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VETERINÁRIA
PROF. DR. HELENTON CRISTHIAN BARRENA
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não Diagramação:
vale a pena ser vivida.” Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Revisão Textual:
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica Felipe Veiga da Fonseca
e profissional, refletindo diretamente em nossa Letícia Toniete Izeppe Bisconcim
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Luana Ramos Rocha
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente
e busca por tecnologia, informação e conheci- Produção Audiovisual:
mento advindos de profissionais que possuam Eudes Wilter Pitta Paião
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Márcio Alexandre Júnior Lara
cia no mercado de trabalho. Marcus Vinicius Pellegrini
Osmar da Conceição Calisto
De fato, a tecnologia e a comunicação
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
Gestão de Produção:
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
nos proporcionando momentos inesquecíveis.
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
Fotos:
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
Shutterstock
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA VETERINÁRIA
TECIDOS FUNDAMENTAIS
PROF. DR. HELENTON CRISTHIAN BARRENA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................................6
1. TECIDO EPITELIAL..................................................................................................................................................7
1.1. TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO............................................................................................................7
1.1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS..............................................................................................................................7
1.1.2. FUNÇÕES............................................................................................................................................................8
1.1.3. CLASSIFICAÇÃO.................................................................................................................................................9
1.1.4. MODIFICAÇÕES E ESPECIALIZAÇÕES DAS CÉLULAS EPITELIAIS.............................................................15
1.2. TECIDO EPITELIAL GLANDULAR.......................................................................................................................18
1.2.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS............................................................................................................................18
1.2.2. GLÂNDULAS EXÓCRINAS...............................................................................................................................19
1.2.3. GLÂNDULAS ENDÓCRINAS............................................................................................................................22
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2. TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO...................................................................................................23
2.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS...............................................................................................................................23
2.2. FUNÇÕES............................................................................................................................................................24
2.3. MATRIZ EXTRACELULAR...................................................................................................................................24
2.3.1. SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL AMORFA...................................................................................................... 25
2.3.2. FIBRAS COLÁGENAS E ELÁSTICAS.............................................................................................................. 26
2.4. COMPONENTES CELULARES.......................................................................................................................... 30
2.4.1. CÉLULAS RESIDENTES....................................................................................................................................31
2.4.2. CÉLULAS TRANSITÓRIAS.............................................................................................................................. 36
2.5. CLASSIFICAÇÃO.................................................................................................................................................37
2.5.1. TECIDO CONJUNTIVO FROUXO......................................................................................................................37
2.5.2 TECIDO CONJUNTIVO DENSO....................................................................................................................... 39
2.5.3. TECIDO CONJUNTIVO RETICULAR.............................................................................................................. 40
2.5.4 TECIDO CONJUNTIVO MUCOSO.................................................................................................................... 40
3. TECIDOS MUSCULARES.......................................................................................................................................41
3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS...............................................................................................................................41
3.2. ULTRAESTRUTURA DAS FIBRAS MUSCULARES ESTRIADAS...................................................................... 43
3.3. TECIDO MUSCULAR ESTRIADO ESQUELÉTICO............................................................................................ 45
3.4. TECIDO MUSCULAR ESTRIADO CARDÍACO....................................................................................................47
3.5. TECIDO MUSCULAR LISO................................................................................................................................ 49
3.6. CONTROLE DA CONTRAÇÃO E REGENERAÇÃO DOS TECIDOS MUSCULARES...........................................51
4. TECIDO NERVOSO................................................................................................................................................ 52
4.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS.............................................................................................................................. 52
4.2. FUNÇÕES........................................................................................................................................................... 54
4.3. COMPONENTES CELULARES.......................................................................................................................... 54
4.3.1. NEURÔNIOS.................................................................................................................................................... 54
4.3.1.1. CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS............................................................................................................. 58
4.3.2. CÉLULAS DA GLIA.......................................................................................................................................... 60
4.3.2.1. ASTRÓCITOS................................................................................................................................................ 60
4.3.2.2 OLIGODENDRÓCITOS...................................................................................................................................61
4.3.2.3. MICRÓGLIA................................................................................................................................................. 62
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4.3.2.4. CÉLULAS EPENDIMÁRIAS......................................................................................................................... 63
4.3.2.5. CÉLULAS SATÉLITES GANGLIONARES.................................................................................................... 64
4.3.2.6. CÉLULAS DE SCHWANN............................................................................................................................ 64
4.4. HISTOARQUITETURA DO SNC......................................................................................................................... 64
4.5. HISTOARQUITETURA DO SNP......................................................................................................................... 68
4.5.1. NERVOS........................................................................................................................................................... 68
4.5.2. GÂNGLIOS....................................................................................................................................................... 69
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................................................73
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Compreender a organização estrutural microscópica do corpo de um animal é
fundamental para entender seu complexo funcionamento. Saber que os órgãos são formados por
grupos de células similares e pelos materiais que as circundam, ajuda a compreender as causas
de determinadas doenças que surgem por alterações morfológicas nos tecidos que os compõem.
São descritos quatro tecidos fundamentais no organismo animal - epitelial, conjuntivo, muscular
e nervoso - cada qual com suas células e particularidades. Todos os órgãos apresentam em sua
constituição pelo menos dois desses tecidos.
Para exemplificar a presença desses tecidos nos órgãos podemos descrever a estrutura
microscópica do tubo digestório. Desde o esôfago até o intestino grosso encontramos epitélio
na superfície voltada para o lúmen do tubo, seguido por tecido conjuntivo, músculo liso ou
esquelético de acordo com o segmento e o animal analisado, e ainda encontramos plexos nervosos
no conjuntivo ou entre as camadas musculares da parede.
No exemplo acima podemos atribuir à presença dos tecidos, ou seja, à estrutura da
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1. TECIDO EPITELIAL
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ENSINO A DISTÂNCIA
1.1.2. Funções
Os epitélios de revestimento têm como função primordial cobrir a superfície corporal
interna e externa e a superfície interna de vísceras ocas ou tubulares, como o coração, os vasos
sanguíneos, os ureteres, a bexiga urinária, a uretra, o tubo digestório, o conduto respiratório, o
canal vaginal, entre outros exemplos.
Além disso, funções específicas podem ser descritas a partir de vários exemplos de
localização. A função de DIFUSÃO pode ser atribuída aos epitélios dos capilares sanguíneos
e linfáticos, dos alvéolos pulmonares e dos ramos finos das alças de Henle nos rins. A função
de FILTRAÇÃO se deve ao epitélio da cápsula de Bowman dos rins. A SECREÇÃO pode ser
encontrada no epitélio presente no mesotélio, no plexo corioide dos ventrículos cerebrais e em
parte dos túbulos renais, enquanto a ABSORÇÃO está presente no epitélio do estômago e dos
intestinos delgado e grosso. A função de PROTEÇÃO contra fricção e abrasão pode ser verificada
no endotélio dos vasos sanguíneos e no mesotélio que cobre as cavidades corporais, na epiderme
da pele, na cavidade oral, no esôfago, no ânus e na vagina. Esses são alguns exemplos de epitélios
com funções específicas, de forma que muitos outros podem ser encontrados na literatura.
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ENSINO A DISTÂNCIA
1.1.3. Classificação
Os epitélios de revestimento são classificados principalmente de acordo com dois critérios:
1) A quantidade de camadas celulares entre a lâmina basal e a superfície livre; 2) O formato das
células mais superficiais quando observadas em corte perpendicular à lâmina basal.
Com relação ao número de camadas celulares encontramos dois tipos de epitélios:
- Simples: Formado por uma simples camada de células, sendo que todas estão conectadas
à lâmina basal;
- Estratificado: Composto por duas ou mais camadas de células, sendo que somente as
células da camada mais profunda se conectam à lâmina basal.
Figura 2 - Epitélio pseudoestratificado colunar da traqueia. É constituído de células que têm comprimentos dife-
rentes; seus núcleos se distribuem em diferentes alturas do epitélio sem formar camadas distintas. As células mais
curtas são chamadas células basais. Esse epitélio é ciliado (setas) e contém glândulas unicelulares, chamadas células
caliciformes (C). (Hematoxilina-Eosina [H&E]. Médio aumento). Fonte: Junqueira e Carneiro (2018).
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Figura 3 - Epitélio de transição da bexiga. A. Quando a bexiga está vazia, muitas células superficiais têm superfície
convexa em abóbada (setas). B. Quando a bexiga está cheia, as células superficiais tornam-se achatadas (setas).
(H&E. Médio aumento.) Fonte: Junqueira e Carneiro (2018).
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Com base no formato das células mais superficiais existem três tipos de epitélios:
- Cúbico (cuboide): As células têm formato cúbico, são quase tão largas quanto longas e
seus núcleos são esféricos.
- Cilíndrico (colunar ou prismático): As células tendem a ser mais longas do que largas,
com formato de paralelepípedos colocados em pé, e seus núcleos são ovoides ou alongados.
Uma vez que as células dos epitélios são justapostas e seus limites, na maioria das vezes,
não são nítidos, o reconhecimento da forma dessas células em cortes é feito pela forma dos
núcleos, pois estes refletem de maneira muito precisa a forma das células epiteliais. As Figuras 4
e 5 mostram células epiteliais com seus núcleos bem nítidos.
Figura 5 - Epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado do esôfago. As células mais basais do epitélio (re-
gião A) são cuboides e se alongam à medida que migram para o meio do epitélio (região B), tornando-se ainda mais
achatadas na superfície (região C). Descamação de uma célula superficial (seta). (H&E. Grande aumento.) Fonte:
Junqueira e Carneiro (2018).
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Na classificação dos epitélios são utilizados os dois critérios para a denominação, como
simples pavimentoso, estratificado pavimentoso e simples cilíndrico. O primeiro nome indica
o número de camadas, e o segundo indica o formato das células na superfície livre. O quadro 1
fornece uma visão geral dos principais tipos de tecidos epiteliais e sua distribuição.
Exemplos: Túbulos renais; glândulas exócrinas e seus ductos; plexos corioides do cérebro;
bronquíolos terminais; superfície dos ovários.
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Características: Múltiplas camadas de células que têm formato cúbico próximo à lâmina
basal e progressivamente achatado em direção à superfície; o epitélio pode ser não queratinizado
(úmido) ou queratinizado; quando não queratinizado, as células superficiais contêm núcleo e
citoplasma; quando queratinizado, o citoplasma das células superficiais é preenchido por uma
proteína chamada queratina, e as células estão mortas.
Exemplos: Ductos das glândulas sudoríparas; células foliculares ovarianas; ductos das
glândulas salivares.
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EPITÉLIO DE TRANSIÇÃO
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À medida que as células mais superficiais são danificadas, elas são substituídas
por células das camadas mais profundas, mantendo uma barreira contínua de
células neste tecido.
Figura 6 - A. Eletromicrografia da porção apical de duas células epiteliais adjacentes da mucosa gástrica, mostrando
o complexo juncional. Esse complexo consiste na zônula de oclusão (ZO), na zônula de adesão (ZA) e na mácula
de adesão (MA) ou desmossomo. 30.000x. B. Diagrama mostrando a distribuição das junções celulares nos três do-
mínios das células epiteliais colunares. O domínio apical com microvilosidades foi levantado para ilustrar melhor os
arranjos espaciais dos complexos juncionais dentro da célula. Fonte: Ross e Pawlina (2018).
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O domínio basal (Figura 6) corresponde à região da MP voltada para a lâmina basal. Nessa
superfície existem especializações de membrana chamadas hemidesmossomos responsáveis
por unir as células epiteliais à lâmina basal. Apesar de se assemelharem a uma metade de um
desmossomo, apresentam integrinas de membrana ao invés de caderinas na sua composição.
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Figura 8 - As glândulas são formadas na vida intrauterina a partir de epitélios de revestimento. Algumas células do
epitélio proliferam e crescem em forma de um cordão pelo interior de tecido conjuntivo. Os conjuntos celulares que
mantêm ligação com o epitélio do qual se originaram constituem glândulas exócrinas, e o cordão celular se trans-
forma em seu ducto excretor (à esquerda). Os conjuntos que perdem a conexão com o epitélio de revestimento dão
origem a glândulas endócrinas (à direita). Fonte: Abrahamsohn (2016).
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Figura 10 - O túbulo mucoso é alongado e seu lúmen é amplo, em comparação com o lúmen do ácino seroso. Os
núcleos de suas células são de cromatina densa, alongados e dispostos ao longo da superfície basal da célula. O cito-
plasma se cora em azul-claro pela H&E e tem aspecto vacuolado. Fonte: Abrahamsohn (2016).
Figura 12 - Ácinos e túbulos secretores. A. Ácinos serosos do pâncreas, alguns demarcados. Os ácinos pancreáticos
têm uma particularidade que os diferencia de ácinos de outras glândulas: a presença de núcleos de células centro-
acinosas no centro dos ácinos (CA). Pertencem às primeiras células dos seus ductos excretores. B. A figura contém
inúmeros túbulos mucosos (M). Alguns túbulos estão seccionados transversalmente e outros longitudinalmente. Seu
lúmen (L) é amplo. Um ducto excretor está indicado (DE). Os núcleos de cromatina densa estão próximos à superfí-
cie basal das células. O citoplasma basófilo tem aspecto rendilhado. (H&E. Pequeno aumento.) Fonte: Abrahamsohn
(2016).
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As glândulas multicelulares podem ainda ser classificadas de acordo seu modo de liberação
da secreção (figura 13). Quando uma célula secretora inteira amadurece, morre e se torna o
produto da secreção (glândulas sebáceas e glândulas de Meibomio da pálpebra) chamamos a
glândula de holócrina. Quando uma porção pequena do citoplasma apical é liberada juntamente
com o produto da secreção (glândulas mamárias, glândulas de Moll da pálpebra, glândulas
ceruminosas do ouvido) classificamos a glândula como apócrina. Quando somente o produto da
secreção é liberado por exocitose (glândula salivar parótida) chamamos a glândula de merócrina.
