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CINESIOTERAPIA

PROF. PROF. ALYSSON FERNANDO BRIEL


Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR

Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Diretoria EAD:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Dra. Gisele Caroline
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Novakowski
Primeiramente, deixo uma frase de PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios
não vale a pena ser vivida.” Diagramação:
Alan Michel Bariani
Cada um de nós tem uma grande re- Thiago Bruno Peraro
sponsabilidade sobre as escolhas que fazemos,
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica Revisão Textual:
e profissional, refletindo diretamente em nossa Felipe Veiga da Fonseca
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Luana Ramos Rocha
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente Marta Yumi Ando
e busca por tecnologia, informação e conhec-
imento advindos de profissionais que possuam Produção Audiovisual:
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Adriano Vieira Marques
cia no mercado de trabalho. Eudes Wilter Pitta Paião
Márcio Alexandre Júnior Lara
De fato, a tecnologia e a comunicação Osmar da Conceição Calisto
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e Gestão de Produção:
nos proporcionando momentos inesquecíveis.
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
Aliana de Araújo Camolez
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.

Que esta nova caminhada lhes traga


muita experiência, conhecimento e sucesso.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
CINESIOTERAPIA

INTRODUÇÃO À CINESIOTERAPIA
E AOS EXERCÍCIOS PASSIVOS
PROF. ALYSSON FERNANDO BRIEL

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................................5
1. CINESIOTERAPIA E EXERCÍCIOS PASSIVOS.......................................................................................................6
1.1 CONCEITOS, OBJETIVOS E CONSIDERAÇÕES SOBRE A CINESIOTERAPIA....................................................6
1.2 EFEITOS FISIOLÓGICOS DA MOBILIZAÇÃO E DO EXERCÍCIO TERAPÊUTICO...............................................7
1.3 CONTRAÇÃO MUSCULAR – CLASSIFICANDO SEUS TIPOS ............................................................................8
1.3.1 CONTRAÇÃO OU EXERCÍCIO ISOTÔNICO........................................................................................................9
1.3.2 CONTRAÇÃO OU EXERCÍCIO ISOMÉTRICO....................................................................................................9
1.3.3 CONTRAÇÃO OU EXERCÍCIO ISOCINÉTICO ................................................................................................ 10
1.4 CLASSIFICAÇÃO DOS EXERCÍCIOS QUANTO À CADEIA CINÉTICA ............................................................. 10
1.4.1 EXERCÍCIO EM CADEIA CINÉTICA ABERTA....................................................................................................10

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1.4.2 EXERCÍCIO EM CADEIA CINÉTICA FECHADA.................................................................................................10
1.5 SÍNDROME DA IMOBILIDADE.............................................................................................................................11
1.5.1 ALTERAÇÕES NO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO...................................................................................12
1.5.2 DESORDENS NO SISTEMA RESPIRATÓRIO...................................................................................................12
1.5.3 DESORDENS NO SISTEMA CIRCULATÓRIO...................................................................................................12
1.5.4 DESORDENS NO SISTEMA URINÁRIO............................................................................................................12
1.5.5 DESORDENS NO SISTEMA GASTROINTESTINAL..........................................................................................12
1.6 EXERCÍCIOS PARA AMPLITUDE DE MOVIMENTO PASSIVA...........................................................................13
1.6.1 BASES CONCEITUAIS DO MOVIMENTO ARTICULAR.....................................................................................13
1.6.2 EXERCÍCIOS DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO PASSIVA – SEUS EFEITOS FISIOLÓGICOS, INDICAÇÕES
E CONTRAINDICAÇÕES.............................................................................................................................................15
1.6.3 FUNDAMENTOS PARA EXECUÇÃO DE EXERCÍCIOS DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO ..........................16
1.6.4 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO................................................................................................................................16
1.6.5 MEMBROS SUPERIORES.................................................................................................................................16
1.6.6 MEMBROS INFERIORES..................................................................................................................................17
1.6.7 COLUNA VERTEBRAL........................................................................................................................................18
1.6.8 EXERCÍCIOS DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO AUTOASSISTIDOS............................................................19
1.6.9 MOBILIZAÇÃO PASSIVA CONTÍNUA - MPC...................................................................................................22
1.6.10 MOBILIZAÇÃO E MANIPULAÇÃO ARTICULAR..............................................................................................23
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................26

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INTRODUÇÃO
A cinesioterapia pode ser definida em sua origem como a arte de promover a cura,
utilizando-se dos mais diversos métodos do movimento humano. Originou-se a partir da junção
das palavras gregas: kínesis, movimento, e therapeia, terapia. É o uso do movimento ou exercício
como forma de tratamento, cuja finalidade é manter ou desenvolver o movimento livre para
a sua função, e seus efeitos baseiam-se no desenvolvimento, na melhora, na restauração e na
manutenção da força, da resistência à fadiga, da mobilidade e flexibilidade, do relaxamento e da
coordenação motora. É uma técnica que se baseia nos conhecimentos de anatomia, fisiologia e
biomecânica, a fim de proporcionar ao paciente um melhor e mais eficaz trabalho de prevenção,
cura e reabilitação.
Nesta primeira unidade, o foco é direcionado para conceitos, objetivos e considerações
sobre a cinesioterapia, efeitos fisiológicos da mobilização e do exercício terapêutico e o que
este pode proporcionar ao indivíduo, bem como classificações quanto aos tipos de contrações
(exercício isotônico – concêntrico e excêntrico, exercício isométrico e exercício isocinético),
e a classificação quanto às cadeias cinéticas (cadeia cinética aberta e cadeia cinética fechada).
Na sequência, é feita uma reflexão sobre a síndrome da imobilidade que tanto incapacita o
desempenho das atividades de vida diária (AVD), comprometendo a independência do indivíduo.

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Seus efeitos adversos ocorrem devido ao longo decúbito e provocam influências diretas no
sistema musculoesquelético, na função visceral – sistema respiratório, cardiovascular, urinário
e gastrointestinal.
Por fim, faz-se uma explanação sobre os exercícios terapêuticos de amplitude de
movimento passiva, partindo dos conceitos básicos destes, com embasamento osteocinemático
e artrocinemático até a aplicação das técnicas dessa modalidade de exercícios, com noções
distribuídas regionalmente pelos segmentos corporais.

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1. CINESIOTERAPIA E EXERCÍCIOS PASSIVOS

1.1 Conceitos, Objetivos e Considerações sobre a


Cinesioterapia
A Cinesioterapia, conhecida pelo uso do movimento e/ou exercício terapêutico, é, de
fato, o tratamento do movimento. Na Grécia e na Roma antigas, surgiram os primeiros estudos
sobre sua utilização, porém foi a partir da I Guerra Mundial que acentuadamente houve um
aumento de sua utilização com fins de reabilitação aplicada aos numerosos incapacitados da
época. Visa manter ou desenvolver a movimentação livre para que a função aconteça da forma
mais adequada e natural. Os principais efeitos observados e citados são: aumento e melhora da
resistência e da força muscular (resistência à fadiga), melhora da flexibilidade e mobilidade e,
ainda, da coordenação motora (MAYWORM, 2016).
Conforme Kisner, Colby e Allen (2016), o exercício terapêutico (cinesioterapia) é
uma forma de treinamento planejado de maneira sistemática envolvendo os movimentos do
corpo, a postura e as atividades físicas. Objetiva ao indivíduo formas de recuperar ou prevenir
comprometimentos e também desenvolver e restabelecer a função física, ou ainda potencializá-
la; diminuir e prevenir fatores de risco associados à saúde e ainda melhorar de forma geral a

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saúde, o condicionamento físico e impactar positivamente o seu bem-estar.
Para a indicação da cinesioterapia, que é bastante criteriosa, há a necessidade de avaliação
a fim de traçar objetivos e estratégias, além de reavaliações frequentes, visando à atualização de
acordo com a progressão do paciente e em consequência da necessidade de correções ao programa
inicial até atingir o potencial de recuperação esperado. Para uma boa qualidade de terapia, é
necessária a habilidade de executar julgamentos clínicos de forma adequada, criar soluções para
os problemas que assolam o paciente e executar o conhecimento das relações entre patologia e
fisiopatologia, o nível de comprometimento, quais as limitações e incapacidades no decorrer de
cada fase do processo terapêutico. Para se tomar decisões clínicas, é preciso selecionar, colocar em
prática, modular as intervenções acerca do exercício terapêutico embasado em carências peculiares
a cada paciente. Para tal, a avaliação ampla é o que tornará esse processo viável, juntamente
com a realização de um diagnóstico preciso de cinesiologia funcional e sob pensamentos críticos
realizados com criatividade (O’SULIVAN; SCHMITZ, 2010; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).
Após um bom exame primário, os dados devem ser analisados e correlacionados com
diagnóstico baseado no comprometimento, deve ser elaborado também o prognóstico e, por fim,
inserir um plano de atendimento e, só após esses passos, deve-se dar início a uma intervenção.
Estabelecer um prognóstico exato é algo de difícil execução, sendo o plano de atendimento um
elemento complementar total do prognóstico. Possui relação com os objetivos determinados e
também com os resultados funcionais esperados, que sejam mensuráveis, e ainda com o período
necessário para alcançar a melhora que foi definida, o número e o tempo dos atendimentos e o
pressuposto de plano de alta da terapia ocupacional. Firmar os objetivos relevantes e significativos
requer o comprometimento tanto do paciente e/ou família no propósito tomado desde o primeiro
contato. Pacientes buscam a terapia, a fim de serem capazes de realizar facilmente e de maneira
confortável as atividades funcionais de vida diária que almejam ou precisam realizar (KISNER;
COLBY; ALLEN, 2016).

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1.2 Efeitos Fisiológicos da Mobilização e do Exercício Ter-


apêutico
O processo de cicatrização pode ser melhorado por meio do exercício realizado
apropriadamente e, de maneira oposta, a falta de exercício nas fases iniciais da recuperação
funcional pode culminar em déficits permanentes. A cicatrização adequada é dependente
de condições ideais e estas procedem do equilíbrio entre a proteção contra o estresse e a volta
à função normal o mais rápido possível. Uma nova mobilização tem o poder de restabelecer
as propriedades mecânicas e estruturais de tecidos moles. As forças articulares compressivas,
provocadas pelo movimento, promovem aumento do extrato de colágeno e das glicoproteínas
extracelulares (HOUGLUM, 2015).
Segundo Kisner, Kolby e Allen (2016), define-se exercício passivo como sendo aquele
efetuado por meio de uma força externa, sendo que os músculos efetores do movimento trabalhado
não estão em ação. Esta ação não é fácil de ser praticada, pois se o paciente possuir o movimento
ativo, acaba por auxiliar ou até mesmo resistir ao movimento passivo. A força externa citada pode
ser, por exemplo, administrada pelo terapeuta, por equipamentos ou ainda pelo próprio paciente.
Tem indicação de utilização nos casos em que o indivíduo não é capaz de realizar movimentos
ativos (força grau 0), como numa paralisia muscular, por fraqueza muscular (força grau 1), ou
nos casos de movimento ativo com dor (KENDALL, 2007).

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Conforme Kisner, Kolby e Allen (2016), para mobilização passiva ideal, é preciso considerar
boa posição do terapeuta e do paciente, respeitar a dor, o desenvolvimento de confiança por parte
do paciente e as maneiras possíveis de mobilizar os seguimentos. Os objetivos da mobilização
passiva são: combate às contraturas; manutenção da lisura articular, dos tecidos moles e da
elasticidade muscular; auxílio à circulação sanguínea impedindo a formação de trombos;
mobilização sinovial a fim de nutrir as cartilagens articulares; promover analgesia; minimizar
aderência tecidual e favorecer a cicatrização; manter ou aumentar a amplitude de movimento
articular (ADM); e assegurar a manutenção dos padrões cinestésicos de movimento.
De acordo com Mayworm (2016, p. 15),

O movimento ativo é definido como atividade de mobilidade realizada por


contração muscular efetiva. A mobilidade ativa pode ser limitada pelos mesmos
tecidos não contráteis e contráteis que limitam também a mobilidade passiva.
Encurtamento, rigidez, espasmo ou contraturas limitam a capacidade da
articulação movimentar-se através de sua amplitude total de movimento. O
movimento ativo pode ser realizado contra a gravidade ou em uma posição
com a gravidade minimizada, dependendo da força do indivíduo e dos objetivos
terapêuticos. Os objetivos ou resultados dos movimentos ativos incluem aqueles
associados aos movimentos passivos mais os benefícios da contração muscular.

Em contrapartida, o exercício resistido é descrito como aquele no qual a contração


muscular é feita contra resistência graduável e de maneira progressiva. A utilização de pesos
caracteriza a resistência mais comum, porém usa-se também a resistência manual, hidráulica,
eletromagnética, com molas ou elásticos, entre outras. Possui o objetivo de promover estímulos
que possibilitem a integridade tecidual e as funções do sistema locomotor, além de efeitos que
venham a propiciar a saúde do sistema circulatório e um bom grau de segurança geral. Há duas
maneiras de aplicação da resistência: manual ou mecânica. No exercício com resistência manual,
o terapeuta é quem impõe a resistência contra o movimento realizado pelo paciente e tem a
vantagem de não necessitar de aparelhos para ser realizado, além de haver a possibilidade de
graduar a força para músculos debilitados e que necessitam de resistência mínima.

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Por fim, ainda pode ser de grande utilidade para controle cuidadoso da ADM. Na modalidade
com resistência mecânica, a carga é imposta por equipamentos mecânicos. Esta modalidade é
interessante pela necessidade de carga superior à força que o terapeuta consegue aplicar na forma
manual (HOUGLUM, 2015; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).
Os princípios básicos para a aplicação terapêutica dos exercícios resistidos devem ser
considerados em todas as situações. O terapeuta deve planejar e selecionar adequadamente
exercícios que farão parte do programa de tratamento e, desta forma, evitar movimentos
inadequados para cada situação. A partir da seleção dos exercícios, o terapeuta deverá adaptar as
cargas e as amplitudes de movimento de acordo com as limitações de cada paciente, evoluindo
gradativamente e respeitando os limites do conforto articular (HOUGLUM, 2015).
Para Kisner, Colby e Allen (2016) e Mayworm (2016), no programa de reabilitação, as
modalidades e os tipos de exercícios eleitos dependem de diversos fatores, a saber: a causa e a
extensão dos comprometimentos, as insuficiências da atividade muscular, a fase da cicatrização,
a integridade articular e a capacidade de tolerar compressão e movimentos, as habilidades físicas
e cognitivas gerais do paciente, saber se há equipamentos disponíveis e quais estão disponíveis,
os objetivos do paciente e os resultados funcionais desejados com o programa. Para proceder
à escolha dos tipos específicos de exercícios para o programa de reabilitação do paciente, o
terapeuta deve considerar as seguintes questões:

- Qual o tipo e tamanho do déficit no desempenho da musculatura?

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- O que levar em conta para a escolha do treinamento: a patologia de base ou a fase de
cicatrização?
- Quais os objetivos e resultados funcionais previstos?
- Quais exercícios são mais harmonizáveis com os objetivos propostos?
- Qual seria a modalidade de fortalecimento mais efetiva?
- Existem limitações relacionadas ao paciente? É contraindicada a utilização de peso?
Existe hipomobilidade articular? Existe alguma limitação na mobilidade articular?
- Existem comprometimentos de ordem cardíaca ou respiratória?
- Busca-se realizar estes exercícios de maneira independente?
- Quais são os tipos de equipamentos que estarão à disposição do terapeuta?

1.3 Contração Muscular – Classificando seus Tipos


É importante mencionar que, a partir de um estímulo nervoso, o músculo gera uma
contração que pode ser classificada de duas maneiras: isotônica ou isométrica (KISNER; COLBY;
ALLEN, 2016).

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1.3.1 Contração ou exercício isotônico

Nesta modalidade de contração, a força gerada pelo músculo é superior à proporcionada


pela força de gravidade e à resistência dos segmentos esqueléticos nos músculos aos quais está
unido, o que provoca a contração do músculo e a sua consequente aproximação ao segmento
esquelético que movimenta. Ocorre quando há, associada a uma contração muscular, uma
alteração em seu comprimento. Esta contração pode ser: concêntrica: quando há, durante a
contração, uma diminuição no comprimento muscular com aproximação das peças ósseas por
ele unidas; e excêntrica: quando há, durante a contração, um aumento no comprimento muscular
com afastamento das peças ósseas por ele unidas (Figura 1). Esta modalidade, em relação à
concêntrica, proporciona aumento da capacidade produtora de força, aumento da eficiência,
aumento da pressão arterial e maior risco de microtraumas (O’SULIVAN; SCHMITZ, 2010;
KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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Figura 1 – Tipos de contração muscular. Fonte: Mayworm (2016).

1.3.2 Contração ou exercício isométrico


Esta modalidade de contração ou de exercício consiste em: um músculo se contrair e
produzir força, porém não ocorre uma mudança apreciável no seu comprimento e não ocorre
movimento articular visível (Figura 2) (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

Figura 2 – Contração ou exercício isométrico – músculos abdominais. Fonte: Mayworm (2016).

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1.3.3 Contração ou exercício isocinético


Ocorre quando um ou mais músculos se encurtam contra uma resistência cooperante e
igualada com a força produzida pelo(s) músculo(s) e requerem uma velocidade constante durante
toda a amplitude do movimento (Figura 3). Quanto mais lenta for a velocidade do movimento
isocinético, maior será o ganho em força e resistência. Estes exercícios devem ser iniciados com
um mínimo de resistência ao movimento e ir progredindo de maneira gradativa. Contribuem
para a coordenação motora, flexibilidade e força (O’SULIVAN; SCHMITZ, 2010; HOUGLUM,
2015; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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Figura 3 – Modalidade de exercício isocinético aplicada ao membro inferior. Fonte: Mayworm (2016).

1.4 Classificação dos Exercícios quanto à Cadeia Cinética


1.4.1 Exercício em cadeia cinética aberta
É o tipo de exercício em que a extremidade distal se move livremente no espaço (Figura
4). O segmento parte do corpo distal e move-se em torno do proximal (LEHMKUHL; SMITH,
2014).

1.4.2 Exercício em cadeia cinética fechada


É o tipo de exercício em que a extremidade distal permanece fixa. O segmento, ou parte do
corpo proximal, move-se em relação à extremidade fixa. Os exercícios em cadeia cinética fechada
podem ser mais funcionais segundo crenças contemporâneas, pois promovem a descarga de peso
nas diferentes estruturas; estimulam os receptores sensoriais mecânicos; excitam a co-contração
e melhoram a proteção articular. Nota: se for alterada a cadeia cinética de um movimento, é
possível que se alterem a dinâmica articular e o recrutamento muscular (LEHMKUHL; SMITH,
2014; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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Figura 4 – Exercícios em cadeia cinética aberta e fechada. Fonte: Mayworm (2016).

1.5 Síndrome da Imobilidade

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A perda da capacidade de realizar movimentos de forma automática a fim de realizar
atividades de vida diária (AVD) é definida como imobilidade e ocorre devido à diminuição das
funções motoras, comprometendo a independência do indivíduo, resultando em incapacidade
ou fragilidade. Um exemplo disso é o caso do indivíduo acamado por mais de 15 dias ou em
seguimento imobilizado por longo período. A imobilização pós-lesão é, por vezes, necessária
para proteger a região e permitir que o processo de cura ocorra sem impedimentos; por outro
lado, também pode ser prejudicial (HOUGLUM, 2015).
A síndrome da imobilidade no leito é melhor entendida a partir dos conhecimentos de
biomecânica. O ser humano é móvel, composto por músculo esquelético, que representa 40%
da composição corpórea, além de ser dependente da atividade física para que possa ocorrer a
manutenção do sistema musculoesquelético e para que ocorra melhor função dos órgãos internos.
É sabido, por exemplo, que a reabsorção óssea ocorre através dos estímulos de pressão e de tração
que esse segmento recebe ao longo do dia durante a locomoção e com as pressões exercidas nas
estruturas. Outros exemplos da falta de atividade física são insuficiência cardíaca, deterioração
articular, condições tromboembólicas, estase gastrointestinal e estase urinária (MAYWORM,
2016).
As alterações patofisiológicas decorrentes do longo decúbito evoluem rapidamente. Muitas
das desordens são reversíveis, porém, quanto maior for o tempo de imobilização, mais difícil será a
sua recuperação e reabilitação. O sistema musculoesquelético revela as manifestações mais óbvias
da imobilização, como a fraqueza e a atrofia por desuso. Por conta da imobilização, ocorre de 1
a 2% de perda da força muscular por dia, podendo progredir para 40% quando os períodos são
mais longos. Os grupos musculares que se atrofiam mais rapidamente são: quadríceps, flexores
plantares e extensores da coluna. Observam-se também alterações bioquímicas, ocasionando o
aumento de ácido lático nos músculos. A formação de contratura é uma das consequências mais
comuns na imobilização (HOUGLUM, 2015; MAYWORM, 2016).
Mayworm (2016) lista a seguir os efeitos adversos da imobilidade:

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1.5.1 Alterações no sistema musculoesquelético


Hipotrofia, atrofia e descondicionamento muscular, contraturas, osteoporose e
osteopenia, deterioração articular, ossificação heterotópica (presença de tecido ósseo em locais
onde normalmente não existe osso), osteomielite e deformidades; nestes casos, é importante a
introdução de um programa de cinesioterapia motora, que pode ser iniciado com a utilização, se
possível, da cinesioterapia livre ou assistida e da isometria. Caso o paciente não seja devidamente
colaborativo, opta-se pela cinesioterapia de forma passiva. É importante promover um
programa de exercícios de alongamento mantido, focado tanto nos tecidos conectivos quanto
no alongamento das fibras musculares. Além disso, é importante que se promova o ortostatismo
precoce (se necessário, usar prancha ortostática). A massoterapia é fundamental para liberar as
aderências e os pontos de tensão.

1.5.2 Desordens no sistema respiratório


Pode ocorrer diminuição da dinâmica respiratória e, consequentemente, a perda de força
da musculatura da ventilação, diminuindo volumes e capacidades pulmonares, estagnação de
muco nas áreas menos ventiladas, facilitando a instalação de infecções pulmonares, atelectasias,
dificuldade para tossir e até mesmo a broncoaspiração.

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1.5.3 Desordens no sistema circulatório
Pode haver a instalação de insuficiência cardiovascular, diminuição da massa
muscular cardíaca, alteração no volume de distribuição dos fluidos corporais, diminuição do
condicionamento cardíaco, queda abrupta da pressão arterial quando a pessoa passa para a
postura em pé ou quando realiza um alongamento como inclinar-se para trás, trombose venosa
profunda e tromboembolismo pulmonar.

1.5.4 Desordens no sistema urinário


Pode ocorrer incapacidade de eliminar a urina, cálculo renal, infecções, bexiga neurogênica
e incontinência.

1.5.5 Desordens no sistema gastrointestinal


Pode ocorrer a diminuição de apetite, incontinência fecal, fecaloma, constipação e
obstrução. A prática de mobilização prévia pode diminuir a incidência de tromboembolismo e
de trombose venosa profunda e pode viabilizar a melhora da oxigenação e da nutrição dos órgãos
internos. Realizar movimentação ativa quando possível, a mobilização passiva, a massoterapia,
padrões ventilatórios e uso de incentivadores inspiratórios são as principais formas de prevenir
as alterações nos sistemas orgânicos viscerais.
Psicologicamente falando, a imobilidade prolongada pode provocar ansiedade, depressão,
insônia, agitação, irritabilidade, desorientação no tempo e no espaço, diminuição da concentração
e diminuição da tolerância à dor.

