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PEDIATRIA PARA TERAPIA

OCUPACIONAL
PROF A. MA VANESSA PAOLA POVOLO GASPARI
PROF. RONALDO ZOPELLARO
PROF A. DANIELE TABONI
PROF A. LUCIANA SANGED PORTELLA
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR

Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do
Nascimento
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Diretoria EAD:
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Primeiramente, deixo uma frase de Novakowski
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios
não vale a pena ser vivida.” PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Cada um de nós tem uma grande Diagramação:
responsabilidade sobre as escolhas que Edson Dias Vieira
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida Thiago Bruno Peraro
acadêmica e profissional, refletindo diretamente
em nossa vida pessoal e em nossas relações Revisão Textual:
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade
é exigente e busca por tecnologia, informação Camila Cristiane Moreschi
e conhecimento advindos de profissionais que Danielly de Oliveira Nascimento
possuam novas habilidades para liderança e Fernando Sachetti Bomfim
sobrevivência no mercado de trabalho. Luana Luciano de Oliveira
De fato, a tecnologia e a comunicação Patrícia Garcia Costa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, Renata Rafaela de Oliveira
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Produção Audiovisual:
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Adriano Vieira Marques
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, Márcio Alexandre Júnior Lara
capaz de formar cidadãos integrantes de uma Osmar da Conceição Calisto
sociedade justa, preparados para o mercado de
trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Gestão de Produção:
Que esta nova caminhada lhes traga Cristiane Alves
muita experiência, conhecimento e sucesso.

© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
PEDIATRIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL

TERAPIA OCUPACIONAL E PEDIATRIA

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................4
1. A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA PEDIATRIA................................................................................5
2. O DESENVOLVIMENTO INFANTIL COMO BASE DE INTERVENÇÃO EM PEDIATRIA..........................................8
3. AVALIAÇÕES E INSTRUMENTOS PADRONIZADOS.............................................................................................. 10
4. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E O PAPEL DOS PAIS NO PROCESSO TERAPÊUTICO.................................... 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................ 17

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INTRODUÇÃO

A terapia ocupacional, enquanto profissão formal, foi construindo-se ao longo da


história, passando por vários acontecimentos, modelos socioeconômicos e culturais, políticos e
pensamentos filosóficos que permeavam cada período da sociedade.
Inicialmente, ela surge nos campos da Psiquiatria com Pinel e, mais tarde, no campo
da reabilitação física, no pós-guerra, atendendo diretamente indivíduos adultos com sequelas
físicas, ocasionadas pelas batalhas nas grandes guerras (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001, p. 31).

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Figura 1 - Hospital Psiquiátrico Pinel. Fonte: Wikimedia (2014).

Ao relembrarmos sua história, compreendemos e fortalecemos o papel dos terapeutas


ocupacionais como agentes promotores da saúde e qualidade de vida nos diversos contextos em
que atuam.
E ao pensarmos sobre a linguagem da Terapia Ocupacional, vale destacar os chamados
“contextos”, ou seja, elementos que compõem ou circundam o indivíduo e que, embora menos
tangíveis, exercem forte influência sobre o seu desempenho (AOTA, 2015, p. 09). São condições
que envolvem o indivíduo ou que são próprias dele, que o influenciam na execução de suas
atividades cotidianas.
Tais contextos envolvem o indivíduo durante todo seu processo de desenvolvimento,
entendendo que estão diretamente relacionados às suas necessidades. Neste capítulo abordaremos
os que envolvem a primeira infância.

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1. A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA PEDIATRIA

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Figura 2 - A atuação do Terapeuta Ocupacional na Pediatria. Fonte: NARSELLI (2017).

Como em todas as profissões, especializar- se em determinada área de interesse, para


desempenhar com mais eficácia o trabalho com grupos específicos de pacientes, é de suma
importância e, para o Terapeuta Ocupacional, não é diferente.
Muitas dessas áreas de foco visam restaurar as habilidades daqueles que perderam as
capacidades que possuíam anteriormente, seja por questões relacinaonadas ao envelhecimento
ou como resultado de um evento traumático, lesão, vício ou doença mental. Já, os terapeutas
ocupacionais pediátricos têm uma oportunidade única; não só a de intervir com crianças,
mas a de garantir que elas tenham o melhor início possível durante as fases primordiais de
desenvolvimento, fornecendo suporte aos bebês, às crianças, e aos adolescentes, bem como para
suas famílias em uma variedade de ambientes. A American Occupational Therapy Association
(AOTA) destacou crianças e jovens como uma das seis principais áreas de foco para a prática de
terapia ocupacional no século 21.
Sobre a atuação do terapeuta ocupacional na população infantil, é importante
relembrarmos que, conforme citado por SOARES (2007, p.07), ela toma maior evidência no
Brasil em meados dos anos 40 (período em que a sociedade lutava contra o surto de poliomielite
e meningite), dentro do contexto da reabilitação física, ganhando apoio de entidades como a do
Rotary Internacional, que possibilitou a criação entidades beneficentes para reabilitação de pessoas
físicas e mentais, dentre as quais as APAES (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais),
Sociedade Pestalozzi e outros centros de reabilitação. Desse período em diante, os terapeutas
ocupacionais continuaram desempenhando papel de grande importância intervindo em todas
as etapas e comprometimentos do desenvolvimento infantil; atuando em diversos ambientes tais
como: hospitais, clínicas de saúde mental, centros de reabilitação, escolas, cuidados de saúde
domiciliar, dentre outros.

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Vale destacar que a intervenção dos profissionais de terapia ocupacional pediátrica é


considerada de suma importância dentro de uma equipe de estimulação precoce, pois, quanto
mais tempo uma criança passa sem dominar as habilidades necessárias para o sucesso e a
independência, mais o problema pode se agravar. Esse profissional pode atuar em áreas gerais
de desenvolvimento, que incluem habilidades cognitivas, habilidades motoras finas, habilidades
motoras grossas, tarefas de autocuidado e habilidades sociais, assim como áreas mais específicas,
por exemplo: a atuação em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), trabalhando com
recém nascidos pré-termo, assim como crianças em período de internação; atendimentos
ambulatoriais; Programas de Intervenção Precoce; áreas ligadas ao sistema escolar; pisquiatria
infantil; estimulação visual.
Outras abordagens de atuação do Terapeuta Ocupacional:

• Transtornos do processamento sensorial;


• Problemas de alimentação de base sensorial;
• Deficiências de aprendizagem ou cognitivas;
• Atrasos no desenvolvimento em crianças com síndrome de Down;

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• Autismo/transtornos invasivos do desenvolvimento;
• Lesões;
• Malformação congênita (anomalia funcional ou estrutural no desenvolvimento do feto);
• Spina Bifida;
• Saúde mental, problemas comportamentais ou TDAH;
• Lesões traumáticas (cérebro ou medula espinhal);
• Ortopedia (indicação e confecção de órteses);
• Tecnologias assistivas;
• Queimaduras;
• Amputações traumáticas ou lesões graves nas mãos;
• Recuperação pós-cirúrgica;
• D
oenças crônicas, como câncer, esclerose múltipla, paralisia cerebral e artrite reumatóide
juvenil.
Os terapeutas ocupacionais que atuam com bebês, crianças e adolescentes, muitas vezes
incorporam a brincadeira em suas intervenções para ajudar a motivá-los. Isso pode envolver jogos,
quebra-cabeças, brinquedos, músicas, exercícios físicos e inúmeros outros recursos terapêuticos,
que também ajudam a reduzir a ansiedade potencial que eles podem sentir durante o processo,
o que faz com que as crianças não apenas desenvolvam habilidades críticas, mas muitas vezes
também aumentem seus níveis de confiança e autoestima.

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Para maiores informações sobre a Política Nacional de


Atenção Integral à saúde da Criança (PNAISC), acessar:
https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/
uploads/2018/07/Pol%C3%ADtica-Nacional-de-
Aten%C3%A7%C3%A3o-Integral-%C3%A0-Sa%C3%BAde-da-
Crian%C3%A7a-PNAISC-Vers%C3%A3o-Eletr%C3%B4nica.pdf

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Figura 3 - olítica Nacional de Atenção Integral à saúde da Criança (PNAISC) Fonte: Ministério da
Saúde (2018).

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2. O DESENVOLVIMENTO INFANTIL COMO BASE DE INTERVENÇÃO EM


PEDIATRIA

Figura 4 -O desenvolvimento infantil. Fonte: Opas (2017).

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Sobre a atuação da terapia ocupacional na infância, Motta e Takatori (2001) reforçam que:

O olhar da Terapia Ocupacional sobre a criança deve considerar as bases teóricas


que abordam o processo do desenvolvimento e a relação da criança com o mundo
externo, buscando intermediar e facilitar esse encontro e, quando necessário
adaptar o ambiente para que este possa ocorrer MOTA; TAKATORI, 2001).

Em seu livro ‘Iniciação ao desenvolvimento da Criança’, Sylva e Lunt (1994) comentam


que:

Todo desenvolvimento é um processo de mudança contínua, às vezes rápida e


evidente, às vezes lenta e difícil de ver. A mudança, no desenvolvimento, não
procede a esmo, mas de modo ordenado, e ao longo de toda a vida. Na verdade,
a infância é apenas um estágio dentro de um ciclo vital de desenvolvimento que
culmina na velhice e a morte (SYLVA; LUNT, 1994).

Ao falarmos de desenvolvimento infantil, é importante compreendermos os marcos


que norteiam o desenvolvimento típico e os problemas que podem vir a afetá-lo, bem como
os componentes envolvidos: sensório-motores, cognitivos, psicológicos e psicossociais que
comprometerão o desempenho ocupacional da criança na realização de suas AVDs, brincar,
escola, lazer.
Como os terapeutas ocupacionais pediátricos trabalham com pacientes que vão da infância
à adolescência, é indiscutível a importância sobre o conhecimento profundo do desenvolvimento
infantil em todas as áreas de desenvolvimento, referindo-se à habilidades motoras, cognitivas,
psicossociais e educacionais, além de entender como doenças, enfermidades e lesões afetam o
desenvolvimento.
Os marcos de desenvolvimento dizem respeito ao que se é esperado de uma criança
na idade em que ela se encontra. As atividades esperadas para essa criança em seu estágio de
desenvolvimento encontram-se organizadas em estágios cronológicos, artificialmente isolados
e separados do contexto de seu desenvolvimento total (BOBATH; BOBATH, 1989), sendo esses
estágios:

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• O estágio dos 03 meses;


• O estágio dos 05 meses;
• O estágio de 7 – 8 meses;
• O estágio de 9 – 10 meses.
Na prática, um dos trabalhos do terapeuta ocupacional no atendimento de crianças em
quaisquer ambientes é detectar, além de outros aspectos, os possíveis atrasos do desenvolvimento
e prejuízos, possibilitando à criança melhores condições para desempenhar suas atividades
cotidianas com maior autonomia e independência e, consequentemente, maior participação nos
diferentes contextos sociais ao longo da sua vida (CARELLE, 2015, p. 87).
Conforme mencionam Cavalcante e Galvão (2007):

Na perspectiva da terapia ocupacional, crianças são consideradas com atraso


ou desvio no desenvolvimento quando não são capazes de ser engajar ou
desempenhar uma ocupação [...] apresentando assim transtornos no desempenho
ocupacional (CAVALCANTE; GALVÃO, 2007).

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O olhar dos terapeutas ocupacionais, em todo o processo de tratamento, deve estar
voltado para o desempenho ocupacional de seus clientes (WILLARD; SPACKMAN, 2002,
p.137). Ao compreender os aspectos relacionados às etapas de desenvolvimento infantil e os
comprometimentos que ela apresenta, o terapeuta ocupacional consegue intervir de forma mais
eficaz nas reais demandas em seu desempenho ocupacional.
Dependendo da criança, do caso clínico e da demanda que cada caso apresenta, as sessões
de terapia podem abranger, além de muitas outras especificidades, algumas das seguintes áreas a
seguir:

• Habilidades motoras finas, para que as crianças possam agarrar e soltar brinquedos,
desenvolver boas habilidades de caligrafia, copiar de um quadro-negro e usar um
computador;
• Coordenação mão-olho, para melhorar as habilidades lúdicas das crianças, como encaixar
peças de um quebra-cabeça, empilhar blocos, acertar um alvo, rebater uma bola e vestir
uma boneca;
• Autocuidado básico, para ajudar as crianças a se tornarem mais independentes e
aprenderem a tomar banho, se vestir, escovar os dentes e se alimentar;
• Atenção e foco, para melhorar as habilidades sociais, bem como as habilidades de
aprendizado e estudo;
• Coaching comportamental, para abordar questões de gerenciamento da raiva e fornecer
opções positivas para lidar com a raiva, como escrever ou fazer exercícios;
• Necessidade e uso de equipamentos especializados, como cadeiras de rodas, talas,
equipamentos de banho, curativos ou auxiliares de comunicação.

