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ZERO UM CONCURSOS – Raciocínio Lógico e Matemático

Professor Adriano Barreto

ARGUMENTAÇÃO LÓGICA

Conceitos iniciais

Toda argumentação lógica nasce de uma tal de Proposição. Trata-se de uma frase
afirmativa, ou seja, uma sentença declarativa – que pode ser classificada como verdadeiro
ou falso.
Então, se eu afirmar “a Terra é maior que a Lua”, estarei diante de uma proposição cujo
valor lógico é verdadeiro.
Fica claro que quando falarmos em valor lógico estaremos nos referindo a um dos dois
possíveis juízos que atribuiremos a uma proposição: verdadeiro (V) ou falso (F).
E se alguém disser: “Feliz ano novo!”, será que isso é uma proposição verdadeira ou
falsa? Nenhuma, pois não se trata de uma sentença para a qual se possa atribuir um valor
lógico.
Concluímos, pois, que...

Sentenças exclamativas: “Caramba!” ; “Feliz aniversário!”


Sentenças interrogativas: “como é o seu nome?” ; “o jogo foi de quanto?”
Sentenças imperativas: “Estude mais.” ; “Leia aquele livro”.

... não serão estudadas. Somente aquelas primeiras – sentenças declarativas – que podem
ser imediatamente reconhecidas como verdadeiras ou falsas.
Normalmente, as proposições são representadas por letras minúsculas (p, q, r, s, etc). São
outros exemplos de proposições:

p: Pedro é médico.
q: 5 > 8
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite.

Na linguagem do raciocínio lógico, ao afirmarmos que é verdade que Pedro é médico


(proposição p acima), representaremos isso apenas com: VL(p)=V, ou seja, o valor lógico de
p é verdadeiro. No caso da proposição q, que é falsa, diremos VL(q)=F. Haverá alguma
proposição que possa, ao mesmo tempo, ser verdadeira e falsa? Não! Jamais! E por que não?
Porque o Raciocínio Lógico, como um todo, está sedimentado sobre alguns princípios, muito
fáceis de entender, e que terão que ser sempre obedecidos. São os seguintes:

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Uma proposição verdadeira é verdadeira; uma proposição falsa é falsa. (Princípio da


identidade);
Nenhuma proposição poderá ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo. (Princípio da
Não-Contradição);
Uma proposição ou será verdadeira, ou será falsa: não há outra possibilidade.
(Princípio do Terceiro Excluído).

Proposições podem ser ditas simples ou compostas. Serão proposições simples aquelas
que vêm sozinhas, desacompanhadas de outras proposições. Nada mais fácil de ser entendido.
Exemplos:

Todo homem é mortal.


O novo papa é alemão.

Todavia, se duas (ou mais) proposições vêm conectadas entre si, formando uma só
sentença, estaremos diante de uma proposição composta. Exemplos:

João é médico e Pedro é dentista.


Maria vai ao cinema ou Paulo vai ao circo.
Ou Luís é baiano, ou é paulista.
Se chover amanhã de manhã, então não irei à praia.
Comprarei uma mansão se e somente se eu ganhar na loteria.

Nas sentenças acima, vimos em destaque os vários tipos de conectivos – ditos


conectivos lógicos – que poderão estar presentes em uma proposição composta. Conectivos
Lógicos são expressões que servem para unir duas ou mais proposições. Estudaremos cada
um deles a seguir, uma vez que é de nosso interesse conhecer o valor lógico das proposições
compostas.
Veremos que, para determinamos se uma proposição composta é verdadeira ou falsa,
dependeremos de duas coisas: 1º) do valor lógico das proposições componentes; e 2º) do tipo
de conectivo que as une.

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# Conectivo “e”: (conjunção)

Proposições compostas em que está presente o conectivo “e” são ditas CONJUNÇÕES.
Simbolicamente, esse conectivo pode ser representado por “∧”. Então, se temos a sentença:

“Marcos é médico e Maria é estudante”


... poderemos representá-la apenas por: p∧q. onde: p = Marcos é médico e q = Maria é
estudante.

Como se revela o valor lógico de uma proposição conjuntiva? Da seguinte forma: uma
conjunção só será verdadeira, se ambas as proposições componentes forem também
verdadeiras.
Então, diante da sentença “Marcos é médico e Maria é estudante”, só poderemos concluir
que esta proposição composta é verdadeira se for verdade, ao mesmo tempo, que Marcos é
médico e que Maria é estudante.
Pensando pelo caminho inverso, teremos que basta que uma das proposições
componentes seja falsa, e a conjunção será – toda ela – falsa. Obviamente que o
resultado falso também ocorrerá quando ambas as proposições componentes forem
falsas.
Essas conclusões podem ser resumidas em uma pequena tabela. Trata-se da tabela-
verdade, de fácil construção e de fácil entendimento.
Retomemos as nossas premissas:

p = Marcos é médico e q = Maria é estudante.

Se tivermos que ambas são verdadeiras, a conjunção formada por elas (Marcos é médico
e
Maria é estudante) será também verdadeira. Teremos:

Marcos é médico Maria é estudante Marcos é médico e Maria é estudante


p q p∧q
V V V

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Se for verdade apenas que Marcos é médico, mas falso que Maria é estudante, teremos:

Marcos é médico Maria é estudante Marcos é médico e Maria é estudante


p q p∧q
V F F

Por outro lado, se for verdadeiro que Maria é estudante, e falso que Marcos é médico, teremos:
Marcos é médico Maria é estudante Marcos é médico e Maria é estudante
p q p∧q
F V F

Enfim, se ambas as sentenças simples forem falsas, teremos que:

Marcos é médico Maria é estudante Marcos é médico e Maria é estudante


p q p∧q
F F F

Ora, as quatro situações acima esgotam todas as possibilidades para uma conjunção.
Fora disso não há outras! Criamos, portanto, a tabela-verdade que representa uma conjunção,
ou seja, a tabela-verdade para uma proposição composta com a presença do conectivo “e”.
Teremos:

p q p∧q
V V V
V F F
F V F
F F F

É preciso que a informação constante da terceira coluna (em destaque) fique guardada
em nossa memória: uma conjunção só será verdadeira, quando ambas as partes que a
compõem também forem verdadeiras. E falsa nos demais casos.
Uma maneira de assimilar bem essa informação seria pensarmos nas sentenças simples
como promessas de um pai a um filho: “eu te darei uma bola E te darei uma bicicleta”. Ora,
pergunte a qualquer criança! Ela vai entender que a promessa é para os dois presentes. Caso
o pai não dê nenhum presente, ou dê apenas um deles, a promessa não terá sido cumprida.
Terá sido falsa! No entanto, a promessa será verdadeira se as duas partes forem também
verdadeiras!Enquanto a variação das letras (V e F) para a premissa p ocorre de duas em duas

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linhas, para a premissa q é diferente: “vês” (V) e “efes” (F) se alternando a cada linha,
começando com um V. Assim:

p q
V V
V F
F V
F F

Essa estrutura inicial é sempre assim, para tabelas-verdade de duas proposições p e q. A


terceira coluna dependerá do conectivo que as une, e que está sendo analisado. No caso do
conectivo “e”, ou seja, no caso da conjunção, já aprendemos a completar a nossa tabela
verdade:

p q p∧q
V V V
V F F
F V F
F F F

Se as proposições p e q forem representadas como conjuntos, por meio de um diagrama, a


conjunção “p e q” corresponderá à interseção do conjunto p com o conjunto q. Teremos:

# Conectivo “ou”: (disjunção)

Recebe o nome de DISJUNÇÃO toda proposição composta em que as partes estejam unidas
pelo conectivo ou. Simbolicamente, representaremos esse conectivo por “∨”. Portanto, se
temos a sentença:

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“Marcos é médico ou Maria é estudante”


... então a representaremos por: p∨q.

