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Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica:
Maria Albertina Ferreira do
Nascimento
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Diretoria EAD:
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não PRODUÇÃO DE MATERIAIS
vale a pena ser vivida.”
Diagramação:
Cada um de nós tem uma grande res- Alan Michel Bariani
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Thiago Bruno Peraro
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica
e profissional, refletindo diretamente em nossa Revisão Textual:
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Fernando Sachetti Bomfim
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente Marta Yumi Ando
e busca por tecnologia, informação e conheci- Simone Barbosa
mento advindos de profissionais que possuam
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Produção Audiovisual:
cia no mercado de trabalho. Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
De fato, a tecnologia e a comunicação Osmar da Conceição Calisto
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e Gestão de Produção:
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Cristiane Alves
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
AUDIOLOGIA EDUCACIONAL
HISTÓRICO E ATUAÇÃO DA
AUDIOLOGIA EDUCACIONAL
PROF.A DENISSE JOANA DIAZ SARMIENTO
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................5
1. HISTÓRICO DA AUDIOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL.................................................................................6
2. HISTÓRICO DAS ABORDAGENS EDUCACIONAIS..............................................................................................9
2.1 OS PRIMEIROS PASSOS.....................................................................................................................................9
2.2 ORALISMO X GESTUALISMO............................................................................................................................10
2.3 O MÉTODO FRANCÊS - DE L’EPÉE................................................................................................................... 11
2.4 O MÉTODO ALEMÃO – HEINICKE.................................................................................................................... 11
2.5 CONGRESSOS E RESOLUÇÕES........................................................................................................................13
2.6 COMUNICAÇÃO TOTAL E BILINGUISMO.........................................................................................................14
3. HISTÓRICO DO ATENDIMENTO AO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA...............................................15
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA SURDEZ QUANTO AO GRAU DE INTENSIDADE............................................................16
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3.1.1 SURDEZ PARCIAL.............................................................................................................................................16
3.1.2 SURDEZ............................................................................................................................................................16
3.2 CLASSIFICAÇÃO DA SURDEZ QUANTO AO MOMENTO DE AQUISIÇÃO ......................................................17
3.2.1 CONGÊNITA OU PRÉ/PERINATAL.................................................................................................................17
3.2.2 ADQUIRIDA OU PÓS-NATAL..........................................................................................................................18
3.3 ACOMPANHAMENTO E ORIENTAÇÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO..............................................................18
4. DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ATUAÇÃO DA AUDIOLOGIA EDUCACIONAL.......................................................19
4.1 CONCEITO...........................................................................................................................................................19
4.2 ATUAÇÃO GERAL................................................................................................................................................19
4.3 ATUAÇÃO NA ESFERA EDUCACIONAL.............................................................................................................19
4.4 ATUAÇÃO NA CONSULTORIA E ASSESSORIA ESCOLAR.............................................................................. 20
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................22
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A audiologia é uma área da fonoaudiologia que trata desde a prevenção até à reabilitação
de portadores de deficiência auditiva. Mas, afinal, como isso está ligado à área educacional?
Sabemos que os primeiros anos da criança são decisivos na condução de toda a sua vida. É
importante que pais e educadores estejam alinhados e empenhados a extrair o melhor resultado,
ajudando a criança a se desenvolver, não só em termos de conhecimento, mas também em termos
de relacionamento.
Tendo em vista que a criança passará, no mínimo, 4 horas por dia na sala de aula, é
necessário garantir que ela receba todas as condições para se desenvolver com equidade em
relação a todas as crianças que também estão passando pelo mesmo período.
É nessa busca pela equidade de aprendizado que você, profissional da fonoaudiologia,
atuará. E você pode estar se perguntando: “Como assim?!” Entenderemos isso melhor ao longo
do conteúdo, mas é de extrema importância que você compreenda a diferença entre igualdade e
equidade.
Somos indivíduos únicos, e cada um de nós apresenta facilidades e dificuldades
particulares, as quais devem ser levadas em consideração no convívio coletivo, seja ele familiar,
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A nova concepção de saúde traz consigo outra percepção de doença e de sujeito. Agora, o
eixo da discussão da patologia e da prevenção é deslocado para a promoção da saúde, qualidade
de vida, determinantes e condicionantes sociais e para o modo de vida e de trabalho da população
em um dado momento histórico. Penteado e Servilha (2004) sugerem para a fonoaudiologia uma
aproximação com a proposta da promoção da saúde. A promoção da saúde envolve:
Olhando para a história da fonoaudiologia até o final do século XX, vemos que as questões
educacionais não foram uma questão.
O olhar do fonoaudiólogo esteve voltado quase que unicamente às questões de saúde
para reabilitação. Porém, no início do século XXI, após o movimento introduzido pela criação
do SUS, as discussões sobre os conceitos de prevenção e, principalmente, de promoção da saúde
foram incorporadas. Com isso, a atuação do fonoaudiólogo passou a seguir uma nova direção,
com foco nas questões sociais, coletivas e educacionais.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O fonoaudiólogo passa a ser visto, na Educação, não mais como ortofonista, mas
sim como responsável pela formação do cidadão leitor/escritor que, assim, passa
a atuar de forma proativa dentro de sua especificidade: prevenção e promoção
da saúde (COSTA, 2010).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Heinicke, pedagogo alemão e professor de PDA, relatou que seu método de educação
não era conhecido por ninguém, com exceção de seu filho. Ele alegava ter passado por tantas
dificuldades que não pretendia dividir suas conquistas com ninguém (SANCHEZ, 1990). Logo,
sem apoio da literatura, torna-se limitado o conhecimento sobre o que era feito à época. Também
é importante ressaltar que muitos trabalhos desenvolvidos se perderam, pois não tiveram
continuidade.
Só a classe nobre é que tinha acesso a esses métodos. A maioria da população PDA
continuava sem meios de integração e educação. Para os métodos iniciais por meio dos quais se
buscava educar o PDA, além da atenção dada à fala, a língua escrita também era fundamental.
Utilizavam-se consideravelmente dos alfabetos digitais, que eram inventados pelos próprios
professores, com o argumento de que, se o PDA não podia ouvir a língua falada, então ele poderia
lê-la com os olhos.
Existem também teorias sobre a capacidade de o PDA correlacionar as palavras escritas
com os conceitos diretamente, excluindo a necessidade da fala. Muitos professores davam início
aos ensinamentos por intermédio da leitura-escrita e, a partir disso, instrumentalizam-se com
diferentes técnicas para desenvolver outras habilidades, como leitura labial e articulação das
palavras.
