acordo com as principais escalas de redução
(1:20 – 1:25 – 1:50 – 1:75 – 1:100 e 1:125). Cada escala terá seus segmentos indicados e expressos
em metros, ou seja, o segmento de 0 a 1, por exemplo, representa 1 metro do objeto real. Visto
que 1 metro equivale a 100 centímetros, assim, conseguimos identificar as demais distâncias en-
tre os segmentos.

Figura 4 - Escalímetro triangular com as escalas de reduções. Fonte: Google Images (2017).

A seguir, dispomos de uma tabela que expressa as relações de cada escala no escalímetro
com as dimensões reais do objeto em cm (centímetros).

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1

Tabela 10: Relações de escala. Fonte: Tamashiro (2010).

WWW.UNINGA.BR 13
ENSINO A DISTÂNCIA

APLICAÇÃO PRÁTICA DAS ESCALAS


Exercício 01: Na representação de uma planta topográfica desenhada na escala 1:50 (um
para cinquenta) a dimensão do lado frontal de uma propriedade mede 20cm na folha de desenho.
Qual é a verdadeira grandeza desta medida, ou seja, qual é a medida real do lado frontal desta
propriedade?
Resolução
Utilizar a fórmula: 1/X = D/R
D = medida do desenho – 20cm
R = medida real – (a saber)
X = escala – 1:50

Exercício 02: Uma propriedade urbana (terreno; lote ou data) mede 15m x 60m. Em uma
representação na escala 1:75 (uma para setenta e cinco), quais são as medidas desta propriedade
no desenho e qual dos formatos das folhas de papel (A0, A1,A2,A3,A4) poderíamos utilizar ade-
quadamente para sua representação?
Resolução (parte 1)
Utilizar a fórmula: 1/X = D/R
D = medida do desenho – (a saber)

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


R = medida real – 15m
*transforme para cm – (1500 x 6000cm)
X = escala – 1:75

Resolução (parte 2)
Utilizar a fórmula: 1/X = D/R
D = medida do desenho – (a saber)
R = medida real – 60m
*transforme para cm – (1500 x 6000cm)
X = escala – 1:75

Resolução (parte 3) – verificar o formato da prancha


Conforme calculamos anteriormente, as medidas da propriedade na escala 1:75 mede no
desenho 20 x 80 cm. Portanto, o formato da folha de desenho A1 por medir 594 x 841mm ou 59,4
x 84,1cm seria a prancha mais adequada para a representação deste desenho.

Exercício 03: Uma estrada rural está desenhada em um mapa topográfico com 2cm (cen-
tímetros) de largura, sendo que sua medida real é 25m (metros). Em qual escala essa estrada rural
está representada no mapa?
Resolução
Utilizar a fórmula: 1/X = D/R
D = medida do desenho – 2cm
R = medida real – 25m
*transforme para cm – (250cm)
X = escala – (a saber)

WWW.UNINGA.BR 14
ENSINO A DISTÂNCIA

Para a aplicação e uso das escalas no desenho topográfico, como em qualquer


outro desenho técnico, podemos utilizar o instrumento escalímetro que conta
com a gradação das principais escalas de redução ou por meio do cálculo das
relações entre as dimensões do desenho e a dimensões reais do objeto a partir
da fórmula 1/X=D/R. Para alcançarmos os resultados basta substituirmos os
valores na fórmula.

COTAGEM
Cotagem é o meio de definição e representação das dimensões e posições dos objetos.
Para Silva et al (2010), a correta representação geométrica de um objeto não é suficiente para
sua fabricação ou entendimento. Além da representação da sua forma, é necessário quantifica-la,
isto é, definir com exatidão as dimensões e posição dos diferentes elementos que o compõem.
Segundo a autoria, a representação dessas dimensões requer a aprendizagem de um conjunto de
regras e princípios que, cumpridos, permitem uma fácil interpretação daquilo que se está repre-
sentando. Neste sentido, a tarefa de cotar pode ser gerida por três aspectos principais tratados por

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


Arlindo Silva (2010) e demais autores no livro, Desenho Técnico Moderno:
• elementos da cotagem – componentes gráficos de representação das medidas do objeto
no desenho.
• posicionamento da cotagem – inserção das medidas no desenho considerando as fun-
ções do objeto.
• orientação da cotagem – dispor as medidas no desenho de forma a facilitar a leitura e
interpretação dos objetos cotados.

Trataremos a principio dos elementos da cotagem segundo as definições de Silva et al


(2010).
• Cotas: são números que designam as medidas lineares ou angulares do objeto. Países
que adotam o sistema Internacional (SI) de unidades indicam essas medidas em milímetros,
todavia, para cada desenho projetivo é possível estabelecer uma unidade, desde que, ela seja
indicada no desenho em campo apropriado. Na representação geral dos projetos da engenharia
e da arquitetura, utiliza-se normalmente a representação em centímetros ou metros. Quanto à
unidade das cotas angulares, utiliza-se o grau (°), independentemente da unidade usada nas me-
didas lineares.
• Linhas de cota: são linhas retas ou curvas paralelas ao desenho de forma a indicar a
medida correta do objeto. A representação dessas linhas é feita por um traço contínuo (tipo de
linha) e estreito (espessura da linha).
• Linhas de chamada: são traços contínuos (tipos de linha) e estreitos (espessura da li-
nha), normalmente, perpendiculares à linha de cota. Essas linhas indicam o posicionamento
correto das linhas de cota.
• Setas ou flechas: são os símbolos que indicam as terminações da linha de cota. Segundo
a norma ISO 129.1985 as terminações podem ser por flechas, traços ou pontos:

WWW.UNINGA.BR 15
ENSINO A DISTÂNCIA

Figura 5 - Terminações das linhas de cota. Fonte: Silva (2010, p.118).

Nos desenhos projetivos da Engenharia Mecânica é mais comum, segundo Silva et al


(2010) o uso das terminações em setas cheias, conforme a representação da primeira linha da
figura 4. Já nos desenhos da Engenharia Civil e da Arquitetura se adotam os traços e pontos.
• Símbolos: são elementos complementares que permitem identificar diretamente a forma
de alguns elementos, melhorando a intepretação das medidas no desenho.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


Figura 6 - Símbolos complementares de cotagem. Fonte: Silva (2010, p.119).

Assim, os elementos que definem a figuração da cotagem de um desenho são: as cotas,


as linhas de cotas e suas terminações (setas, traços ou pontos), as linhas de chamada e demais
símbolos complementares de representação de medidas. A seguir, expomos o conjunto desses
elementos.

Figura 7 - Elementos da cotagem. Fonte: Silva (2010, p.118).

WWW.UNINGA.BR 16
ENSINO A DISTÂNCIA

O posicionamento da cotagem de acordo com a sua inserção no desenho, também, obe-


dece a um conjunto de normatizações que visam clarificar o entendimento das medidas do objeto
desenhado. São elas:
• As cotas indicadas no desenho representam, sempre, sua medida real.
• Via de regra, os elementos de cotagem devem ser representados na cor preta, de todo
modo, a mudança de cor para um melhor entendimento do desenho é válida. Em desenhos pro-
jetivos da engenharia e da arquitetura é possível, por exemplo, representar as cotas e suas linhas
na cor vermelha.
• A dimensão dos caracteres das cotas deve ser adequada a sua legibilidade, ou seja, para
cada escala de desenho as proporções dos números que representam as medidas dos objetos nas
linhas de cota se modificam. Atentar-se para essa proporção na hora do desenho.
• Não se deve omitir nenhuma cota necessária para a definição do objeto.
• Devem ser evitados os cruzamentos de linhas de cota entre si ou com outros tipos de
linhas que figuram o desenho, sobretudo, linhas de chamada ou arestas.
• As cotas devem ser localizadas preferencialmente fora do contorno dos objetos. As ares-
tas do objeto não figuram linhas de cota. Como dito, essas linhas devem ser paralelas às faces do
objeto a ser cotado. No entanto, é permitida, por questões de clareza e legibilidade, a cotagem
passando pelo interior do desenho.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


Figura 8 - Representação errada das linhas de cota. A primeira sobreposta e a segunda configurando a
aresta do desenho como linha de cota. Fonte: Silva (2010, p.119).

• As cotas devem ser localizadas próximas às faces dos objetos a cotar.


• As cotas devem ser posicionadas sobre o ponto médio da linha de cota.
• Os caracteres da cota não devem ficar sobrepostos ou separados com nenhum outro
detalhe do desenho. Neste caso, é possível deslocar a cota para a esquerda e para a direita.

Figura 9 - Separação de caracteres em linhas de cota. Fonte: Silva (2010, p. 120).

WWW.UNINGA.BR 17
ENSINO A DISTÂNCIA

• Em um desenho técnico as cotam devem ser sempre expressas com a mesma unidade.
As unidades não são indicadas nas cotas.
• Quando o espaço entre duas linhas de chamada não é suficiente para a representação
do caractere da cota, o mesmo pode ser posicionado abaixo das linhas de cota e ligado à linha
através de uma linha auxiliar.

Figura 10 - Cotas abaixo da linha de cota. Fonte: Silva (2010, p. 121).

Posto os parâmetros que regem o entendimento dos elementos e do posicionamento das


cotas no desenho, finalizaremos com os seus critérios de orientação. “As cotas devem ser orien-
tadas sempre em relação à legenda (carimbo) da folha de desenho, de tal modo que sejam lidas

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1


em duas direções perpendiculares entre si, a partir do canto inferior direito da folha” (SILVA, et
al, 2010, p.121).

Figura 11- Orientação da cota na folha de desenho. Fonte: (SILVA, et al, 2010, p.121).

