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DE LAZER, RECREATIVAS,
EXPRESSIVAS E CRIATIVAS
PROF.A DRA. DANUSA MENEGAT
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do
Nascimento
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Diretoria EAD:
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Primeiramente, deixo uma frase de Novakowski
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios
não vale a pena ser vivida.” PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Cada um de nós tem uma grande Diagramação:
responsabilidade sobre as escolhas que Alan Michel Bariani
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida Thiago Bruno Peraro
acadêmica e profissional, refletindo diretamente
em nossa vida pessoal e em nossas relações Revisão Textual:
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade
é exigente e busca por tecnologia, informação
Fernando Sachetti Bomfim
e conhecimento advindos de profissionais que Marta Yumi Ando
possuam novas habilidades para liderança e Simone Barbosa
sobrevivência no mercado de trabalho.
Produção Audiovisual:
De fato, a tecnologia e a comunicação Adriano Vieira Marques
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, Márcio Alexandre Júnior Lara
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e Osmar da Conceição Calisto
nos proporcionando momentos inesquecíveis.
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade,
Gestão de Produção:
capaz de formar cidadãos integrantes de uma Cristiane Alves
sociedade justa, preparados para o mercado de
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
ESTUDO DAS ATIVIDADES DE LAZER,
RECREATIVAS, EXPRESSIVAS E CRIATIVAS
ATIVIDADES DE LAZER
PROF.A MDRA. DANUSA MENEGAT
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................4
1. LAZER, PARTICIPAÇÃO SOCIAL E TERAPIA OCUPACIONAL.................................................................................5
2. LAZER COMO DIREITO SOCIAL............................................................................................................................... 7
3. AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO PARA ATIVIDADES DE LAZER................................................................................8
4. ANÁLISE DAS ATIVIDADES DE LAZER................................................................................................................... 11
4.1 LAZER E PARTICIPAÇÃO SOCIAL: CRIANÇA E ADOLESCENTE.......................................................................... 11
4.2 LAZER E PARTICIPAÇÃO SOCIAL: IDOSOS.......................................................................................................... 12
4.3 LAZER E PARTICIPAÇÃO SOCIAL: ABORDAGENS COMUNITÁRIAS E TERRITORIAIS EM REABILITAÇÃO DE
PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS................................................................................................................................... 13
5. PROCESSOS PARA GRUPOS................................................................................................................................... 15
6. PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO QUE AFETAM A PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADES................................ 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................20
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
O presente material foi organizado com o objetivo de introduzir você ao conteúdo das
atividades de lazer. Iniciaremos com os conceitos de lazer na perspectiva da terapia ocupacional,
área que visa a avaliar o cotidiano das pessoas, identificar possíveis limitações e oportunidades,
além de buscar estratégias para o desenvolvimento adequado do lazer, tido como relevante à
saúde e à cidadania das pessoas.
Para que o processo de aprendizagem seja exitoso, é necessário que você faça as leituras e
assista aos vídeos propostos ao longo deste material, acerca dos temas abordados.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O uso das atividades pelo terapeuta ocupacional (doravante, TO) objetiva auxiliar o homem
a apropriar-se do seu fazer com satisfação, ou seja, a obter qualidade de vida no desempenho
de suas atividades práticas, em seus diferentes papéis sociais: vida profissional, social, afetiva e
política (MEDEIROS, 2003).
O lazer é pouco reconhecido e compreendido como instrumento de ocupação, e pouco
se valoriza o potencial que ele promove no desenvolvimento pessoal e de inclusão das pessoas
(com deficiência) em ambientes sociais. Assim, oportunizar condições para que o ser humano
manifeste interesses e apresente capacidade de escolha, com autonomia e liberdade, constitui
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
As pesquisas referentes ao lazer tiveram início com os estudos do sociólogo francês Joffre
Dumazedier (1976), o qual define o lazer como um conjunto de ocupações a que o indivíduo
entrega-se livremente de acordo com a própria vontade. Ou seja, é uma participação social
voluntária, com o intuito de repousar, divertir-se, recrear-se ou entreter-se.
De acordo com Parham e Fazio (1997, p. 250), o lazer significa “[...] uma atividade não
obrigatória que é intrinsecamente motivada e realizada durante o tempo livre”. Ele apresenta
variados graus de importância no decorrer da vida adulta, sendo definido como uma atividade
de livre escolha, movida apenas pelo prazer, livre de restrições e com o mínimo de obrigações
sociais. Ainda, os papéis sociais no lazer preenchem as necessidades de pertencimento e de afeto,
além de proporcionarem a sensação de bem-estar (GLANTZ; RICHMAN, 2005).