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2.2. Funções
Dentre as funções atribuídas ao TCPD podemos destacar: INTERLIGAÇÃO (ligamentos
e tendões); SUPRIMENTO AOS TECIDOS (lâmina própria, derme, estroma, subendotélio,
túnica adventícia); MEIO PARA TROCAS (entre o sangue e as várias células do corpo); DEFESA
E PROTEÇÃO (células fagocitárias, imunocompetentes e produtoras de substâncias que
modulam a inflamação, além da formação de uma barreira física contra a invasão e disseminação
microbiana); ARMAZENAMENTO DE ENERGIA (células adiposas); REPARO DE LESÃO
(proliferação de fibroblastos e produção de matriz na lâmina própria ou estroma).
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Figura 16 - Este desenho esquemático mostra, à direita, um monômero de proteoglicano e a sua relação com a
molécula de ácido hialurônico, conforme ocorre na substância fundamental da cartilagem. O monômero de
proteoglicano é composto de uma proteína central, à qual os GAGs estão ligados de modo covalente. O monômero
de proteoglicano consiste em um eixo proteico central, ao qual se ligam uma ou várias moléculas de GAGs. A ex-
tremidade da proteína central (eixo proteico) do monômero de proteoglicano interage com uma proteína ligante
responsável pela ligação do monômero no ácido hialurônico, formando um agregado de proteoglicano. À esquerda,
as moléculas de ácido hialurônico formam agregados lineares, cada um composto por vários monômeros de proteo-
glicanos, e estão entrelaçadas com uma rede de fibrilas colágenas. Fonte: Ross e Pawlina, (2018).
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Figura 18 - O mesentério, membrana que prende as alças intestinais, é um material favorável para observação de
fibras do tecido conjuntivo. Um pequeno fragmento é recortado e depois corado e colocado sobre uma lâmina his-
tológica. As fibras colágenas (C) têm diferentes espessuras e trajeto ondulado, e as fibras elásticas (E) são delgadas,
retilíneas e ramificadas. (Preparado total corado por picro-sirius + Weigert. Médio aumento.). Fonte: Abrahamsohn
(2016).
Figura 19 - O tecido conjuntivo do tipo denso possui muitas fibras e proporcionalmente poucas células. A. O tipo
chamado tecido conjuntivo denso não modelado tem fibras colágenas (C) de trajeto tortuoso e arranjadas em várias
direções. B. O tipo chamado tecido conjuntivo denso modelado tem fibras colágenas (C) paralelas. As células são fi-
broblastos com núcleo claro e oval (Fb) e fibrócitos (Fi) com núcleos delgados e alongados. (H&E. Médio aumento.).
Fonte: Abrahamsohn (2016).
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As fibrilas de colágeno tipo III se reúnem para formar fibras bastante delgadas e
que geralmente se organizam em redes tridimensionais, razão pela qual essas fibras são
denominadas reticulares (figura 20). Redes desse tipo de fibra existem principalmente em órgãos
parenquimatosos (p.ex., fígado, suprarrenal, medula óssea, linfonodos, baço), cujas células
ocupam os espaços deixados pelas redes de fibras.
As fibras elásticas são formadas pela proteína elastina envolvida por grande quantidade
de microfibrilas de fibrilina, responsáveis por manter a estabilidade das fibras elásticas (figura
21). As fibras estão distribuídas em pequenas quantidades no TCPD e aparecem de maneira
concentrada em certos locais e estruturas específicas, como, por exemplo, na MEC da cartilagem
elástica, na parede de artérias, no pulmão, na derme (figura 23), e em alguns ligamentos, como o
ligamento nucal. As fibras elásticas são retilíneas, ramificadas e dotadas de elasticidade, ou seja,
são capazes de serem estendidas e voltarem ao seu tamanho e sua forma originais (figura 22).
Figura 21 - As fibras elásticas maduras apresentam em sua periferia microfibrilas que envolvem as proteínas de ma-
terial elástico, compostas principalmente de elastina e presentes no interior das fibras. Fonte: Abrahamsohn (2016).
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Figura 23 - Derme da pele corada seletivamente para fibras elásticas. As fibras elásticas escuras se entremeiam entre
as coradas em rosa-claro. As fibras elásticas são responsáveis pela elasticidade da pele. (Médio aumento.). Fonte:
Junqueira e Carneiro (2018).
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Figura 24 - As células residentes do tecido conjuntivo habitam permanentemente este tecido – fibroblasto, fibrócito,
macrófago e mastócito. Fonte: Abrahamsohn (2016).
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Figura 26 - A. Fotomicrografia de uma amostra de tecido conjuntivo em uma preparação rotineira em parafina,
corada pela H&E, mostrando núcleos de fibroblastos (F). B. Durante o processo de cicatrização de uma ferida, os
fibroblastos (F) ativados exibem citoplasma mais basófilo, facilmente observado ao microscópio óptico. Médio au-
mento. Fonte: Ross e Pawlina (2018).
Figura 27 - Corte histológico do pâncreas de um rato injetado com o corante vital azul tripan. Observe que dois ma-
crófagos (setas) situados ao redor de um ducto pancreático (DP) fagocitaram e acumularam o corante em grânulos
citoplasmáticos. (H&E. Grande aumento. Imagem obtida por T.M.T. Zorn.). Fonte: Junqueira e Carneiro (2018).
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Os mastócitos são as maiores células fixas do tecido conjuntivo. São ovoides e seu núcleo é
central e esférico. Ao contrário dos outros tipos celulares fixos, estas são derivadas de precursores
da medula óssea. A presença de numerosos grânulos citoplasmáticos é a característica que
permite identificar os mastócitos (figura 28). Os grânulos armazenam histamina, proteases
neutras, arilsulfatases, fator quimiotático de eosinófilos e neutrófilos (ECF-A e NCF). Todos
estes agentes representam os mediadores químicos inflamatórios primários (pré formados e
estocados).
Além destas substâncias, os mastócitos sintetizam vários mediadores derivados do ácido
araquidônico, formados a partir de lipídios precursores presentes na membrana plasmática. Estes
mediadores recém-sintetizados incluem leucotrienos (C4, D4 e E4), tromboxanos (TXA2 E TXB2)
e prostaglandinas (PGD2). Todos estes são mediadores químicos inflamatórios secundários
(produzidos e liberados sem armazenamento). Todas as moléculas produzidas pelos mastócitos
desencadeiam um processo inflamatório local. Os mediadores químicos primários desencadeiam
respostas de início rápido e passageiro, enquanto os mediadores químicos secundários atuam
mais tardiamente e prolongam o processo.
Figura 28 - Corte histológico de língua de rato. Observe vários mastócitos no tecido conjuntivo que envolve as cé-
lulas musculares e os vasos sanguíneos. (Pararrosanilina e azul de toluidina. Médio aumento.). Fonte: Junqueira e
Carneiro (2018).
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Os adipócitos multiloculares são menores e mais poligonais que os uniloculares. Uma vez
que apresenta muitas gotículas pequenas no seu interior, o núcleo esférico não é espremido contra
Figura 31 - Tecido adiposo multilocular, também chamado gordura parda. Formado por células adiposas com nú-
cleo central e inúmeras gotículas de lipídios. No canto esquerdo inferior há adipócitos uniloculares. (H&E. Médio
aumento.). Fonte: Abrahamsohn (2016).
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Os eosinófilos são células pequenas, cujo núcleo geralmente tem 2 lóbulos (bilobado)
e possuem em seu citoplasma muitos grânulos acidófilos (que possuem afinidade por corantes
ácidos, como a eosina) ricos em substâncias de defesa do organismo (figura 33). A célula está
associada a reações imunitárias, reações alérgicas e presença de parasitos, principalmente vermes.
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Os linfócitos são células esféricas de tamanho variado. Seu núcleo esférico ocupa quase
todo o volume da célula (figura 32). Exerce papel fundamental na resposta imunológica, pois
tem a capacidade de reconhecer especificamente os antígenos, proteínas estranhas ao organismo,
e promover uma reação a esses antígenos. São dotados de grande mobilidade e são as únicas que
circulam permanentemente entre vários tecidos e órgãos do corpo.
Os plasmócitos distribuem-se por todos os tecidos conjuntivos, mas são mais frequentes
em áreas de inflamação crônica e naquelas em que substâncias estranhas ou microrganismos
penetram nos tecidos (mucosa do trato gastrointestinal e do trato respiratório). São células
resultantes da diferenciação do linfócito B, quando o mesmo interage com antígenos, passando a
produzir e secretar anticorpos responsáveis pela imunidade humoral. São células grandes, ovoides,
com núcleo esférico apresentando regiões de heterocromatina que se irradiam a partir do centro,
dando, na visão microscópica, um aspecto característico de ponteiros de relógio (figura 32).
2.5. Classificação
Com base no aspecto e com relação à função, o tecido conjuntivo pode ser colocado em
diferentes categorias. Os critérios de classificação são: componente inanimado predominante na
matriz extracelular, o arranjo e os tipos de fibras e a abundância e os tipos de células.
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Figura 35 - Corte longitudinal de tecido conjuntivo denso modelado de tendão. Feixes espessos e paralelos de fibri-
las de colágeno preenchem os espaços entre os fibroblastos alongados. (Pararrosanilina e azul de toluidina. Médio
aumento). Fonte: Junqueira e Carneiro (2018).
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3. TECIDOS MUSCULARES
Figura 37 - Representação esquemática dos três tipos de tecido muscular. Fonte: Gartner (2017).
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O espaço entre as fibras musculares é ocupado por uma matriz extracelular escassa,
composta pela lâmina externa (lâmina basal) mais uma camada de fibras reticulares. Por esse
motivo, os tecidos musculares apresentam tecidos conjuntivos associados, que cooperam para a
função contrátil e retrátil do músculo.
As funções do tecido muscular incluem PRODUÇÃO DOS MOVIMENTOS
CORPORAIS; IMPULSÃO DE SUBSTÂNCIAS PELO CORPO; PRODUÇÃO DE CALOR
PARA MANUTENÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL; ESTABILIZAÇÃO DA
POSIÇÃO DO CORPO.
Existem dois tipos de tecidos musculares estriados e o tecido muscular liso (figura 37).
Os três tipos de tecidos musculares – cardíaco, esquelético e liso – compartilham algumas
propriedades semelhantes, porém diferem na anatomia microscópica, na localização e na forma
de controle pelos sistemas nervoso e endócrino. A tabela 2 mostra as principais características
dos vários tipos de tecido muscular.
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As faixas escuras são conhecidas como bandas A (anisotrópicas, quando vistas à luz
polarizada, refletem a luz de forma irregular) e as faixas claras são conhecidas como bandas I
(isotrópicas, à luz polarizada, reflete a luz de forma homogênea). O centro de cada banda A é
ocupado por uma área pálida, a banda H, a qual é dividida por uma faixa delgada, a linha M.
Cada banda I é dividida por uma delgada linha escura, chamada disco ou linha Z. A região da
miofibrila entre dois discos Z sucessivos é conhecida como sarcômero, e é considerado como
unidade contrátil das fibras musculares estriadas (figura 38).
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Figura 39 - Figura esquemática de um curto segmento da estrutura de uma miofibrila. As faixas e discos observados
por microscopia resultam da disposição dos miofilamentos espessos e finos ao longo da miofibrila. O segmento da
miofibrila situado entre dois discos Z é denominado sarcômero. Fonte: Abrahamsohn (2016).
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Figura 41 - As miofibrilas, longos cilindros que percorrem a célula muscular, constituem o aparelho contrátil das
fibras musculares estriadas. Na célula muscular esquelética, os núcleos se situam na periferia na célula. Fonte:
Abrahamsohn (2016).
A maioria dos músculos esqueléticos está associada aos ossos e os movimenta. Nesse
Figura 42 - Fibras musculares estriadas esqueléticas em secção longitudinal. A. As fibras estão indicadas por barras
verticais. A estriação transversal é bem visível na figura. Os núcleos (setas) se situam na periferia das fibras. B. A
estriação transversal é menos perceptível nestas células. As setas indicam os núcleos. (H&E. Pequeno aumento.).
Fonte: Abrahamsohn (2016).
Cada músculo é um órgão separado, composto por centenas de milhares de células. Todo
o músculo é envolvido por uma camada de tecido conjuntivo denso não modelado, chamado
epimísio. O perimísio, um tecido conjuntivo menos fibroso, derivado do epimísio se projeta
para o interior do músculo, e envolve feixes (fascículos) de fibras musculares. Fibras colágenas
e elásticas, nervos e vasos sanguíneos se dispõem entre os fascículos. O endomísio, composto
de fibras reticulares e uma lâmina externa, envolve cada uma das células (figura 43). Todas as
camadas conjuntivas se estendem para além do músculo para constituir os tendões, cordões de
tecido conjuntivo denso modelado que prendem um músculo ao periósteo de um osso. Esses
elementos conjuntivos são os responsáveis por organizar o tecido muscular e transmitir as forças
de contração do músculo aos ossos.
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Encontrado no coração e nas veias pulmonares onde estas se unem ao coração. As células
musculares cardíacas organizam-se em camadas na parede do coração, sendo separadas umas
das outras por uma delicada bainha de tecido conjuntivo, que veicula vasos sanguíneos, nervos
e o sistema autogerador do impulso cardíaco. Ramificações destes vasos sanguíneos formam
uma rica e densa rede de leitos capilares ao redor de cada célula estriada. Cada fibra muscular é
envolvida pela lâmina externa e por fibras reticulares.
O padrão de estriações das fibras cardíacas é idêntico ao das fibras musculares esqueléticas,
porém menos evidentes em preparações rotineiras. O tecido muscular cardíaco difere dos outros
dois tipos de tecidos musculares por possuir um ritmo próprio, assim como a habilidade de se
contrair espontaneamente.
As células cardíacas formam junções altamente especializadas que unem uma célula à outra
através de suas extremidades, denominadas discos intercalares, que aparecem como estruturas
lineares densamente coradas ao microscópio óptico (figura 44). A microscopia eletrônica de
transmissão demonstra que os discos intercalares possuem porções transversais (que cruzam
a fibra em ângulo reto), onde junções caracterizadas como faixas de adesão e desmossomos
ocorrem em grande quantidade, assim como porções laterais (paralelas ao eixo longitudinal da
fibra) ricas em junções comunicantes, que permitem a rápida troca iônica (figura 45). Do ponto
de vista funcional, a passagem de íons permite que cadeias de células musculares se contraiam de
maneira rápida e coordenada, pois o sinal para a contração passa como uma onda de uma célula
para a outra.