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Ninguém esperava muito de Christy Brown, o menino de


uma família humilde de operários irlandeses, que nasceu
com paralisia cerebral. Apesar de tetraplégico, um evento
milagroso ocorre quando, aos cinco anos, ele demonstra
o controle de seu pé esquerdo e usa giz para rabiscar uma
palavra no chão. Com coragem, determinação e a ajuda
da mãe, Christy, ele supera as limitações físicas e torna-se
pintor, poeta e autor.

Figura 5 - Filme “Meu Pé Esquerdo” ]


Fonte: E o Vídeo Levou (2021).

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3. AVALIAÇÕES E INSTRUMENTOS PADRONIZADOS

Figura 6 - Avaliações e Instrumentos Padronizados Fonte: Adobe Stock (2021).

O desempenho ocupacional é influenciado pela relação dinâmica entre:

• pessoa • ocupação • meio ambiente •

No primeiro passo em um serviço de reabilitação, o terapeuta ocupacional deve considerar


todos os aspectos desta relação ao realizar uma avaliação. O terapeuta ocupacional avalia e
considera os fatores da criança, do ambiente e da ocupação para determinar quais mudanças
ou adaptações são necessárias em qualquer uma dessas áreas, para melhorar o desempenho
ocupacional e o sucesso desejado.

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Na sua atuação, os terapeutas ocupacionais utilizam como primeira etapa no processo


terapêutico ocupacional a avaliação. Sobre a avaliação em terapia ocupacional, Willard e
Spackman (2002), referem que:

A avaliação é o processo de coleta de informações que os profissionais de


saúde usam para identificar problemas relacionados à saúde dos clientes.
Normalmente as avaliações são feitas no início do tratamento (avaliações
iniciais), periodicamente durante o processo de tratamento (avaliações
durante o tratamento), e ao fim do tratamento (avaliações de alta) (WILLARD;
SPACKMAN, 2002).

A avaliação facilita o olhar do terapeuta sobre as condições do cliente e o impacto das


possíveis alterações, patologias e sofrimentos em seu corpo, em sua vida cotidiana e em seu grupo
social, reconstruindo assim, a história de seu cliente, que não se resume apenas em patologia, mas
reflete um processo de vida (DE CARLO; LUZO, 2004, p. 18).
Com base nos dados obtidos na avaliação, o terapeuta ocupacional conseguirá estabelecer
seu plano de tratamento e, consequentemente, sua intervenção.
Sauron e Oliveira (2003) referem que o processo de avaliação se dá por meio de

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habilidades e instrumentos que ajudarão o profissional a extrair dados relevantes, interpretando-
os corretamente, sendo que essa etapa, irá depender da base de conhecimento do avaliador, de
sua compreensão dos procedimentos da avaliação, de sua habilidade para analisar as informações
coletadas e de competência para aplicar os achados nas circunstâncias e necessidades particulares
do cliente.
As mesmas autoras ainda mencionam que a avaliação pode ser entendida como o momento
de apresentação do paciente e do terapeuta, desta forma, elementos como empatia, sinceridade,
respeito, bom humor, dentre outros, são posturas que devem ser adotadas pelo terapeuta.
Mas o que deve ser avaliado pelo terapeuta ocupacional no atendimento à população
infantil?
Nesse processo inicial, o terapeuta faz uma anamnese (coleta sobre histórico de saúde do
paciente). No caso de crianças avaliadas, quem irá descrever esse histórico serão os pais ou seus
cuidadores. Hassui (2003, p.409-410) aponta alguns itens importantes na anamnese infantil, tais
como:
• Existência ou não de antecedentes familiares;
• Dados sobre o desenvolvimento neuropsicomotor da criança;
• Quando foram notados os primeiros sinais da doença;
• Forma de progressão do quadro até o momento atual;
• Exames e tratamentos realizados ou que realiza;
• Existência ou não de outros comprometimentos associados (cardíacos, respiratórios,
disfágicos, etc);
• Dúvidas e expectativas quando ao diagnóstico e proposta de tratamento.
Além da anamnsese, o terapeuta ocupacional avalia também as áreas de desempenho
ocupacional e os componentes de desempenho ocupacional da criança. As áreas de desempenho
ocupacional dizem respeito às: Atividades de vida Diária (AVDs), atividades do brincar/lúdicas,
atividades escolares. Já, os componentes de desempenho a serem avaliados conforme Willard e
Spackman, (2002 p. 203), dizem respeito às habilidades neuromusculares, de processamento, de
comunicação e de interação.

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Desta forma, com base nas áreas de desempenho e componentes de desempenho


ocupacional, durante sua avaliação, o terapeuta ocupacional observa como essa criança desenvolve
as atividades oferecidas, como brinca, como explora os brinquedos, como explora o ambiente,
como pega os objetos, quais as preensões utiliza para pegar, quais posturas ela prefere, em que
situações ela chora, como é o vínculo com os pais, como fica na ausência dos pais ou cuidadores,
como se porta com estranhos, em quais situações ela necessita de ajuda, ou o que ainda não
consegue fazer sozinha, etc.
Hassui (2003) elenca alguns dados importantes de serem investigados pelos profissionais
durante a avaliação, sendo estes:

Motor:
• Alteração de tônus muscular (hipotônico, hipertônico);
• Alterações no trofismo muscular (presença de hipotrofia, hipertrofia e pseudo-hipertrofia);
• Avaliação da força muscular (de grupos musculares);
• L
imitações na amplitude de movimento (presença de retrações, encurtamentos,
deformidades).

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Atividade Motora:
• Observação da postura e movimentação global do indivíduo;
• Avaliação das mudanças posturais e da forma como são realizadas;
• Dificuldades encontradas na área da mobilidade;
• Presença ou não de movimentos e posturas compensatórias.
Função de membros superiores:
• Dominância;
• Coordenação motora grossa e fina;
• Função uni e bimanual;
• Preensões.
Aspectos Percepto-cognitivos e Sensoriais:
• Avaliação da existência ou não de alguma alteração ou déficits nesses aspectos.
• Desempenho Funcional:
• Auto-cuidado (alimentação, vestuário, banho, higiene);
• Escola;
• Lazer/brincar;
• Comunicação;
• Mobilidade.

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Aspectos Emocionais:
• Aspectos psicoafetivos e sociais;
• Dinâmica familiar;
• Auto-imagem.
Além das observações e perguntas feitas aos responsáveis pela criança, na prática clínica,
o terapeuta ocupacional utiliza, também, instrumentos avaliativos padronizados e validados que
possibilitam estabelecer uma linguagem comum entre outros terapeutas e demais profissionais da
área, bem como o paciente e familiares.
Existem diversos instrumentos de avaliação, não nos caberia citar todos, no entanto
podemos mencionar alguns bem utilizados na prática clínica, sendo estes:
• Inventário de Avaliação Pediátrica (PEDI): esse instrumento avalia as habilidades
funcionais da criança, o nível de assistência do cuidador e a frequência de modificações
utilizadas para o seu desempenho nas tarefas;
• Perfil Sensorial: esse instrumento descreve o processamento sensorial, a modulação
sensorial, as respostas comportamentais e emocionais da criança;

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• GMFM (Gross Motor Classification System): elucida as aquisições funcionais da criança.
• Esses instrumentos auxiliam o terapeuta a monitorar progressos e possibilitam ao
profissional demonstrar de forma objetiva os avanços obtidos no tratamento (SAURON;
OLIVEIRA, 2003).
OBS: ao final desta unidade, deixaremos um modelo anexo de uma anamnese e avaliação
informal que pode ser utilizada em nossa prática clínica.

No artigo de revisão Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor:


mapa conceitual, definições, usos e limitações do termo, as autoras
buscaram resgatar a origem do termo atraso do desenvolvimento
neuropsicomotor (DNPM), sua evolução conceitual ao longo do
tempo e construir mapa conceitual do termo, com base em busca
bibliográfica, e concluíram que o atraso do desenvolvimento é
abordado na literatura internacional e nacional sob diversos nomes,
diferentes aplicações e conceitos heterogêneos. Internacionalmente, apontam‐
se caminhos para melhorar a comunicação entre profissionais, com definição
padronizada do termo e uso em situações específicas até o quinto ano de vida, o
que não foi encontrado nas publicações nacionais. Disponível em: https://www.
scielo.br/j/rpp/a/rWNf3F7qSTGLbWRP6hzLkRP/?lang=pt&format=pdf.

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Como garantir à criança que, por motivos permanentes


ou temporários, foi impedida de brincar, comer,
vestir-se, estudar e ir à escola, construir relações de
amizade e parcerias? Pensando nessas questões,
esse livro direcionado a terapeutas ocupacionais, a
pais e a profissionais de diferentes áreas que queiram
conhecer a atuação do terapeuta ocupacional na
infância, apresenta a fundamentação teórica de
diversos aspectos clínicos e ocupacionais presentes
na criança, avaliação validadas para a população
infantil brasileira e intervenções que demonstram
evidências na prática clínica. São 22 capítulos
distribuídos em duas seções: 1. Instrumentalizando
o terapeuta ocupacional para atuar com crianças. Figura 7 - Terapia Ocupacional
2. Intervenções da terapia ocupacional na infância, na Infância: Procedimentos na

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Prática Clínica.
todas acompanhadas de relatos de caso. Fonte: Memnon, (2021).

4. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E O PAPEL DOS PAIS NO PROCESSO


TERAPÊUTICO

Figura 8 - A importância do brincar. Fonte: Anna (2017).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O brincar é um ato natural, espontâneo e o meio mais livre e pessoal que toda a criança
encontra de indicar as formas mais primitivas de exercício funcional, sendo de fundamental
importância para o desenvolvimento infantil.
É através das brincadeiras que a criança tem possibilidade de criar, explorar, descobrir e
inventar o mundo, tornando-se uma das atividades do seu cotidiano.
Em suas pesquisas sobre o Modelo Lúdico, Ferland (2006, p. 42) aponta que o brincar
“[...]representa um excelente meio de entrar em contato com a criança, de suscitar seu interesse
e de fazê-la descobrir o prazer”.
A mesma autora aponta que na prática, os terapeutas ocupacionais utilizam dois modos
diferentes de abordar o brincar em terapia:
No primeiro modo: brincar como atividade em terapia - o brincar como atividade
servindo de ponto de partida para suscitar o interesse da criança em relação à terapia, podendo
estar associada aos métodos e abordagens específicos seguidos pelo profissional, servindo como
“recompensa” pelo esforço durante a terapia.
No segundo modo: a terapia como forma de brincar – aqui o brincar é entendido de forma
mais ampla, indo além da dimensão da atividade, incluindo, sistematicamente, um contexto do
brincar. A criatividade e imaginação do terapeuta entram a serviço da terapia, partindo de uma

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abordagem mais lúdica para a criança.
Araújo (1998, p. 110) diz que:

[...]a vivência do brincar saudável não garantirá que a criança esteja livre de
angústias e das mazelas da vida, mas certamente, propiciará descobertas,
construção e reconstrução de relações; fortalecerá sua crítica, preservando a
capacidade de ser criativo – ser capaz de transpor barreiras e encontrar soluções
(ARAÚJO, 1998).

O brincar, em terapia ocupacional, é entendido como uma área de ocupação humana,


dessa forma, merece grande atenção por parte dos terapeutas ocupacionais, sendo importante
ao profissional compreender a dimensão do brincar na vida da criança e os impactos gerados ao
desenvolvimento da criança, quando privada do brincar.
A família representa a estrutura do ser humano que a ela pertence. Dessa forma, a família
deve encontrar-se sólida e unida, além de sempre oferecer uma base física, afetiva e social aos
seus membros, principalmente às crianças (NAVAJAS; CANIATO, 2003).

Para Takatori et al. (2004) referem que:

[...]as primeiras experiências envolvendo segurança e confiança se dão no lar,


que permite a exploração, a experimentação de diferentes relacionamentos e
a ocupação de espaços que a criança preenche com seus próprios fragmentos,
tornando-os seus espaços e sentindo-se como tais (TAKATORI; ET AL.,
2004).

Sendo assim, a família exerce um papel de grande importância no tratamento de crianças


encaminhas à terapia. Ela deve ser grande aliada nesse processo, já que é a parte mais interessada
na evolução.
A relação entre o terapeuta e a família (pais ou cuidadores) inicia desde o momento da
avaliação com base no que os pais trazem sobre os comportamentos da criança. O terapeuta
ocupacional reforça com os pais suas responsabilidades pela terapia e pela evolução do quadro
de sua criança, bem como o papel dos pais como co-terapeutas, já que é em casa, no ambiente
familiar, por meio das orientações passadas pelo profissional, que a terapia terá que continuar.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Muitas vezes, o terapeuta ocupacional terá que lidar com conflitos, questões emocionais
trazidas pelos pais, sentimentos de angústias, frustrações, etc. É importante, nestes casos, saber
ouvir e acolher e, quando julgar necessário, encaminhar os pais para ajuda de outro profissional,
no caso um psicólogo que ajudará os pais a lidarem com essas questões.

