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Oliveira
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Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não Diagramação:
vale a pena ser vivida.” Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Revisão Textual:
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica Gabriela de Castro Pereira
e profissional, refletindo diretamente em nossa Letícia Toniete Izeppe Bisconcim
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Luana Ramos Rocha
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente
e busca por tecnologia, informação e conheci- Produção Audiovisual:
mento advindos de profissionais que possuam Heber Acuña Berger
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Leonardo Mateus Gusmão Lopes
cia no mercado de trabalho. Márcio Alexandre Júnior Lara
Pedro Paulo Liasch
De fato, a tecnologia e a comunicação
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
Gestão de Produção:
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
nos proporcionando momentos inesquecíveis.
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
Fotos:
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
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dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
GENÉTICA ANIMAL
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 4
1 - GENÉTICA MOLECULAR: ESTRUTURA DO DNA E DO RNA............................................................................... 5
1.1. DNA: O MATERIAL GENÉTICO............................................................................................................................. 5
1.2. A ESTRUTURA DO DNA E DO RNA..................................................................................................................... 5
2 - REPLICAÇÃO DO DNA...........................................................................................................................................10
2.1. ASPECTOS GERAIS..............................................................................................................................................10
2.2. INICIAÇÃO DA REPLICAÇÃO..............................................................................................................................13
3 - TRANSCRIÇÃO DO DNA.......................................................................................................................................15
3.4. TRADUÇÃO E CÓDIGO GENÉTICO.................................................................................................................... 20
3.4.1. O MECANISMO DA TRADUÇÃO.......................................................................................................................21
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................... 25
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Após a descoberta da estrutura do DNA, em 1953, por James Watson e Francis Crick, houve
uma grande revolução no pensamento da genética (GRIFFITHS et al., 2011). Eles propuseram
uma definição química do gene e, desta forma, abriram-se caminhos para a compreensão da ação
destes genes e da hereditariedade a nível molecular.
A estrutura proposta para o DNA sugeriu que este poderia ser transmitido entre as
gerações e que toda a informação para fazer um organismo está codificada na sequência de
nucleotídeos que compõem o DNA, da mesma forma. A complementaridade das bases sugere
que os filamentos de DNA servem de molde para produção de novas cópias.
Posteriormente, verificou-se que a transferência de informação de um gene para o produto
gênico (polipeptídeo) ocorre em várias etapas. Inicialmente, faz-se a transferência da informação
do DNA para o RNA, através da transcrição gênica e, por fim, ocorre a decodificação da molécula
de mRNA nas sequências de aminoácidos para a formação de polipeptídeos.
Desta forma, nesta unidade daremos enfoque na genética molecular básica, na
compreensão da estrutura do DNA e RNA, no processo de replicação e transcrição do DNA e na
síntese de proteínas com intuito de compreender as bases moleculares da hereditariedade.
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ENSINO A DISTÂNCIA
1 - GENÉTICA MOLECULAR:
ESTRUTURA DO DNA E DO RNA
Figura 1a – Componentes estruturais dos ácidos nucleicos. Os sistemas tradicionais de numeração dos átomos de
carbono nas pentoses e dos átomos de carbono e nitrogênio nos anéis das bases são mostrados em (2) e (3), respec-
tivamente. Fonte: Snustad; Simmons (2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Conforme Griffiths et al. (2011), os átomos de carbono da pentose são numerados para
facilitar a sua referência, assim, o número é seguido de um primo (1´, 2´, e assim por diante). A
pentose do DNA é chamada de “desoxirribose” porque apresenta apenas um átomo de hidrogênio
no carbono 2´, ao contrário da “ribose”, pentose do RNA, que contém, neste mesmo carbono, um
grupo hidroxila (OH).
As bases nitrogenadas podem ser chamadas de purinas ou púricas, por apresentarem um
anel duplo, são elas: adenina (a) e guanina (G); assim como, serem chamadas de pirimidinas ou
pirimidínicas por apresentar um anel simples em sua constituição, são elas: citosina (C), timina
(T) e uracila (U) (GRIFFITHS et al., 2011).
Quatro diferentes bases são comumente encontradas nos nucleotídeos de DNA (Figura
2): adenina (A), guanina (G), timina (T) e citosina (C), enquanto que no RNA, além da adenina,
guanina e citosina, encontramos a uracila (U), substituindo a timina. Geralmente, o DNA
é bifilamentar, com pareamento de adenina com timina e de guanina com citosina. O RNA,
geralmente, é unifilamentar (GRIFFITHS et al., 2011).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 2 – Estrutura dos quatro desoxirribonucleotídeos comuns presentes no DNA. Os átomos de carbono e ni-
trogênio nos anéis das bases são numerados de 1 a 6 (pirimidinas) e de 1 a 9 (purinas) enquanto que, os átomos de
carbono, nos açúcares, são numerados de 1´a 5´. Fonte: Snustad; Simmons (2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
Como visto anteriormente, embora o DNA e o RNA sejam ácidos nucléicos, o RNA
difere do DNA. Dentre as principais características destacam-se: (a) o RNA é geralmente uma
cadeia unifilamentar e não uma dupla hélice como o DNA (exibe variedades de formas bi e
tridimensionais); (b) apresenta o açúcar ribose em seus nucleotídeos, caracterizado pela presença
de um grupo OH no carbono 2´; (c) a base pirimidínica uracila (U) está presente no lugar da
timina, formando duas pontes de hidrogênio com a adenina (A) (GRIFFITHS et al., 2011).
Podemos classificar as diferentes formas de RNA em: RNA mensageiros (mRNA) ou
RNA funcionais. O mRNA é assim designado por conter a mensagem do DNA para a produção
da proteína. Dentre os RNA funcionais temos os RNA transportador (tRNA), RNA ribossômico
(rRNA), pequenos RNA nucleares (snRNA), microRNA (miRNA) e pequenos RNA de
interferência (siRNA) (GRIFFITHS et al., 2011).