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Figura 47 - Fibras musculares lisas, vistas em secção longitudinal. A. Estas fibras são mais delgadas que as fibras
estriadas e possuem um núcleo elíptico central. B e C. Em fibras musculares lisas contraídas o núcleo assume um
aspecto espiralado semelhante a um saca-rolha (setas). (H&E. A, Médio aumento. B e C, Grande aumento.). Fonte:
Abrahamsohn (2016).
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Algumas fibras lisas são capazes de sintetizar proteínas. Entre as substâncias sintetizadas
para a matriz extracelular, estão alguns tipos de colágeno, elastina, GAGs, proteoglicanos e fatores
de crescimento (semelhantes a fibroblastos).
Cada célula é envolvida por uma lâmina externa, que separa o sarcolema das células
vizinhas. Ao redor da lamina externa estão numerosas fibras reticulares, que parecem envolver
cada célula muscular lisa de forma individual, funcionando no aproveitamento da força de
contração.
Formam camadas de várias espessuras, embora elas também possam ocorrer como células
individuais. Quando elas formam camadas, as células se dispõem de maneira a formarem uma
rede contínua na qual suas porções afiladas se encaixam quase que perfeitamente nos espaços
existentes entre as regiões expandidas (figura 48).
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4. TECIDO NERVOSO
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A MEC do tecido nervoso é muito escassa, sendo que as células gliais fornecem o
microambiente adequado pra o funcionamento dos neurônios (figura 50). Apesar de a matriz
extracelular ser mínima, existe uma extensa vascularização no tecido nervoso. Os vasos
sanguíneos são separados do tecido nervoso por uma lâmina basal e quantidade variável de
tecido conjuntivo propriamente dito, dependendo do tamanho do vaso. O limite entre o vaso e o
tecido nervoso exclui muitas substâncias que normalmente saem dos vasos para entrar em outros
tecidos. Essa restrição seletiva é feita pelas características dos capilares, que formam uma barreira
hematoencefálica.
Figura 50 - Neurônios da substância cinzenta do cérebro. São células grandes, com núcleos de cromatina frouxa e
nucléolos volumosos. Em algumas células observam-se prolongamentos. A região situada em volta dos neurônios,
denominada neurópilo, contém prolongamentos de outros axônios e de células da neuróglia. A maioria dos núcleos
menores pertence a células da neuróglia. (H&E. Médio aumento.). Fonte: Abrahamsohn (2016).
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4.2. Funções
Dentre as funções do tecido nervoso podemos destacar a DETECÇÃO DE ESTÍMULOS
INTERNOS (p. ex., variação no pH sanguíneo) E EXTERNOS (p. ex., variações na temperatura
do meio ambiente) e condução desses estímulos ao encéfalo e medula espinal por meio de nervos
sensoriais; PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO SENSORIAL, analisando e armazenando
uma parte e tomando decisões para as respostas apropriadas (p. ex., percepção – conhecimento
consciente do estímulo sensorial); uma vez que a informação é integrada, o sistema nervoso pode
PROVOCAR UMA RESPOSTA MOTORA APROPRIADA, ativando os efetores (músculos/
glândulas) por meio dos nervos espinais e cranianos. A estimulação dos efetores leva à contração
dos músculos e à secreção glandular.
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Observe que algumas sinapses axodendríticas contêm espinhos dendríticos, que estão
associados ao aprendizado e à memória; as sinapses axossomáticas são formadas entre o terminal
axônico pré-sináptico e o corpo celular do neurônio pós-sináptico, enquanto as sinapses
axoaxônicas são formadas entre o terminal axônico do neurônio pré-sináptico e o axônio do
neurônio pós-sináptico. A sinapse axoaxônica pode intensificar ou inibir a transmissão sináptica
axodendrítica (ou axossomática).
A maioria dos neurônios é constituída por três partes principais: corpo celular, dendritos
e axônio (figura 61).
O corpo celular (soma ou pericário) é a porção central da célula onde se situam o
núcleo e o citoplasma perinuclear, contendo a maioria das organelas citoplasmáticas. No sistema
nervoso central, essa região celular é geralmente poligonal, com superfícies côncavas entre alguns
prolongamentos celulares, enquanto os neurônios dos gânglios da raiz dorsal (sensorial do SNP)
têm um corpo celular arredondado do qual parte somente um único prolongamento. Os corpos
celulares apresentam diferentes tamanhos e formatos, que são característicos dos seus tipos e
localização. Duas características histologicamente marcantes do corpo do neurônio são o núcleo,
que é grande, esférico ou ovoide, centralmente localizado, com cromatina finamente dispersa,
ou seja, eucromático, revelando intensa atividade biossintética, e a presença de polirribossomas
associados ao retículo endoplasmático rugoso (REG), que é bem desenvolvido. Quando as
Figura 52 - Diagrama de um neurônio motor. O corpo celular, os dendritos e a porção proximal do axônio estão no
SNC. O axônio deixa o SNC e, quando está no SNP, faz parte de um nervo (não mostrado) que segue o seu trajeto até
seus efetores (músculo estriado). No SNC, a mielina do axônio é produzida por um oligodendrócito e faz parte dele;
no SNP, a mielina é produzida por uma célula de Schwann e faz parte dela. Fonte: Ross e Pawlina (2018).
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Figura 53 - Cada fibra nervosa do sistema nervoso periférico é composta por um axônio envolvido por uma sequên-
cia de células de Schwann, a qual pode ou não depositar mielina em torno do axônio. O intervalo entre duas células
de Schwann adjacentes é o nódulo de Ranvier. Fonte: Abrahamsohn (2016).
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Figura 54 - Nas fibras nervosas não mielinizadas do sistema nervoso periférico, os axônios situam-se no interior de
túneis formados pelo citoplasma das células de Schwann. Fonte: Abrahamsohn (2016).
Figura 55 - Nervo em corte longitudinal. Os limites entre as fibras nervosas estão bem destacados. No interior de
várias fibras observam-se axônios. Os locais estrangulados das fibras são nódulos de Ranvier. Os núcleos pertencem
a células de Schwann. (H&E. Grande aumento.). Fonte: Abrahamsohn (2016).
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- Neurônios multipolares: o tipo mais comum, que possuem múltiplos dendritos que
partem do soma em vários arranjos e um único axônio. Estão presentes em todo o sistema
nervoso e a maioria é representada pelos neurônios motores e interneurônios. Alguns
multipolares são denominados de acordo com sua morfologia (células piramidais) ou
recebem o nome de quem os descreveu (células de Purkinje).
De acordo com a função (figura 57):
Figura 57 - Diagrama esquemático mostrando o arranjo dos neurônios motores e sensitivos. Fonte: Ross e Pawli-
na (2018).
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Observe que o corpo celular de um neurônio motor está localizado no corno ventral
(anterior) da substância cinzenta da medula espinal. Seu axônio, envolto por mielina, deixa a
medula espinal através de uma raiz ventral (anterior) e torna-se parte de um nervo espinal, que o
transporta até o seu destino nas fibras musculares estriadas (esqueléticas). Na pele, um neurônio
sensitivo origina-se no interior de um receptor (na pele, denominado de corpúsculo de Pacini)
e continua como componente de um nervo espinal, entrando na medula espinal através da raiz
dorsal (posterior). Observe a localização de seu corpo celular no gânglio da raiz dorsal (gânglio
sensitivo). Um segmento do nervo espinal – em grande aumento – mostra a relação das fibras
nervosas com o tecido conjuntivo circundante (endoneuro, perineuro e epineuro). Além disso,
segmentos dos neurônios sensitivos, motores e autônomos não mielinizados foram ampliados
para mostrar a relação dos axônios com as células de Schwann. SNA, sistema nervoso autônomo.
4.3.2.1. Astrócitos
Os astrócitos são as maiores e mais abundantes células da neuroglia. Existem dois tipos
de astrócitos, os protoplasmáticos (figura 58A e 61C) que predominam na substância cinzenta e
os fibrosos (figura 58B e 61B) que são mais comuns na substância branca. São células dotadas de
inúmeros prolongamentos, que em conjunto, formam um arcabouço que sustenta os corpos dos
neurônios, os axônios, os capilares sanguíneos e o restante dos componentes do tecido nervoso.
Por causa das junções comunicantes, estas células formam um sincício estrutural no SNC (rede
para transporte de substâncias), permitindo que moléculas possam transitar de um local para
outro dentro do SNC (p. ex., a difusão de citocinas que influenciam a renovação da mielina) e
proporcionam suporte físico e metabólico para os neurônios. Essas células atuam na captura de
íons, neurotransmissores e de restos do metabolismo neuronal. Contribuem para o metabolismo
energético dentro do córtex cerebral, liberando glicose a partir do glicogênio armazenado.
Também são recrutados para áreas danificadas onde formam tecido cicatricial celular (cicatriz
glial). Ainda contribuem para a formação da barreira hematoencefálica, uma vez que os
capilares contínuos do SNC são revestidos por pés perivasculares dos astrócitos, coletivamente
chamados de glia limitante perivascular (figura 58).
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4.3.2.2 Oligodendrócitos
São semelhantes aos astrócitos, mas são menores e contêm poucos prolongamentos, com
escassas ramificações (figura 59 e 61A). Os oligondendrócitos são responsáveis pela produção
e pela manutenção da mielina em torno dos axônios do SNC, servindo para isolá-los. Na
produção de mielina, os oligodendrócitos funcionam similarmente às células de Schwann do
SNP, exceto pelo fato de que um único oligodendrócito pode envolver vários axônios com seus
vários prolongamentos (até 50 axônios), enquanto uma única célula de Schwann envolve somente
internódulo de um axônio com mielina.
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4.3.2.3. Micróglia
São pequenas, se encontram dispersas por todo o SNC. Possuem citoplasma escasso
e prolongamentos curtos e irregulares (figura 60 e 61D). Estas células atuam como fagócitos
removendo fragmentos e estruturas danificadas no SNC. Quando o SNC é danificado, estas
células se tornam ativas, fagocíticas e móveis, retraindo seus prolongamentos, se multiplicando e
migrando para as áreas lesionadas. As células da micróglia também protegem o sistema nervoso
contra vírus, microrganismos e formação de tumores. Quando ativadas, elas também atuam como
células apresentadoras de antígenos e secretam citocinas. Diferentemente das outras células da
neuroglia, que são derivadas embriologicamente do tubo neural, elas derivam, na vida pós-natal,
dos monócitos oriundos da medula óssea, e fazem parte do sistema mononuclear fagocitário,
sendo, portanto um macrófago residente no tecido nervoso.
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Figura 60 - Este diagrama mostra o formato e as características de uma célula microglial. Observe o núcleo alonga-
do e um número relativamente pequeno de prolongamentos que emergem do corpo celular. Fonte: Ross e Pawlina
(2018).
Figura 61 - Células da neuróglia. Cortes de fragmentos de cérebros submetidos a técnicas de impregnação me-
tálica. A. Oligodendrócitos (setas). B. Astrócitos fibrosos, com prolongamentos (pés vasculares) em torno de ca-
pilar sanguíneo (seta). C. Astrócitos protoplasmáticos (seta). D. Células da micróglia (setas). (A a C. Médio
aumento. D. Grande aumento.). Fonte: Junqueira e Carneiro (2018).
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Figura 62 - Distribuição das substâncias cinzenta e branca no cérebro, no cerebelo e na medula espinal. Fonte: Jun-
queira e Carneiro (2018).
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Figura 67 - Nervo em secção transversal. A. Nervo composto de apenas um fascículo. É recoberto por epineuro e
perineuro. B. Detalhe de secções transversais de fibras nervosas mielinizadas. Cada fibra é constituída de um axônio
revestido por uma célula de Schwann. O espaço claro em torno do axônio representa a mielina que foi removida
durante a preparação do corte. Entre as fibras existe endoneuro. (H&E. A, Vista panorâmica; B, Médio aumento.).
Fonte: Abrahamsohn (2016).
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4.5.2. Gânglios
São agregados de corpos celulares de neurônios localizados fora do SNC. Existem
dois tipos de gânglios: os sensitivos (figura 70) e os autônomos (figura 69). Os sensitivos estão
associados à alguns nervos cranianos e a cada um dos nervos espinais.
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Os que estão em contato com a porção sensitiva dos nervos espinais são denominados
de gânglios da raiz dorsal e abrigam corpos celulares de neurônios pseudounipolares, os
quais são recobertos por células satélites (figura 70). O gânglio é envolvido por uma cápsula
de tecido conjuntivo contínuo com o epineuro das raízes nervosas. Os gânglios autonômicos
(cadeia paravertebral ou gânglios colaterais) contêm corpos celulares de neurônios motores e
multipolares, também envolvidos por células satélites (figura 69).
Figura 69 - Pequeno gânglio do sistema nervoso autônomo situado no interior da língua, composto de um conjunto
de pericários (corpos) de neurônios, alguns indicados por setas. (H&E. Pequeno aumento.). Fonte: Abrahamsohn
(2016).
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Figura 70 - Gânglio sensorial. A. O gânglio é revestido por uma delgada cápsula de tecido conjuntivo. No seu
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como podemos observar ao longo do texto, os tecidos fundamentais apresentam
características diferentes entre si, tanto morfológica quanto funcionalmente, porém é necessário
um trabalho integrado entre eles para que o organismo funcione da melhor maneira, sem grandes
problemas.
Os epitélios de revestimento interno e externo devem proteger o organismo evitando
que corpos estranhos o atravessem e cheguem aos órgãos dos animais. Para isso as células
epiteliais apresentam junções que as mantêm firmemente aderidas entre si e algumas apresentam
capacidade de secreção de componentes que auxiliam na proteção, como o muco. Além disso,
funções de filtração e absorção dos órgãos são realizadas diretamente pelas células epiteliais.