Christy e Kevin Beam são pais de três garotas: Abbie,


Annabel e Adelynn. Cristãos convictos, os Beams vão à
igreja com frequência. Um dia, Annabel começa a sentir
fortes dores na região do abdome. Após muitos exames,
é constatado que a garota possui um grave problema
digestivo. Tal situação faz com que Christy busque a todo
custo algum meio de salvar a vida da filha, ao mesmo tempo
em que se afasta cada vez mais de sua crença em Deus

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Figura 9 - Filme Milagres do Paraíso.
Fonte: Netflix (2016).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O terapeuta ocupacional compreende a criança como um sujeito que requer cuidados e


atenção nas suas áreas de desempenho ocupacional. Nosso objetivo principal é dar o máximo de
condições, para que esse sujeito alcance sua independência e autonomia.
Diversas são as demandas e os contextos na área da terapia ocupacional infantil, desta
forma é de suma importância que o profissional busque constante aperfeiçoamento, por meio
de cursos específicos para essa demanda e conheça as abordagens mais utilizadas em terapia
ocupacional pediátrica, gerando confiança e segurança para a criança e seus familiares.

PEDIATRIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL | UNIDADE 1

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

02
DISCIPLINA:
PEDIATRIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL

DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL DE


0 A 3 ANOS

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................ 19
1. INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA TÍPICA..............................................................20
2. COMO IDENTIFICAR ATRASOS NO DESENVOLVIMENTO MOTOR.....................................................................25
3. FERRAMENTAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS ATRASOS NO DESENVOLVIMENTO MOTOR............29
4. ORIENTAÇÕES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS..................................................................................................... 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................33

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento humano é um processo que ocorre durante toda vida e que resulta
de uma inter-relação complexa de fatores biológicos, psicológicos, culturais e ambientais, e é
definido como “mudanças que acontecem na vida de um indivíduo desde a concepção até a
morte” (SHORT, 1988).
E quando falamos em Desenvolvimento Motor, estamos falando de um processo que se
inicia ainda intra útero, no momento da fecundação, e evolui conforme acontece a maturação
do sistema nervoso central. Vale destacar que existem outras denominações para esse processo,
sendo elas, desenvolvimento neuropsicomotor, desenvolvimento motor normal, desenvolvimento
neurosensoriomotor ou, como recomendam as nomenclaturas recentes, desenvolvimento motor
típico. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).
O desenvolvimento motor da criança também depende de fatores essenciais como: das
condições biológicas, comportamentais e do ambiente. (CARVALHO, M., 2011)

PEDIATRIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL | UNIDADE 2


A interferência do ambiente no desenvolvimento psicomotor da criança é afirmada por
vários autores (Brandão, 1992; Ajuriaguerra, 1986; Cavicchia, 1993; De Vitta, 1998). No aprender
da criança, fatores biológicos são influenciados pelos ambientais que, por sua vez, também
são influenciados pelos primeiros, levando à aquisição de novas habilidades, conhecimentos,
sentimentos etc. (VITTA; SANCHEZ; PEREZ, 2000.)
Segundo o Ministério da Saúde (2016), essa pluralidade de fatores e dimensões envolvidas
com o desenvolvimento infantil se expressa nas vivências e nos comportamentos dos bebês e das
crianças, nos modos como agem, reagem e interagem com objetos, pessoas, situações e ambientes.
A primeira etapa motora que o bebê deve atingir é o controle cervical, pois nosso
desenvolvimento motor ocorre de modo céfalo-caudal, ou seja, da cabeça até os pés. São
caracterizados por várias habilidades em diversas áreas, sendo elas, motora, cognitiva, sensorial,
comportamental e da linguagem. (CARVALHO, M., 2011)
Existem ferramentas para avaliar quantitativa e qualitativamente para identificação de
possíveis atrasos motores, que são utilizados possibilitando a detecção precoce de alterações,
fazendo com que o terapeuta consiga realizar uma intervenção mais rápida e eficaz em seu
tratamento (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2016).
É de suma importância que pais e cuidadores tenham conhecimento das etapas motoras
do desenvolvimento motor típico no primeiro ano de vida das crianças, para que estimulem
e percebam precocemente qualquer alteração que possa prejudicar o desenvolvimento da sua
criança. A evolução motora não é estática e a sequência das aquisições motoras estão sempre
interligadas.

A identificação precoce de alterações no desenvolvimento é de relevante


importância e tem como objetivo minimizar os efeitos negativos, uma vez
que, fatores ambientais podem sobrepor-se aos determinantes genéticos do
desenvolvimento (OLIVEIRA e col, 2001).
Existem evidências suficientes de que, quanto mais precoce for a intervenção,
menor será o impacto desses problemas na vida futura da criança e no impacto
na morbimortalidade infantil (MANCINI, 2004).

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1. INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA TÍPICA

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Figura 1 -Desenvolvimento Neuropsicomotor. Fonte: Denise Mota (2009).

Durante os primeiros anos de vida, ocorrem grandes mudanças na vida do bebê, é quando
ele obtém vários saltos evolutivos em um curto período de tempo. Além disso, o desenvolvimento
do bebê respeita uma linha de movimentos com uma sequência de eventos, sendo estes, por meio
de controles corporais contra a gravidade, progressivamente adquirindo maturação cerebral e
aprendizagem motora. É importante lembrar que essas etapas não devem ser seguidas como
regra, pois é normal haver uma variação na idade dos aparecimentos de cada marco motor.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016)
E outros termos que fazem parte desse universo são: intervenção precoce e estimulação
precoce. A intervenção precoce deve começar o mais cedo possível para obter os melhores
resultados para a criança e para a família. Os primeiros 3 anos de vida são um período crítico
do desenvolvimento infantil, em que grande número de sinapses ocorrem no Sistema Nervoso
Central. Bebês e crianças pequenas estão oferecendo serviços físicos, desenvolvimento cognitivo,
sensorial e social com diferentes experiências e vários sentidos e estímulos sensórios do meio
ambiente nesse período.
Os terapeutas ocupacionais avaliam e implementam intervenções para atividades, meio
ambiente, bebês/crianças e suas famílias, para minimizar os riscos de um desenvolvimento
inadequado ou ineficiente. Por essas razões, os terapeutas ocupacionais são considerados
membros importantes de uma equipe de intervenção precoce. Entendendo que essa equipe
caracteriza-se de forma multiprofissional, com o objetivo de possibilitar o desenvolvimento
voltado às necessidades específicas de cada criança, podendo ser capaz de recuperar possíveis
atrasos observados em relação aos marcos do desenvolvimento e facilitar o acolhimento familiar
dessas crianças.

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A tabela abaixo sintetiza os principais indicadores do desenvolvimento motor infantil de


zero a três anos. Ou seja, a representatividade dos eventos a partir de uma média, tendo crianças
que alcançam algumas aquisições adiantadas e outras mais tardiamente, porém dentro das
variações normais.

Tabela 1 - Diretrizes de estimulação precoce crianças de zero a 3 anos com atraso no


desenvolvimento neuropsicomotor.

IDADE INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO

Em supino: membros flexionados (hipertonia fisiológica), cabeça oscilante,


comumente mais lateralizada, mãos fechadas.
Os membros inferiores mais livres, que alternam movimentos de flexo-
extensão, porém com as pernas geralmente fletidas sobre o abdome.
O tronco apresenta característica mais hipotônica, com ausência de equilíbrio

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cervical e de trono.
Apresenta movimentos amplos, variados e estereotipados, com forte influência
de reflexos primitivos.
1° mês
Abre e fecha os braços em resposta ao estímulo, movimento que pode estar
influenciado pelo Reflexo de Moro.
Em prono: o peso do corpo se encontra na cabeça e tronco superior, em
função da elevação da pelve decorrente da flexão de membros inferiores. Isso
dificulta a ampla mobilidade dos membros superiores. Pode levantar a cabeça
momentaneamente, sempre lateralizada, sem alcance da linha média (ajeita a
cabeça para poder respirar/primeiro passo no desenvolvimento da extensão
anti-gravitacional).

Em supino: pode apresentar uma postura mais assimétrica, influenciada pela


resposta ao Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (extensão dos membros
superior e inferior do lado para o qual a face está volta e flexão dos membros
contralaterais).
Acompanha visualmente os objetos ou a face humana, com movimentos de
2° mês
cabeça geralmente até a linha média.
Em prono: eleva mais a cabeça, aproximadamente 45°, mas não a mantém
erguida. Os membros inferiores estarão um pouco mais estendidos, porém
ainda em flexão.
Colocado na posição sentada, mantém a cabeça elevada intermitentemente.

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No final do 3° mês, espera-se aquisição do equilíbrio cervical.


Em supino: melhor controle cervical, consegue manter a cabeça na linha média.
Acompanha objetos visualmente com movimentos de rotação da cabeça para
ambos os lados, a mais de 180º.
Os movimentos dos olhos e cabeça já são, muitas vezes, simultâneos e
coordenados.
3° mês
Em prono: é capaz de fazer a descarga de peso em antebraços, com melhora
da estabilidade escapular, elevando a parte superior do tronco e a cabeça (em
90°), na linha média.
Puxado para sentar: leve atraso de cabeça.
Colocado na posição sentada: mantém a cabeça erguida, podendo ainda
ocorrer oscilações.

Alterna facilmente os movimentos dos membros entre a extensão e a flexão.

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Postura mais simétrica; une as mãos na linha média, mantendo também a
cabeça mais centralizada.
Os olhos são mais ativos e a atenção visual contribui para o aumento da
estabilidade da cabeça e garante a sua correta orientação no espaço.
Em supino: consegue alcançar os joelhos e rolar para decúbito lateral, com
maior percepção corporal.
4° mês
Ouvindo ruídos, o bebê para de mover-se e vira para a fonte sonora.
Em prono: é capaz de manter o apoio das mãos com o cotovelo estendido, e de
se estender contra a gravidade deixando apenas o abdome no apoio.
Tendência a cair para os lados, rolando acidentalmente para supino. Inicia
reação de Landau.
Gosta de ser colocado na posição sentada, mantendo a cabeça ereta, mas
instável quando o tronco oscila; tronco permanece menos tempo fletido.

Em supino: é capaz de levar os pés à boca, eleva o quadril e pode arrastar em


supino, empurrando o corpo para trás (interesse no alcance do objeto), inicia
o rolar para prono ainda sem muita rotação do tronco.
Em prono: desloca lateralmente o peso sobre antebraços para o alcance dos
5° mês brinquedos, rola para supino, tenta “nadar” no chão, é capaz de pivotear (giro
sob o próprio eixo) e de manter membros superiores estendidos.
Puxado para sentar: eleva a cabeça do apoio.
Colocado na posição sentada: a cabeça não oscila; começa a sentar com apoio,
mantendo o tronco ereto.

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Ao final do 6° mês, a criança já tem domínio sobre os movimentos rotacionais,


denotando controle sobre as transferências de decúbito como o rolar.
Em supino: rola para prono, levanta a cabeça espontaneamente.
Em prono: suporta peso nas mãos, liberando o apoio de uma delas para o
alcance de objetos; apresenta reação de equilíbrio nesta posição, começando
em supino; inicia o arrastar.
Puxado para sentar: auxilia no movimento, elevando a cabeça do apoio e
6° mês
tracionando membros superiores.
Colocado na posição sentada: é capaz de manter-se nessa postura com apoio,
por longo tempo, ainda com cifose lombar.
Apoia as mãos à frente do corpo pela reação de proteção para frente. Como
ainda não tem total controle do seu deslocamento de peso nesta postura e não
apresenta ainda as reações laterais e posteriores de apoio, pode cair para os

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lados e para trás.

Nesse período, o desenvolvimento adequado da musculatura de tronco e


da pelve permite uma ótima estabilidade na postura sentada e, com isso, a
retificação do tronco fica mais evidente.
Em supino: reações de equilíbrio presentes (iniciando na posição sentada);
7° mês eleva a cabeça como se fosse sentar.
Em prono: mantém cabeça elevada, com apoio no abdômen e nas mãos, pode
girar ou arrastar-se.
Brinca em decúbito lateral.
Aquisição do equilíbrio de tronco/senta sem apoio

Com o domínio das rotações, o bebê experimenta várias posturas diferentes


como o sentar em anel, o sentar de lado (sidesitting), o sentar com as pernas
estendidas (longsitting), sentar entre os calcanhares (sentar em “w”), e todas
essas possibilidades permitem a transferência para a postura de gatas e
ajoelhado e vice-versa.
8° mês
Em supino: geralmente rola ou puxa-se para sentar.
Em prono: assume a posição quadrúpede (ou de gatas), transfere de prono
para sentado e vice-versa.
Sentado: bom equilíbrio de tronco, inclina-se para frente, apresenta reação
protetora para os lados.