Nesse contexto, compreendemos iniciativas que antecederam as práticas educacionais, as
quais chamamos hoje de “oralismo” e “gestualismo”.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ernest Huet teve papel fundamental para que tudo acontecesse. Com surdez ad-
quirida aos 12 anos após contrair sarampo, Huet aprendeu espanhol e chegou a
tornar-se professor no Instituto de Surdos de Bouges, em Paris. Em 1855, Huet
mudou-se para o Rio de Janeiro. Ele teve muita facilidade, pois também sabia falar
português. Em parceria, Huet e o imperador fundaram a primeira escola de surdos
no Brasil, em 1857.
A lei que viabilizou a criação da escola foi a Lei nº 839, de 26 de setembro de 1857.
Em seu início, somente pessoas do sexo masculino podiam estudar ali. Ela foi por
muitos anos a única instituição oficial especializada na educação para surdos no
Brasil e na América Latina. Com influência da escola francesa, a língua brasileira
de sinais foi sendo gerada aos poucos, com o trabalho de Huet na escola.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 4 - Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES). Fonte: Academia de Libras (2020).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• No início dos anos 1950, surgem as primeiras próteses ainda em crianças muito pequenas.
Desenvolveram-se técnicas para que a escola pudesse trabalhar com a percepção auditiva
e leitura labial. A expectativa era que, com a percepção auditiva, a leitura labial e as
próteses, as crianças alcançassem a linguagem falada de maneira socialmente aceitável.
• Em 1960, surgem estudos sobre as línguas de sinais utilizadas pelas comunidades surdas.
Apesar de proibidas pelos oralistas na maioria das escolas ou instituições, os PDAs
desenvolviam algum tipo de linguagem de sinais e gestos a fim de tornar possível a
comunicação.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Por fim, têm-se presentes as três principais abordagens de educação de surdos ou PDAs:
oralista, comunicação total e bilinguismo. Elas coexistem na medida do possível e em cada
país à sua maneira. Em que pesem os prós e contras, cada uma contribui para que os surdos se
desenvolvam de maneira plena e sejam cada vez mais integrados em nossa sociedade.
Podemos comparar a funcionalidade da orelha como uma ponte entre o mundo exterior
e o sistema nervoso. Essa ponte adapta informações vibratórias e transmite sinais temporais.
Viver torna-se uma experiência empobrecida para as crianças surdas – o que se deve à
falta de sons, como a música, o canto dos pássaros ou até uma simples buzina de carro. Conforme
Gregory (1995), sem a audição, o indivíduo perde a mais vital das estimulações, qual seja, a
linguagem trazida pelo som da voz e o pensamento ativo. Logo, o processo de comunicação na
sociedade depende em maior escala da audição.
O processo de comunicação entre os indivíduos por meio da linguagem depende
sobretudo da audição, que, sem dúvida, constitui-se em fator importantíssimo no contato da
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Surdez leve:
- Perda de até 40 decibéis.
- A perda impede o indivíduo de perceber todos os fonemas das palavras.
- Não impede a aquisição normal da linguagem.
• Surdez moderada:
- Perda de 40 a 70 decibéis.
- Interfere na percepção da palavra por completo.
- Causa atraso na linguagem e nas alterações articulatórias, podendo chegar a problemas
linguísticos mais graves.
- Os indivíduos com surdez moderada identificam as palavras mais significativas, mas
apresentam dificuldade em compreender outros termos de relação gramatical.
- Compreende a língua pela aptidão visual.
3.1.2 Surdez
• Surdez severa:
- Perda entre 70 e 90 decibéis.
- O indivíduo percebe apenas sons fortes e conhecidos, chegando a atingir a idade de
quatro ou cinco anos sem aprender a falar.
- A compreensão verbal dependerá, principalmente, da habilidade de o indivíduo utilizar
a percepção visual e observar as situações.
• Surdez profunda:
- Perda superior a 90 decibéis.
- O indivíduo não percebe nem identifica a voz humana, ficando, assim, sem possibilidades
de adquirir a linguagem oral.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Presente desde o nascimento, a perda auditiva congênita pode incluir, ou não, fatores
hereditários. Esses fatores hereditários podem ser associados a outros sinais, como problemas
renais, doenças degenerativas do sistema nervoso, retardamento mental, albinismo e
anormalidades metabólicas. As genopatias podem se apresentar com deficiência isolada ou com
deficiência auditiva associada a outras alterações, constituindo síndromes, como Jervel, Usher,
Waardemburg e Pendred (OLIVEIRA; VASCONCELOS; OLIVEIRA, 1990).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A perda adquirida, segundo Epstein e Reilly (1989), tem a meningite como sua causa
mais comum. Nesse caso, a perda pode ser desenvolvida após tratada a meningite. A incidência
de perda auditiva após a meningite chega a 20%, e a intensidade da perda pode progredir por
muitos anos.
Também são perdas auditivas adquiridas aquelas causadas pela exposição excessiva a
sons de alta intensidade e trauma acústico.
Existem algumas drogas que podem causar danos cocleares ou vestibulares. Dentre essas
drogas, algumas são particularmente tóxicas ao ouvido, tais como os antibióticos aminoglicosídeos
e o quinino (GINSBERG; WHITE, 1985). Algumas viroses também podem afetar o ouvido
interno (Oliveira, Vasconcelos & Oliveira, 1990).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim da Unidade 1. Tudo o que vimos até agora foi um apanhado geral do
histórico evolutivo de atuação da fonoaudiologia na educação no mundo e, mais especificamente,
no Brasil.
A literatura, apesar de prejudicada em alguns momentos pela falta de compartilhamento
de informações, é muito rica e extensa. Logo, deixe-se claro que existem muitos outros fatos e
dados históricos, de forma que seria inviável mencioná-los detalhadamente aqui.
É imprescindível que você finalize esta unidade sabendo que a luta para a inclusão com
equidade dos indivíduos surdos (não só no Brasil) continua. Cabe a nós, profissionais envolvidos,
conscientização e dedicação tanto no diagnóstico precoce quanto na difusão de informações
a fim de suprimirmos os fatores limitantes que ainda afastam a comunidade PDA do acesso à
educação de qualidade e de oportunidades de crescimento sociocultural.
Sem demagogia, podemos afirmar que a educação é a base para uma sociedade bem
estruturada; por isso, é tão importante honrar quem já lutou até aqui e continuar na busca desses
ideais.