A fundamentação da cotagem no desenho técnico é necessária para o entendi-


mento da forma do objeto, pois é ela que apresenta, de maneira textual, as me-
didas. Arlindo Silva trata no livro, Desenho Técnico Moderno, sobre outros meios
de expressar as medidas do objeto como: a cotagem em série, a cotagem em
REFLITA paralelo, a cotagem por coordenadas, a cotagem de elementos equidistantes e
a cotagem de elementos repetidos. Todos estes meios de inserção das medidas
de um objeto no desenho são facilitadores para o seu entendimento correto e
real.

WWW.UNINGA.BR 18
ENSINO A DISTÂNCIA

Nesta parte inicial da disciplina vimos que um desenho é a representação de um objeto


sobre uma superfície. A representação técnica deste desenho, definida por meio de uma lingua-
gem gráfica, é de extrema importância, uma vez que é dotada de informações precisas e necessá-
rias para a execução e leitura daquilo que está sendo representado. Para tanto, utiliza-se de uma
série de parâmetros, padronizações e normativas para a sua execução.
Para Ching (2001, p.111), “um problema fundamental no desenho é como representar
aspectos da realidade tridimensional em superfícies com apenas duas dimensões”. Em outras
palavras, como representar objetos de várias faces em uma folha de papel ou em uma tela de com-
putador, por exemplo. Para que isso ocorra, a expressão gráfica categorizou os modos de repre-
sentação do objeto em uma superfície através de distintos tipos de sistemas de desenho (CHING,
2001). É sobre a conceituação e aplicação destes sistemas que veremos adiante.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 1

WWW.UNINGA.BR 19
ENSINO A DISTÂNCIA

02
UNIDADE

REPRESENTAÇÕES DOS
SISTEMAS DE DESENHO
PROF. ME. RENAN AUGUSTO AVANCI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 21
SISTEMAS DE DESENHO ........................................................................................................................................ 22
PROJEÇÃO ORTOGONAL ......................................................................................................................................... 24
SÍNTESE DAS PROJEÇÕES ..................................................................................................................................... 38

WWW.UNINGA.BR 20
ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Nesta unidade, vamos compreender como representar fielmente o desenho técnico, le-
vando em consideração as normas e as diferentes maneiras de confeccionar um desenho técnico.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2

Figura 12 - Esquema perspectivo de um desenho projetivo, representações axonométricas. Fonte: Tose


(2017).

Aprender a desenhar é realmente uma questão de aprender a ver – a ver correta-


mente – e isso significa muito mais que simplesmente olhar com os olhos. O tipo
de ‘visão’ a que me refiro é uma observação que utilize tanto dos cinco sentidos
quanto seja possível chegar aos olhos de uma só vez. (CHING, 2001, p. 13).

WWW.UNINGA.BR 21
ENSINO A DISTÂNCIA

SISTEMAS DE DESENHO
Os sistemas de desenho apresentam meios particulares de pensar e representar objetos,
ou qualquer que seja aquilo que vemos ou imaginamos em pensamento. Cada sistema será dota-
do de características que exploram como resultado, as informações que desejamos ocultar ou as
informações que, de fato, queremos revelar. Portanto, ao selecionarmos um sistema de desenho
em lugar de outro estamos decidindo a forma mais adequada para expressar os aspectos relevan-
tes do objeto ou do ambiente físico que escolhemos representar.
A construção, o entendimento e a aplicação desses sistemas exploram a noção de um
espaço tridimensional, ou seja, de um espaço que é definido em três dimensões (altura, largura
e profundidade). O objetivo de trabalhar esse espaço “é posicionar pontos, determinar compri-
mento e direção das retas e descrever o formato e a extensão de planos” (CHING, 2001, p.113).
Neste sentido, os sistemas de desenho englobam coordenadas cartesianas e princípios da geome-
tria descritiva.
Na verdade, a classificação dos diferentes tipos de sistemas de desenho é definida segun-
do o método de projeção. De acordo com Ching (2001, p.113), “a projeção refere-se ao processo
ou técnica de representação de um objeto tridimensional, realizada pela extensão de todos seus
pontos em linhas retas, chamadas linhas de projeção, em um plano de desenho”.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


Figura 13 - Projeção de uma figura. Fonte: Ching (2010, p.114).

Existem três métodos principais de projeção:


• Projeção ortogonal: quando as linhas projetadas do objeto são paralelas umas às outras
e perpendiculares ao plano de desenho.

Figura 14 - Projeção ortogonal. Fonte: Ching (2010, p.114)

WWW.UNINGA.BR 22
ENSINO A DISTÂNCIA

• Projeção oblíqua: quando as linhas projetadas são paralelas umas às outras, mas oblí-
quas em relação ao plano de desenho.

Figura 15 - Projeção oblíqua. Fonte: Ching (2010, p.114)

• Projeção em perspectiva: quando as linhas projetadas no plano de desenho convergem


a um ponto.

Figura 16 - Projeção em perspectiva. Fonte: Ching (2010, p.114) DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2

Em função de um critério de semelhanças, esses métodos de projeção configuram outras


categorias de sistemas pictóricos que dão origem aos desenhos de vistas múltiplas, os desenhos
de vistas paralelas e os desenhos em perspectivas. Os desenhos de vistas múltiplas representam
um objeto tridimensional por meio de uma série de vistas bidimensionais distintas. Por sua vez,
essas vistas representam uma única face do objeto na imagem. Por outro lado, tanto os desenhos
de vistas paralelas, quanto os desenhos em perspectiva representam no plano mais do que uma
face da estrutura tridimensional (CHING, 2001, p.114).

Atenção! Para entendermos melhor, apresentamos a seguir uma sistematização dos


métodos de projeções e seus respectivos sistemas de desenho.

WWW.UNINGA.BR 23
ENSINO A DISTÂNCIA

1. PROJEÇÃO ORTOGONAL
• Desenhos de vistas múltiplas
- PLANTA / CORTE / ELEVAÇÃO: superfícies planas de uma forma retangular, cujas
vistas são paralelas ao plano de desenho.
• Desenhos de vistas paralelas
- ISOMÉTRICA: os três eixos principais fazem ângulos iguais com o plano de desenho
- DIMÉTRICA: dois dos três eixos principais fazem ângulos iguais com o plano de dese-
nho
- TRIMÉTRICA: os três eixos principais fazem ângulos diferentes com o plano de dese-
nho.

2. PROJEÇÃO OBLÍQUA
• Desenhos de vistas paralelas
- CAVALEIRA: a face mais importante do objeto é projetada paralela ao plano de dese-
nho, sendo as outras faces projetadas de forma oblíqua.

3. PROJEÇÃO EM PERSPECTIVA
• Desenhos em perspectiva
- PERSPECTIVA COM UM PONTO DE FUGA
- PERSPECTIVA COM DOIS PONTOS DE FUGA
- PERSPECTIVA COM TRÊS PONTOS DE FUGA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


Como visto, os sistemas de projeções e seus respectivos desdobramentos resultam em
desenhos de vistas múltiplas, de vistas paralelas ou em perspectivas com pontos de fuga, e assim,
demonstram um conjunto de possibilidades de representação do objeto por parte do profissional.
A função de cada sistema e o resultado final de sua execução tornam-se os motivos fundamen-
tais para a sua escolha, pois cada um define uma relação única entre o objeto representado e sua
leitura, além de demonstrar diferentes aspectos e características dos mesmos. Como apontado
por Ching (2001, p.114), ”nenhum sistema é superior aos demais; cada um tem características
pictóricas inerentes que influenciam o modo de pensar sobre o que vamos ilustrar e o que outros
vão ler nisto”.
A partir daqui, trataremos nessa unidade sobre os principais sistemas de projeções e suas
fundamentais características na configuração do desenho técnico. A começar pela projeção orto-
gonal e posteriormente pelas projeções oblíquas.

PROJEÇÃO ORTOGONAL
Para French (2002, p151), a projeção ortogonal é “o método de representar a forma exata
de um objeto por meio de duas ou mais projeções do objeto sobre planos que, em geral, estão em
ângulo reto entre si, baixando-se perpendiculares do objeto ao plano”. O resultado da projeção
compreende os desenhos de vistas múltiplas, mais conhecidos como “plantas, elevações e cor-
tes”. Cada um deles, segundo Ching (2010), é a projeção ortogonal de um aspecto particular dos
objetos ou construções.

WWW.UNINGA.BR 24
ENSINO A DISTÂNCIA

Algumas características dos métodos de projeção são fundamentais nas representações


dos desenhos. Uma delas é a de que, se o objeto a ser representado for paralelo ao plano de de-
senho, a representação do mesmo mantém-se verdadeira em tamanho, formato e configuração.
Podemos afirmar que toda superfície paralela a um plano de projeção se projeta na sua forma
e na sua verdadeira grandeza. Para Ching (2001, p.123), isso mostra a principal vantagem dos
desenhos de vistas múltiplas: “a possibilidade de posicionar pontos de modo preciso, estimar o
comprimento e a inclinação das retas, e descrever o formato e a extensão dos planos”. Por outro
lado, quando o objeto não estiver paralelo ao plano de projeção, ou seja, estiver posicionado de
modo perpendicular ao plano de desenho, sua representação equivale a uma reta.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


Figura 17 - Projeção paralela de uma figura. Fonte: Silva (2010, p.44).

A imagem mostra um polígono de lados (A, B, C e D). Este objeto (polígono) está para-
lelo ao plano de projeção (X). Para projetá-lo no plano prolongam-se, por meio de linhas pro-
jetantes perpendiculares ao plano, seus pontos de intersecção. O resultado dessa projeção será o
desenho de um polígono em verdadeira grandeza, ou seja, com sua dimensão real de distâncias,
ângulos e áreas.

Figura 18 - Projeção perpendicular de uma figura. Fonte: o autor.