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Uma vez na postura de gatas, a criança experimenta as transferências de peso,


balançando para frente, para trás e para os lados; com isso, vai desenvolvendo o
equilíbrio e a força muscular para iniciar o engatinhar. Inicialmente, desenvolve
o engatinhar com o tronco em bloco e depois de maneira dissociada, ou seja,
com movimentos laterais do tronco.
9° mês
Apresenta reação de equilíbrio na posição sentada (inicia quadrúpede), com
melhor controle de tronco (realiza movimentos de rotação).
Engatinha e realiza transferências de sentado para a posição de gatas e vice-
versa.
Começa a assumir a posição de joelhos e fica de pé com apoio.

Ao final do 10° mês, a criança consegue se transferir de sentado para gatas,


para joelhos, semi-ajoelhado e tracionar-se para de pé.

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Engatinha ou desloca-se através da posição “tipo urso”, com apoio nas mãos e
10° mês pés, mantendo joelhos estendidos.
Sentado, apresenta extensão protetora para trás, roda em círculos.
Inicia marcha lateral com apoio nos móveis e é capaz de caminhar quando
segurado pelas mãos.

Essa fase é marcada pelo desenvolvimento da postura ortostática; a criança


realiza marcha lateral e já é capaz de liberar o apoio de uma das mãos.
Posteriormente, realiza marcha para frente, empurrando um apoio móvel
11° mês (como cadeira ou banquinho).
O caminhar para frente, ao redor dos móveis, enquanto se apoia com uma
mão, é um precursor natural da marcha para frente com auxilio da mão de um
adulto.

Capaz de elevar-se estendendo ativamente membros inferiores; transfere


da posição ortostática para sentado, dissociando movimentos de membros
inferiores; inicia ficar de pé sem apoio; primeiros passos independentes.
Na fase inicial da marcha independente, a criança assume uma base alargada
de apoio nos pés, abdução dos braços e fixação do tronco superior.
12° mês Apresenta passos curtos e acelerados, com cadência aumentada em função do
déficit de equilíbrio.
A literatura aponta que a ocorrência de marcha sem apoio antes dos 12 meses
ou até os 18 meses pode ser considerada dentro da faixa de normalidade,
no caso de uma criança nascida a termo e sem sinais de comprometimento
neurológico.

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Ganho gradativo de equilíbrio, reduz base de suporte durante a marcha.


Após o 15º mês, a criança mantém o ritmo de aquisições motoras, porém com
12 a 18
foco no refino das habilidades motoras grossas e habilidades manipulativas.
meses
Sobe e desce escadas engatinhando ou apoiada pelas mãos.
Ajoelha-se só.

Melhora do equilíbrio e desempenho de marcha: realiza choque de calcanhar


no início do apoio, diminui cadência e aumenta a velocidade.
18 a 24
Fica sentada sozinho numa cadeira.
meses
Sobe e desce escadas segurando-se no corrimão.
Começa a saltar sobre os dois pés.

24 a 30
Corre e bate numa bola sem perder o equilíbrio; tenta se equilibrar num só pé.
meses

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Sobe escadas alternando movimento de membros inferiores (coloca um pé de
cada vez no degrau, apenas para subir).
30 a 36
Consegue se manter em pé sobre uma única perna.
meses
Salta no mesmo local com ambos os pés.
Anda de triciclo.

Fonte: Adaptado de Bly, 1994; Shepherd, 1996; Braga, 2005; Flehmig, 2005; Castilho-Weinert e Fort-Belleni, 2011.

2. COMO IDENTIFICAR ATRASOS NO DESENVOLVIMENTO MOTOR

Figura 2 - A importância do estímulo. Fonte: Centro Ama Desenvolvimento (2021).

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Os marcos motores de desenvolvimento para crianças foi desenvolvido pela


Academia Norte-Americana de Pediatria (AAP), desde o nascimento até os 5 anos de idade
(CARVALHO,2011).
A Tabela 2 demonstra os problemas, os sinais e os sintomas possíveis, que indiquem as
anormalidades no desenvolvimento nos 3 primeiros anos de vida das crianças.
Deve-se observar que, se a criança não está aprendendo habilidades referentes à sua idade
cronológica, é de suma importância observar quais fatores estão impedindo e/ou dificultando a
aquisição de tais habilidades, podendo vir a ser um risco biológico ou risco social/ambiental.
Muitos falam que as crianças têm seu tempo, que nenhuma criança é igual a outra. Isso é fato!
Nenhuma criança é igual a outra, mas temos uma faixa etária a ser seguida. Caso o bebê esteja
apresentando algum tipo de atraso, isso deve sim ser um sinal de alerta para os pais ou profissionais
que participam do processo de desenvolvimento da criança.
Se ela não está aprendendo habilidades que outras da mesma faixa etária estão, como
engatinhar, virar, sentar, dentre outras, torna-se necessário o profissional comunicar aos pais sua
percepção e aconselhá-los a buscar orientação específica.
Conforme Lopes et al. (2010):
A estimulação é fundamental no desenvolvimento de um bebê, pois ele nasce com muitas

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habilidades motoras, mas para essas se aprimorarem, se desenvolverem é preciso que ele vivencie
coisas novas, que ele seja estimulado a conhecer o mundo novo. Uma criança vai se descobrindo
muito mais rápido e eficazmente se estimuladas desde cedo (LOPES; et al., 2010).

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Tabela 2 -Sinais de possíveis atrasos em crianças em seu primeiro ano de vida.

IDADE DA
PROBLEMAS ENCONTRADOS
CRIANÇA

Sucção deficiente e alimentação demorada.


Não pisca diante de luz intensa.
Não fixa o olhar nem segue objeto próximo que se move de um lado
para outro.
Durante a 2ª, 3ª e 4ª
Raramente movimenta os braços, e as pernas parecem rígidas.
semanas
Parece ter membros excessivamente flácidos.
A mandíbula parece trêmula, mesmo quando não está chorando, nem
excitado.
Não responde a sons em alto volume.

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Não tem reflexo de Moro após os 4 meses.
Não parece reagir a sons em alto volume.
Não percebe as próprias mãos aos 2 meses de vida.
Não segue com o olhar em movimento aos 2 a 3 meses.
Não agarra nem segura objetos aos 3 meses
Não tenta alcançar nem segurar brinquedos aos 3 a 4 meses.
Inicia balbucio, mas não imita qualquer som aos 4 meses.
Não balbucia aos 3 e 4 meses.
Final do 3º mês Não leva objetos à boca aos 4 meses
Não tenta empurrar com os pés quando são apoiados sobre uma
superfície firme aos 4 meses.
Apresenta dificuldade de movimentar um ou os dois olhos em todas as
direções.
Apresenta olhar cruzado a maior parte do tempo.
Não presta atenção em novas faces, ou parece assustar se com novas
faces ou novos ambientes.
Ainda mantém o reflexo tônico cervical aos 4 a 5 meses.

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Aparece rígido com músculos tensos.


Parece muito flácido, como uma boneca de pano.
A cabeça cai parar trás como em uma boneca de pano.
Alcança objetos apenas com uma das mãos.
Recusa abraço.
Não demonstra afeição pelo cuidador.
Parece não gostar de estar próximo de outras pessoas.
Um ou os dois os olhos constantemente se desviam (para dentro ou
para fora).
Final do 4º mês
Lacrimejamento constante, sensibilidade à luz.
Não reage aos sons ao seu redor.
Demonstra dificuldade de levar um objeto à boca.
Não gira a cabeça para localizar sons aos 4 meses.
Não rola em qualquer direção (de frente para trás ou vice versa) aos 5

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meses.
Parece inconsolável durante a noite depois dos 5 meses.
Não sorri espontaneamente aos 5 meses.
Não consegue sentar, mesmo com ajuda, aos 6 meses.
Não ri nem faz sons engraçados aos 6 meses.
Não tenta ativamente alcançar objetos dos 6 aos 7 meses.
Não acompanha objetos sonoros com o olhar a distância da audição
(0,3 a 1,8) aos 7 meses.
Final do 4º mês
Não sustenta peso sobre os membros inferiores aos 7 meses.
Não tenta chamar atenção com gestos aos 7 meses.
Não balbucia aos 8 meses.
Não se interessa por brincadeira de encontrar objetos aos 8 meses.

Não engatinha.
Inclina-se para um lado do corpo enquanto engatinha (por mais de 1
mês).
Não consegue ficar de pé mesmo com apoio.
Final do 12º mês
Não procura objetos que viu serem escondidos.
Não pronuncia nenhuma palavra (“mamão ou papá”).
Não aprende a utilizar gestos, tais como dar adeus ou balançar a cabeça.
Não aponta objetos nem gravuras.

Fonte: Sinais de possíveis atrasos no desenvolvimento da criança (UMPHRED; CONSTANCE, 2007).

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3. FERRAMENTAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS ATRASOS NO


DESENVOLVIMENTO MOTOR

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Figura 3 -Como identificar atrasos motores. Fonte: Semprematerna (2020).

Existem algumas escalas e testes para identificação de possíveis atrasos no desenvolvimento


das crianças. Esses testes e escalas de desenvolvimento padronizados são utilizados possibilitando
a detecção precoce de alterações, levando a uma intervenção terapêutica mais rápida e eficaz.
Essas escalas são realizadas geralmente por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fisiatras e
neurologistas.
Esses testes são utilizados para quantificar e qualificar o desempenho motor das crianças
em diferentes domínios. Isso faz com que os terapeutas consigam, da melhor forma possível, traçar
metas e objetivos para alcançar em seu tratamento dentro das possibilidades de cada criança.
Vamos citar abaixo escalas e testes mais utilizados na prática clínica para avaliar o
desenvolvimento motor das crianças, as quais avaliam as aquisições motoras em diferentes faixas
etárias; sinais neurológicos precoces anormais no período neonatal; a qualidade do movimento,
controle e alinhamento postural, equilíbrio e coordenação e desempenho funcional de crianças
na realização das atividades de vida diária (AVD’s). (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016)
• Test of Infant Motor Performance (Timp): Trata-se de avaliação de postura e do movimento
infantil que pode ser utilizada com recém-nascidos de 32 semanas de idade gestacional
até quatro meses de idade corrigida. Teste disponível em: https://www.infantmotortest.
com/.
• Alberta Infant Motor Scales (Aims): Tem como objetivo avaliar as aquisições motoras
de crianças até os 18 meses de idade. É observacional e avalia os componentes do
desenvolvimento na tentativa de identificar bebês cujo desenvolvimento motor esteja
atrasado e medir esse desempenho através do tempo. Modelo de avaliação disponível em:
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/18975/000733746.pdf.

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• General Movements (GM): Escala proposta por Prechtl e Beintema (1977), que se constitui
em um exame neurológico utilizado para avaliação do RN a fim de detectar precocemente
sinais neurológicos anormais no período neonatal.
Existem outras escalas que também podem ser utilizadas com o propósito de avaliação do
desenvolvimento neuropsicomotor, por exemplo:
• PEDI (Pediatric Evaluation Disability Inventary), adaptada para a realidade brasileira por
Mancini (2005);
• D
enver Development Screening Test (DSST) padronizado para a população brasileira por
Drachler, Marshall e Carvalho-Leite (2007);
• Bayley Scales of Infant Develpment (BSID);
• Peabody Developmental Motor Scale (PDMS-2), adaptado e validado em versão portuguesa
por Saraiva, Rodrigues e Barreiros (2011);
• GMFM (Gross Motor Function Measure),

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• ALBERTA INFANT MOTOR SCALE (AIMS) é uma escala padronizada, desenvolvida por
Piper e Darrah (1994);

De acordo com Dornelas, Duarte e Magalhães (2015), estima-se que, 200 milhões
de crianças em todo mundo, menores de cinco anos de idade estão sob risco de não
atingir seu pleno desenvolvimento. A prevalência do atraso do desenvolvimento é
uma incógnita muitas vezes, mas dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)
indicam que 10% da população de qualquer país é constituída por pessoas com
algum tipo de deficiência, com uma taxa de 4,5% entre aquelas com até cinco anos
de idade. No Brasil, foi observado uma diminuição na prevalência de crianças com
atraso no desenvolvimento, o que se justifica pelos avanços nos cuidados neonatais,
pelo avanço e ampliação da cobertura de assistência no primeiro ano de vida da
criança. Porém, esses mesmos fatores provocaram uma situação paradoxal,
pois a maior sobrevivência de bebês de risco, especialmente os prematuros, está
associada a aumento da morbidade, como as sequelas no neurodesenvolvimento,
gerando nova demanda para o pediatra e demais profissionais da saúde.

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4. ORIENTAÇÕES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS

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Figura 4 -Pais e filhos Fonte: Medina (2018).