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Alguns cuidados fundamentais com o indivíduo acamado devem fazer parte do programa
da equipe multiprofissional juntamente com a participação da família. Por exemplo: estimular
a mobilidade; evitar restrição ao leito; realizar toques firmes e delicados; diminuir a dor e o
desconforto; fazer as trocas posturais constantes; promover posições adequadas e fazer uso de
coxins; não alimentar o indivíduo acamado deitado nem com extensão ou rotação cervical; em
caso de engasgo, sentar o paciente e evitar alimentos muito líquidos, dar preferência aos pastosos
(o profissional fonoaudiólogo é o mais apto para este quesito); evitar posições articulares em
flexão; promover constantes mobilizações articulares; trocar constantemente as fraldas; manter
hidratação da pele e evitar que ela fique úmida; deixar esticados os lençóis e sem restos alimentares;
evitar fricções durante as transferências e manter a hidratação.

1.6 Exercícios para Amplitude de Movimento Passiva


A amplitude de movimento pode ser ampliada mediante a realização de mobilização
articular. Com a movimentação aplicada em torno das articulações, seja ela passiva, ativa assistida
ou ativa, será produzida uma carga que atuará nos tecidos moles, e esta poderá manter a integridade
dos tecidos moles, tais como: tendão, ligamento, fixações ósseas, cartilagens articulares, bem
como os músculos envolvidos. Os movimentos passivos podem ser usados nos momentos em
que os movimentos ativos poderiam romper o processo de cicatrização, ou quando o paciente
é incapaz de se movimentar ativamente (comprometimento físico e/ou cognitivo), ou quando

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existe dor durante o movimento ativo. Os objetivos envolvidos na prescrição da amplitude de
movimento passiva dependem do estado do paciente e das circunstâncias relacionadas a cada
caso. No meio terapêutico, a amplitude de movimento passiva é usada com frequência a fim de
se evitar os efeitos deletérios da imobilização após uma lesão ou cirurgia. Prevenir contraturas
articulares e rigidez dos tecidos moles ou ainda encurtamento adaptativo, manter normalidade
dos movimentos entre as camadas de tecidos moles, promover analgesia e o aprimoramento
da dinâmica vascular, bem como da difusão sinovial, configuram os objetivos da amplitude de
movimento passiva (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

1.6.1 Bases conceituais do movimento articular


Osteocinemática – refere-se aos movimentos que ocorrem nos ossos, como flexão e
extensão, por exemplo. São os movimentos angulares dos ossos e são descritos nos três planos
de referência anatômica: flexão e extensão no plano sagital, abdução e adução no plano frontal e
rotação medial e lateral no plano transverso. Podemos dizer que são os movimentos fisiológicos
ou clássicos da diáfise óssea (LEHMKUHL; SMITH, 2014).
Artrocinemática – diz respeito aos movimentos articulares propriamente ditos, como a
rotação, o rolamento, o giro, a compressão e a tração, movimentos estes que ocorrem dentro da
articulação. Podemos dizer que são os movimentos acessórios que acontecem entre as superfícies
articulares simultaneamente aos movimentos fisiológicos (HOUGLUM, 2015).
A Figura 5 mostra setas com a direção dos movimentos osteocinemáticos, enquanto os
movimentos artrocinemáticos ocorrem conjuntamente.

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Figura 5 – Movimentos osteocinemáticos e artrocinemáticos. Fonte: Mayworm (2016).

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Como os exercícios de mobilização, somados aos conceitos de artrocinemáti-
ca, podem promover alívio da dor? Levando em consideração o movimento ar-
trocinemático de tração sendo mantido passivamente pelo terapeuta durante a
execução de um movimento osteocinemático (por exemplo: flexão do punho), ob-
tém-se uma decoaptação (separação articular) ou ganho de espaço intra-articular
que irá favorecer uma mobilização mais fluida, com diminuição da pressão dentro
da articulação, ganho de ADM e consequentemente alívio da dor. Esta manobra
também favorece uma adequação em nível de receptores neuromusculares, facil-
itando, assim, uma diminuição tensional dos músculos relacionados à articulação
trabalhada e, dessa forma, também contribui para a diminuição da dor.

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1.6.2 Exercícios de amplitude de movimento passiva – seus efeitos


fisiológicos, indicações e contraindicações
As degenerações das cartilagens articulares, a formação das aderências, as contraturas e a
má circulação são complicações que podem se instalar por conta da imobilização. Os exercícios
de amplitude de movimento passiva (ADM) têm como meta principal diminuir as complicações
citadas e, para tal, objetiva-se a manutenção da mobilidade articular e dos tecidos conjuntivos, a
diminuição dos efeitos da formação das contraturas, a manutenção da elasticidade dos músculos,
a melhora da circulação e da dinâmica vascular, a mobilização do líquido sinovial para melhor
nutrição da cartilagem e espalhamento de substâncias dentro da articulação, a analgesia, acelerar
a cicatrização após lesão ou cirurgia e a manutenção da percepção dos movimentos por parte do
paciente.
A ADM passiva também pode ser utilizada quando o terapeuta examina estruturas
inertes, procurando determinar limitações de movimento, estabilidade articular e elasticidade
dos músculos ou outros tecidos moles. Ela também é utilizada para demonstrar movimentos
desejados quando o terapeuta ensina um programa de exercícios ativos como, por exemplo:
exercícios a serem realizados em casa entre uma sessão e outra (HOUGLUM, 2015; KISNER;
COLBY; ALLEN, 2016).

Indicações para o uso de exercícios de ADM passiva:

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Esses exercícios são indicados em regiões com processos inflamatórios, mas sem a
presença de edema articular; quando o paciente não possui capacidade ou não está autorizado
a fazer o movimento ativo (comatoso, paralisado ou em repouso absoluto); nos casos de
diminuição da mobilidade das articulações, causada por processos degenerativos como traumas,
microtraumas de repetição; artrite reumatoide, imobilização, em casos de dor e espasmo
muscular, hábitos posturais ruins, desuso e idade avançada. Os movimentos artrocinemáticos
são amplamente utilizados no tratamento das disfunções articulares. São importantes para
restaurar a biomecânica articular e para promover bons efeitos fisiológicos no tecido articular e
nas estruturas periarticulares (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

Contraindicações relativas e cuidados:


Esses exercícios são contraindicados na hipermobilidade; em casos de dor acentuada,
tanto articular como muscular; logo após rupturas teciduais, fraturas e/ou cirurgias; quando for
prejudicial ao processo de cicatrização; derrame articular (cápsula distendida), situação esta que
provoca dor devido à estimulação dos nociceptores, um alongamento ou mobilização articular,
que irá provocar uma maior distensibilidade, acentuando a dor. Porém, movimentos delicados
oscilatórios podem, em alguns casos, auxiliar na diminuição da dor e do edema articular em
função de promover melhora do fluxo de líquido e por manter a mobilidade já existente da
articulação lesionada. Deve-se ter precauções com doenças ósseas detectadas no RX, fraturas não
consolidadas, tecido conectivo recém-formado (processos cirúrgicos), artrite reumatoide e com
idosos (devido ao enfraquecimento do tecido mole). É importante lembrar que a ADM passiva
não serve para prevenir atrofia muscular; aumentar a força ou resistência à fadiga e não auxilia a
circulação na mesma extensão de ativação que a contração muscular voluntária (MAYWORM,
2016).

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1.6.3 Fundamentos para execução de exercícios de amplitude de


movimento
É imprescindível a realização da avaliação dos comprometimentos e da capacidade funcional
do paciente, a fim de demarcar as precauções, elucidar o prognóstico e firmar o planejamento
direcionado à intervenção. Em seguida, o terapeuta deve elucidar quais são as habilidades do
paciente para realizar os exercícios de amplitude de movimento e se estes serão eficazes no primeiro
momento. Neste ponto é que o terapeuta irá definir o uso de exercícios passivos, ativos ou ativo-
assistidos. Ainda é importante estabelecer o volume de repetições a serem aplicadas com atenção
à segurança mediante avaliação das condições dos tecidos trabalhados e da saúde em geral. Por
fim, devem ser definidas quais técnicas de exercícios serão empregadas, lembrando que podem ser
utilizados movimentos artrocinemáticos, osteocinemáticos, alongamento muscular, movimentos
em padrões diagonais e simulando movimentação funcional relacionada ao ocupacional, lazer
ou, simplesmente, movimentos de uso diário (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

1.6.4 Técnicas de aplicação


Para a aplicação das técnicas de exercícios de ADM, considerar os movimentos
osteocinemáticos (sempre que possível, associar aos movimentos artrocinemáticos), que podem

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ser introduzidos em praticamente todos os segmentos articulares. Segue a relação dos segmentos
e das regiões articulares iniciando em membros superiores, membros inferiores e, por fim, na
coluna vertebral (LEHMKUHL; SMITH, 2014; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

1.6.5 Membros superiores


Trabalhar os movimentos escapulares de rotação superior e rotação inferior, prostração
e retração, elevação e depressão. Para o complexo do ombro, trabalhar os movimentos de flexão
e extensão, abdução e adução, rotação medial e lateral (Figura 6); abdução horizontal e adução
horizontal. Em cotovelo, trabalhar a flexo-extensão, nos antebraços, dar ênfase à pronação e
supinação e, nos punhos, trabalhar os movimentos de flexo-extensão, desvio radial e desvio ulnar,
bem como os movimentos de flexo-extensão dos dedos (LEHMKUHL; SMITH, 2014).

Figura 6 – Rotações do ombro – medial e lateral na modalidade passiva. Fonte: Mayworm (2016).

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1.6.6 Membros inferiores


Trabalhar os movimentos do quadril, como a flexo-extensão, adução e abdução, rotação
medial e lateral (Figura 7); flexo-extensão combinada de quadril e joelho. Para joelhos, trabalhar
a flexo-extensão (Figura 8). Nos tornozelos e nos pés, trabalhar a flexão dorsal e a flexão plantar,
a inversão e a eversão, a flexo-extensão de dedos, a abdução e a adução dos dedos (LEHMKUHL;
SMITH, 2014).

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Figura 7 – Flexão do joelho na modalidade passiva. Fonte: Mayworm (2016).

Figura 8 – Rotação de quadril com joelho flexionado em 90°. Fonte: Kisner, Colby e Allen (2016).

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1.6.7 Coluna vertebral


Na coluna cervical, trabalhar a flexo-extensão, a hiperextensão, a flexão lateral ou
inclinação lateral direita e esquerda, a rotação direita e esquerda (Figura 9) (LEHMKUHL;
SMITH, 2014).

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Figura 9 – Rotação lateral da coluna cervical. Fonte: Mayworm (2016).

Na coluna lombar, trabalhar os movimentos de flexo-extensão e de rotação direita e


esquerda (Figura 10) (LEHMKUHL; SMITH, 2014).

Figura 10 – Flexão da coluna lombar. Fonte: Mayworm (2016).

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1.6.8 Exercícios de amplitude de movimento autoassistidos


Assim que o paciente for capaz de compreender e aprender o que fazer, deverá ser envolvido
nos seus cuidados pessoais. O paciente pode aprender a movimentar o seguimento afetado e ser
orientado sobre a importância de realizar movimentos padronizados e com segurança, mesmo
com fraqueza ou paralisia. Os exercícios de amplitude de movimento na modalidade autoassistida
são usados a fim de proteger os tecidos em cicatrização, após uma cirurgia ou lesão traumática,
por exemplo. Muitos tipos de dispositivos acessórios podem ser utilizados, assim como o uso do
membro não comprometido, para alcançar os objetivos e as metas para amplitude de movimento
passiva ou autoassistida. Os exercícios de ADM autoassistidos podem ser executados de forma
manual ou com equipamentos, tais como: bastão, escada de dedos, polias, prancha com rodas,
dispositivos para exercícios recíprocos (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).
Algumas orientações para o ensino de exercícios de amplitude de movimento autoassistidos
são importantes, tais como: orientar o paciente sobre a importância do movimento; ensinar ao
paciente alinhamentos e estabilizações corporais corretas; observar o desempenho do paciente
e corrigir movimentos compensatórios ou perigosos; para o uso de equipamentos, certifique-se
de ter eliminado todos os riscos para que a aplicação seja segura; fornecer ilustrações e diretrizes
claras sobre o número de repetições e frequência. Enfim, é importante revisar os exercícios em
uma sessão de acompanhamento. É possível modificar ou progredir o programa de exercícios
com base na resposta do paciente e no plano de tratamento para alcançar as metas desejadas

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 1
(MAYWORM, 2016).

Exercício com bastão:


Nos casos em que o paciente possui controle muscular voluntário em um membro
superior, porém precisa de condução ou motivação para completar a amplitude de movimento
de ombro ou cotovelo, um bastão (vara de cortina, cano de PVC, bengala) pode ser usado para
assistência (Figura 11) (HOUGLUM, 2015).

Escada de dedos:
O exercício de escalar a parede com os dedos, visando ao movimento do ombro (ou usar
um dispositivo como a escada de dedos), pode dar ao paciente um reforço objetivo e, desse modo,
motivação para realizar exercícios de amplitude de movimento de ombro. O membro superior
pode ser trabalhado tanto em flexão quanto em abdução (Figura 12) (MAYWORM, 2016).

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Figura 12 – Escada de dedos. Fonte: Mayworm (2016).

Sistema de polias elevadas:


Com a realização de exercícios e orientações corretas, os sistemas de polias (Figura 13)
podem ser usados de maneira efetiva para ganho de amplitude de movimento em um membro
com comprometimento funcional. Tem sido comprovado que, com a utilização do sistema de
polias, ocorre uma atividade muscular significativamente maior que a amplitude de movimento

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 1
assistida pelo fisioterapeuta e por aparelhos de mobilização passiva contínua. Configura-se como
uma forma de assistência que deve ser usada apenas quando a atividade muscular for desejada
(HOUGLUM, 2015; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

Figura 13 – Sistema de polias para exercícios autoassistidos. Fonte: Mayworm (2016).

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O sistema de polias, também conhecido como suspensoterapia, é muito utilizado


na técnica chamada PediaSuit, em que o terapeuta utiliza uma gaiola de metal
toda quadriculada com proporções de dois metros de largura, profundidade e altu-
ra e, nesta, dispõe de equipamentos: primeiramente uma vestimenta ortopédica
macia e dinâmica, que consiste em chapéu, colete, calção, joelheiras e calçadores
adaptados que são interligados por bandas elásticas. Além dessa vestimenta, a
gaiola comporta cordas, roldanas/polias, ganchos de metal, cintos e uma varie-
dade de itens empregados nessa modalidade de terapia, que é tida como intensiva
por conta da duração e extensão do protocolo PediaSuit. Essa técnica é indicada
para casos de sequelas de paralisia cerebral, síndrome de Down, autismo e várias
outras com disfunções e atraso do desenvolvimento neuromotor.

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Para mais informações sobre o Método PediaSuit, acessar: PediaSuit Brasil. Dis-
ponível em: <https://www.pediasuitbrasil.com.br/index.php/pt-br/o-que-e-o-
pediasuit>.

Um resultado emocionante envolvendo a utilização do PediaSuit pode ser visto no


vídeo: Pediasuit e Linha Evolvik de Vestes - Resultados mais Rápidos. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?time_continue=12&v=7RmrUDZLf3I>.

Pranchas deslizantes (skates):


Encorajar o movimento é fundamental para sua efetiva execução e o uso de superfície lisa
é um bom incentivador para tal, já que, sem a resistência da gravidade ou atrito, o movimento
pode ser facilitado. Dentro da possibilidade, uma prancha com rodas pode ser usada para
estimular e até auxiliar o movimento. Usar talco ou óleo em uma superfície pode ser uma forma
de incremento para que o movimento se processe por deslizamento (MAYWORM, 2016).

Equipamentos para exercícios recíprocos:


Pensando nos movimentos de flexão e extensão, várias são as possibilidades de
incentivadores ou dispositivos específicos como, por exemplo, bicicletas e ergômetros de membro
superior e inferior, que podem ser usados para fornecer tais movimentos aos membros, além de
encorajar o movimento e aumentar a amplitude de movimento (Figura 14). Para pacientes em
leito, há a possibilidade do uso de dispositivos móveis que podem ser fixados no leito ou em
cadeira de rodas ou ainda em cadeira comum (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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Figura 14 – Exercício de amplitude de movimento com uso de ciclo ergômetro. Fonte: Mayworm (2016).

1.6.9 Mobilização passiva contínua - MPC

Nesta modalidade de mobilização, o movimento passivo é realizado por um equipamento


mecânico que, de fato, movimenta uma articulação e esse movimento acontece de forma lenta e
contínua ao longo de uma amplitude de movimento controlada. A modalidade MPC (Figura 15)
é aplicada em diversas articulações, tanto dos membros superiores quanto dos inferiores e falando

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especificamente da aplicabilidade na articulação do joelho, seus benefícios já foram evidenciados
no pós-operatório de artroplastia total do joelho, em fraturas de patela, em fraturas de platô tibial
e nas reconstruções dos ligamentos do joelho (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).
Segundo Stefanutto et al. (2011 apud MAYWORM, 2016, p. 43),

Tem-se relatado que a MPC é eficaz para amenizar os efeitos negativos da


imobilização articular em condições como artrite, contraturas e fraturas intra-
articulares, bem como para melhorar a velocidade de recuperação e manutenção
da ADM após uma variedade de procedimentos cirúrgicos.

Figura 15 – Mobilização Passiva Contínua. Fonte: Mayworm (2016).

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1.6.10 Mobilização e manipulação articular


A terapia manual utiliza técnicas de mobilização articular e manipulação articular a fim
de controlar ou diminuir a dor e tratar as disfunções articulares que limitam a amplitude de
movimento, interpelando de maneira específica as alterações na mecânica articular. As alterações
da mecânica articular podem ocorrer em razão de dor, mecanismos de defesa muscular, derrame
articular, contraturas ou aderências nas cápsulas articulares ou ligamento de suporte, ou, ainda,
desalinhamento das superfícies ósseas (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).
Para realizar o estudo dos movimentos dos componentes ósseos e articulares, é preciso
tomar nota sobre o enfoque terapêutico de Kaltenborn, que se baseou nos princípios da
osteocinemática e na artrocinemática e passou a distinguir três principais movimentos do jogo
articular:
1°) O movimento de tração – que se configura como um movimento passivo translatório
com o qual, por meio de um estiramento, se produz a separação dos ossos, e o sentido desse
movimento é perpendicular ao plano de tratamento.
2°) A compressão – que consiste em um procedimento oposto ao citado anteriormente.
Deve ser realizada de modo perpendicular ao plano de tratamento e, por meio dele, se faz a
compressão das superfícies articulares. Se ocorrer dor durante a realização desse procedimento,
tem-se a indicação de lesão articular.
3°) O movimento de deslizamento – que constitui um movimento passivo translatório

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e retilíneo de um osso e, em consequência, ocorre a produção de um deslizamento também
retilíneo entre as faces articulares. A direção do movimento é paralela ao plano de tratamento (e
não à superfície articular). Esse procedimento é realizado para um teste de mobilidade passiva da
articulação e também como técnica de mobilização.
O tratamento por meio de mobilização e de manipulação consiste em uma série de
aplicações, recomendações e precauções, assim como utiliza-se de uma série de dispositivos,
como, por exemplo, camas especiais, cinturões, cintas, pesos, bolsas com areia, entre outros
instrumentos, que são muito úteis para uma correta aplicação das técnicas. Esses dispositivos,
muito comuns hoje em dia, no uso de cada terapeuta manual, permitem assegurar uma correta
aplicação, mas também permitem ao terapeuta adaptar as posições eficientes e seguras ao realizar
os tratamentos. Kaltenborn foi um dos pioneiros no seu desenho e na sua elaboração.
Segundo Mayworm (2016), no tratamento de uma articulação hipomóvel, aplicam-
se as técnicas de deslizamento com movimentos que devem seguir na direção de restrição do
deslizamento. É fundamental e básico determinar qual é essa direção. Com essa finalidade,
Kaltenborn aplica duas provas:
1ª) Teste de deslizamento (também chamado de método direto) – os movimentos
translatórios passivos devem ser realizados em todas as direções do movimento articular a fim
de determinar diretamente qual destes está restrito. Cada articulação tem seu procedimento
específico (rever cinesiologia articular).
2ª) Regra convexo-côncava (chamada de método indireto) – usada para determinar a
direção do deslizamento restrito. A regra geral consiste em mobilizar o osso com a superfície
articular convexa na direção oposta à direção de restrição ou mobilizar o osso com a superfície
articular côncava na mesma direção de restrição (PILAT, 2019).

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Para mais informações sobre a Técnica de Kaltenborn, acessar: CONMOV - Mov-


imentos conscientes. Disponível em: <https://colunasemdor.com.br/fisioterapia/
tecnica_de_kaltenborn.html>.

Em uma outra ótica terapêutica, temos o Método Maitland, que foi desenvolvido pelo
fisioterapeuta australiano Geoffrey D. Maitland. Trata-se de um método porque sua abordagem
de tratamento não se embasa apenas numa técnica de mobilização articular em si, e sim sobre
uma ideologia que faz a junção da avaliação e do tratamento, e abriga o raciocínio clínico com
base focada nos dados clínicos coletados. Pelo Método Maitland, é realizado um trabalho
visando aliviar dores e promover a liberação segura de determinadas estruturas, com o objetivo
de restabelecer os movimentos e a amplitude de movimento normal, a fim de melhorar funções
específicas nos pacientes. Esse método de tratamento é indicado para pacientes com disfunções
neurais e musculoesqueléticas direcionadas a estruturas como as articulações dos membros e/
ou da coluna vertebral, incluindo as articulações temporomandibulares. Porém, essas técnicas
são preferencialmente usadas para tratamento de disfunções da coluna vertebral (MAYWORM,

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 1
2016).
O processo de anamnese realizado dentro do método deve ser feito de maneira minuciosa,
por meio de um exame físico detalhado, com avaliação dos sinais e sintomas. Ao utilizar a filosofia
do conceito Maitland, os fisioterapeutas são instigados a formular e testar várias hipóteses a fim
de encontrar o melhor método de tratamento para o paciente. O exame físico engloba a aplicação
de movimentos vertebrais oscilatórios passivos e acessórios, como já comentados no assunto
artrocinemática, e estes são direcionados às articulações para tratar a dor e a rigidez de origem
mecânica. As técnicas buscam restaurar os movimentos articulares e são classificados de acordo
com a sua amplitude. Então, os movimentos são classificados em 5 graus, sendo que o grau 1
representa o de menor deslize e o grau 5 representa o maior deslizamento. O método Maitland
se destaca não apenas pelas suas técnicas em si, mas também pela avaliação clínica minuciosa, a
qual aceita a empregabilidade de outras modalidades de mobilização ou manipulação sem que se
comprometa o resultado final (MAYWORM, 2016).

Para mais informações sobre a Método Maitland, acessar: Terapia Manual. Dis-
ponível em: <http://fisioterapiamanual.com.br/blog/areas-da-fisioterapia/meto-
do-maitland/>.

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O método Mulligan tem como um de seus “princípios” o de que “falhas posicionais”


podem limitar movimentos fisiológicos de forma a causar dor. São técnicas que foram criadas
para corrigir essas pequenas falhas, fazendo uso de técnicas que englobam a combinação de
mobilização articular acessória juntamente ao movimento fisiológico ativo de forma indolor e,
dessa maneira, espera-se o alívio imediato da dor e o ganho de arco de movimento (MULLIGAN,
c2019).

Para mais informações sobre o conceito Mulligan, acessar: O Conceito Mulligan.


c2019. Disponível em: <https://www.bmulligan.com/portuguese/>.

Quando o profissional deseja usar de forma efetiva métodos, técnicas e conceitos que
envolvem mobilização e manipulação, deverá conhecer e ter capacidade de examinar a anatomia,
a artrocinemática e a patologia dos sistemas neurológico e musculoesquelético, a fim de identificar

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quando estes ou outros processos são indicados e quais seriam os mais efetivos para cada caso.
Técnicas de mobilização articular utilizadas sem o pleno conhecimento de seus fundamentos
e bases podem causar dano às articulações do paciente. Quando bem indicadas, as técnicas
de mobilização articular configuram uma forma efetiva de melhorar, restabelecer ou manter a
mobilidade intra-articular e podem ser eficazes também para tratar a dor (KISNER; COLBY;
ALLEN, 2016).