WWW.UNINGA.BR 25
ENSINO A DISTÂNCIA

Observem agora essa outra imagem. O objeto mostrado, um retângulo, não está paralelo
ao plano de projeção, pelo contrário, encontra-se perpendicular a folha de desenho. Neste sen-
tido a projeção de sua forma no plano resultará em uma reta e não em um retângulo. Para que
isso ocorra é necessário projetar o objeto em outro plano de projeção, um plano lateral. Portanto,
como mostrado nas figuras 15 e 16, para a construção de uma projeção ortogonal, desenhamos
linhas de projeção, também chamadas de linhas projetantes, desde os vários pontos do objeto, e
que incidem perpendicularmente no plano do desenho, segundo Ching (2001). A imagem resul-
tante refere-se ao que chamamos de vista ortogonal.
Em síntese, a identificação de apenas uma vista não é suficiente para a representação
completa de um objeto tridimensional, sendo necessário, na maioria dos casos, o emprego de
outras vistas. Por certo, um conjunto de faces ortogonais que descrevam as várias dimensões do
objeto a ser representado. Este fato fica evidente, quando entendemos o sistema de projeção or-
togonal dos objetos representados na figura 17. Notem que, o resultado das projeções do círculo,
do cilindro e da esfera no plano de desenho vertical, configuram as mesmas figuras, não havendo
distinções entre elas. Como reconhecer, portanto, a forma do objeto a partir de suas vistas?
Neste sentido, para uma maior clareza de entendimento da tridimensionalidade do obje-
to e reconhecimento do seu formato, utilizam-se outras vistas de representação. Observem agora
a projeção destes mesmos objetos nos planos de desenho horizontal e percebam que o resultado
das projeções ilustra para cada objeto, uma figura diferente.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


Figura 19 - Projeção de um círculo, um cilindro, uma esfera sobre um plano vertical e horizontal. Fonte:
(SILVA et al, 2010, p.49).

Na verdade, o número de vistas ortogonais que são necessários para a representação com-
pleta de um objeto é definida de acordo com sua geometria e complexidade. Em caso de objetos
simétricos, por exemplo, nem sempre existe a necessidade de representar duas de suas vistas la-
terais, uma vez que uma corresponde a outra e, assim, apresentam a mesma informação. De todo
modo, ao menos a definição de três vistas associadas é necessário para a representação clara de
um objeto.
Na figura 19, o círculo, o cilindro e a esfera foram projetadas em dois planos; o plano
horizontal e o plano vertical (frontal). Esta projeção definiu duas vistas ortogonais, nas quais,
podemos chamar de vista superior quando definida pelo plano horizontal e de vista frontal ou
principal quando dada pela projeção no plano vertical. Para a representação de uma terceira vista
seria necessário a adição de um novo plano de projeção, neste caso, o plano lateral ou plano de
perfil. Assim definimos que:

WWW.UNINGA.BR 26
ENSINO A DISTÂNCIA

Figura 20 - Projeção de um objeto em três planos de representação. Fonte: Silva (2010, p.51).

• Plano horizontal: é um plano de desenho horizontal, no qual a planta (parte interna do


objeto) ou a vista superior é projetada ortogonalmente.
• Plano frontal: é um plano de desenho vertical, no qual, a vista principal é projetada
ortogonalmente.
• Plano lateral /perfil: é um plano de desenho, no qual um lado do objeto é projetado
ortogonalmente.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


A representação dessas três ou mais vistas, seguem as definições do rebatimento das pro-
jeções nos chamados diedros, nos quais, definem-se como a união de dois semiplanos perpendi-
culares entre si. Metaforicamente, os diedros representam a imagem de um livro aberto, estando
uma de suas partes a 90°.

Figura 21 - Representação das projeções de um objeto no 1° e 3° diedro. Fonte: o autor.

WWW.UNINGA.BR 27
ENSINO A DISTÂNCIA

O posicionamento dos objetos nos diedros configura o modo de representação de suas


vistas ortogonais. O sistema de projeção no 1° Diedro é nomeado como método alemão ou euro-
peu, sendo o mesmo método adotado pelo Brasil. Neste diedro o objeto está entre o observador
e o plano de projeção. Já no 3° diedro, o plano de projeção se situa entre o objeto e o observador.
Esse método é conhecido como americano e, portanto, utilizado pelos EUA na representação das
vistas ortográficas dos seus objetos. A seguir, expomos um sólido geométrico qualquer com a
representação de suas três vistas ortogonais no 1° diedro.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


Figura 22 - Vistas ortogonais de um sólido geométrico. Fonte: Gomes (2011).

A definição da escolha da vista frontal de um objeto é fundamental, pois é ela


que irá definir a posição das demais. Para esta definição, deve se escolher a vis-
ta que mostrar a forma mais característica do objeto ou a que indicar a função

REFLITA ou posição de trabalho deste objeto. Se estes critérios não definirem a vista
principal, deve-se escolher a face do objeto que apresentar maior dimensão.

Na construção das vistas ortográficas, os contornos e arestas visíveis do objeto a represen-


tar são desenhados com linhas contínuas, podendo ser estreitas ou largas. A definição da espes-
sura destas linhas se dá pela relação de proximidade do objeto com o observador. Neste sentido,
partes do objeto que estão mais próximas ao observador são representadas com linhas largas, já
as partes afastadas do observador são desenhadas com linhas mais estreitas. Quanto às arestas
e contornos que não podem ser vistas pelo observador, uma vez que se encontram ocultas por
partes do objeto posicionadas à frente, são desenhadas por linhas tracejadas.
Os desenhos a seguir correspondem à representação de sólidos geométricos e seus res-
pectivos conjuntos de vistas ortográficas. Observem o posicionamento de cada vista, bem como
os tipos e espessuras de linhas aplicadas no desenho.

WWW.UNINGA.BR 28
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2

Tabela 11 - Quadro de vistas ortográficas com contornos visíveis. Fonte: Cataplan (2015, p. 29 e 30).

• Contornos visíveis: as arestas da isométrica são representadas com linhas contínuas.


• Vista frontal – lateral e superior
Atenção! Procure identificar as respectivas vistas ortogonais das isométricas

WWW.UNINGA.BR 29
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2

Tabela 12 - Quadro de vistas ortográficas com contornos não visíveis: Fonte: Cataplan (2015, p. 29 e 30).

• Contornos não visíveis: as arestas da isométrica são representadas com linhas traceja-
das.
• Vista frontal – lateral e superior
Atenção! Procure identificar as respectivas vistas ortogonais das isométricas

WWW.UNINGA.BR 30
ENSINO A DISTÂNCIA

Dentro do sistema de projeções ortogonais, além dos desenhos em vistas múltiplas - con-
forme veremos mais detalhadamente na unidade seguinte - configuram-se também os desenhos
em vistas de linhas paralelas, mais conhecidos como projeções axonométricas. Teoricamente,
segundo French (2002, p.313), a projeção axonométrica “é uma projeção ortográfica na qual se
utiliza somente um plano, sendo o objeto colocado de modo a mostrar três faces”. As diferentes
orientações destas faces é que distingue uma axonometria da outra. Essas distinções são classifi-
cadas em perspectivas isométricas, dimétricas e trimétricas.
Ching (2001, p.173) aponta que, devido a sua natureza pictórica e facilidade de constru-
ção, as projeções axonométricas são apropriadas para visualizar uma ideia em três dimensões, no
inicio do processo de projetação. Elas são capazes de ilustrar padrões e composições do espaço
tridimensional. “Podem ser cortadas ou se tornar transparentes, para que se veja seu interior,
através de suas partes, ou ser expandidas, para ilustrar relações espaciais entre as partes do todo”.

• Perspectiva isométrica
Uma perspectiva isométrica é a projeção de um objeto tridimensional inclinado em um
plano do desenho, de tal modo que os seus três eixos principais produzem entre si ângulos de
120°. Neste sentido, podemos dizer que o sistema isométrico configura-se a partir de três semir-
retas que possuem o mesmo ponto de origem. Essas semirretas são nomeadas como eixos isomé-
tricos e configuram a partir do seu paralelismo as chamadas linhas isométricas. Ao se estabelecer
um eixo isométrico na vertical, os outros formarão ângulos de 30° em relação a horizontal na
superfície do terreno.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


Figura 23 - Representação isométrica. Fonte: Google Images (2017).

Como forma de entendermos melhor o conceito e a representação deste sistema de dese-


nho, acompanharemos nas próximas páginas a construção, em fases, do processo de configura-
ção de uma perspectiva isométrica.

WWW.UNINGA.BR 31
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2

Tabela 13 - Tabela explicativa de construção da isométrica de um prisma regular. Fonte: o autor.

WWW.UNINGA.BR 32
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2

Tabela 14 - Tabela explicativa de construção da isométrica de um prisma com rebaixo. Fonte: o autor.

WWW.UNINGA.BR 33
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2

Tabela 15 - Tabela explicativa de construção da isométrica de um prisma oblíquo. Fonte: autor.

WWW.UNINGA.BR 34
ENSINO A DISTÂNCIA

• Perspectiva dimétrica e trimétrica


Tanto a perspectiva dimétrica quanto a trimétrica, assim como a isométrica, são proje-
ções de um objeto tridimensional inclinado no plano do desenho, no entanto, nas duas primeiras
não mais de modo que se configurem três ângulos iguais. Na perspectiva dimétrica, por exemplo,
as medidas de dois eixos isométricos são demarcadas em verdadeira grandeza, sendo o outro
reduzido à metade. Considera-se perspectiva dimétrica simples aquela cujas razões são de 1 para
1 para ½. Nesta posição, os ângulos são de aproximadamente 7° e 42°. Segundo French (2002,
p.322), o método dimétrico é raramente usado devido sua complexidade em se construir circun-
ferências.
Já na perspectiva trimétrica os três eixos configuram ângulos diferentes, ou seja, as arestas
principais são reduzidas em diferentes graus, portanto, desenhadas com diferentes tamanhos, se-
gundo Ching (2001). Dentro deste panorama das perspectivas axonométricas, as mais utilizadas
são de fato, as isométricas por serem de fácil e rápida construção conforme vimos nos exemplos
das tabelas anteriores.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


Figura 24 - Representações das perspectivas trimétrica, dimétrica e isométrica respectivamente. Fonte:
Tamashiro (2010, p.150).