Nas unidades a seguir, veremos como são aplicados esses métodos, da triagem ao
diagnóstico, tratamento e acompanhamento, bem como a importância do envolvimento e
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
AUDIOLOGIA EDUCACIONAL
CONCEPÇÕES METODOLÓGICAS,
PROCEDIMENTOS E AVALIAÇÃO
AUDITIVA ESCOLAR
PROF.A DENISSE JOANA DIAZ SARMIENTO
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................25
1. PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO DA CRIANÇA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA
AUDITIVA.................................................................................................................................................................. 26
1.1 HABILITAÇÃO/REABILITAÇÃO AUDITIVA NA INFÂNCIA................................................................................27
1.2 DIAGNÓSTICO DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA.....................................................................................................29
1.3 PROCEDIMENTOS OBJETIVOS DE AVALIAÇÃO SUBJETIVA.......................................................................... 30
1.3.1 ANAMNESE...................................................................................................................................................... 30
1.3.2 OTOSCOPIA..................................................................................................................................................... 30
1.3.3 EXAMES AUDIOLÓGICOS.............................................................................................................................. 30
1.3.4 AUDIOMETRIA TONAL ...................................................................................................................................31
1.3.5 AUDIOMETRIA DE CAMPO LIVRE.................................................................................................................31
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1.3.6 AUDIOMETRIA DE RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS...............................................................................31
1.3.7 AUDIOMETRIA DE REFORÇO VISUAL ...........................................................................................................31
1.3.8 AUDIOMETRIA LÚDICA...................................................................................................................................31
1.3.9 AUDIOMETRIA VOCAL....................................................................................................................................32
1.4 PROCEDIMENTOS OBJETIVOS DE AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA.....................................................................32
2. ABORDAGENS DE REABILITAÇÃO PARA A CRIANÇA PDA.............................................................................. 34
2.1 ORALISMO.......................................................................................................................................................... 35
2.2 COMUNICAÇÃO TOTAL..................................................................................................................................... 35
2.3 BILINGUISMO ................................................................................................................................................... 36
3. PROCEDIMENTO TERAPÊUTICO AURI-ORAL...................................................................................................37
3.1 PRINCÍPIOS NA ABORDAGEM AURI-ORAL.....................................................................................................37
4. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO AUDITIVO DA CRIANÇA PDA................................................................ 38
4.1 AVALIANDO AS HABILIDADES AUDITIVAS E AS RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS A ESTÍMULOS
SONOROS................................................................................................................................................................. 39
4.2 CLASSIFICANDO AS RESPOSTAS................................................................................................................... 40
4.2.1 RESPOSTAS REFLEXAS E/OU AUTOMÁTICAS INATAS............................................................................. 40
4.2.2 ATENÇÃO AO SOM (A)................................................................................................................................... 40
4.2.3 PROCURA DA FONTE SONORA (PF)............................................................................................................ 40
4.2.4 LOCALIZAÇÃO LATERAL (LL)........................................................................................................................ 40
4.2.5 LOCALIZAÇÃO DE SONS PARA BAIXO (LB)................................................................................................. 40
4.2.6 LOCALIZAÇÃO DE SONS PARA CIMA (LC).................................................................................................. 40
4.2.7 LOCALIZAÇÃO DA FONTE SONORA SITUADA ABAIXO E ACIMA DO PAVILHÃO AURICULAR................ 40
4.3 OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO AUDITIVO .........................................................................................41
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................... 43
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Em sua família, caso você não tenha um indivíduo com perda auditiva, dificilmente você
terá em seu círculo de amigos alguém com essa característica.
Ao ser humano, é comum ignorar a existência de um problema que não o afeta diretamente.
Em virtude dessa mentalidade, a comunidade surda continua à margem da sociedade. É uma
fatia esquecida da população e que, na maioria das vezes, relaciona-se apenas entre si.
Mesmo que pareça invisível, a perda auditiva afeta cerca de 42 milhões de pessoas acima
de três anos. Esses são dados da OMS. Dentre esses indivíduos, estão os que apresentam perda
leve, moderada e profunda. Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
revelou que 5,1% da população brasileira apresentam algum grau de deficiência auditiva.
Considerando que é a partir da audição que qualquer indivíduo entra em contato com o
mundo sonoro e adquire a linguagem oral, dependendo da severidade da PDA, ela pode acarretar
consequências decisivas ao desenvolvimento de crianças e ao comportamento profissional e
social de adultos e idosos.
Identificar a presença da deficiência auditiva bem como o diagnóstico precoce e o
tratamento adequado são fatores fundamentais e decisivos na vida dessa parcela populacional.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. Detecção sonora.
2. Discriminação auditiva.
3. Reconhecimento/identificação dos sons.
4. Compreensão.
Veremos como proceder em cada uma dessas etapas, bem como os métodos e tecnologias
de estimulação disponíveis. Apesar de serem etapas de desenvolvimento, elas não necessariamente
ocorrem de modo hierárquico, pois dependem de como as habilidades auditivas se relacionam
com o desenvolvimento psicossocial da criança.
Já definimos a deficiência auditiva – conhecida como surdez – como sendo a perda parcial
ou total da capacidade de ouvir. É considerado surdo todo indivíduo cuja audição não é funcional
no dia a dia; é considerado parcialmente surdo aquele indivíduo cuja capacidade de ouvir, ainda
que com deficiência, é funcional, com ou sem prótese auditiva (GOLDEFELD, 1998).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Quando a criança apresenta alguma deficiência auditiva, seja ela total ou parcial,
ela é privada de estímulos sonoros no período mais importante de seu desenvolvimento. Por
conseguinte, isso acarretará alterações linguísticas, emocionais e sociais.
A perda auditiva ocorre em consequência de alteração nas vias auditivas em três diferentes
locais e níveis. Victorio, Martinho e Santos (2005) assim subdividem e classificam as perdas
auditivas:
• Sistema condutivo: otite externa, otite média, rolha de cera e perfuração timpânica são
exemplos de patologias provenientes do sistema condutivo. Essas perdas são causadas por
problemas no ouvido externo ou médio. O tratamento, na maioria das vezes, dar-se-á por
meio de medicamentos ou cirurgias.
• Sistema neurossensorial: causadas no nervo vestíbulo coclear e/ou ouvido interno,
ainda se subdividem, quanto à sua causa (etiologia), em adquiridas ou genéricas. Por não
responderem a tratamentos cirúrgicos ou clínicos convencionais, seu tratamento pode
incluir os AASI e, em casos aplicáveis, implantes cocleares.
•
•
•
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Configuração Audiomé-
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1.3.2 Otoscopia
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Quando não é possível a colocação de fones para obter os limiares auditivos de cada
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Realizada em crianças a partir dos 5 anos de idade, a audiometria vocal objetiva avaliar
o desenvolvimento da aquisição de linguagem e validar a adaptação das próteses auditivas.
Os resultados obtidos contribuirão para o levantamento e confirmação dos limiares auditivos
observados na audiometria tonal. Contribui também para a seleção da prótese auditiva.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Conforme já sabemos, no Brasil, a educação das pessoas com surdez teve início em 1857,
ao ser fundada a primeira escola especial no Rio de Janeiro por um professor surdo francês,
Ernest Huet, com apoio de D. Pedro II. Hoje, a escola leva o nome de Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES).