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ENSINO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prescrição da terapêutica utilizando recursos que envolvem o movimento humano
é necessária para a recuperação funcional de cada paciente. As disfunções instaladas podem
impedir temporariamente ou permanentemente a execução normal das atividades humanas,
que são essenciais para a vida cotidiana. A incapacidade reflete as consequências da deficiência
em termos de desempenho e atividade funcional do indivíduo, sua adaptação e interação na
sociedade.
A cinesioterapia (os conceitos que a envolvem) e toda sua magnitude devem ser exploradas
pelo terapeuta, a fim de prevenir e reabilitar por meio de movimentos passivos, ativos, ativo-
assistidos e contra resistidos, manual ou mecanicamente. Este é sem dúvida o carro-chefe no que
diz respeito ao campo da reabilitação.
Os conceitos e efeitos da mobilização, os objetivos e as metas do exercício discutidos até
aqui são essenciais para a boa execução da cinesioterapia. É preciso tomar posse do conhecimento
sobre as modalidades dos exercícios e das cadeias de trabalho, bem como compreender os
efeitos deletérios da imobilização para traçar as devidas metas de recuperação com finalidade
ocupacional. O movimento humano possui “segredos”, de modo que, de posse e domínio da

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osteocinemática e da artrocinemática, o terapeuta poderá e deverá realizar ótimas abordagens no
seu restabelecimento.
O tratamento é a parte mais nobre da atividade profissional como terapeuta. A essência da
recuperação funcional está na restauração dos movimentos e na independência do ser humano.
Que a curiosidade seja despertada aqui para mover você a aprofundar-se na cinesiologia,
biomecânica e cinesioterapia, ciência ampla e essencial.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

02
DISCIPLINA:
CINESIOTERAPIA

EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS: ATIVO-LIVRE,


RESISTIDO E EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTO
PROF. ALYSSON FERNANDO BRIEL

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................29
1. EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS: ATIVO-LIVRE, RESISTIDO E EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTO.......................30
1.1 PRINCÍPIOS DE SOBRECARGA – DEFINIÇÃO.......................................................................................................30
1.2 EFEITOS FISIOLÓGICOS, INDICAÇÃO E CONTRAINDICAÇÃO............................................................................ 31
1.3 CUIDADOS PARA A ADMINISTRAÇÃO DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS...............................................................33
1.4 CONTRAINDICAÇÕES PARA OS EXERCÍCIOS RESISTIDOS...............................................................................34
1.5 CATEGORIAS DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS .......................................................................................................34
1.5.1 EXERCÍCIO TERAPÊUTICO ATIVO-RESISTIDO MANUAL.................................................................................34
1.5.2 FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA: PRINCÍPIOS E TÉCNICAS.......................................35
1.5.3 EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS ATIVO-RESISTIDOS DE FORMA MECÂNICA.................................................36

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1.5.4 EXERCÍCIO ESTÁTICO OU ISOMÉTRICO ........................................................................................................38
1.5.5 EXERCÍCIO DINÂMICO: CONCÊNTRICO E EXCÊNTRICO..............................................................................40
1.5.6 EXERCÍCIO EM CADEIA ABERTA E FECHADA................................................................................................42
1.5.7 EXERCÍCIO ISOCINÉTICO.................................................................................................................................42
1.6 EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS DE ALONGAMENTO...........................................................................................43
1.6.1 MOBILIDADE E ALONGAMENTO.......................................................................................................................44
1.6.2 ALONGAMENTO MANUAL OU MECÂNICO PASSIVO/ATIVO .......................................................................44
1.6.3 AUTOALONGAMENTO.......................................................................................................................................44
1.6.4 TÉCNICAS DE FACILITAÇÃO E INIBIÇÃO NEUROMUSCULAR......................................................................45
1.6.5 TÉCNICAS DE ENERGIA MUSCULAR..............................................................................................................45
1.6.6 MOBILIZAÇÃO/MANIPULAÇÃO ARTICULAR.................................................................................................45
1.6.7 MOBILIZAÇÃO E MANIPULAÇÃO DE TECIDOS MOLES ................................................................................45
1.6.8 MOBILIZAÇÃO DE TECIDOS NEURAIS ...........................................................................................................45
1.7 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DOS EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTO..............................................46
1.7.1 INDICAÇÕES PARA O USO DO ALONGAMENTO..............................................................................................46
1.7.2 CONTRAINDICAÇÕES PARA O USO DO ALONGAMENTO..............................................................................47
1.8 DETERMINANTES PARA O USO DOS EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTO........................................................47
1.9 TIPOS DE ALONGAMENTO..................................................................................................................................48
1.9.1 ALONGAMENTO ESTÁTICO...............................................................................................................................48
1.9.2 ALONGAMENTO ESTÁTICO PROGRESSIVO....................................................................................................49
1.9.3 ALONGAMENTO DINÂMICO BALÍSTICO.........................................................................................................50
1.9.4 ALONGAMENTO CÍCLICO (INTERMITENTE).................................................................................................. 51
1.9.5 ALONGAMENTO POR FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA (FNP) ................................. 51
1.9.6 ALONGAMENTO GLOBAL..................................................................................................................................54
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................56

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ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Realizar funções da vida cotidiana é algo fantástico. As pessoas valorizam as habilidades
de realizar suas funções de maneira independente, basta perder uma determinada função de
um dos membros, por exemplo, para experimentar a sensação de perda, seguida do aumento da
valorização para tal função. Experimenta-se também a interferência da perda de função física, em
vários aspectos inter-relacionados, tais como: diminuição do desempenho muscular, do equilíbrio
e do controle postural, da estabilidade, do próprio controle neuromuscular e da coordenação,
diminuição da flexibilidade e até mesmo da resistência cardiopulmonar. Força, resistência,
coordenação e flexibilidade são importantes para a realização confortável e segura das atividades
de vida diária. Músculos fortes funcionam como amortecedores de forças externas, aliviando
as articulações e os exercícios resistidos, geralmente realizados de forma manual ou mecânica,
e proporcionam grande benefício nas disfunções evidenciadas nas doenças reumatológicas,
ortopédicas e neurológicas.
Várias são as formas pelas quais os exercícios resistidos podem ser elaborados e
praticados, seja por meio de um sistema sofisticado, como o exercício dinâmico, com uso de um
dinamômetro isocinético, seja com exercícios resistidos manualmente e/ou exercícios em cadeia

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
fechada com uso do próprio corpo sem nenhum dispositivo mais elaborado. Tão importante
quanto o movimento em si é a flexibilidade para tal, pois esta é, sem dúvida, um dos aspectos do
movimento.
Na segunda unidade desta disciplina, os objetivos se concentram na conceituação dos
exercícios ativo-livres e resistidos, nos efeitos fisiológicos, nas suas indicações e contraindicações
e em seus diferentes tipos. Em seguida, há a proposta de capacitação para prescrever exercícios
de resistência manual ou mecânica e a organização de um treinamento de força, promovendo
reflexões sobre tal treinamento inserido no processo reabilitacional e funcional para o indivíduo.
Finalmente, conceituam-se termos que abrangem o alongamento, promovendo uma
breve revisão sobre mobilidade, e são feitas reflexões sobre os tipos de exercícios de alongamento,
relacionando-os às técnicas como tratamento para mobilidade e flexibilidade.

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1. EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS: ATIVO-LIVRE,


RESISTIDO E EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTO
1.1 Princípios de Sobrecarga – Definição
Qualquer forma de exercício ativo no qual uma contração muscular dinâmica ou estática
é resistida por uma força externa aplicada de modo manual ou mecânico é um exercício resistido
(VAISBERG; MELLO, 2010). O exercício resistido pode ser chamado de treino resistido, é um
elemento essencial dos programas de reabilitação para pessoas com função comprometida, é
também um componente integral dos programas de condicionamento para pessoas que desejam
promover ou manter a saúde e o bem-estar físico, ou ainda potencializar o desempenho de suas
habilidades motoras e reduzir o risco de lesões, disfunções e doenças (HOUGLUM, 2015).
Para Mayworm (2016), o exercício resistido (que é considerado positivo no desempenho
muscular) pode trazer outros benefícios, tais como: a melhora do desempenho muscular
(restauração, manutenção da força, da potência e da resistência à fadiga); aumento da força dos
tecidos conjuntivos como os tendões, os ligamentos e o próprio tecido conjuntivo intramuscular;
diminuição da sobrecarga nas articulações e redução do risco de lesões; favorecer maior densidade
mineral óssea; melhora do equilíbrio; aumento da massa magra e diminuição da gordura

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
corporal; promover a sensação de bem-estar e favorecer uma possível melhora na percepção da
incapacidade e qualidade de vida.
Ao se tratar de força muscular, esta pode ser definida como a força ou tensão que um
grupo muscular consegue exercer contra uma determinada resistência, considerando um esforço
máximo. Já a potência muscular relaciona-se com a força e velocidade do movimento e é definida
como trabalho (força x distância). Basicamente é a rapidez com que o trabalho é realizado
(KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).
Falando em endurance, ou seja, a resistência muscular à fadiga, define-se como sendo
também a habilidade de um músculo em contrair-se repetidamente contra uma carga (resistência),
gerar e sustentar a tensão e resistir à fadiga durante um período extenso. Então, força muscular,
potência e endurance podem ser muito aprimoradas mediante programas de exercícios bem
planejados e que usam pesos como resistência. Sendo assim, para determinar um programa de
exercícios resistidos, é necessário exame/avaliação minuciosa para melhorar a função atual e
prevenir uma disfunção potencial. É preciso levar em consideração fatores como a patologia de
base; a extensão e a gravidade dos comprometimentos musculares; se existem outros déficits; a
fase de cicatrização dos tecidos após uma lesão ou cirurgia; a idade do paciente, seu preparo físico
e sua habilidade de cooperar e aprender (KENDALL, 2007; MAYWORM, 2016).
Para a prescrição de exercícios, um bom orientador é o “princípio da sobrecarga”, que
resulta de uma relação entre estímulo, adaptação e aumento da sobrecarga. De fato, temos que,
após um tempo realizando exercícios com uma determinada carga, é preciso aumentar essa
carga para se obter a continuidade dos benefícios que o exercício proporciona, elevando, assim,
o limite de adaptação. Se for mantida a mesma carga, manter-se-á apenas o mesmo nível de
condicionamento já alcançado. Portanto, é necessário aumentar progressivamente a quantidade
de resistência em um programa de treinamento de força. Já para o treinamento de resistência à
fadiga, preconiza-se mais o aumento do tempo durante o qual uma contração muscular é mantida
ou, ainda, o número de repetições realizadas, em vez de aumentar a resistência (O’SULIVAN;
SCHMITZ, 2010).

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Em casos de lesões que afetam o sistema nervoso com alterações de tônus, a


avaliação a ser realizada pelo terapeuta, além de conter os elementos já mencio-
nados, deverá conter outros tipos de provas, como uma escala de tônus muscu-
lar, por exemplo, bem como adaptações junto aos objetivos de ganho de força e
resistência, até mesmo de equilíbrio e coordenação motora, visando primordial-
mente à função.

São muitos os estudos que confirmam a importância da elaboração de um programa de


exercícios, o qual venha a reproduzir muito bem as atividades funcionais desejadas. As variáveis
do programa de exercícios devem coincidir com as exigências e os propósitos encontrados e
vivenciados pelo paciente durante a realização das atividades funcionais específicas. As alterações
e adaptações nos sistemas corporais, como o aumento de força e resistência à fadiga, que ocorrem
como resposta a um programa de exercícios resistidos, são inconstantes, a não ser que os ganhos
produzidos pelo treino sejam usados frequentemente nas atividades funcionais ou que o paciente
realize a manutenção por meio da prática regular de exercícios resistidos. Já o destreinamento,

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
refletido pela diminuição do desempenho muscular, se inicia após uma ou duas semanas de
interrupção dos exercícios resistidos e continua até que os efeitos dos treinos se percam por
completo. Por esse motivo, é fundamental que os ganhos de força e resistência à fadiga sejam
incorporados às atividades diárias, ocupacionais e/ou de lazer e do esporte o quanto antes em
um programa de reabilitação. Aconselha-se também que os pacientes adotem uma rotina de
manutenção mediante exercícios resistidos, que irá funcionar como parte constituinte total do
programa de preparo físico permanente, e que pode ser monitorado por outro profissional de
saúde, como, por exemplo, o educador físico (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016; MAYWORM,
2016).

1.2 Efeitos Fisiológicos, Indicação e Contraindicação


Os exercícios resistidos podem estimular todas as qualidades de aptidão física: a força,
a potência, a resistência, a coordenação e a flexibilidade. São dois os mecanismos básicos que
tornam o músculo mais forte: maior recrutamento das unidades motoras das fibras musculares
e a hipertrofia das fibras musculares individuais. Durante as primeiras semanas de treinamento,
a força aumenta em consequência das adaptações neurais. Já o aumento na força e na endurance
é seguido por certas alterações fisiológicas, como, por exemplo, a hipertrofia (aumento do
tamanho muscular) e pequenas alterações bioquímicas e adaptações dentro do sistema nervoso
(HOUGLUM, 2015; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016; MAYWORM, 2016).

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Nos exercícios resistidos, ocorre também a elevação da pressão arterial, porém


dentro de limites considerados seguros, mesmo com cargas elevadas, desde que
não sejam produzidas contrações isométricas em apneia. Em função de sua segu-
rança e das qualidades de aptidão que desenvolvem, os exercícios com pesos têm
sido utilizados e com sucesso nos programas de reabilitação cardíaca e como
medida de prevenção de incapacidades em pessoas idosas.

Para determinar um programa de exercícios apropriado, efetivo e seguro, muitos elementos


são necessários. Esses elementos correlacionados devem ser elucidados a fim de melhorar um ou
mais aspectos do desempenho muscular, de modo a atingir os resultados funcionais esperados. O
alinhamento e a estabilização são componentes básicos e a quantidade conveniente de exercícios
também deve ser estabelecida, bem como a intensidade (carga do exercício), número, sequência
e frequência, intervalo de repouso, duração e tempo de exercícios, tipo de contração, resistência,
posição do paciente, velocidade do exercício, periodização e integração com demais atividades
funcionais (HOUGLUM, 2015; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016; MAYWORM, 2016).
Os exercícios resistidos podem ser dosados conforme o crescimento da força, respeitando
o ritmo constante e a máxima amplitude articular possível durante sua realização. É a sobrecarga

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
de trabalho muscular que determina os ganhos nos níveis de força e resistência muscular. Treinar
com pesos maiores e com menor número de repetições visa ao aumento de força; por outro
lado, treinar com pesos menores e maior número de repetições resulta em maiores ganhos de
resistência e força muscular (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).
O percentual de 1RM é muito usado nos testes científicos, por ser de fácil acessibilidade e
mensuração. É utilizado tanto como teste diagnóstico da força muscular quanto como parâmetro
para se prescrever e, ainda, monitorar um determinado exercício. O teste de carga máxima pode
ser denominado como teste de 1RM, que significa uma repetição máxima e refere-se à maior
quantidade possível de peso, administrado externamente, e que se pode mover ou levantar em
uma única repetição completa por meio de um movimento padronizado específico. Dessa forma,
o teste é importante para documentar a medida inicial da força dinâmica de um grupo muscular
e posteriormente poderá ser comparada, e serve, ainda, para identificar uma carga de exercício
inicial (quantidade de peso) para ser usada durante o exercício em um número específico de
repetições. Definida a RM basal, será calculada a quantidade de exercício a ser usada no início
do treinamento resistido, geralmente, por uma porcentagem de 1RM para um grupo muscular
específico. Ao iniciar um programa de exercícios, a porcentagem necessária para conseguir
adaptações na força induzida pelo treinamento é comumente baixa, seguindo por volta de 30
a 40% no caso de pessoas não treinadas, ou seja, sedentárias. Na literatura, a intensidade de
esforço preconizada para obter aumento da força e gerar hipertrofia segue sempre superior a 60%,
sendo geralmente, na maioria dos trabalhos científicos, entre 70 e 85% de 1RM, e com número
de repetições variando de 8 a 12 repetições máximas. Para que sejam obtidos ganhos de força e
endurance muscular, a carga é considerada a principal variável de trabalho. A quantidade de carga
a ser utilizada deve ser aquela necessária para atingir o número de repetições em cada série e com
boa eficiência mecânica. Posteriormente, quando se seleciona a carga, a última repetição deve
ser executada com um pouco mais de dificuldade, porém se ela for fácil de se realizar, deve-se
aumentar a sobrecarga, pois só assim o fortalecimento muscular será alcançado. Nos exercícios
resistidos, a intensidade de trabalho é dosada, principalmente, pela carga e pelos intervalos entre
as séries. A velocidade não é frequentemente utilizada como critério de controle, pelo fato de se
priorizar a boa eficiência mecânica (HOUGLUM, 2015; MAYWORM, 2016).

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O emprego de 1RM como medida basal de força dinâmica é apropriado para todos
os pacientes? Na verdade, para alguns pacientes, não, pois o uso de 1RM propõe
apenas um esforço máximo. E isso pode não ser seguro, por exemplo, para pa-
cientes com problemas articulares, em recuperação de lesões de tecidos moles
ou pacientes que apresentem risco para tais lesões, ou, ainda, para pacientes com
osteoporose ou patologias cardiovasculares, conhecidas ou potenciais. Por este
motivo, como já citado anteriormente nesta unidade, a avaliação do paciente é
o direcionador primordial para a definição de todo e qualquer programa de pre-
scrição de exercícios.

1.3 Cuidados para a Administração de Exercícios Resistidos


Para a implementação de um programa de exercícios resistidos, estes precisam ser efetivos
e seguros. Para tal, algumas precauções são muito importantes:
• A temperatura ambiente deve ser confortável.

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
• Durante o exercício não deve ocorrer dor.
• Evitar que, no início do treinamento, seja usado um nível máximo de resistência.
• Não utilizar resistência pesada para crianças, idosos e pacientes com osteoporose.
• Em casos de articulações instáveis, redobrar a atenção e o monitoramento.
• Evitar manobra de Valsalva (prender a respiração).
• Não permitir que ocorram movimentos balísticos descontrolados.
• Identificar e impedir movimentos compensatórios.
• Não permitir sobrecargas na coluna vertebral.
• Tomar nota sobre medicamentos utilizados pelo paciente.
• Caso haja dor, interromper os exercícios em questão, ou mesmo na presença de tontura
ou falta de ar incomum ou súbita.
• Impedir que ocorra fadiga cumulativa (frequência e/ou treinamento excessivos). Os
sinais e sintomas de fadiga muscular são: sensação de desconforto muscular, tremor,
dor ou cãibras; inabilidade para completar o padrão de movimento e uso de movimentos
substitutivos (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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1.4 Contraindicações para os Exercícios Resistidos


São poucos os casos em que os exercícios resistidos são contraindicados. O trabalho
com uso de exercício resistido é habitualmente contraindicado durante a fase inflamatória
aguda e em algumas doenças e distúrbios agudos. Elegendo criteriosamente o tipo adequado de
exercício (estático versus dinâmico; com ou sem apoio de peso) e mantendo a intensidade inicial
do exercício em um nível em torno de baixo a moderado, os efeitos adversos do programa de
exercícios resistidos podem ser minimizados ou até mesmo evitados. Em suma: tais exercícios
são contraindicados em casos de inflamação aguda; dor articular ou muscular intensa durante o
exercício resistido ou por mais de 24 horas após o exercício; doença neuromuscular inflamatória
e doença cardiopulmonar grave (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

1.5 Categorias de Exercícios Resistidos


1.5.1 Exercício terapêutico ativo-resistido manual
Exercício com resistência manual (Figura 1) é um tipo de exercício ativo-resistido, no
qual a resistência é dada pelo terapeuta. Ele é útil em fases iniciais de um programa de exercícios

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
quando o músculo se encontra fraco e pode vencer apenas uma resistência mínima ou moderada.
A escolha de uma maca com altura ideal para favorecer o uso de uma mecânica corporal ideal
pode evitar sobrecarga em região lombar, além de possibilitar uma maximização do controle de
membros inferiores e superiores. A utilização de uma base alargada mantém uma postura estável
e possibilita a transferência de peso de um membro para o outro, enquanto o paciente move o
membro (MAYWORM, 2016).

Figura 1 – Exercício ativo-resistido manual. Fonte: Kisner, Colby e Allen (2016).

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1.5.2 Facilitação neuromuscular proprioceptiva: princípios e técnicas


A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) é uma abordagem de exercício
terapêutico que combina padrões diagonais funcionais do movimento humano com técnicas
de facilitação neuromuscular, a fim de lembrar respostas motoras e melhorar tanto o controle
quanto a função neuromuscular. No princípio, foi desenvolvida por Kabat, nas décadas de 1940-
1950, e em sequência por Knott e Voss, a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP),
cujo objetivo é permitir aos terapeutas desenvolver análises e avaliações sobre o movimento
do paciente, enquanto, ao mesmo tempo, facilita estratégias de movimentos funcionais mais
eficientes (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).
Todas as atividades contidas na abordagem e intervenção da FNP são alinhadas a um
objetivo funcional e relacionadas ao ambiente no qual o objetivo deve ser alcançado. Este
método pode ser aplicado em crianças e adultos com disfunções neurológicas e/ ou ortopédicas
(HOUGLUM, 2015).
As técnicas de FNP podem ser aplicadas a fim de desenvolver a força e a resistência
muscular, visando ao combate à fadiga; facilitar a estabilidade, a mobilidade, o controle
neuromuscular e a coordenação dos movimentos; e servem como base para restauração da função
(ADLER; BECKERS; BUCK, 2007). Os padrões de movimentos associados à FNP são compostos
de movimentos multiarticulares, multiplanares, diagonais e rotacionais dos membros, do tronco
e do pescoço (Figura 2)

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
Figura 2 – Padrão usado na FNP – diagonal 2 flexão e extensão. Fonte: Mayworm (2016).

Existem dois pares de padrões diagonais para os membros superiores e também para os
membros inferiores. São eles: a diagonal (1) e a diagonal (2), sendo que cada um pode ser feito
tanto em flexão como em extensão (Quadro 1).

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Quadro 1 – Movimentos componentes dos padrões FNP: membros superiores e inferiores. Fonte: Kisner, Colby e
Allen (2016).

1.5.3 Exercícios terapêuticos ativo-resistidos de forma mecânica

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
Nos exercícios realizados com resistência mecânica, esta é aplicada por meio de
equipamentos ou aparelhos mecânicos. Torna-se útil quando a quantidade de resistência necessária
for superior ao que o terapeuta pode aplicar manualmente. Esta modalidade de exercício é um
componente integral de reabilitação e dos programas de condicionamento para pessoas de todas
as idades. Ainda assim, o uso da resistência mecânica em um programa de exercícios tem suas
vantagens e também desvantagens. As vantagens são: possibilidade de realizar medida de base
quantitativa do desempenho basal; podem ser administradas cargas maiores; são mais fáceis para
documentar os aumentos na carga; possibilitam variedades; são mais práticos e o treinamento é
mais seguro. Desvantagens: são impróprios para músculos muito fracos; as resistências externas
podem colocar carga máxima no músculo em apenas uma ADM e os investimentos com a compra
dos equipamentos são maiores (HOUGLUM, 2015).
O exercício resistido também pode ser aplicado de acordo com o ERP, ou seja, Exercício
Resistido Progressivo, que se trata de um sistema de treinamento resistido dinâmico em que uma
carga externa constante é aplicada ao músculo em contração por algum meio mecânico, o qual
pode ser um peso livre ou aparelho com pesos e que irá aumentando aos poucos. Os resultados de
muitos estudos têm demonstrado que os programas de ERP melhoram a capacidade do músculo
no que diz respeito a gerar força, e esta pode ser transferida para uma melhora no desempenho
físico. O conceito de ERP foi introduzido há quase 60 anos por DeLorme, que propôs e estudou o
uso de três séries de 10RM com cargas progressivas durante cada série. É também muito utilizada
a técnica de Oxford, que trabalha com cargas regressivas em cada série (Quadro 2) (O’SULIVAN;
SCHMITZ, 2010; HOUGLUM, 2015; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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Quadro 2 – Comparação entre o programa DeLorme e Oxford. Fonte: Kisner, Colby e Allen (2016).