Seremos capazes de criar uma tabela-verdade para uma proposição disjuntiva? Claro!
Basta nos lembrarmos da tal promessa do pai para seu filho! Vejamos: “eu te darei uma bola
OU te darei uma bicicleta”. Neste caso, a criança já sabe, de antemão, que a promessa é por
apenas um dos presentes! Bola ou bicicleta! Ganhando de presente apenas um deles, a
promessa do pai já valeu! Já foi verdadeira! E se o pai for abastado e resolver dar os dois
presentes? Pense na cara do menino! Feliz ou triste? Felicíssimo! A promessa foi mais do que
cumprida. Só haverá um caso, todavia, em que a bendita promessa não se cumprirá: se o pai
esquecer o presente, e não der nem a bola e nem a bicicleta. Terá sido falsa toda a disjunção.
Daí, concluímos: uma disjunção será falsa quando as duas partes que a compõem forem
ambas falsas! E nos demais casos, a disjunção será verdadeira! Teremos as possíveis
situações:

Te darei uma bola Te darei uma bicicleta Te darei uma bola ou te darei uma bicicleta
p q pVq
V V V

Ou:

Te darei uma bola Te darei uma bicicleta Te darei uma bola ou te darei uma bicicleta
p q pVq
V F V

Ou:

Te darei uma bola Te darei uma bicicleta Te darei uma bola ou te darei uma bicicleta
p q pVq
F V V

Ou, finalmente:

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Te darei uma bola Te darei uma bicicleta Te darei uma bola ou te darei uma bicicleta
p q pVq
F F F

Juntando tudo, teremos:

p q pVq
V V V
V F V
F V V
F F F

A promessa inteira só é falsa se as duas partes forem descumpridas!


Observem que as duas primeiras colunas da tabela-verdade acima – as colunas do p e do q
– são exatamente iguais às da tabela-verdade da conjunção (p E q). Muda apenas a terceira
coluna, que agora representa um “ou”, a disjunção.
Se as proposições p e q forem representadas como conjuntos por meio de um diagrama, a
disjunção “p ou q” corresponderá à união do conjunto p com o conjunto q,

# Conectivo “Ou ... ou ...”: (disjunção exclusiva)

Há um terceiro tipo de proposição composta, bem parecido com a disjunção que acabamos de
ver, mas com uma pequena diferença. Comparemos as duas sentenças abaixo:

“Te darei uma bola OU te darei uma bicicleta”

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“OU te darei uma bola OU te darei uma bicicleta”

A diferença é sutil, mas importante. Reparemos que na primeira sentença vê-se


facilmente que se a primeira parte for verdade (te darei uma bola), isso não impedirá que a
segunda parte (te darei uma bicicleta) também o seja. Já na segunda proposição, se for verdade
que “te darei uma bola”, então teremos que não será dada a bicicleta. E vice-versa, ou seja, se
for verdade que “te darei uma bicicleta”, então teremos que não será dada a bola.
Em outras palavras, a segunda estrutura apresenta duas situações mutuamente
excludentes, de sorte que apenas uma delas pode ser verdadeira, e a restante será
necessariamente falsa. Ambas nunca poderão ser, ao mesmo tempo, verdadeiras; ambas
nunca poderão ser, ao mesmo tempo, falsas.
Na segunda sentença acima, este tipo de construção é uma DISJUNÇÃO EXCLUSIVA,
pela presença dos dois conectivos “ou”, que determina que uma sentença é necessariamente
verdadeira, e a outra, necessariamente falsa.
E como fica a sua tabela-verdade? Ora, uma disjunção exclusiva só será verdadeira se
obedecer à mútua exclusão das sentenças. Falando mais fácil: só será verdadeira se houver
uma das sentenças verdadeira e a outra falsa. Nos demais casos, a disjunção exclusiva
será falsa.
O símbolo que designa a disjunção exclusiva é o “V”. E a tabela-verdade será, pois, a seguinte:
p q pVq
V V F
V F V
F V V
F F F

# Conectivo “Se ... então ...”: (condicional)

Estamos agora falando de proposições como as que se seguem:

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o Se Pedro é médico, então Maria é dentista.


o Se amanhecer chovendo, então não irei à praia.

Muita gente tem dificuldade em entender o funcionamento desse tipo de proposição.


Convém, para facilitar nosso entendimento, que trabalhemos com a seguinte sentença.

o Se nasci em Fortaleza, então sou cearense.

Cada um de vocês pode adaptar essa frase acima à sua realidade: troque Fortaleza pelo
nome da sua cidade natal, e troque cearense pelo nome que se dá a quem nasce no seu Estado.
Por exemplo:

Se nasci em Apodi, então sou Potiguar.


Se nasci em Russas, então sou cearense.

E assim por diante. Pronto?


Agora me responda: qual é a única maneira dessa proposição estar incorreta? Ora, só há um
jeito desta frase ser falsa: se a primeira parte for verdadeira, e a segunda for falsa. Ou seja, se
é verdade que eu nasci em Apodi, então necessariamente é verdade que eu sou potiguar. Se
alguém disser que é verdadeiro que eu nasci em Apodi, e que é falso que eu sou potiguar, então
este conjunto estará todo falso.
É importante salientar que o exemplo trabalhado acima (Se nasci em Russas então sou
cearense) foi escolhido exclusivamente para fins didáticos. Na realidade, não é preciso que
exista qualquer conexão de sentido entre o conteúdo das proposições componentes da
condicional. Por exemplo, poderíamos ter a seguinte sentença:

“Se a baleia é um mamífero então o papa é alemão”

O que interessa é apenas uma coisa: a primeira parte da condicional é uma condição
suficiente para obtenção de um resultado necessário.

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Percebam, pois, que se alguém disser que: “Pedro ser rico é condição suficiente para Maria ser
médica”, então nós podemos reescrever essa sentença, usando o formato da condicional.
Teremos:

“Pedro ser rico é condição suficiente para Maria ser médica” é igual
a: o “Se Pedro for rico, então Maria é médica”

Por outro lado, se ocorrer de alguém dizer que: “Maria ser médica é condição necessária para
que Pedro seja rico”, também poderemos traduzir isso de outra forma:

“Maria ser médica é condição necessária para que Pedro seja rico” é igual
a: o “Se Pedro for rico, então Maria é médica”

Não podemos, pois esquecer disso:

o Uma condição suficiente gera um resultado necessário.

Pois bem! Como ficará nossa tabela-verdade, no caso da proposição condicional? Pensaremos
aqui pela via de exceção: só será falsa esta estrutura quando houver a condição suficiente,
mas o resultado necessário não se confirmar. Ou seja, quando a primeira parte for
verdadeira, e a segunda for falsa. Nos demais casos, a condicional será verdadeira.
A sentença condicional “Se p, então q” será representada por uma seta: p q.
Na proposição “Se p, então q”, a proposição p é denominada de antecedente, enquanto a
proposição q é dita conseqüente. Teremos:

p q p q
V V V
V F F
F V V
F F V

Se as proposições p e q forem representadas como conjuntos, por meio de um diagrama, a

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proposição condicional “Se p então q” corresponderá à inclusão do conjunto p no conjunto q


(p está contido em q):

# Conectivo “ ... se e somente se ...”: (bicondicional)

A estrutura dita bicondicional apresenta o conectivo “se e somente se”, separando as duas
sentenças simples. Trata-se de uma proposição de fácil entendimento. Se alguém disser:

“Eduardo fica alegre se e somente se Mariana sorri”.

É o mesmo que fazer a conjunção entre as duas proposições condicionais:

o “Eduardo fica alegre somente se Mariana sorri e Mariana sorri somente se


Eduardo fica alegre”.

Ou ainda, dito de outra forma:

o “Se Eduardo fica alegre, então Mariana sorri e se Mariana sorri, então Eduardo
fica
alegre”.
.
São construções de mesmo sentido!

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A bicondicional é uma conjunção entre duas condicionais. Haverá duas situações em que
a bicondicional será verdadeira: quando antecedente e conseqüente forem ambos
verdadeiros, ou quando forem ambos falsos. Nos demais casos, a bicondicional será
falsa.
Sabendo que a frase “p se e somente se q” é representada por “p↔q”, então nossa tabela-
verdade será a seguinte:

p q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V

Se as proposições p e q forem representadas como conjuntos, por meio de um diagrama, a


proposição bicondicional “p se e somente se q” corresponderá à igualdade dos conjuntos p
e q.

Observação: Uma proposição bicondicional “p se e somente se q” equivale à proposição


composta: “se p então q e se q então p”, ou seja,

“p ↔ q “ é a mesma coisa que “ (p → q) e (q → p) “

# Partícula “ não”: (negação)

Veremos algo de suma importância: como negar uma proposição.