Para executar essas funções, os epitélios têm o suporte dos tecidos conjuntivos, que dão
sustentação e conferem nutrição às suas células. E ainda que os epitélios sejam atravessados,
encontram-se células de defesa, no conjuntivo, prontas para atacar, impedindo que os invasores
cheguem aos vasos sanguíneos e se espalhem pelo corpo.
A locomoção dos animais só é possível graças ao tecido muscular, que ainda é responsável
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA VETERINÁRIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................76
1. TEGUMENTO..........................................................................................................................................................77
1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS...............................................................................................................................77
1.2. EPIDERME...........................................................................................................................................................78
1.2.1. CÉLULAS DA EPIDERME..................................................................................................................................79
1.2.2. ESTRATOS DA EPIDERME............................................................................................................................. 80
1.3. DERME.................................................................................................................................................................83
1.4. ANEXOS CUTÂNEOS...........................................................................................................................................87
1.4.1. PELOS............................................................................................................................................................... 88
1.4.2 GLÂNDULAS SEBÁCEAS.................................................................................................................................. 90
1.4.3. GLÂNDULAS SUDORÍPARAS......................................................................................................................... 90
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1.4.4. ESTRUTURAS GLANDULARES ESPECIAIS DO TEGUMENTO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS..................... 92
1.4.4.1. ÓRGÃO SUBMENTONIANO DE GATOS....................................................................................................... 92
1.4.4.2. SACOS ANAIS DE CARNÍVOROS DOMÉSTICOS....................................................................................... 92
1.4.4.3. GLÂNDULAS CIRCUM-ANAIS DE CÃES..................................................................................................... 92
1.4.5. ÓRGÃOS DIGITAIS E CHIFRE......................................................................................................................... 92
2. SANGUE................................................................................................................................................................. 93
2.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS.............................................................................................................................. 93
2.2. PLASMA............................................................................................................................................................. 94
2.3. ELEMENTOS FIGURADOS DO SANGUE.......................................................................................................... 95
2.3.1. ERITRÓCITOS.................................................................................................................................................. 95
2.3.2. LEUCÓCITOS.................................................................................................................................................. 96
2.3.2.1. AGRANULÓCITOS.........................................................................................................................................97
2.3.2.2. GRANULÓCITOS.......................................................................................................................................... 98
2.3.3. PLAQUETAS.................................................................................................................................................... 99
3. TECIDOS CONJUNTIVOS ESPECIALIZADOS EM SUPORTE ESTRUTURAL....................................................100
3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS..............................................................................................................................100
3.2. TECIDO CARTILAGINOSO.................................................................................................................................101
3.2.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS...........................................................................................................................101
3.2.2. CLASSIFICAÇÃO DAS CARTILAGENS...........................................................................................................102
3.3. TECIDO ÓSSEO..................................................................................................................................................104
3.3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS...........................................................................................................................104
3.3.2. OSSO ESPONJOSO E OSSO COMPACTO.....................................................................................................107
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................................................110
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INTRODUÇÃO
Após conhecer os tecidos fundamentais do corpo dos animais, agora podemos nos
aprofundar na construção dos órgãos e usando os conceitos aprendidos, descrever suas
características específicas.
Começando pelo tegumento, que é um tecido de revestimento corporal externo,
formado por epitélio e conjuntivo, apresenta inúmeras características que permitem facilmente
sua identificação. Para exemplificar, podemos citar a presença de melanócitos na epiderme, de
glândulas sudoríparas e sebáceas na derme. Mais especificidades podem ser encontradas quando
nos referimos a animais domésticos, pois a pele desses animais apresenta pelagens características,
glândulas especializadas na produção de odores sexuais e territoriais, garras, chifres e cascos.
Uma vez discutido o tegumento, daremos atenção aos tecidos conjuntivos especiais.
Como o próprio nome sugere, esses conjuntivos apresentam características que permitem
sua classificação dentro dos tecidos conjuntivos, como matriz extracelular abundante, porém
possuem características próprias que permitem funções mais específicas.
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1. TEGUMENTO
Figura 1 - Esquema apresentando os principais componentes da pele e do tecido subcutâneo. Fonte: Abrahamsohn
(2016).
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Há dois tipos de pele: fina e espessa. Ambas se diferenciam quando a sua espessura total
e quanto à espessura e à organização da epiderme e da derme (Figuras 2, 5 e 6).
A pele tem a função de PROTEGER o corpo do animal da abrasão, do efeito nocivo da
radiação ultravioleta (UV), da entrada de microrganismos e da desidratação. É responsável pelas
SENSAÇÕES de calor, frio, tato, pressão e dor. A quantidade de sangue que flui pela pele ajuda
a REGULAR A TEMPERATURA CORPORAL. A pele ainda participa da PRODUÇÃO DE
VITAMINA D quando exposta à radiação UV.
1.2. Epiderme
A epiderme é classificada como epitélio estratificado pavimentoso queratinizado e é
constituída por quatro tipos de células: os queratinócitos, os melanócitos, as células de Langerhans
e as células de Merkel.
Figura 3 - Representação esquemática da pele com os estratos de queratinócitos. Não queratinócitos representados
por uma célula de Langerhans (em vermelho) e por dois melanócitos (em azul) intercalados entre os queratinócitos.
Capilares da derme projetam-se pelas papilas dérmicas. Fonte: Abrahamsohn (2016).
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Figura 5 - Estratos da epiderme de uma pele espessa. (H&E. Grande aumento.). Fonte: Abrahamsohn (2016).
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1.3. Derme
A derme é um tecido conjuntivo dividido em duas camadas: a camada papilar superficial
e a camada reticular mais profunda.
A camada papilar é assim chamada devido às suas projeções, chamadas papilas dérmicas
(Figura 2A e 9), que se estendem em direção à epiderme; esta é formada por tecido conjuntivo
frouxo. Essa é a camada que apresenta vasos sanguíneos para fornecer oxigênio e nutrientes à
epiderme, além de remover resíduos e auxiliar na regulação térmica do corpo.
A camada reticular é formada por tecido conjuntivo denso não modelado, e é a principal
camada da derme (Figura 9). Ela é contínua com o tecido subcutâneo e forma um tapete de fibras
sem orientação definida tornando a derme resistente ao estiramento em várias direções. Nessa
região da derme se encontram os anexos cutâneos (Figura 12).
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Você já ouviu falar nas linhas de clivagem da pele? Se ligue nessa ideia. Se em al-
gum momento do curso de medicina veterinária você resolver se tornar cirurgião,
saiba que alguns detalhes da histologia que parecem irrelevantes nesse momento
poderão fazer toda a diferença mais adiante. Um exemplo de detalhe que não deve
ser ignorado por um cirurgião é a organização das fibras da derme reticular. As
fibras elásticas e colágenas são orientadas mais em algumas direções do que em
outras e produzem linhas de clivagem, ou linhas de tensão, na pele (Figura 10). É
importante que um cirurgião saiba identificar as linhas de clivagem, pois uma in-
cisão feita em paralelo a elas é menos provável de se abrir do que se feita através
delas. Isso ainda minimiza infecções e diminui o tamanho da cicatriz devido ao
fato de as bordas ficarem mais próximas.
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A pele apresenta terminações nervosas livres aferentes para dor, coceira, cócegas e
sensações térmicas (Figura 11A); receptores sensoriais dos folículos pilosos para o toque suave;
corpúsculos de Pacini para pressão profunda (Figura 11C); corpúsculos de Meissner para
detecção de estímulos simultâneos em dois pontos da pele (Figura 11E); e corpúsculos de Ruffini
para a sensação contínua de tato ou pressão (11F).
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Figura 12 – Ilustração mostrando pele com folículo piloso, glândula sebácea, músculo eretor do pelo e uma glându-
la sudorípara. O curto ducto da glândula sebácea abre-se no folículo piloso, na região entre a inserção do músculo
eretor e a epiderme. O músculo eretor do pelo se insere, de um lado, na camada papilar da derme, e do outro, na
bainha de conjuntivo do folículo piloso; é um músculo liso e, portanto, involuntário. Sua contração eriça o pelo.
Fonte: Junqueira e Carneiro (2018).
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1.4.1. Pelos
Em mamíferos domésticos, pelos cobrem o corpo inteiro, com exceção de coxins
plantares, cascos, glande peniana e junções mucocutâneas de algumas espécies. O pelo é uma
estrutura queratinizada e flexível. Cada pelo se origina de uma invaginação da epiderme na
derme reticular, o folículo piloso (figura 13), que, no pelo em fase de crescimento, apresenta-se
com uma dilatação terminal, o bulbo piloso, em cujo centro se observa uma papila dérmica. As
células que recobrem a papila dérmica formam a raiz do pelo, de onde emerge o eixo do pelo.
Separando o folículo piloso do tecido conjuntivo que o envolve, encontra-se uma membrana
basal muito desenvolvida, que recebe o nome de membrana vítrea. Dispostos obliquamente e
inseridos de um lado da bainha conjuntiva que envolve o folículo e do outro na camada papilar
da derme, encontram-se os músculos eretores dos pelos, cuja contração puxa o pelo para uma
posição mais vertical, tornando-o eriçado.
Figura 13 - Esquema simplificado de um folículo piloso com seus principais componentes. A porção cilíndrica do
pelo denomina-se haste. Fonte: Abrahamsohn (2016).
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O ciclo piloso é controlado por vários fatores, que incluem duração do período de luz no
dia, temperatura ambiente, nutrição e hormônios, em especial estrógenos, testosterona, esteroides
adrenais e hormônios tireoidianos.
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Como base em seu modo de secreção, encontramos dois tipos de glândulas sudoríparas:
apócrinas e merócrinas (écrinas) (Figura 16). O tipo apócrino é o mais extensamente desenvolvido
nos mamíferos domésticos.
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Para mais informações sobre a histologia do casco equino acessar (páginas 3-5):
GRAVENA, K.; SAMPAIO, R. C. L.; LACERDA NETO, J. C. Avaliação da integrida-
de dos tecidos dérmico e epidérmico do casco de equinos colhidos pelo acesso
trans-mural dorsal. Biblioteca on-line da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho: UNESP, 2010, p. 1-66. Disponível em: <https://repositorio.unesp.
As garras ou unhas de cães e gatos são estruturas especializadas contínuas com a epiderme
e a derme da pele do pé. Elas consistem em escudos de queratina dura que revestem as falanges
distais e possuem tanto uma muralha como uma sola.
Os chifres das espécies ruminantes são revestimentos dos processos cornuais do osso
frontal do crânio. Os chifres consistem em uma epiderme queratinizada dura, uma derme e uma
hipoderme.
2. SANGUE
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2.2. Plasma
O plasma é incolor ou amarelo-claro, dependendo da espécie animal, sendo um líquido
ligeiramente alcalino, que consiste em aproximadamente 90% de água e 10% de matéria seca.
Cerca de 90% da matéria seca é composta de substâncias orgânicas, como glicose, lipídios
(colesterol, triglicerídeos, fosfolipídios, lecitina e gorduras), proteínas (p. ex., albumina,
globulinas, fibrinogênio) glicoproteínas, hormônios, aminoácidos e vitaminas. A parte inorgânica
ou mineral da matéria seca do plasma é dissolvida em formas iônicas, como o Na+, Cl-, Fe3+, Ca2+,
dentre outros.
Após centrifugação, os elementos celulares do sangue formam camadas distintas. A
camada mais baixa tem cor vermelha e consiste em eritrócitos, que representa o hematócrito. O
tampão leucocitário é uma camada esbranquiçada identificada na parte superior dos eritrócitos
compactados. No paciente normal, o tampão leucocitário representa cerca de 1% do volume
sanguíneo total e consiste em plaquetas e leucócitos (Figura 17).
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2.3.2. Leucócitos
Os leucócitos são componentes celulares básicos do sistema imune. São células
nucleadas maiores que os eritrócitos. São classificados, dependendo da presença ou ausência de
grânulos citoplasmáticos específicos, em granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) ou
agranulócitos (linfócitos e monócitos) (figura 20).
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2.3.2.1. Agranulócitos
Os linfócitos (Figuras 21F e 21G) são os leucócitos predominantes em ruminantes e
suínos. As células variam em tamanho de 6 a 15 µm e são classificadas algumas vezes como
pequenas, médias e grandes. Em carnívoros, equinos e suínos, a maior parte dos linfócitos é
pequena. Células maiores ocorrem mais frequentemente em ruminantes. Os linfócitos pequenos
possuem um núcleo redondo, relativamente grande, denso e frequentemente excêntrico.
Em gatos, o núcleo é algumas vezes profundamente recortado, como um rim. Em suínos ele
tende a ser oval. Alguns linfócitos de ruminantes são binucleados. Somente uma borda fina de
citoplasma pode ser visível em linfócitos pequenos. O citoplasma colore em azul-pálido e pode
conter grânulos azurófilos inespecíficos. Um linfócito grande possui um núcleo menos denso e
mais pálido e citoplasma mais abundante que um pequeno. O núcleo pode ser redondo, oval ou
reniforme. Os linfócitos desempenham papel importante na imunidade mediada por células e
mediada por anticorpos.
Os monócitos (figuras 21H e 21I) são os leucócitos maiores (15 a 20 µm de diâmetro). A
cromatina nuclear tende a ser difusa, parecendo rendilhada, ou algumas vezes, irregular. A forma
do núcleo é altamente variável e pode ser oval, irregular, reniforme ou em forma de ferradura. Em
equinos, o núcleo é frequentemente reniforme. Em ruminantes, o núcleo pode parecer ameboide
e, algumas vezes, possui uma configuração com três pontas ou tem a forma de uma folha de
trevo. O citoplasma é geralmente azul-acinzentado pálido e pode conter grânulos azurófilos
semelhantes a poeira.
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2.3.2.2. Granulócitos
Os neutrófilos (Figuras 21A e 21B) são os leucócitos predominantes em cães, gatos
e equinos. O núcleo de coloração escura é geralmente segmentado, contendo três a quatro
lobos. Quando é segmentado, os lobos são separados por reentrâncias leves ou por fios finos
de cromatina. O citoplasma cinza pálido dos neutrófilos contém grânulos específicos rosados
e semelhantes a poeira que podem ser difíceis de determinar com microscópio óptico. Esses
grânulos são menores em cães, de forma que o citoplasma parece não-granular e bem indistinto.