De acordo com Griffiths et al. (2011), destacam-se entre os RNA funcionais para o
processo de síntese de proteínas (tradução) o tRNAs, que são moléculas responsáveis por levar o
aminoácido correto ao mRNA durante a síntese proteica e o rRNAs que são moléculas importantes
na composição dos ribossomos, organelas celulares responsáveis pela síntese de proteína.
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ENSINO A DISTÂNCIA
2 - REPLICAÇÃO DO DNA
Figura 5 – Replicação semiconservativa do DNA. Observe que cada filamento parental é conservado e serve de
molde para a síntese de um novo filamento complementar. Fonte: Snustad; Simmons (2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 6 – A DNA polimerase catalisa a reação de alongamento da cadeia. A energia para reação vem da quebra da
ligação fosfato de alta energia do substrato trifosfato. Fonte: Griffiths et al. (2011).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Segundo Griffiths et al. (2011), a medida que a DNA pol lII avança, a deselicoidização
é contínua à frente da enzima para expor mais filamentos únicos de DNA (filamento molde).
Como a DNA polimerase III sempre adiciona nucleotídeos na ponta 3´ crescente, apenas um
dos filamentos de polaridade inversa pode servir como molde para a replicação no sentido
da forquilha de replicação. Nesse filamento a síntese pode ocorrer de modo contínuo, o novo
filamento sintetizado neste molde é chamado de filamento contínuo (leading).
A síntese do outro filamento também ocorre nas pontas crescentes 3´, mas essa síntese
está no sentido contrário, assim, a síntese a direção 5´ → 3´ está distante da forquilha de replicação
e, como veremos, a natureza da maquinaria de replicação requer que a síntese de ambos os
filamentos ocorra na região da forquilha de replicação. Logo, a síntese que se move na forquilha
de replicação afastando-se, não pode continuar por muito tempo, devendo ser em fragmentos
curtos. A DNA pol III sintetiza um segmento e, então, move-se para a ponta 5´do segmento, onde
a forquilha crescente expõe um novo molde, reiniciando a replicação – filamento descontínuo
(lagging) (GRIFFITHS et al., 2011). Fragmentos de Okazaki, é como são denominados os
pequenos trechos de DNA recém-sintetizados (Figura 7).
Figura 7 – A Forquilha de replicação move-se na síntese de DNA à medida que a dupla hélice continuamente se GENÉTICA ANIMAL | UNIDADE 1
deselicoidiza. A síntese do filamento contínuo pode continuar sem interrupção no sentido do movimento da forqui-
lha, mas a síntese do filamento descontínuo deve ocorrer no sentido oposto, afastando-se da forquilha de replicação.
Fonte: Griffiths et al. (2011).
O fato do DNA polimerase poder ampliar uma nova cadeia, mas não poder começar uma
nova cadeia sugere um novo problema associado a replicação do DNA. Este fato é solucionado
pela presença do Primer, cadeia curta de nucleotídeos (8 a 12 nucleotídeos de RNA complementar)
que se liga ao filamento molde para formar um segmento de ácido nucléico, sintetizados por um
grupo de proteínas chamado primossomo, na qual a enzima central, chamada de primase, é um
tipo de RNA polimerase (GRIFFITHS et al., 2011).
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Figura 9 – Síntese e substituição dos iniciadores de RNA durante a replicação de um filamento de DNA. Fonte:
Snustad; Simmons (2013).
Durante a replicação do DNA os dois filamentos não podem ser separados sem que sejam
enrolados, assim, existe a necessidade de um mecanismo que desenrole o DNA. O mecanismo
tem a participação das DNA helicases e SSBs, que separam e mantém os filamentos separados,
mas há a atuação de importantes enzimas denominadas DNA topoisomerases. Estas enzimas
promovem quebras temporárias das moléculas do DNA, podendo ser unifilamentares (DNA
topoisomerase I) ou bifilamentar (DNA topoisomerase II). As DNA topoisomerases II, além de
promover o relaxamento do DNA super-helicoidal, também separam moléculas circulares de
DNA entrelaçadas (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
3 - TRANSCRIÇÃO DO DNA
A transcrição ou síntese do RNA ocorre por um mecanismo semelhante ao da síntese
de DNA, exceto pelo fato de que os precursores são os ribonucleotídeos. Apenas um filamento
de DNA é utilizado como molde para a síntese e é possível sintetizar novas cadeias de RNA sem
a necessidade de um filamento iniciador (primers). Assim, a molécula de RNA sintetizada será
antiparalela e complementar ao filamento molde de DNA e idêntica ao filamento não molde de
DNA, exceto por apresentar resíduos de uridina em vez de timidina (Figura 10) (SNUSTAD;
SIMMONS, 2013).
Figura 10 – A síntese de RNA usa como molde apenas um filamento de DNA de um gene. Fonte: Snustad; Simmons
(2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
De acordo com Snustad e Simmons (2013), quando uma molécula de mRNA for
sintetizada, ela determinará a sequência de aminoácidos de uma proteína. Logo, moléculas de
mRNA são filamentos codificadores de RNA. Estes também são denominados de filamentos
sense de RNA, porque existem “sentido” na codificação das sequências de aminoácidos das
proteínas. A molécula de RNA complementar a um mRNA é denominada RNA filamentos
antisense.
A síntese do RNA ocorre na direção 5´→3´ acrescentando-se ribonucleotídeos ao grupo
3´-OH na extremidade da cadeia, reação esta realizada pela RNA polimerase (Figura 11). As
RNA polimerases ligam-se aos promotores, sequências nucleotídicas específicas e, com a ajuda
de proteínas denominadas fatores de transcrição, iniciam a síntese de moléculas de RNA próximo
a região dos promotores (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
Figura 11 – Reação de alongamento da cadeia de RNA catalisada pela RNA polimerase. Fonte: Snustad; Simmons
(2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 12 – Os três estágios da transcrição: iniciação, alongamento e término. Fonte: Snustad; Simmons (2013).
Conforme a RNA polimerase se move ao longo do DNA, desenrola o DNA à frente dela e
reenrola o DNA que já foi transcrito – alongamento. Assim, mantém-se uma região unifilamentar
de DNA, chamada de bolha de transcrição, dentro do qual o filamento molde é exposto.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 13 - Em eucariotos, a maioria dos transcritos genéticos passa por três tipos de diferentes processamentos pós
transcricionais. Fonte: Snustad; Simmons, 2013.