Os pais ou os responsáveis devem contribuir no desenvolvimento do seu filho de modo


que eles interajam com a criança, estabelecendo afeto e comunicação entre as partes, prevenindo
patologias emocionais e cinestésicas (MINISTERIO DA SAUDE, 2016).
Ainda, segundo o Ministério Mundial da Saúde (2016), não devemos esquecer que o
ambiente que a criança se desenvolve deve ser um ambiente favorável para o desempenho de
suas atividades. E que na primeira infância é quando ela mais vai aprender a se desenvolver
mecanicamente. São nos dois primeiros anos de vida da criança que acontece maior maturidade
no desenvolvimento motor.
Os pais e a comunidade devem sempre receber orientações quanto às possibilidades de
acompanhamento, desde o período neonatal, até a fase escolar. Há muita carência de informações
sobre o desenvolvimento motor típico na sociedade. E, atualmente, estamos passando por
períodos muito delicados, em que nossas crianças estão sendo privadas de estímulos externos,
fazendo com que cada vez mais fiquem com atrasos em seu desenvolvimento global, tanto motor,
quanto sensorial e social (MINISTERIO DA SAUDE, 2016).
Orientar os pais a brincar com seu filho, levá-lo para passear, mostrar que esse período
é tão rápido e breve na vida dos filhos, que devem viver intensamente essa fase. Para que as
crianças tenham boas memórias de sua infância. É por meio do brincar e das brincadeiras com
o próprio corpo, com o corpo do outro e com objetos, que a criança vai desenvolvendo todo seu
repertório motor, sensorial, cognitivo, social e emocional (TEIXEIRA et al., 2003). As crianças
começam o processo de autoconhecimento, quando começam a ter contato com a realidade
externa, começando a projetar vínculos e interagindo com o mundo.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Como ação do Plano Nacional de Enfrentamento à


Microcefalia o Ministério da Saúde elaborou esse
material, disponível em: https://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_estimulacao_
criancas_0a3anos_neuropsicomotor.pdf.

Figura 5 - Diretrizes de Estimulação Precoce: Crianças de Zero


a 3 Anos com Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor.
Fonte: Ministério da Saúde (2016).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Deve ressaltar que o desenvolvimento motor infantil é de suma importância para o


desempenho neuropsicomotor da criança. Sabemos que os 3 primeiros anos de vida são os anos
que mais aprendemos e passamos por experiências que podem marcar nossa infância. Sendo
assim, não podemos esquecer que as crianças precisam de estímulos para desenvolver suas
funções. E dessa forma, devemos aprender a brincar da melhor maneira possível para promover
o desempenho das funções dos bebês. Além de estarmos em alerta e, ao notar algum atraso,
procurar ajuda de um profissional capacitado e entender que é essencial a realização de avaliações
precisas, com parâmetros de acordo com os marcos de desenvolvimento adequados para as
determinadas faixas etárias, com metodologias estruturadas e completas, que abranjam todas as
áreas.

PEDIATRIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL | UNIDADE 2

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

03
DISCIPLINA:
PEDIATRIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL

INTEGRAÇÃO SENSORIAL

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................35
1. AFINAL, O QUE O FETO PERCEBE?........................................................................................................................37
2. SISTEMAS SENSORIAIS..........................................................................................................................................38
2.1SISTEMA PROPRIOCEPTIVO..................................................................................................................................40
2.2 SISTEMA TÁTIL......................................................................................................................................................40
2.3 SISTEMA VESTIBULAR.......................................................................................................................................... 41
3. TERAPIA DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL.................................................................................................................42
4. TRANSTORNO DE PROCESSAMENTO SENSORIAL.............................................................................................43
4.1 CRIANÇAS HIPER-RESPONSIVAS.........................................................................................................................43
4.2 CRIANÇAS HIPORRESPONSIVAS: .......................................................................................................................44
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................46

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

A terapia de Integração Sensorial é uma área de atuação do Terapeuta Ocupacional, que


foi desenvolvida por Anna Jean Ayres PhD, OTR, terapeuta ocupacional e psicóloga americana,
que, na década de 1960, a partir de estudos que envolviam crianças com uma série de dificuldades
de desenvolvimento e aprendizagem, estudou a relação entre os processos comportamentais e o
Sistema Nervoso Central por meio de um processo neurobiológico, que promove a capacidade
de processar, organizar, interpretar sensações do meio ambiente e responder de forma apropriada
ao ambiente.
Ayres definiu o processo de Integração Sensorial como “[...] o processo neurológico que
organiza as sensações do próprio corpo e do ambiente, de forma a ser possível a geração de
respostas adaptativas adequadas, a partir do uso eficiente do corpo no ambiente [...]” (AYRES,
1972), identificando tais sensações como essenciais na promoção do conhecimento necessário
para direcionar o corpo e mente (AYRES, 2005).

PEDIATRIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL | UNIDADE 3


O Sistema Evolutivo do ser humano tem por base todas as experiências sensoriais
que ocorreram ao longo do processo evolutivo dos seres vivos. Centenas de milhões de anos
foram gastos para que os seres vivos pudessem satisfazer duas das necessidades fundamentais: a
necessidade da sobrevivência e a necessidade da perpetuação da espécie/seleção natural (sobrevive
o que possui o maior grau de adaptabilidade).
No ser humano, esse processo se perpetuou através do desenvolvimento do sistema
nervoso central quando se adquire as porções do córtex frontal, à medida que o encéfalo se
desenvolve filogeneticamente, o que vão aumentando são as áreas associativas e cognitivas do
córtex cerebral e as estruturas a elas relacionadas.
Segundo Tieppo (2019): “[...] o sistema nervoso não começa como um sistema de
detecção do ambiente, mas sim como um sistema de reação. Inicialmente, foi mais importante
reagir rapidamente do que detectar informações, embora uma coisa esteja ligada à outra”.
Na evolução, aprendemos a receber as informações do ambiente externo e interno
(vísceras), processar e combinar informações produzindo respostas por meio delas.
Assim, como a falta de informações sensoriais costuma gerar desconforto extremo e
ansiedade e sua resposta mais comum é procurar restabelecer uma condição normal procurando
estímulos no ambiente.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Figura 1 -Receptores. Fonte: shutterstock (2021).

PEDIATRIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL | UNIDADE 3


Vamos usar de exemplo a figura 1: um estímulo doloroso é captado na região da mão, por
meio dos Nociceptores (receptores sensoriais), sinais são enviados ao Sistema Nervoso Central
e áreas do tálamo, hipotálamo e do córtex motor são acionadas ao mesmo tempo que áreas do
sistema límbico (hipocampo e amigdala) identificam, juntamente com a visão, a origem da dor,
levando a nível consciente o córtex frontal o que está causando a dor e em resposta influenciam
a atividade de outros neurônios, que provocam a contração dos músculos, gerando movimento e
ação, promovendo a retirada da mão do estímulo doloroso.
Podemos considerar que os neurônios sensoriais fornecem informações que são
processadas pelo sistema nervoso central, integradas e gerando uma melhor resposta possível
para aquela situação.
Logo, no processo de desenvolvimento, a maior tarefa do sistema nervoso é configurar a
maneira como a informação sensorial se torna vinculada às respostas adaptativas (ação em que
o indivíduo responde com sucesso uma exigência do meio, respondendo com significado e de
forma adequada a demanda do ambiente. A resposta adaptativa integra todas as nossas sensações
para uma ação efetiva).
O comportamento é definido como o conjunto de reações de um sistema dinâmico, em
fase às interações e à renovação propiciadas pelo meio onde está envolvido.
Desse modo, o sistema nervoso é esse sistema dinâmico, que frente às modificações das
entradas sensoriais, é capaz de produzir respostas e estas respostas serão tão melhores quanto
maior for a capacidade desse sistema de adaptar-se a essas mudanças.
No ser humano, esse processo inicia durante a gestação, quando as experiências
sensoriais do feto são rítmicas e cíclicas, mediadas pelos ritmos diários da mãe, sendo, também,
coordenadas e integradas em um esquema padronizado e previsível. São, portanto, adequadas
ao seu desenvolvimento e estão em conformidade com a visão atual, segundo a qual o feto é um
participante ativo com o meio.

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1. AFINAL, O QUE O FETO PERCEBE?

Figura 2 -O que o feto percebe? Fonte: Freepik (2021).

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O sistema tátil é o primeiro sistema sensorial a se desenvolver, com sete semanas de
gestação, um toque leve sobre a região do lábio superior/nariz do feto faz com que ele afaste a
face do estímulo; na décima primeira semana gestacional, já existe sensibilidade tátil na face,
palmas e plantas dos pés e a partir da vigésima semana a sensibilidade tátil já está funcional em
todo o corpo.
A deglutição está presente desde a 12ª semana, permitindo com 30 semanas a percepção
do flavour (sabor) do líquido amniótico, que terá algumas semelhanças com o do leite materno
favorecendo sua futura aceitação.
Entre a vigésima nona semana e a trigésima segunda semana, o sistema olfativo é o
segundo sistema a se desenvolver. O Recém Nascido a termo, possui discriminação olfativa para
o odor do leite humano e pode demonstrar aprendizado olfativo associativo nas primeiras 48
horas de vida.
O quarto sistema a amadurecer é o auditivo, dentro do útero o feto é exposto a um
ruído basal de 28dB (sons vasculares e ruídos digestivos), ao qual se superpõem (em +25dB) os
batimentos cardíacos e a voz materna. O feto encontra-se bem protegido dos ruídos externos,
uma vez que a parede uterina e o líquido amniótico reduzem até 35dB os sons intensos (>500Hz),
e a audição, apenas pela via óssea, acarreta uma diminuição adicional de 30dB.
Após o nascimento, todo o desenvolvimento das faculdades do sistema nervoso do recém-
nascido se processa graças às sensações despertadas durante as atividades reflexas, o exercício dos
seus movimentos espontâneos e sua interação com o meio, recebendo inúmeras informações
que são encaminhadas para o sistema nervoso sendo discriminadas e correlacionadas para que
possam fazer sentido e organizá-las em um plano de ação.

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2. SISTEMAS SENSORIAIS

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Figura 3 -Sistemas Sensoriai. Fonte: Subject Matters (2021).

A maioria das pessoas aprendem que são cinco os sentidos primordiais: sistema visual,
auditivo, gustativo, olfativo e tátil. Entretanto, contamos com outros sentidos que são extremamente
importantes e que precisam estar nesta lista. São eles: sistema proprioceptivo (responsável pela
consciência de nossa posição corporal) e sistema vestibular (responsável pelos ajustes de postura
e equilíbrio).
Para compreendermos os sistemas sensoriais, um breve resumo da constituição do
Sistema Nervoso: O sistema nervoso subdivide-se em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema
Nervoso Periférico (SNP).
O Sistema Nervoso Periférico constitui-se principalmente de nervos, que percorrem todo
o nosso corpo em feixes, responsáveis por trazer informações do ambiente e subdivide-se em
Somático (SNP Voluntário) e Motor Visceral (SNP Involuntário).
O Sistema Nervoso Periférico Somático é composto por neurônios sensoriais (captam
informações do ambiente externo pelos órgãos dos sentidos ou das nossas vísceras) e por
neurônios motores (que ativam músculos e articulações).
O Sistema Nervoso Periférico Motor Visceral, também conhecido como Sistemas
Simpático e Parassimpático, cuida das funções motoras involuntárias do sistema nervoso, como
na regulação da pressão arterial, controle da musculatura lisa, que comanda a contração e o
relaxamento das paredes dos órgãos como o coração, estomago e pulmões.
Já, o Sistema Nervoso Central compreende o Encéfalo (Tronco encefálico, o Cerebelo e o
Cérebro) e a Medula Espinhal.

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Figura 4 -sistema nervoso central e periférico. Fonte: Tieppo (2019).

O Sistema Sensorial capta inúmeras informações sensoriais, através dos receptores


sensoriais (células capazes de transformar diferentes tipos de energia em energia elétrica,
funcionando como transdutores de energia, ou seja, são capazes de transformar um tipo de
energia em outro, conservando uma relação entre as quantidades de energia). Essas informações
chegam ao tálamo (com exceção da olfatória) e fazem conexão, por meio do aprendizado, com
as regiões do córtex, do sistema Interoceptivo (mais visceral) e do Sistema Límbico, gerando
como resposta o processo de autorregulação e modulação sensorial e o Sistema Reticular - vias
alternativas que estimulam o córtex cerebral (TIEPPO, 2019).
O organismo reorganiza as entradas sensoriais a partir de três sistemas fundamentais
para a organização de respostas adaptativas, são os sistemas Proprioceptivo, Vestibular e Tátil; os
outros sistemas como o visual, auditivo, olfativo, gustativo estão vinculados a como esse conjunto
dos três sistemas estão regulados.

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Figura 5 -Sistema Tátil. Fonte: InfoEscola (2021).