A granulação é mais acentuada em ovinos e caprinos, com grânulos maiores e corados de forma
mais escura entre os grânulos rosados mais delicados. Os neutrófilos são responsáveis pela
primeira linha de defesa do corpo contra infecções bacterianas.
O núcleo dos eosinófilos (Figuras 21B e 21C), embora semelhante ao dos neutrófilos,
tende a ser menos denso e apresentar frequentemente dois lobos. São pouco numerosos no
sangue. São importantes nas reações inflamatórias, alérgicas, e no controle das infestações por
parasitas helmintos. Em suínos, o núcleo é comumente oval ou reniforme em vez de segmentado.
Em ruminantes, são comuns núcleos monolobados em forma de C. Os grânulos específicos
adquirem a tonalidade avermelhada brilhante com eosina, tornando fácil seu reconhecimento
em preparações de rotina. Os grânulos em caninos, diferente de outros mamíferos, têm tamanho
altamente variável e geralmente não preenchem a célula. Em gatos, os grânulos têm forma de
bastão.
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2.3.3. Plaquetas
Figura 22 - Secção de medula óssea. A maior parte da imagem é ocupada por tecido hematopoético com células
das diversas linhagens. No canto superior esquerdo um capilar sinusoide e, à direita, um megacariócito com núcleo
lobulado colocado junto à parede do sinusoide. Compare o seu tamanho com o de outras células. A célula multinu-
cleada situada à esquerda é um osteoclasto do tecido ósseo. (H&E. Pequeno aumento.). Fonte: Abrahamsohn (2016).
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Figura 23 - Cerca de 60 a 80% do peso líquido da cartilagem hialina corresponde à água intercelular, que se encontra
ligada aos agregados de proteoglicanos. Em torno de 15% do peso total é atribuído às moléculas de colágeno, das
quais o colágeno do tipo II é o mais abundante. Os condrócitos ocupam apenas 3 a 5% da massa total da cartilagem.
Fonte: Ross e Pawlina (2018).
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O tecido cartilaginoso não possui vasos sanguíneos nem nervos, exceto no pericôndrio.
Por isso, ele cicatriza muito lentamente após uma lesão, pois as células e os nutrientes necessários
para o reparo tecidual não conseguem chegar ao local lesado com facilidade.
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Figura 27 - Cartilagem elástica. Condrócitos envolvidos por matriz extracelular cartilaginosa rica em fibras elásticas
(setas). (Weigert. Médio aumento.). Fonte: Abrahamsohn (2016).
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Tanto a superfície interna quanto externa dos ossos é recoberta por tecido conjuntivo
chamado endósteo e periósteo, respectivamente (Figura 29). Células ósseas jovens, produtoras
da matriz orgânica, chamadas osteoblastos, estão presentes nesses envoltórios. Após sintetizar
a MEC óssea, e a mesma passar pelo processo de mineralização, os osteoblastos amadurecem e
se tornam osteócitos, que se localizam em orifícios na matriz, que são chamados de lacunas e
se assemelham às lacunas da cartilagem. Um terceiro tipo celular, chamado osteoclasto, pode
ser visualizado na superfície óssea, em locais onde está ocorrendo reabsorção óssea durante
processos de remodelamento e reparo de lesão. Os osteoclastos correspondem a um tipo de
macrófago, derivado da medula óssea, que quando necessário são atraídos para o osso e têm a
função exclusiva de fagocitar a MEC óssea (Figuras 30 e 31). Em um processo sincronizado de
reabsorção e síntese de matriz óssea, os osteoclastos e os osteoblastos são as células responsáveis
pela plasticidade óssea, que é a capacidade do osso de se adaptar às mais diversas situações
quando submetido à pressão.
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Figura 30 - Componentes do tecido ósseo. A figura mostra uma trabécula óssea formada por matriz óssea acidófila
Figura 31 - Localização das células ósseas em trabéculas ósseas. A. Delgadas trabéculas ósseas envolvidas por tecido
conjuntivo frouxo. Osteoblastos se situam na superfície óssea e osteócitos no interior do osso. B. Osteoblastos em
diferentes estados de atividade revestem a trabécula – osteoblastos pouco ativos achatados e osteoblastos ativos
cúbicos. Osteócitos situam-se em cavidades denominadas lacunas, no interior da matriz óssea. Um osteoclasto
está presente na superfície dessa trabécula. C. Dois osteoclastos multinucleados na superfície de trabéculas ósseas.
Compare o tamanho dos osteoclastos com as outras células (H&E. A, Pequeno aumento. B e C, Grande aumento.).
Fonte: Abrahamsohn (2016).
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- O osso compacto é mais sólido, com pouco espaço entre as muitas camadas (lamelas)
de osso. É encontrado tanto na epífise quanto na diáfise, sendo mais desenvolvido na
diáfise do osso longo. Apesar de não apresentar espaços como o osso esponjoso, o osso
compacto apresenta sistemas lamelares contendo canais (canais longitudinais de Havers
e canais transversais de Volkmann) em seu interior, que permitem a passagem de vasos
e nervos que irrigam e inervam tanto a parede do osso quando a medula óssea (Figura
- Na periferia da diáfise: lamelas paralelas levemente curvas que revestem toda a periferia
do osso (sob o periósteo), denominadas lamelas circunferenciais externas.
- Nos pequenos espaços entre os sistemas de Havers: pequenos conjuntos de curtas lamelas
denominadas lamelas intersticiais.
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Figura 33 - A. Esta fotomicrografia mostra um aumento da interfase entre o osso compacto e o osso esponjoso da
diáfise do fêmur. B. Com o uso da tomografia computadorizada (TC) quantitativa de alta resolução foi obtida uma
reconstrução tridimensional dos canais de Havers e de Volkmann de uma pequena área do osso compacto indicada
na fotografia adjacente. Observe que todos os canais de Havers seguem um percurso paralelo uns aos outros, longi-
tudinal ao maior eixo do osso, e estão interconectados por canais de Volkmann de orientação perpendicular. Médio
aumento. (Cortesia do Dr. Mark Knackstedt, Australian National University.). Fonte: Ross e Pawlina (2018).
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O reparo de uma fratura óssea (Figura 35) inclui uma série de eventos dos quais podemos
destacar: 1- Formação do hematoma de fratura: Os vasos sanguíneos que cruzam a linha da
fratura são rompidos, com extravasamento de sangue das extremidades rompidas e se forma
uma massa de sangue coagulado em torno do local da fratura (hematoma da fratura). Fagócitos
(neutrófilos, macrófagos e osteoclastos) começam a remover o tecido necrosado ou lesado dentro
e em torno do hematoma (Figura 35B); 2- Formação do calo fibrocartilagíneo: os fibroblastos
provenientes do periósteo invadem o local da fratura e produzem colágeno. Sob baixa tensão de
oxigênio, as células provenientes do periósteo e do endósteo se desenvolvem em condroblastos
e ajudam a produzir fibrocartilagem nessa região. Esses eventos levam ao desenvolvimento de
um calo fibrocartilagíneo, uma massa de tecido de tecido de reparação consistindo de fibras
colágenas e cartilagem que liga as extremidades rompidas dos ossos (Figura 35C); 3- Formação
do calo ósseo: nas áreas mais próximas do tecido ósseo saudável e bem vascularizadas, as células
do periósteo e do endósteo se desenvolvem em osteoblastos e produzem trabéculas de tecido
ósseo esponjoso. Estas se unem às partes mortas e vivas dos fragmentos do osso original, e a
fibrocartilagem é substituída por osso (Figura 35D); 4- Remodelagem óssea: As partes mortas
dos fragmentos originais do osso rompido são gradualmente reabsorvidas pelos osteoclastos. O
osso compacto substitui o osso esponjoso em torno da periferia da fratura (Figura 35E). Algumas
vezes o processo de reparo é tão completo que a linha de fratura é imperceptível, mesmo na
radiografia. Embora o osso tenha uma irrigação extensa, o reparo pode demorar meses.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção do conhecimento sobre histologia passa pela repetição de conceitos e
descrições de estruturas. Pouco a pouco você vai se familiarizando com os termos e estruturas e
logo estará falando naturalmente da histologia.
Nessa unidade, você teve a chance de aprofundar seus conhecimentos sobre epitélio,
estudando a epiderme e as glândulas anexas da pele, e sobre o conjuntivo, estudando cartilagem,
osso e sangue.
Você aprendeu que a pele é formada por epiderme e derme, uma mistura de epitélio e
conjuntivo que interagem e mantem a homeostasia desse, que é o maior órgão do corpo do animal.
Nele as células se renovam constantemente, e nesse processo de renovação, as novas células vão
amadurecendo para compor os estratos da epiderme. A derme, por sua vez traz consigo uma
estrutura de resistência que é conjuntivo denso e ainda traz os anexos cutâneos, que geralmente
são invaginações da epiderme. Cada anexo tem sua importância e vale a pena não esquecer isso.
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Com relação aos conjuntivos de sustentação, você deve ter percebido que os diferentes
tipos de cartilagem estão presentes em locais diferentes de acordo com a necessidade de a região
ser mais rígida, elástica ou resistente. Por exemplo, existe cartilagem hialina compondo as
cartilagens costais, dando forma à região torácica do animal. Existe cartilagem elástica compondo
a epiglote que precisa se dobrar para evitar a passagem de sólidos e líquidos para a via respiratória.
Existe cartilagem fibrosa em regiões que precisam ser resistentes à compressão, como os discos
intervertebrais.
Já os ossos têm uma consistência firme, rígida, necessária para proteger os órgãos vitais,
servir de ponto de apoio para os tecidos moles e proporcionar locomoção aos animais. Ou seja, a
estrutura do osso é complexa e bela de ser estudada, devido à sua importância.
O sangue, um tipo de conjuntivo especializado em transporte, é um dos conjuntivos mais
característicos devido à sua fluidez. E a presença de células transportadoras de gases e de células
de defesa, que chegam rapidamente a qualquer local do corpo, torna esse tecido extremamente
especial e importante.
Veja que a construção do corpo do animal envolve muitas características, porém, se você
se atentar estamos observando variações de quatro tecidos básicos. Se você não se esquecer disso,
tornará seus estudos cada dia mais proveitosos.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA VETERINÁRIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................ 114
1. SISTEMA DIGESTÓRIO......................................................................................................................................... 115
1.1 TUBO DIGESTÓRIO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS........................................................................................... 115
1.1.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS............................................................................................................................. 115
1.1.2 CAMADAS DA PAREDE DO TUBO DIGESTÓRIO............................................................................................. 116
1.1.3 SEGMENTOS DO TUBO DIGESTÓRIO.............................................................................................................118
1.1.3.1 ESÔFAGO.........................................................................................................................................................118
1.1.3.2 ESTÔMAGO....................................................................................................................................................120
1.1.3.3 ESTÔMAGO DOS RUMINANTES..................................................................................................................124
1.1.3.4 INTESTINO DELGADO...................................................................................................................................127
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1.1.3.5 INTESTINO GROSSO.....................................................................................................................................133
2. SISTEMA CARDIOVASCULAR.............................................................................................................................137
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS...............................................................................................................................137
2.2 ESTRUTURA GERAL DA PAREDE DOS VASOS SANGUÍNEOS........................................................................138
2.2.1 TÚNICA ÍNTIMA...............................................................................................................................................138
2.2.2 TÚNICA MÉDIA................................................................................................................................................139
2.2.3 TÚNICA ADVENTÍCIA......................................................................................................................................139
2.2.4 VASA VASORUM.................................................................................................................................................................139
2.3 ARTÉRIAS...........................................................................................................................................................140
2.4 CAPILARES SANGUÍNEOS................................................................................................................................143
2.5 VEIAS...................................................................................................................................................................146
2.6 CORAÇÃO............................................................................................................................................................149
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................153
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INTRODUÇÃO
Os sistemas discutidos nesta unidade da apostila são de extrema importância para o
funcionamento do organismo dos animais. Trabalham de maneira integrada permitindo a
absorção e distribuição dos nutrientes ao corpo.
O sistema digestório tem início na cavidade oral e termina no ânus. Compreende um tubo
que apresenta grande comprimento e diâmetros variados ao longo de seu trajeto. Tem a finalidade
de reduzir os alimentos ingeridos pelos animais às suas menores partículas, a fim de permitir a
absorção e consequente utilização pelas células do corpo. Tem ao longo da parede componentes
dos quatro tecidos fundamentais, que juntos conferem ao tubo digestório a capacidade de quebrar
mecânica e enzimaticamente o alimento, absorver o mesmo e ainda proteger o corpo contra
invasores que são lançados para dentro durante a alimentação. Ao longo do tecido conjuntivo,
que é o responsável por unir os tecidos fundamentais da parede do tubo digestório, se encontram
vasos sanguíneos, que além de levar nutrientes e gases às células, captam tudo aquilo que está
sendo absorvido pelo tubo.
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1. SISTEMA DIGESTÓRIO
O sistema digestório, também denominado canal alimentar, é uma estrutura tubular oca,
com comprimento variável de acordo com a espécie animal, que se estende da cavidade oral até
o ânus (Figura 1). Tem como funções PREPARAÇÃO INICIAL do alimento ingerido pela boca,
DESINTEGRAÇÃO ENZIMÁTICA desse alimento em pequenas moléculas, ABSORÇÃO
dessas moléculas e EXCREÇÃO de substâncias não absorvidas ou excretadas no tubo.
Uma vez que existe grande variedade de alimentos consumidos pelos animais domésticos,
são necessárias inúmeras adaptações morfológicas, como variações nos dentes, estômagos e
intestinos grossos, para que o sistema digestório execute suas funções. Por exemplo, os dentes
de carnívoros estão adaptados para dilacerar carne, enquanto os dentes de herbívoros são
especializados para triturar alimentos fibrosos. O pré-estômago dos ruminantes e o ceco e cólon
dos cavalos refletem variações naturais que facilitam a digestão microbiana do alimento fibroso.