Etimologicamente, o vocábulo axonométrica combina os conceitos de ‘eixo’


(“axono”) e ‘medida’ (“métrica”), do que resultaria seu significado, ou seja, ‘medida
de eixos’. Este termo é normalmente utilizado para descrever linhas paralelas.
De forma estrita, entretanto, a projeção axonométrica é a forma de projeção
ortogonal na qual as linhas de projeção são paralelas umas às outras e perpen-
diculares ao plano de projeção. A diferença entre desenhos de vistas múltiplas
ortogonais e uma vista axonométrica única é simplesmente a orientação do
objeto no plano do desenho, segundo Ching (2001, p.178).

Projeção oblíqua
Quando as linhas projetantes fazem um ângulo diferente de 90° com o plano do desenho,
o resultado da projeção é denominado de perspectiva oblíqua, segundo French (2002). Neste
sentido, os eixos que se projetam neste plano não são perpendiculares, como visto nas projeções
ortogonais, e sim oblíquas em relação ao plano do quadro. Na projeção oblíqua, portanto, a face
paralela ao plano de projeção é configurada em verdadeira grandeza, isto é, apresentam-se a vista
frontal (principal) do objeto em seu tamanho e forma real. As demais vistas sofrem deformações
a partir dos ângulos estabelecidos.

• Perspectiva cavaleira
Concede-se o nome de perspectiva cavaleira ao tipo particular e mais usado de projeção
oblíqua na qual as linhas projetantes fazem um ângulo de 45° com o plano de projeção, segundo
French (2002). Na verdade, a inclinação deste ângulo pode assumir outros valores, sendo 30° e
60° os mais usados.

WWW.UNINGA.BR 35
ENSINO A DISTÂNCIA

As faces resultantes destes ângulos apresentam deformações, enquanto, a face paralela


ao plano do desenho permanece em verdadeira grandeza. A razão entre o comprimento do seg-
mento deformado e o comprimento do segmento real do objeto é denominada de coeficiente de
deformação (k).

Figura 25 - Perspectivas cavaleiras. Fonte: Tamashiro (2010, p.159).

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


Tabela 16 - Fatores de redução perspectiva cavaleira. Fonte: o autor.

WWW.UNINGA.BR 36
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2

Tabela 17 - Tabela explicativa de construção da perspectiva cavaleira de um cubo. Fonte: o autor.

WWW.UNINGA.BR 37
ENSINO A DISTÂNCIA

SÍNTESE DAS PROJEÇÕES


A teoria das projeções aborda a representação de um objeto tridimensional sobre um
plano bidimensional. As técnicas utilizadas, bem como, a escolha do tipo de projeção, revelam
a melhor maneira de se representar esse objeto a partir de um objetivo específico do desenho.
Nas perspectivas axonométricas e oblíquas, por exemplo, o objeto é representado como aparece
aos nossos olhos, sendo objetivo de uma técnica que fornece tanto quanto possível um resultado
idêntico ao que é obtido pelo observador na realidade. A perspectiva é, portanto, uma represen-
tação gráfica de importante conveniência para a visão espacial de qualquer objeto por meio do
entendimento imediato de sua forma. Embora seja um tipo de projeção que facilite a leitura e
interpretação do objeto, nem sempre é um desenho de fácil realização (SILVA, et al, 2010).

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


Figura 26 - Representação das projeções em perspectiva e ortográficas. Fonte: Ingrum (2017).

Já na projeção ortográfica, o objeto é mostrado a partir de duas ou mais vistas revelando,


de certo modo, suas dimensões e seu formato. A ideia de entendimento dos aspectos formais
do objeto a partir deste tipo de projeção requer uma visão espacial mais apurada do observador
uma vez que, o modelo é representado em partes e sem o segmento que transmite sua ideia de
profundidade. De todo modo, é o tipo de projeção onde o objeto no desenho não recebe defor-
mações e assim, tornam-se peças gráficas fundamentais no entendimento para a materialização
dos objetos, sejam eles edifícios, mobiliários, peças, máquinas etc.
Abaixo apresentamos um quadro síntese dos sistemas de desenho a partir das projeções
do objeto em um plano.

WWW.UNINGA.BR 38
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 2


Tabela 18 - Síntese do sistema de projeções apreendidos na unidade 2. Fonte: Silva (2010, p. 96).

WWW.UNINGA.BR 39
ENSINO A DISTÂNCIA

03
UNIDADE

REPRESENTAÇÕES DOS DESENHOS


DE VISTAS MÚLTIPLAS: PLANTAS
PROF. ME. RENAN AUGUSTO AVANCI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 41
PLANTAS .................................................................................................................................................................. 42

WWW.UNINGA.BR 40
ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Nesta unidade, vamos compreender como conceber o desenho técnico, de diversos refe-
renciais, em plantas.

Uma qualidade necessária para ler plantas baixas é a habilidade de poder dis-
tinguir entre matéria sólida e espaço vazio, e discernir, de modo preciso, onde a
massa encontra o espaço. Portanto, é importante enfatizar de maneira gráfica, o
que está sendo cortado na planta baixa, e diferenciar o material cortado daquilo
que vemos no espaço abaixo do plano de corte. Com a finalidade de expressar a
sensação da dimensão vertical e a existência do volume espacial, devemos utili-
zar uma hierarquia de pesos de linhas ou uma gama de tonalidades. A técnica a
utilizar depende da escala da planta baixa, do instrumental de desenho e do grau
de contraste requerido entre matéria sólida e vazio espacial. (CHING, 2001, p.
135).

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3

Figura 27 - Representação perspectivada dos desenhos projetivos. Fonte: Dejtiar (2017).

WWW.UNINGA.BR 41
ENSINO A DISTÂNCIA

PLANTAS
Segundo Ching (2001), a planta é uma projeção ortogonal em um plano de desenho ho-
rizontal. De modo específico, ela representa em escala, uma vista de um objeto, um edifício ou
uma cena, quando mostrado de cima. Neste sentido, todos os planos que se encontram paralelos
ao plano de desenho preservam sua escala real de tamanho, formato e proporções. Deste modo, a
planta não deixa de ser uma vista ortogonal superior do modelo a ser representado.
A vantagem da representação dos objetos em planta é que elas amenizam a complexidade
tridimensional dos mesmos. A resposta para essa atenuação é um desenho do modelo voltado
para os seus aspectos horizontais de representação. Portanto, nesta perspectiva, as plantas ilus-
tram somente a largura e o comprimento dos objetos, e em tese não representam sua altura.
Como apontado por Ching (2001, p.134), A “ênfase na horizontal é tanto uma limitação da planta
quanto sua força”.
Inserida na maioria dos processos de representação de modelos a serem fabricados, a
planta exige particularidades de construção e de leitura. Seu entendimento é parte essencial na
materialização de um produto, independente do seu tamanho, complexidade e escala.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3

Figura 28 - Esquema do conceito de planta. Fonte: Ching (2010, p.134).

Como parte das peças gráficas dos desenhos projetivos de edificações é possível estabele-
cer ao menos três tipos fundamentais de plantas conforme classificação abaixo:
1. Planta baixa
2. Planta de situação / locação ou implantação
3. Planta de cobertura

A princípio iremos tratar dos conceitos, convenções, desenho e leitura da planta baixa.

WWW.UNINGA.BR 42
ENSINO A DISTÂNCIA

• Planta baixa
A planta baixa é o resultado da representação superior de uma edificação seccionada
horizontalmente na altura de 1.50m. Portanto, é um desenho que representa um edifício sendo
visualizado interiormente por meio de um plano que o intercepta. A incisão horizontal na edi-
ficação estabelece duas partes: a parte superior do plano cortado e a parte inferior. Nesta pers-
pectiva, a planta baixa é o desenho da projeção ortogonal da porção inferior do plano de corte.

Figura 29 - Plano de corte planta baixa. Fonte: Montenegro (2001, p.52).

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


Figura 30 - esquema de corte e representação da planta baixa. Fonte: Montenegro (2001, p.52)

Como demonstrado no esquema anterior, o desenho da planta baixa é uma possibilidade


de observar e entender a configuração interna de uma edificação. Este fato constrói uma face
do objeto que de outro modo não seria possível visualizar. Para Ching (2001), as plantas são
essencialmente construções abstratas que ilustram um ponto de vista aéreo no qual raramente
conseguimos observar, exceto mentalmente. Para o autor, uma característica fundamental para o
entendimento da planta é a habilidade em conseguir visualizar a distinção entre a matéria sólida e
o espaço vazio, ou seja, poder distinguir os elementos cortados e, do mesmo modo, os elementos
que não sofreram intercepção, mas permanecem na construção do desenho. Em vista disso, o de-
senho técnico possui a função de enfatizar de maneira gráfica o que está sendo cortado na planta,
e diferenciar esse elemento daquilo que vemos configurado abaixo do plano de corte.

WWW.UNINGA.BR 43
ENSINO A DISTÂNCIA

O desenho a seguir ilustra exatamente a planta baixa do edifício representado pelas figu-
ras 26 e 27. A partir dele, iremos explorar os elementos que configuram o desenho de uma planta
baixa e sua representação técnica.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


Figura 31 - Planta baixa. Fonte: Montenegro (2001, p.54).

WWW.UNINGA.BR 44
ENSINO A DISTÂNCIA

De modo geral, abaixo dos elementos do plano de corte representa-se o piso e o mobili-
ário e acima deste plano, as projeções da cobertura e demais elementos que sejam pertinentes ao
entendimento da planta baixa.