No caso de uma proposição simples, não poderia ser mais fácil: basta pôr a palavra não antes
da sentença, e já a tornamos uma negativa. Exemplos:

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o João é médico. Negativa: João não é médico.


o Maria é estudante. Negativa: Maria não é estudante.

Reparemos que caso a sentença original já seja uma negativa (já traga a palavra não), então
para negar a negativa, teremos que excluir a palavra não. Assim:

o João não é médico. Negativa: João é médico.


o Maria não é estudante. Negativa: Maria é estudante.

Pronto! Em se tratando de fazer a negação de proposições simples, já estamos craques!


O símbolo que representa a negação é uma pequena cantoneira (¬) ou um sinal de til (~),
antecedendo a frase. (Adotaremos o til).
A tabela-verdade da negação é mais simplificada que as demais já vistas. Teremos:

p ~p
V F F V

Podem-se empregar, também, como equivalentes de "não A", as seguintes expressões:

o Não é verdade que


A o É falso que A.

Daí as seguintes frases são equivalentes:

o Lógica não é fácil.


o Não é verdade que lógica é
ácil.
o É falso que lógica é fácil.

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# Negação de um proposição composta

Já sabemos negar uma proposição simples. Mas, e se for uma proposição composta, como
fica? Aí, dependerá de qual é a estrutura em que se encontra essa proposição. Veremos, pois,
uma a uma:

Negação de uma proposição conjuntiva: ~(p e q)

Para negar uma proposição no formato de conjunção (p e q), faremos o seguinte:

1. Negaremos a primeira parte (~p);

2. Negaremos a segunda parte (~q);

3. Trocaremos e por ou.

E só!
Daí, a questão dirá: “Não é verdade que João é médico e Pedro é dentista”, e pedirá que
encontremos, entre as opções de resposta, aquela frase que seja logicamente equivalente a
esta fornecida.
Analisemos: o começo da sentença é “não é verdade que...”. Ora, dizer que “não é verdade
que...” é nada mais nada menos que negar o que vem em seguida. E o que vem em seguida?
Uma estrutura de conjunção!
Daí, como negaremos que “João é médico e Pedro é dentista”? Da forma explicada acima:

1. Nega-se a primeira parte (~p) = João não é médico;

2. Nega-se a segunda parte (~q) = Pedro não é dentista;

3. Troca-se E por OU, e o resultado final será o seguinte:

JOÃO NÃO É MÉDICO OU PEDRO NÃO É DENTISTA.

Traduzindo para a linguagem da lógica, dizemos que:

~(p ∧q) = ~p V ~q

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Como fomos chegar à essa conclusão? Ora, por meio da comparação entre as tabelas-verdade
das duas proposições acima. Vejamos como foi isso. Primeiro, trabalhemos a tabela-verdade
do ~(p ∧ q).
Tudo começa com aquele formato básico, que já é nosso conhecido:

p q
V V
V F
F V
F F

Daí, faremos a próxima coluna, que é a da conjunção (e). Teremos:

p q p∧q
V V V
V F F
F V F
F F F

Por fim, construiremos a coluna que é a negativa desta terceira. Ora, já sabemos que com a
negativa, o que é verdadeiro vira falso, e o que é falso vira verdadeiro. Logo, teremos:

p q p∧q ~(p ∧ q)
V V V F
V F F V
F V F V
F F F V

Guardemos, pois, essa última coluna (em destaque). Ela representa o resultado lógico da
estrutura ~(p ∧ q). Agora, construamos a tabela-verdade da estrutura ~p v ~q, e comparemos
os resultados. No início, teremos:

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p q
V V
V F
F V
F F

Faremos agora as duas colunas das duas negativas, de p e de q. Para isso, conforme já
sabemos, quem for V virará F, e vice-versa. Teremos:

p q ~p ~q
V V F F
V F F V
F V V F
F F V V

Agora, passemos à coluna final: ~p v ~q. Aqui nos lembraremos de como funciona uma
disjunção. A disjunção é a estrutura do ou. Para ser verdadeira basta que uma das sentenças
também o seja. Daí, teremos:
p q ~p ~q ~p V ~q
V V F F F
V F F V V
F V V F V
F F V V V

Finalmente, comparemos a coluna resultado (em destaque) desta estrutura (~p ∨~q) com
aquela que estava guardada da estrutura ~(p ∧ q). Teremos:

~(p ∧ q) ~p V ~q
F F
V V
V V
V V

Resultados idênticos! Daí, do ponto de vista lógico, para negar p e q, negaremos p, negaremos
q, e trocaremos e por ou.

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Já sabendo disso, não perderemos tempo na prova construindo tabela-verdade para saber
como se faz a negativa de uma conjunção! Esse exercício que fizemos acima, de comparar as
colunas-resultado das duas tabelas, serviu apenas para explicar a origem dessa equivalência
lógica.
Ou seja, para dizer se uma proposição é, do ponto de vista lógico, equivalente a outra,
basta fazer uma comparação entre suas tabelas-verdade.

Negação de uma proposição disjuntiva: ~(p ou q)

Para negar uma proposição no formato de disjunção (p ou q), faremos o seguinte:

1. Negaremos a primeira parte (~p);

2. Negaremos a segunda parte (~q);

3. Trocaremos OU por E.

E só!
Se uma questão de prova disser: “Marque a assertiva que é logicamente equivalente à
seguinte frase: Não é verdade que Pedro é dentista ou Paulo é engenheiro”.
Pensemos: a frase começa com um “não é verdade que...”, ou seja, o que se segue está sendo
negado! E o que se segue é uma estrutura em forma de disjunção. Daí, obedecendo aos passos
descritos acima, faremos:

1. Nega-se a primeira parte (~p) = Pedro não é dentista;

2. Nega-se a segunda parte (~q) = Paulo não é engenheiro;

3. Troca-se OU por E, e o resultado final será o seguinte:

PEDRO NÃO É DENTISTA E PAULO NÃO É ENGENHEIRO.

Na linguagem apropriada, concluímos que:

~(p V q) = ~p ∧~q

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Se formos curiosos, poderemos fazer a comprovação – via tabelas-verdade – desta conclusão


acima. Somos curiosos? Claro! Tomemos a primeira parte: ~(p V q). Teremos, de início:

p q
V V
V F
F V
F F

Daí, construindo a coluna da disjunção (p ou q). Teremos:

p q pVq
V V V
V F V
F V V
F F F

Finalizando, fazendo a negação da coluna da disjunção, teremos:

p q pVq ~(p V q)
V V V F
V F V F
F V V F
F F F V

Guardemos essa coluna resultado para o final. E passemos à segunda parte da análise: a
estrutura ~p ∧~q. Teremos, a princípio, o seguinte:

p q
V V
V F
F V
F F

Construindo-se as colunas de negações de p e q, teremos:

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p q ~p ~q
V V F F
V F F V
F V V F
F F V V

Finalizando, fazendo a conjunção ~p e ~q, teremos os seguintes resultados:

p q ~p ~q ~p ∧~q
V V F F F
V F F V F
F V V F F
F F V V V

Concluindo, comparemos a coluna resultado (em destaque) desta estrutura (~p ∧~q) com
aquela que estava guardada da estrutura ~(p ∨q). Teremos:

~(p V q) ~p ∧~q
F F
F F
F F
V V

Resultados idênticos! Daí, do ponto de vista lógico, para negar “p ou q”, negaremos p,
negaremos q, e trocaremos ou por e.

Negação de uma proposição condicional: ~(p q)

Como é que se nega uma condicional? Da seguinte forma:

1º) Mantém-se a primeira parte; e


2º) Nega-se a segunda parte.

Por exemplo, como seria a negativa de “Se chover, então levarei o guarda-chuva”?

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1º) Mantendo a primeira parte: “Chove” E


2º) Negando a segunda parte: “eu não levo o guarda-chuva”.

Resultado final: “Chove e eu não levo o guarda-chuva”.