De modo geral, a cavidade oral recebe o alimento e, por meio da mastigação e da
formação de pequenas alíquotas, entrega-o para a faringe oral, a partir da qual o alimento entra
no esôfago, e em seguida, no estômago. O conteúdo gástrico é reduzido a um quimo ácido, que
é transferido em pequenas alíquotas para o intestino delgado, em que ocorre a maior parte da
digestão enzimática e absorção.
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O resíduo alimentar liquefeito passa para o intestino grosso, no qual a digestão é completada e
a água é reabsorvida; as fezes solidificadas então passam para o reto para serem eliminadas pelo
ânus. A figura 1 ilustra o caminho percorrido pelo alimento no trato digestório.
As paredes do sistema digestório desde o esôfago até o ânus têm uma organização muito
semelhante, com quatro camadas concêntricas constituindo a parede dessa longa estrutura
tubular.
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A túnica submucosa é uma camada constituída por tecido conjuntivo mais denso que
o encontrado na lâmina própria. Apresenta muitos vasos sanguíneos e linfáticos, além do plexo
nervoso submucoso (plexo de Meissner) (Figura 2), formado por nervos e gânglios nervosos
do sistema nervoso autônomo. Essa túnica pode apresentar glândulas em alguns segmentos do
tubo digestório. Em locais no qual não existe a camada muscular da mucosa, a lâmina própria e
a submucosa se fundem formando uma camada própria-submucosa.
A túnica muscular externa situa-se externamente à submucosa e é composta por
músculo liso ou esquelético de acordo com o segmento analisado. Essa túnica é responsável pelo
peristaltismo intestinal, que conduz o material ingerido ao longo do tubo. Em quase todo o tubo
o músculo se dispõe em duas subcamadas (Figura 2). Na subcamada mais interna, chamada de
circular interna, as células musculares se dispõem circularmente em torno do lúmen. Na camada
externa, chamada longitudinal externa, as fibras musculares se orientam de acordo com o maior
eixo do tubo. Entre as duas subcamadas há um extenso plexo nervoso mioentérico (plexo de
Auerbach) (Figura 2) formado por nervos e gânglios nervosos intramurais do sistema nervoso
parassimpático.
A túnica mais externa pode ser uma túnica serosa ou uma túnica adventícia (Figura
2). A primeira é composta por uma camada de tecido conjuntivo com revestimento de epitélio
simples pavimentoso (mesotélio). Reveste externamente a maior parte do tubo digestório. A
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São eles também que, algum tempo depois, decidem que o alimento já foi
suficientemente dissolvido pelo estômago, e pode seguir para o intestino. Ao mes-
mo tempo, outros neurônios mandam o intestino empurrar o bolo alimentar da re-
feição passada para abrir espaço. Quando sente que o animal já comeu o suficien-
te, o SNE manda o organismo parar de liberar grelina, hormônio que causa a fome.
Algumas horas depois, ou no dia seguinte, ele avisa que é hora de “ir ao banheiro”.
E só aí o cérebro reassume o comando. Perceba que tudo isso acontece sem que
o animal se dê conta de todo processo, deixando o sistema nervoso central livre
para controlar outras funções que também são de extrema importância, tais como
a respiração e a frequência cardíaca. (Adaptado do texto Intestino: seu segundo
cérebro, de Sílvia Lisboa e Bruno Garattoni publicado em <https://super.abril.com.
br/saude/seu-segundo-cerebro/>. Acesso em: 21 fev. 19.
1.1.3.1 Esôfago
O esôfago une a parte laríngea da faringe ao estômago e contém todas as camadas de um
órgão tubular típico do sistema digestório. Quando vazio, o esôfago tem sua mucosa pregueada
e o lúmen é reduzido (Figura 3). Durante a passagem do bolo alimentar a mucosa se torna lisa e
o lúmen dilatado.
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Figura 4 - Secção de parte da parede do esôfago com seus principais componentes (H&E. Vista panorâmica.). Fonte:
Abrahamsohn (2016).
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1.1.3.2 Estômago
O estômago é uma parte dilatada do tubo digestório, responsável por secretar enzimas
digestivas e ácido clorídrico e iniciar a quebra de moléculas do bolo alimentar. Além disto, há
secreção de muco que, juntamente com o restante da secreção, forma o suco gástrico. Tal como
se observa no esôfago, a mucosa apresenta muitas pregas quando o órgão está vazio, as quais
se desfazem quando o órgão se distende. Uma característica peculiar do estômago é a presença
de pequenas invaginações epiteliais chamadas fossetas gástricas, que têm continuidade com as
glândulas gástricas da lâmina própria e recebem seus produtos secretórios (Figura 5).
Figura 5 - Regiões do estômago e sua estrutura histológica. Fonte: Junqueira e Carneiro (2018).
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Figura 7 - Ilustração esquemática das regiões da túnica mucosa gástrica. Região não glandular da mucosa revestida
por epitélio estratificado pavimentoso (A), incluindo rúmen (Ru), retículo (Re) e omaso (Om); região da glândula
cardíaca (B); região da glândula fúndica (C, C1 e C2); região da glândula pilórica (D); esôfago (Es); duodeno (Du).
Fonte: Eurell e Frappier (2012).
Figura 8 - Fotomicrografia das glândulas cardíacas (cárdicas). Esta fotomicrografia mostra a junção esofagogás-
trica. Observe o epitélio estratificado pavimentoso do esôfago no canto superior direito da micrografia. As glândulas
cardíacas são tubulares enoveladas e ramificadas. A secreção glandular alcança o lúmen da fovéola (fosseta) gástrica
por meio de um ducto curto revestido por células colunares (Médio aumento). Fonte: Ross e Pawlina (2018).
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Figura 9 - Secção da mucosa e parte da submucosa da região da glândula gástrica própria do estômago. Na superfície
da mucosa encontram-se as fossetas gástricas. A maior parte da espessura da mucosa é ocupada por longas glândulas
tubulosas – as glândulas gástricas, várias indicadas por setas. O limite profundo da mucosa é marcado pela muscular
da mucosa. Observe na mucosa um agregado de linfócitos (GALT) (H&E. Vista panorâmica.). Fonte: Abrahamsohn
(2016).
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O rúmen atua como um tanque de fermentação, onde uma grande população de bactérias
e protozoários atua sobre o material ingerido. A ação desses microrganismos produz ácidos graxos
voláteis de cadeia curta que, em seguida são absorvidos em todas as partes do pró-ventrículo,
chegando ao sangue. O retículo e o omaso exercem ação mecânica sobre o material ingerido e o
abomaso contém enzimas digestivas assim como o estômago de não ruminantes.
A mucosa do rúmen se caracteriza por pequenas papilas ruminais em forma de língua
(Figura 11A), na qual o tamanho e a forma dessas papilas variam consideravelmente de uma região
para outra do rúmen e de acordo com a dieta do animal. Abaixo do epitélio de revestimento, cada
papila tem um eixo central formado pela camada própria-submucosa (Figura 12B), que abriga
uma extensa rede de capilares fenestrados, importante para a absorção na região. Abaixo da
própria-submucosa, se encontra a túnica muscular externa com as duas subcamadas de músculo
liso e uma serosa típicas.
Figura 12 - A. Crista primária do Retículo (cabra) (Pequeno aumento). B. Papilas do Rúmen (cabra) (Pequeno
aumento). 1-epitélio estratificado pavimentoso; 2-lâmina própria; 3-camada muscular da mucosa; 4-submucosa;
5-camada muscular circular interna. Fonte: Dyce; Sack e Wensing (2010).
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O omaso fica praticamente ocupado por cerca de 100 pregas longitudinais de diferentes
comprimentos, as lâminas (Figura 13A). Entre as lâminas se encontram os recessos interlaminares
para onde se projetam as papilas omasais arredondadas que cobrem a superfície da mucosa.
As lâminas maiores são penetradas por células musculares lisas da camada circular interna da
túnica muscular externa enquanto as lâminas menores possuem tecido muscular liso da camada
muscular da mucosa. O movimento das lâminas permite que o conteúdo sólido vá do óstio
retículo-omasal até o óstio omaso-abomasal. Por todo o omaso, abaixo do epitélio se encontra
uma lâmina própria aglandular e uma camada muscular da mucosa espessa. A submucosa é
delgada, enquanto que as túnicas muscular externa e serosa apresentam estrutura típica.
A região de junção do omaso e do abomaso apresenta uma mudança abrupta de epitélio
estratificado pavimentoso para epitélio simples colunar e a lâmina própria fica menos densa.
A mucosa do abomaso tem todas as características regiões glandulares do estômago, descritas
anteriormente.
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Figura 17 - Fotomicrografia do epitélio de revestimento do intestino delgado. A. Células epiteliais colunares
absortivas com borda estriada (ponta de seta), intercaladas com células caliciformes secretoras de muco (coloração
pelo ácido periódico-Schiff (PAS) e hematoxilina, que evidencia as glicoproteínas existentes no muco e na borda
estriada. Médio aumento.) B. Numerosas células absortivas com suas bordas estriadas (ponta de seta) e os limites in-
tercelulares claramente visíveis (Pararrosanilina e azul de toluidina. Grande aumento.). Fonte: Junqueira e Carneiro
(2018).
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O intestino grosso é formado pelo ceco, cólon, reto e canal anal. É um local para ação
microbiana no material ingerido; absorção de água, vitaminas e eletrólitos; e secreção de muco.
Muitas variações mecânicas e funcionais do intestino grosso têm relação com a necessidade de
fracionar as grandes massas de material que contém celulose consumida pelos herbívoros.
Apesar de apresentar diferenças anatômicas evidentes, a distinção entre ceco, cólon e reto
em secções histológicas não é tarefa fácil. As características comuns a esses três segmentos são:
ausência de vilosidades (superfície da mucosa é plana) (Figura 14); glândulas intestinais tubulares
simples mais longas, com muitas células caliciformes (Figura 21); ausência de células de Paneth; e
maior número de nódulos linfáticos. Animais em engorda para abate tendem a acumular tecido
adiposo branco na submucosa.
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Figura 22 - Tratos gastrointestinais do cão (A), do cavalo (B) e do boi (C) dispostos em um plano. 1-estômago; 2-in-
testino delgado; 3-ceco; 4-cólon ascendente; 5-cólon descendente. Fonte: Dyce; Sack e Wensing (2010).
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O esfíncter anal interno é formado por músculo liso da camada circular interna da
túnica muscular (Figura 23), enquanto o esfíncter anal externo é formado por tecido muscular
esquelético.
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2. SISTEMA CARDIOVASCULAR
Figura 25 - Os vasos sanguíneos mais calibrosos são constituídos por três camadas: túnica íntima, túnica média e
túnica adventícia. Fonte: Abrahamsohn (2016).
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Figura 26 - Artéria muscular de médio calibre e seus principais componentes. (H&E. Médio aumento). Fonte:
Abrahamsohn (2016).
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2.3 Artérias
As artérias são vasos eferentes que transportam sangue do coração para os leitos capilares.
As maiores artérias são a aorta, que se origina do lado esquerdo do coração, e o tronco pulmonar,
que parte do lado direito do coração. As ramificações dessas artérias em grande número de artérias
cada vez menores acontecem até que as paredes dos vasos contenham uma única camada de
células endoteliais, constituindo os capilares. Conforme os vasos diminuem de tamanho ocorrem
mudanças graduais nas características morfológicas da parede, o que permite a classificação das
artérias em elásticas, musculares e arteríolas. Porém, uma vez que a transição de um tipo de
artéria para outro é gradual, alguns vasos apresentam características de duas categoriais e não
podem ser incluídos de um modo definido em uma categoria específica.
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Nas artérias elásticas (Figuras 28 e 29), a túnica íntima segue o padrão geral descrito
anteriormente. Porém, a lâmina elástica interna não costuma ser nítida, pois ela é apenas a primeira
de muitas lâminas elásticas presentes a seguir na túnica média. Já a túnica média é constituída por
muitas lâminas fenestradas de elastina, conhecidas como membranas fenestradas, que se alternam
com camadas de células musculares lisas. As células musculares lisas são menos abundantes nas
artérias elásticas do que em algumas artérias musculares. A lâmina elástica limitante externa
também está presente na túnica média. A túnica adventícia é relativamente delgada e é composta
por tecido conjuntivo frouxo contendo alguns fibroblastos. Os vasa vasorum são abundantes na
adventícia e estão presentes também na túnica média. São exemplos de artéria elástica, a aorta e
os ramos que partem do seu arco, artérias ilíacas e tronco pulmonar.
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A túnica íntima das artérias musculares (Figuras 28 e 29) também segue o padrão geral,
porém a lâmina elástica limitante interna é proeminente e apresenta uma superfície ondulada à
qual o endotélio se molda. A túnica média é composta predominantemente por células musculares
lisas. As artérias musculares de pequeno calibre têm três a quatro camadas de células musculares
lisas, enquanto as artérias musculares de maior calibre podem ter até 40 camadas de células
musculares lisas, dispostas circularmente. O número de camadas celulares diminui à medida
que o diâmetro da artéria diminui. Entremeadas com as camadas musculares lisas, estão fibras
elásticas e fibras de colágeno tipo III. A lâmina elástica limitante externa é identificada em cortes
de artérias musculares de grande calibre como várias camadas delgadas de lâminas elásticas. A
túnica adventícia das artérias musculares é constituída por tecido conjuntivo frouxo. A matriz
extracelular é produzida por fibroblastos na adventícia. Os vasa vasorum estão localizados nas
regiões mais externas da adventícia. A maioria das artérias do corpo são musculares.
As arteríolas (Figura 30) são os vasos terminais que regulam o fluxo sanguíneo para os
leitos capilares. O endotélio da túnica íntima é sustentado por uma delgada camada de tecido
conjuntivo subendotelial. A lâmina elástica limitante interna está presente apenas em arteríolas
maiores. Nas arteríolas de pequeno calibre, a túnica média é composta por uma camada de
células musculares lisas, que envolve as células endoteliais. Nas arteríolas maiores, a túnica média
consiste em duas a três camadas. A túnica adventícia é escassa.