Lembre-se que o desenho projetivo de edificações é um tipo de desenho técni-


co e deve seguir o máximo possível a normalização apresentada pelas normas
e convenções técnicas. Estas normas foram esclarecidas na unidade 01 deste
material.
REFLITA

Trataremos adiante da representação técnica dos elementos seccionados pelo plano de


corte horizontal resultante do desenho da planta baixa, a começar pela representação das paredes.

• Paredes: são representadas no desenho técnico de edificações por duas linhas parale-
las, largas e contínuas. Estas linhas podem apresentar-se retas, curvas e oblíquas, pois, depen-
dem da configuração do desenho da parede. Quanto à espessura, utilizam-se linhas largas para
representar paredes que foram cortadas e que estão mais perto do observador; e linhas estreitas
para paredes que não receberam intersecção pelo plano de corte, mas estão posicionadas abai-
xo deste plano e acima do solo. Já quanto à configuração do tipo destas linhas, empregam-se as

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


linhas contínuas pelo fato que elas representam arestas e contornos visíveis no desenho. A dis-
tância entre elas obedece, de forma geral, 15cm para ilustrar paredes de alvenaria. Essa dimensão
pode variar de acordo com a escolha do material de construção da parede.
A representação interna das linhas paralelas que representam as paredes pode receber
hachuras com o objetivo de contrastar com o âmbito espacial do plano do piso. Ching (2001)
afere que, é comum escurecer elementos cortados em plantas de pequena escala, para dar-lhes
destaque.

Figura 32 - Representação de paredes e planta baixa. Fonte: o autor.

• Portas: A princípio, uma planta baixa não caracteriza graficamente a aparência total de
uma porta. Neste tipo de desenho, é possível compreendê-lo partir do seu sistema de abertura,
sua posição nas paredes e sua largura. Para que se tenha uma informação global deste elemento é
necessário o complemento de outros desenhos, como cortes e elevações conforme veremos mais
adiante.
Em síntese, representam-se quatro elementos da porta em uma planta baixa, a saber: a
folha, o batente, a guarnição/vista e a soleira.

WWW.UNINGA.BR 45
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


Figura 33 - Esquema de representação das partes que configuram uma porta. Fonte: o autor.

Tabela 19 - Elementos de composição das portas. Fonte: o autor.

A representação dos elementos expostos anteriormente pode acontecer de forma simpli-


ficada ou de forma mais detalhada. Este fato se dá de acordo com a escala que se está desenhando
a planta baixa. Escalas grandes como 1,75, 1:100, 1:125 por diante, não configuram muitos de-
talhes na sua representação, uma vez que, reduzem significativamente o tamanho real do objeto.
Neste sentido, alguns detalhes dos componentes a serem representados ficam suprimidos. No
caso do desenho das portas, geralmente não se representa os batentes e as vistas. Por outro lado, a
representação destes elementos pode acontecer quando utilizado em escalas menores como 1:50,
1:25, 1:20 e 1,10, neste caso, os detalhes ficam mais aparente, pois, o objeto foi reduzido poucas
vezes. Abaixo expomos a representação em planta baixa de uma porta expressa de forma simpli-
ficada e outra com uma forma mais detalhada.

WWW.UNINGA.BR 46
ENSINO A DISTÂNCIA

Figura 34 - Representação de portas em planta baixa. Fonte: o autor.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


Tabela 20 - Representação das portas em planta baixa. Fonte: Autor.

Os tipos de portas são classificados de acordo com o seu sistema de abertura. Cada sis-
tema, por sua vez, possui uma representação, principalmente em relação às linhas que denotam
o sentido de abrimento.

WWW.UNINGA.BR 47
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3

Tabela 21 - Representação das portas em planta baixa de acordo o seu sistema de abertura. Fonte: o autor.

WWW.UNINGA.BR 48
ENSINO A DISTÂNCIA

A partir do esquema abaixo, é possível entender melhor as partes que compõem o dese-
nho das portas e que, de fato, são representadas na planta baixa em equivalência com a legibili-
dade da escala do desenho.

• 01 Batente

• 02 Guarnição

• 03 Soleira

• 04 Parede

• 05 Piso

Figura 35 - Esquema axonométrico das partes que compõem o desenho das portas. Fonte: Tamashiro
(2010, p.181).

• Janelas: Do mesmo modo que as portas, as janelas na planta baixa também não estabe-
lecem uma representação gráfica total do seu tamanho e proporção. São esquadrias que depen-
dem de outros desenhos, principalmente os que representam as dimensões verticais da edifica-

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


ção. As partes que configuram a representação de uma janela são: batente, montante, peitoril /
pingadeira e vedação (vidro).

Figura 36 - Esquema de representação das partes que configuram uma janela: Fonte: Tamashiro (2010, p.
181).

WWW.UNINGA.BR 49
ENSINO A DISTÂNCIA

Tabela 22 - Elementos de composição das janelas: Fonte: Autor

Diferentemente do desenho da porta, a representação da janela em planta baixa, em sua


maioria, não se dá pelo seu sistema de abertura. Enquanto ilustra-se a porta sempre “aberta” na
representação em planta, a janela configura-se praticamente por meio de um desenho padrão
onde se representa as linhas do peitoril e a secção da vedação (vidro). No entanto, assim como na

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


representação das portas, as janelas também se configuram no desenho de acordo com a escala.
Quanto maior a escala, menos detalhes tornam-se visíveis, quanto menor a escala, mais detalhes
são percebidos. As imagens a seguir representam o desenho de uma janela em planta configurado
de forma simplificada e outro, concebido de forma mais detalhada.

Figura 37 - Representação de janelas simplificada e mais detalhada no desenho da planta baixa. Fonte: o
autor.

Por sua vez, o posicionamento da esquadria (janela) em relação à parede também é ou-
tro determinante na leitura do desenho técnico. São elementos que podem alinhar-se pela face
interna ou externa da parede, pelo meio ou por fora da parede conforme representações abaixo.

WWW.UNINGA.BR 50
ENSINO A DISTÂNCIA

Figura 38 - Posição das esquadrias em relação à parede. Fonte: Tamashiro (2010, p. 181).

A representação dos sistemas de abertura das janelas se dá pelos seus desenhos em ele-

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


vação, ou seja, pelos desenhos que imprimem uma vista ortogonal frontal do elemento a ser
representado. A tabela seguinte mostra os diferentes tipos de abertura das esquadrias e suas re-
presentações em elevações e cortes / perfis.

WWW.UNINGA.BR 51
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3

WWW.UNINGA.BR 52
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3

WWW.UNINGA.BR 53
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


Tabela 23 - Representação das janelas de acordo com os seus sistemas de abertura. Fonte: Tamashiro (2010,
p. 182).

Por questões de convenção, somente a representação das portas em planta


baixa são indicadas pelos seus sistemas de abertura. As janelas, em geral, são
sempre desenhadas fechadas.

Em síntese, definimos nesta unidade que, a planta baixa de uma edificação configura-se a
partir do desenho de suas vedações (paredes) e dos seus sistemas de abertura (portas e janelas).
Neste sentido, a sequência de representação destes elementos será organizada nas próximas pági-
nas como forma de demonstrar as etapas de sua materialização.

WWW.UNINGA.BR 54
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


Figura 39 - Planta baixa exemplo. Fonte: Montenegro (2001, p.79).

1° ETAPA
- Definir a escala de representação do desenho.
- Marcar o contorno externo do projeto da edificação.
- Desenhar a espessura das paredes externas. Em geral, as paredes em alvenaria são repre-
sentadas com 15cm de espessura.
- Desenhar as vedações (paredes) internas.

Nesta primeira etapa, o desenho é realizado por linhas auxiliares, traços estreitos e fracos.
As linhas de cotas aparecem na representação abaixo apenas como orientação para o entendi-
mento do desenho.

WWW.UNINGA.BR 55
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


Figura 40 - Representação da 1° etapa do desenho de uma planta baixa. Fonte: Montenegro (2001, p.77)

2ª ETAPA
- Marcar no desenho das paredes as larguras das portas e janelas.
- Desenhar as portas e janelas de acordo com o seu sistema de abertura. Portas represen-
tadas abertas e janelas representadas fechadas.
- Apagar os excessos de linhas traçadas.
- Desenhar a projeção da cobertura – linha tracejada.

A linha tracejada no desenho técnico representa os contornos não visíveis. No


caso da planta baixa, os elementos importantes que estiverem acima do plano
horizontal de corte devem ser representados com esse tipo de linha.

WWW.UNINGA.BR 56
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3

Figura 41 - Representação da 2° etapa do desenho de uma planta baixa. Fonte: Montenegro (2001, p.77).

3° ETAPA
- Adequar os pesos nas linhas de representação. Elementos que foram seccionados são
representados com linhas largas e contínuas, já os elementos não seccionados são ilustrados com
linhas mais estreitas.
- Desenhar as linhas de cota.
- Escrever os nomes dos ambientes, indicar sua área e seu revestimento de piso. Escrever
o título do desenho e sua escala.
- Indicar as simbologias de: posição dos cortes, indicação dos acessos, níveis dos ambien-
tes e orientação solar (norte).

WWW.UNINGA.BR 57
ENSINO A DISTÂNCIA

Além da representação das paredes e esquadrias, o desenho da planta baixa utiliza-se de


elementos textuais e símbolos para representar algo que não seria adequado ou impossível de
figurar por linhas. São elementos que definem informações importantes para o entendimento da
própria planta e de outros desenhos que a complementa, como os cortes e as elevações. Com o
objetivo de atentarmos para estas representações, apresentamos no quadro as principais simbo-
logias que devem estar inseridas em um desenho de planta baixa.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3


Tabela 24 - Convenções textuais na planta baixa. Fonte: Autor.

Figura 42 - Indicações textuais na planta. Fonte: Tamashiro (2010, p. 162).

WWW.UNINGA.BR 58
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3

Tabela 25 - Símbolos de leitura das plantas. Fonte: Tamashiro (2010, p. 162).