O lazer oferece às pessoas uma oportunidade para construírem a própria identidade,
obterem reconhecimento e possuírem novas experiências. Daí, percebe-se a importância das
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- Declaração Universal dos Direitos Humanos (Assembleia Geral das Nações Unidas,
a 10 de dezembro de 1948).
“[...] Artigo 24 - Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável
das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas” (ONU, 1948, grifo do autor).
E, ainda, no Título VIII (“Da Ordem Social”), no capítulo VII (“Da Família, da Criança,
do Adolescente, do Jovem e do Idoso”):
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• Material demográfico.
• Informação social.
• Histórico educacional.
• Histórico ocupacional.
• Envolvimento militar.
• Envolvimento com a comunidade e a igreja.
• Rotina diária típica.
• Interesses e hobbies.
• Interesses alimentares.
• Capacidades.
• Componentes sensoriais e motores.
• Componentes cognitivos.
• Componentes psicossociais (GLANTZ; RICHMAN, 2005).
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[...] Art. 20. O idoso tem direito à educação, cultura, esporte, lazer, diversões,
espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.
[...]
Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será
proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento)
nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como
o acesso preferencial aos respectivos locais (BRASIL, 2003, grifo do autor).
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Ainda de acordo com Almeida e Oliver (2001), ações da TO no território devem mudar
de princípio, deixando de lado a concepção de reabilitação voltada à “pessoa com deficiência”
para adotar a concepção de reabilitação voltada à “pessoa com deficiência em seu contexto”.
Essa mudança implica a compreensão de que pessoas com deficiência pertencem a um contexto
sociocultural, em permanente diálogo com direitos e oportunidades para todos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, foi possível conhecer o lazer humano e sua relação com o contexto cultural,
bem como se refletiu acerca das políticas públicas de lazer e participação social.
Na ocupação do lazer, o TO apresenta ferramentas essenciais para a identificação e análise
dos espaços de lazer, considerando os diferentes ciclos de vida.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
ESTUDO DAS ATIVIDADES DE LAZER,
RECREATIVAS, EXPRESSIVAS E CRIATIVAS
ATIVIDADES RECREATIVAS
PROF.A MDRA. DANUSA MENEGAT
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................23
1. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR: ASPECTOS HISTÓRICOS ..................................................................................24
2. O BRINCAR SOB A PERSPECTIVA DA TERAPIA OCUPACIONAL.........................................................................25
2.1 JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA.....................................................................................................................29
2.2 BRINCAR COMO OCUPAÇÃO FUNDAMENTAL DA INFÂNCIA............................................................................29
2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS BRINCADEIRAS.................................................................................................................30
3. O MODELO LÚDICO.................................................................................................................................................. 31
3.1 AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO LÚDICO.......................................................................................................32
3.2 A ENTREVISTA INICIAL COM OS PAIS................................................................................................................33
3.3 IMPACTO DAS DISFUNÇÕES NO BRINCAR........................................................................................................33
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3.4 ANÁLISE DE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS....................................................................................................34
4. ANÁLISE DA ATIVIDADE..........................................................................................................................................35
5. O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR.............................................................................36
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................39
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INTRODUÇÃO
O presente material foi organizado com o objetivo de apresentar você ao conteúdo das
atividades recreativas, especificamente, o brincar. Iniciaremos com os conceitos de brincar
na perspectiva do TO. Passaremos pela introdução aos conceitos de jogos, brinquedos e
brincadeiras. Chegaremos ao conhecimento teórico e experimental das principais técnicas de
análise de atividades relacionadas ao brincar e às fases do desenvolvimento infantil. Avaliaremos
o comportamento lúdico e, de uma forma geral, instrumentalizaremos você para fazer uso de
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No século XX, estudos realizados por Piaget (1975), Freud (1976), Bruner (2001) e
Vygotsky (2000) destacaram a importância do brincar e sua atuação no desenvolvimento e na
aprendizagem da criança. A Figura 1 traz um breve resumo sobre as percepções e classificações
desses estudiosos.
Na TO, o brincar é visto como uma ocupação infantil significativa e fundamental. Ele
é utilizado como recurso para promover o desenvolvimento de habilidades físicas, cognitivas,
emocionais, relacionais e sociais. O brincar surge como uma possibilidade de modificar o
cotidiano, produzindo uma realidade própria e singular para a criança, além de favorecer o
desenvolvimento infantil (KUDO et al., 1997).
É fundamental, portanto, permitir que a criança continue a ser criança e intervir na
ativação de seu potencial lúdico mesmo nas condições mais graves, como no adoecimento.