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Figura 31 - Diagrama dos três tipos de capilares. A. Os capilares contínuos caracterizam-se por um endotélio
contínuo que repousa sobre uma lâmina basal também contínua. B. Os capilares fenestrados apresentam células
endoteliais que se caracterizam pela existência de numerosas fenestrações. Esse tipo de capilar é circundado por
uma lâmina basal contínua. C. Nos capilares descontínuos (capilares sinusóides), as células endoteliais são separadas
umas das outras por espaços irregulares amplos e apresentam fenestrações múltiplas. Adicionalmente, as células
endoteliais repousam sobre uma lâmina basal descontínua. Fonte: Ross e Pawlina (2018).
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2.5 Veias
Na extremidade distal dos capilares se iniciam pequenas vênulas, o começo do retorno
venoso, as quais lançam o sangue em veias maiores, e este processo continua à medida que os
vasos vão se tornando cada vez maiores enquanto retornam o sangue para o coração. Estes vasos
possuem genericamente as mesmas camadas que as artérias. Apesar de a túnica média não ser
desenvolvida, os componentes do tecido conjuntivo das veias são mais desenvolvidos do que
nas artérias; além disso, o limite entre a túnica íntima e a túnica média da maioria das veias
não é claramente distinguível. Muitas veias, especialmente aquelas que levam o sangue contra a
gravidade, como as dos membros, contém válvulas que possibilitam que o sangue flua em apenas
uma direção, de volta ao coração (Figura 34). As válvulas são abas semilunares consistindo em
uma delgada lâmina de tecido conjuntivo denso recoberto por células endoteliais.
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Assim como as artérias se tornam mais simples a cada ramificação, as veias se tornam
mais complexas a cada convergência. Essas mudanças que ocorrem na parede das veias conforme
o calibre aumenta permite a classificação das mesmas em vênulas, veias de pequeno, médio e
grande calibre.
À medida que o sangue flui do leito capilar, ele é descarregado em vênulas pós-capilares
(Figura 32A). Suas paredes são semelhantes às dos capilares com um delgado endotélio envolvido
por fibras reticulares e pericitos. Devido à sua estrutura simples, as vênulas pós-capilares também
podem participar das trocas e servirem de local de passagem de leucócitos para o tecido conjuntivo.
Nas vênulas musculares (maiores que um milímetro de diâmetro) os pericitos são substituídos
inicialmente por células musculares lisas, dispersas; em seguida, conforme o diâmetro das vênulas
aumenta, as células musculares lisas diminuem o espaçamento entre elas, formando uma camada
contínua nas vênulas musculares e em veias de pequeno calibre.
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As veias de médio calibre (Figura 35) drenam a maior parte das regiões do corpo,
inclusive a maior parte das extremidades. Sua túnica íntima inclui o endotélio e sua lâmina
basal, e fibras reticulares. Algumas vezes, uma rede elástica circunda o endotélio, mas estas não
chegam a formar lâminas, como a lâmina limitante interna. As células musculares lisas da túnica
média estão organizadas em uma camada frouxa entremeada por fibras colágenas e elásticas.
A adventícia, a mais espessa das túnicas, é constituída por feixes de fibras colágenas e fibras
elásticas, juntamente com poucas células musculares lisas dispersas.
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As veias de grande calibre (Figura 36) incluem as veias cavas, pulmonares, porta, renal,
jugular interna, ilíaca e ázigos. Apresentam uma túnica íntima bem desenvolvida, mas a média
é muito fina, com poucas camadas de células musculares lisas e abundante tecido conjuntivo.
Frequentemente, a adventícia contém feixes longitudinais de músculo liso e fibras colágenas. As
veias dos membros possuem uma parede muscular bem definida, talvez para resistir à distensão
causada pela gravidade. Além das fibras musculares longitudinais, a túnica adventícia das veias
de grande calibre contém muitas fibras elásticas, abundantes fibras colágenas e vasa vasorum.
2.6 Coração
O coração se desenvolve embriologicamente a partir de um simples vaso sanguíneo e por
isso retém as três túnicas concêntricas das paredes dos vasos. As camadas se modificam de modo
a refletir a principal função cardíaca como bomba muscular. As três camadas que constituem a
parede do coração são o endocárdio, o miocárdio, e o epicárdio (Figura 37), homólogos à túnica
íntima, média e adventícia.
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Figura 37 - Este diagrama esquemático mostra a relação anatômica entre as camadas do coração. O epicárdio reveste
O endocárdio é contínuo com a túnica íntima dos vasos sanguíneos que entram e saem
do coração e está em contato com o sangue. Ele é constituído por um endotélio e por uma camada
subjacente de tecido conjuntivo com fibroblastos esparsos (Figura 38). Abaixo do endocárdio,
encontra-se uma camada subendocárdica, de tecido conjuntivo frouxo, que contém pequenos
vasos sanguíneos, nervos e fibras de Purkinje (células musculares cardíacas especiais) do sistema
de condução do coração (Figura 38). A camada subendocárdica constitui o limite do endocárdio,
através do qual esta túnica se liga ao endomísio do músculo cardíaco.
O miocárdio, a camada intermediária e mais espessa das três camadas do coração, é
constituído por células musculares estriadas cardíacas dispostas em espiral ao redor do orifício
das câmaras cardíacas (Figura 38). Tais células promovem a fixação do miocárdio ao esqueleto
fibroso do coração, outras são especializadas para secreções endócrinas (produzem o peptídeo
natriurético atrial, p. ex.) e ainda outras na geração ou condução dos impulsos elétricos cardíacos.
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Figura 38 - Coração. A. A superfície interna do coração é revestida pelo endocárdio, formado por um endotélio e
pela camada subendocárdica de tecido conjuntivo. Parte do miocárdio, a camada mais espessa do coração, pode ser
observada na imagem. Abaixo do endocárdio podem ser encontradas fibras musculares cardíacas modificadas que
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Figura 39 - Esqueleto fibroso do coração visto com os dois átrios removidos. Esta rede fibrosa (indicada em azul)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para diagnosticar e tratar enfermidades com precisão não basta conhecer somente o
funcionamento dos órgãos que compõem os sistemas do corpo dos animais, também é preciso o
conhecimento da estrutura normal dos mesmos.
Conhecer a estrutura do tubo digestório, por exemplo, permite diagnosticar gastrites e
lesões ulcerativas nos epitélios, além de infiltrados inflamatórios no conjuntivo, desencadeados
por hipersecreção gástrica, diminuição da resistência da mucosa, pela presença de corpos
estranhos, ou no caso dos ruminantes, por acidose láctica no rúmen, devido à ingestão de
quantidades excessivas de carboidratos altamente fermentáveis, normalmente originários de
grãos. São processos que alteram a estrutura normal dos tecidos, capazes de levar à alteração
funcional do órgão. O surgimento de tumores também são casos que exigem o conhecimento da
estrutura normal dos tecidos que compõem o órgão a fim de traçar um diagnóstico preciso.
Conhecer o sistema cardiovascular em seus detalhes microscópicos lhe permitirá
encontrar placas de ateroma na parede dos vasos, verificar hipertrofia ou atrofia da parede do
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA VETERINÁRIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................156
1. SISTEMA REPRODUTIVO DO MACHO................................................................................................................157
1.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS...............................................................................................................................157
1.2 TESTÍCULOS........................................................................................................................................................158
1.2.1 ESPERMATOGÊNESE.......................................................................................................................................163
1.2.2 REGULAÇÃO HORMONAL DA ESPERMATOGÊNESE...................................................................................165
2. SISTEMA REPRODUTIVO DA FÊMEA.................................................................................................................167
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS...............................................................................................................................167
2.2 OVÁRIOS............................................................................................................................................................. 171
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2.2.1 REGULAÇÃO HORMONAL DA OVULAÇÃO E CICLO ESTRAL........................................................................174
2.3 MANUTENÇÃO HORMONAL DA PRENHEZ E DURAÇÃO DA GESTAÇÃO......................................................177
3. EMBRIOLOGIA VETERINÁRIA.............................................................................................................................178
3.1 FECUNDAÇÃO......................................................................................................................................................178
3.2 CLIVAGEM EMBRIONÁRIA E FORMAÇÃO DO BLASTOCISTO.......................................................................181
3.3 GASTRULAÇÃO...................................................................................................................................................184
3.3.1 DERIVADOS DO ECTODERMA.........................................................................................................................187
3.3.2 DERIVADOS DO MESODERMA......................................................................................................................189
3.3.3 DERIVADOS DO ENDODERMA E DOBRAMENTOS EMBRIONÁRIOS.........................................................192
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................194
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INTRODUÇÃO
Os sistemas reprodutivos de machos e fêmeas se diferenciam muito cedo na embriogênese,
de modo que um embrião com 3 semanas de idade já apresenta células germinativas primordiais
capazes de formar ovogônias, se o concepto for geneticamente feminino, ou espermatogônias, se
o embrião for do sexo masculino. No caso do embrião geneticamente feminino, as ovogônias logo
se diferenciam em ovócitos, enquanto que no sexo masculino as espermatogônias só formarão
espermatozoides na puberdade. Uma diferença interessante entre machos e fêmeas, é a presença
de espermatogônias ao longo de toda a vida do macho, enquanto que na fêmea todas as ovogônias
se transformaram em ovócitos antes do nascimento. Isto garante que a função gametogênica no
macho seja contínua, e não periódica, como acontece na fêmea.
O desenvolvimento embrionário abrange todos os processos nos quais uma única célula
– o ovócito fertilizado ou zigoto – origina um animal multicelular que ao nascimento é capaz
de se adaptar à vida pós-natal. O zigoto é capaz de originar mais de 230 tipos celulares distintos
no corpo de um mamífero adulto, graças à capacidade de multiplicação e, principalmente, de
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1.2 Testículos
Os testículos são constituídos pelos túbulos seminíferos, nos quais há a espermatogênese.
Os túbulos seminíferos se comunicam com os túbulos retos, que se anastomosam na rede
testicular, sendo esta um emaranhado de túbulos localizados no mediastino testicular. Os
túbulos da rede testicular conduzem os espermatozoides dorsalmente, desembocando nos ductos
eferentes, que, por sua vez, conduzem os espermatozoides ao ducto epididimário. A Figura 2
mostra uma representação da estrutura do testículo.
Figura 2 - Estrutura do testículo e do epidídimo. O mediastino é uma porção espessada da região dorsal da albugí-
nea, onde se reúnem ductos que saem testículo. Fonte: Abrahamsohn (2016).
Cada testículo é envolvido por uma grossa cápsula de tecido conjuntivo denso, a túnica
albugínea (Figuras 2 e 3). Ela é espessada na superfície dorsal dos testículos para formar
o mediastino do testículo, do qual partem septos fibrosos. Esses septos penetram o testículo,
dividindo-o em compartimentos chamados lóbulos testiculares (Figura 2). Esses septos são
completos em cães e varrões, e incompletos nos demais animais domésticos. Cada lóbulo é
ocupado por um a quatro túbulos seminíferos enovelados (Figuras 2 e 3).
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Ao redor dos túbulos existem células mioides (Figuras 5 e 6) com função contrátil, a fim
de auxiliar no transporte dos gametas para a rede testicular. Os túbulos seminíferos são formados
pelo epitélio seminífero, composto de células de Sertoli e células germinativas; estas últimas
sofrem sucessivas divisões mitóticas e meióticas, resultando na formação dos espermatozoides
(Figuras 4 e 5).
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Figura 5 - Alguns componentes do epitélio seminífero. As espermatogônias e espermatócitos primários são facil-
mente distinguíveis nos cortes histológicos. As células de Sertoli são reconhecidas pelos seus núcleos claros e às
vezes angulosos, com nucléolo proeminente. A. Na região do túbulo seminífero mais próxima do seu lúmen há
espermátides no início de sua maturação para espermatozoides. B. As espermátides estão em estágio final de sua
maturação (H&E. Grande aumento.). Fonte: Junqueira e Carneiro (2018).
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As células de Sertoli são alongadas e têm contorno irregular, sendo que sua base repousa
sobre a lâmina basal, enquanto o ápice se estende em direção ao lúmen (Figura 6). São responsáveis
pela manutenção estrutural e funcional dos túbulos seminíferos. Todas as células da linhagem
germinativa (espermatogônias, espermatócitos e espermátides) permanecem constantemente
envolvidas pelas células de Sertoli, que são responsáveis por sua sustentação e nutrição. O papel
das células de Sertoli na espermatogênese não se restringe à manutenção estrutural dos túbulos
seminíferos, uma vez que essas células são responsáveis pela produção de uma proteína ligante
de andrógenos (ABP), essencial para a atuação da testosterona na espermatogênese, pois essa
proteína atua aumentando a concentração de testosterona no interior dos túbulos seminíferos
(Figura 10).
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1.2.1 Espermatogênese
A espermatogênese, que começa após a puberdade, corresponde a eventos que envolvem
a transformação de espermatogônias diploides (2n) em espermatozoides haploides (n) (Tabela
1). Podemos dividir o processo em quatro fases: germinativa (fase das mitoses), crescimento
(interfase), maturação (fase das meioses) e diferenciação (espermiogênese) (Figura 8).
Figura 8 - Este desenho esquemático mostra a natureza clonal das células germinativas. As espermatogônias de tipo
A se dividem, produzindo células-filhas que continuam a se dividir. Algumas das células-filhas tornam-se compro-
metidas com a diferenciação em espermatogônias de tipo B e não se separam nas divisões sucessivas, permanecen-
do presas por pontes citoplasmáticas. Essas células, depois, entram em meiose e resultam finalmente em esperma-
tozoides maduros. Grupos de espermatozoides são, portanto, derivados de uma única espermatogônia de tipo B,
constituindo pequenos clones de células unidas por pontes citoplasmáticas e que voltam a ser individualizadas após
a perda dos corpos residuais e a maturação completa dos espermatozoides. (Adaptada de Dym e Fawcett, 1971.).
Fonte: Junqueira e Carneiro (2018).