As propostas educacionais têm variado no decorrer dos séculos. Os métodos e abordagens
evoluem com o passar do tempo e, a cada dia, caminhamos para a maior socialização dos alunos
com surdez.
A maioria desses métodos propõe substituir a audição perdida por um outro canal
sensorial, como o tato e a visão, e aproveita-se dos resquícios existentes da audição. Para as
crianças com algum resíduo auditivo, pode ser oferecido um acesso para o código da fala dentro
de uma abordagem oral. Já para aquelas que não possuem esse resíduo ou mesmo com grande
dificuldade em desenvolver a oralidade, a língua de sinais constitui-se como a mais adequada à
interação com o meio.
As frentes de ensino dividem-se em três abordagens principais, responsáveis pela
produção de muitas formas de se trabalhar com o aluno surdo. São elas: oralismo, comunicação
total e bilinguismo.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2.1 Oralismo
Método de ensino defendido, principalmente, por Alexander Graham Bell (1874-1922).
Trata-se do ensino de surdos por meio da língua oral/falada. Os indivíduos educados a partir
desse método são considerados surdos oralizados.
Com a proibição do uso da língua de sinais, em 1880, no Congresso Internacional de
Educadores de Surdos em Milão, o oralismo tornou-se o objetivo principal na educação de
crianças surdas. Esse método dominou o mundo até a década de 1960.
Nesses casos, a criança, a família e a escola precisam dedicar esforço total para que se
obtenha sucesso na terapia. Os profissionais responsáveis pela reabilitação precisam conviver
com a criança todos os dias.
O sucesso do processo de reabilitação depende de quando ele começa. Quanto antes ou
quanto mais precoce for o início da terapia, mais eficiente ela será. O ideal é que o método já seja
introduzido desde que a criança nasce.
A educação oral depende da participação da família, pois começa no lar da criança. Não
se permite oferecer qualquer outro meio de comunicação à criança que não seja a oralidade.
Os relatos do insucesso desse método foram feitos por Lacerda (1976). Diante dos resultados
pouco satisfatórios, a fonoaudiologia acompanhou a evolução das tendências educacionais e a
necessidade dos indivíduos com essa condição. O reconhecimento do uso de sinais e gestos, bem
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2.3 Bilinguismo
Essa é uma proposta de ensino para os surdos, usada em escolas especiais para surdos.
Utiliza duas línguas no contexto escolar: língua de sinais e língua portuguesa.
Ainda hoje, o bilinguismo é apontado como a proposta mais adequada para o ensino
desses indivíduos, cuja prerrogativa é a língua de sinais como parte do ensino da língua escrita.
Segundo Moura e Vieira (2011), o bilinguismo surgiu como uma proposta de intervenção
educacional destinada a atender as especificidades linguísticas dos alunos surdos. A língua de
sinais é caracterizada como língua natural para o surdo, sendo, então, sua primeira língua (L1). Já
a língua portuguesa – oficial em nosso País – é utilizada na modalidade escrita, sendo aprendida
como segunda língua (L2).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A criança implantada também estará sujeita à análise de vários fatores, como o período
de adaptação de um ano quanto ao uso do AASI para que ela já responda aos estímulos sonoros
(BEVILACQUA; MORET, 2005).
A manifestação de fluência na fala e a compreensão da audição de linguagem oral são
consideradas sucesso na habilitação da criança implantada.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A percepção dos sons está presente desde a vida intrauterina. A literatura registra que,
na vigésima semana de idade gestacional, operam-se mudanças nos batimentos cardíacos do feto
diante da estimulação sonora realizada próxima à barriga da mãe.
Os estímulos sonoros externos atingem a cavidade uterina, com frequência entre 20 a
40dB. Em virtude da oposição oferecida pelo líquido amniótico, os estímulos são maiores nas
frequências altas. O que sabemos é que os sons nas frequências baixas podem ser detectados na
fase intrauterina.
A integridade do sistema auditivo periférico, cóclea e nervo acústico determina a
habilidade de detectar sons.
Quando há deficiência auditiva congênita na criança, a habilidade tende a ser desenvolvida
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Manifesta-se de forma indireta (isto é, quando a criança olha primeiramente para o lado
e, depois, para a fonte) ou direta (isto é, quando a criança olha diretamente para a fonte).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
NÍVEL MÍNIMO
RESPOSTAS ESPE-
DE RESPOS- REFLEXO CO-
IDADE RADAS RESPOSTAS ESPERA-
TAS NA ARV CLEOPALPEBRAL
DAS COM ESTÍMULOS
(em meses) COM SONS INS- VERBAIS
(tons puros – (100 dB NPS)
TRUMENTAIS
dB NA)
- Sobressalto; - Acalma-se com a voz
0–3m +
da mãe.
- Atenção.
- Atenção;
+
- Busca da fonte; - Busca ou localiza voz
3–6m 80
da mãe.
- Localização lateral
(D/E).
- Localização; lateral
(D/E);
- Localiza a voz da mãe
6–9m 60 +
- Localização indire- e do examinador.
ta (para cima e para
baixo);
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NÍVEL MÍNIMO
RESPOSTAS ESPE-
DE RESPOS- REFLEXO CO-
IDADE RADAS RESPOSTAS ESPERA-
TAS NA ARV CLEOPALPEBRAL
DAS COM ESTÍMULOS
(em meses) COM SONS INS- VERBAIS
(tons puros – (100 dB NPS)
TRUMENTAIS
dB NA)
- Localização lateral
(D/E); - Reconhecimento de
9 – 13 m 40 comandos formais de +
- Localização direta
nível I.
para baixo e indireta
para cima;
- Localização lateral
(D/E); - Reconhecimento de
13 – 18 m 20 comandos verbais de +
- Localização direta
níveis II e III.
(para cima e para
baixo).