Como exemplo de aparelhos para realizar treino resistido, pode-se incluir: pesos livres,
sistemas simples de polias com pesos, aparelhos com resistência hidráulica ou pneumática, faixas e
tubos de resistência elástica, bastões, bolas terapêuticas, medicine ball, entre outros (HOUGLUM,
2015).
São vários os mecanismos fisiológicos que ganham resultados positivos a partir do
treinamento com bolas de estabilidade. Fisioterapeutas usam com frequência as bolas de
estabilidade em seus treinamentos de resistência, pois a sensação de movimento e a posição das
articulações, que envolvem a propriocepção, contribuem para a programação motora e para o
controle neuromuscular, exigindo movimentos precisos, além de proporcionar e favorecer a
estabilidade articular (Figura 3). Os trabalhos e treinos de força utilizando bolas são favoráveis
para as pessoas, com a vantagem de que podem ser adaptados com facilidade e de modo a atender
várias necessidades e objetivos. As variações, tais como: tamanho de bolas, sua densidade e os

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
pesos variados, as mudanças de exercícios e o uso de carga de estabilização dinâmica, bem como
o deslocamento e a movimentação das cargas, favorecem que as pessoas jovens e até as mais
experientes aproveitem os exercícios de forma adequada, conforme seus níveis de habilidade
(GOLDENBERG; TWIST, 2010).

Para mais informações sobre o treinamento de força com bola, acessar: GOLD-
ENBERG, L.; TWIST, P. Treinamento de força com bola. Biblioteca virtual Pearson.
Disponível em: <https://bv4.digitalpages.com.br/#/>.

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Figura 3 – Uso da bola terapêutica para fortalecimento abdominal. Fonte: Goldenberg e Twist (2010).

1.5.4 Exercício estático ou isométrico

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
Esta modalidade consiste em realizar exercícios de modo a contrair um músculo
e produzir força, porém sem que haja uma mudança apreciável no seu comprimento e sem a
produção de movimento articular visível. As maneiras de uso da resistência para o exercício
isométrico incluem: a manutenção contra uma força aplicada de forma manual, sustentar um
peso em uma posição específica, manter uma posição contra outra posição específica, manter
uma posição contra a resistência do próprio peso corporal ou, ainda, empurrar ou puxar um
objeto fixo. O treinamento isométrico é uma forma favorável de aumentar a força muscular e
tem sido sugerido que a resistência muscular à fadiga configura um papel mais importante do
que a força muscular com finalidade de manter a estabilidade postural suficiente, sendo, então,
o treinamento isométrico uma melhor forma de prevenir lesões durante tarefas cotidianas. A
estabilidade dinâmica das articulações é obtida por meio da ativação e sustentação de uma co-
contração de baixo nível, ou seja, contrações isométricas concomitantes dos músculos antagonistas
que passam pelas articulações (HOUGLUM, 2015; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).
Praticamente todas as instâncias dos exercícios isométricos, exceto os isométricos leves,
abrangem alguma forma de resistência significativa e, portanto, são utilizados, a fim de melhorar
a força estática ou aumentar o controle muscular sustentado.
Exercícios isométricos leves: referem-se àqueles em que as contrações isométricas são
de baixa intensidade e realizadas contra baixa ou nenhuma resistência. São utilizados visando à
diminuição da dor muscular e do espasmo e, ainda, para favorecer o relaxamento e a melhora
da circulação depois de lesões de tecidos moles durante a fase aguda da cicatrização (Figura 4).
Os isométricos leves podem postergar a atrofia muscular e manter a mobilidade entre as fibras
musculares quando a imobilização de um músculo for necessária para proteger os tecidos em
cicatrização (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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Figura 4 – Exercício isométrico leve. Fonte: Mayworm (2016).

Exercícios de estabilização (isometria moderada): esta forma de trabalho é eleita


quando se deseja desenvolver um nível submáximo, porém sustentado, de co-contração visando
melhorar a estabilidade postural (estática) ou a estabilidade dinâmica de uma articulação por

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
meio de contrações isométricas resistidas no meio da amplitude trabalhada no exercício (Figura
5). Então, como formas de resistência, usa-se o peso do corpo ou a resistência manual (KISNER;
COLBY; ALLEN, 2016).

Figura 5 – Exercícios de estabilização usando o peso do corpo. Fonte: Mayworm (2016).

Exercícios isométricos em múltiplos ângulos: trata-se de uma forma de exercício


isométrico no qual a resistência é aplicada, manual ou mecanicamente, em várias posições
articulares dentro da ADM possível de ser realizada (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

A recomendação para duração da ativação muscular para se obter mudanças adaptativas


no desempenho muscular estático, segundo Kisner, Colby e Allen (2016), é a de que uma contração
isométrica deve ser mantida por cerca de 6 segundos e não ultrapassar 10 segundos; isso porque
a fadiga muscular se desenvolve rapidamente.

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Dessa forma, trabalhar com contrações repetitivas, mantidas por 6 a 10 segundos cada, pode
diminuir o aparecimento de cãibras e aumentar a efetividade do treinamento isométrico. Os
autores citados recomendam que, ao realizar exercícios isométricos em múltiplos ângulos, se
aplique resistência em pelo menos 4 a 6 pontos da ADM. Enquanto estiver realizando o exercício
isométrico, deve ser sempre feita uma respiração rítmica, enfatizando a expiração durante a
contração, com a finalidade de diminuir a resposta de elevação da pressão arterial.

Durante a execução dos exercícios isométricos, para evitar uma possível lesão ao
músculo em contração, deve-se aplicar e liberar a resistência de modo gradual.
Isso ajuda a graduar a tensão muscular e assegura que toda a contração muscular
seja indolor. Também minimiza o risco de um movimento articular descontrolado.

1.5.5 Exercício dinâmico: concêntrico e excêntrico

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
Com o trabalho de contração muscular dinâmica, ocorre movimento articular e também
a movimentação de um segmento do corpo enquanto o músculo se contrai, encurtando-se (ação
muscular concêntrica), ou se alonga sob tensão (ação muscular excêntrica), conforme Figura
6. Durante a execução do exercício concêntrico e excêntrico, a resistência pode ser inserida de
várias maneiras: pode ser resistência constante, como o peso do próprio corpo, pode ser um peso
livre ou um sistema simples de polias. Um equipamento com peso fornece resistência variável.
Já um aparelho isocinético controla a velocidade de movimento do membro (KISNER; COLBY;
ALLEN, 2016; MAYWORM, 2016).

Figura 6 – Exercício dinâmico concêntrico e excêntrico dos flexores de cotovelo. Fonte: Kisner, Colby e Allen (2016).

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Ambas as fases do exercício, seja concêntrico ou excêntrico, têm um valor distinto na


reabilitação e nos programas de condicionamento. Nas AVD, a combinação de ação muscular
concêntrica e excêntrica é evidente, como ao subir e descer rampas, subir e descer escadas,
levantar-se de uma cadeira e sentar-se novamente ou recolher um objeto e devolvê-lo ao chão.
Sendo assim, é aconselhável inserir uma variedade de exercícios concêntricos e excêntricos em
uma progressão da reabilitação para pacientes com comprometimento do desempenho muscular,
objetivando melhorar a força, potência ou resistência muscular e para o bom desenvolvimento
funcional nas AVD. Uma contração concêntrica máxima produz menos força do que uma
contração excêntrica máxima nas mesmas condições. Isso é o mesmo que dizer que podem ser
baixadas cargas maiores do que as que podem ser levantadas. Quando uma carga é abaixada, a
força exercida por ela é controlada não apenas pelos componentes contráteis ativos do músculo,
mas também pelo tecido conjuntivo que está dentro e ao redor do músculo. Ao contrário, no
exercício concêntrico, somente os componentes contráteis do músculo levantam a carga (KISNER;
COLBY; ALLEN, 2016).
Em suma, temos que, em uma contração concêntrica, números maiores de unidades
motoras precisam ser recrutados para controlar a mesma carga em comparação com uma
contração excêntrica; o exercício concêntrico possui menor eficácia mecânica se comparado ao
exercício excêntrico; a resistência máxima durante a fase concêntrica de um exercício não fornece
uma carga máxima durante a fase excêntrica, portanto, os ganhos de força e massa muscular
induzidos pelo treinamento são maiores com o treinamento excêntrico com esforço máximo do
que com o treinamento concêntrico com esforço máximo (MAYWORM, 2016).

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Durante o exercício excêntrico, pode ocorrer maior sobrecarga no sistema car-
diovascular (ou seja, aumento da frequência cardíaca e pressão arterial) do que
durante o exercício concêntrico, possivelmente porque cargas maiores podem ser
usadas para o treinamento excêntrico. Nessa linha de raciocínio, qual seria uma
medida simples e essencial a ser tomada para prevenir tal sobrecarga cardiovascu-
lar? Sendo comum o ato de prender a respiração durante a execução de exercícios
com cargas (incluem-se aqui os exercícios isométricos), há a necessidade de uma
respiração rítmica, que deve sempre ser feita, enfatizando a expiração durante a
contração, para minimizar os efeitos cardiovasculares indesejados.

O trabalho ou treino tanto com contrações concêntricas quanto com contrações excêntricas
gera um efeito cruzado de treinamento, ou seja, ocorre um leve aumento na força do mesmo
grupo muscular do membro oposto, ou seja, do membro que recebeu a exercitação. Esse efeito no
grupo muscular que não foi submetido ao exercício pode ser causado por contrações repetidas do
membro não exercitado, como uma tentativa de estabilizar o corpo durante o exercício realizado
com alto nível de esforço (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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1.5.6 Exercício em cadeia aberta e fechada


As definições e características de execução dos exercícios realizados em cadeia aberta ou
cadeia fechada são apresentadas a seguir, no Quadro 3, e são as mais comuns e frequentemente
observadas na literatura atual.
Exercícios em cadeia aberta: englobam movimentos nos quais o segmento distal (mão
ou pé) encontra-se livre para movimentar-se ao longo do espaço e da amplitude possível, sem
necessariamente causar movimentos simultâneos de articulações adjacentes.
Exercícios em cadeia fechada: envolvem aqueles movimentos nos quais o corpo se
move sobre um segmento distal que está fixo ou estabilizado sobre uma superfície de apoio.
Com a movimentação em uma determinada articulação, ocorrem movimentos simultâneos nas
articulações distais e proximais de uma maneira relativamente previsível. Um exemplo disso
ocorre quando um paciente realiza um movimento de agachamento bilateral em arco curto e
depois retorna à posição ereta (O’SULIVAN; SCHMITZ, 2010; HOUGLUM, 2015; MAYWORM,
2016).

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Quadro 3 – Características dos exercícios em cadeia aberta e cadeia fechada. Fonte: Kisner, Colby e Allen (2016).

1.5.7 Exercício isocinético

Configura uma modalidade de exercício dinâmico em que a velocidade de encurtamento


ou alongamento do músculo, assim como a velocidade angular do membro em questão são
predeterminadas e mantidas constantes por um aparelho limitador de velocidade, conhecido
como dinamômetro isocinético (ver Figura 7). De forma geral, pode-se dizer que uma vantagem
do exercício isocinético é propiciar um método de carregar dinamicamente os músculos
em contração a uma velocidade que pode ser facilmente manipulada (HOUGLUM, 2015;
MAYWORM, 2016).

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Figura 7 – Dinamômetro isocinético. Fonte: Kisner, Colby e Allen (2016).

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O trabalho com equipamento isocinético pode ser visto no vídeo: Dinamômetro
Isocinético. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=omW0KX-
Ovoy0>.

1.6 Exercícios Terapêuticos de Alongamento


O alongamento muscular e de tecidos moles continua fortemente recomendado para se
obter ganhos de amplitude de movimento e flexibilidade, visando à boa execução das atividades
de vida cotidiana. A flexibilidade é algo tão peculiar ao ser humano quanto o próprio movimento,
a capacidade de movimentar-se está intimamente ligada à vida e à sobrevivência, e a flexibilidade
é, de fato, um de seus aspectos primordiais. O alongamento é um tipo de exercício frequentemente
utilizado para aumentar a amplitude de movimento (ou a flexibilidade) de determinadas
articulações. É fato que as evidências científicas conflitam quando o assunto é comprovar a
eficácia do exercício de alongamento na diminuição do risco de lesões e na minimização de
dores musculares tardias, porém, tradicionalmente, faz parte do aquecimento para atividades
físicas e proporciona bem-estar e habilidades funcionais diárias (O’SULIVAN; SCHMITZ, 2010;
MAYWORM, 2016).

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1.6.1 Mobilidade e alongamento


Na constituição do tecido muscular, encontra-se tecido contrátil e não contrátil e, no
músculo, existem as fibras musculares alocadas em paralelo, sendo que cada fibra muscular
possui uma vasta quantidade de miofibrilas, que, por sua vez, estão constituídas de estruturas
ainda menores denominadas sarcômeros. Os sarcômeros representam as unidades funcionais
dos músculos e eles são compostos de pontes transversas de actina e miosina que se sobrepõem e
fornecem ao músculo a capacidade de relaxar ou contrair. Neste ponto, é importante mencionar
a existência de dois órgãos sensoriais no músculo: o fuso muscular e o Órgão Tendinoso de
Golgi (OTG), que são mecanorreceptores que conduzem informações para o sistema nervoso
central sobre o que está ocorrendo na unidade musculotendínea e afetam a resposta do músculo
ao alongamento. O fuso muscular está alojado no ventre muscular, que é composto por fibras
intrafusais paralelas às fibras extrafusais e é o principal órgão sensorial do músculo. É sensível ao
estiramento rápido e mantido (tônico), e é responsável por detectar alterações do comprimento
do músculo e perceber alterações bruscas de velocidade do alongamento. O OTG é uma estrutura
localizada próxima à junção musculotendínea; esse órgão (também sensorial) é fixado em série às
fibras extrafusais. Configura uma estrutura altamente sensível à tensão no tendão, tensão esta que
pode ser ocasionada por alongamento passivo e também por contração muscular. Possui a função
de proteção ao músculo mediante contrações e/ou alongamentos excessivos (KISNER; COLBY;
ALLEN, 2016; MAYWORM, 2016).

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O treinamento mediante uso de exercícios de alongamento é formulado visando aumentar
o comprimento dos componentes contráteis e não contráteis das unidades musculotendíneas e das
estruturas envolvidas nas articulações almejadas. A deformação, ou o alongamento propriamente
dito, do tecido conjuntivo ocorre em níveis diferentes, em intensidades diferentes de força e com
frequências de aplicação diferentes. Esse processo requisita a quebra de ligações de colágeno e o
realinhamento de suas fibras, para que o alongamento ou o aumento da flexibilidade se estabeleça
de forma permanente. Falando especificamente de flexibilidade, esta pode ser definida como a
capacidade de mover uma única articulação ou várias delas, de modo suave e com facilidade,
passando por toda ADM possível sem restrições e indolor. A flexibilidade possui relação íntima
com a extensibilidade das unidades musculotendíneas que atravessam uma articulação, com base
em sua habilidade de relaxar ou deformar e ceder a uma força de alongamento (KISNER; COLBY;
ALLEN, 2016).

1.6.2 Alongamento manual ou mecânico passivo/ativo


É uma força de alongamento aplicada externamente no final da amplitude do movimento,
que pode ser mantida ou intermitente, aplicada com pressão adicional e por meio de contato
manual ou aparelho mecânico. Esta modalidade de exercício alonga uma unidade musculotendínea
encurtada e os tecidos conjuntivos periarticulares, movendo a articulação com limitação, um
pouco além da ADM disponível (MAYWORM, 2016).

1.6.3 Autoalongamento
Segundo Mayworm (2016, p. 77), “[...] qualquer exercício de alongamento feito de forma
independente por um indivíduo, após instrução e supervisão é chamado de autoalongamento”.

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1.6.4 Técnicas de facilitação e inibição neuromuscular


É um conjunto de técnicas que tem por objetivo promover relaxamento das tensões dos
músculos encurtados, de forma reflexa, antes ou durante um exercício de alongamento muscular.
Estas técnicas estão inseridas numa abordagem de exercícios conhecida como facilitação
neuromuscular proprioceptiva (FNP). Há autores que se referem a esses procedimentos
combinados de inibição/facilitação e alongamento muscular como alongamento FNP
(O’SULIVAN; SCHMITZ, 2010; KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

1.6.5 Técnicas de energia muscular

Consiste num grupo de procedimentos manipulativos que surgiram na medicina


osteopática e tem como foco promover o alongamento de músculos e fáscias e a mobilização
das articulações. Faz uso de contrações voluntárias com direções e intensidades controladas e de
forma precisa contra uma resistência ou força oposta aplicada pelo profissional. Estas técnicas
também são descritas como relaxamento pós-isométrico por ter na sua base princípios da inibição
neuromuscular (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016; MAYWORM, 2016).

1.6.6 Mobilização/manipulação articular

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
Conforme Mayworm (2016, p. 77), “São técnicas da fisioterapia manual aplicadas
especificamente às estruturas articulares para modular a dor e tratar comprometimentos
articulares que limitam a ADM”.

1.6.7 Mobilização e manipulação de tecidos moles


Constituem manuseios elaborados a fim de melhorar a extensibilidade muscular,
englobando a aplicação de técnicas manuais específicas e de forma progressiva, promovendo
alterações nas estruturas miofasciais. Aqui, podem ser citadas: a massagem transversa, a liberação
miofascial, acupressão e a terapia por pontos gatilhos (HOUGLUM, 2015; MAYWORM, 2016).

1.6.8 Mobilização de tecidos neurais


É imprescindível lembrar a ocorrência de aderências ou de tecidos cicatriciais, que podem
se formar ao redor das meninges e das raízes nervosas ou, ainda, no local da lesão no plexo ou nos
nervos periféricos. Sendo assim, colocar tensão sobre essas aderências ou tecido cicatricial pode
levar ao aparecimento de dor e de sintomas neurológicos. Realizam-se, então, testes para delinear
a mobilidade desses tecidos e, após esse procedimento, a via neural pode ser mobilizada (Figura
8) por meio de procedimentos seletivos (BUTLER, 2003).

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Figura 8 – Mobilização do nervo radial – estágios A, B, C e D. Fonte: Butler (2003).

1.7 Indicações e Contraindicações dos Exercícios de Alonga-


mento
Assim como ocorre em qualquer modalidade de exercícios, há também aqui indicações
nas quais os exercícios de alongamento são adequados e seguros, porém há também casos nos
quais o alongamento não deve ser indicado.

1.7.1 Indicações para o uso do alongamento


Segundo Mayworm (2016, p. 78),

As indicações para o uso do alongamento são:


• Nos casos onde a ADM está limitada porque os tecidos moles perderam
sua extensibilidade em decorrência de aderências, contraturas e formação de
tecido cicatricial, causando limitação funcional (limitação nas atividades) ou
incapacidades (restrições à participação).
• Na fraqueza muscular ou encurtamento do tecido oposto ocasionaram uma
diminuição da ADM.
• Pode ser usado como parte de um programa de preparo físico total ou de
condicionamento esportivo, ou pós-treino de exercícios vigorosos para possível
redução da dor muscular pós-exercício.
• Para relaxamento muscular.
• Auxiliam no desenvolvimento da consciência corporal, melhorando a postura.
• Na diminuição dos riscos de lesões e distensões, apesar de não confirmado
experimentalmente, a prática nos tem demonstrado sua veracidade.

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1.7.2 Contraindicações para o uso do alongamento


O alongamento é contraindicado nos casos em que é identificado bloqueio ósseo que
resulta em limitação do movimento, em casos de fraturas recentes e em processo de consolidação,
nas fases inflamatórias agudas ou infecciosas, em processos agudos de cicatrização dos tecidos
moles, na presença de dor aguda ao se realizar o movimento articular ou de alongamento e
quando houver hipermobilidade (HOUGLUM, 2015).

1.8 Determinantes para o Uso dos Exercícios de Alongamen-


to
Segundo Kisner, Colby e Allen (2016) e Mayworm (2016), como ocorre com outros
exercícios terapêuticos, há diversos elementos essenciais que determinam a efetividade e os
resultados para as prescrições e intervenções por meio dos exercícios de alongamento. Eles estão
todos inter-relacionados:
• Alinhamento: posicionamento do corpo, de modo que a força de alongamento seja
direcionada para o grupo muscular apropriado.
• Estabilização do corpo durante o alongamento: postura que possibilite a fixação do

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local de inserção do músculo (proximal ou distal) à medida que a força é aplicada.
• Intensidade: magnitude da força de aplicação do alongamento.
• Duração e velocidade: período no qual o alongamento é aplicado mantendo os tecidos
encurtados, na posição alongada.
• Frequência: número de sessões (intervenções) feitas no dia ou na semana.
• Modo de alongamento: forma ou maneira com que a força de alongamento (estática,
balística, cíclica – mecânica ou manual) é aplicada e nível de participação do indivíduo
(passivo, assistido, ativo).

A conceituação literária é ampla e procura, de várias formas, diferenciar um alongamento


de longa duração de um de curta duração. Vários termos são utilizados: alongamento estático,
alongamento sustentado, alongamento mantido e prolongado, que descrevem um
alongamento de longa duração. Por outro lado, termos como alongamento cíclico, alongamento
intermitente ou balístico são usados para caracterizar um alongamento de curta duração. O fato
é que não existe um intervalo específico para nenhum desses descritores, e também não existe
um tempo específico para diferenciar um alongamento de longa duração de um de curta duração.
Existe, sim, uma relação inversa entre a intensidade e a duração, assim como a intensidade e a
frequência de alongamento, ou seja, quanto menor a intensidade do alongamento, mais alto deve
ser o tempo que o indivíduo tolera tal alongamento e os tecidos moles podem ser sustentados na
posição de alongamento e, quanto mais alta a intensidade, menor o número de repetições com
que a intervenção de alongamento pode ser aplicada. Isto é verdade, pois é necessário um tempo
para cicatrização dos tecidos e para que ocorra a resolução da dor muscular residual. Uma forma
mais segura e considerável de alongar e conseguir uma deformação elástica mais significativa e
com mudanças plásticas em longo prazo nos tecidos moles é aquela que usa o alongamento de
longa duração e baixa intensidade (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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Conforme Mayworm (2016, p. 79),

Em geral, quanto mais curta a duração de um único ciclo de alongamento, maior


o número de repetições aplicadas durante a sessão de alongamento. Verifica-
se que 30 segundos de alongamento muscular realizado uma vez por dia são
suficientes para promover ganhos na extensibilidade muscular de adultos
jovens, e não há diferenças em relação a tempos de manutenção superiores a
30 segundos, já para indivíduos com idade de 65 anos, o alongamento deve ser
mantido por 60 segundos.

Há relatos de que o alongamento de baixa intensidade, quando comparado ao alongamento


de alta intensidade, torna a manobra ou o manuseio mais confortável para o paciente e diminui os
processos de defesa muscular voluntária ou involuntária. Nos casos de pacientes em processo de
recuperação funcional, pós-imobilização, essa forma de alongamento é efetiva e apresenta melhora
na ADM e não expõe os tecidos, possivelmente enfraquecidos pela imobilização, a intensidades
excessivas e a riscos de lesões. Promove alongamento mais efetivo do tecido conjuntivo denso,
com menor risco de danos aos tecidos moles e menor incidência de dor muscular pós-exercício, se
comparado ao alongamento de alta intensidade (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016; MAYWORM,
2016).
Segundo Mayworm (2016, p. 80),

Em paciente com contraturas fibróticas crônicas, decorrentes de distúrbios

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neurológicos ou musculoesqueléticos, durações comuns de alongamento
manual ou auto alongamento (repetições de alongamentos com duração de 15 a
30 segundos) podem não ser efetivas. O uso de alongamento estático mecânico
com talas ou aparelhos de gesso é mais efetivo. A duração do alongamento
mecânico relatada na literatura varia de 15 a 30 minutos até 8 a 10 horas por
vez ou continuamente durante o dia. Assim como já foi evidenciado junto a
outros tipos de exercícios terapêuticos, a avaliação criteriosa para a prescrição
do exercício de alongamento, contribui para melhores resultados tanto no
treinamento quanto na reabilitação e prevenção de lesões. Uma avaliação precisa
e minuciosa contribui para um tratamento eficaz e efetivo.