Nessa condição, a comunicação também se faz fundamental: é preciso conversar com ela sobre o
ambiente, a situação em que se encontra, o que será feito com ela etc. A brincadeira pode ser um
recurso importante para que essa comunicação aconteça. É comum que, na brincadeira, emerjam
sentimentos, angústias, medos e preocupações da criança.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Kudo et al. (1997) pontuam estas áreas específicas a serem consideradas na avaliação
terapêutica ocupacional pediátrica:
• Estágios de desenvolvimento.
• Aspectos sensório-motores.
• Aspectos neuromusculares.
• Integração dos reflexos.
• Percepção sensorial.
• Coordenação motora.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Segundo Ferland (2006), há duas correntes que tratam da utilização do brincar em terapia
ocupacional:
1) Utilização do brincar como instrumento para despertar o interesse da criança em
relação à terapia.
2) Criatividade e imaginação como parte da terapia, possibilitando à criança uma
dimensão amplificada das experiências.
No contexto da terapia ocupacional, o brincar configura-se como “[...] qualquer atividade
espontânea e organizada que proporciona prazer, entretenimento e diversão” (PARHAM; FAZIO,
1997, p. 252). Emmel e Figueiredo (2011) ressaltam que o brincar se distingue de acordo com as
fases do desenvolvimento. Durante a infância, as crianças desenvolvem e aprimoram diversos
aspectos, dentre eles: esquema corporal, lateralidade, coordenação motora global, coordenação
motora fina, orientação espacial, orientação temporal e ritmo.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Para Silva e Pontes (2013), dentre os principais objetivos de se utilizar o brincar, destacam-
se: trabalhar as dificuldades, limitações e potencialidades da criança; favorecer experiências para
o desenvolvimento infantil; alcançar o desenvolvimento mais próximo levando-se em conta a
idade; facilitar o aprendizado (seja na habilitação ou reabilitação); e, é claro, utilizar o brincar
como fim em si mesmo.
O mesmo estudo procurou identificar e caracterizar práticas desenvolvidas por TOs
quanto à utilização do brincar. Os dados do estudo mostraram metodologias e/ou referenciais
teóricos utilizados na atuação profissional: 1) integração sensorial; 2) método Bobath; 3) Piaget; 4)
modelo lúdico; 5) Skinner; 6) Vygotsky e 7) abordagem psicanalítica. O referencial da integração
sensorial foi frequentemente utilizado; nele, parte da intervenção é dirigida pelo terapeuta
ocupacional, que deve preparar o ambiente a fim de propiciar a estimulação das habilidades da
criança. Nessa abordagem, a ação da criança, ao explorar o ambiente e brincar de forma livre
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3. O MODELO LÚDICO
Em 1994, a TO Francine Ferland criou o modelo lúdico para intervenção clínica da terapia
ocupacional. O modelo considera o brincar como atividade própria da criança, e proporcionar
essa vivência é permitir que a criança brinque independentemente das dificuldades que possa
apresentar (uma deficiência física, por exemplo) (FERLAND, 2006).
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A interligação entre atitude, ação e interesse gera o prazer da ação e a capacidade de agir.
O interesse se manifestará durante todo o processo, pois é um elemento imprescindível para o
surgimento e manutenção do prazer na intervenção do modelo lúdico. O modelo se propõe a
buscar o potencial da criança a partir da sua atitude lúdica, preocupando-se com suas capacidades
(atuais e potenciais), bem como com a ausência das capacidades (FERLAND, 2006).
O modelo lúdico se baseia em dois elementos fundamentais: o prazer e a capacidade de
agir da criança. Ele tem por objetivo compreendê-la por meio do seu comportamento de brincar,
seus interesses em geral, suas capacidades e sua atitude lúdica. O processo para a aplicação
acontece a partir da observação do brincar livre da criança, enfocando sua atitude e seu interesse
pelo brincar, não necessitando de qualquer material específico, mas tão somente de brinquedos
interessantes para a faixa etária envolvida (FERLAND, 2006).
É necessário cerca de uma hora para a aplicação da avaliação do comportamento lúdico,
e Ferland (2006) ressalta que o avaliador deve apresentar-se de maneira espontânea, expressando
prazer em relação à ação da criança e ao fato de estar com ela. É fundamental o conhecimento dos
dados clínicos e características motoras e sensoriais de cada criança.
Essa avaliação descreve o aspecto qualitativo e individualizado de cinco dimensões do
comportamento lúdico: interesse geral pelo ambiente humano e sensorial; interesse pelo brincar;
capacidades lúdicas para utilizar os objetos e os espaços; atitude lúdica; comunicação de suas
necessidades e sentimentos. Os elementos observados na avaliação do comportamento lúdico
recebem uma pontuação. Esses escores são complementados por comentários relacionados, que
servirão para conduzir e elaborar os objetivos a serem alcançados na intervenção (FERLAND,
2006).