Na linguagem apropriada, concluímos que:

~(p q) = p ∧~q

Na sequência, apresento duas tabelas que trazem um resumo das relações vistas até o
momento. Vejamos:

Estrutura É verdade quando É falso quando


Lógica

p∧q p e q são, ambos, verdade um dos dois for falso

pVq um dos dois for verdade p e q, ambos, são falsos

p q Nos demais casos p é verdade e q é falso

p↔q p e q tiverem valores lógicos iguais p e q tiverem valores lógicos diferentes

~p p é falso p é verdade

Negativa das proposições compostas:

Negativa de (p e q) ~p ou ~q

Negativa de (p ou q) ~p e ~q

Negativa de (p q) p e ~q

Negativa de (p↔q) [(p e ~q) ou (q e ~p)]

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# Tabelas-verdade

Trataremos agora um pouco mais a respeito de TABELA-VERDADE. Trata-se de uma tabela


mediante a qual são analisados os valores lógicos de proposições compostas.
Já vimos que uma Tabela-Verdade que contém duas proposições apresentará exatamente um
número de quatro linhas! Mas e se estivermos analisando uma proposição composta com três
ou mais proposições componentes? Como ficaria a tabela-verdade neste caso? Generalizando
para qualquer caso, teremos que o número de linhas de uma tabela-verdade será dado por:

Nº linhas da Tabela-Verdade = 2 nº de proposições

Ou seja, se estivermos trabalhando com duas proposições p e q, então a tabela-verdade terá


4 linhas. Se estivermos trabalhando com uma proposição composta que tenha três
componentes p, q e r, a tabela-verdade terá 23 = 8. E assim, por diante.

Tabelas-verdade para p e q:

Trabalhando com duas proposições componentes, a estrutura inicial da tabela-verdade será


sempre aquela que já aprendemos. Qual seja:
p q
V V
V F
F V
F F

E a próxima coluna (ou próximas colunas) da tabela-verdade dependerá dos conectivos que
estarão presentes na proposição composta.
Já sabemos construir, pelo menos, cinco tabelas-verdade de proposições compostas! A tabela-
verdade da conjunção, da disjunção, da disjunção exclusiva, da condicional e da
bicondicional. Com este conhecimento prévio, já estamos aptos a construir as tabelas-verdade
de qualquer outra proposição formada por duas proposições componentes (p e q).
Designaremos tal proposição composta da seguinte forma: P(p, q).

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Suponhamos, pois, que estamos diante da seguinte proposição composta: P(p, q)=~(p v ~q) e
desejamos construir a sua tabela-verdade. Como seria? O início da tabela é, conforme
sabemos, sempre o mesmo. Teremos:
p q
V V
V F
F V
F F

Agora olhemos para a proposição que estamos trabalhando [~(p v ~q)] e comparemos o que
já temos na tabela acima com o que ainda precisamos encontrar. Já temos o ~q? Ainda não!
Então, é nosso próximo passo: construir a coluna da negação de q. Teremos:

p q ~q
V V F
V F V
F V F
F F V

Seguindo adiante, construiremos agora a coluna referente ao parênteses (p v ~q). Trata-se


pois, de uma disjunção, cujo funcionamento já é nosso conhecido (só será falsa se as duas
partes forem falsas!). Colocaremos em destaque (sombreado) as colunas de nosso interesse
para a formação desta disjunção. Teremos:

p q ~q p v ~q
V V F V
V F V V
F V F F
F F V V

Por fim, concluindo a análise desta proposição composta, resta-nos construir a coluna que é a
própria proposição: ~(p v ~q). Ou seja, faremos a negação da disjunção acima. Para isso, quem
for VERDADEIRO vira FALSO e vice-versa. Teremos:

p q ~q p v ~q ~( p v ~q)

22
ZERO UM CONCURSOS – Raciocínio Lógico e Matemático
Professor Adriano Barreto

V V F V F
V F V V F
F V F F V
F F V V F

É este, portanto, o resultado final da tabela-verdade para a proposição ~(p v ~q). Uma
coisa muito importante que deve ser dita neste momento é que, na hora de construirmos a
tabela-verdade de uma proposição composta qualquer, teremos que seguir uma certa ordem
de precedência dos conectivos. Ou seja, os nossos passos terão que obedecer a uma
seqüência. Começaremos sempre trabalhando com o que houver dentro dos parênteses. Só
depois, passaremos ao que houver fora deles. Em ambos os casos, sempre obedecendo à
seguinte ordem:

1. Faremos as negações (~);

2. Faremos as conjunções ou disjunções, na ordem em que aparecerem;

3. Faremos a condicional;

4. Faremos o bicondicional.

Para fixar nossos conhecimentos vamos construir a tabela-verdade da seguinte proposição


composta: P(p,q) = (p∧~q) V (q∧~p).

SOLUÇÃO: Observamos que há dois parênteses. Começaremos, pois, a trabalhar o primeiro


deles, isoladamente. Obedeceremos à ordem de precedência dos conectivos:

1º passo: Negação de q

p q ~q
V V F
V F V
F V F
F F V

2º passo: Conjunção

p q ~q p∧~q
V V F F

23
ZERO UM CONCURSOS – Raciocínio Lógico e Matemático
Professor Adriano Barreto

V F V V
F V F F
F F V F

3º passo: Negação de p

p q ~p
V V F
V F F
F V V
F F V

4º passo: Conjunção

p q ~p q∧~p
V V F F
V F F F
F V V V
F F V F

5º passo: uma vez trabalhados os dois parênteses, faremos a disjunção que os une.
p∧~q q∧~p (p∧~q)V(q∧~p)
F F F
V F V
F V V
F F F

Se quiséssemos, poderíamos ter feito tudo em uma única tabela maior, da seguinte forma:

p q ~q p∧~q ~p q∧~p (p∧~q)V(q∧~p)


V V F F F F F
V F V V F F V
F V F F V V V
F F V F V F F

Pronto! Concluímos mais um problema. Já estamos craques em construir tabelas-verdade para


proposições de duas sentenças. Mas, e se estivermos trabalhando com três proposições

24
ZERO UM CONCURSOS – Raciocínio Lógico e Matemático
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simples (p, q e r)? Como é que se faz essa tabela-verdade? A primeira coisa é definir o número
de linhas que esta tabela-verdade terá. Conforme já aprendemos, este cálculo será dado por
Nº linhas = 2 Nº de proposições. Logo, haverá oito linhas (23=8) numa tabela-verdade para
três proposições simples. Para duas proposições, a tabela-verdade se inicia sempre do mesmo
jeito. O mesmo ocorrerá para uma tabela-verdade de três proposições. Terá sempre o mesmo
início. E será o seguinte:

p q r

A coluna da proposição p será construída da seguinte forma: quatro V alternando com quatro
F; a coluna da proposição q tem outra alternância: dois V com dois F; por fim, a coluna da
proposição r alternará sempre um V com um F. Teremos, portanto, sempre a mesma estrutura
inicial:
p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F

Saber construir esta tabela acima é obrigação. Ela corresponde à estrutura inicial de uma
tabela-verdade para três proposições simples.

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Suponhamos que uma questão de prova peça que construamos a tabela-verdade da proposição
composta seguinte: P(p,q,r)=(p ∧ ~q) (q v ~r). A leitura dessa proposição é a seguinte: Se p
e não q, então q ou não r.
Vamos fazer esse exercício? Começaremos sempre com a estrutura inicial para três
proposições. Teremos:
p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F

Daí, já sabemos que existe uma ordem de precedência a ser observada, de modo que
trabalharemos logo os parênteses da proposição acima. Começando pelo primeiro deles,
faremos os seguintes passos:

1º passo: Negação de q

p q r ~q
V V V F
V V F F
V F V V
V F F V
F V V F
F V F F
F F V V
F F F V

2º passo: Conjunção do primeiro parênteses

p q r ~q p ∧ ~q
V V V F F
V V F F F
V F V V V

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V F F V V
F V V F F
F V F F F
F F V V F
F F F V F

3º passo: Negação de r

p q r ~q p ∧ ~q r
V V V F F F
V V F F F V
V F V V V F
V F F V V V
F V V F F F
F V F F F V
F F V V F F
F F F V F V

4º passo: Disjunção do segundo parênteses

p q r ~q p ∧ ~q ~r q V ~r
V V V F F F V
V V F F F V V
V F V V V F F
V F F V V V V
F V V F F F V
F V F F F V V
F F V V F F F
F F F V F V V

5º passo: Finalmente, vamos fazer a condicional.