Legenda: D =
direito; E = es-
Quadro 3 – Estágios do desenvolvimento auditivo infantil. Fonte: Azevedo, Vila Nova e Vieira (1995).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
AUDIOLOGIA EDUCACIONAL
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................... 46
1. ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS ..........................................................................................................................47
1.1 COMUNICAÇÃO – DEFINIÇÕES.........................................................................................................................47
1.2 DESENVOLVIMENTO COMUNICATIVO INFANTIL ..........................................................................................47
1.3 ESTRATÉGIAS APLICADAS À COMUNICAÇÃO COM A CRIANÇA DEFICIENTE AUDITIVA.......................... 50
1.3.1 ESTRATÉGIAS SOBRE VOZ E ARTICULAÇÃO................................................................................................51
1.3.2 ESTRATÉGIAS DE ATENÇÃO...........................................................................................................................51
1.3.3 ESTRATÉGIAS SOBRE EXPRESSÕES............................................................................................................51
1.3.4 ESTRATÉGIAS VERBAIS..................................................................................................................................51
1.3.5 ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS............................................................................................................51
1.3.6 ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO................................................................................................................52
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2. A TECNOLOGIA NA HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO AUDITIVAS................................................................... 52
2.1 APARELHO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL (AASI)..................................................................... 52
2.1.1 MICROFONES.................................................................................................................................................. 53
2.1.2 AMPLIFICADOR.............................................................................................................................................. 54
2.1.3 RECEPTOR...................................................................................................................................................... 54
2.1.4 PILHAS............................................................................................................................................................ 55
2.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS AASI.......................................................................................................... 55
2.2.1 AASI RETROAURICULAR............................................................................................................................... 55
2.2.2 AASI INTRA-AURAL....................................................................................................................................... 55
2.3 CARACTERÍSTICAS ELETROACÚSTICAS........................................................................................................ 56
2.3.1 GANHO............................................................................................................................................................. 56
2.3.2 SAÍDA MÁXIMA ............................................................................................................................................. 56
2.3.3 FREQUÊNCIA.................................................................................................................................................. 56
2.3.4 HABILITAÇÃO/REABILITAÇÃO .....................................................................................................................57
2.4 IMPLANTE COCLEAR.........................................................................................................................................57
2.4.1 FUNCIONAMENTO......................................................................................................................................... 58
2.4.2 INDICAÇÃO..................................................................................................................................................... 59
2.4.3 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ..................................................................................................................... 60
2.4.4 HABILITAÇÃO/REABILITAÇÃO .................................................................................................................... 60
2.5 SISTEMA DE FREQUÊNCIA MODULADA.........................................................................................................61
2.5.1 SISTEMA DE FREQUÊNCIA MODULADA PESSOAL (SISTEMA FM) ..........................................................61
2.5.2 SISTEMA DE FREQUÊNCIA MODULADA DE CAMPO LIVRE/MESA..........................................................61
3. COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL (LIBRAS)........................................................................................................... 62
3.1 O ENSINO DE LIBRAS PARA CRIANÇAS OUVINTES E SURDAS .................................................................. 63
3.2 FACILITANDO O ENSINO DE LIBRAS – MÉTODO LÚDICO............................................................................ 63
3.3 O INTÉRPRETE DE LIBRAS NO ENSINO FUNDAMENTAL ............................................................................ 63
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................................................... 66
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
TRANSTORNO CARACTERÍSTICAS
• Atraso na aquisição dos sons/fonemas da
língua ou aquisição desviante.
Transtorno Fonológico
• Substituições ou produções atípicas de sons,
bem como omissões.
• Atraso observado na emissão e/ou recepção
da linguagem.
PROCESSOS
IDADE MÁXIMA EXEMPLOS
FONOLÓGICOS
Redução de sílaba 18m Sapato - pato
Harmonia Consonantal 18m Sapato - papato
Fada - pada
Jaca - gaca
Simplificação da Fricati-
42m Carro - cao ou calo
va Velar
Tatu - cacu
Posteriorização Para
42m
Velar Dama - gama
Sapo - chapo
Posteriorização Para
54m
Palatal Zebra - gebra
Casa - tasa
Frontalização de Velar 36m
Gama - dama
Chapéu - Sapéu
Frontalização de Palatal 54m
Jacaré - zacaré
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PROCESSOS
IDADE MÁXIMA EXEMPLOS
FONOLÓGICOS
Careta - caleta/caieta/caeta
Folha - foia/fola/fora
Prato - pato/platô
Simplificação do Encon-
84m
tro Consonantal Clube - cube/crube
Pasta - pat a
Nariz - nari
Simplificação da Con-
84m Porta - pota
soante Final
Amor - amo
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Dizem respeito a falar claramente, em um ritmo um pouco mais lento que o normal, porém,
sem exagerar na articulação, dando atenção à fala e à voz. Deve-se utilizar a voz propositalmente
de forma mais intensa, mas sem distorcer para que não se torne ininteligível. Evite-se o sussurro
e articular sem emissão de sons.
É interessante dar o máximo de informações possível, mantendo o tom de voz animado e
evitando altos e baixos de volume. Estar próximo à criança deficiente auditiva também colabora na
transmissão de informações, pois, quando nos afastamos do microfone do AASI, mais inaudível
fica o som. A presença de ruídos ambientais, tais como o som da televisão ou de eletrodomésticos,
dificultará o entendimento por parte do deficiente auditivo.
Procurar sempre posicionar-se de frente ao deficiente auditivo, permitindo que ele veja
seu rosto, com o ambiente iluminado adequadamente, sem cobrir a boca e sem falar mascando
chiclete. Os óculos escuros também devem ser evitados, pois os olhos e a expressão facial são
pontes de conexão e fontes de informação.
Gesticular naturalmente com as mãos e com o corpo (se necessário, utilizar mímicas).
Os gestos devem ser ligados ao que está sendo emitido de forma oral. Barba e bigode também
dificultam a compreensão, pois cobrem parte dos lábios, interferindo na leitura orofacial.
Procure antecipar-se à dúvida do deficiente auditivo: ao perceber que ele não compreendeu
a frase, repita-a. Se necessário, simplifique a mensagem, utilizando palavras mais comuns e frases
mais curtas. Reforce as palavras-chave. Caso sejam necessárias mais informações, reelabore a
sentença.
Havendo necessidade de respostas, forneça opções para que ele escolha. Nada ajudará
mais na comunicação do que conhecer o deficiente auditivo, partindo do que ele já conhece
quanto a informações e relacionando o conhecimento à mensagem.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 3 - Aparelho auditivo e seus componentes. Fonte: Blog Aparelho Auditivo (2012).
a) Microfone.
b) Amplificador.
c) Receptor.
2.1.1 Microfones
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Apesar de ser o principal canal de entrada sonora, o microfone não é o único. O som pode
entrar de sinais eletromagnéticos vindos de um telefone, captados por uma bobina de indução
eletromagnética, ativada pelo próprio usuário de forma manual. Alguns dispositivos já possuem
essa possibilidade de mudança automática, alternando para o telefone assim que se aproxima do
dispositivo. Essa programação deverá ser feita pelo fonoaudiólogo.
Outro tipo de entrada de som é diretamente por sistemas de frequência modulada (FM)
ou sistemas de conexão sem fio.
2.1.2 Amplificador
• Tipo A: utilizados em perdas auditivas de leves a moderadas, com baixo custo e distorção
e elevado consumo de energia.
• Tipo B: utilizados em perdas auditivas de severas a profundas, push pull, com baixo
consumo de energia.