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Com relação ao brincar da criança com deficiência, Blanche (2002) descreve que o brincar
é um procedimento terapêutico planejado de acordo com os objetivos de tratamento previamente
definidos. Assim, considera três papéis: 1. brincar como ocupação importante da infância,
que promove o contexto fundamental para a aprendizagem e a adaptação (preparação para o
desempenho da vida adulta); 2. brincar como recompensa ou motivação da criança na sessão de
terapia ocupacional, interação com o ambiente e disposição de brinquedos, atividades e jogos
apropriados (utilizados com um direcionamento pelo profissional) para encorajar a participação
ativa da criança; 3. brincar como meio de aquisição de atividades funcionais.
Para Cavalcanti e Galvão (2007), o TO deve utilizar métodos e técnicas de avaliação e de
intervenção capazes de potencializar as oportunidades para que a criança fique motivada para o
brincar e para que isso estimule o desenvolvimento do faz-de-conta.
Os mesmos autores ainda consideram o posicionamento adequado como estratégia
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4. ANÁLISE DA ATIVIDADE
A estimulação deve ser centrada na família, pois é a família que passa a maior
parte do tempo com a criança. O atendimento em terapia dura um tempo menor.
O TO orientará como desempenhar esses recursos, inclusive para a construção de
brinquedos recicláveis.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Takata (1974), que é uma TO, define o brincar como um conjunto complexo de
comportamentos, em um processo dinâmico composto por atitudes e ações particulares. A autora
explica que o brincar interfere no desenvolvimento da criança, tornando-se mais complexo ao longo
do tempo. Segundo essa premissa, é importante conhecer o desenvolvimento neuropsicomotor
para estimular a criança, selecionando brinquedos/brincadeiras em conformidade com a sua
faixa etária.
Ainda de acordo com Takata (1974), o brincar é puramente autotélico, com sensações
e movimentação (bater palmas, imitar pais, derrubar objetos, vivência de novas capacidades
Primeiro mês Atividade reflexa, criança explora partes do seu próprio corpo e objetos.
Ações intencionais. Leva tudo à boca. Interessa-se por: chocalho, bichinhos de borracha;
Quarto mês móbile que, ao ser tocado, produza ação; bola transparente, com água e pequenos objetos
dentro; objetos para a criança levar à boca (atóxicos, não pontiagudos etc.).
Criança começa a observar o efeito de sua conduta no ambiente à sua volta. Nesta fase,
Doze aos dezoito são interessantes os brinquedos que oferecem oportunidade de manipulação realizando
meses alguma proposta, como encaixar argolas, brinquedos com cordão para puxar, cantar,
dançar.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Período
Relaciona tudo ao seu redor com seus sentimentos e ações. Considera que objetos, plan-
pré-operacional
tas ou nuvens também podem ter sentimentos (animismo).
(2 a 7 anos)
Criança começa a argumentar. Está mais hábil e gosta de montar e desmontar, assim
como de desenhar. O grupo de amigos passa a ser importante; estabelece e cobra regras; a
linguagem se amplia, assim como o interesse pela escrita e leitura. Gosta de competições
e de jogar com os amiguinhos.
Sugestões de brinquedos:
Faz-de-conta: casinha com mobília para vários ambientes; miniaturas de cidades, tendas
de feira; miniaturas de fazendas e animais domésticos; bonecos representando profis-
Jogos que desenvolvem a destreza manual: encaixe com rosca manual pequena, com ou
sem ferramenta; brinquedos com botões, zíper, colchetes; carros e trenzinhos desmontá-
veis; jogos de montar com pinos menores; bordados de alinhavo.
Livros e músicas: livros de história com figuras grandes; xilofone, piano e sanfonas pe-
quenos.
Período intuitivo Atividades ao ar livre: triciclo ou bicicleta com rodinhas; bola para jogar com as mãos,
(4 a 7 anos) chutar, cabecear; jogos de argolas; carrinhos para a criança entrar; corda para pular; pa-
tinete; bichos de estimação: peixe, tartarugas, pequenos mamíferos.
Atividades expressivas manuais: lápis de cor grande; tesoura sem ponta; cola e papel
colorido; tintas atóxicas e pincéis grandes; quadro negro e giz; mesa e cadeiras pequenas
Jogos perceptivos: quebra-cabeça; figuras com detalhes e divididas em peças grandes; fi-
guras de corpo humano: partes ou total; relógio e calendários; blocos lógicos/jogos com
sequência lógica; jogos simples de memória; jogos com letras/sequência numérica; jogos
que relacionem números e quantidades; jogos de sorte, com dados e sequência numérica
(loto, banco imobiliário); blocos de construção; material para pintura e desenho; jogos
de dominó; jogos de circuito; jogos de dama.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A noção de tempo é mais objetiva; usa o relógio e calendário; situa passado, presente e
futuro.