RECORDANDO: a condicional só será falsa se tivermos VERDADEIRO na primeira parte e
FALSO na segunda!!!

p q r ~q p ∧ ~q ~r q V ~r (p ∧ ~q) ( q V ~r)
V V V F F F V V
V V F F F V V V
V F V V V F F F

27
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V F F V V V V V
F V V F F F V V
F V F F F V V V
F F V V F F F V
F F F V F V V V

Pronto! Mais uma etapa concluída. Estamos aptos a construir tabelas-verdade para proposições
compostas de duas ou três proposições componentes.
Chegou o momento de passarmos a conhecer três outros conceitos: Tautologia, Contradição
e Contingência.

Tautologia

Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma
Tautologia se ela for sempre verdadeira, independentemente dos valores lógicos das
proposições p, q, r, ... que a compõem. Em palavras mais simples: para saber se uma
proposição composta é uma Tautologia, construiremos a sua tabela-verdade! Daí, se a última
coluna da tabela-verdade só apresentar verdadeiro (e nenhum falso), então estaremos
diante de uma
Tautologia. Só isso!
Exemplo: A proposição (p ∧ q) (p V q) é uma tautologia, pois é sempre verdadeira,
independentemente dos valores lógicos de p e de q, como se pode observar na tabela-verdade.

p q p∧q pvq (p∧q) (pVq)


V V V V V
V F F V V
F V F V V
F F F F V

Observe que o valor lógico da proposição composta (p∧q) (pVq), que aparece na última coluna,
é sempre verdadeiro. Passemos a outro exemplo de Tautologia: [(p V q) ∧ (p ∧ s)] p.
Construa a tabela-verdade e demonstre que se trata de uma tautologia.

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Contradição

Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma
contradição se ela for sempre falsa, independentemente dos valores lógicos das proposições
p, q,r ... que a compõem. Ou seja, construindo a tabela-verdade de uma proposição
composta, se todos os resultados da última coluna forem FALSOS, então estaremos
diante de uma contradição.
Exemplo: A proposição “ p ↔ ~p ” é uma contradição, pois sempre é falsa independentemente
do valor lógico de p, como é possível observar na tabela-verdade abaixo:

p ~p p ↔ ~p
V F F
F V F

Contingência

Uma proposição composta será dita uma contingência sempre que não for uma tautologia ou
uma contradição. Somente isso! Você pegará a proposição composta e construirá a sua tabela-
verdade. Se você verificar que aquela proposição nem é uma tautologia (só resultados V), e
nem é uma contradição (só resultados F), então, pela via de exceção, será dita uma
contingência!

Exemplo: A proposição “p ↔ (p∧q)” é uma contingência. Por que essa proposição é uma
contingência? Porque nem é uma tautologia e nem é uma contradição. Só por isso! Vejamos
sua tabela-verdade a seguir.

p q p∧q p ↔ (p∧q)
V V V V
V F F F
F V F V
F F F V

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ANÁLISE COMBINATÓRIA

FATORIAL: Sendo n um número natural maior que 1, definimos como fatorial de n e


representamos por n! o número:
n! = n × (n - 1) × (n - 2) × (n - 3) × ... × 3 × 2 ×1
Adotamos as seguintes definições especiais:
0!= 1
1!= 1

TABELA DE FATORIAIS DE 0 a 10
0!= 1
1!= 1
2!=2×1=2
3! = 3×2×1= 6
4! = 4×3×2×1= 24
5! = 5×4×3×2×1=120
6! = 6×5×4×3×2×1= 720
7! = 7×6×5×4×3×2×1= 5040
8! = 8×7×6×5×4×3×2×1= 40.320
9! = 9×8×7×6×5×4×3×2×1= 362.880
10! =10×9×8×7×6×5×4×3×2×1= 3.628.800

Nota: A notação de fatorial afeta apenas o primeiro número antes do sinal de exclama-ção. Por
exemplo:
2×3! = 2×(3×2×1) = 2×6 =12 (2×3)! = 6! = 720

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL
DE CONTAGEM

Por meio do princípio fundamental de contagem, podemos determinar o número de vezes


que um acontecimento pode ocorrer de modo diferente sem ter de descrever todos os modos.
Se um primeiro acontecimento pode ocorrer de p1 modos diferentes, um segundo
acontecimento de p2 modos diferentes e, sucessivamente, um enésimo acontecimento de p n
modos diferentes, sendo os n aconte-cimentos independentes, então o número de vezes que
os n acontecimentos podem ocor-rer de modo diferente é: p1 × p2 × p3 × ... × pn .

QUESTÕES
Questão 01
Uma moça tem 3 saias e 4 blusas. Durante quantos dias poderá sair usando saia e blu-sa sem
repetir o mesmo conjunto?
R: 12 dias

Questão 02
Se uma pessoa possui 2 pares de sapatos, 5 calças compridas e 4 camisas, de quantas
maneiras diferentes poderá se vestir? R: 40

Questão 03

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De quantas maneiras diferentes pode se vestir uma pessoa que tenha 5 camisas, 3 calças, 2
pares de meia e 2 pares de sapa-
to? R: 60

Questão 04
Uma sorveteria fornece sorvetes nos dois sabores: abacaxi e baunilha, e três cobertu-ras:
chocolate, caramelo e chantily. Com uma bola e uma cobertura, quantos sorvetes diferentes
podemos formar? R: 6

Questão 06
Num restaurante há dois tipos de salada, 3 tipos de pratos quentes e 3 tipos de sobre-mesa.
Quantas são as possibilidades para se fazer uma refeição contendo 1 salada, 1 prato quente e
1 sobremesa?
R: 18

Questão 07
Numa lanchonete há 5 tipos de sanduíche, 4
tipos de refrigerante e 3 tipos de sorvete. De
quantas maneiras podemos tomar um lan-
che que contenha 1 sanduíche, 1 refrigeran-
te e 1 sorvete?
R: 60

Questão 08
De quantas maneiras você pode retirar 2
cartas de um baralho completo de 52 cartas,
sem reposição?
R: 2652

Questão 09
Ao lançarmos sucessivamente uma moeda e um dado, quantas são as possibilidades pa-
ra o resultado? R: 12

Questão 10
Ao lançarmos sucessivamente 3 moedas, quantas são as possibilidades de resultado? R: 8

Questão 11
Existem 2 vias de locomoção de uma cidade A para uma cidade B e 3 vias de locomoção da
cidade B a uma cidade C. De quantas maneiras podemos ir de A a C, passando
por B? R: 6

Questão 12
Para irmos da cidade A até a cidade C, obri-gatoriamente passamos pela cidade B. Três
companhias de ônibus cobrem o percurso entre A e B e 2 companhias de aviação li-gam B e C.
De quantos modos diferentes é
possível viajar de A até C? R: 6

Questão 13
Três companhias de ônibus e 2 companhias de aviação cobrem o percurso entre as cida-des A
e B. De quantos modos diferentes po-demos viajar entre essas duas cidades?
R: 5

Questão 14

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Para ir de uma cidade A a outra cidade B dispomos de quatro empresas de ônibus, três de
aviões e duas de navios. De quantos modos podemos viajar de A até B? R: 9

Questão 15
Oito caminhos conduzem ao cume de uma montanha. De quantos modos uma pessoa pode
subir e descer por caminhos diferen-tes? R: 56

Questão 16
Num hospital existem 3 portas de entrada que dão para um saguão no qual existem 5
elevadores. Um visitante deve se dirigir ao 6º andar utilizando-se de um dos elevadores. De
quantas maneiras diferentes poderá fa-
zê-lo? R: 15

Questão 17
Se um quarto tem 5 portas, determine o nú-mero de maneiras de se entrar nele e sair dele por
uma porta diferente? R: 20

Questão 18
Se os números de telefone de uma localida-de têm 7 algarismos, quantos telefones no máximo
podem ser instalados, sabendo-se que os números de telefones dessa locali-dade não podem
começar com zero? R: 9.000.000

Questão 19
Numa cidade os números dos telefones tem 6 dígitos e começam por 6. Quantos telefo-nes
podem ser instalados, nas condições dadas?
R: 100.000

Questão 20
Dez times de futebol participam de um cam-peonato. De quantas formas diferentes se pode ter
os três primeiros colocados? R: 720

Questão 21
Cinco cavalos disputam um páreo; qual o número de resultados possíveis para os 3
primeiros lugares? R: 60

Questão 22
s: diretoria de uma firma, concorrem 4 candidatos à presidência e 5 à vice-presidência. Quantas
chapas distintas podem ser formadas com um presidente e um vice? R: 20