WWW.UNINGA.BR 59
ENSINO A DISTÂNCIA

A norma que trata das simbologias nos desenhos de planta baixa é a NBR 6492
– Representação de Projetos de Arquitetura. Embora exista essa padronização,
a representação simbólica acaba sendo elástica podendo se adequar com a
estética gráfica e perfil de cada desenhista.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 3

WWW.UNINGA.BR 60
ENSINO A DISTÂNCIA

04
UNIDADE

REPRESENTAÇÕES DOS DESENHOS DE VISTAS


MÚLTIPLAS: CORTES E ELEVAÇÕES
PROF. ME. RENAN AUGUSTO AVANCI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 62
CORTES – VISTAS SECCIONAIS ............................................................................................................................. 63
LOCALIZAÇÃO DO PLANO DE CORTE .................................................................................................................... 66
PRINCIPAIS ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO DOS CORTES ......................................................................... 69
ELEVAÇÕES – FACHADAS – VISTAS ....................................................................................................................... 76

WWW.UNINGA.BR 61
ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Nesta última unidade veremos outros tipos de desenhos de vistas múltiplas, os cortes e
as elevações. Estes tipos de desenhos constituem uma série de vistas relacionadas, porém par-
ciais da realidade tridimensional, ou seja, da realidade real do objeto. Segundo Ching (2001), os
planos ortogonais, cortes e elevações são expressões diferentes do mundo da percepção visual e,
portanto, necessita de indicadores que retratam sua terceira dimensão, a profundidade visual.
Trataremos adiante dessas e de outras questões.

Figura 43 - Esquemas de desenhos de vistas múltiplas. Fonte: Daydec Design (2017). DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4

WWW.UNINGA.BR 62
ENSINO A DISTÂNCIA

CORTES – VISTAS SECCIONAIS


Segundo Silva et al (2010, p.74), o recurso de utilização dos desenhos em corte e seções
faz-se, em geral, quando o objeto a ser representado “possui uma forma interior complicada ou
quando alguns detalhes importantes para a definição da peça não fiquem totalmente definidos
por uma projeção ortogonal de arestas visíveis”. De acordo com autor, quando isso ocorre, recor-
re-se aos desenhos a cortes e/ou secções, que ajudam a esclarecer a forma e os detalhes do objeto
por meio de uma representação técnica, evitando assim, o uso de mais vistas.
A ilustração em corte consiste em imaginar a peça, o objeto, cortado por um ou mais pla-
nos, sendo suprimida uma de suas partes. Uma vez que esse objeto é cortado, projeta-se em um
plano de desenho sua parte que não foi suprimida. Para isso, adotam-se as regras gerais relativos
à representação das vistas, ou seja, atentam-se a representação técnica dos elementos que figuram
o desenho. Nesta perspectiva, pode-se afirmar que a planta baixa de uma edificação nada mais é
que a projeção de um plano de corte horizontal sobre um plano de desenho.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4

Figura 44 - Representação esquemática de uma planta baixa mostrando seu plano de corte. Fonte: Mon-
tenegro (2001, p. 52 e 53).

Posto isto, o que diferencia o desenho de um corte do desenho de uma planta baixa, uma
vez que o último também envolve o ato de seccionar? A distinção entre esses dois tipos de de-
senho está na orientação dos planos de corte. Na planta baixa o objeto é cortado por um plano
paralelo horizontalmente ao objeto, já no desenho em corte o objeto é cortado por um plano
vertical. Observe as imagens a seguir e analise a diferença.

WWW.UNINGA.BR 63
ENSINO A DISTÂNCIA

Figura 45 - Orientação dos planos de cortes indicando a projeção de um desenho em planta baixa (A) e
indicando a projeção de um desenho em corte (B). Fonte: Schuler (2017, p. 27)

Portanto, o corte é uma “projeção ortogonal de um objeto, ou seja, representa o objeto


como ele seria visualizado se fosse cortado por um elemento intermediário, expondo seus ma-
teriais internos, sua composição e seu ordenamento” (CHING, 2001, p.154). Neste sentido, por
ser tratar de um desenho reflexo de uma projeção ortogonal, seu tamanho e formato mantém a
proporção em escala real, ou seja, o desenho de representação do objeto em corte não sofre de-

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


formidades.
Em síntese, são desenhos que possui como objetivo facilitar a complexidade de enten-
dimento de um determinado objeto. Pode-se dizer que é um tipo de representação técnica que
reduz a complexidade tridimensional dos objetos a duas dimensões: a altura e largura ou com-
primento.
De fato, é em relação ao dimensionamento do plano de corte com o tamanho do objeto a
ser seccionado que se classifica seus tipos em: longitudinal ou transversal.

• Corte longitudinal: é quando o plano de corte vertical secciona a maior dimensão do


objeto.

Figura 46 - Corte longitudinal. Fonte: Schuler (2017, p. 44).

WWW.UNINGA.BR 64
ENSINO A DISTÂNCIA

• Corte transversal: é quando o plano de corte vertical secciona a menor dimensão do


objeto.

Figura 47 - Corte transversal. Fonte: Schuler (2017, p. 44).

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


Como pode-se observar, o corte de um edifício representa a secção vertical desta mesma
edificação. Após o plano de corte seccionar longitudinal ou transversalmente o edifício, remove-
-se uma de suas partes e representa em forma de desenho a parte remanescente. Nesta perspec-
tiva, o corte de uma construção é uma projeção ortogonal da parte restante da secção projetada
em um plano vertical de desenho. Este plano de projeção deve ser paralelo ao plano de cote, ou
como afere Francis Ching (2001), paralelo ao plano de incisão.
No desenho projetivo arquitetônico, ou em qualquer outro tipo de desenho que se utiliza
dos planos de cortes para entender o objeto representado, é usado como forma de revelar seus de-
talhes. No caso das edificações, demonstrar seus detalhes construtivos e, portanto, fundamentais
para a execução das construções. Ching (2001, p.154) aponta que, em desenhos de arquitetura
e engenharia, “o corte do edifício é o principal desenho para estudar e revelar a relação vital de
cheios e vazios entre os pisos, paredes e tetos, suas dimensões e relações entre os espaços inter-
nos”.
Como visto até o momento, a de se concordar com Francis Ching (2001, p.155) quando
ele diz que “os cortes dos edifícios combinam as qualidades conceituais das plantas com as qua-
lidades perceptivas das elevações”. De fato, o desenho de um corte retrata o conceito de repre-
sentação ortogonal de um objeto e, neste sentido, reflete o objeto em sua verdadeira proporção
e autenticidade, sem deformações. Do mesmo modo, é um típico desenho que trabalha a per-
cepção imaginária da visão. Olhar para além daquilo que em tese, não se vê. A parte interna do
objeto. Para o alcance desse objetivo é necessário treinar a visão espacial tão importante para o
desenvolvimento dos desenhos projetivos.
Por certo, ao seccionar as paredes, pisos e coberturas da construção, e até mesmo as aber-
turas como portas e janelas, expõe-se o interior do edifício para revelar as condições de apoio
(estrutura), elementos de iluminação e vedação, assim como a configuração vertical do espaço,
sua altura. Em um plano de representação vertical de um edifício, o desenho é capaz de demons-
trar a dimensão vertical do espaço – pé direito -, o formato e a escala dos espaços interiores. É
possível compreender pelo desenho seccionado uma clareza maior dos sistemas de aberturas,
informações que em planta baixa ainda careciam de maiores esclarecimentos.

WWW.UNINGA.BR 65
ENSINO A DISTÂNCIA

Figura 48 - Imagem ilustrativa de um plano de corte transversal. Fonte: Schuler (2010, p. 50)

LOCALIZAÇÃO DO PLANO DE CORTE

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


No livro Representação Gráfica para Desenho e Projeto, Francis Ching aborda alguns
pontos a respeito da localização dos planos de corte, ou seja, afere em qual posicionamento da
edificação é importante ou necessário traçar e indicar o plano de corte vertical. Por esta biblio-
grafia conclui-se que:

• Edificações que possuem planta baixa simétrica, ou seja, plantas em que duas de suas
faces são espelhadas representando o mesmo padrão entre elas, deve-se posicionar o plano de
corte ao longo do seu eixo de simetria.

Figura 49 - Plano de corte por meio de eixo de simetria. Fonte: IPFS (2017).

WWW.UNINGA.BR 66
ENSINO A DISTÂNCIA

• Os cortes dos edifícios devem ser posicionados em seus espaços mais significativos,
isto é, nas partes das edificações que necessitam revelar elementos ocultos internamente, ou es-
paços que são fundamentais para o entendimento do uso e estrutura do edifício. Elementos de
circulação vertical como rampas, elevadores e escadas, sempre que existentes no edifício devem
participar do plano de corte e assim, serem representados no desenho.

• Em geral o plano de corte é inserido de forma contínua e paralela ao objeto, de todo


modo, é possível retratar alguns desvios no corte a fim de revelar características importantes das
edificações. Vale ressaltar que as mudanças de direções em um corte são válidas quando forem
absolutamente necessárias. Caso contrário, exploram-se no objeto as secções retas e contínuas.

A indicação dos cortes é feito no desenho da planta baixa. O símbolo genérico de con-
venção é uma linha - contínua ou interrompida – formada por segmentos longos, separados por
pequenos traços ou pontos. Segundo a normativa adotada no Brasil, a linha que indica um plano
de corte utiliza traço e ponto.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


Figura 50 - Representação da linha de corte: Fonte: o autor.

Essas linhas não precisam necessariamente percorrer todo o desenho, ou seja, não é ne-
cessário representá-la perante toda a extensão da planta baixa, exceto quando o corte incluir cer-
to número de descontinuidades, fazendo com que a leitura do plano cortado não seja entendida
completamente. Em geral, indica-se a posição do corte na planta por meio de duas linhas curtas,
de onde o plano de corte emerge. Uma seta ao final de cada linha aponta a direção por onde o
plano de corte está seccionando.