Tem maior senso de responsabilidade e pode compreender a consequência dos seus atos.
Gosta de assumir pequenas tarefas e escolhe companheiros por afinidade. É sensível à
crítica e gosta de receber elogios.
Sugestões de brinquedos:
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
ESTUDO DAS ATIVIDADES DE LAZER,
RECREATIVAS, EXPRESSIVAS E CRIATIVAS
ATIVIDADES EXPRESSIVAS
PROF.A MDRA. DANUSA MENEGAT
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................42
1. O CORPO....................................................................................................................................................................43
2. CORPOREIDADE E TERAPIA OCUPACIONAL........................................................................................................44
2.1 IMAGEM E ESQUEMA CORPORAL........................................................................................................................46
2.2 DESENVOLVIMENTO DA IMAGEM E ESQUEMA CORPORAL............................................................................46
3. ESTRUTURA E ESTRUTURAÇÃO DO CORPO.........................................................................................................48
4. TERAPIA OCUPACIONAL E MOVIMENTO HUMANO............................................................................................49
5. LABORATÓRIOS DO CORPO EM TERAPIA OCUPACIONAL.................................................................................50
5.1 CONSCIÊNCIA CORPORAL....................................................................................................................................50
5.2 COMO TRABALHAR COM GRUPOS?.................................................................................................................... 51
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5.2.1 CARACTERÍSTICAS DE UM GRUPO................................................................................................................... 51
6. ABORDAGENS CORPORAIS NA INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL..................................................52
6.1 CALATONIA OU HIPNOSE DAS ARTICULAÇÕES..................................................................................................52
6.2 EUTONIA.................................................................................................................................................................53
6.3 SELF HEALING OU AUTOCURA............................................................................................................................54
6.4 MÉTODO FELDENKRAIS........................................................................................................................................56
6.5 MÉTODO SHANTALA.............................................................................................................................................56
6.6 DANÇA EM TERAPIA OCUPACIONAL...................................................................................................................58
6.7 DANÇAS CIRCULARES / BIODANZA (DANÇA DA VIDA).....................................................................................58
6.8 DANÇA SÊNIOR......................................................................................................................................................59
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................60
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
O presente material foi organizado com o objetivo de aproximar você do conteúdo relativo
às atividades expressivas/corporais. A Unidade 3, especificamente, permitir-lhe-á compreender
o significado do corpo e do movimento, além de lhe instrumentalizar na sistematização do
conhecimento acerca das abordagens corporais utilizadas na terapia ocupacional.
E, como sempre ressaltamos no início de cada unidade, para que o processo de
aprendizagem seja exitoso, é necessário que você faça as leituras e assista aos vídeos propostos ao
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. O CORPO
Antes de ser um fato objetivo, a união entre a alma e o corpo devia ser então
uma possibilidade da própria consciência, colocava-se a questão de saber o que
é o sujeito que percebe se ele deve poder sentir um corpo como seu. Ser uma
consciência, ou antes, ser uma experiência, é comunicar interiormente com o
mundo, como o corpo e com os outros, ser com eles em lugar de estar ao lado
deles (MERLEAU-PONTY, 1999 apud MIRANDA, 2007, p. 17).
O sentido dos gestos não é dado, mas compreendido, quer dizer, retomado
por um ato do espectador. Toda dificuldade é conceber bem esse ato e não
confundi-lo com uma operação do conhecimento. Obtém-se a comunicação
ou a compreensão dos gestos pela reciprocidade entre minhas intenções e os
gestos do outro, entre meus gestos e intenções legíveis na conduta do outro.
Tudo se passa como se a intenção do outro habitasse meu corpo ou como se
minhas intenções habitassem o seu (MERLEAU-PONTY, 1994 apud FURLAN;
BOCCHI, 2003, p. 448).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
De acordo com Silva et al. (2014), é importante propor disciplinas de graduação que
permitam compreender a potência do corpo. Quando nos são oportunizadas experiências
com o corpo para vivenciarmos sensações, toques e contato com o corpo do outro, é possível
exercitarmos a sensibilidade por meio da escuta, reflexões e maneiras de nos relacionarmos com
o mundo.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Por muitas vezes, o desejo por um tipo específico de corpo desvaloriza e coloca o próprio
corpo como desqualificado, principalmente após o aparecimento de uma patologia. Dessa forma,
a clínica da TO deve considerar que o corpo é produto dos contextos históricos e, a partir dessa
concepção, devemos compreender que a TO não é somente um processo de tratar doenças, pois,
a partir do fazer, o ser humano produz novos corpos, interligando atividades, movimentos e
ações corporais (ALMEIDA, 2004).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Para Lacan (1987), o desejo é sempre o desejo do outro. É a mãe que estabelece significado
para o filho que está aos prantos (fome, sono). Lacan (1987) determinou o estágio do espelho ao
considerar que, quando a criança se vê diante do espelho, ela se percebe, sobrevindo a formação
de sua imagem e, consequentemente, de seu esquema corporal.