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Figura 14 – O código genético designa os aminoácidos especificados por cada códon. Fonte: Griffiths et al. (2011).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Supunha-se que, até 1966, quando o código genético foi completado, que o mes-
mo era universal. Contudo, estudo realizados em 1979 constataram que os genes
mitocondriais humanos utilizavam um código genético um pouco diferenciado.
Neste código, UGA, que é códon de fim, codificava o aminoácido triptofano; AGG e
AGA, normalmente arginina, são códons de terminação; AUA e AUU, normalmente
isoleucina, são códons de metionina, constatado posteriormente no genoma mi-
tocondrial de outros mamíferos.
Constatou-se também que, o código é lido a partir de um ponto inicial fixo (AUG -
códon de iniciador - metionina) e os outros códons são lidos como grupos sucessivos de três
nucleotídeos. Nenhuma base é pulada entre os códons, não existindo, assim, nenhuma marca de
pontuação para separar os códons até o fim quando a maquinaria da síntese proteica identifica
um dos códons de fim – UAA, UAG e UGA, que não codificam nenhum tipo de aminoácido
(GRIFFITHS et al., 2011).
A utilização do código genético é simples. Por exemplo, precisamos saber qual aminoácido
é especificado pelo códon CAU. Primeiro procura-se no código a primeira letra no lado esquerdo
(C), posteriormente, a segunda letra, na parte superior (A) e por fim, a última letra no lado
direito do código (U). Localizando o códon (CAU) verifica-se que ao seu lado consta o nome do
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ENSINO A DISTÂNCIA
Podemos dividir a tradução em três fases distintas: início, alongamento e término, sendo
necessário para sua execução: ribossomos, mRNA, tRNAs e proteínas, para cada uma das fases
(GRIFFITHS et al., 2011). O início da tradução envolve os processos que precedem a formação
de uma ligação peptídica entre os dois primeiros aminoácidos de uma nova cadeia polipeptídica
(SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
Conforme citado por Snustad e Simmons (2013), para iniciar a tradução é necessário
a subunidade menor do ribossomo, um tRNAmet, uma molécula de mRNA e três fatores de
iniciação (IF-1, IF-2, IF3), além de uma molécula de GTP (Figura 15). A subunidade menor
do ribossomo une-se à molécula de mRNA e a fatores de transcrição (complexo 1), enquanto
que outros fatores de transcrição unem-se ao tRNAmet (complexo 2). Ocorre a combinação dos
dois complexos formados anteriormente com fatores de transcrição e GTP, formando, agora,
um grande complexo de iniciação. Posteriormente, a subunidade maior do ribossomo une-se ao
complexo de iniciação, liberando os fatores de transcrição e clivando o GTP (Figura 15).
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ENSINO A DISTÂNCIA
O término da Tradução (Figura 17) ocorre quando um dos três códons de término
(UAA, UAG e UGA) entra no sítio A do ribossomo. Estes códons são reconhecidos por proteínas
chamadas de fatores de liberação (RF). A presença de um fator de liberação no sítio A modifica a
atividade da peptidil transferase, de modo que, uma molécula de água é adicionada à terminação
carboxila do polipeptídeo. Isso acarreta na liberação do polipeptídeo da molécula de tRNA, o
deslocamento do tRNA livre para o sítio E, liberação da molécula de mRNA do ribossomo e
dissociação do ribossomo em suas subunidades (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, abordamos os principais conceitos da genética molecular. Faz-se de
extrema importância a compreensão destes conceitos, porque os mesmos são a base para o
entendimento dos mecanismos moleculares da hereditariedade que serão vistos nas próximas
unidades.
Compreendemos como ocorre o fluxo de informação do DNA, até a sua expressão
fenotípica – as proteínas –, através dos processos de duplicação, transcrição e tradução gênica.
Atualmente, nesta área do conhecimento, os avanços são crescentes e sabe-se que todo esse
processo é guiado por mecanismos de regulação da expressão gênica. Desta forma, a regulação
da expressão gênica, atualmente, tem grande importância na compreensão dos processos da
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
GENÉTICA ANIMAL
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 27
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Técnicas e métodos da genética anteriores a elucidação da estrutura do DNA, em 1953,
consistem de conhecimentos adquiridos na “era” da genética clássica. É impressionante pensar a
forma que todos estes conhecimentos foram adquiridos anteriormente ao conceito molecular de
gene, quando se acreditava que existiam fatores que determinam nossas características herdáveis.
Algumas ideias da genética clássica foram abandonadas ou modificadas devido ao avanço do
conhecimento da genética molecular.
Todo o ensino da genética, seja, molecular, clássica, população etc., utiliza fundamentos
básicos. Estes fundamentos e conceitos devem ser compreendidos pelos acadêmicos para o efetivo
sucesso do aprendizado desta disciplina. Assim, nesta Unidade, iniciaremos com a apresentação
dos conceitos básicas da genética, aliando os conhecimentos obtidos por Mendel e pela genética
molecular. A compreensão destes conceitos possibilitará aos acadêmicos compreender os
princípios dos cruzamentos genéticos e utilização de heredogramas para a análise de características
genéticas de interesse.
Sabendo que o DNA é passível de alterações, verificaremos as principais formas de
mutações do DNA – mutações gênicas e cromossômicas e a sua correspondente alteração
fenotípica encontrada nos organismos.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Em contrapartida,
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ENSINO A DISTÂNCIA
Outro importante conceito é o caráter, descrito por Soares (2004) como: caráter ou
caraterística de toda manifestação morfológica e fisiológica hereditária, isto é, cujo determinismo
se prende à atividade gênica ou cromossômica. O caráter pode ser dominante, quando se manifesta
no indivíduo heterozigoto com a mesma expressividade do homozigoto, ou recessivo, quando se
manifesta no indivíduo homozigoto.