• Tipo D: utilizados no mesmo bloco do receptor. Também podem ser usados em AASI
2.1.3 Receptor
O receptor de via aérea transforma o sinal elétrico em onda sonora. A onda sonora sairá
do receptor modificada em suas características, possibilitando que o som que atinge o meato
acústico externo seja transmitido em intensidade suficiente para que o indivíduo com perda
auditiva o perceba.
Atualmente, usam-se receptores do tipo armadura balanceada, que agem por meio de
forças magnéticas. A alternância das correntes de sinal, transmitidas a um diafragma, permite o
desenvolvimento do som em cavidade adjacente.
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2.1.4 Pilhas
Hoje em dia, as pilhas mais utilizadas para manter o AASI em funcionamento são as
pilhas de zinco-ar, pois elas têm maior duração e são protegidas por um lacre. O consumo das
pilhas será proporcional à necessidade de amplificação e ganho: quanto maior a necessidade, mais
consumo. Com a evolução nos modelos de dispositivos, é possível utilizar pilhas do tamanho 10.
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2.3.1 Ganho
Quando se trata de saída máxima, refere-se ao nível máximo de pressão sonora que pode
ser produzida pelo AASI, denominada saturação, a qual é medida em decibel nível de pressão
sonora (dBNPS). Relaciona-se com o amplificador e com o receptor do AASI e precisa passar
pelo audiologista para ser ajustada e não ultrapassar o limiar de desconforto do usuário.
O controle é feito a partir do sistema de corte de picos (PC) ou pelo ajuste no sistema de
compressão dos sons. Logo, possui relação com o ganho do AASI.
2.3.3 Frequência
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2.3.4 Habilitação/reabilitação
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Os ICs têm revolucionado o tratamento das deficiências auditivas uma vez que permitem
a percepção dos sons da fala de maneira mais eficaz (BEVILACQUA; MORET, 2005). O IC,
conhecido também como ouvido biônico, é um procedimento cirúrgico na deficiência auditiva,
que exige avaliação criteriosa na seleção de crianças candidatas, bem como cuidado pós-cirúrgico
rigoroso no que tange aos procedimentos de ativação e mapeamento dos eletrodos, avaliação
audiológica e avaliações complementares. A terapia fonoaudiológica também será indispensável
à reabilitação.
2.4.1 Funcionamento
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O implante é indicado para indivíduos com surdez sensorial e bilateral, em que o uso das
próteses auditivas convencionais não trouxe resultados significativos.
Quanto mais tempo o indivíduo fica sem escutar, mais tempo levará para produzir sinais
positivos de reabilitação. Em todos os casos, é necessária uma avaliação detalhada e minuciosa
por um grupo especializado em diagnóstico de surdez.
Não existe limite de idade para a realização da cirurgia de implante.
• Pacientes pré-linguais:
Crianças de 0 a 18 meses ou desde a realização do diagnóstico (maiores de 18 meses),
que não obtiveram resultados com o AASI, formam um grupo em que a idade do paciente é
importante. A idade ideal para o implante na criança é entre 1 e 5 anos de idade, de forma que,
quanto mais precocemente o paciente é implantado, melhores são os resultados.
• Pacientes pós-linguais:
Para pacientes com deficiência auditiva neurossensorial bilateral de grau severo a
profundo, nos quais não há melhora com o AASI. Não existe limite de tempo para a realização
do implante para esses indivíduos de idade superior à fase infantil; porém, quanto maior o tempo
de surdez, piores serão os resultados.
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2.4.4 Habilitação/reabilitação
Nos anos 1990, muitos estudos apresentaram os resultados benéficos no que diz respeito
à percepção auditiva dos sons da fala e, também, na aquisição da linguagem oral em crianças
implantadas.
No Brasil, Bevilacqua (1998) relatou resultados de 38 crianças deficientes auditivas pré-
linguais implantadas e pôde evidenciar que todas as crianças obtiveram melhora quanto ao
desempenho de audição e de linguagem oral com o IC.
Crianças implantadas têm se destacado, pois, além de não apresentarem complicações
graves, elas têm conquistado uma melhora progressiva em sua qualidade de vida.
O implante permite a percepção dos sons da fala de modo que a criança pode extrair e
abstrair auditivamente as pistas linguísticas dos modelos de linguagem ao seu redor.
A habilitação da criança deficiente auditiva usuária de IC se alicerça nos princípios de
reabilitação auditiva, objetivando sua integração.
Estudos ainda apontam a possibilidade de crianças implantadas atingirem o
desenvolvimento normal de linguagem caso sejam implantadas até os 6 (seis) anos de idade,
o que ocorre em virtude da neuroplasticidade do sistema auditivo. A terapia de reabilitação
fonoaudiológica se baseia nos aspectos auditivos de detecção, discriminação, localização e
compreensão sonora, com enfoque na leitura e escrita, cognição e nos aspectos socio-interacionais.
Podemos afirmar que as crianças implantadas nascem auditivamente no momento em
que seu IC é ativado. Por isso, tanto a família como os futuros professores e a própria criança
estarão em constantes desafios para tornar efetiva a educação dessa criança.
É direito assegurado à criança usuária de IC sua inserção em escolas de ensino regular,
pois, além do desenvolvimento da linguagem e audição, tais escolas também estimulam as
relações sociais (MARTINS; AGUIAR; CARRAPATO, 2016). Grupos de discussão que envolvem
os profissionais das escolas abordando esses temas também são recursos que auxiliam na terapia.
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Nesse modelo, o sistema limita a mobilidade do usuário, pois o receptor estará acoplado
a um ou mais arranjos de autofalantes, distribuídos e fixados em lugares estratégicos em sala de
aula. O usuário/aluno terá acesso auditivo restrito aos ambientes em que o equipamento está. Ele
limita o aluno ao ambiente escolar, pois impede que seja usado em situações de aprendizagem
diferenciadas, como nos laboratórios escolares, recreio e salas multifuncionais frequentadas no
contraturno.
É queixa frequente dos usuários do AASI e/ou IC a dificuldade de lidar com ruídos, que,
muitas vezes, tiram a compreensão da fala, principalmente em ambiente escolar. O Sistema FM
qualifica o sinal de fala em ambientes reverberantes ou quando a fonte sonora está distante do
ouvinte.
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O kit Sistema FM Pessoal deve ser disponibilizado para crianças e/ou jovens com
deficiência auditiva sensorioneural de grau leve, moderado, severo e profundo desde que eles
estejam matriculados no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio. Isso está prescrito na Lei nº
5296, de 2 de dezembro de 2004, a qual contempla todas as ajudas técnicas disponíveis para o
deficiente auditivo, como instrumentos, equipamentos ou tecnologias projetadas para a melhora
da qualidade de vida do deficiente auditivo.