Figura 51 - Indicação simbólica dos planos de corte no desenho da planta baixa. Fonte: Tashiro (2010, p.
162).

WWW.UNINGA.BR 67
ENSINO A DISTÂNCIA

A imagem abaixo exemplifica como se indica a representação de um corte que sofre des-
vio de direção.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


Figura 52 - Representação de plano de corte com desvio de direção. Fonte: Tamashiro (2010, p.162).

A representação das setas de indicações das secções dos desenhos pode ser representada
de diversas formas desde que apontem o sentido de visão do plano de corte em relação ao dese-
nho da planta. Apresentam-se abaixo alguns exemplos de representação dos símbolos de corte
conforme já demonstrado na unidade anterior.

Figura 53 - Exemplos de representação de símbolos de corte em planta baixa. Fonte: Tashiro (2010, p.162).

WWW.UNINGA.BR 68
ENSINO A DISTÂNCIA

Como dito anteriormente, o desenho das setas simboliza a direção de visão do plano de
corte. Veja a imagem a seguir. Os planos de cortes são traçados de modo vertical, cada plano
possui uma direção de visão e irá representar no desenho projetivo os elementos que aparecem
no plano de corte e também os elementos que estão à frente deste plano.
Pela imagem é possível observar que existem dois planos de cortes transversais e dois
planos de cortes longitudinais.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


Figura 54 - Direção dos planos de corte: Fonte: Schuler (2010, p. 45).

PRINCIPAIS ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO


DOS CORTES
O corte de um edifício apresenta uma série de elementos estruturais que configuram o
projeto da edificação. Esses elementos possuem representações normativas perante a confecção
de um desenho técnico projetivo. Essas normativas lidam com o desenho das linhas e das sim-
bologias adequadas de representação de informações não enquadradas na forma de desenho.
Vejamos na próxima página as principais delas:

• Piso e fundações: na representação de desenhos de cortes duas partes estruturais da


edificação despontam e, portanto, devem ser representadas, sendo elas a laje de piso / cobertura
e as fundações.
A laje de piso geralmente é representada por duas linhas paralelas cortadas. Neste sentido,
a representação das linhas é contínua e larga uma vez que, representa um elemento seccionado.
Quanto à representação das fundações, seu dimensionamento é parte do projeto estrutural, con-
tudo, podem-se padronizar as fundações por meio de desenhos simplificados de linhas paralelas
implantadas abaixo da linha de terra. Linha de terra é a linha de implantação da edificação com
o solo. Abaixo desta linha geralmente representa-se o solo por meio de hachuras.

WWW.UNINGA.BR 69
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


Figura 55 - Base estrutural de edificação em corte: Fonte: Schuler (2010, p. 47).

A – laje de piso / B – Parede / C – Viga Baldrame / D – Fundações / E – Hachura de terra


/ F – Linha de terra.

• Lajes: em corte deve ser representada tanto a laje de piso quanto a laje de cobertura
quando existente. A figuração é por meio de linhas paralelas conforme demonstrado na imagem
a seguir.

Figura 56 - Representação de lajes em corte. Fonte: Schuler (2010, p. 47).

A – Hachura de terra B – Laje de piso / C – Revestimento de parede / D – Laje de cober-


tura.

WWW.UNINGA.BR 70
ENSINO A DISTÂNCIA

• Esquadrias – portas e janela em cortes: Assim como no desenho da planta baixa as por-
tas e janelas são representadas, pois configuram parte do desenho projetivo do plano de corte
horizontal. Nos desenhos em corte vertical esses elementos também são representados. Quando
o plano vertical secciona uma janela ela possui representação semelhante ao seu desenho na
planta baixa. No caso do corte marca-se o peitoril como parede e a altura da janela representada
por quatro linhas em traço contínuo e estrito. Para a representação das portas segue-se a mesma
dinâmica, sem a marcação do peitoril, apenas da altura da porta.

• Esquadrias – portas e janelas em vista: as esquadrias em vista são indicadas pelo dese-
nho do seu contorno, preferencialmente com linhas duplas para representar tanto as guarnições
das portas quanto os marcos das janelas.

A seguir, há a ilustração de um desenho simplificado como objetivo de demonstrar um


resumo de representação dos principais elementos que figuram a ilustração do corte de uma edi-
ficação. Atentar se na representação dos traços e pesos de linhas.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


Figura 57 - Plano de corte, elementos principais de representação. Fonte: Schuler (2010, p. 49).

Síntese dos elementos de representação dos cortes:


A. Hachura de terra: para a representação do terreno em corte pode-se utilizar hachura
com traços equidistantes em ângulo de 45°. É importante ressaltar que existem outras formas de
representação do solo de implantação da edificação no corte. Todavia, o que se torna fundamen-
tal é sempre existir essa representação no desenho como forma de entendimento que o edifício
está locado na superfície terrestre.

B. Fundação: representação das fundações da edificação. De maneira genérica representa


esse elemento como prolongamento da parede existente para baixo da linha de terra. Como dito
anteriormente, este é um elemento de suporte estrutural sendo seu dimensionamento calculado
pelo engenheiro. Contudo, se valida da representação simplificada para exemplificar a existência
das fundações no projeto e consequentemente no desenho.

WWW.UNINGA.BR 71
ENSINO A DISTÂNCIA

C. Laje de piso: representação por linhas paralelas de traços contínuos e largos por repre-
sentar um elemento que está sendo seccionado. No interior das linhas aplica-se uma hachura de
representação do concreto em corte. Essa hachura é normatizada pela NBR 6492.

D. Parede / peitoril: representação dos elementos de vedação em corte. Duas linhas pa-
ralelas com traços contínuos e largos, contudo, geralmente sem preenchimento de hachuras em
seu interior.

E. Janela em corte: representa-se em corte o vão da janela na parede de vedação. Esse vão
estabelece a altura da janela. Os dois traços estreitos e paralelos no seu interior representam o
vidro seccionado da esquadria. A parede abaixo da ilustração da janela configura o peitoril.

F. Laje de cobertura: Nem todas as edificações possuem laje de cobertura, algumas pos-
suem apenas a estrutura do telhado que acaba ficando aparente. Quando existe a laje de cober-
tura, ela deve ser representada da mesma forma de ilustração da laje de piso. Linhas paralelas
contínuas de traços largos com hachuras de concreto em corte na sua parte interior.

G. Janela em vista: A representação das janelas em vista nos desenhos de corte acontece
quando o plano de corte não secciona a esquadria, no entanto, aponta seu sentido de direção
que contempla uma janela ou qualquer outro elemento em vista. Quando este fato acontece, os
elementos que estão em vista na direção do corte devem ser devidamente representados no dese-

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


nho. Esses elementos são representados com linhas contínuas e estreitas, pois não estão ocultos
e nem seccionados.

H. Porta em vista: contempla a mesma dinâmica de representação da janela em vista. As


linhas duplas do contorno representam o desenho das vistas / guarnições das portas.

• Dimensionamento dos elementos de representação.


A. Hachura de terra: linhas equidistantes proporcionais à escala de representação
do desenho.

B. Fundação: geralmente 30cm abaixo da linha de terra. A espessura da parede


configura a mesma da representação de planta baixa – 15cm.

C. Laje de piso: 10 a 12 cm de espessura.

D. Parede: 15 cm de espessura – mesma dinâmica de representação da parede no


desenho de planta baixa.

E. Janelas: 15 cm de espessura. Altura da janela e altura do peitoril de acordo com


a definição de projeto.

F. Laje de cobertura: 10 a 12 cm de espessura.

G. Janela em vista: 5 cm de espessura para representação do marco.

H. Porta em vista: 5 cm de espessura para representação da guarnição.

WWW.UNINGA.BR 72
ENSINO A DISTÂNCIA

O desenho de cobertura, dos elementos que figuram o telhado não será con-
templado nessa apostila. Deve-se, portanto, consultar o livro, Desenho Arquite-
tônico, do autor Gildo Montenegro. As explicações e demonstrações do desen-
volvimento e desenho das coberturas encontram-se nas páginas 99 a 104.

As representações configuradas por meio dos desenhos, nos cortes, assim como nas plan-
tas existem simbologias que complementam as informações necessárias para clarificar o enten-
dimento e execução do projeto. Dentre essas informações, duas são especialmente importantes.
Trata-se de informar nos desenhos em corte os dimensionamentos dos seus elementos e a indi-
cação dos níveis das lajes de piso.

• Representação das dimensões: cotas.


Diferentemente das plantas, o desenho em cortes recebe apenas o uso das cotas verticais.
Todo dimensionamento horizontal já está representado e informado na planta baixa, portanto, é
errado cotar dimensões horizontais nos cortes. Neste sentido, deve-se cotar em geral:

• Cota do pé-direito (altura da laje de piso ao forro ou laje de cobertura).


• Cotas de peitoris, janelas e vigas.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


• Cotas de portas.
• Cotas das lajes.
• Cota de degraus e patamares de escadas.
• Cota da altura dos telhados / caixa d’água.

Não se cota elementos representados abaixo da laje de piso – fundações.


A forma de representação e uso das cotas segue a mesma dinâmica de cotagem da planta
baixa, ou seja, as linhas de cotas são utilizadas no desenho de maneira contínua; devem estar
próximas do desenho, podem existir internamente no desenho desde que não atrapalhe sua le-
gibilidade.

• Representação do posicionamento dos planos horizontais: níveis.


Os cortes também recebem a simbologia de indicação dos níveis, sendo ela diferenciada
do símbolo de representação da mesma informação em planta. Essa simbologia em corte deve
ser ilustrada sempre que acontecer diferenças de níveis na representação do objeto. Do mesmo
modo, devem corresponder com os níveis indicados em planta. Essa simbologia reflete uma com-
plementação de informações entre os dois tipos de desenho de vistas múltiplas.