O conceito de cromossomo também é de extrema importância na genética. O conceito
de cromossomo, cromossomo alossômico, cromossomo autossômico e cromossomos homólogos
estão dispostos a seguir:
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Para associar os conceitos até o momento aprendidos, observe a Figura 2. Nela observamos
o genoma nuclear (número haplóide) de uma célula eucariota que apresenta seis cromossomos.
A ampliação de um fragmento do cromossomo evidencia a super hélice do DNA (DNA +
proteínas), subsequente, ocorre uma nova ampliação em que se vê um fragmento de DNA que
contém três genes. Vejam que todos os genes apresentam um local – locus – definido no DNA,
no cromossomo desta célula e de qualquer outra célula desse organismo.
Por fim, tudo que envolve genética associa-se à herança, hereditariedade e tipos de
herança. Desta forma, encontramos a descrição destes conceitos por Soares (2004, p. 21).
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Uma revisão interessante dos conceitos básicos da genética pode ser vista nos
vídeos: Conceitos básicos da Genética - Brasil Escola.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-YkrP8Tnt9Y>. Acesso em:
05 fev. 2019.
Figura 3 - Produção de gametas de indivíduos com genótipo AaBbCc (A) e DDEfFf (B). Fonte: UEL (s.d.)
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 4 - Método do quadrado de Punnett com os genótipos e fenótipos obtidos do cruzamento de animais Hete-
rozigotos (Ww) para a característica textura de pelo. Fonte: o autor.
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ENSINO A DISTÂNCIA
3 - ANÁLISE DE HEREDOGRAMAS
Heredogramas são diagramas que mostram as relações entre os membros de uma
família, usa-se quadrados para representar o sexo masculino e, para o sexo feminino, utiliza-se
círculos (SNUSTAD; SIMMONS, 2013). Não existindo a possibilidade de realizar cruzamentos
controlados na natureza, os geneticistas podem recorrer a registros que contenham as reproduções
informativas que tenham ocorrido, obviamente isto é mais fácil para humanos e, este levantamento
de registros reprodutivos, Griffiths et al. (2011) denomina de análise de heredogramas.
Nestas análises de heredograma podemos encontrar o chamado propósito, ou mais
que um, geralmente um membro da família ou animal que chama atenção do geneticista por
Figura 5 - Uma variedade de símbolos é usada nas análises de heredogramas. Fonte: Griffiths et al. (2011).
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ENSINO A DISTÂNCIA
[...] outro aspecto que deve ser comentado diz respeito ao estudo
do controle genético dos caracteres em animais. Nesse caso, por
não ser possível realizar a autofecundação, certificar que um ani-
mal é puro-homozigoto, complica um pouco mais. Porém, se no
acasalamento entre irmãos, por exemplo, não ocorrer segregação
é porque os animais em questão devem ser puros para o caráter
considerado. … Especialmente para aquelas espécies cuja des-
cendência não é numerosa, e a geração é mais longa, o controle
genético de um caráter pode ser realizado por meio do estudo da
genealogia. Na elaboração de genealogia, também denominada
de pedigree, heredograma ou árvore genealógica, [...].
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ENSINO A DISTÂNCIA
Pela descrição anterior, ao realizar uma primeira análise visual da Figura 8 podemos
deduzir que o distúrbio genético em questão é recessivo, mas a hipótese de dominância ou
recessividade deve ser verificada. Como dito anteriormente, o primeiro ponto chave é a análise
dos pais com fenótipos distinto aos dos filhos. Verificamos como exemplo o casal III-2 x III-3,
que são normais para o distúrbio em questão, mas a sua prole (IV-1 até IV-6) apresenta três filhos
afetados pelo distúrbio (IV-1, IV-3 e IV-4). Se o distúrbio for dominante, os filhos afetados devem
apresentar no mínimo um genótipo heterozigoto (por exemplo, Aa), logo, não é possível pais
normais, homozigotos recessivos, terem descendentes com alelo dominante. Desta forma, exclui-
se a hipótese do distúrbio em questão ser dominante. Entretanto, se o distúrbio for recessivo (aa),
existe uma probabilidade de pais normais (A_) terem na prole filhos afetados (aa).
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 10a - Cálculo do χ2 dos dados da F2 dos experimentos de Mendel e DeVries. Fonte: Snustad; Simmons
(2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 10b - Cálculo do χ2 dos dados da F2 dos experimentos de Mendel e DeVries. Fonte: Snustad; Simmons
(2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 11 - Tabela de valores críticos de 5% do qui-quadrado (χ2). Dados selecionados de R.A. Fisher and Yates,
1943, Statistical tables for biological, agricultural and medical research. Oliver and Boyd, London. Fonte: Snustad;
5 - MUTAÇÕES
Vimos anteriormente que a mutação é especialmente significativa porque é a fonte
primária da mudança evolutiva, em que novos alelos surgem em todos os organismos, alguns
de forma espontânea e outros resultantes da exposição à radiação ou substâncias químicas no
ambiente. As mutações são mudanças na sequência de DNA de um gene – mutações gênicas
(GRIFFTHS et al., 2011).
Existem dois principais tipos de mutação de ponto: (a) substituições de bases; e as (b)
inserções ou deleções. As mutações de substituição têm a substituição de um par de bases por
outro, são divididos em: transições e transversões.
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ENSINO A DISTÂNCIA
De acordo com Griffths et al. (2011), nas mutações de transição ocorre a substituição
de uma base por outra da mesma categoria química (um purina é substituída por outra purina
ou uma pirimidina é substituída por uma outra pirimidina) enquanto que nas mutações de
transversão ocorre a substituição de uma base purina por uma pirimidina ou vice-versa.
As mutações de inserção ou deleção são aquelas com acréscimo ou deleção de pares de
bases que alteram a matriz de leitura de todos os códons do mRNA. Designamos isto de mutações
por mudança de matriz de leitura, sendo esta, uma das consequências moleculares das mutações
nas regiões gênicas (SNUSTAD; SIMMONS, 2013). Griffths et al. (2011, p. 442), descrevem como
outras consequências moleculares das mutações:
Figura 12a - Uma mutação de ponto dentro da região codificante de um gene varia em seus efeitos no funcionamen-
to da proteína. As proteínas com mutações sinônimas e de sentido trocado geralmente ainda são funcionais. Fonte:
Griffiths et al., (2011).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 12b - Uma mutação de ponto dentro da região codificante de um gene varia em seus efeitos no funcionamen-
to da proteína. As proteínas com mutações sinônimas e de sentido trocado geralmente ainda são funcionais. Fonte:
Griffiths et al., (2011).