2.1 Sistema Proprioceptivo


Os receptores estão distribuídos pelo corpo nos músculos, nos tendões e nas articulações,
tornando possível ao indivíduo estar ciente de seus movimentos, assim como a capacidade de
perceber a localização de suas partes corporais no espaço, sem referência visual a essas partes,
através de uma percepção inconsciente (tônus muscular, alongamento do tendão, posição das
partes individuais do corpo, sensações do movimento surgindo dos próprios movimentos ativos
da pessoa, graduação da força de contração, timing do movimento).
O Sistema Proprioceptivo processa as funções motoras e funciona como modulador,
estando relacionado a interação bilateral e sequenciamento.
Quando o sistema proprioceptivo funciona adequadamente, podemos ajustar nossa
posição e postura de maneira automática, nos auxiliando a manter posições adequadas na
execução das atividades diárias (AVDs) e práticas (AVPs).

2.2 Sistema Tátil


É um dos sistemas mais importantes que está ativo desde as primeiras semanas
gestacionais. Os receptores estão distribuídos pelo corpo todo, assim como os da propriocepção
e, desta forma, os sistemas Tátil e Proprioceptivos estão interligados, sendo denominados como
Sistema Somatossensorial.
Os receptores da pele são específicos para cada estímulo e são os de pressão profunda,
temperatura, dor, toque leve.
• termorreceptores: distribuídos por toda a pele, apresentam função protopática, sistema
pouco discriminativo;

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• mecanoceptores: distribuídos pele, músculos, tecidos articulares, órgãos viscerais e


torácicos, vasos sanguíneos, tecidos conjuntivos;
• Receptores: Direção, Velocidade e Profundidade;
• Disco de Merkel (superficial) / distorção da pele / toque, pressão;
• Corpúsculo de Meissner (superficial) / vibração e textura / vibração, velocidade;
• Terminações de Ruffini (profundo) / estiramento da pele e movimento articular;
• Corpúsculo de Pacini (profundo) / vibração de 100-300Hz / vibração de alta frequência.
O Sistema Espinotalâmico (Antero Lateral) e o Sistema Lemnisco Medial (coluna dorsal)
são responsáveis pelo trajeto das informações ao SNC.
O Sistema Espinotalâmico está relacionado à informação de temperatura, de dor e de
toque, suas fibras finalizam no tálamo e algumas no córtex, estando relacionado ao Sistema de
proteção (alerta o organismo).
Já o Sistema Lemnisco Medial (Coluna Dorsal) é responsável pelo toque discriminativo,
pressão, cinestesia e vibração; chega ao córtex via tálamo e está relacionado ao planejamento

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motor. Ativa um programa de resposta específico como resultado de interações de input postural
e tátil. Contribui para o planejamento e execução de ações sequenciais (contribui para o timing
preciso e sequenciamento).

2.3 Sistema Vestibular


Este sentido se desenvolve durante o processo gestacional e é de extrema importância
durante os primeiros meses de desenvolvimento do bebê.
O Sistema Vestibular Central trabalha com os sistemas visuais e proprioceptivos, com
relação estreita com o cerebelo, responsável pela coordenação dos movimentos (grosseiros dos
membros, voluntários finos e distais e equilíbrio) e controle postural ao comparar a estimulação
motora efetiva ao movimento pretendido e, em seguida, realizar os ajustes dos movimentos
quando necessário, sistema reticular e sistema nervoso autônomo.
O Sistema Vestibular Periférico tem em seus receptores o Labirinto responsável pela
aceleração angular da cabeça, gravidade e, possivelmente, vibração, sendo responsável pela
audição e equilíbrio. A informação sensorial proveniente do sistema vestibular periférico é
usada para promover uma imagem visual estável na retina (enquanto a cabeça se move) e fazer
ajustes na postura, para manter o equilíbrio. A detecção dos movimentos da cabeça pelo aparelho
vestibular permite que, mesmo ao movimento da cabeça, o campo visual permaneça estável e as
imagens sejam focalizadas na mácula da retina, que possui a maior acuidade visual, integrando
os movimentos da cabeça, pescoço, olhos e corpo.
O Sistema Vestibular, em conjunto com os Sistemas Tátil e Proprioceptivo, auxiliam na
manutenção dos níveis de alerta, de atenção e de ritmo, auxiliando nos processos de aprendizagem
escolar e emocional.
O sistema vestibular está responsável por:
- Processamento viso espacial: Estabiliza o campo visual por meio de movimentos
oculares compensatórios em resposta ao movimento da cabeça;
- Equilíbrio: Controle postural e equilíbrio durante a execução de atividades;
- Segurança Gravitacional: Modula os movimentos do corpo e dos olhos em relação a
gravidade;

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- Planejamento motor e Coordenação bilateral: Fornece sensação inconsciente de


nossos.
No conjunto dos sistemas sensoriais contamos ainda com:
- Sistema Visual: posição no espaço, figura fundo, sequenciamento, visualização espacial,
tamanho, textura, posição do objeto;
- Sistema Auditivo: localização e discriminação do som, sequenciamento;
- Sistema Olfativo: conexão direta com córtex;
- Sistema Gustativo: alimentação.

3. TERAPIA DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL

Abordagem de Integração Sensorial: integra todos os sistemas sensoriais para a elaboração


das respostas adaptativas e as modulações sensoriais.

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A Integração Sensorial está dentro do desempenho ocupacional, portanto o terapeuta
ocupacional é o profissional capacitado a identificar quais os processos sensoriais estão afetando
as AVDs e AVPs, compreender e avaliar quais as bases sensoriais estão em desarmonia e quais
precisam ser organizadas e moduladas.
3.1 Diferença entre Estimulação Sensorial e Integração Sensorial
A Estimulação Sensorial tem por objetivo estimular a criança utilizando as percepções
sensoriais de forma separada, não havendo a necessidade de interrelacionar os demais sistemas.
Abordagem de Integração Sensorial tem por objetivo integrar todos os sistemas sensoriais
para a elaboração de respostas adaptativas e modulações sensoriais. Para isso, o terapeuta precisa
compreender e avaliar quais as bases sensoriais estão em desarmonia e quais estão corretas.
Modulação, segundo Miller e Lane (2005), é:

[...] capacidade para regular e organizar o grau, a intensidade e a natureza das


respostas a estímulos sensoriais de uma forma gradual e adaptativa. Isso permite
que o indivíduo atinja e mantenha uma faixa ideal de desempenho e para que se
adapte aos desafios na vida diária (MILLER; LANE, 2005).

A Terapia de Integração Sensorial (TIS) favorece ao sujeito, após receber a informação


pelas vias sensoriais, organizar, processar e integrar tais informações de maneira a oferecer uma
resposta adaptativa. Portanto, a integração sensorial e as respostas adaptativas se retroalimentam.
A partir do uso eficiente do corpo no ambiente, as informações sensoriais (sensações
provenientes dos sentidos) podem fluir adequadamente, o cérebro é capaz de formar percepções e
comportamentos adaptados à situação, portanto, é possível gerar respostas adaptativas adequadas,
inclusive motoras e comportamentais.

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Quando ocorre disfunções em alguns dos processos acima ocorrem Disfunções do
Processamento Sensorial.
Transtornos do Processamento sensorial ocorrem por alguns motivos, o mais comum é
a imaturidade do Sistema Nervoso (dificuldade em organizar e processar todas as informações
sensoriais vindas do ambiente), gerando comportamentos inadequados, dificuldades no
desempenho ocupacional e no desenvolvimento motor e emocional.

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4. TRANSTORNO DE PROCESSAMENTO SENSORIAL

4.1 Crianças Hiper-responsivas


Apresentam um input sensorial com um maior impacto na construção da sua resposta
adaptativa com níveis de alerta alto, respostas aversivas (AVDs, contato corporal, toques leves),
alto índice de stress, se defende o tempo todo (dificuldade em autorregulação) e dificuldades no
desempenho escolar e social.
• Hiper-responsividade Tátil e auditiva: input sensorial tem maior impacto na entrada
sensorial respectiva;
• Defensividade Tátil: evita os estímulos táteis que não toleram o toque, dificuldade nas
AVDs, na alimentação e no brincar;
• Defensividade Auditiva: aversão ao som alto, hipersensibilidade aos sons;
• Hiper-responsividade Vestibular: insegurança gravitacional (geralmente são crianças
que andam em bloco), atraso na linguagem e automatizações em coordenação motora
fina. Impacto no brincar, dificuldade de mobilidade (escada rolante, elevadores, transporte
público...);
• Hiper-responsividade gustativa e olfativa: Gustativa: dificuldade em experimentar novos
alimentos (textura, temperatura), dificuldade em descriminar os alimentos. Vinculado a
baixa exploração tátil na primeira infância;
• Hiper-responsividade visual: fotofobia, a entrada de luz dificulta a regulação sensorial;
• Hiper - responsividade Proprioceptiva: dificuldade com o movimento em bloco, na
maioria das vezes, com tônus mais alto.

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4.2 Crianças Hiporresponsivas:


A criança apresenta um input sensorial com um menor impacto na construção da sua
resposta adaptativa, com uma diminuição, uma lentidão ou uma ausência de sensações, e uma
dificuldade de receber, registrar e processar uma resposta adaptativa adequada. Apresenta níveis
de alerta baixo, necessitando de muita informação sensorial para responder. Dificuldade em
registrar os estímulos do ambiente no corpo, baixo tempo de atenção e concentração, baixo
desempenho escolar e social, tônus muscular baixo e geralmente não percebem quando são
tocadas.

• Baixa discriminação tátil: baixa sensibilidade a dor;


• Baixa discriminação gustativa: não têm registro em relação a sabores e temperaturas,
enchem a boca de alimento para entender que a boca está com comida, lentidão para
comer, não percebem que a boca está suja, dificuldade na saciedade da fome;
• Baixa discriminação auditiva: têm dificuldade em prestar atenção, não respondem pelo
nome quando chamados, crianças desatentas, demoram para responder aos comandos

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de voz;
• Baixa discriminação visual: não prestam atenção no ambiente, não conseguem perceber
quais objetos, pessoas que estão no ambiente;
• Baixa discriminação Vestibular: crianças desajeitadas, que esbarram em tudo,
hematomas pelo corpo, dificuldade de equilíbrio, caem com frequência, derrubam os
objetos que estão nas mãos;
• Baixa discriminação Proprioceptiva: ficam muito cansadas com mínimo de esforço
físico, são crianças que “sentam em postura de W”, não conseguem manter uma postura
sentada adequada;
• Buscador Sensorial: criança procura por uma grande quantidade de estímulos,
principalmente o proprioceptivo e vestibular, tátil. A busca é para aumentar o nível
de alerta (hipo) ela tem a dificuldade em reter os registros de intensidade, duração ou
frequência. Por ser buscadora ela não consegue parar a procura sensorial pela própria
dificuldade em realizar o registro.
As principais avaliações estruturadas para identificar as disfunções sensoriais são:
- Observações Clínicas Estruturadas: avaliação de crianças na faixa etária entre 04 anos
e 0 meses a 08 anos e 11 meses, com o objetivo de avaliar o desenvolvimento motor relacionados
aos sistemas de: propriocepção, vestibular, tátil e visual;
- Perfil Sensorial: avaliação da criança na faixa etária entre 0 a 36 meses e de 03 anos
e 0 meses a 10 anos e 11 meses, com objetivo de identificar problemas de processamento
sensorial, modulação e respostas emocionais a partir de um questionário desenvolvido para pais
e educadores. (WINNIEE DUNN, PHD).
- SPM (Sensory Processing Measure) : avaliação de crianças na faixa etária entre 2 a
12 anos de idade, com o objetivo de identificar problemas de processamento sensorial, práxis
e participação social a partir de questionário desenvolvido para pais e professores. (PARHAN,
2007).

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- SIPT (Sensory Integration and Práxis Tests): avaliação de crianças na faixa etária
entre 04 anos e 0 meses a 08 anos e 11 meses, com o objetivo de identificar áreas de habilidades
funcionais e dificuldades nos desempenhos escolares e na comunidade, a partir de avaliações das
funções sensório-perceptivas e práxicas.
- Avaliações não estruturadas: observação de crianças nos processos de jogos e atividades
em contextos escolar, doméstico e terapêutico.

A Integração Sensorial No Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança


(2016). A integração sensorial é o processo neurológico que organiza as nossas
sensações, é a base para todas as formas de aprendizagem para que possamos
viver no mundo e que faça sentido. É o alicerce para a aprendizagem acadêmica,
para as competências necessárias à realização das atividades da vida diária e
social e também para a capacidade de ter empatia pelo outro. Aquilo que vemos,
cheiramos, ouvimos, saboreamos ou tocamos é decifrado a cada momento

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na nossa experiência de viver, juntamente com os nossos sentidos secretos:
vestibular e propriocetivo. Quando a criança tem problemas no processamento
das sensações (disfunção de integração sensorial), tem dificuldade em usar a
informação recebida pelos sentidos para conseguir funcionar eficientemente
nas atividades quotidianas, podem surgir problemas de coordenação motora,
dificuldades na regulação do sono, na alimentação, na atenção, no desempenho
das atividades de autocuidado, na aprendizagem, no brincar e no desenvolvimento
emocional e social. Nesse livro, é analisado o impacto que os diversos sistemas
sensoriais têm no desenvolvimento da criança, nas
várias faixas etárias. Foca-se, também, na disfunção
de integração sensorial e na sua relação com as
dificuldades no desenvolvimento e aprendizagem.
São fornecidas listagens de sintomas de disfunção
de integração sensorial por cada faixa etária, bem
como os princípios gerais da intervenção da terapia
de integração sensorial.