1.9 Tipos de Alongamento


As modalidades de alongamento podem ser divididas em alongamento estático,
alongamento cíclico/intermitente, balístico e por facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP)
(KISNER; COLBY; ALLEN, 2016; MAYWORM, 2016). Estas modalidades podem também ser
divididas em manual e mecânica, e ainda, dependendo do nível de participação e colaboração do
paciente, classificadas como passiva assistida ou ativa, que nada mais é do que o autoalongamento.

1.9.1 Alongamento estático

Esta modalidade de alongamento, chamada de alongamento estático, consiste em alongar


um músculo até um ponto suportável e aí manter a posição por um período de tempo. Esta
modalidade conduz a um menor risco de lesão, sendo considerada como o mais seguro método
de alongamento, além de ser este o mais usado. É prático e pode ser realizado em qualquer lugar,
seja na forma de alongamento passivo (realizado pelo terapeuta) ou ativo (realizado pelo próprio
paciente, isto é, autoalongamento).

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Na forma manual, pode ser mais apropriado nas fases iniciais de um programa de alongamento,
quando o terapeuta deseja determinar como o paciente responde a intensidades ou durações
diferentes de alongamento e, ainda, quando se deseja e é importante uma máxima estabilização
(Figura 9). Caso o paciente não possa realizar autoalongamento, esta é uma escolha adequada
(KISNER; COLBY; ALLEN, 2016; MAYWORM, 2016).

Figura 9 – Alongamento manual passivo. Fonte: Mayworm (2016).

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O autoalongamento, também chamado de exercício de flexibilidade ou alongamento ativo,
é uma técnica de alongamento realizada somente pelo paciente, que, é claro, deve ter recebido
previamente as instruções do terapeuta, que cuidadosamente irá supervisionar o procedimento.
Permite ao indivíduo manter ou aumentar a ADM, obtida como resultado da intervenção direta
do fisioterapeuta (Figura 10). Na literatura, há estudos e pesquisas que demonstram que a tensão
criada no músculo durante o alongamento estático é aproximadamente a metade da criada
durante o alongamento balístico (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

1.9.2 Alongamento estático progressivo


Nesta modalidade, os tecidos moles encurtados (músculos e fáscias) são sustentados
numa posição confortável de alongamento até que um grau de relaxamento seja percebido pelo
paciente ou pelo terapeuta. A partir deste ponto, os tecidos encurtados são alongados novamente
numa proporção máxima aceitável e mantidos na nova posição máxima por um tempo adicional
(MAYWORM, 2016).

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CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
Figura 10 – Autoalongamento – músculo reto femoral. Fonte: Kisner, Colby e Allen (2016).

1.9.3 Alongamento dinâmico balístico


Este tipo de alongamento usa o momento do balanço de um segmento corporal e esse
trabalho é feito de forma rítmica, a fim de alongar com vigor os músculos (Figura 11). Ocorre a
produção de tensão rápida e de alta intensidade num período curto de tempo e isso contradiz o uso
de pouca força num período longo de tempo, e ainda é preciso considerar que o rápido aumento
de tensão causado pelo reflexo miotático pode produzir a ruptura de tecidos. Por esta razão, o uso
do alongamento balístico é baixo. É fato já demostrado que o alongamento balístico aumenta de
forma segura a amplitude de movimento em pessoas jovens e saudáveis, que participam de um
programa de condicionamento, porém, de forma geral, esse procedimento não é recomendado
para pessoas idosas ou sedentárias ou para pacientes com patologias musculoesqueléticas ou
com contraturas instaladas. De acordo com o embasamento teórico para essa recomendação, os
tecidos enfraquecidos pela imobilização ou por desuso podem ser lesionados com facilidade, e o
tecido conjuntivo denso encontrado em contraturas crônicas não cede com facilidade mediante
um alongamento de curta duração e alta intensidade. Ao contrário, torna-se mais quebradiço e
pode romper com maior facilidade (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
Figura 11 – Alongamento dinâmico balístico. Fonte: Mayworm (2016).

1.9.4 Alongamento cíclico (intermitente)


Consiste na aplicação de uma força de alongamento com duração relativamente curta,
que é aplicada de modo repetido e de maneira gradual. Após isso, faz-se a liberação dessa força
e, em seguida, repete-se a aplicação. É comumente realizado com várias repetições durante uma
única sessão de tratamento. Pode-se dizer por experiência clínica que os fisioterapeutas acreditam
que, se for aplicado de maneira adequada, o alongamento cíclico na amplitude final é tão efetivo
e mais confortável para o indivíduo do que um alongamento estático de intensidade comparável
e, acima de tudo, se o alongamento estático for aplicado continuamente por mais de 30 segundos
(KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

1.9.5 Alongamento por Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva


(FNP)
A FNP é uma metodologia ou um conjunto de técnicas também aplicadas ao alongamento
que, por meio da estimulação de proprioceptores, visa aumentar a amplitude de movimento e
também a flexibilidade. É comumente chamada de alongamento ativo ou alongamento facilitativo
e esse alongamento integra propositalmente contrações musculares ativas nas manobras de
alongamento com a finalidade de facilitar ou inibir a ativação muscular e, por conseguinte,
ampliar a possibilidade de que o músculo a ser alongado permaneça o mais relaxado possível
durante todo o processo. Engloba técnicas que usam contrações isométricas curtas do músculo
a ser alongado antes de se realizar propriamente o alongamento estático. Geralmente se faz com
grupos musculares combinados, agindo em padrões de movimentos diagonais.

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A FNP direcionada ao alongamento busca facilitar o Órgão Tendinoso de Golgi a inibir


os músculos nos quais se encontra e usa o princípio da inibição recíproca. Esta é uma técnica que
tem revelado resultados mais eficazes do que o alongamento estático. São três as fases nas quais
pode ser dividida: na fase 1, leva-se o grupo muscular desejado até a sua amplitude máxima (aqui
ocorre acionamento do fuso muscular); na fase 2, faz-se uma contração voluntária isométrica
(neste momento, o terapeuta resiste ao movimento durante 6 segundos), desencadeando
um processo de inibição autogênica, culminando na ativação do Órgão Tendinoso de Golgi
e, consequentemente, na redução da tensão muscular. A partir daí, na fase 3, o alongamento
pode ser realizado além da amplitude observada na primeira fase; isso diminui a resistência ao
alongamento e aumenta a amplitude de movimento (FELAPPI; LIMA, 2015 apud MAYWORM,
2016).
Fatores como a idade, o gênero, o nível de flexibilidade inicial dos pacientes e o tempo
de sustentação do alongamento parecem influenciar os resultados efetivos do alongamento. De
modo independente, no que tange a maior efetividade de uma ou outra técnica (alongamento
estático ou por FNP), tanto uma quanto a outra são muito recomendadas quando se trata de
objetivos, como ganhar amplitude de movimento e flexibilidade, e são eficientes para tal. As
técnicas de FNP exigem que a inervação esteja íntegra, bem como o controle voluntário do
músculo encurtado, ou do músculo antagonista ao que se deseja alongar. Sendo assim, não é
uma técnica recomendada de maneira efetiva para pacientes portadores de sequela de paralisia
ou espasticidade resultante de doenças ou lesões neuromusculares, quando se tem o objetivo de
ganho de flexibilidade (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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Existe desvantagem ao optar por alongamento FNP? Sim, pois o alongamento por FNP
requer um profissional para aplicá-lo e também requer atenção para o devido treinamento para
a aplicação da técnica.
Há vários tipos de procedimentos de alongamentos por FNP e, segundo Kisner, Colby e
Allen (2016), todos resultam na melhora de ADM:
• Manter-relaxar (MR) e contrair-relaxar (CR)
Nesta modalidade, primeiramente deve-se alongar o músculo que limita a amplitude,
levando-o até o ponto da limitação (é importante negociar com o paciente, para atingir um
ponto confortável de alongamento); em seguida, o paciente realiza uma contração isométrica
no final da amplitude do movimento (mantendo por cerca de 5 segundos) e, logo após, relaxa
voluntariamente o músculo encurtado. O seguimento é, então, movido de uma posição passiva
para uma nova amplitude, enquanto se processa o alongamento (Figura 12). Estima-se que a
contração mantida antes do alongamento é seguida por um relaxamento reflexo acompanhado
por uma diminuição na atividade eletromiográfica (EMG) no músculo que limita a amplitude,
possivelmente como resultado da inibição autógena.
Nota: a fim de diminuir os efeitos adversos de uma manobra de Valsava (com elevação
da pressão arterial), realiza-se uma respiração regular enquanto executa contrações isométricas
submáximas (de baixa intensidade) mantidas por 5 a 10 segundos em cada repetição do
procedimento de alongamento. Estudos mostram que múltiplas repetições de contrações
isométricas máximas antes do alongamento resultam em aumento agudo da pressão arterial,
mais notadamente após a terceira repetição (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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Figura 12 – Exercício de alongamento por FNP. Fonte: Mayworm (2016).

• Contração do agonista (CA)


Um outro procedimento de alongamento por FNP é a técnica de contração do agonista.
Esse termo tem sido usado por vários autores, mas pode ser mal compreendido. “Agonista” se refere
ao músculo oposto àquele que limita a amplitude do movimento. Desse modo, o “antagonista”
é propriamente o músculo que está limitando a amplitude (Figura 13). A técnica é realizada da
seguinte maneira: o indivíduo faz contração concêntrica, encurtando o músculo oposto ao que
está limitando a amplitude e, então, sustenta a posição final por, pelo menos, alguns segundos
(de 5 a 6 segundos, como já mencionado). Quando o agonista é ativado de forma concêntrica, o
antagonista é reciprocamente inibido, e isso permite seu relaxamento e facilita o procedimento
de alongamento. A teoria clássica do FNP sugere que, quando o agonista (músculo oposto ao que

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
está causando a limitação) é ativado e se contrai de modo concêntrico, o antagonista (o músculo
que está limitando a amplitude do movimento) é inibido de forma recíproca, o que permite que
este relaxe e se alongue mais prontamente (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).

Figura 13 – Exercício de alongamento por FNP. Fonte: Mayworm (2016).

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• Manter-relaxar com contração do agonista (MR-CA)


Esta é uma modalidade de alongamento que, basicamente, combina os procedimentos
de MR e CA. A técnica consiste em mover o membro ou seguimento até a barreira elástica dos
tecidos, ou seja, até o ponto de encurtamento dos músculos em questão. Assim, sentir-se-á uma
resistência dos tecidos (que está limitando a amplitude); neste ponto, é solicitado ao paciente
que execute uma contração isométrica (que será resistida pelo terapeuta), funcionando como
um pré-alongamento no músculo que está limitando a amplitude. Em seguida, deve-se relaxar
esses músculos e realizar uma contração concêntrica imediata do músculo oposto ao que está
encurtado (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

1.9.6 Alongamento global


Segundo Mayworm (2016, p. 87),

Os exercícios de alongamento são usados também com o objetivo de corrigir


e prevenir desvios posturais, proporcionando maior flexibilidade. Entre
os métodos existentes, podem-se destacar dois muito conhecidos: um que
utiliza posturas estáticas com alongamento global ativo e esforço excêntrico, a
reeducação postural global (RPG) que utiliza as cadeias musculares e mantém
o alongamento por um longo período de tempo para cada postura (em média
15/20 minutos). E o outro método, segmentar, que alonga um músculo específico

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
ou grupos musculares, trabalhando num curto período de tempo, 30 segundos
em cada músculo.

É possível distinguir facilmente uma técnica da outra, basta observar a seguinte


característica: o alongamento de longa duração é realizado por meio de procedimentos focados nas
cadeias musculares; já o de curta duração é feito segmento por segmento. A filosofia de trabalho
por cadeias musculares tem embasamento nos achados e na observação empírica da criadora do
método (Mézières). Ela entendeu que o encurtamento de um músculo pode gerar compensações
em músculos próximos ou distantes. Portanto, a filosofia de trabalho em alongamento global
consiste em alongar vários músculos de forma organizada em cadeias, e não de forma isolada,
músculo a músculo. É fato que não se encontram trabalhos que comprovem a eficácia desse
método e, provavelmente, isso ocorre por se tratar de um alongamento que se estende por tempo
elevado (20 minutos em média), mas ele corrobora pesquisas e estudos que afirmam que o tempo
necessário para alongar um tecido é inversamente proporcional à força aplicada. Sendo assim,
o alongamento de longa duração solicita menor força para produzir um ganho em flexibilidade
que só seria possível em alongamentos de menor duração com a aplicação de uma força muito
alta, podendo produzir lesões. O alongamento global (Figura 14) tem o seu efeito terapêutico
apoiado nas experiências e nos resultados adquiridos no dia a dia da prática clínica. A busca por
uma comprovação científica e o assentamento de parâmetros que comprovem qual é o melhor
tipo de alongamento estático – se de longa duração, excêntrico e em cadeias, ou se de curta
duração, passivo e segmentado em grupos musculares – é fundamental para a construção e o
embasamento de um tratamento fundamentado em evidências científicas, diminuindo o custo e
aumentando a efetividade do processo de reabilitação do paciente (ROSÁRIO et al., 2008).

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ENSINO A DISTÂNCIA

Existem duas visões que concordam entre si no que diz respeito à importância de uma
avaliação criteriosa para direcionar a realização de um bom tratamento. Fazendo a comparação das
duas técnicas de alongamento, a segmentar, que procura alongar um músculo ou grupo muscular
isoladamente, e a global, que utiliza a Reeducação Postural Global e realiza alongamento em
cadeias musculares, os dados do estudo de Rosário et al. (2008) mostraram que ambas as técnicas
de alongamento são igualmente eficazes no ganho de amplitude de movimento, flexibilidade,
dinamometria e controle no ganho de alinhamento postural, mas a técnica por alongamento
global foi superior ao segmentar, sendo a técnica indicada para o tratamento desses tipos de
disfunção.

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
Figura 14 – Alongamento global. Fonte: Mayworm (2016).

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ENSINO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O terapeuta deve ser capaz de conduzir um exame e uma avaliação bem direcionada, a
fim de desvendar qual é a fisiopatologia a ser tratada, definir seus objetivos e metas e só então
estará de posse do “mapa” que pode conduzir ao sucesso terapêutico. É óbvio que muitas são
as variáveis cabíveis dentro desse processo de descoberta e determinação de objetivos. Cabe ao
terapeuta olhar cada paciente de forma individualizada.
O conhecimento sobre as indicações, precauções e contraindicações de cada modalidade
de exercício terapêutico fornece habilidades para fechar um bom programa de intervenção em
reabilitação. Sejam os exercícios dinâmicos, isométricos ou resistidos, com ou sem auxílio de
equipamentos, em cadeia cinética fechada ou aberta, as necessidades e limitações devem ser bem
claras, a fim de conduzir o programa de exercícios de forma segura e coerente. Da mesma forma,
a flexibilidade, obtida por meio dos exercícios de alongamento, pode ser trabalhada de várias
formas: por meio de técnicas específicas como a FNP, energia muscular, alongamento global, ou
de formas diversas, como o alongamento estático, estático progressivo, dinâmico balístico, cíclico
ou ainda por mobilização e manipulação articular de tecidos moles e tecido neural.
Como visto, as técnicas são diversas, consagradas na literatura e na prática baseada em

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 2
evidências e, independentemente de quais sejam escolhidas, o mais importante é saber, ter bem
claro e definido qual é a disfunção abordada, em que momento ou fase ela se encontra e quais são
os objetivos e metas a serem atingidos.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

03
DISCIPLINA:
CINESIOTERAPIA

EXERCÍCIOS PARA DIVERSAS ÁREAS


DO CORPO – COLUNA VERTEBRAL
PROF. ALYSSON FERNANDO BRIEL

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................ 59
1. EXERCÍCIOS PARA DIVERSAS ÁREAS DO CORPO – 1COLUNA VERTEBRAL.....................................................60
1.1 EXERCÍCIOS PARA COLUNA VERTEBRAL – DIRETRIZES...................................................................................60
1.1.1 MÉTODOS, TÉCNICAS OU EXERCÍCIOS DE WILLIANS E MCKENZIE.............................................................. 61
1.1.2 ESCOLA DE POSTURA.......................................................................................................................................... 66
1.1.3 EXERCÍCIOS DE ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL............................................................................ 67
1.1.4 EXERCÍCIOS DE PILATES .................................................................................................................................... 69
1.1.5 MÉTODO MÉZIÈRES ........................................................................................................................................... 72
1.1.6 REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL (RPG)......................................................................................................... 74
1.1.7 ISOSTRETCHING................................................................................................................................................... 76

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1.1.8 MÉTODO DAS CADEIAS MUSCULARES DE LÉOPOLD BUSQUET..................................................................77
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................79

WWW.UNINGA.BR 58
ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Entre os diversos procedimentos usados em terapia no processo de atendimento de
pacientes, o exercício terapêutico ocupa seu lugar entre os elementos fundamentais, constituindo
o centro dos programas elaborados para melhorar ou restaurar a função de uma pessoa ou para
prevenir sua disfunção.
O conhecimento prévio de anatomia, cinesiologia, biomecânica e neurofisiologia
possibilitará a escolha e o alcance dos objetivos propostos para cada paciente. O terapeuta
seleciona os mais adequados para cada caso e, conforme a evolução, irá prescrevendo e utilizando
outros exercícios, substituindo ou adicionando, conforme cada necessidade específica.
Nesta unidade, são apresentados alguns exercícios utilizados com mais frequência em
espaços terapêuticos com a finalidade de promover a reabilitação física. É uma abordagem breve,
pois na vida profissional são utilizados muitos exercícios, conceitos e protocolos validados de forma
abrangente. A Unidade III tem, como principal objetivo, apresentar, de forma sucinta, exercícios
direcionados para a coluna vertebral, que visam à sua saúde e, consequentemente, promovam
melhores condições para a execução das atividades básicas de vida diária. Especificamente:
exercícios de Willians e McKenzie, Escola de Postura, exercícios de estabilização da coluna
vertebral, exercícios de Pilates, o Método Mézières, Reeducação Postural Global, Isostretching e as

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 3
Cadeias Fisiológicas de Léopold Busquet. Faz-se importante mencionar aqui que existem outras
tantas técnicas que não serão abordadas, em vista de sua semelhança com os métodos já citados,
porém que possuem importância e merecimento de busca, conhecimento e aprofundamento do
seu estudo, caso agucem o desejo no leitor.
As ideias para a construção de um programa de exercícios foram selecionadas e seguem
de forma compilada, a fim de auxiliar o leitor a compor um programa de exercícios adequado
e coerente de acordo com suas necessidades e que venha a promover melhoras da condição da
coluna vertebral, facilitando, assim, a execução de suas AVD.

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ENSINO A DISTÂNCIA

1. EXERCÍCIOS PARA DIVERSAS ÁREAS DO CORPO –


1COLUNA VERTEBRAL
1.1 Exercícios para Coluna Vertebral – Diretrizes
Quando o assunto é postura, pode-se afirmar que um dos problemas em saúde pública é,
de fato, o desenvolvimento de alterações posturais estáticas, tanto na criança como no adolescente,
principalmente as que se instalam na coluna vertebral, pois podem configurar um agente
predisponente às patologias degenerativas da coluna vertebral do adulto, principalmente quando
a intensidade, força e dimensão delas vêm a gerar dificuldades para a execução das atividades da
vida diária.
É no período da infância e da adolescência (época da vida na qual se frequenta o ambiente
escolar) que ocorrem longos períodos de permanência na postura sentada, períodos estes em
que, habitualmente, a postura não é adequada e, na maioria das vezes, em mobiliários sem a
ergonomia correta. Esse fato, somado à tendência de um estilo de vida sedentário adotado na fase
escolar, pode também favorecer o aparecimento e a instalação de alterações posturais estáticas. E,
ainda, é suposto ou parece haver uma propensão de que os hábitos posturais assumidos durante
a infância e adolescência poderão se refletir na vida adulta dos jovens (SEDREZ et al., 2015 apud

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 3
MAYWORM, 2016).
Os hábitos posturais incorretos, ou simplesmente a má postura, são a causa basal de
várias desordens de coluna vertebral, inclusive, dos membros. Frequentemente, realizando
simples correções para minimizar ou eliminar as sobrecargas posturais que não são aparentes,
podem-se diminuir e aliviar os sintomas. Segundo dados coletados da Organização Mundial de
Saúde, cerca de 65 a 80% da população tem ou terá, em algum momento da vida, o quadro
clínico conhecido como lombalgia, sendo que 40% desses casos tornar-se-ão desordens crônicas
da coluna. A dor lombar é uma importante desordem clínica, socioeconômica e até mesmo de
saúde pública, e configura-se como uma das enfermidades mais comuns da coluna vertebral cuja
principal característica é o quadro doloroso nas partes inferiores da coluna lombar, lombossacral
ou sacroilíaca (GALDINO et al., 2015 apud MAYWORM, 2016).
Conforme Kisner, Colby e Allen (2016), antes de desenvolver um plano de tratamento e
eleger as práticas necessárias, é preciso avaliar e registrar os dados colhidos no exame do paciente,
incluindo história, revisão de órgãos e sistemas e os testes e medidas específicos, além de conhecer
muito bem os seus hábitos de vida. Com base nestas premissas, são listados a seguir critérios para
a intervenção terapêutica junto a comprometimentos da coluna vertebral.
Processo de educar o paciente: significa envolvê-lo em todas as atividades, a fim de
ensinar o autocuidado. Manter o paciente informado sobre o progresso esperado e precauções
necessárias.
Combate e diminuição dos sintomas agudos: técnicas e formas de se empregar a
eletrotermofototerapia, recursos terapêuticos manuais (massoterapia, tração, mobilização e/ou
manipulação), de acordo com a necessidade e para cada caso em particular. Convém lembrar
que é importante o repouso intercalado com atividades aeróbicas breves, como a caminhada, por
exemplo.