Segundo Snustad e Simmons (2013), existem dois principais fatores responsáveis pelo
aparecimento das mutações: (a) erros na replicação do DNA; e (b) erros no reparo do DNA,
consideradas mutações espontâneas e exposição a agentes mutagênicos ambientais – mutações
induzidas.
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ENSINO A DISTÂNCIA
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A compreensão desta unidade é de extrema importância para o entendimento das
unidades III e IV. Vimos aqui importantes conceitos básicos da genética, de uso corriqueiro em
exemplo e atividades que necessitam ser entendidos pelos acadêmicos.
De igual maneira, esta unidade possibilitou o aprendizado de como encontrar gametas
para subsequente realização dos cruzamentos – base do estudo dos caracteres em genética, e
também da interpretação dos resultados finais dos cruzamentos, sendo todas estas análises
realizadas com a utilização de testes estatísticos.
Na unidade I estudamos sobre a estrutura do DNA e aqui vimos que esta estrutura é
passível de alterações – mutações –, que abrangem mutações gênicas até a estrutura onde os
genes estão inseridos – os cromossomos –, e que estas mutações podem ser imperceptíveis na
geração ou causar grandes malformações nos animais.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
GENÉTICA ANIMAL
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 45
1 - PADRÃO DE HERANÇA MONOGÊNICA............................................................................................................... 46
2 - VARIAÇÕES DA HERANÇA MONOGÊNICA........................................................................................................ 50
2.1. DOMINÂNCIA INCOMPLETA OU PARCIAL...................................................................................................... 50
2.2. CODOMINÂNCIA.................................................................................................................................................51
2.3. ALELOS MÚLTIPLOS.......................................................................................................................................... 52
2.4. ALELOS LETAIS.................................................................................................................................................. 53
3 - PADRÕES DE HERANÇA MONOGÊNICA LIGADA AO SEXO............................................................................. 56
3.1. HERANÇA LIGADO AO X..................................................................................................................................... 58
3.2. HERANÇA LIGADA AO Y......................................................................................................................................61
3.3. HERANÇA LIGADA AOS CROMOSSOMOS Z DAS AVES...................................................................................61
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................62
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A genética como ciência iniciou-se com os trabalhos do monge austríaco Gregor Mendel,
que publicou, em 1865, os resultados de seus experimentos com cruzamento de linhagem de
ervilha. Fato mais importante foi a dedução da existência de “fatores” que levavam a informação
dos genitores para seus descendentes (GRIFFITHS et al., 2011).
Posteriormente, as pesquisas sobre diferentes padrões de herança continuavam a ser
desenvolvidas por outros pesquisadores, onde foram descobertas informações sobre várias
características situadas em pequenos trechos do DNA, os genes, situados nos cromossomos
(GRIFFITHS et al., 2011).
Baseado no exposto, esta Unidade propõe-se em apresentar os conceitos associados a
herança monogênica - 1º Lei de Mendel, e suas variações. Da mesma forma, possibilitará ao
acadêmico, compreender a importância dos cruzamentos e a observação dos descendentes desses
cruzamentos (através das proporções genotípicas e fenotípicas) para a elucidação do padrão de
herança existente para uma determinada característica.
Inicialmente, veremos como Mendel realizou seus experimentos, e as importantes
contribuições obtidas, para posteriormente, verificarmos as variações no padrão de herança
monogênica. Todos estes conceitos e informações serão apresentados juntamente com exemplos
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ENSINO A DISTÂNCIA
Os primeiros estudos sobre o padrão de herança monogênica foram realizados por Gregor
Mendel. Mendel escolheu a ervilha-de-cheiro, Pisum sativum, como seu organismo de pesquisa,
visto que elas apresentavam importantes variações fenotípicas (GRIFFITHS et al., 2011).
Deve-se ressaltar que as leis da herança deduzidas por Mendel são exatamente as que
usamos hoje em dia na genética moderna para identificar padrões monogenéticos de herança
(GRIFFITHS et al., 2011).
De acordo com Griffiths et al. (2011), Mendel escolheu investigar a herança de sete
características das ervilhas: cor e forma da ervilha, cor e forma da vagem, cor da flor, altura
da planta e posição do broto na planta. Para cada uma dessas sete características, ele sempre
tinha duas linhagens que apresentavam aspectos distintos e contrastantes (fenótipos). Todas as
linhagens usadas por Mendel eram linhagens puras para o fenótipo em questão, isto significa que,
toda a prole produzida por estes cruzamentos entre os membros dessa linhagem eram idênticos.
O primeiro cruzamento feito por Mendel foi de plantas da linhagem de semente amarela
com plantas da linhagem de semente verde. Estas linhagens obtidas por autofecundação
constituíram a geração parental (P). Fato importante a ser observado é que, nas ervilhas, a cor
da semente é determinada por sua própria composição genética, assim, as ervilhas resultantes
de um cruzamento são efetivamente a prole e podem ser classificadas pelo seu fenótipo sem
a necessidade de cultivá-las em plantas. Como resultado deste cruzamento a prole de ervilhas
eram toda da cor amarela não importando qual o genitor (plantas com sementes amarelas ou
verdes), tivesse sido usado como masculino ou feminino. Designou-se a prole deste cruzamento
de primeira geração filial (F1) (GRIFFITHS et al., 2011).
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ENSINO A DISTÂNCIA
1) Plantas cultivadas das sementes verdes F2, quando autofecundadas, foram encontradas
gerando apenas ervilhas verdes.