Psíquico/afetivo. Neurológico.
O corpo é efeito da relação do homem com seu fazer. Todo fazer e toda ocupação
organizam um corpo. Ocorre que o corpo é efeito e sujeito dessa ação e, ao se encontrar em
ação, o sujeito modifica o seu corpo. Para interagirmos com o mundo, necessitamos interpretá-lo,
senti-lo, conhecê-lo, e essa apreensão é realizada a partir da sensopercepção. Ao longo da vida,
cada pessoa recebe diversos estímulos, próprios da vida ocupacional (ALMEIDA, 2004).
Como visto anteriormente, o corpo organiza um esquema corporal e, no decorrer da
vida, vivenciamos muitos esquemas e imagens corporais a partir das modificações dos fazeres,
das ocupações, dos ambientes etc. Duas ocupações estimulam dois corpos de maneira diferente
visto que cada corpo depende de estruturações estimuladas anteriormente e da maneira subjetiva
de sentir e agir no mundo.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Laban (1978) descreve ações básicas que contribuem para a consciência corporal: direções
(frente, trás, laterais e diagonais); níveis (alto, médio e baixo); planos (horizontal e vertical);
sentidos (horário e anti-horário); extensões (pequena, normal e grande); e linhas (reta, angular
e curva).
Frequentemente, no processo de reabilitação, um membro se move em um corpo com
pouca função. Na clínica, observamos pessoas que ganham arco de movimento, mas que não
desenvolvem capacidades práxicas. Por exemplo: abro e fecho a mão de maneira satisfatória,
cinesiologicamente correta, mas, ao segurar um copo de plástico, amasso-o, pois não experimento
fatores de forte, lento e leve. Assim, é importante que o sujeito vivencie diversas dinâmicas
corporais ao longo da terapia (ALMEIDA, 2004).
Uma importante contribuição da terapia ocupacional é permitir que o sujeito transfira
para seu cotidiano as experimentações e as descobertas nas diversas atividades. Almeida (2004)
exemplifica com o caso de um homem que, quando se barbeia, corta o rosto. Essa situação pode
ocorrer quando o fator “peso” na qualidade “leve” está inadequado. Uma possível ação do TO
poderia consistir em atividades de pintura em aquarela para que a prática auxilie na leveza e
na experimentação de outras variações do fator “peso” para, então, transformar essa vivência
corporal em atividade de adequação pessoal.
Dependendo do trabalho que o sujeito realize, o TO pode retardar a sua alta ao perceber
que a necessidade de funcionalidade de determinado membro é necessária para a volta ao trabalho
que exercia antes da terapia, como um marceneiro que necessita de força para desempenhar sua
função (ALMEIDA, 2004).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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Da mesma forma que o espaço, toda atividade requer um ritmo determinado. É possível
utilizar materiais ou atividades que permitem a criação de diversas explorações de movimento
lento, rápido, acelerado ou jogos rítmicos.
- Expressão corporal: o sujeito reconhece seu corpo, movimentos e ações, realizando
dinâmicas variadas (ALMEIDA, 2004).
- Criação corporal: nessa etapa, destacam-se os parâmetros do corpo (famílias da dança),
descritos pela professora Helenita de Sá Earp, introdutora da dança nas universidades brasileiras,
como:
4. Voltas – rolar no chão.
5. Saltos – saltar de uma perna para outra.
6. Quedas e elevações – suspender uma parte do corpo e deixá-la cair em seguida.
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1. Toques nos artelhos: o terapeuta segura sucessivamente cada artelho e próximo à unha
(ainda na falange distal) em forma de pinça (mediano, indicador, anelar e mínimo,
finalizando no hálux). No quinto toque, utilizará a pinça de forma diferente, pois, além
do polegar, usará todos os outros dedos envolvendo a área tocada.
2. Toques nas solas dos pés: dois toques aplicados com as polpas dos dedos (indicador,
médio e anelar) nas solas dos pés do sujeito, abaixo da base dos artelhos e antes da base
do calcanhar.
3. Toque nos tornozelos: terapeuta envolve e sustenta os tornozelos do sujeito em suas
mãos.
4. Toque da “barriga da perna”: terapeuta sustenta a parte inferior da perna do sujeito
sobre seu antebraço.