Figura 6 - A Integração Sensorial no Desenvolvimento e


Aprendizagem da Criança. Fonte: Amazon (2021).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos a importância com que os sistemas sensoriais estão relacionados com nossas
percepções, emoções, julgamentos e inferências no desenvolvimento do ser humano, nos fazendo
entender que todas as informações sensoriais que se iniciam intra-útero e perpetuam-se até a
vida adulta, geram novas perspectivas e aprendizagens, as quais são inseridas nas Atividades de
Vida Diária, Prática e Social.
Dessa forma, o papel do Terapeuta Ocupacional no processo de identificação dos
Transtornos de Processamento Sensoriais (TPS): Transtorno de Modulação Sensorial,
Transtorno de Discriminação Sensorial e Transtornos Motores com Base Sensorial, em crianças,
adolescentes, adultos e idosos, assim como a terapêutica efetiva, são fundamentais para uma
qualidade de vida adequada.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

04
DISCIPLINA:
PEDIATRIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL

TRANSTORNO INVASIVO DO DESENVOLVIMENTO

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................48
1. HISTÓRICO DO AUTISMO........................................................................................................................................49
1.1 NÍVEL DE GRAVIDADE.............................................................................................................................................50
1.1.1 INTERAÇÃO/COMUNICAÇÃO SOCIAL:................................................................................................................50
1.1.2 COMPORTAMENTO RESTRITIVO / REPETITIVO:.............................................................................................50
2. COMPORTAMENTOS SOCIAIS...............................................................................................................................53
2.1 FUNÇÕES EXECUTIVAS..........................................................................................................................................53
2.2 TEORIA DA COERÊNCIA CENTRAL (TCC)............................................................................................................54
2.3 TEORIA DA MENTE (TM):......................................................................................................................................54
3. AVALIAÇÃO................................................................................................................................................................54
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................58

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INTRODUÇÃO

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Figura 1 -O cérebro do Autista Fonte: Mauritius Images (2021).

O autismo é uma condição caracterizada, essencialmente, por dificuldades sociais e de


comunicação, que se tornam evidentes ao longo do desenvolvimento da criança, iniciando-se nos
primeiros anos da infância.
Pessoas com essa síndrome apresentam traços comuns nas áreas sociocomunicativas
e comportamentais, que evidenciam seu transtorno e, ao mesmo tempo, as diferem de outras
condições. Os comportamentos podem ocorrer em diferentes níveis, desde o isolamento
grave, com dificuldades importantes de socialização, verbalização, cognição, auto prejudicial e
agressividade, até suas características mais suaves, quase imperceptíveis, confundindo-se com
déficit de atenção, déficits auditivos, hiperatividade, transtornos de opositores, entre outros.
Na atualidade, o autismo é entendido como espectro, incluindo características, com
diferentes níveis de severidade e comorbidades com outros transtornos, sendo concebido como
uma síndrome de múltiplas causas de origens genéticas, biológicas, anímicas e que estariam
inter-relacionadas.
Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao
governo dos Estados Unidos, existe, hoje, 1/59 caso de autismo (2018).
Estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões
de autistas.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1. HISTÓRICO DO AUTISMO

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Figura 2 -Histórico do Autismo. Fonte: Neurosciencenews (2020).

Os primeiros relatos sobre o Autismo foram inseridos na literatura psiquiátrica em 1906,


por Plouller, ao estudar pacientes que tinham diagnóstico de demência precoce (esquizofrenia).
Em 1911, Bleuler, foi o primeiro a difundir o termo autismo, definindo-o como perda de
contato com a realidade, causada pela impossibilidade ou grande dificuldade na comunicação
interpessoal, considerando um transtorno relacionado a esquizofrenia. Somente em 1943,
Leo Kanner descreve o autismo em seu trabalho “Alterações Autísticas do Contato Afetivo”,
separando-o de outras psicoses graves na infância e, observa comportamentos de embotamento
social em crianças com menos de cinco anos que apresentavam como principais características
“alheamento extremo já ao início de suas vidas, não respondendo aos estímulos externos e vivendo
fora do mundo” (SALIM e JUNQUEIRA, 2010), apresentavam ainda estereotipias, ecolalias e,
concomitantemente, mantinham condições cognitivas sem alterações. Kanner emprega o termo
autismo para descrever o afastamento do mundo exterior.
A palavra Autismo tem sua origem no grego “autos” que significa “próprio”, ou seja, viver
em função de si mesmo. Kanner apenas relatou na época, evidencias relacionadas a observações
comportamentais, chegando a relatar a possibilidade de serem “sintomas gerados” a partir da
“negação dos pais na fase intrauterina”.
Em 1944, Hans Asperger descreve as mesmas características de isolamento social em
crianças abaixo dos cinco anos, entretanto com condições de cognição muito acima da média,
utilizando o termo “psicopatia autista”.
No ano de 1989, o autismo se enquadra no DSM-III-R (APA, 1989) como distúrbios
globais do desenvolvimento das habilidades de comunicação verbal e não verbal e da atividade
imaginativa, com início antes dos três anos de idade com prevalência de 3 a 4 crianças a cada
10.000. DSM - Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais é um manual
diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como deve
ser realizado o diagnóstico de transtornos mentais.

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A última versão em 2014 os Critérios Diagnósticos: Diagnostic and Statistical Manual of


Mental Disorders, fifth edition (DSM-V) AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-V
– Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais estabelecem níveis de interação
e comunicação social e de comportamento repetitivo e restritivo, priorizando as principais
dificuldades apresentadas no espectro.

1.1 Nível de Gravidade

1.1.1 Interação/comunicação social:

• Nível 1 (necessita suporte): Prejuízo notado sem suporte; dificuldade em iniciar


interações sociais, respostas atípicas ou não sucedidas para abertura social; interesse
diminuído nas interações sociais; falência na conversação; tentativas de fazer amigos de
forma estranha e malsucedida.
• Nível 2 (necessita de suporte substancial): Déficits marcados na conversação; prejuízos
aparentes, mesmo com suporte; iniciação limitadas nas interações sociais; resposta

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anormal/reduzida a aberturas sociais.
• Nível 3 (necessita de suporte muito substancial): Prejuízos graves no funcionamento;
iniciação de interações sociais muito limitadas; resposta mínima a aberturas sociais.

1.1.2 Comportamento restritivo / repetitivo:

• Nível 1 (necessita suporte): Comportamento interfere significantemente com a função;


dificuldade para trocar de atividades; independência limitada por problemas com
organização e planejamento.
• Nível 2 (necessita de suporte substancial): Comportamentos suficientemente frequentes,
sendo óbvios para observadores casuais; comportamento interfere com função numa
grande variedade de ambientes; aflição e/ou dificuldade para mudar o foco ou ação.
• Nível 3 (necessita de suporte muito substancial): Comportamento interfere
marcadamente com função em todas as esferas; dificuldade extrema de lidar com
mudanças; grande aflição/dificuldade de mudar o foco ou ação.
Com a abordagem do DSM-V, entendem-se os TEAs como um grupo de transtornos que
apresentam déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação e nas interações
sociais, manifestadas como: déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas
para interação social; falta de reciprocidade social; incapacidade para desenvolver e manter
relacionamentos de amizade apropriados para o estágio de desenvolvimento; padrões restritos e
repetitivos de comportamento, interesses e atividades.
Esses comportamentos são representados por comportamentos motores ou verbais
estereotipados, comportamentos sensoriais incomuns (há referências a hiporreatividade ou hiper-
reatividade a estímulos sensoriais ou a intenso interesse nos aspectos sensoriais do ambiente);
excessiva adesão/aderência a rotinas e a padrões ritualizados de comportamento; interesses
restritos, fixos e intensos (CAMARGOS, 2018).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Pesquisas mostram que para cada 3 meninos com autismo temos 1 menina com autismo,
o que sugere algumas teorias etiológicas neurobiológicas, de um comprometimento orgânico
extenso do SNC, determinado por fatores biológicos, além de exames de neuroimagem, o
refinamento dos eletroencefalogramas e, mais recentemente, os potenciais evocados associados
a estudos bioquímicos de neurotransmissores deram suporte a esta visão que indicam alterações
em estruturas no Sistema Nervoso Central e outras estruturas (como o cerebelo) em indivíduos
com autismo.
Segundo pesquisadores, estão envolvidos nos processos de causas do autismo uma média
entre 200 a 400 genes diferentes, estabelecendo os níveis de gravidade identificados e descritos no
DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), em sua última versão.
Estudos na década de noventa incluindo gêmeos identificou que o índice de autismo
entre irmãos gêmeos idênticos era de 70 a 90%, enquanto que entre gêmeos fraternos e segundo
filho a taxa cai para 10 a 20%, e na população em geral a taxa fica em 1%.
Segundo Camargos (2005):

O modo de herança exato do autismo ainda é desconhecido, o que poderia ser


atribuído a vários fatores como expressividade variável (o mesmo genótipo
pode produzir fenótipos de maior ou menor gravidade), penetrância reduzida

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(a doença não se manifesta em 100% dos indivíduos que têm o genótipo),
pleiotropia (capacidade que alguns genes têm de exercer efeitos em múltiplos
aspectos da fisiologia ou anatomia) e heterogeneidade etiológica e genética
(diversos genes podem determinar a doença, mas apenas um ou poucos são
responsáveis pelos casos individualmente) (CAMARGOS, 2005).

Entender os vários processos básicos das crianças com TEA, desde as percepções que
incorporam do mundo e os processos de aprendizagem, nos leva a hipótese de que, provavelmente,
não estamos lidando com uma única desordem homogênea, mas lidando, possivelmente, com
subtipos, que podem estar ligados a etiologias diferentes a processos de desenvolvimento que
são individuais e vinculados ao histórico familiar, do qual as crianças dentro desses subtipos se
tornam suscetíveis a processos desse desenvolvimento neuropsicomotor em diferentes níveis.
Não há identificação de um marcador biológico para o autismo para que se possa realizar
um exame de sangue, por exemplo, havendo a necessidade de uma avaliação comportamental, com
equipe interdisciplinar: pediatras, neurologistas, psiquiatras, geneticistas, otorrinolaringologistas,
oftalmologistas, nutrólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais,
psicopedagogos e professores.
Uma das principais características definidoras do TEA em crianças abaixo dos 36 meses
é a dificuldade em monitorar rostos de parceiros interativos (mãe, pai, irmãos, avós), dificuldade
em fazer um contato visual duradouro e com intensão de interação (atenção compartilhada);
também apresentam atraso na linguagem principalmente como forma de comunicação interativa.
Sabe-se que a aprendizagem nessa primeira fase do desenvolvimento ocorre, na maioria
das vezes, a partir da “observação do outro” para a construção intrínseca dos processos de
linguagem, comunicação, habilidades nas atividades de vida diária e prática e engajamento social;
o início precoce das habilidades de comunicação, é parte integrante do desenvolvimento social.

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Várias são as características que estão envolvidas nos padrões de desenvolvimento da


criança com TEA, as principais características que estão relacionadas são:

• Incapacidade acentuada de desenvolver relações pessoais;


• Baixo contato visual;
• Dificuldade em explorar visualmente os objetos, evitamento do olhar de outros;
• Ausência de uma atitude de antecipação, permanecendo com conduta rígidas;
• Atrasos nos marcos do despertar psicomotor no primeiro ano de vida;
• Estereotipias (movimentos repetitivos e complexos) o que prejudica o desenvolvimento
da motricidade, balanceio do tronco e do corpo inteiro, bater a cabeça repetidamente
(casos mais severos de autismo);
• Marcha nas pontas dos pés;
• Ausência de sorriso social (terceiro mês);

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• Ausência de reação de angústia diante do estranho (oitavo mês);
• Padrões de irritabilidade ao serem acariciadas, não esperam ser reconfortadas pelos pais
quando têm dor ou quando têm medo;
• Hiperatividade;
• Não apresentam temor ou noção de risco;
• Interesses restritos por uma parte do outro (mãos ou cabelos da mãe, por exemplo), partes
de seu próprio corpo ou um detalhe do vestuário;
• Inaptidão para brincar em grupo ou para desenvolver laços de amizade;
• Habilidades pré-linguísticas estão prejudicadas;
• Não apresentam a imitação social;
• Ausência ou atraso nas aquisições de jogos simbólicos;
• Utilizam o brinquedo em atividades repetitivas sem ligação com o objeto;
• Ausência ou atraso significativo na aquisição de linguagem verbal;
• Quando a linguagem se desenvolve, muitas vezes, não tem tanto valor de comunicação,
geralmente caracteriza-se por uma ecolalia imediata e/ou retardada;
• Entonação da voz demonstrando uma melodia mais “rígida” ou com um aspecto cantado
(algumas dessas crianças conseguem reter perfeitamente as palavras de uma canção sem
outra linguagem além disso);
• Hiperlexia : capacidade que a criança tem para memorizar letras e números e que aparece
em idades muito precoces;
• Distúrbios das funções intelectuais;
• O aspecto social também fica mais prejudicado, assim como aumentam as tendências
automutilatórias e as estereotipias motoras;

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• Nessas crianças, são mais frequentes as crises de epilepsia;


• Alterações afetivas: o humor dos autistas é imprevisível e pode se alterar de um instante
para outro, passando do riso incontrolável e aparentemente sem razão, aos choros
inexplicáveis;
• Distúrbios do sono;
• Distúrbios Alimentares.
O que se sabe, é que todos os indivíduos afetados pelo TEA, apresentam atrasos em seu
desenvolvimento, atrasos na interação, com preferência em seu mundo interno ao invés de relação
ao externo, discrepâncias no brincar e em interesses específicos, com relação a coisas, assuntos e/
ou pessoas, independentemente de sua idade cronológica e grau de inteligência, sendo todos com
início antes dos 36 meses.