2) Plantas cultivadas das sementes amarelas F2, quando autofecundada, foram encontradas
dois tipos: a) ⅓ puras para sementes amarelas, b) ⅔ delas deram uma prole de ¾ de
sementes amarelas e ¼ de sementes verdes.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Tabela 1 - Resultados dos cruzamentos mendelianos nos quais os genitores diferem em uma característica (herança
monogênica). Fonte: adaptado de Griffiths et al. (2011).
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ENSINO A DISTÂNCIA
As linhagens puras são homozigotas, seja amarela (AA) ou verde (aa). Logo, cada
linhagem produz apenas gametas A ou apenas gametas a. Quando cruzadas, as linhagens AA
e aa produzirão uma geração F1 composta de todos os indivíduos heterozigotos (Aa). Como o
alelo A é dominante, todos os indivíduos heterozigotos apresentarão o fenótipo de cor amarela.
Subsequente, realizar-se-á a autofecundação da geração F1 (Aa) – cruzamentos monoíbridos.
Para isto, ocorrerá a segregação igual dos alelos A e a, resultando em gametas, tanto masculino
como femininos, ½ A e ½ a.
A fusão aleatória dos gametas possibilitará o aparecimento da seguinte proporção
genotípica 1:2:1, sendo, ¼ AA, 2/4 ou ½ de Aa e ¼ de aa. Assim, a proporção fenotípica da F2
é ¾ de sementes amarelas e ¼ de sementes verdes, na proporção de 3:1.
Aplicando a medicina veterinária, vejamos o exemplo de um herança monogênica
dominante e outra recessiva.
Em suínos, existe uma malformação genética que consiste em animais com os cascos
inteiros, como na mula, recebendo, assim, o nome de “pé-de-mula” (P_). Esta malformação
ocorre em machos e fêmeas, pode ser observada em todas as gerações e, quando há indivíduos
afetados em uma ninhada, sempre um dos pais também é afetado (OTTO 2012). Estas observações
sugerem que a malformação é de herança autossômica e dominante. Assim, o cruzamento de
animais “pé-de-mula” heterozigotos para a característica (Pp) apresentará uma descendência de
¾ de animais “pé-de-mula” e ¼ de animais normais para a característica.
Em gatos, existe uma doença genética caracterizada por albinismo oculocutâneo
parcial. Esta síndrome ocorre em machos e fêmeas, igualmente, ocorre em afetados que têm
os pais normais, a síndrome “pula” gerações e é mais frequente entre os descendentes de casais
aparentados. Estas observações sugerem que essa é uma síndrome de herança autossômica e
recessiva (OTTO, 2012).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 3 - Base genética da cor da flor boca-de-leão. W é o alelo incompletamente dominante em relação a w, e as
diferenças entre os fenótipos poderiam ser causadas por diferenças na quantidade do produto especificado pelo alelo
W. Fonte: Snustad; Simmons (2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
2.2. Codominância
Outra exceção ao princípio da dominância simples surge quando um heterozigoto tem
características observadas nos dois homozigotos. Isto ocorre com o Sistema sanguíneo MN em
humanos.
A produção do antígeno M e N é determinado por um gene com dois alelos. Um alelo
determina a produção do antígeno M e o outro, do antígeno N. Homozigotos para o alelo M
produzem apenas antígeno M e homozigotos para o alelo N, apenas o antígeno N. Contudo,
heterozigotos (MN) para estes dois alelos produzem antígeno M e N.
Como ambos alelos contribuem independentemente para o fenótipo dos heterozigotos,
diz-se que são codominantes. Como nenhum alelo é dominante ou parcialmente dominante,
é impróprio distingui-los por letras maiúsculas e minúsculas e, desta forma, adotou-se que os
mesmos serão representados por sobrescritos no símbolo do gene, neste caso a letra L (LM e LN)
(SNUSTAD; SIMMONS, 2013)
Um exemplo aplicado é a determinação da pelagem do gado da raça Shorthon (Figura 4).
O animal CRCR tem pelos vermelhos, CWCW tem pelos brancos e o animal CRCW, pelos vermelhos
e, também, pelos brancos, designado de pelagem ruão. Observa-se, assim, que o heterozigoto
expressa o fenótipo de ambos progenitores – codominância (OTTO, 2012).
Figura 4 - Determinação genética da cor de pelagem do gado da raça Shorthon. O cruzamento entre o gado de cor
de pelagem vermelha e branca produz descendência de pelagem ruão, que expressa o fenótipo de ambos os proge-
nitores. Fonte: UEL (s.d.).
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Figura 5 - Fenótipo de diferentes combinações de alelos c em coelhos. Fonte: Snustad; Simmons (2013).
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Observa-se que a prole esperada deste cruzamento é ½ de coelhos com pelagem selvagem
(com dois possíveis genótipos: c+ch e c+c) e ½ de coelhos de pelagem chinchila (com dois possíveis
genótipos: cchch e cchc).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Outro exemplo de alelos letais é o fenótipo “Manx” em gatos domésticos (Figura 8). De
acordo com Otto (2012), o alelo mutante conhecido como Manx (M), do gato doméstico, induz a
ausência de cauda, que é a marca registrada da raça Manx. Entretanto, a ausência de cauda é um
dos aspectos de uma síndrome com várias anomalias caudais. O alelo é herdado como dominante
e a condição Manx é expressa em heterozigose (Mm) do gene, uma vez que, em homozigose
(MM), o gene é letal (animais morrem antes do nascimento). Recentemente, fetos com a anomalia
foram detectados com 5 semanas de gestação e foram observados anormalmente pequenos e com
malformações no sistema nervoso central.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 8 - Um gato Manx. O alelo dominante causador da falta da cauda é letal em homozigose. Fonte: Griffiths et
al. (2011).
De acordo com Gunn-Moore, Bessant, Malik (2008), o gato Manx tem um gene
autossômicos dominante letal que resulta em cauda curta ou inexistente (digenesia sacrocaudal)
e uma variedade de anormalidades secundárias, incluindo constipação, megacolon, prolapso
retal, incontinência e anormalidades congênitas do trato urinário e espinha bífida.