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Desenvolver a percepção e o controle do alinhamento da coluna vertebral: por meio


de treinamento cinestésico; movimentos cervicais e escapulares; inclinações pélvicas; controle e
manutenção da coluna neutra. Utilizar métodos para ganhar e aumentar o controle postural na
posição sentada, em pé, andando e realizando atividades funcionais (relacionadas ao ocupacional,
ao lazer e às atividades de vida diária).
Orientar o paciente sobre a relação entre má postura e sintomas apresentados: praticar
posições variadas e específicas, além de movimentos para experimentar o controle dos possíveis
sintomas em posturas variadas.
Instruir o desenvolvimento de uma biomecânica corporal segura: por meio de
exercícios funcionais para preparo de uma mecânica corporal segura (agachamentos, avanços,
estender os braços para várias direções, empurrar/puxar objetos, erguer e virar cargas com a
coluna estável).
Realizar avaliação da ergonomia no ambiente domiciliar, de trabalho e recreação: a
partir dessa avaliação, proceder às devidas adaptações do ambiente de trabalho, casa e recreação.
Usar métodos e técnicas de relaxamento para aprender a lidar com possíveis sintomas
de estresse: um bom início é utilizar-se de exercícios de relaxamento e alívio da sobrecarga
postural.
Viabilizar a ativação do sistema neuromuscular e o controle da musculatura
estabilizadora: usar métodos, técnicas e procedimentos de ativação dos músculos segmentares
profundos. Exemplo para a porção lombar da coluna vertebral: exercícios de encolher a barriga
(contração abdominal), contração de músculos multífidos; na sequência, progredir aumentando

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o número de repetições, enfatizando a resistência muscular à fadiga; avançar para exercícios
mais elaborados com foco no desenvolvimento da força muscular. Para a parte cervical da
coluna vertebral, trabalhar movimentos suaves da cabeça, para a frente, para trás, bem como
os movimentos de lateralização, e incrementar propiciando a estabilização básica por meio de
movimentos ativos, incluindo o uso dos membros superiores e inferiores – evoluir para exercícios
dinâmicos de fortalecimento, com resistência à fadiga, enfatizando as metas funcionais.
Introduzir atividades aeróbicas seguras: implementar e prosseguir com um programa
de exercícios aeróbicos, reservando atenção para a sua progressão.
Criar e promover hábitos de exercícios saudáveis para automanutenção: integrar, na
vida cotidiana, um programa de preparo físico, exercícios regulares e mecânica corporal segura,
que também seja de fácil assimilação por parte do paciente (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

1.1.1 Métodos, técnicas ou exercícios de Willians e McKenzie


Paul Williams criou seu método por meio de observações em seus pacientes, que, em
sua maioria, apresentavam dores lombares de caráter crônico, apresentavam ainda alterações
degenerativas esqueléticas secundárias a lesões dos discos intervertebrais. Ele também acreditava
que o homem forçava seu corpo para se manter em pé e ereto, sendo causa de deformação
da coluna, redistribuindo o peso pelo corpo nas proximidades dos discos intervertebrais da
coluna cervical e lombar. A postura prolongada em pé levaria ao aumento da lordose lombar,
comprimindo a parte posterior do disco intervertebral (a nível de L1 a S1), acelerando o processo
de degeneração. Em seu Método, o Dr. Paul Williams utiliza, como princípio do tratamento,
exercícios de flexão da coluna e do quadril. Com a finalidade de diminuir a dor e estabilizar
a coluna, trabalha para desenvolver ativamente os músculos flexores e alongar passivamente
os músculos extensores da coluna lombar e sacral. Williams enfatiza a questão da inclinação
posterior da pelve, como sendo fundamental para conseguir ótimos resultados no tratamento.
Os exercícios de flexão de Williams (Figura 1) são amplamente usados para o tratamento de uma
grande variedade de problemas lombares.

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Em muitos casos, os exercícios de Williams são utilizados quando a causa da disfunção ou as


suas características não são bem claras ou compreendidas. Comumente os exercícios são ensina-
dos com modificações próprias dos terapeutas, porém toda e qualquer alteração dos exercícios
deve ser realizada sob muita consideração da ação muscular, pelo fato de que os exercícios que
infringem o mecanismo de inclinação posterior da pelve podem ser suficientes para prolongar
os sintomas clínicos. De modo global, os exercícios focam no fortalecimento dos músculos ab-
dominais, glúteos e no alongamento de parte da cadeia posterior (LEMOS; SOUZA; LUZ, 2005;
HOUGLUM, 2015; MAYWORM, 2016).

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Figura 1 – Exercícios de Williams. Fonte: Mayworm (2016).

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Houglum (2015) descreve os exercícios de flexão de Williams (Figura 2) da seguinte


forma:
Exercício 1: sentar-se em uma posição de joelhos flexionados para fortalecer os músculos
abdominais.
Exercício 2: inclinação pélvica para fortalecer os músculos glúteos.
Exercício 3: joelho ao peito unilateral e joelho ao peito bilateral para alongar os músculos
eretores da espinha.
Exercício 4: alcance sentado dos dedos dos pés com joelhos estendidos para alongar os
eretores da espinha e os músculos posteriores da coxa.
Exercício 5: na posição de quatro apoios com um joelho para a frente sob o peito e
quadril e joelho contralateral em extensão para alongar o músculo tensor da fáscia lata e
o ligamento iliofemoral.
Exercício 6: iniciando em pé, com apoio bipodal e movendo-se para um agachamento
completo para fortalecer os músculos do quadríceps.

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Figura 2 – Exercícios de flexão de Williams de 1 a 6. Fonte: Houglum (2015).

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Há também uma série de exercícios (Figura 3) para alongamento da cadeia posterior, com
provável analgesia.

Figura 3 – Série de exercícios de Williams. Fonte: Mayworm (2016).

Mais adiante, os exercícios de extensão de McKenzie passaram a figurar e a fazer parte


da escolha por parte dos terapeutas, pois os exercícios de flexão de Williams deixaram muitos
pacientes com lesões discais ainda piores. Os exercícios de extensão, desenvolvidos por Robin
McKenzie, um fisioterapeuta da Nova Zelândia, enfatizam a extensão do tronco e buscam aliviar
a pressão posterior sobre os discos. Sua justificativa era a de que o disco é a principal fonte de
dor nas costas. Pelo fato de as pessoas passarem muito tempo sentadas e em outras posições de
flexão, sem se moverem o suficiente em extensão para aliviar a pressão sobre os discos, é que
os problemas discais ocorrem. E, desse modo, McKenzie defendia, sobretudo, os exercícios de

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extensão para aliviar a pressão sobre os discos (HOUGLUM, 2015).
McKenzie possui vários subsídios científicos em seu método. Acreditava que as dores
lombares tinham três mecanismos responsáveis, a saber: a Síndrome de Postura, ocasionada por
uma deformação mecânica dos tecidos moles adjacentes aos segmentos vertebrais; a Síndrome
de Disfunção, causada por encurtamentos ou aderências teciduais, por conta da má postura
ou por contratura do tecido fibroso-colágeno, ocorrido após um trauma; e o terceiro e último
mecanismo, a Síndrome de Desarranjo, ocasionada por um deslocamento ou listes do disco
intervertebral. Seguindo a filosofia do método McKenzie, o tratamento se desenvolve em grande
parte pelo movimento de extensão, mas a flexão também poderia ser incorporada, de acordo com
o mecanismo da lombalgia e de acordo também com a fase do tratamento (Figura 4). O método
tem como principal explicação as desordens biomecânicas causadas por posturas, exercícios
ou atividades inadequadas, causando, posteriormente, alterações estruturais da coluna lombar,
sendo que o tratamento é conduzido para a alteração específica (LEMOS; SOUZA; LUZ, 2005;
HOUGLUM, 2015).

Figura 4 – Exercícios de McKenzie. Fonte: Mayworm (2016).

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Em seu método para tratar dor nas costas, a abordagem McKenzie, método que ele
identificou como centralizador, move a dor progressivamente de sua região mais distal nos
membros para uma localização mais proximal e central na coluna lombar. Uma vez que a dor
lombar é mais tolerável do que a dor referida no membro, centralizar a dor é um fator-chave
no tratamento da referida dor distal da coluna vertebral. Sua ideia incluía permitir ao paciente
controlar a dor e o uso de exercícios que são dados ao paciente em ordem sequencial (Figura 5).
A sequência está descrita a seguir (HOUGLUM, 2015).
Exercício 1: 5 minutos em decúbito ventral. Se necessário, apoiar travesseiros na região
pélvica na altura lombar, e à medida que o paciente relatar diminuição da dor, deve-se remover os
travesseiros gradativamente até que o paciente seja capaz de manter-se na postura.
Exercício 2: quando capaz de permanecer em decúbito ventral, o paciente avança para
decúbito ventral sobre os cotovelos, com os cotovelos alinhados com os ombros, por 5 minutos.
A pelve permanece apoiada sobre a maca. Caso a pelve não encoste na maca, deve-se mover
os cotovelos mais adiante até que a pelve encoste na maca. Conforme adquirir flexibilidade, os
cotovelos são movidos até que estejam diretamente sob os ombros.
Exercício 3: a partir da aquisição da postura anteriormente descrita, o exercício torna-se
elevação em extensão, de maneira que a pelve fique apoiada na maca. Ajustes devem ser feitos
na posição das mãos até que se alcance flexibilidade e possa atingir a posição com as mãos
aproximadas ao alinhamento dos ombros. Realizar 10 repetições, de 6 a 8 vezes por dia.
Exercício 4: realizado com extensão de tronco em pé, com apoio bipodal. O paciente
coloca as duas mãos sobre a região posterior da pelve e estende o tronco para trás a partir da

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cintura, e não dos joelhos. Realizar de 6 a 8 repetições de 6 a 8 vezes por dia.
Exercício 5: é o exercício “gato-vaca” em posição sentada. Começar com os ombros caídos
e coluna arqueada, com a coluna lombar curvada posteriormente. Em seguida, o paciente executa
uma inclinação pélvica anterior. Explorar o limite extremo de cada posição e repetir de 15 a 20
vezes, 3 vezes por dia.
Exercício 6: este exercício McKenzie final é semelhante ao de Williams. Consiste em trazer
os joelhos ao peito. É repetido 10 vezes, de 6 a 8 vezes por dia. Cada membro inferior é movido até
o tórax e retorna à posição de início, um de cada vez, com o primeiro membro inferior mantido
junto ao peito, enquanto o outro é trazido para junto do primeiro, então o primeiro membro
inferior é mantido na posição de início, enquanto o segundo é levado de volta, de modo que a
coluna não se estenda durante o movimento.

Figura 5 – Exercícios de McKenzie. Fonte: Houglum (2015).

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Atualmente, o tratamento de lesões relacionadas à coluna difere muito daqueles


propostos na época de Willians e McKenzie. Um programa de exercícios terapêuti-
cos para coluna normalmente possui muitos componentes, incluindo instruções
sobre postura e estabilidade, bem como exercícios de força, flexibilidade e re-
sistência muscular.

1.1.2 Escola de postura


Conforme Mayworm (2016, p. 97),

A ‘Escola de Postura’, introduzida em 1972 no Hospital do Servidor Público


Estadual de São Paulo por Knoplich, surgiu a partir da observação de que no
Departamento de Ortopedia mais de 80% dos pacientes tinham queixas de dor
crônica na coluna, o que aumentava a demanda tanto no atendimento médico,
como na fisioterapia. Em sua proposta inicial, as aulas eram ministradas para 10
a 15 pacientes. Em período de férias, porém, eram oferecidas para grupos de até
80 pessoas, sendo observado um rendimento inferior quando eram ministradas

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a grandes grupos. Em 1978, Knoplich publicou o livro Viva bem com a coluna
que você tem, onde foi enfatizada a aplicação da ‘Escola de Postura’.

O programa da Escola de Postura se divide em um esquema de aulas teóricas de postura


corporal, aulas de relaxamento muscular e aulas de exercícios, sendo que estes últimos enfocam
mais a movimentação do que a ginástica em si (Figura 6). O Programa possui delineação com base
na educação postural e sua finalidade é a de capacitar a pessoa a proteger-se ativamente de lesões
durante seus movimentos nas suas atividades de vida diária e profissional, considerando tanto
a estática quanto a dinâmica. Os procedimentos técnicos de relaxamento muscular também são
necessários, haja vista que o paciente com dores crônicas na coluna vertebral pode desenvolver
tensões consideráveis nos músculos e, consequentemente, ocorrer o aumento da dor. Há, de fato,
um julgamento propagado entre terapeutas e pacientes de que os exercícios físicos são essenciais
para a recuperação de pacientes com dores na coluna vertebral, e que os exercícios específicos
para coluna são indicados com objetivo de corrigir a hiperlordose; ganhar força nos músculos
estabilizadores da coluna; melhorar a potência dos músculos da “parede” abdominal e melhorar
a postura em geral. O conceito e o programa da Escola de Postura possuem a estratégia básica
de educar e treinar os seus pacientes, visando à preparação deles para a prevenção, o tratamento
e a convivência com as desordens que acometem a coluna vertebral. O princípio da Escola de
Postura é o de aguçar o paciente para que ele assuma a responsabilidade de seu tratamento e
da própria recuperação. É, enfim, uma verdadeira proposta para atendimento em grupo e de
educação na saúde, com incentivo ao autotratamento (KNOPLICH, 2015).

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Figura 6 – Exercícios de Knoplich andando (com retroversão pélvica) e exercício com apoio na parede. Fonte: Kno-
plich (2015).

Para maiores informações sobre os exercícios do Dr. Knoplich e o Método RDM®


- Reprogramação Dinâmica Muscular, acessar: Escola de Postura Brasil®. Dis-

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ponível em: <http://www.escoladepostura.com.br/default.asp>.

1.1.3 Exercícios de estabilização da coluna vertebral


Segundo Mayworm (2016, p. 98),

Diversos músculos com diferentes funções estão associados à coluna vertebral,


entre eles estão os músculos estabilizadores dos segmentos da coluna, que
possuem características particulares de antecipação, assim agem em conjunto
proporcionando estabilidade e proteção as estruturas vertebrais impedindo
qualquer sobrecarga a coluna. Estudos evidenciaram que pessoas que possuem
dor na coluna, seja por qualquer causa, possuem um processo de inibição e
fraqueza destas musculaturas estabilizadoras dos segmentos vertebrais. Portanto
essa musculatura perde seu caráter de antecipação e proteção, sendo causa
fundamental para a progressão de patologias degenerativas da coluna vertebral.

Há a hipótese de que dois sistemas atuam na estabilização: o sistema global, que


compreende grandes músculos desenvolvedores de torque, agindo no tronco e em toda a coluna
sem serem diretamente ligados a ela, por exemplo – o reto abdominal, o oblíquo externo e a parte
torácica do iliocostal lombar; e o sistema local, constituído pelos músculos ligados diretamente
às vértebras e responsáveis por estabilizar e manter o controle segmentar (multífido lombar, o
transverso do abdômen, o quadrado lombar e as fibras posteriores do oblíquo interno) (FRANÇA
et al., 2008 apud MAYWORM, 2016).

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Mayworm (2016) afirma que a exercitação desses músculos pode ser realizada por meio
de exercícios específicos e possui o objetivo de recuperar a sua contração, trabalhando como um
verdadeiro cinturão interno juntamente ao diafragma e aos músculos do assoalho pélvico. Esses
exercícios são realizados em conjunto com a respiração e com foco na qualidade e percepção da
contração dos músculos estabilizadores, progredindo para exercícios funcionais com alterações
do centro de gravidade e com movimentos amplos das extremidades.

• Treinamento na posição de “gatas” para o transverso do abdômen (TA):


A posição inicial preconizada no aprendizado é a posição de quatro apoios (Figura 7). O
paciente recebe instruções de como localizar, reconhecer e manter as curvas da coluna torácica e
lombar em posições normais para a execução de exercícios. A partir da referida posição inicial, é
preciso trabalhar esse mesmo exercício deitado em dorsal, em pé e na postura sentada. A ativação
do músculo transverso do abdômen pode ser percebida por meio da palpação medialmente à
espinha ilíaca ântero-superior e inferiormente à cicatriz umbilical.

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Figura 7 – Exercícios em quatro apoios com contração do transverso do abdômen. Fonte: Mayworm (2016).

• Exercícios para o músculo quadrado lombar


Para ativar o quadrado lombar, que é um estabilizador lateral, pode-se recorrer ao exercício
denominado ponte lateral, pois, dessa forma, potencializa-se a ativação e é possível diminuir a
sobrecarga na coluna lombar. Para facilitar e trabalhar o princípio de progressão, o apoio inferior
é realizado inicialmente com o joelho e pode evoluir para o apoio com os pés (Figura 8).

Figura 8 – Exercício: ponte lateral. Fonte: Mayworm (2016).

• Exercícios para o multífido lombar (ML)


Este exercício pode ser realizado na postura deitada em prono, em que os joelhos devem
ficar estendidos e os braços ao longo do corpo. Segue com a ação do terapeuta, que toca com
seus dedos polegares os multífidos lombares adjuntos aos processos espinhosos. Neste momento,
pede-se ao indivíduo que faça uma contração leve como se fosse empurrar os dedos do terapeuta,
e a mantém por 10 segundos com a sugestão de repetir por 10 vezes.

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O terapeuta deve sentir em seus dedos polegares a contração no local palpado e deve verificar
a capacidade de execução de uma contração simétrica e bilateral por parte do indivíduo, assim
como a intensidade e a capacidade em manter de forma homogênea, sem compensações.
A co-contração dos músculos TA e ML, de preferência, tem início nas posições em pé e sentada.
Em ambas, o paciente realiza exatamente os mesmos exercícios para o TA e o ML (Figura 9) ao
mesmo tempo.

Figura 9 – Músculos multífidos e co-contração dos multífidos e do transverso do abdômen. Fonte: Mayworm (2016).

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A literatura sugere que os exercícios de estabilização são positivos tanto na prevenção
quanto no tratamento da dor lombar crônica, mostrando serem eficazes na redução da dor e
na melhora da função em indivíduos com lombalgia (FRANÇA et al., 2008 apud MAYWORM,
2016).

1.1.4 Exercícios de Pilates


Joseph Pilates nasceu em 1880 em Munchengladbach, Alemanha. Foi uma criança
magra, de saúde frágil, que sofria de raquitismo, asma e febre reumática. Pilates trabalhou no
desenvolvimento de um programa de exercícios que pudesse melhorar a própria saúde, e assim
engajou-se em inúmeras atividades físicas para aperfeiçoar sua forma física (MASSEY, 2012).
O método Pilates tem como objetivo fortalecer o core (ou “centro de força”) (Figura 10),
alongar a coluna, melhorar o tônus muscular e aumentar a consciência corporal. Embora Joseph
Pilates não tenha especificamente imposto princípios para o seu método, os princípios, listados
logo a seguir, podem ser claramente identificados ao longo das páginas de seus textos e coletados
de filmagens originais e de outros materiais de seu arquivo. Dependendo da escola de Pilates, a
lista de princípios e o modo como eles são apresentados podem variar um pouco, porém essa
lista – respiração, concentração/estabilidade, centro, controle, precisão e fluxo de movimento
– inclui os princípios que formam a base de muitas abordagens do método Pilates e geralmente é
aceita como a base sólida do sistema (ISACOWITZ; CLIPPINGER, 2013; ELLSWORTH, 2015).
Em suma, é um programa de exercício que reúne teorias ocidentais de biomecânica,
estabilização do centro corporal e controle motor com teorias orientais de interação de corpo,
mente e espírito. Os componentes de uma sessão de Pilates típica incluem exercícios de respiração
profunda e estabilização do centro corporal, com foco na ativação e no relaxamento de grupos
musculares específicos, treino de controle e consciência corporal, treinamento de força (usando
primariamente o peso corporal como resistência), exercícios de equilíbrio e de flexibilidade
(KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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Figura 10 – Exercício de Pilates: treinamento do core. Fonte: Ellsworth (2015).

A Pilates Method Alliance®, uma associação profissional reconhecida, cujos membros se


dedicam aos ensinamentos de Joseph Pilates, afirma que os exercícios têm como foco a simetria
postural, o controle da respiração, a força abdominal, a estabilização da coluna, da pelve e dos
ombros, a flexibilidade muscular, a mobilidade articular e o fortalecimento por meio da amplitude
completa de movimento de todas as articulações, e não de grupos musculares isolados; o corpo
todo é treinado, integrando os membros superiores e inferiores com o tronco. O trabalho com
o Método Pilates visa à manutenção das curvaturas fisiológicas da coluna vertebral e enfatiza
o abdômen como centro de força, e este é trabalhado continuamente em todos os exercícios
da técnica, realizada com poucas repetições (Figura 11). A estabilidade do centro de força dos
músculos abdominais depende de co-contrações musculares de pares agonista-antagonista,
suficientes para a manutenção da postura em estabilidade isométrica. Atua ainda na prevenção e
preservação da saúde, tendo o objetivo de correção da postura corporal, melhora da circulação de
fluidos no corpo, além de controlar a dor, elevar a autoestima, melhorar a força e as habilidades
motoras (MASSEY, 2012).

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Figura 11 – Exercício de Pilates: alongamento da coluna para a frente. Fonte: Massey (2012).

Exercícios iniciais de Pilates com auxílio de aparelhos podem ser vistos no vídeo:

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Conheça seis Exercícios de Pilates para Iniciantes. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=eL3LpYBPat4>.

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1.1.5 Método Mézières


Conforme Mayworm (2016, p. 102),

Todos os nossos músculos são indiretamente ligados uns aos outros por forma
de cadeias musculares, que são a passagem das linhas de força que percorrem
o nosso corpo, fazendo-o reagir de uma extremidade à outra. Toda atividade
dentro de uma parte do corpo terá repercussões no corpo todo.

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Figura 12 – Imagem clássica dos conteúdos principais das cadeias musculares anterior e posterior. Fonte: Coelho
(2008).

Françoise Mézières definiu o termo cadeia muscular como sendo um grupo de músculos
que seguem com igualdade uma direção e um sentido, são habitualmente poliarticulares e atuam
como se fossem um único músculo (Figura 12). Mézières foi pioneira neste assunto e, com
base nas suas observações práticas e em seus estudos anatômicos, descreveu também três leis
relacionadas às cadeias musculares:
1 - Toda tentativa de correção em uma determinada região irá gerar uma compensação
em outra região a distância.
2 - Toda tentativa de estiramento ou tensionamento de uma cadeia muscular resultará
numa propensão de rotação interna dos membros.
3 - Toda tentativa de estiramento de uma cadeia muscular leva à predisposição de um
bloqueio respiratório em apneia inspiratória (MAYWORM, 2016).
A cadeia dos músculos estáticos é, em potencial, o que mantém o corpo humano ereto.
Essa cadeia é composta por músculos constituídos de uma maior quantidade de tecido conjuntivo
e apresenta o tônus mais elevado, pelo fato de executar uma função contra a gravidade, fato
que exige uma contração parcial constante. A tendência desses músculos é possuir tônus mais
elevado; eles são comumente mais encurtados e com menor flexibilidade. São ainda os mais
acometidos nos casos de patologias. Quando os músculos estáticos se encurtam excessivamente,
desvios ósseos podem se instalar e consequentemente ocorrer compressões das articulações.

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É fato também que, quando um músculo de uma cadeia muscular é acometido, todos
os outros músculos da mesma cadeia também serão afetados. Para os principais movimentos
corporais, é utilizada a cadeia dos músculos dinâmicos. Estes são músculos que possuem uma
quantidade mais baixa de tecido conjuntivo e também menor tônus muscular; por esse motivo,
podem se tornar extremamente flácidos e hipotônicos. Um bom exemplo disso são os músculos
abdominais de pessoas sedentárias (MAYWORM, 2016).
A Figura 13 representa o “anel Mézières”. Podemos dizer que, para Mézières, todas
as deformações ocorriam a partir de uma ou mais lordoses, sendo que esta(s) estaria(m)
associada(s) à rotação dos membros (relacionada com o encurtamento do psoas e de outros
músculos sinergistas) e ao bloqueio diafragmático (associado ao encurtamento do diafragma e
dos diversos músculos suspensores das vísceras, incluindo musculatura sinergista com inserção
superior na coluna cervical). O tratamento, segundo Mézières, corresponderia precisamente a
toda a ação de alongamento muscular global e prolongado com vista à deslordose, desrotação e
desbloqueio diafragmático (os princípios fundamentais de trabalho de Mézières). O tratamento
mézièrista consiste precisamente num conjunto de posturas que possibilitam o tratamento inicial
de um “bloco superior” da “cadeia posterior” (constituído pela cabeça, coluna cervical, cintura
escapular e membros superiores, e coluna dorsal até T7) e, logo em seguida, o tratamento do
“bloco inferior” da “cadeia posterior” (coluna de T7 até o cóccix, cintura pélvica e membros
inferiores) (COELHO, 2008).

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Figura 13 – Esquema do “Anel Mézières”. Fonte: Coelho (2008).

O método desenvolvido por Mézières na década de 1960 evidenciou a ideia de assistência


muscular por meio do entendimento de que uma parte do corpo em sofrimento é a expressão
particular de um conjunto de disfunções, sendo que a etiologia deve ser tratada em áreas
habitualmente bem afastadas do problema que preocupa o indivíduo. Mézières acreditava que
a etiologia inicial das deformidades eram as lordoses e organizou sua técnica embasada na
tensão presente nos músculos posteriores, músculos estes encarregados de manter a postura
estática. Ela nomeou esses músculos como cadeia muscular posterior em conjunto com os
músculos rotadores internos da coxofemoral e o músculo diafragma. Com o intuito de tratar
essas disfunções, era necessário alongar a cadeia posterior inteira, não sendo suficiente alongar
apenas um dos músculos desse complexo muscular, pelo motivo de que, se fosse feito assim,
ocorreriam compensações que impediriam corrigir a principal causa do problema (VIEIRA,
1998 apud MAYWORM, 2016).