Questão 23
A diretoria de um clube é composta de 10 membros, que podem ocupar a função de Presidente,
Secretário ou tesoureiro. De quantas maneiras possíveis podemos for-mar, com os 10
membros, chapas contendo Presidente, Secretário e Presidente? R: 720

Questão 24
Numa eleição de uma escola há três candi-datos a presidente, cinco a vice-presidente, seis a
secretário e sete a tesoureiro. Quan-tos podem ser os resultados da eleição? R: 630

Questão 25

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Em um ônibus há cinco lugares vagos. Duas pessoas tomam o ônibus. De quantos mo-dos elas
podem se sentar? R: 20

Questão 26
Uma prova consta de dez testes do tipo ver-dadeiro ou falso. De quantos modos um alu-no que
se submete à prova poderá respon-der todos os testes?
R: 1.024

Questão 27
Quantos números de 3 algarismos podemos formar com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6? R: 216

Questão 28
Quantos números de 3 algarismos distintos
podemos formar com os algarismos 1, 2, 3,
4, 5 e 6?
R: 120

Questão 29
Quantos números de 3 algarismos podemos formar com os algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e
7? R: 448

PERMUTAÇÀO:

é o tipo de agrupamento ordenado no qual, em cada grupo, entram todos os elementos.

A Permutação linear simples é dada por: Pn = n!

ARRANJO: é o tipo de agrupamento em que um grupo é diferente do outro pela ordem ou pela
natureza dos elementos componentes.
n!

Arranjo simples: An, p =


(n - p)!

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COMBINAÇÃO: é o tipo de agrupamento em que um grupo é diferente do outro apenas pela


natureza dos elementos componentes.

n!

Combinação simples: Cn, p =


p! (n - p)!

CONJUNTOS

Por se tratar de um conceito primitivo, conjunto não possui definição. No entanto,


didaticamente, dizemos que é uma coleção de elementos.

Exemplos:
1) A = conjunto das vogais de nosso alfabeto.
2) B = conjunto dos dias da semana.
3) C = Conjunto das raízes reais da equação x² - 6x + 8 = 0.

Um conjunto, quando caracterizado por seus elementos, é por colocá-los entre


chaves.

Exemplos:
1) A = { a, e, i, o, u }
2) B = { segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, domingo}
3) C = { 2, 4}

Um conjunto também pode ser dado através de sua lei de formação. (que indica como
deve ser formado ou é a própria definição dos seus elementos.)
Exemplos:
1) A = { vogais do nosso alfabeto }
2) B = { dias da semana}
3) C = { x Є R │ x² - 6x + 8 = 0 }

Um conjunto pode ser finito, quando tem número limitado de elementos. Caso
contrario é um conjunto infinito. Obs. Não confundir o que é difícil de ser contado
(incomensurável) com infinito.

RELAÇÃO DE PERTINÊNCIA

Quando relacionamos elementos com conjuntos a relação é de pertinência, ou


seja pertence  ou não pertence .
Exemplos:
1) a  {a, b, c, d} 2) a  {1, 2, 3, 4, 5} 3) {a}  {{a}, {b}, {c}} 4) a  {{a},{b}, {c}}
5) {a}  {a, b, c, d}

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RELAÇÃO DE INCLUSÃO

Quando relacionamos conjunto com conjunto a relação deve ser a de inclusão, ou


seja está contido , ou contém , ou não está contido  ou ainda não contém.

Definição: Um conjunto A está contido em um conjunto B, se todos os elementos


de A são também elementos de B. A  B  (x  A → x  B )
Se A está contido em B, então A é um subconjunto de B.

CONJUNTO UNIVERSO

Se um conjunto B está contido num conjunto A, então dizemos que A é um universo de


B. Isto é A é o universo de todos os subconjuntos de A.
Exemplos:
1) O conjunto dos números Reais é o universo dos Naturais, dos Inteiros, dos
Racionais e dos Irracionais. Pois N  Z  Q  R e Irracionais  R.
2) O Alfabeto latino é o Universo do conjunto das vogais.
3) A América do Sul é o Universo do país Brasil.

O conjunto de todos os subconjuntos de um conjunto A é chamado de conjunto


das partes de A, cujo símbolo é P(A).

Exemplo: Se A = {1, 2, 3 }, então P(A) = {{}, {1}, {2}, {3}, {1,2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3}}

Para sabermos quantos subconjuntos tem um conjunto, basta calcular pela fórmula:
N(P(A)) = 2 n , onde n é o número de elementos do conjunto.

Exercícios:
1) Dê o conjunto das parte de cada um dos conjuntos abaixo:
a) A = { } b) B = {a} c) C = {a, b} d) D = {a, b, c} e) E = {a, b, c, d}

2) Aplique a fórmula da quantidade de subconjuntos dos conjuntos do exercício 1)

OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS

Entre os conjuntos, as operações mais importantes são: UNIÃO = , INTERSECÇÃO =


, DIFERENÇA = − E CONJUNTO COMPLETMENTAR = CUA = U-A.

Obs.: Convencionalmente, a relação entre elementos e conjuntos deve ser feita através da
relação de pertinência  ou . E a relação entre conjuntos devem ser feitas através da relação
de inclusão  ou  ou  ou  ou suas negações.

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UNIÃO

A união entre conjuntos é um outro conjunto formado pela junção de todos os elementos
dos conjuntos a serem unidos.
Matematicamente, se x  AB, então x  A ou x  B. Se x  A, então x  AB e se x
 B, então x  AB.Exemplos de diagramas:

B A A

B B B B

INTERSECÇÃO 

A intersecção entre conjuntos é um outro conjunto formado por todos os elementos


comuns aos dois conjuntos (elementos repetidos).
Matematicamente, se x  AB, então x  A e x  B.
Exemplos em diagramas:

A
A B A
B

B B B

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Propriedades de uma operação:

ELEMENTO NEUTRO
Uma operação num conjunto tem elemento neutro se, existir um único elemento desse
conjunto que operado com qualquer outro elemento desse mesmo conjunto tem como
resultado esse elemento qualquer.

PROPRIEDADE DO ELEMENTO INVERSO OU OPOSTO


Uma operação num conjunto tem elemento inverso, se para cada elemento a existir –a
(ou a-1), tal que a operado com –a, o resultado é o elemento neutro.

PROPRIEDADE ASSOCIATIVA
Uma operação num determinado conjunto é associativo ou tem a propriedade
associativa, se ao operarmos três de seus elementos o resultado não se alterar, para qualquer
ordem que façamos as operações.

PROPRIEDADE COMUTATIVA
Uma operação num determinado conjunto é comutativo, se na operação entre dois
elementos, se trocarmos a ordem (comutarmos) de seus elementos na operação o resultado
não se altera.

PROPRIEDADE DO ELEMENTO NULO


Uma operação num determinado conjunto tem elemento nulo, se qualquer elemento
operado com ele tiver como resultado o próprio elemento nulo.
Propriedade envolvendo duas operações:

PROPRIEDADE DISTRIBUTIVA
Um conjunto com duas operações , no caso dos conjuntos União e intersecção, quando
temos os conjuntos A, B e C, e:
A  (B  C) = (A  B)  (A  C) distributiva da união em relação a intersecção.
Ou
A  (B  C) = (A  B)  (A  C) distributiva da intersecção em relação a união.

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DIFERENÇA ENTRE CONJUTOS. A – B

A diferença entre dois conjuntos A e B, nesta ordem, é um subconjunto de A formado


por todos os elementos de A que não estão em B.
Exemplos de diagramas:

A A
A
B
B
B
B

CONJUNTO COMPLEMENTAR A’ = CUA = U - A

Conjunto complementar de um conjunto A contido num universo U é o conjunto diferença


U–A.
Exemplo em diagrama

U
U

Nos conjuntos complementares, quando usamos o símbolo A’, estamos supondo que o conjunto
universo dos conjuntos que estamos trabalhando seja de conhecimento de todos.

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ZERO UM CONCURSOS – Raciocínio Lógico e Matemático
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Lógico que não podemos falar em conjunto complementar sem a existência desse conjunto
universo.