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
[...] as regiões diferenciais, que contêm a maioria dos genes, não têm
contrapartes no outro cromossomo sexual. Assim, nos homens, os genes nas
regiões diferenciais são ditos hemizigotos. A região diferencial do cromossomo
X contém muitas centenas de gene; a maioria desses genes não tomam parte da
função sexual, e eles influenciam um grande faixa de propriedades humanas.
De forma geral, genes nas regiões diferenciais são ditos apresentando padrões de herança
de ligação ao sexo, podendo ser (GRIFFITHS et al., 2011):
• Herança independente do sexo - os alelos mutantes estão nas regiões homólogas curtas
Figura 10 - Cromossomos sexuais humanos contendo regiões diferenciais e duas regiões de pareamento. Fonte:
Griffiths et al. (2011).
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ENSINO A DISTÂNCIA
[...] a) Muito mais machos (XaY) do que fêmeas (XaXa) apresentam o fenótipo
raro. Isto se deve pelo fato de que a fêmea deve herdar obrigatoriamente um
alelo recessivo de cada um dos seus progenitores para expressar o fenótipo.
b) Nenhum descendente da prole do macho afetado apresentará o fenótipo,
contudo, todas as fêmeas serão “portadoras” do alelo recessivo, em heterozigose.
Na geração seguinte, metade dos descendentes machos dessas fêmeas portadoras
apresentaram o fenótipo. c) Nenhum dos descendentes machos de um macho
afetado apresentará o fenótipo em estudo, pelo fato que o descendente macho
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 12 - Demonstração esquemática do cruzamento entre cães quanto ao carácter hemofilia. Fonte: o autor.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Costa et al. (2017) descrevem que, nos gatos que apresentam a coloração da pelagem
designada de tortoiseshell, há predominância de pelos pretos mesclados com brancos e
laranja (amarelo) pelo corpo todo, contudo, a coloração designada de calico, apresenta essas
três cores como manchas independentes, sendo todos esses padrões restritos a fêmeas. Estes
autores relataram um gato macho com pelagem tortoiseshell, fato este devido a uma mutação
cromossômica sexual verificada pela análise cromossômica diplóide de 2n = 39, XXY, ou seja,
presença de um cromossomo X extra – aneuploidia.
Para fixar os conceitos aprendidos sobre herança ligada ao sexo - ligado ao X, re-
cessivo – veja o vídeo sobre o daltonismo em humanos. Herança sexual - parte 1.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iujcgOnooVY>. Acesso em:
05 fev. 2019.
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ENSINO A DISTÂNCIA
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta Unidade abordamos o conceito básico da 1º Lei de Mendel e suas variações. É
evidente que as diferentes manifestações de características devem ser avaliadas minuciosamente
para que se possa chegar ao padrão de herança correto de uma determinada característica.
Da mesma forma, verificamos a aplicação da herança monogênica para genes localizados em
cromossomos sexuais – herança ligada ao sexo e estudamos seu padrão fenotípico diferenciado.
A herança monogênica e a compreensão de suas variações é de extrema importância para
o entendimento futuro da herança digênica, conteúdo abordado na próxima Unidade.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
GENÉTICA ANIMAL
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 64
1 - O PRINCÍPIO DA DISTRIBUIÇÃO INDEPENDENTE........................................................................................... 65
2 - VARIAÇÕES DA DISTRIBUIÇÃO INDEPENDENTE – INTERAÇÃO GÊNICA..................................................... 66
2.1. EPISTASIA........................................................................................................................................................... 69
2.2. PLEIOTROPIA..................................................................................................................................................... 74
2.3. LIGAÇÃO E RECOMBINAÇÃO GÊNICA............................................................................................................. 75
2.4. MAPEAMENTO CROMOSSÔMICO................................................................................................................... 78
3 - EXPRESSIVIDADE E PENETRÂNCIA.................................................................................................................. 82
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 82
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Como vimos na Unidade anterior, para Mendel estabelecer os princípios da 1º Lei, ele
estudou separadamente cada característica e, através de cruzamentos controlados, verificou
o comportamento de características de herança monogênica. Posteriormente, ele iniciou
cruzamentos considerando duas características, governadas por genes distintos.
Isto possibilitou a elaboração da 2º Lei de Mendel ou Lei da segregação independente,
também designada de herança digênica. Subsequente aos estudos de Mendel, vários geneticistas
continuaram realizando experimentos e observaram que quando o estudo era realizado com
duas características, simultaneamente havia desvios à 2º Lei de Mendel, ou seja, os resultados
diferiram dos encontrados por Mendel.
A partir destas observações, foi possível verificar que dois genes poderiam interagir para
governar uma mesma característica ou, até mesmo, um par de genes que inibem a ação de outro
gene e a existência de genes que não segregam independentemente.
Desta forma, nesta Unidade abordaremos os aspectos teóricos e práticos da 2º Lei de
Mendel e suas variações – interação gênica, epistasia e ligação gênica –, baseando o estudo em
experimentos realizados para constatação dos eventos pelos geneticistas e com exemplos voltados
para a Medicina Veterinária.
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
Na formação dos gametas haploides produzidos por plantas diplóides, observamos uma
cópia de cada gene. Portanto, os gametas de GGWW apresentaram uma cópia do gene para cor
de semente (G) e uma cópia para a textura da semente (W), simbolizando estes gametas por
GW. O mesmo será observado para o genótipo ggww, que produzirá o gameta gw. Nos híbridos
duplamente heterozigotos (GgWw) serão observados quatro genótipos gaméticos distintos: GW,
Gw, gW e gw (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
De acordo com Snustad e Simmons (2013, p. 42) “se a segregação dos alelos de cada gene
for independente, esses quatro tipos terão frequências iguais; isto é, cada um corresponderá a
25% do total”. A autofecundação da F1 produzirá um conjunto de 16 possíveis genótipos com
iguais frequências (Figura 2). Ao observarmos os fenótipos desses genótipos da F2 verificamos
a presença de quatro fenótipos com frequências relativas indicadas pelo número de posições
ocupadas. A obtenção da frequência absoluta dá-se pela divisão de cada número pelo total de
combinações genotípicas (4x4 = 16).