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Françoise Mézières nasceu na França em 1909 e doutrinou sua técnica e seu método
do fim dos anos 1950 até 1991 quando veio a falecer. Ela influenciou alunos que derivaram e
criaram as próprias técnicas, como Philippe-Emmanuel Souchard, criador do método conhecido
como Reeducação Postural Global (RPG), além de outros teóricos como Godelieve Denys Struyf
(Método GDS), Bernard Redondo (Isostretching), Serge Peyrot (MARP), Thérese Bertherat
(Antiginástica), dentre outros (MAYWORM, 2016).

1.1.6 Reeducação Postural Global (RPG)


A Reeducação Postural Global (RPG) de Philippe Souchard é provavelmente o método
mais conhecido de todos. A maioria desses princípios, supostamente “descobertos” por Souchard,
são princípios do método Mézières. É de lamentar que Souchard raramente se refira à “mãe
intelectual” do seu método, porque ensinou o método durante dez anos e escreveu sobre ele.
Também não é criticável que Souchard tenha criado o próprio método. Ainda mais porque as
suas posturas de trabalho (o seu método inclui oito posturas de alongamento) são claramente
inovadoras. Portanto, apesar de as posturas do RPG não acrescentarem nada em termos
metodológicos ao método Mézières, são bastante imaginativas, inovadoras e eficazes (Figura 14)
(COELHO, 2008).

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 3

Figura 14 – Posturas do RPG: 1. rã no chão com fechamento dos braços; 2. rã no ar com fechamento dos braços; 3.
postura sentada; 4. rã no chão com abertura dos braços; 5. postura de pé contra a parede; 6. rã no ar com abertura
dos braços; 7. postura “bailarina”; 8. postura de pé. Fonte: Coelho (2008).

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ENSINO A DISTÂNCIA

Em termos teoréticos, a atenção dada por Souchard é maior à(s) cadeia(s) anterior(es)
do que Mézières; por exemplo, se para Mézières não há cifose sem lordose, para Souchard, a
cifose poderá constituir-se como uma entidade autônoma relativamente à lordose, com cadeias
anteriores envolvidas em independência da cadeia muscular posterior. Para Souchard, há dois
grandes conjuntos de “retrações” globais: posterior e anterior. As posturas de trabalho variam
segundo as alterações existentes. Se analisarmos bem essas “posturas”, veremos que algumas são
iguais às posturas de Mézières, mas esteticamente mais belas e “politicamente” mais corretas.
Um exemplo pode ser constatado na postura “sentada”, na qual é mantida a curvatura lombar
neutra, enquanto que essa curvatura tende a ser “deslordosada” no método Mézières (Figura 15)
(COELHO, 2008).

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 3
Figura 15 – Postura de Mézières e a correspondente “rã sentada” do RPG de Souchard. Fonte: Coelho (2008).

É importante mencionar, ainda, que a noção de “cadeia muscular” para Souchard


acrescenta um pouco a Mézières, no sentido de que Souchard valoriza a diferenciação entre
musculatura fásica (cadeias musculares dinâmicas) e musculatura tônica (cadeias musculares
estáticas). Souchard expõe, em várias das suas obras, os objetivos e princípios da Reeducação
Postural Global: 1º) “Só as posturas ativas em alongamento podem devolver aos músculos
hipertônicos, rígidos e dolorosos, a sua força, o seu comprimento e a sua flexibilidade”; 2º) “É
necessário alongar os músculos da estática e os músculos suspensores, encurtando-se os músculos
da dinâmica”; e 3º) “Só as posturas de estiramento progressivo cada vez mais globais permitem
alongar todos os músculos rígidos, assim como reencontrar a retração de origem”. Françoise
Mézières não valorizava tanto a questão do “fortalecimento dos músculos fásicos” (aliás, ela
argumentava que a força da musculatura fásica anterior fluiria após ter sido inibido o tônus da
musculatura tônica posterior) (COELHO, 2008).

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ENSINO A DISTÂNCIA

Para mais informações sobre o Método Mézières, RPG e cadeias musculares, as-
sim como sua evolução histórica, acesse:
COELHO, L. O método Mézières ou a revolução na ginástica ortopédica: o mani-
festo antidesportivo ou a nova metodologia de treino. Motricidade, Santa Maria
da Feira, v. 4, n. 2, jun. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1646-107X2008000200004&lang=pt>.

1.1.7 Isostretching
Uma outra técnica, o Isostretching, foi desenvolvida em 1974 por Bernard Redondo
(Figura 16) e consiste na manutenção de posturas de alongamento durante uma expiração
prolongada, enquanto o indivíduo realiza uma contração isométrica excêntrica da musculatura
vertebral profunda. Esta é considerada uma técnica global porque as posturas utilizadas
objetivam manter posicionamento vertebral de engrandecimento, favorecem o alongamento
simultâneo dos músculos posteriores da coluna e dos membros e, ao mesmo tempo, mantêm os

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 3
paravertebrais profundos com uma tonicidade que favorece a manutenção da postura correta
adquirida, portanto, visa preparar e proteger a musculatura de uma retração que possa vir a sofrer
por falta de atividade física adequada, sendo indicada para todas as idades e capacidades físicas.
Em geral, é aplicada ao longo de várias sessões.
Na literatura, quase não se encontram estudos que avaliam os efeitos do isostretching em
alterações posturais, sendo que os poucos encontrados apresentam dados qualitativos obtidos por
meio de fotografia, ou radiografia, ou avaliam apenas um segmento da postura corporal. Apesar
de o método ser utilizado por fisioterapeutas na prática clínica com êxito, há poucos achados na
literatura sobre sua utilização e seus benefícios, talvez pela dificuldade em agregar voluntários
que mantenham o compromisso de seguir o tratamento até o final (MONTE-RASO et al., 2009).

A evolução dos tratamentos voltados à coluna vertebral vem atravessando a


história e o questionamento é: uma única técnica pode ser eleita para todos ou
para a maioria dos casos de disfunções da coluna vertebral? Partindo do fato de
que as técnicas ora buscam se aperfeiçoar (uma em relação a outra), ora até se
contrapõem, e ainda considerando que cada paciente é uma entidade única, por-
tadora de suas peculiaridades, fica claro que a resposta é não. Cabe ao terapeuta
avaliar cada caso e planejar cada conduta da forma mais coerente e adequada
possível, escolhendo uma ou outra técnica ou, até mesmo, somando partes de
técnicas, bem como exercícios específicos, a fim de firmar a conduta terapêutica
“ideal”.

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ENSINO A DISTÂNCIA

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 3
Figura 16 – Bernard Redondo – criador da técnica Isostretching. Fonte: Quark Produtos Médicos (2012).

1.1.8 Método das cadeias musculares de Léopold Busquet


Por fim e não menos importante, na verdade tão importante que deve ser mencionado nesta
unidade, tem-se o Método das Cadeias Fisiológicas, criado por Léopold Busquet (Figura 17). O
Método permite proporcionar ao paciente um tratamento personalizado, abrangente e coerente
para desfazer tensões musculares e torná-lo mais relaxado e confortável. O método de Busquet
usa, basicamente, a manipulação manual, que deve ser adequada às necessidades do paciente,
seja ela terapêutica, preventiva ou relaxante. Deve-se fazer uma avaliação prévia das cadeias
musculares estática, de flexão, de extensão, de abertura e de fechamento, visceral e neurovascular.
O método das cadeias fisiológicas coloca em evidência os pontos de tensão em diferentes partes
do corpo, no nível de cada uma das cadeias. Ao contrário do Pilates, por exemplo, a primeira
preocupação do método de Busquet é com a terapia manual para soltar as tensões e dar liberdade
de movimento. Os movimentos, se necessários, vêm depois. O terapeuta baseia-se na observação
dos pontos de tensão em diferentes partes do corpo do paciente e aplica, em seguida, um método
de tratamento manual com objetivo de liberar as zonas de tensão, devolver boa mobilidade aos
tecidos, melhorar o funcionamento do corpo e buscar uma melhor estática. O método reduz e
elimina as sobrecargas corporais acumuladas no dia a dia, produz relaxamento corporal, diminui
o estresse e trata as lesões. Quando as cadeias fisiológicas estão livres e equilibradas, a estática é
perfeita e os movimentos são fáceis (BUSQUET, 2009).

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ENSINO A DISTÂNCIA

A sua obra possui uma grandeza de conhecimento anatômico que qualquer outro
mézièrista não possui. De um ponto de vista dos métodos “neo-mézièristas”, é aquele que, segundo
uma linha “orto-reumatológica”, possui a maior completude (COELHO, 2008).
O método consiste numa combinação de técnicas de massagens e alongamentos leves
e progressivos sem que haja dor. Desfeitas as tensões, as funções corporais normais entram em
ação, eliminando tensões estruturais que estejam na base de disfunções, deformações e dores. O
tratamento deve sempre respeitar a idade do paciente, do bebê ao adulto. As sessões demoram
cerca de 50 minutos, em média, e devem ser realizadas uma vez por semana, com pelo menos 12
sessões (BUSQUET, 2009).

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 3
Figura 17 – Léopold Busquet – Método Cadeiras Fisiológicas de Busquet. Fonte: Methode Busquet (2015).

Para mais informações sobre o Método Busquet, acessar histórico do método em:
Curso Internacional de Formação no Método Busquet. Disponível em: <http://www.
methode-busquet.com/wp-ontent/uploads/sites/5/2015/02/objectifs.pdf>.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A coluna vertebral pode ser considerada analogamente a um pilar, ou seja, o pilar corporal.
A partir dessa estrutura tão nobre e que abriga outras estruturas de igual importância, seguem os
membros e demais órgãos e sistema numa harmonia estrutural, física, corporal e, por que não,
emocional? As desordens que afetam a coluna vertebral merecem, portanto, atenção especial
por parte do terapeuta que, munido de informações e conhecimentos específicos e inerentes à
profissão voltada à reabilitação, deve promover o melhor tratamento possível.
A avaliação é o “mapa”, o “plano” de ação para iniciar uma conduta coerente de reabilitação
aplicada à coluna vertebral. Os conhecimentos de cinesiologia e cinesioterapia, já trabalhados
neste texto, bem como técnicas de terapia manual citadas e ainda recursos e técnicas específicas
constituem um valioso agrupamento de ferramentas voltadas ao combate das disfunções de
coluna vertebral.
Independentemente do(s) método(s) escolhido(s), o terapeuta deve considerar e
assumir a autonomia para indicação e implementação de um programa terapêutico progressivo,
pensando em todas as fases de uma reabilitação, simples ou mais complexa, passando pelas
modalidades de exercício passivo, ativo-assistido, ativo livre, exercícios contra resistência (nas
modalidades isométrica e isotônica, com intervenção manual ou mecânica, usando cadeias

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 3
cinéticas aberta e fechada). O equilíbrio e os exercícios funcionais devem ser adotados com
foco no restabelecimento da função, seja em demandas simples ou mais complexas, como nos
acometimentos de membros (por exemplo, na ausência de função dos membros inferiores), fato
que demanda cuidados focados nas transferências de decúbitos, em funções como a locomoção
(com ou sem dispositivos auxiliares: muletas, bengalas, cadeiras de rodas e assim por diante),
acessos domiciliares ou urbanos.
Ao longo da história da medicina de reabilitação, muitos autores, em embates ou em
sinergia sobre determinados assuntos, tornaram possível a aquisição e o acesso a tais conhecimentos
terapêuticos, os quais nos possibilitam tecer comparações e, de forma privilegiada, adotar, escolher,
mesclar ou até mesmo criar formas de terapias e/ou técnicas em prol de “um atendimento mais
humanizado”. Seja qual for a filosofia de trabalho eleita pelo terapeuta, inegavelmente é preciso
tomar posse, reconhecer, citar e correlacionar práticas terapêuticas com o legado deixado pelos
autores referenciados neste texto.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

04
DISCIPLINA:
CINESIOTERAPIA

EXERCÍCIOS PARA DIVERSAS ÁREAS


DO CORPO – OS MEMBROS
PROF. ALYSSON FERNANDO BRIEL

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 82
1. EXERCÍCIOS PARA DIVERSAS ÁREAS DO CORPO – OS MEMBROS................................................................. 83
1.1 EXERCÍCIOS PARA MEMBROS SUPERIORES E MEMBROS INFERIORES..................................................... 83
1.1.1 EXERCÍCIOS DE CODMAN.................................................................................................................................. 84
1.1.2 PROTOCOLO DE ROCKWOOD........................................................................................................................... 85
1.1.3 TREINAMENTO PROPRIOCEPTIVO ................................................................................................................ 86
1.1.4 FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA (FNP)......................................................................... 91
1.1.5 ABORDAGEM NEUROEVOLUTIVA NO TRATAMENTO DE DOENÇAS NEUROMUSCULARES...................... 94
1.2 POSTURA E AVALIAÇÃO....................................................................................................................................... 96
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................................................... 99

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ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
O corpo humano possui uma grande capacidade de adaptação funcional e estrutural ao
exercício físico. Os homens foram nômades e caçadores durante milhares de anos de evolução.
Nos últimos tempos, houve redução importante da quantidade de atividade física na vida diária,
devido aos sistemas de automação no trabalho e ao transporte motorizado. Isso indica que a
mudança para um estilo de vida sedentário pode ser prejudicial para o indivíduo e potencialmente
oneroso para a sociedade.
A forma física e a boa saúde não são sinônimos, mas complementares entre si. Enquanto
uma boa saúde significa simplesmente a ausência de doenças, a forma física pressupõe energia
suficiente para buscar as recompensas da vida e não depender fisicamente de outras pessoas.
O exercício físico ocupa um lugar primordial no processo de reabilitação. Estudos relatam
a diminuição dos sintomas de patologias, como a fibromialgia, LER/DORT, além de outras
tantas, com o uso complementar das terapias funcionais, tratamentos baseados em exercícios
terapêuticos protocolados individualmente para cada patologia e cada indivíduo. Como diversos
estudos vêm demonstrando, destaca-se a importância do exercício físico terapêutico como forma
de modulação funcional do sistema imunológico, aumentando a capacidade desse sistema de
combater processos inflamatórios, infecciosos e virais.

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 4
Nesta última unidade, são apresentados exercícios visando ao desempenho muscular e
à função dos complexos apendiculares do corpo humano. A Unidade IV tem como objetivo
apresentar uma progressão de exercícios, considerando a fase pós-diminuição do quadro álgico,
de forma a desenvolver percepção e controle dos músculos fracos ou mal utilizados. De forma
também sucinta, seguem exercícios direcionados para os membros superiores e inferiores,
especificamente: exercícios de Codman, exercícios de Rockwood, treinamento proprioceptivo,
facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) e a abordagem neuroevolutiva no tratamento
de doenças neuromusculares. Por fim, é de suma importância uma explanação sobre avaliação
postural, que, de fato, é o ponto inicial para que se obtenha êxito em toda e qualquer abordagem
terapêutica.

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ENSINO A DISTÂNCIA

1. EXERCÍCIOS PARA DIVERSAS ÁREAS DO CORPO – OS


MEMBROS
1.1 Exercícios para Membros Superiores e Membros Inferi-
ores
Na prescrição e execução do exercício, o importante é estimular os pacientes em exercícios
e intensidades suficientes para que eles consigam realizar, de maneira que seja possível evoluir de
forma segura para patamares mais intensos do programa de trabalho e exercitação. As finalidades,
ou seja, objetivos e metas devem ser claramente organizados, tendo como prioridades a educação
do paciente e o controle dos sintomas. O trabalho de exercitação dos membros do corpo humano
visa progredir com foco na função e no desempenho muscular.
A seguir, elenca-se uma relação de progressão dos exercícios, que pode ser implementada
e aplicada após a diminuição do quadro álgico:
- Trabalhar a propriocepção (visando ao desenvolvimento da percepção e ao controle dos
músculos enfraquecidos ou utilizados inadequadamente).
- No caso de músculos fracos ou reparados cirurgicamente, pode-se começar com
exercícios isométricos casualmente, explorar vários ângulos trabalhando com pequenas

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 4
resistências e ADM ativo assistida, variando as modalidades em cadeia cinética aberta e fechada.
Cuidado nas amplitudes extremas ou que venham a gerar dor.
- Oferecer resistência e repetições meramente suficientes para provocar os músculos, mas
sem evocar os sintomas.
- Implementar a exercitação com contrações concêntricas e excêntricas.
- Favorecer e praticar o controle dos músculos associados à postura, a fim de alcançar
estabilidade nas regiões alvo (fazer uso de exercícios de estabilização).
- Proporcionar resistência muscular à fadiga.
- Evoluir para padrões combinados de movimento com simulação de atividades funcionais
e treinar os grupos musculares a trabalharem sequencialmente, de forma coordenada e com
controle de movimento.
- Incorporar tarefas funcionais simples ao processo de reabilitação e evoluir para atividades
mais complexas e desafiadoras.
- Incluir e realizar exercícios corporais globais com vistas a aumentar a resistência
cardiopulmonar e também o equilíbrio corporal.
- Com base nos objetivos funcionais e de acordo com as necessidades de cada paciente,
incluir ao treinamento exercícios excêntricos de alta intensidade, treinamento pliométrico
(exercícios de alongamento-encurtamento rápido) e exercícios de agilidade com velocidades de
movimento cada vez maiores (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).

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ENSINO A DISTÂNCIA

Exercício de pliometria consiste em uma forma de exercício que visa ao máximo


trabalho dos músculos em movimentos rápidos e de explosão. Trata-se de um
conceito baseado na investigação e na exploração da capacidade muscular em re-
alizar sequências de contrações excêntricas e concêntricas a fim de aprimorá-la.
Segurar uma bola, saltar e arremessá-la é um bom exemplo de atividade pliométri-
ca, pois esta trabalha a contração e o alongamento muscular de forma sequenci-
ada, para alcançar a força máxima em um curto período de tempo.

1.1.1 Exercícios de Codman


Conforme Mayworm (2016, p. 104),

Ernest Amory Codman (1869-1940) foi um cirurgião norte-americano


que fez importantes contribuições em seis diferentes campos da medicina
(anestesiologia, radiologia, cirurgia de úlcera duodenal, oncologia ortopédica,

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 4
cirurgia do ombro, e também no estudo de desfechos clínicos – mais tarde seria
considerado um dos pais da medicina baseada em evidências).

Foi no ano de 1934 que ele apresentou um tipo singular de mobilização do ombro,
especialmente indicada após cirurgias de reparo das estruturas do manguito rotador. Os exercícios
de Codman (Figura 1), ou exercícios pendulares, assim também chamados, compreendem de
forma básica a execução de uma automobilização por meio de movimentos circulares e pendulares
envolvendo o membro superior (braço). São exercícios simples, de baixo custo e eficazes em
minimizar a dor e restabelecer a amplitude de movimento do ombro após uma lesão ou cirurgia.
Os exercícios de Codman podem abranger três modelos diferentes de movimento realizados no
ombro: (1) circundução (sentido horário ou anti-horário), (2) flexão e extensão (para frente e
para trás) e (3) abdução e adução horizontal (de um lado para o outro) (MAYWORM, 2016).

Figura 1 – Exercício de Codman em circundução. Fonte: Mayworm (2016).

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ENSINO A DISTÂNCIA

O movimento passivo do ombro ocorre devido à transferência do peso para a frente e


para trás entre ambos os membros inferiores, enquanto o membro superior continua relaxado.
É indicado para o ganho de movimento inicial, relaxamento muscular, distração da articulação
glenoumeral e modulação da dor. A posição do paciente deve ser com cintura flexionada, o
membro superior lesionado deve ficar pendente, em repouso e longe do corpo; o peso do corpo
pode ser suportado em uma maca, pelo membro superior não lesionado. Para executar o exercício,
os quadris iniciarão o movimento, enquanto o membro superior lesado deve estar relaxado.
Dessa forma, movimentos passivos de flexão e de extensão do ombro ocorrerão enquanto os
membros inferiores do paciente trabalham em posição de passada para frente e para trás; o peso
do corpo é transferido do membro inferior anterior para o posterior, a fim de dar impulso para
o movimento do braço (Figura 2a). Os movimentos de flexão e de extensão horizontal ocorrem
com o paciente em pé e em flexão de tronco, em que o peso corporal é transferido de um membro
inferior para o outro (direito/esquerdo), a fim de produzir o movimento de oscilação lateral do
membro superior a ser trabalhado (Figura 2b). E o movimento circular do ombro é produzido
pelos quadris, conforme o paciente move o corpo em uma direção circular, enquanto o membro
superior tratado pende passivamente, balançando com o impulso produzido pelos quadris. O
movimento circular pode ser tanto no sentido horário quanto no anti-horário. Devem-se evitar
compensações, como o uso dos músculos do ombro para mover a articulação, que, de fato, deve
vir dos membros inferiores. Se um peso for utilizado para promover tração articular adicional,
este deve ser acoplado com braçadeira, a fim de manter os músculos relaxados, pois esse é um
exercício passivo (HOUGLUM, 2015).

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 4

Figura 2 – Exercício de Codman: (a) flexão-extensão; (b) flexão-extensão horizontal. Fonte: Houglum (2015).

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ENSINO A DISTÂNCIA

1.1.2 Protocolo de Rockwood


Permeando as técnicas e os métodos existentes e direcionados para o aumento de força
dos músculos do manguito rotador, o mais conhecido é o retratado por Rockwood (Figura 3).
Segundo Mayworm (2016, p. 105),

Os exercícios propostos por Rockwood visam o fortalecimento muscular das


estruturas do manguito rotador com o auxílio de faixas elásticas com diferentes
resistências, envolvendo movimentos de rotação interna, externa, abdução,
flexão e extensão do ombro.

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 4

Figura 3 – Exercício – protocolo de Rockwood. Fonte: Mayworm (2016).

Um direcionamento prático sobre os exercícios de Rockwood pode ser vis-


to nos vídeos: Série de Rockwood. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=r6MtEYJDeiE>. E também em: CARTHAGE AREA HOSPITAL. Rockwood
Shoulder Strengthening Protocol by Tri County Orthopedics. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=Op_SdY51lpE>.

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ENSINO A DISTÂNCIA

1.1.3 Treinamento proprioceptivo


O termo propriocepção representa a percepção do próprio corpo e inclui a consciência da
postura, do movimento, das partes do corpo e das alterações no equilíbrio, além de incorporar as
sensações de movimento e de posição articular. Os receptores sensoriais presentes nas estruturas
articulares, nos tendões e nos músculos esqueléticos reúnem informações sobre as articulações
e sobre os movimentos articulares de um indivíduo; eles são chamados de proprioceptores
(LEHMKUHL; SMITH, 2014).
O equilíbrio, a agilidade e a coordenação, em sinergia, permitem que o processo de
locomoção aconteça com precisão, rapidez e muita eficiência. A junção desses três fatores constitui
uma unidade complexa e dependente da força e da flexibilidade. Para controlar o movimento de
um seguimento corporal, é necessário que um músculo tenha força necessária; caso contrário,
esse músculo não será capaz de fazê-lo. Da mesma forma, um membro deve possuir a flexibilidade
e a resistência muscular necessárias para seu funcionamento e para atender às necessidades de
uma atividade esportiva, por exemplo. Os proprioceptores realizam um papel neurossensorial
vital nas habilidades motoras e são fatores fundamentais para a capacidade de execução de tarefas
com destreza, domínio e competência. Flexibilidade, resistência muscular e força são necessárias
para atingir um bom desempenho, mas a propriocepção é crucial para a execução de qualquer
habilidade com exatidão, consistência e precisão (HOUGLUM, 2015).
Os proprioceptores estão alojados na profundidade dos músculos, nas aponeuroses,

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 4
nos tendões, nos ligamentos, nas articulações e também no labirinto. Eles possuem a função
reflexa de locomoção e de postura. Geram impulsos nervosos em níveis conscientes ou não. Em
níveis conscientes, os impulsos chegam ao córtex cerebral e possibilitam que, mesmo de olhos
fechados, seja possível perceber o próprio corpo, os segmentos corporais, a atividade muscular e o
movimento articular. São incumbidos de prover o sentido de posição e de movimento (cinestesia).
Estes receptores exercem, simultaneamente, a função de perceber todas as mudanças mecânicas
e de mandar a informação captada para o sistema nervoso central. Além disso, não somente os
proprioceptores, mas também o aparelho vestibular e o sistema visual oferecem informações
somatossensoriais essenciais. Pode-se dizer, à vista disso, que o “sentido” de propriocepção é
responsável por enviar, constantemente, informação sobre eventuais movimentos dos segmentos
corporais que nos ajudam nas mais variadas tarefas motoras. De forma correta, os proprioceptores
situam-se nos músculos (fusos musculares), tendões (órgãos tendinosos de Golgi) e nas cápsulas
articulares (corpúsculos de Ruffini e Pacini) (Figura 4). De maneira geral, a propriocepção age
como atividade reflexa na presença de movimentos abruptos, repentinos ou simplesmente quando
se muda a direção de um movimento específico. Pode-se afirmar que se trata de um mecanismo
que protege as articulações. Ela é eficiente por conta da presença de receptores peculiares que
são sensíveis a mudanças físicas, como mudanças na angulação de uma ou mais articulações,
rotação da cabeça, tensão imposta sobre um músculo, ou ainda na extensão da fibra muscular
(LEHMKUHL; SMITH, 2014).