O kit de Sistema de FM Pessoal é considerado hoje como crucial para que o estudante
com deficiência auditiva consiga acompanhar o conteúdo da escola regular. Sem esse recurso, o
aluno não conseguirá ou terá muita dificuldade para compreender o conteúdo dentro da sala de
aula. Sem o auxílio do Sistema FM, a informação pode não chegar com uma qualidade sonora
ideal para compreensão.
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• Confiabilidade.
• Imparcialidade.
• Discrição.
• Distância profissional.
• Fidelidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
AUDIOLOGIA EDUCACIONAL
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................... 69
1. O PAPEL DE CADA UM NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA....................71
1.1 A ESCOLA E O DEFICIENTE AUDITIVO..............................................................................................................71
1.2 A FAMÍLIA E A FORMAÇÃO ESCOLAR DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA ...................................72
2. ORIENTAÇÃO ESCOLAR E ACONSELHAMENTO FAMILIAR ............................................................................74
2.1 PRIMEIRO ESTÁGIO – ESTIMULAÇÃO PRECOCE ..........................................................................................74
2.1.1 RECURSOS TECNOLÓGICOS ..........................................................................................................................75
2.1.2 ORIENTANDO A FAMÍLIA................................................................................................................................75
2.1.3 ORIENTAÇÃO ESCOLAR..................................................................................................................................75
2.2 SEGUNDO ESTÁGIO – PRÉ-ESCOLAR .............................................................................................................75
2.2.1 RECURSOS TECNOLÓGICOS .........................................................................................................................76
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2.2.2 ORIENTANDO A FAMÍLIA...............................................................................................................................76
2.2.3 ORIENTAÇÃO ESCOLAR ................................................................................................................................76
2.3 TERCEIRO ESTÁGIO – ALFABETIZAÇÃO .........................................................................................................77
2.3.1 RECURSOS TECNOLÓGICOS..........................................................................................................................77
2.3.2 ORIENTANDO A FAMÍLIA...............................................................................................................................78
2.3.3 ORIENTAÇÃO ESCOLAR.................................................................................................................................78
2.4 QUARTO ESTÁGIO – DA LEITURA À INTERPRETAÇÃO..................................................................................78
2.4.1 RECURSOS TECNOLÓGICOS..........................................................................................................................79
2.4.2 ORIENTANDO A FAMÍLIA...............................................................................................................................79
2.4.3 ORIENTAÇÃO ESCOLAR................................................................................................................................ 80
3. ENSINO REGULAR E ENSINO ESPECIAL...........................................................................................................81
3.1 ESCOLA ESPECIAL PARA SURDOS ..................................................................................................................81
3.2 ESCOLA REGULAR E O ENSINO DOS SURDOS ..............................................................................................81
4. A FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL E A LEGISLAÇÃO.................................................................................. 83
4.1 RESOLUÇÃO NO 274, DE 20 DE ABRIL DE 2001.............................................................................................. 85
4.2 PORTARIA GM/MS NO 1.278, DE 20 DE OUTUBRO DE 1999......................................................................... 86
4.3 PORTARIA NO 793, DE 24 DE ABRIL DE 2012..................................................................................................87
4.4 PORTARIA NO 1.274, DE 25 DE JUNHO DE 2013..............................................................................................87
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................... 88
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INTRODUÇÃO
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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Com base na literatura e nas práticas educacionais vigentes, podemos dizer que as funções
sociais da escola são:
“[...] a inclusão escolar surge como a nova missão da escola, no sentido atribuído por
Hargreaves (1996)” (BRASIL, 1994). Essa nova missão irá desestruturar a forma instituída de
ensino-aprendizagem. A escola agora passa a ter o dever de oportunizar o desenvolvimento das
potencialidades dos alunos com necessidades auditivas por meio do atendimento individualizado.
É de responsabilidade da equipe de gestores escolares, professores e componentes da
equipe multidisciplinar modificar as atuais práticas excludentes da educação. Porém, isso não será
feito instantaneamente. Deve haver engajamento para operacionalizar as apontadas mudanças
necessárias. Temos vivido tempos de muitas mudanças políticas, educacionais e culturais, o que
é esperado pelas comunidades surdas. A médio e longo prazos, podemos vislumbrar a atuação
de uma nova geração de professores com formação adequada, que contemplem o atendimento
adequado aos alunos com deficiência auditiva e com ações escolares que construam uma escola
inclusiva, superando os tantos desafios já elencados.
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É possível afirmar que a melhor maneira de proceder à orientação familiar é por meio
de perguntas e respostas. Elaborando perguntas simples, mas assertivas, o fonoaudiólogo
estabelecerá uma relação de confiança e atenderá as necessidades dos pais e de outras pessoas
que acompanham a criança no dia a dia, como babá ou cuidadores.
Nesse período, o objetivo da escola é promover a socialização da criança com seus colegas
a partir de brincadeiras. Para a criança com deficiência auditiva, a criança ouvinte será o seu
modelo de aprendizagem da linguagem oral.
Orientamos que o período escolar seja de apenas um turno ao dia, nunca o dia todo.
Primeiramente, é necessário verificar se a escola sabe lidar com a criança não ouvinte
e quais metodologias ela aplica. A partir disso, é preciso orientar sobre os aspectos do
bilinguismo.
Caso os professores encontrem dificuldade, o fonoaudiólogo buscará ajudar ao máximo,
inclusive, se necessário, permitindo que o professor participe da terapia para melhor entrosamento.
É necessário que o professor seja instruído quanto ao manuseio dos dispositivos
tecnológicos, tirando, colocando e verificando se estão em pleno funcionamento.
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A criança ouvinte desenvolve sua fase de maior absorção da linguagem oral na idade pré-
escolar, dos 3 aos 5 anos. Isso ocorrerá agindo, experimentando e vivenciando. A criança, com ou
sem perda auditiva, chega à fase pré-escolar correndo, pulando e brincando.
Por se tratar de um estágio de estruturação oral e memorização, é certo que crianças
com grau de perda auditiva severo e profundo apresentarão mais dificuldade por não possuírem
feedback auditivo. Peña-Casanova (1997) afirma que, por não ouvirem a própria voz, as crianças
são desprovidas de entonação e apresentam ritmo, pausas e acentuação incorretos.
Mesmo tendo a evolução linguística acontecido de forma mais lenta, a criança com perda
auditiva pode chegar aos 3 e 4 anos com articulação correta das vogais e encontros vocálicos.
Porém, ela pode não dominar a articulação de muitos sons. Por sua vez, as crianças com perda
leve ou moderada, se fizerem uso dos recursos e tratamento adequados, podem chegar a um
resultado muito similar ao verificado na criança ouvinte.
Caso a criança tenha iniciado o uso dos recursos auditivos adequados no estágio anterior
(0 a 3 anos de idade), ela chegará aos 3-5 anos com boa adaptação. Os recursos já farão parte de
sua rotina.