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Os ovários são revestidos por um mesotélio modificado de aspecto cúbico que é
denominado epitélio germinativo. Uma camada espessa de tecido conjuntivo, a túnica
albugínea, situa-se imediatamente abaixo do epitélio superficial. O ovário tem duas partes bem
distintas, a cortical – onde estão localizados os folículos – e uma medular – com abundante tecido
conjuntivo (Figura 12).
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Figura 13 - Parte da parede da tuba uterina. A mucosa intensamente pregueada indica que essa região está próxima
do ovário (H&E. Pequeno aumento.). Fonte: Junqueira e Carneiro (2018).
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A parede do útero (Figura 14) tem três camadas distintas: endométrio, miométrio e
perimétrio. O endométrio é revestido por um epitélio luminal, geralmente simples colunar,
e tem grande abundância de glândulas endometriais, com exceção das áreas de placentação,
denominadas carúnculas, que estão no endométrio dos ruminantes domésticos. O miométrio é
constituído por duas camadas de músculo liso e é fortemente responsivo aos hormônios esteroides
sexuais, apresentando elevada contratilidade sob estímulo estrogênico e baixa contratilidade sob
estímulo da progesterona. O perimétrio consiste em tecido conjuntivo frouxo revestido pelo
mesotélio.
Figura 14 - Secção de útero apresentando o endométrio e seus principais componentes. Apenas uma pequena faixa
de miométrio, a camada mais espessa do útero, está presente na figura (H&E. Vista panorâmica.). Fonte: Abraham-
sohn (2016).
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Figura 15 - A. Glândulas uterinas retilíneas em um endométrio que se encontra no mesmo período HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA VETERINÁRIA | UNIDADE 4
em que um folículo ovariano está se desenvolvendo e produzindo estrógenos. Observa-se também
músculo liso do miométrio (H&E. Pequeno aumento.). B. Após a ovulação, sob ação da progestero-
na, as glândulas uterinas se tornam tortuosas e o seu lúmen é preenchido por secreção. Certo grau
de edema é observado no tecido conjuntivo (H&E. Médio aumento.). Fonte: Junqueira e Carneiro
(2018).
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2.2 Ovários
Os ovários são glândulas exócrinas e endócrinas combinadas, ou seja, produz tanto
ovócitos (função exócrina) como hormônios ovarianos, principalmente estrógenos e progesterona
(função endócrina). A estrutura do ovário normal varia muito dependendo da espécie, da idade
e da fase do ciclo sexual. Trata-se de uma estrutura ovoide dividida em um córtex externo e
em uma medula interna (Figura 12). Na égua madura, essas áreas sofrem inversão e o tecido
cortical permanece na superfície apenas na fossa de ovulação, que é o local onde ocorrem todas
as ovulações.
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Figura 19 - Ilustração mostrando o papel do hipotálamo e da hipófise na regulação do ciclo ovariano. Sob a influên-
cia do GnRH do hipotálamo, a hipófise libera as gonadotrofinas, FSH e LH. Os folículos são estimulados pelo FSH a
crescer e pelo FSH e pelo LH a maturar. A ovulação (oocitação) ocorre quando as concentrações de LH aumentam
até altos níveis. O LH também promove o desenvolvimento do corpo lúteo. 1-folículo primordial; 2-folículo secun-
dário; 3-folículo terciário; 4-folículo maduro. Fonte: Sadler (2016).
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Estimando o cio em cadelas. As alterações celulares cíclicas que ocorrem no epitélio vaginal
da cadela são clinicamente úteis para realizar a estimativa dos períodos de cio e acasalamento. A
avaliação das mudanças celulares pelo método do esfregaço vaginal é bastante utilizada. Depois
da coloração, os esfregaços vaginais assumem as seguintes características: 1) Proestro: estão
presentes numerosos eritrócitos (de origem uterina) e muitas células queratinizadas grandes e
achatadas; 2) Estro: estão presentes alguns eritrócitos e numerosas células queratinizadas, que
com a progressão do estro ficam distorcidas e com frequência são invadidas por bactérias; 3)
Metaestro-diestro: as células epiteliais são menos queratinizadas e apresentam mais um aspecto
de células vivas não coradas. Os neutrófilos são numerosos no terceiro dia do metaestro e
desaparecem de maneira gradual até o décimo ao vigésimo dia do metaestro; 4) Anestro: estão
presentes numerosas células epiteliais não queratinizadas, algumas células grandes coradas com
núcleos picnóticos e alguns neutrófilos e linfócitos.
O ciclo estral nas fêmeas domésticas tem duração variável (Tabela 2) e pode ou não
ser contínuo. As fêmeas das espécies domésticas, por conseguinte, podem ser classificadas
em: poliestrais não estacionais, que apresentam ciclicidade ovariana contínua, como é o caso da
vaca e da porca; poliestrais estacionais, que exibem ciclicidade contínua em uma fase específica
do ano, intercalada por uma fase na qual há ausência de ciclicidade ovariana, como ocorre com
a gata e a égua, que tem ciclicidade em dias mais longos (entre a primavera e o outono), e com a
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3. EMBRIOLOGIA VETERINÁRIA
3.1 Fecundação
A reprodução sexuada ocorre por meio da fecundação, durante a qual dois gametas
haploides fundem-se e produzem um indivíduo geneticamente único.
Os espermatozoides são depositados no trato genital feminino durante a cópula ou
inseminação artificial. Eles são transportados ao local de fertilização na região ampolar da tuba
uterina (Figura 21) nas sucessivas fases de transporte rápida, na qual os espermatozoides chegam
à tuba uterina poucos minutos após a cópula, sendo estes incapazes de fecundar, e sustentada,
na qual os gametas são transportados para as tubas a partir de reservatórios na junção útero-
tubárica ou na cérvix uterina, durante um período prolongado, liberando-o de maneira mais
uniforme. Esta última fase de transporte resulta na fecundação.
Figura 21 - As fímbrias coletam os ovócitos e os encaminham para a tuba uterina. A fecundação ocorre geralmente
na região da ampola. Fonte: Sadler (2016)
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Se o ser humano há muito tempo encontra dificuldades para ter filhos, com os
animais domésticos não é diferente. Para facilitar a obtenção de filhotes nas mais
diferentes espécies são desenvolvidas cada vez mais formas de manipulação
de gametas e embriões. Essas técnicas de manipulação são denominadas tec-
nologias de reprodução assistida (TRA). Os objetivos das tecnologias reproduti-
vas têm evoluído ao longo dos anos. Os primeiros objetivos foram o aumento na
produtividade (especialmente na produção de leite) e a eliminação de doenças
A reprodução assistida em animais domésticos vem sendo cada vez mais utili-
zada em casos no qual não há compatibilidade física entre o macho e a fêmea,
em casos nos quais os animais se encontram distantes ou em situações no qual
a fêmea não se torna prenha por problemas fisiológicos. Casos de sucesso em
reprodução assistida podem ser encontrados no vídeo: INSEMINAÇÃO EM CÃES
– Domingo Espetacular. 2013. Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?-
v=ykZr00ulod8>. Acesso em: 01 mar.2019.
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A fecundação (Figura 22) é um processo em etapas que inclui uma primeira série de
interações entre o espermatozoide e a corona radiata e o espermatozoide e a zona pelúcida, e
uma segunda série de eventos em que o espermatozoide fertilizante é incorporado no ovócito.
O espermatozoide primeiro atravessa as células da corona radiata e adere-se fracamente à
zona pelúcida, sendo esse processo seguido por uma ligação mais firme mediada por receptor.
Essa interação mediada por receptor é espécie-específica, ou seja, somente gametas da mesma
espécie conseguem se ligar. O contato com a zona pelúcida desencadeia a reação acrossômica
no espermatozoide, resultando na liberação de enzimas que auxiliam na penetração na zona
pelúcida (Figura 22).
Subsequentemente, a membrana plasmática do espermatozoide fertilizante funde-se com
o ovócito internalizando-o. A fusão dos gametas induz a ativação ovocitária incluindo a reação
cortical no ovócito, pela qual o conteúdo dos grânulos corticais (localizados logo abaixo da
membrana plasmática do ovócito) é liberado e bloqueia a polispermia. Essa reação altera as
propriedades da zona pelúcida e da membrana plasmática do ovócito, impedindo a penetração
de outro espermatozoide. A ativação do ovócito também leva à conclusão da meiose II e ao início
do desenvolvimento embrionário inicial. Com a fusão dos pronúcleos materno e paterno, se
reestabelece o número diploide da espécie.
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Figura 24 - A. Representação esquemática de um blastocisto humano. Em azul, a massa celular interna ou em-
brioblasto; em verde, o trofoblasto. B. Representação esquemática de um blastocisto, mostrando as células trofoblás-
ticas no polo embrionário do blastocisto penetrando a mucosa uterina. Fonte: Sadler (2016).
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3.3 Gastrulação
A gastrulação corresponde à formação dos três folhetos embrionários, ectoderma,
mesoderma e endoderma, e ao estabelecimento do eixo axial do corpo do embrião. O começo da
gastrulação é tradicionalmente relacionado com o surgimento da linha primitiva, um acúmulo
alongado de células do epiblasto na linha média do disco embrionário a partir do polo caudal
(Figura 27). Dessa linha, as células começam a involuir (interiorização de uma camada externa
que recobre a superfície interna das células externas remanescentes) para formar o mesoderma e
o endoderma. As células remanescentes do epiblasto que não migram através da linha primitiva
irão compor o ectoderma (Figura 28).
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Figura 27 - A. Região dorsal do disco embrionário indicando o movimento das células epiblásticas superficiais
(setas pretas sólidas) através da linha e do nó primitivos e migração subsequente dessas células entre o hipoblasto e
o epiblasto (setas hachuradas). B. Corte transversal através da região cranial da linha primitiva, mostrando a inva-
ginação das células epiblásticas. As primeiras células a se moverem para dentro deslocam o hipoblasto para criar o
endoderma definitivo. Depois que o endoderma definitivo tiver sido estabelecido, o epiblasto se moverá para dentro
para formar o mesoderma. C. Vista dorsal de um embrião mostrando o nó e a linha primitivos e um corte transversal
através da linha primitiva. Essa vista é semelhante à ilustração B; a seta indica células epiblásticas se soltando na linha
primitiva. Fonte: Sadler (2016).
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Figura 29 - Ilustrações esquemáticas da formação da notocorda, por meio da qual as células pré-notocordais mi-
gram pela linha primitiva, tornam-se intercaladas no endoderma para formar a placa notocordal e, finalmente,
desprendem-se do endoderma para constituir a notocorda definitiva. A. Ilustração de um corte sagital através de um
embrião. A parte mais cranial da notocorda definitiva está formada, enquanto as células pré-notocordais caudais a
essa região estão intercaladas no endoderma como a placa notocordal. B. Corte transversal através da região da placa
notocordal. Em breve, a placa notocordal se soltará do endoderma para formar a notocorda definitiva. C. Desenho
esquemático mostrando a notocorda definitiva. Fonte: Sadler (2016).
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Além de originar essas duas camadas do embrião, a linha primitiva dá origem à notocorda,
que é formada por células do epiblasto que ingressam através do nó primitivo (extremidade
anterior da linha primitiva) (Figura 27). A notocorda tem um formato de bastão, situado na região
mediana do embrião, entre o nó primitivo e a placa pré-cordal (estrutura mesodérmica também
derivada do nó primitivo, localizada na região cefálica do embrião) (Figura 29). A notocorda
tem a função de estabelecer o eixo axial do embrião, em volta do qual se formarão as vértebras, e
induzir a formação do tubo neural.
Nesse período do desenvolvimento, os limites cefálico e caudal do embrião são
representados pelas membranas bucofaríngea e cloacal, respectivamente (Figura 27A). Essas
membranas correspondem a áreas do epiblasto e do endoderma que se encontram firmemente
aderidos entre si, impedindo a entrada do mesoderma.
Após dar origem a todas essas estruturas, a linha primitiva regride e desaparece.
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Juntamente com a formação do tubo neural, certas células das bordas laterais da placa
neural destacam-se, formando a crista neural (Figuras 30 e 31). Graças à sua capacidade de
migração, esta população de células especializadas participa da formação de diversos tecidos,
dentre eles componentes do sistema nervoso central, entérico e periférico, melanócitos da
epiderme e estruturas craniofaciais e cardíacas. Após a diferenciação do neuroectoderma, a região
da camada germinativa do ectoderma ainda remanescente forma o ectoderma superficial (Figura
30) dando origem à epiderme, que inclui pelos, chifres, garras, cascos e glândulas cutâneas.
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Figura 36 - Cortes transversais através de embriões em vários estágios do desenvolvimento para demonstrar o efeito
da dobradura lateral na cavidade alinhada pelo endoderma. A. A dobradura se inicia. B. Corte transversal através
do intestino médio para exibir a conexão entre o intestino e o saco vitelino (vesícula vitelínica). C. Corte transversal
logo abaixo do intestino médio para mostrar a parede abdominal ventral fechada e o intestino suspenso a partir da
parede abdominal dorsal por seu mesentério. Setas, dobraduras laterais. Fonte: Sadler (2016).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As tecnologias de reprodução assistida (TRA) incluem numerosas manipulações de
gametas e embriões para controlar e/ou melhorar a reprodução dos animais domésticos. Uma
das mais antigas formas de se fazer isso é a inseminação artificial, na qual o sêmen coletado
de animais excepcionais é utilizado para inseminar várias fêmeas. Essa tecnologia tem sido e
continua sendo de enorme importância no melhoramento de características de produção e saúde
através do uso efetivo de machos geneticamente superiores, assim como na eliminação de certas
doenças sexualmente transmissíveis.
Perceba que o parágrafo acima discute a importância da TRA no melhoramento
reprodutivo dos animais, porém isso só foi possível porque os pesquisadores compreenderam de
que maneira os gametas se desenvolviam, qual o melhor momento do ciclo estral para inseminar
uma fêmea e de que maneira um embrião se desenvolve após a inseminação. O bom médico
veterinário que tem a intenção de trabalhar com reprodução, deve ter em mente exatamente o
Os diversos aumentos das imagens obtidas por microscopia óptica foram padronizados,
e, para simplificar sua descrição, foi adotada a designação exposta na tabela a seguir.
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REFERÊNCIAS
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