5. Toque na nuca (região occipital): terapeuta sustenta a cabeça do sujeito, posicionando-a
cuidadosamente sobre suas mãos (unidas em concha).
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6.2 Eutonia
Criada pela alemã Gerda Alexander (1908 - 1994), a eutonia é uma prática corporal
e método de educação somática, que trabalha a ampliação da percepção e da consciência
corporal. A eutonia significa tensão em equilíbrio, tônus harmonioso. O trabalho consiste no
uso da atenção às sensações, promovendo a ampliação da percepção e da consciência corporal.
À medida que a pessoa conhece seu corpo, ela aprenderá a economizar energia e equilibrar as
tensões (ALEXANDER, 1983).
Dentre as características da técnica, destacam-se:
- Tato consciente: trabalho de sensibilização da pele, estimulando os receptores de tato,
tornando mais clara a sensação de contorno e imagem corporal.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, conhecemos diferentes abordagens corporais e suas técnicas, bem como
seu uso como recurso terapêutico. O estudo de métodos e técnicas corporais proporciona
relaxamento e ampliação da consciência corporal, com enfoque em experiências pessoais,
podendo ser inserido no repertório de atividades do TO.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
ESTUDO DAS ATIVIDADES DE LAZER,
RECREATIVAS, EXPRESSIVAS E CRIATIVAS
ATIVIDADES CRIATIVAS
PROF.A MDRA. DANUSA MENEGAT
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................62
1. ATIVIDADES ARTÍSTICAS E TERAPIA OCUPACIONAL..........................................................................................63
1.1 ATIVIDADES, VIDA OCUPACIONAL E PRODUÇÕES CULTURAIS.........................................................................64
1.2 O COTIDIANO NA TERAPIA OCUPACIONAL E OS PROCESSOS CRIATIVOS....................................................64
2. TERAPIA OCUPACIONAL E ARTES – NISE DA SILVEIRA......................................................................................66
3. ARTE COMO EXPERIÊNCIA ESTÉTICA E CRIAÇÃO..............................................................................................72
4. PRÁTICAS ARTÍSTICAS NA TERAPIA OCUPACIONAL..........................................................................................74
5. PSICODRAMA...........................................................................................................................................................77
5.1 MODALIDADES DO PSICODRAMA........................................................................................................................78
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................79
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INTRODUÇÃO
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[...] a arte não é um alvo, mas um atrator caótico, um ponto que é tendencial, sem
ser fixo e sem possibilitar falar em regimes estáveis ou em resultados previsíveis.
Colocar o problema da aprendizagem do ponto de vista da arte é colocá-lo
do ponto de vista da invenção. A arte surge como um modo de exposição do
problema do aprender (KASTRUP, 2001, p. 20).
Liberman (2002) ressalta que, por meio das artes, o sujeito realiza produções que
permitem visibilidade e que, quando observadas como objeto de reflexão, constituem-se como
elemento transformador do cotidiano. Kagan (1987) considera que a arte foi criada para ampliar
a experiência da vida prática do homem, permitindo-lhe, de forma espontânea, organizar uma
experiência de vida de maneira mais efetiva do que a experiência real. A atividade artística é
importante para a sensibilidade humana, porque está relacionada à criação de uma herança
sociocultural e favorece a transmissão de experiências, equilíbrio e bem-estar.
Castro e Silva (2002) descrevem as seguintes como características da atividade artística:
◦◦ Permite conhecer a realidade contida na experiência do sujeito que a transforma, por
meio de sua imaginação.
◦◦ Permite o surgimento da criação sobre o mundo real.
◦◦ O conteúdo artístico desenvolvido pode ser comunicado por meio de diversas
possibilidades de linguagem (verbal, gestual, imagética, sonora, arranjos, composições).
◦◦ A arte educa o homem e proporciona prazer estético.
◦◦ A finalidade da arte é ser um meio de comunicação entre as pessoas (linguagem especial).
◦◦ Por meio da arte (linguagem artística), é possível acessar a sensibilidade, a percepção e a
experiência dos sujeitos, ou seja, configura-se como uma linguagem própria.
◦◦ A arte pode ser considerada como linguagem expressiva, em que os conteúdos expressivos
são articulados por meio de formas, imagens e cores. Pode ocorrer de modo verbal
(linguagens poéticas) ou de modo não verbal (abrange aspectos racionais ou intuitivos,
com presença de narrativas ou de formas não discursivas).
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Jung (1987 apud CASTRO; SILVA, 2002) considera que os símbolos, representados
na linguagem artística, são termos, nomes ou imagens, os quais podem ser familiares na vida
cotidiana e transmitir significado.
Nise era uma estudiosa da teoria do psicanalista suíço Carl Gustav Jung (1875-1961).