No primeiro estágio, ocorreu a percepção auditiva. Neste segundo estágio, ocorre
a discriminação dos sons e a memória auditiva, isto é, a capacidade de a criança lembrar as
A família chegará a este estágio já adaptada. As orientações podem ser feitas com menor
frequência, dentro da necessidade do grupo familiar.
Os pais começarão a atuar como pais-terapeutas, ajudando e estimulando a que a emissão
das palavras e frases e a pronúncia sejam feitas de forma correta.
No segundo estágio, a orientação é feita voltada para a aprendizagem da criança no
ambiente familiar e escolar. Quando os pais se mostram criativos, a curiosidade de seus filhos
desenvolve-se naturalmente. Brincando em família e na escola, a criança descobrirá e perceberá
os seus próprios limites.
É importante que os pais não tratem a criança com perda auditiva de forma diferenciada:
caso ela erre durante um jogo ou brincadeira, deverá sair do jogo, dando a vez à outra criança,
aprendendo a lidar com a derrota de maneira saudável.
Orientamos também sobre a importância das demais relações estabelecidas em passeios,
compras, festas, dentre outros. Isso ajudará a construir os registros de vivência na criança.
Hoje, não se sustenta mais a ideia de que a escola de porte menor é melhor para a
inclusão da criança com perda auditiva. Desde que a escola esteja preparada para atender,
instruir e transmitir o conhecimento à criança nessa condição, ela pode ser grande ou pequena.
O importante é que o ambiente seja propício à comunicação.
É nesta fase que a escola começará a estabelecer currículos etários conforme o período
– bimestral, semestral etc. A criança terá acesso ao conhecimento sobre quantidade, tamanho,
distância, tempo, cores, músicas e à pré-alfabetização.
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Para que a criança com perda auditiva não tenha qualquer desnível na absorção do
conhecimento, é importante tomar alguns cuidados e orientar a escola quanto ao seguinte:
- Deve-se posicionar a criança nas primeiras carteiras para maior proximidade com a
professora e menor exposição a ruídos.
- Deve-se falar com a criança sempre frente a frente, usando tom normal e sem exageros
articulatórios.
- Deve-se dirigir, sempre que possível, de forma individual à criança diante de uma tarefa
para garantir que ela entenda o que precisa ser executado.
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- Verificar se eles têm conhecimento sobre onde a criança deve sentar-se na sala de aula.
- Orientar sobre como eles podem ajudar mais a criança em sala de aula.
As orientações devem ser feitas também ouvindo-se as dúvidas apresentadas pela equipe.
Em relação ao sistema FM, é fundamental que o microfone esteja com o professor, que a criança
se sente distante das crianças mais barulhentas, longe da janela, próximo ao professor e que a sala
esteja sempre fechada.
Quanto ao trato professor-aluno, devemos orientar que o professor não fale de costas
para a turma, não ande muito enquanto fala e que fale naturalmente, sem projetar a voz.
Para a melhora das atividades em sala, é interessante que o professor disponibilize aos pais
da criança listas de vocábulos que serão introduzidos nas próximas aulas; assim, ela já chegará
familiarizada.
Ter paciência para aguardar a resposta da criança com perda auditiva também é muito
válido. Sempre oriente o professor a não responder pelo aluno e a não transferir a pergunta a um
aluno ouvinte frente à demora da resposta.
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Para a criança, ler é como andar e falar: exige tempo, maturidade e prontidão. E cada
criança tem o seu tempo para cada aprendizagem.
Ler não envolve apenas o ato mecânico da escrita; além disso, envolve interpretar com a
capacidade de compreender os pensamentos expressos, promovendo a interação do autor com o
leitor.
Na metodologia bilíngue aurioral, recomendamos que a criança ouvinte ou a criança com
perda auditiva façam as atividades de leitura sempre associando-a a figuras para desenvolver a
percepção e a associação.
Esta fase pós-alfabetização, em que se trabalha a compreensão, acompanhará a criança
em toda a sua trajetória escolar, pois interpretar é saber reproduzir o que foi lido, retirando do
texto não apenas o que consta nas linhas, mas o que está subentendido, levando o leitor a tirar
suas próprias conclusões.
Apenas após os 12 anos de idade, a criança, de fato, entra na fase abstrata, com capacidade
para interpretar o que leu.
Os textos e livros trabalhos em sala de aula e fora dela devem ser relativos à idade da
criança, respeitando a individualidade e o ritmo de aprendizagem. Assim, ela desenvolverá o
gosto pela leitura.
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No primeiro momento, a leitura de textos deve ser bem objetiva e direta, e sua compreensão
deve ser desenvolvida frase a frase da lição.
Assim como os pais são orientados a estimularem a descrição dos objetos, os professores
também são orientados a utilizarem esse método, apresentando figuras e questionando sobre o
que a criança vê e como ela utiliza o que vê. O objetivo de tais atividades é dirigir a interpretação.
Cada aluno, ouvinte ou não ouvinte, apresentará sua própria necessidade e desenvolvimento
auditivo, mas a criança com deficiência auditiva em especial já estará bem adaptada e com bom
entrosamento com a escola e com a turma à qual pertence.
Os professores devem saber identificar a dificuldade e o atraso de linguagem na criança
com perda auditiva, pois tudo isso será semelhante às dificuldades das crianças ouvintes.
Orientar a produção de textos (como redações) também já entra em uso para verificar a
capacidade de utilizar o vocabulário e acessar o mundo criativo.
As crianças nesta fase também podem ser apresentadas à responsabilidade de transmitir
recados da escola para os pais, e vice-versa. O professor deve garantir que o recado chegará aos
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Inserido no sistema regular de ensino, ele fará uso da leitura orofacial, exercitando
a expressão oral e escrita em classes especiais ou em classes comuns, apoiadas pelas salas de
recursos.
Para que seja efetiva a integração do aluno surdo em classe comum, recomendamos que:
– A idade cronológica da criança a ser integrada deve ser compatível com a média do
Figura 2 - Família com voz nas mãos. Fonte: Por Sinal (2017).
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a) Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que regulamenta e dispõe sobre a Língua Brasileira
de Sinais.
[...] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende
e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua
cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial
ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas
frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (BRASIL, 2005).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Resolve que:
a) A triagem auditiva em escolas deve ser executada com autorização escrita dos
pais e/ou responsáveis do aluno;
b) A triagem auditiva deve acontecer em ambiente silencioso conforme
recomendação descrita na literatura existente;
c) Os equipamentos utilizados devem estar acompanhados do certificado de
calibração atualizado;
d) O fonoaudiólogo deve proceder a calibração biológica dos instrumentos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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