Probabilidade

No estudo das probabilidades estamos interessados em estudar o experimento aleatório, isto


é, aquele cujo resultado é incerto, embora o conjunto de resultados possíveis seja conhecido.
Por exemplo, lançar um dado ou uma moeda e observar o resultado obtido constituem um
experimento aleatório. Da mesma forma, sortear uma bola de um conjunto de bolas numeradas
de 1 a 100 também é um experimento aleatório.
Em termos gerais, a probabilidade determina a possibilidade de ocorrer um determinado
resultado.

1. Espaço Amostral (Ω)


É o conjunto de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório.

Exemplos:
a) Lançamento de uma moeda: Ω = {c, k} sendo c = cara e k = coroa
b) Lançamento de duas moedas: Ω = { c c, c k, k c, k k }
c) Lançamento de um dado: Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6 }
d) Retirada de uma carta do baralho:
Ω = { A 2 3 4 5 6 7 8 9 10 J Q K ()
A 2 3 4 5 6 7 8 9 10 J Q K ()
A 2 3 4 5 6 7 8 9 10 J Q K ()

39
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A 2 3 4 5 6 7 8 9 10 J Q K () }
e) Vida útil de um componente eletrônico: Ω = { t = IR  t  0 }

2. Evento
A cada experimento está associado um resultado obtido, não previsível, chamado evento.
Um evento é qualquer subconjunto de um espaço amostral, sendo representados por letras
maiúsculas A, B, C, D, etc.

Exemplo:
Lançam-se dois dados. Enumerar o espaço amostral e depois os seguintes eventos:
A: saída de faces iguais
B: saída de faces cuja soma seja igual a 10
C: saída de faces cuja soma seja menor que 2
D: saída de faces cuja soma seja menor que 15
E: saída de faces onde uma face é o dobro da outra
F: saída de faces desiguais

Solução:
O espaço amostral desses eventos (todos os resultados possíveis de serem obtidos no
lançamento dos dois dados) está descrito na tabela a seguir:

Tabela 1 – espaço amostral ( Ω) no lançamento de dois dados

D1/D2 1 2 3 4 5 6
1 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6
2 2,1 2,2 2,3 ,2,4 2,5 2,6
3 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 3,6
4 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 4,6
5 5,1 5,2 5,3 5,4 5,5 5,6
6 6,1 6,2 6,3 6,4 6,5 6,6

Eventos:
A = {(1,1), (2,2), (3,3), (4,4), (5,5), (6,6)}
B = {(4,6), (5,5), (6,4)}
C = { } (evento impossível)
D = Ω (evento certo)
E = {(1,2), (2,4), (3,6), (2,1), (4,2), (6,3)}
F=D-A

40
ZERO UM CONCURSOS – Raciocínio Lógico e Matemático
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Quando o espaço amostral for finito ou infinito enumerável, todo subconjunto poderá ser
considerado um evento. Pode-se demonstrar que se  contiver n elementos , existirão
exatamente 2n subconjuntos (eventos).

Exemplo:
Considere um espaço amostral finito:  = {A, B, C, D}. Os subconjuntos do espaço amostral
são: {, A, B, C, D, (A,B},{A,C}, {A,D}, {B,C}, {B,D}, {C,D}, {A,B,C}, (A,B,D}, {A,C,D}, {B,C,D},
{A,B,C,D}. Observa-se que 24 = 16 é o número de total de eventos extraídos de .

3. Princípios de contagem
A notação n(A) será usada para dar o número de elementos distintos de um conjunto A
(cardinalidade de A). Alguns autores utilizam #A ou card(A) ao invés de n(A). Um conjunto
é finito quando contém exatamente m elementos distintos, m  IN.

Exemplo:
Em um cesto há 6 bolas de vôlei, sendo 3 brancas e 3 vermelhas. Desse cesto são retiradas
sucessivamente 3 bolas. Calcular o número de elementos dos seguintes eventos:
A: As três bolas são da mesma cor.
B: Duas bolas são brancas
C: As três bolas são vermelhas
D: O número de bolas brancas é igual ao número de bolas vermelhas.
E: O número de bolas brancas é maior do que de bolas vermelhas

Solução:
Espaço amostral do experimento:
{BBB, BBV, BVB, VBB, BVV, VBV, VVB, VVV}; n (Ω) = 8
A = {VVV, BBB}; n(A) = 2
B = {BBV, BVB, VBB}; n(B) = 3.
C = {VVV}; n( C) = 1
D =  ➔ n (D) = 0
E = {BBB, BBV, BVB, VBB}

4. Operações com eventos


• Conjunto universo ou espaço amostral (Ω): é o conjunto formado por todos os eventos
possíveis de um experimento aleatório.
• Todo conjunto é um sub conjunto do conjunto universo, pois todos os elementos do
subconjunto pertencem ao conjunto universo ().
• Subconjunto: Dados dois conjuntos A e B, dizemos que B é subconjunto de A se todos
os elementos que pertencem a B também pertencem a A
Indica-se:
B  A ( B está contido em A)
A  B ( A contém B )
Exemplo:
a) Sejam os conjuntos
A = { a, b, c, d, e)
B = {a, c, e }

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Professor Adriano Barreto

B  A, pois todos os elementos de B estão contidos em A

b) Sejam os conjuntos
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}
B = { 0, 3, 5, 6}
B  A, pois todos os elementos de B estão contidos em A

• Conjunto vazio: é conjunto que não contém elementos. Representa-se por { } ou por .
O conjunto vazio, , também é um subconjunto de  ou de outro qualquer subconjunto
de .
Exemplo: Lançamento de um dado e obter a face com número 7 (D):
D = { } ou D = .

5. Tipos de eventos
a) Evento certo
É aquele que ocorre em qualquer experimento aleatório
Exemplo: No lançamento de uma moeda , com certeza sairá sempre as faces “cara” ou
“coroa”.

b) Evento impossível
É aquele que nunca ocorrerá em um experimento aleatório
Exemplo: Sair a face 7 no lançamento de um dado.

c) Evento complementar
O evento complementar de A é formado pelos elementos de Ω que não
pertencem a A (escreve-se Ā).
Exemplo: Se Ω = (1, 2, 3, 4, 5, 6} e A = { 1, 3, 5} então Ā = {2, 4, 6}.

A A

Ā={x Ω|xA}

d) Evento união (  ) ou soma


Se A e B são dois eventos , o conjunto união A  B representa a ocorrência do evento
A ou do evento B ou de ambos os eventos.

Exemplo: Se A = { 1, 2, 5, 6} e B = {4, 5} então A  B = {1, 2, 4, 5, 6}.

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A  B = { x  Ω | x  A ou x  B}

e) Evento intersecção (  ) ou produto


Se A e B são dois eventos, o conjunto intersecção A  B representa a ocorrência de
ambos os eventos A e B simultaneamente.

Exemplo:
Se A = { 1, 2, 5, 6} e B = {4, 5} então A  B = {5}.

A  B = { x  Ω | x  A e x  B}

A  B representa a ocorrência do evento A e do evento B simultaneamente.

f) Eventos mutuamente exclusivos ou disjuntos


Quando A  B =  os eventos são mutuamente exclusivos.

Exemplo:
Se A = {1, 2, 5, 6} e B = {4, 7} então A  B = { }.

Se A e B são conjuntos finitos disjuntos, então n(A  B) = n(A) + n(B)


Se A e B são conjuntos finitos, não disjuntos ou não mutuamente exclusivos, então
n(A  B) = n(A) + n(B) – n(A  B)

Exemplo:
a) conjunto finito A = { a, b, c }; n(A) = 3
conjunto finito B = { d, e, f, g }; n(B) = 4
n(A  B) = n(A) + n(B) = 3 + 4 = 7

b) conjunto finito A = { 1, 2, 3, 4}; n(A) = 4

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conjunto finito B = {2, 4, 5, 6, 8, 9); n(B) = 6


n(A  B) = n(A) + n(B) – n(A  B) = 4 + 6 – 2 = 8
Nesse caso os conjuntos A e B não são disjuntos, pois têm elementos em comum (2 e
4).

c) Uma urna contém 10 bolas numeradas de 1 a 10. Retira-se uma bola ao acaso e observa-
se o número indicado. Descrever os seguintes conjuntos e dar o número de elementos
de cada um.
a) o espaço amostral Ω
b) O evento A: o número da bola é ímpar
c) O evento B: o número da bola é maior que 6
Solução:
a) Ω = { 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}
O número de elementos desse conjunto é n(Ω) = 10

b) A = { 1, 3, 5, 7, 9)
n(A) = 5

c) B = { 7, 8, 9, 10}
n(B) = 4

Extrações com reposição e sem reposição


Muitas situações práticas podem ser comparadas com extrações sucessivas de bolas de
uma urna (como selecionar peças de uma produção ou indivíduos de uma população).
Essas extrações podem ser realizadas com reposição ou sem reposição:
o com reposição
cada bola retirada é devolvida à urna antes da extração da bola seguinte

o sem reposição
uma bola retirada não é devolvida à urna.