Carl desenvolveu teorias para o tratamento da psique humana, relacionadas à concepção do
inconsciente coletivo, ou seja, tendências comuns que possibilitam experiências e interações
entre as pessoas pelo aspecto psíquico. Nesse sentido, o referencial teórico interveio na percepção
do uso da atividade como meio de conhecimento próprio e o encontro com objetos não revelados
no inconsciente (SARTORI, 2018).
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O filme indicado nos permite refletir acerca do modo como o saber psiquiátrico
era operado na década de 1950. Nesse período, eram utilizados métodos e
intervenções cirúrgicas indicadas para tratar ou curar comportamentos agressivos
e agitados. Em contrariedade a esse contexto, o filme destaca o trabalho de Nise
da Silveira, empreendido a partir da relação de afeto com as pessoas internadas,
o que interferiu positivamente nos campos da psiquiatria, artes e terapêutica
ocupacional.
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Gonçalves (2013) analisou a influência da expressão vivenciada por meio das imagens
e sua utilização na prática da TO. O autor utilizou o referencial teórico de Nise da Silveira,
precursora da profissão no Brasil e que apresentou ação revolucionária no campo da psiquiatria
ao utilizar métodos criativos como forma de tratamento. Os temas desenvolvidos para a análise
audiovisual contribuíram para a compreensão dos métodos usados na clínica de Nise da Silveira.
O Quadro 1 traz as influências para a área da TO.
Cotidiano da Instituição
· Lugar significativo/opressor.
· Ateliê de pintura – espaço adequado e inovador (atividades expressivas diversas e ambiente
acolhedor).
· Ambiente hospitalar inadequado (melancolia, clausura e sofrimento).
Terapia Ocupacional
· Atividade realizada específica para cada paciente.
· Trabalho desenvolvido em níveis da ocupação humana.
· Reorganização do cotidiano e do potencial individual por meio da expressão.
· Psique humana – complexidade, imagens arquetípicas (inconsciente coletivo), personalidade e
inconsciente.
Aspectos Relevantes
· Animais – co-terapeutas.
Quadro 1 - Análise audiovisual do filme Nise: o Coração da Loucura. Fonte: Gonçalves (2013).
De acordo com Dewey (2010), a arte pode ser entendida como experiência e, quando
esta não é interrompida, há uma gama de pensamentos e sensações que conduzem a pessoa a
um estado diferente do anterior, conceituado como experiência estética por compor emoções
intensas, dificilmente esquecidas. O autor ressalta que a vivência em grupo chama à experiência
estética, pois permite que a pessoa se movimente e manifeste processos de criação.
“A experiência, na medida em que é experiência, consiste na acentuação da vitalidade,
uma troca ativa e alerta com o mundo; que em seu auge significa uma interpenetração completa
entre o eu e o mundo, os objetos e acontecimentos” (DEWEY, 2010, p. 83). A atividade artística
está associada à criação de desejo (KAPLAN apud DEWEY, 2010, p. 28).
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De acordo com Rui Chamone Jorge, terapeuta ocupacional mineiro (1941-1993), “[...] o
homem deveria conhecer a si mesmo, o mundo e a relação entre si” (CHAMONE, 1990, p. 13).
Para o autor, as ocupações, “[...] antes de serem entendidas como um trabalho qualquer, precisam
ser compreendidas como um modo ativo do paciente intervir no mundo” (CHAMONE, 1990, p.
13).
A TO configura-se como um campo de estudo com base no uso da atividade humana,
utilizada como recursos que permitem a construção e a reconstrução daquilo que é significativo,
possibilitando a consciência para o mundo externo. O uso de recursos terapêuticos permite que o
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• (Re)organização do cotidiano.
• Rompimento com situações de isolamento.
• Expressão do sofrimento (verbal e não verbal).
• Potencialização de capacidades.
• Diminuição do sentimento de incapacidade.
• Validação do sofrimento e de estratégias próprias de enfrentamento.
• Promoção da cidadania.
• Ampliação de repertório.
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• Entre os participantes.
• Com o coordenador.
• Com a atividade.
• Com o setting.
• Com a instituição.
• Com outros profissionais.
Grupo:
Profissionais responsáveis:
Objetivos gerais:
Objetivos específicos:
Método:
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Cada uma destas atividades não é realizada para se obter efeitos específicos, mas
para oferecer uma rede de possibilidades articuladas, aumentando a probabilidade
de que algo de novo se dê neste mundo do mesmo. [...] possibilidade de emergir
de um universo caótico e poder habitar o mundo. Este deveria ser o desejo de
terapeuta: de que outro possa experimentar uma existência criativa. Como? Não
podemos determinar... (LIMA, 1997, p. 46).
5. PSICODRAMA
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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