A – simbologia de nível em corte

B – simbologia de nível em planta

WWW.UNINGA.BR 73
ENSINO A DISTÂNCIA

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


Figura 58 - Representação da simbologia de níveis em planta e níveis em corte. Fonte: Tamashiro (2010,
p.164).

De acordo com Tamashiro (2010, p. 164) deve-se evitar traçar o plano de corte ao longo
de uma parede e ao longo de pilares. Analise a ilustração a seguir para compreender as possibili-
dades de erros na representação de um corte.

WWW.UNINGA.BR 74
ENSINO A DISTÂNCIA

Figura 59 - Representações erradas na configuração dos desenhos em cortes. Fonte: Tamashiro (2010,
p.164).

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


Etapas de configuração de um corte
Informações preliminares:
• Representar o desenho de corte na mesma escala do desenho da planta baixa. Não se
muda a escala de um desenho projetivo para o outro, a não ser quando forem especificados deta-
lhes e assim, a escala de ampliação tenha que ser alterada.
• Utilizar a planta para traçar as linhas principais de configuração do corte – linhas de
parede.

Etapas:
1. Desenhar uma linha horizontal de representação da linha do terreno;
2. Desenhar a laje do piso (10 a 12 cm de espessura) de acordo com os níveis apresenta-
dos pelo projeto. A laje de piso pode ser plana, como pode representar níveis acima ou abaixo da
linha do terreno. Essas especificações devem estar definidas na planta;
3. Desenhar as paredes seccionadas pelo plano de corte: traçar as linhas de representação
da parede através do prolongamento das linhas ilustradas na planta baixa;
4. Desenhar as fundações: prolongamento das paredes abaixo da linha de terra;
5. Marcar no desenho das paredes a altura da edificação (pé – direito) e traçar uma linha
horizontal. Essa linha representa o forro ou a laje de cobertura;
6. Desenhar a laje de cobertura;
7. Desenhar a cobertura;
8. Desenhar as portas e as janelas que aparecem em corte ou em vista. Lembre-se que para
o desenho de esquadrias em corte deve se representar os vãos desses elementos nos desenhos
das paredes. A existência das esquadrias em vistas no desenho de corte depende do sentido de
direção do corte;
9. Hachurar os elementos necessários;
10. Indicar as simbologias necessárias. Título do desenho; escala, nome do ambiente;
níveis; cotas;
11. Definir os pesos de linhas.

WWW.UNINGA.BR 75
ENSINO A DISTÂNCIA

ELEVAÇÕES – FACHADAS – VISTAS


“A elevação é uma projeção ortogonal de um objeto ou de uma construção em um plano
vertical de desenho paralelo a um de seus lados” (CHING, 2001, p. 148). Da mesma forma que
em outras projeções ortogonais, como a planta e os cortes, todos os planos paralelos ao plano de
desenho mantêm sua escala real de tamanho, formato e proporções.

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


Figura 60 - Esquema de elevações, fachadas e vistas de uma edificação. Fonte: Tamashiro (2010, p.158).

A elevação de um edifício é resultado da ilustração de sua vista exterior. Não há secções


para serem suprimidas nestes desenhos, pelo contrário, todos os elementos presentes na configu-
ração externa da edificação devem ser representados ortogonalmente no plano de projeção. As-
sim, as elevações enfatizam a superfície vertical do objeto e definem os contornos do mesmo. Em
síntese, são desenhos usados como forma de demonstrar o tamanho, a volumetria, a escala, bem
como os padrões de texturas, materiais e os sistemas das aberturas de portas e janelas utilizadas
na caracterização do edifício, segundo Ching (2001).
Como já exposto, as elevações das edificações representam e configuram-se como vistas
ortogonais, ou seja, caracterizam as partes do objeto em vista frontal, vista lateral e vista dos
fundos. Ching (2001, p. 150) aponta que é possível designar também cada elevação do objeto se-
gundo sua relação com a fachada principal, com o ponto cardeal para o qual está voltada ou com
o contexto a partir do qual pode ser vista.

WWW.UNINGA.BR 76
ENSINO A DISTÂNCIA

Nesta perspectiva, a elevação pode ser uma vista frontal, quando projetada nos planos
frontais da projeção, pode definir-se como uma “elevação norte, sul, leste ou oeste” quando rela-
cionada com o ponto cardeal correspondente ou “quando um edifício se refere a determinada ca-
racterística ou significativa do contexto, podemos denominar a elevação do edifício a partir dessa
característica, por exemplo, a elevação de uma rua é a fachada que está voltada para esta rua”.

Principais características dos desenhos das elevações

• Representação do dimensionamento do objeto: cotas


Não se apresenta nenhuma cota vertical ou horizontal no desenho de elevação. Lembre-
-se que as cotas horizontais são utilizadas nos desenho de planta baixa, cotas verticais são utiliza-
das nas representações dos desenhos em cortes.

• Representação dos planos do objeto: profundidade


Em geral não se apresenta o desenho de uma elevação com apenas um peso de linha úni-
co. Utiliza-se, por exemplo, uma linha de maior peso quando se retrata a parte da edificação mais
próxima do plano de projeção e utiliza-se uma linha de menor peso para representar as linhas de
superfície, de contornos. Assim, configura-se uma progressão dos pesos de linha de acordo com
o afastamento das partes do desenho do plano de projeção. Portanto, quanto mais longe estiver
o plano da edificação do plano de desenho, menor será o peso de seu traço na representação do
desenho. É exatamente esta hierarquia de pesos de linhas que transmite a profundidade do objeto

DESENHO TÉCNICO | UNINDADE 4


representado.

• Representação do posicionamento dos planos horizontais: níveis


Podem-se representar os níveis nas elevações utilizando-se da mesma simbologia de re-
presentação desses elementos nos desenhos em corte. Os níveis devem seguir as indicações apre-
sentadas nas plantas e nos cortes.

WWW.UNINGA.BR 77
ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6023: Informação e do-
cumentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

_______. NBR 10067: Princípios gerais de reapresentação em desenho técnico. Rio de Janeiro:
ABNT, 1995.

_______. NBR 10068: Folha de desenho - Leiaute e dimensões. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.

_______. NBR 10126: Contagem em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.

_______. NBR 10582: Apresentação da folha de desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1988.

_______. NBR 6492: Reapresentação de projetos arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.

_______. NBR 8196: Desenho técnico - Emprego de escalas. Rio de Janeiro: ABNT, 1999.

_______. NBR 8402: Execução de caracter para escrita de desenho técnico. Rio de Janeiro:
ABNT, 1994.

_______. NBR 8403: Aplicação de linhas em desenhos - Tipos de linhas - Largura das linhas. Rio
de Janeiro: ABNT, 1984.

CATAPLAN, Márcio Fontana. Apostila de desenho técnico. Curitiba: UFPR. Material didático,
2015.

CHING, F. Representação Gráfica para Desenho e Projeto. Barcelona: Ed. Gustavo Gili, 2001.

CUNHA, L.V. Desenho técnico. 15. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.

DAYDEC DESING. These Axonometric Illustrations Explore the Power of Digital Tools in
Architectural Representation. 2017. Disponível em: <http://daydec.com/arquitectura/these-a-
xonometric-illustrations-explore-the-power-of-digital-tools-in-architectural-representation/>.
Acesso em: 11 jan. 2018.

DEJTIAR. F. Croquis Digital: La representación axonométrica por Fernando Neyra. 2017.


Disponível em: <https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/868825/croquis-digital-la-represen-
tacion-axonometrica-por-fernando-neyra>. Acesso em: 11 jan. 2018.

FRENCH, T; VIERCK, C. Desenho técnico e tecnologia gráfica. São Paulo: Ed. Globo, 2002.

GOMES. F. V. Desenho Auxiliado por Computador. 2011. Disponível em: <http://www.ufjf.br/


flavio_gomes/files/2011/08/Aula04-ENE073.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2018.

INGRUM. Isometria Medias. 2017. Disponível em: <http://www.imgrum.org/tag/isom%C3%A-


9trica>. Acesso em: 11 jan. 2018.

WWW.UNINGA.BR 78
ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
IPFS. Villa Capra - La Rotonda. 2017. Disponível em: <https://ipfs.io/ipfs/QmXoypizjW3W-
knFiJnKLwHCnL72vedxjQkDDP1mXWo6uco/wiki/Villa_Rotonda.html>. Acesso em: 11 jan.
2018.

MONTENEGRO, Gildo. Desenho Arquitetônico. São Paulo: Ed. Blucher, 2001.

MUTULI. I. The Expo ’98 Portuguese National Pavilion by Álvaro Siza Commemorates
Centuries of Exploration. 2017. Disponível em: <https://www.archute.com/2017/08/22/ex-
po-98-portuguese-national-pavilion-alvaro-siza-commemorates-centuries-portuguese-explora-
tion/<. Acesso em: 11 jan. 2018.

SCHULER, D.; FILHO, O. H. J.; FILHO, J. A. M.; Apostila de desenho técnico I: Noções gerais
do desenho técnico (adaptado). Cascavel: FAG. Material didático, 2017.

SILVA, A.; RIBEIRO, C.; DIAS, J.; SOUZA, L. Desenho Técnico Moderno. Rio de Janeiro: Ed.
LTC, 2010.

TAMASHIRO, H. A. Manual do desenho arquitetônico. Entendimento técnico –construtivo


e desenho arquitetônico: uma possibilidade de inovação didática. São Carlos: UFscar, Disser-
tação de mestrado, 2010.

TOSE. Axonometric Illustrations Explore the Power of Digital Tools in Architecture. Dis-
ponível em: <https://www.architectureadmirers.com/axonometric-illustrations/>. Acesso em:
11 jan. 2018.

WWW.UNINGA.BR 79

Você também pode gostar