Exemplo:
1. De um baralho de 52 cartas tiram-se sucessivamente, sem reposição, duas cartas.
Determinar:
a) a probabilidade de tirar dama na primeira carta
b) a probabilidade de tirar dama na segunda carta
c) a probabilidade de tirar naipe de ouros na segunda carta

solução
a) número de cartas do baralho na 1a extração: n() = 52
número de damas no baralho na 1a extração: n(Q) = 4
n(Q) 4
P(D1 ) = =
n() 52

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b) número de cartas do baralho na 2a extração: n() = 51


número de damas no baralho na 2a extração: n(Q) = 3
n(Q) 3
P(D2 ) = =
n() 51

c) se a 1a carta retirada foi de ouros: P() = 12/51


se a 1a carta retirada não foi de ouros: P() = 13/51

2. Idem exemplo 1, com reposição


solução
a) número de cartas do baralho na 1a extração: n() = 52
número de damas no baralho na 1a extração: n(Q) = 4
n(Q) 4
P(D1 ) = =
n() 52

b) número de cartas do baralho na 2a extração: n() = 52


número de damas no baralho na 2a extração: n(Q) = 4
n(Q) 4
P(D2 ) = =
n() 52

a) independente da retirada da 1a carta: P(D2 ) = 13/52

8. Leis da Probabilidade
a) Probabilidade de um evento (A) não ocorrer
Se P(A) é a probabilidade do evento A ocorrer, então P(Ā) = 1 – P(A)
Esse evento é o complementar ao evento A . Logo P(A) + P(Ā) = Ω = 1
Exemplo:
Qual a probabilidade de não se pegar um “A” de um baralho de 52 cartas.
P(Ā) = 1 – P(A) = 1 – 4/ 52 = 48 / 52 = 12 / 13

b) Probabilidade de um evento (A) ou outro evento (B) ocorrer


Duas situações podem ocorrer:
 Se dois eventos forem mutuamente exclusivos (A e B não podem ocorrer juntos)

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P(A ou B) = P(A + B) = P(A) + P(B)

 Se dois eventos não forem mutuamente exclusivos (A e B podem ocorrer juntos)

P(A ou B) = P(A  B) = P(A + B) = P(A) + P(B) – P(A  B)

Exemplo
Retirando-se uma carta do baralho, qual a probabilidade
a) que a carta seja de ouros ou de espadas
b) que a carta seja de ouros ou seja um “A”

Solução
a) Uma carta de ouros e uma carta de espadas não podem ocorrer ao mesmo tempo.
Os eventos são, portanto, mutuamente exclusivos
A: retirada de uma carta de ouros
B: retirada de uma carta de espadas
P(A) = 13/52 = 1/ 4
P(B) = 13/52 = 1/ 4
P(A ou B) = P(A) + P(B)
P(A ou B) = 1 / 4 + 1 / 4 = 1 / 2

b) Seja.
A: retirada de uma cartas de ouros
B: retirada de um “A “
P(A) = 13/52
P(B) = 4/52
Existe uma carta no baralho que é tanto um “A “ quanto de ouros. Nesse caso, A e B
não são mutuamente exclusivos
P(A ou B) = P(A) + P(B) – P(A  B)
P(A ou B) = 13/ 52 + 4/ 52 – 1/ 52 = 16/ 52 = 4/ 13

c) Probabilidade de um evento (A) e outro evento (B) ocorrer


Duas situações podem ocorrer:
o Se dois eventos forem independentes (a seleção do evento A não altera a
composição do evento B)
P(A e B) = P(A) * P(B)

o Se dois eventos não forem independentes (a seleção do evento A altera a


composição do evento B )

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P(A e B) = P(A) * P(B|A) , sendo P(BA) a probabilidade de B, dado que A


ocorreu.

Exemplo:
Foram retiradas duas cartas do baralho.
a) qual a probabilidade que saiam duas cartas de ouros?
b) Se a primeira carta de ouros foi devolvida, qual a probabilidade que a segunda seja
também de ouros?

Solução:
Seja A: retirada de uma carta de ouros
Seja B: retirada da segunda carta de ouro
a) A primeira carta de ouros tem P(A) = 13/ 52 = 1/ 4
A segunda carta de ouros tem P(BA) = 12/ 51
Os eventos não são independentes
Então P(A e B) = P(A) * P(BA) = 1/ 4 * 12 /51 = 12/ 204 = 3/ 51

b) A primeira carta de ouros tem P(A) = 13/ 52 = 1/ 4


A segunda carta de ouros tem P(B) = 13/ 52 = 1/ 4
Os eventos são independentes
Então P(A e B) = P(A) * P(B) = 1/ 4 * 1 /4 = 1/ 16

Os diagramas em árvores também podem ser utilizadas no cálculo das


probabilidades:
1/ 4
B segunda carta ➔ 1/ 4 * 1/ 4 = 1/ 16
1/ 4 de ouros
A carta de ouros
3/ 4
segunda carta não
é de ouros
3/ 4
carta não é de
ouros

Contagem por análise combinatória


Nem sempre é possível enumerar o espaço amostral. Nesses caso, devemos usar a análise
combinatória como processo de contagem.

Lembramos que a combinação de r elementos tomados p a p (p  r), calcula-se por

r r!
Cr,p =   =
 p  p!(r − p )!

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Onde r! = r.(r - 1)(r - 2)...1


p! = p.(p – 1)(p – 2)...1
admite-se que 0! = 1

Exemplo: Quantas comissões de 3 pessoas podem-se formar com um grupo de 10


pessoas?

10  10! 10.9.8.7!


C10,3 =   = = = 120
 3  3!(10 − 3)! 3.2.7!

Exemplo: Em um congresso científico existem 15 matemáticos e 12 estatísticos. Qual a


probabilidade de se formar uma comissão de 5 membros, na qual figurem 3 matemáticos e
2 estatísticos?
Solução:
A: comissão de 3 matemáticos e 2 estatísticos
 27 
 =   ➔número de comissões possíveis de 5 elementos
5
15  12 
A =  .  ➔ comissões formadas por 3 matemáticos e 2 estatísticos
 3  2 

15  12 
 . 
P(A) =    
3 2
 27 
 
5

Exemplo: Num lote de 12 peças, 4 são defeituosas; duas peças são retiradas
aleatoriamente. Calcule:
a) A probabilidade de ambas serem defeituosas
b) A probabilidade de ambas não serem defeituosas
c) A probabilidade de ao menos uma ser defeituosa.
Solução:
a) A = (ambas são defeituosas)

 4 4! 4.3.2!
A pode ocorrer   = = = 6 vezes
 2  2!(4 − 2)! 2.2!

12  12! 12.11.10!


S pode ocorrer   = = = 66 vezes
 
2 2!(12 − 2)! 2.10!

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6 1
Logo, P(A) = =
66 11

b) B = (ambas não são defeituosas)

8 8! 8.7.6!
B pode ocorrer   = = = 28 vezes
 2  2!(8 − 2)! 2.6!

12  12! 12.11.10!


S pode ocorrer   = = = 66 vezes
 2  2!(12 − 2)! 2.10!

28 14
Logo, P(B) = =
66 33

c) C = (ao menos uma é defeituosa)


C é o complemento de B, isto é C = B
14 19
P(C ) = 1 – P(B) = 1 - =
33 33

Exemplo: Calcular a probabilidade de se obter exatamente 3 caras e 2 coroas em 5 lances


de uma moeda.
Solução:
A: saída de 3 caras e 2 coroas
 = 25 = 32 ➔ número de possibilidades em 5 moedas ( espaço amostral)
 5
A =   = 10 ➔ número de possibilidades de 3 caras em 5 jogadas
 3

10 5
P(A) = =
32 16

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