2. COMPORTAMENTOS SOCIAIS

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Avaliando todos os processos neurofisiológicos associados às respostas comportamentais,
chegamos ao TOPO DO ICEBERG: As dificuldades e barreiras que os indivíduos, que se
enquadram nas sintomatologias do Espectro Autista, enfrentam quando apresentam suas
respostas comportamentais, emocionais e sociais.
Comprometimentos nas Funções Executivas, Teoria da Mente (TM) e Teoria da Coerência
Central (TCC), em que é esperada a habilidade da pessoa integrar as partes para composição de
um todo (habilidades de integrar/ juntar as partes), é fraca nos indivíduos com TEA.
A forma como o Córtex frontal (produto final de todos os processos neurofisiológicos)
responderá às situações impostas pelas regras da sociedade em que vive, será a maneira como os
indivíduos com TEA se comportarão para manterem seus desempenhos nas atividades de vida
diária, escolar e prática.

2.1 Funções Executivas


Os processos das Funções Executivas permitem ao indivíduo adaptar-se a diferentes
estímulos, antecipando objetivos, consequências futuras e ter a capacidade de alterar planos de
ações de maneiras flexíveis frente à projeções futuras. Eles ocorrem neurologicamente no córtex
pré-frontal, onde o desenvolvimento das funções se iniciam por volta dos 12 meses de idade
estendendo-se até os 20 anos, momento em que se estabiliza até o envelhecimento, quando
começa a declinar. (ARAIN et al., 2013).
• Refere-se a capacidade de compreender, simular, imaginar e predizer os estados mentais
e comportamentais dos outros (sentimentos, expectativas, crenças, emoções, intensões,
desejos);
• É uma habilidade básica, necessária para que o indivíduo consiga selecionar, modular o
próprio comportamento em vista das demandas pessoais, interpessoais e sociais;
• Necessário para tomadas de decisões, assim como avaliar e adequar seus comportamentos
e estratégias, buscando a resolução de um problema;
• Auxiliam nos comportamentos independentes, criativos e socialmente construtivo.

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2.2 Teoria da Coerência Central (TCC)

Capacidade cognitiva em processar várias informações e integrá-las em um contexto único,


ou seja, é a tendência para reunir informações dispersas de modo a constituir um significado de
nível superior. A Coerência central parte do pressuposto que por meio do processamento visual
o indivíduo tem a capacidade de reconhecer os objetos (mesmo quando os dados perceptivos
relevantes estejam incompletos), agrupar esses recursos visuais, identificar as diferenças e
construir um contexto; segundo Milne, a coerência central é uma característica da cognição
humana,” isso é demonstrado pela facilidade com que podemos identificar objetos familiares
a partir de desenhos incompletos ou reconhecer rostos de formas preto e branco parcialmente
representadas” (MILNE, 2011).
Em indivíduos com autismo, a coerência central é fraca, uma vez que, parecem ignorar os
aspectos (globais) da cena visual que seriam mais salientes para um observador típico, mostrando
uma tendência focar nos detalhes menores e uma capacidade reduzida de integrar o material no
contexto apropriado (ZILBOVICIUS; MERESSE e BODDAERT, 2006).

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2.3 Teoria da Mente (TM):
Capacidade de atribuir a si e ao outro uma mente e/ou estados mentais intencionais;
segundo Oliveira (2002), a TM é um:

[...] mecanismo de funcionamento dessa habilidade se dá, em termos gerais,


por meio do processamento da informação (perceptiva e cognitiva) advinda do
comportamento e do ambiente (contextos e/ou situações), que resulta em uma
inferência do estado mental do outro (eu penso que você pensa e/ou eu penso
que você pensa que eu penso) (OLIVEIRA, 2002).

As Habilidades de metarrepresentação (capacidade de representar em sua mente os


estados mentais de outras pessoas), fazem parte da Teoria da Mente e uma criança típica por
volta dos 4 anos já tem capacidade de realizar essas habilidades.
Crianças com Autismo apresentam dificuldades em reconhecer os estados mentais de outras
pessoas. A dificuldade em perceber as pistas faciais (emoções), compreender prosódias, a rigidez
comportamental são fatores que impedem essas crianças de construírem metarrepresentações,
elas não conseguem entender que o que as pessoas vêm são coisas diferentes, em perspectivas
diferentes das delas.

3. AVALIAÇÃO

A necessidade de avaliar cada vez mais crianças com menos de 36 meses, facilita
a intervenção nos processos de desenvolvimento da criança, com objetivo de otimizar as
predisposições sociais precoces, o desenvolvimento da comunicação e a diminuição dos padrões
desviantes de comportamento na primeira infância.
Realizar uma anamnese da história pregressa da criança, dos processos de desenvolvimento
neuropsicomotor antes dos 36 meses de idade, utilizar avaliações a partir do desenvolvimento
normativo de crianças típicas com o objetivo de delinear a sintomatologia do indivíduo com
autismo.

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A necessidade de avaliação das múltiplas áreas de funcionamento, exige o envolvimento


de profissionais com diferentes áreas de especialização, iniciando-se com as áreas Médicas para a
investigação da presença ou não de outras patologias por intermédio de exames de neuroimagens,
eletroencefalogramas, exames genéticos, avaliação dos processos auditivos e visuais, entre outros.
Em conjunto com a área médica, profissionais como Fonoaudiólogos, Fisioterapeutas, Psicólogos
e Terapeutas Ocupacionais deverão realizar avaliações relacionadas ao desenvolvimento
neuropsicomotor, estabelecendo os marcos do desenvolvimento infantil de crianças típicas como
padrões de referências qualitativas.
Também, é igualmente importante a necessidade de realizar uma comparação sistemática
das observações clínicas inferidas nos processos de avaliação em ambientes diversos, em função
de fatores subjacentes que criam tais ambientes para cada observação, como:

• comportamentos durante as rotinas no ambiente doméstico;


• comportamentos nos períodos em que se encontram nas creches;
• durante a execução de tarefas de resolução não-verbal de problemas;

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• tarefas de linguagem e de comunicação;
• contexto socioafetivo nos diversos ambientes (domiciliar, escolar e social).
Intervenção precoce: se dermos a essas crianças a capacidade de se comunicar utilizando
gestos, imagens, animais, músicas, imagens ou palavras, socializar-se e ser independente nos
processos das atividades de vida diária e prática um mundo novo se abrirá para essas crianças.
A necessidade de uma equipe interdisciplinar se faz extremamente necessária para que a
criança possa ser estimulada em todos os processos de desenvolvimento.
Protocolos elaborados por instituições, governos, profissionais da área da saúde
(disponíveis em: http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br) oferecem suporte aos profissionais
que atuam com indivíduos que se encontram dentro do espectro do autismo.
Cabe a cada profissional entender os processos de desenvolvimento, capacidades e desafios,
individuais de cada cliente, para estabelecer critérios terapêuticos individuais e em equipe.
Médicos, Fonoaudiólogos, Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais, Psicopedagogos e
Professores devem trabalhar em equipe em prol desse cliente e oferecer suporte aos pais e
familiares envolvidos nos processos de terapêutica da criança.

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O cérebro autista: Pensando através do espectro (2015) - Conheça a vanguarda


da ciência sobre o autismo. Os primeiros diagnósticos de autismo datam de
1943, e, de início, os médicos não souberam ao certo que abordagem adotar. A
origem daqueles comportamentos atípicos seria biológica ou psicológica? Tais
comportamentos eram o que aquelas crianças haviam trazido ao mundo? Ou
teria sido o mundo que os instilara nelas? O autismo era fruto da natureza ou
da criação? Atualmente, estima-se que cerca de 1% da população mundial seja
portadora do transtorno do espectro autista, o que faz com que o tema seja cada
vez mais conhecido e discutido. Os estudos da área também se transformaram
nos últimos anos: passaram da psicologia à neurologia e à genética. E, graças a
novas pesquisas revolucionárias sobre causas e tratamentos, há cada vez mais
esperança. Em “O cérebro autista”, Temple Grandin apresenta, com Richard Panek,
a vanguarda da ciência sobre o tema. Ao mesclar importantes e surpreendentes
descobertas com a sua própria experiência como autista, Temple Grandin

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evidencia os avanços científicos na área. Somos apresentados a cientistas e a
estudiosos que exploram teorias inovadoras sobre as causas do autismo. Além
disso, a autora compartilha suas ressonâncias cerebrais para mostrar quais
anomalias podem explicar os sintomas mais simples e destaca transtornos
sensoriais frequentemente desconhecidos. Segundo Grandin, pais, professores
e terapeutas devem evitar se prender a rótulos. Ela argumenta que a educação
de crianças autistas não deve se centrar apenas em suas fraquezas: estudos
revelam que elas têm pontos fortes por muito tempo ignorados, sendo capazes de
multiplicar as formas de aproveitamento de suas contribuições únicas. No livro,
somos apresentados ao poder transformador de
tratar o autismo por meio de cada um dos seus
sintomas, em vez de agrupá-los todos sob o mesmo
diagnóstico. Dos “Aspies” (portadores da Síndrome
de Asperger) do Vale do Silício até uma criança
não verbal, Temple Grandin compreende o real
significado da palavra “espectro”, o que faz deste
livro uma leitura essencial sobre o autismo.

Figura 3 - O cérebro autista: Pensando através do espectro


(2015). Fonte: Amazon (2021).

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O Desenvolvimento do Autismo - Esse livro aborda as necessidades de diferentes


públicos, incluindo pais, terapeutas e profissionais da saúde, bem como
estudiosos e pesquisadores do tema. Para quem está começando a estudar o
autismo, o livro serve como uma introdução. Para professores que buscam
informações sobre o autismo, o livro não apenas aborda os elementos básicos,
mas também analisa o transtorno sob amplas perspectivas teóricas e empíricas.
Para profissionais que atendem crianças com autismo, esse texto serve como
base. Ele fornece resumos concisos e perspectivas críticas sobre a avaliação,
características e teorias sobre o autismo, programas educacionais, de tratamento
e de estresse e manejo pelas famílias. Para pesquisadores, o livro oferece teorias
instigantes, estimula um modo diferente de pensar sobre o transtorno e sugere
novos rumos para as pesquisas. O contexto social mais amplo em que o autismo
surge também é explorado nesse livro junto com seu impacto sobre a família do
autista. Whitman utiliza sua extensa experiência clínica para examinar a educação

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escolar com as intervenções biomédicas e apresenta recomendações, tanto para
abordagens práticas para os desafios cotidianos
do autismo, quanto para pesquisas futuras. O livro
é abrangente. É uma leitura essencial para pais,
alunos, terapeutas, pesquisadores e formuladores
de políticas que precisam melhorar ou atualizar sua
compreensão sobre o autismo.

Figura 4 - O Desenvolvimento do Autismo (2015).


Fonte: Amazon (2021).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O índice de diagnósticos de crianças, adolescentes e adultos que se encontram no


Espectro Autista aumenta a cada dia. Sabendo das disfunções sensoriais, dificuldades de
planejamento motor, coordenação motora fina, práxis, habilidades sociais, entre outras, que estão
correlacionadas ao processo de aprendizagem, autonomia, qualidade de vida, inserção na vida
acadêmica e social. Se dermos a essas crianças a capacidade de se comunicar utilizando gestos,
imagens, animais, músicas, imagens ou palavras, socializar e serem independentes nos processos
das atividades de vida diária e prática, um mundo novo se abrirá para essas elas.

ANEXO

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AVALIAÇÃO DE TERAPIA OCUPACIONAL INFANTIL
Avaliador:__________________________Data da avaliação:____/____/____

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ENSINO A DISTÂNCIA

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