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ENSINO A DISTÂNCIA

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 4
Figura 4 – Receptores proprioceptivos aferentes. Fonte: Houglum (2015).

Os exercícios proprioceptivos são essencialmente importantes para assegurar a


normalidade da cinética e das funções articulares. A prática do exercício proprioceptivo
habitualmente abrange o uso de superfícies instáveis. De fato, são os meios instáveis que
oferecem ao corpo humano oportunidades frequentes para calcular a sua orientação no espaço,
e isso permite ao organismo aprender e absorver adestradamente a consciência corporal. Ao
condicionar positivamente a resposta proprioceptiva, o corpo se beneficia de melhor equilíbrio e
estabilidade (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016, LEHMKUHL; SMITH, 2014).
Tipos de exercícios proprioceptivos, segundo Mayworm (2016, p. 108):

• Para o treino de equilíbrio, realizar exercícios em prancha com apoio dos dois pés, ou
com apenas um deles, com ou sem auxílio da visão, e exercícios em pranchas de equilíbrio,
cama elástica, balanço proprioceptivo (Figura 5), dentre outros.
• Treino com deslocamentos, trabalhando exercícios que promovam variados estímulos
com mudanças de direção.
• Trabalho específico por meio de exercícios que promovam estímulos semelhantes às
atividades profissionais, esportivas ou até mesmo de lazer.
• Elaborar e implementar exercícios em circuitos, variando os tipos de piso, a direção e
os obstáculos.

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ENSINO A DISTÂNCIA

Figura 5 – Equipamentos (pranchas bipodal e unipodal, bolas terapêuticas, balancim) para exercícios de proprio-
cepção. Fonte: Mayworm (2016).

Segundo Houglum (2015), existe uma progressão geral e importante dos exercícios
de propriocepção, caso esteja trabalhando com lesões em membros superiores ou inferiores.
Para membros inferiores, as atividades de equilíbrio estático começam na posição ereta, com
apoio unipodal e com os olhos abertos. O paciente deve estar apoiado sobre a perna lesionada e
com os braços abertos com a meta de 30 segundos sem apoiar a perna contralateral. Se houver
dificuldade, o paciente pode adaptar o exercício tocando, com os dedos de um pé, o calcanhar do

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 4
pé oposto. É mais difícil quando a perna lesionada é colocada na posição de trás. A progressão
pode seguir repetindo o exercício com os olhos fechados. As atividades de equilíbrio progridem
do apoio unipodal com os olhos fechados para apoio unipodal sobre uma superfície instável,
sobre uma almofada, por exemplo, primeiro com olhos abertos e depois com olhos fechados
(Figura 6). Para gerar maior dificuldade no apoio unipodal, pode-se fazer com que o paciente
realize uma atividade que o distraia, como pegar bolas lançadas para ele.

Figura 6 – Progressão do equilíbrio estático: (a) equilíbrio unipodal adaptado; (b) equilíbrio unipodal; (c) equilíbrio
unipodal sobre meio rolo de espuma. Fonte: Houglum (2015).

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ENSINO A DISTÂNCIA

Depois de dominado o equilíbrio estático, o paciente evolui para o equilíbrio dinâmico.


As atividades dinâmicas incluem demandas específicas ocupacionais ou até mesmo gestos do
esporte, se for o caso. Após a fase estática, pode-se pensar ou até mesmo incluir os exercícios
pliométricos. Estes constituem um sistema especializado de exercícios utilizados apenas nos
estágios finais de um programa terapêutico (HOUGLUM, 2015).
O uso de órteses, acessórios tensores e fitas para melhorar a propriocepção é assunto
extenso e muitas vezes controverso. Na falta de uma evidência forte para apoiar ou desencorajar
o uso de órteses e de acessórios tensores, deve-se decidir sobre o uso destes de forma individual.
Se o paciente se sentir mais confiante e mais capacitado a realizar as atividades esportivas, esses
dispositivos podem proporcionar benefícios psicológicos suficientes para justificar sua aplicação
(HOUGLUM, 2015).
Os exercícios proprioceptivos para membros superiores podem iniciar em cadeia cinética
aberta e incluem a estabilização rítmica da facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP). A
estabilização rítmica pode progredir para exercícios de cadeia cinética fechada. Em uma cadeia
cinética fechada, o exercício pode progredir de contração sem movimento para movimento em
uma superfície estável até o movimento em uma superfície instável. Por exemplo, o paciente
pode ser posicionado sobre uma bola suíça e mover seu corpo com as mãos no chão ou ser
posicionado com as mãos na bola e ter o corpo apoiado sobre uma maca (Figura 7). A atividade
pode começar com apoio bilateral e progredir para apoio unilateral do lado afetado. Em uma
progressão adicional, pode ser incluída resistência ao movimento, com uma faixa elástica ou com
resistência manual, por exemplo (HOUGLUM, 2015).

CINESIOTERAPIA | UNIDADE 4

Figura 7 – Exercício de propriocepção para membros superiores sobre a bola suíça: (a) paciente é sustentada somen-
te pela bola suíça; (b) paciente é sustentada por uma maca enquanto move uma bola suíça. Fonte: Houglum (2015).

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Os exercícios funcionais podem ser facilmente incorporados a um programa para


membros superiores. Como exemplo, há a facilitação neuromuscular proprioceptiva que se
utiliza de resistência manual, máquinas e tubos que trazem ganhos de força e de propriocepção.
Estes exercícios começam devagar e aumentam em velocidade à medida que o paciente é capaz
de manter o controle do membro durante toda a atividade. Da mesma forma como acontece com
os exercícios funcionais para membros inferiores, os exercícios de agilidade para os membros
superiores devem ser concebidos com o conhecimento das demandas específicas dentro da
realidade do paciente, sejam elas esportivas ou ocupacionais (HOUGLUM, 2015).

1.1.4 Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP)


O método de facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) foi criado por Kabat
na década de 1950. Foi o primeiro a considerar a solidariedade muscular como aspecto de
reorganização do movimento, por meio do uso combinado de movimentos que estavam
pertinentes aos padrões primitivos e às aplicações de reflexos posturais e de retificação. Seu
propósito foi o de propiciar ou precipitar a reação de mecanismos neuromusculares por meio
da promoção de estímulos direcionados aos proprioceptores (KISNER; COLBY; ALLEN, 2016).
Mais precisamente, Sherrington, um neurofisiologista, forneceu os conceitos básicos usados pelo
médico Kabat nos anos 1940 e no início dos anos 1950 para desenvolver as técnicas de exercícios
de facilitação neuromuscular proprioceptiva. O significado subjacente dessa técnica estava na

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utilização de combinações de padrões de movimento primitivos realizados com uma quantidade
máxima de resistência aplicada ao longo de toda a amplitude de movimento. Em sua origem,
acreditou-se que as técnicas eram úteis no tratamento de distúrbios neuromusculares, mas com o
tempo elas provaram também ser benéficas nas alterações de ordem ortopédica. A FNP tem sido
útil em restaurar a flexibilidade, a força e a coordenação de músculos e articulações que sofreram
lesão (HOUGLUM, 2015).
A FNP, já citada na unidade referente aos exercícios de alongamento e exercícios resistidos,
utiliza conceitos de estimulação dos proprioceptores, a fim de melhorar e ampliar a demanda
direcionada ao mecanismo neuromuscular, incorporando técnicas manuais de alongamento
e fortalecimento com fundamentos e bases neurofisiológicos de inferência que se repetem
continuamente ou simplesmente a indução sucessiva, inervação e inibição recíproca, além do
fenômeno de irradiação. Desde o início das práticas com FNP, foram integrados, com sucesso,
muitos dos princípios de abordagens modernas em neuroreabilitação.
A FNP comporta também a aprendizagem motora e a manutenção funcional de atividades
adquiridas com a repetição de uma demanda específica; o treino gradual de acréscimo de aptidões
do desempenho motor, fato que possibilita aos pacientes criar e recriar habilidade de movimento
funcional com eficiência; e o estudo da biomecânica e do comportamento do controle motor.
De modo global, as atividades desenvolvidas por meio da intervenção da FNP são canalizadas
a um objetivo funcional e correlacionadas ao ambiente no qual se pretende alcançar o objetivo.
Esta técnica, seus métodos e procedimentos podem ser executados tanto em crianças como em
adultos que apresentam disfunções neurológicas (ADLER; BECKERS; BUCK, 2007).

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Os princípios e fundamentos do método são:


• A ótica terapêutica é positivada em todos os momentos. Busca-se intensificar e
utilizar a capacidade do paciente tanto em nível físico quanto no psicológico.
• A meta ou o objetivo primordial dos procedimentos consiste em facilitar para o
paciente o alcance do seu mais alto nível de funcionalidade.
• A FNP é uma abordagem completa, em que cada tratamento é voltado para o ser
humano de forma global e não apenas para uma desordem específica ou para uma
única parte do corpo.
Conforme Mayworm (2016, p. 110), os procedimentos básicos são:

• Resistência: auxilia a contração muscular e o controle motor e aumenta a força.


• Irradiação e reforço: utilizam a deflagração da resposta ao estímulo.
• Contato manual: aumenta a força e guia o movimento com toque e pressão.
• Posição corporal e biomecânica: guiam e controlam o movimento por meio do
alinhamento do corpo, dos braços e das mãos do terapeuta.
• Comando verbal: utiliza palavras e tom de voz apropriada para direcionar o
paciente.
• Visão: usa a visão para guiar o movimento e aumentar o empenho.
• Tração e aproximação: o alongamento ou a compressão dos membros e do
tronco facilita o movimento e a estabilidade.
• Estiramento: o uso do alongamento muscular e do reflexo de estiramento
facilita a contração e diminui a fadiga.
• Sincronização de movimentos: promove sincronismo e aumenta a força da

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contração muscular por meio da ‘sincronização para ênfase’.
• Padrões de facilitação: movimentos sinérgicos em massa são componentes do
movimento funcional normal.

O objetivo das técnicas de FNP pode ainda ser descrito como a estimulação e a promoção
do movimento funcional por meio da facilitação, da inibição, do fortalecimento e do relaxamento
de grupos musculares. Em sua metodologia, cada procedimento e técnica são realizados com
contrações musculares concêntricas, excêntricas e isométricas, conjuntamente com resistência
precisamente graduada e métodos facilitatórios apropriados, todos adaptados a fim de acertar as
necessidades de cada paciente (ADLER; BECKERS; BUCK, 2007).
Houglum (2015) cita que os padrões de movimento ocorrem em blocos que incorporam
um movimento diagonal em combinação com um movimento em espiral. Em outras palavras,
todas as partes principais do corpo se movem em padrões que possuem três componentes.
Esses padrões diagonais incluem os componentes de flexão e de extensão. Como os padrões são
diagonais, também incluem movimentos ou na direção e cruzando a linha mediana (adução), ou
para fora cruzando a linha mediana (abdução). A rotação é o terceiro componente dos padrões de
FNP. Os padrões de movimentos são referidos como D1 e D2. Os padrões D1 de flexão e D1 de
extensão se movem para a flexão e para a extensão, respectivamente. Os padrões D2 são divididos
da mesma maneira. Facilitando a memorização, se pensar no membro superior, a rotação lateral
sempre vai com flexão e, no membro inferior, a rotação lateral sempre vai com a adução. Estes são
os padrões naturais adotados no dia a dia, tanto nos movimentos para execução das atividades
de vida diária (AVD) quanto para movimentos do esporte. Por exemplo, ao se lançar uma bola,
o ombro começa em abdução, flexão e rotação lateral. Conforme a bola é lançada, o movimento
finaliza com o ombro em extensão, adução e rotação medial. Analogamente, ao chutar uma bola
de futebol, também é possível identificar o padrão de FNP: conforme a bola é chutada, a perna se
move de extensão, abdução e rotação medial para uma posição de flexão, adução e rotação lateral
(Figuras 8 e 9).

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Figura 8 – Padrões de FNP para membros superiores. Fonte: Houglum (2015).

As articulações vão de um extremo ao outro, em cada posição e no período de tempo


em que o movimento é completado. Por exemplo, se o paciente começa com o ombro estendido,
com rotação medial e abduzido, cotovelo estendido, o antebraço pronado, o punho em desvio
ulnar (extensão ulnar) e os dedos estendidos, a posição final será D1 de flexão – ou seja – em
flexão, rotação lateral e adução de ombro, flexão de cotovelo, supinação de antebraço, desvio
radial (flexão radial) e flexão dos dedos. Nota-se que o cotovelo e o joelho podem ser movidos
da flexão à extensão ou da extensão à flexão em qualquer um dos padrões. A posição de joelho
e cotovelo ao final do movimento é oposta à posição da articulação no início do movimento
(HOUGLUM, 2015).
As técnicas de alongamento de FNP, inclusive manter-relaxar, contrair-relaxar e manter-
relaxar com contração do agonista, já foram discutidas na Unidade II.

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Figura 9 – Padrões de FNP para membros inferiores. Fonte: Houglum (2015).

1.1.5 Abordagem neuroevolutiva no tratamento de doenças neuro-


musculares
O tratamento neuroevolutivo é uma abordagem de tratamento desenvolvida na década
de 1940 e no início de 1950 pelo Dr. Karel Bobath, um médico inglês, e por Bertha Bobath, uma
fisioterapeuta. O trabalho deles era focado nos pacientes com disfunção neurológica (paralisia
cerebral e AVE). Estes grupos de pacientes apresentam tônus anormal, como a espasticidade e
reflexos posturais anormais, que resultam numa perda do mecanismo reflexo postural normal
(reações de retificação, equilíbrio e protetoras em extensão) e movimentos anormais. O papel do
feedback sensorial foi visto como essencial na inibição de reações anormais e na facilitação de
padrões de movimento mais normais. O controle postural é visualizado como a base para todos
os aprendizados e habilidades; portanto, o desenvolvimento normal em crianças e os padrões
normais de movimentos em todos os pacientes são enfatizados. O paciente aprende a controlar
a postura e o movimento por meio de uma sequência de posturas e atividades progressivamente
mais desafiadoras. O tratamento neuroevolutivo usa técnicas de manipulação física e postos-
chave de controle, por exemplo, ombros, pelve, mãos e pés direcionados ao apoio de segmentos
do corpo e auxílio do paciente no alcance de controle ativo. Também a estimulação sensorial
(facilitação e inibição por meio da entrada de informação, principalmente proprioceptiva e tátil)
é usada durante o tratamento. O alinhamento postural e a estabilidade são facilitados, enquanto
um tônus excessivo e movimentos anormais são inibidos (O’SULIVAN; SCHMITZ, 2010).

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O tratamento por meio do método neuroevolutivo está fundamentado na construção de


um trabalho funcional específico, em que haja conhecimento adquirido com experiências vividas,
executadas e aprendidas no tocante ao movimento humano. Promove uma vasta investigação do
paciente e do terapeuta. Apoiados em fundamentos e observações práticas e experimentais, Berta
e Karel Bobath construíram, na década de 1940, o que viria a se tornar uma nova ideia ou um
conceito para o tratamento das sequelas neuromotoras das lesões do SNC – o chamado conceito
neuroevolutivo ou Método Bobath. A princípio criado e destinado a crianças com sequelas de
paralisia cerebral, este método é caracterizado como uma abordagem apoiada e fundamentada
na resolução de problemas para avaliação e tratamento de pacientes com disfunções de postura,
movimento, tônus e problemas de funcionalidade (ORSINI, 2012 apud MAYWORM, 2016).
O método vem evoluindo há mais de 50 anos com bases e fundamentos em teorias
do controle motor, da aprendizagem motora, da plasticidade cerebral e dos princípios da
biomecânica, além do aperfeiçoamento dos profissionais no estudo e na melhora do observar,
analisar e interpretar a realização das tarefas funcionais. Dessa forma, o Conceito Bobath se define
caracteristicamente como sendo uma abordagem de raciocínio clínico e não meramente pelo
emprego de técnicas de tratamento. Assegurado em teorias reflexa, sequencial e maturacional
do desenvolvimento motor, atualmente, esse conceito vem passando por nova estruturação e
captando novas orientações da Neurociência para o controle e a aprendizagem motora, com
incorporação da teoria dos sistemas na importância da tarefa e do ambiente (MAYWORM, 2016).

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O tratamento em equipe entre fisioterapia, terapeuta ocupacional e fonoaudiólo-
go, o treinamento dos pais e, se possível, professores, é um aspecto essencial no
tratamento. O conceito do tratamento e seu planejamento devem ser entendidos
por todos aqueles que trabalham com a criança. As diferentes visões de cada
membro da equipe sobre as dificuldades da criança devem ser coordenadas de
forma a evitar confusões para que possa haver uma continuidade nas atividades
de vida diária e serem reforçadas em cada profissional da equipe.

Seguindo a filosofia de trabalho neuroevolutivo, o paciente é conduzido ao aprendizado


e à conscientização da sensação do próprio movimento, e não apenas do movimento em si. Os
seguintes objetivos podem ser elencados: viabilizar a diminuição da espasticidade muscular e
favorecer os movimentos automáticos e voluntários que certamente irão instruir o paciente para
alcançar os movimentos funcionais com vistas a diminuir o tônus anormal e, em contrapartida,
facilitar os movimentos naturais. O movimento aparece a partir da relação entre vários processos,
somando os processos perceptivos, cognitivos e motores de cada paciente, e a partir da relação
entre o indivíduo, a tarefa e o meio ambiente, tomando-se o desenvolvimento psicomotor como
o norteador do processo (ORSINI, 2012 apud MAYWORM, 2016).

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Uma abordagem prática interessante sobre o conceito Bobath pode ser vista no
vídeo: BABY TREATMENT. Neurodevelopmental Treatment Concept. Disponível em:
<http://www.abradimene.org.br/videos.asp>.

Mayworm (2016, p. 111-112) cita:

Os equipamentos mais utilizados neste conceito são: bola terapêutica, cunha


para posicionamento, espelho, pranchas de equilíbrio, escadas, rampas e barras
paralelas, no tratamento terapêutico. Promove uma ampla exploração do
potencial do paciente e do terapeuta, em um processo interativo, que fornece
estrutura para a prática, com vivência, execução e aprendizagem do movimento
e da postura.

Para mais informações sobre o conceito neuroevolutivo Bobath, acessar:

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VERONESI, O. A terapia ocupacional e o conceito neuroevolutivo/Bobath.
dez. 2017. Disponível em: <http://www.abradimene.org.br/artigos.as-
p?lang=pt&temp=5&materia=29>.

1.2 Postura e Avaliação


A postura correta (Figura 10) é a posição na qual um estresse mínimo é imposto sobre
cada articulação. Para o ser humano, a postura ereta é a postura em pé normal. Embora a postura
ereta permita uma visão mais distante e proporcione liberdade para mover os membros superiores,
ela também apresenta desvantagens. Ela impõe maior estresse sobre os membros inferiores, a
pelve e a coluna, reduz a estabilidade e aumenta o trabalho cardíaco. Quando a postura é correta,
a atividade muscular necessária para manter a posição é mínima. Em contrapartida, qualquer
posição que aumenta o estresse sobre as articulações pode ser denominada postura defeituosa
(MAGEE, 2010).

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Figura 10 – Alinhamento postural ideal. Fonte: Magee (2010).

Além da avaliação da postura na vista anterior, ela é avaliada na vista posterior e lateral,
sempre com base nos pontos de referência por onde passa o fio de prumo; observar a Figura 11
(HOUGLUM, 2015).

Figura 11 – Vista frontal (à esquerda); vista posterior (centro); vista lateral (à direita). Fonte: Houglum (2015).

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Cabe ao terapeuta, a partir desse princípio de postura normal, identificar possíveis


desvios, como, por exemplo: lateralização de cabeça e pescoço, assimetria na altura dos olhos,
orelhas, ombros, escápulas, mamilos, crista ilíaca, pregas glúteas e linha poplítea, possíveis
rotações de cabeça, tronco, membros superiores ou inferiores, valgo ou varo de joelho, apoio
plantar medializado ou lateralizado (pé plano ou cavo), curvatura em escoliose, hiperlordose
cervical e/ou lombar, hipercifose torácica, protusão de cabeça, pescoço e ombro, anteroversão ou
retroversão pélvica, joelho recurvado e, além desses pontos, identificar possíveis deformidades
e os desequilíbrios musculares. Estes exemplos foram colocados para lembrar e situar o leitor
a respeito da importância desse tipo de avaliação e fomentar o interesse em aprofundar os
conhecimentos, a fim de servir de suporte para o planejamento das estratégias e metas da
reabilitação.

Por que a maioria dos desvios posturais, depois de instalados, permanecem pre-
sentes? O foco primário da abordagem de tratamento deve ser especificamente o
desvio postural? A postura imprópria costuma ser perpetuada por desequilíbrios
musculares. As causas do desequilíbrio muscular incluem uso excessivo, perda
de mobilidade ou flexibilidade em um músculo ou grupo muscular, desvios pos-

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turais e lesões. É necessário determinar os desequilíbrios musculares envolvidos
antes de corrigir os desvios posturais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização de atividades do dia a dia usando uma mecânica corporal correta é
importante, pois conserva energia, torna o uso do corpo mais eficiente e efetivo, e reduz as
cargas sobre a coluna e os demais seguimentos corporais. A rotina cotidiana, as repetições de
movimentos ocupacionais, a ação da gravidade, os desequilíbrios musculares e a má postura
contribuem para o aparecimento de disfunções nas mais diversas áreas do corpo, disfunções estas
que podem estagiar como agudas e crônicas, leves e até mesmo intensas a ponto de dificultar e
impedir a execução das atividades de vida diária. Avaliar e identificar os processos que levam às
incapacidades é uma tarefa importante e que exige muita atenção por parte do terapeuta.
Nesta unidade, ficou claro que as possibilidades de abordagem terapêutica são inúmeras.
Várias são as técnicas existentes, cada qual com sua filosofia e especificidade de trabalho, sinérgicas
ou em contraposição, que, ao longo da história, se provaram eficazes ao que se propunham. Ao
analisarmos bem cada uma delas, fica clara a sua base, seus fundamentos fisiológicos, anatômicos,
biomecânicos e cinesiológicos. Portanto, tão importantes quanto a detenção do conhecimento
desta ou daquela técnica ou método que usa exercício destinado à reabilitação, são, de fato,
os conhecimentos e domínios dos princípios básicos do funcionamento e das características

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dos tecidos corporais e do movimento humano: exercícios de alongamento – mobilidade e
flexibilidade; exercícios funcionais para o desenvolvimento de força e resistência muscular; e
exercícios proprioceptivos integrando equilíbrio, coordenação, habilidade e destreza.

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REFERÊNCIAS
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