Conforme Griffiths et al. (2011), a forma pelo qual Mendel deu a explicação das proporções
9:3:3:1 é conhecida hoje como a 2º Lei de Mendel ou Princípio da segregação independente.
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
Desta forma, foi possível elucidar que o tipo de crista é determinado por dois genes
independentes R e P, com seus respectivos alelos. Na raça Wyandotte o formato da crista “rosa”
tem genótipo RRpp e a raça Brahma com o formato de crista “ervilha” tem o genótipo rrPP.
O cruzamento destas linhagens possibilita a formação do híbrido RrPp (F1) apresentando o
fenótipo “noz” (Figura 4) (RAMALHO; SANTOS; PINTO, 2008; SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
O intercruzamento entre os descendentes da F1 leva o surgimento dos quatro tipos
distintos de fenótipo na prole nas proporções de 9/16 de crista “noz” (R_P_), 3/16 de crista
“ervilha” (rrP_), 3/16 de crista “rosa” (R_pp) e 1/16 de crista “simples” (rrpp). Importante notar
que, embora a segregação seja de 9:3:3:1, isto difere da segregação mendeliana típica pelo fato
de se tratar de um caráter, ao invés de dois caracteres independentes (RAMALHO; SANTOS;
PINTO, 2008).
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ENSINO A DISTÂNCIA
2.1. Epistasia
Uma importante forma de interação gênica é a epistasia. Conforme Griffiths et al. (2011),
a epistasia é quando um alelo de um gene encobre (mascara) a expressão de um alelo de outro
gene e expressa seu próprio fenótipo. Neste caso, o gene epistático é aquele que inibe a expressão
de outro gene. O gene cuja expressão foi inibida é designado de hipostático.
Figura 4 - Controle genético do formato da crista de galinhas - interação gênica. Fonte: o autor.
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Figura 5 - Pelagem de Labrador. Dois alelos B e b de um gene de pigmento determinam (a) preto e (b) marrom,
respectivamente. Em outro gene, E permite a deposição de cor na pelagem, e ee impede a deposição, resultando em
(c) fenótipo doutorado. Fonte: Griffiths et al., (2011).
Por tanto, os genótipos B_ee e bbee produziram o fenótipo dourado, enquanto que B_E_
e bbE_ produzem o fenótipo preto e marrom, respectivamente. Observe que este caso de epistasia
não é causado pelo bloqueio anterior em uma via que leva ao pigmento escuro. Labradores de
pelagem dourada produzem o pigmento marrom, como pode ser visto no nariz e lábios. A ação
do alelo é evitar a deposição de pigmento marrom e preto nos pelos (GRIFFITHS et al. 2011).
Observe a Figura 6 que apresenta o cruzamento entre cães labradores. Inicialmente, o
cruzamento entre um macho preto duplo homozigoto (BBEE) com uma fêmea dourada também
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Figura 8 - Autofecundação da planta dedaleira de pétalas brancas (DdWw) seguido dos genótipos e fenótipos da F2.
Fonte: o autor.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 9 - Resumo das proporções fenotípicas da 2º Lei de Mendel e sua variações. *a proporção 13 contempla os
genótipos A_B_; A_bb e aabb. Fonte: o autor
2.2. Pleiotropia
Conforme Snustad e Simmons (2013, p. 74), “[...] quando um gene influencia muitos
aspectos dos fenótipos, diz-se que é pleiotrópico [...]” e um importante exemplo na genética
humana é a fenilcetonúria. A mutação recessiva do gene da fenilcetonúria tem como efeito
primário o acúmulo de substâncias tóxicas no encéfalo, causando comprometimento mental.
Outras manifestações causadas pela mutação recessiva do gene é a interferência na síntese
do pigmento melanina e alterações nos exames bioquímicos do sangue e urina (SNUSTAD;
SIMMONS, 2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Em animais, o gene M, que produz o fenótipo Merle de padrão de pelagem em cães, com
áreas cinza-azuladas, é pleiotrópico. Adicionalmente, a sua expressão pode acarretar cor de olhos
azuis em um olho (heterocromia) ou ambos, pelos brancos, surdez, cegueira e até esterilidade
(OTTO, 2012).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Griffiths et al. (2011) afirmam a importância do cruzamento teste realizado por Morgan
pelo fato de que o genitor testador apenas contribuirá com gametas carregando alelos recessivos
e, desta forma, os genótipos da prole revelam diretamente quais alelos contribuídos dos gametas
do genitor diíbrido, possibilitando, assim, concentrar-se apenas nos resultados da meiose do
genitor diíbrido.
Na Figura 10 observamos o esquema experimental de dois cruzamentos realizado por
Morgan. Inicialmente a obtenção do diíbrido e posteriormente a realização do cruzamento teste
foi comum aos dois cruzamentos. Na região de fundo branco da figura, observamos as classes
gaméticas dos diíbridos para os dois cruzamentos e constatamos que estes números desviam
totalmente da previsão mendeliana de uma proporção de 1:1:1:1 na formação de gametas das
fêmeas diíbridas.
Figura 10 - Experimento de Morgan sobre a hipótese de genes ligados na característica cor do olho e tamanho de
asa em moscas. Fonte: o autor.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Realizando a soma das frequências, que é um valor muito próximo dos dois recombinantes
(151 ~ 154), obteremos um total de 305, que é uma frequência de (305/2.839)x100, ou seja, 10.7%
de recombinação.
Quanto a conformação dos alelos em genes ligados, Griffiths et al. (2011, p. 113) dizem
que
[…] genes ligados em um diíbrido podem estar presentes em uma das duas
conformações básicas. Em uma, os dois alelos dominantes, ou tipo selvagem,
estão presente no mesmo homólogo, esse arranjo é chamado de conformação
cis (cis significa adjacente). Na outra, eles estão em homólogos diferente, no que
é chamado de conformação trans (trans significa oposta).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Verifica-se que o diploide meiótico (F1) foi obtido através das entradas (gametas: AB e
ab), contudo, após a meiose observamos dois padrões de gametas, os parentais (AB e ab) e os
recombinantes (Ab e aB), destacados na figura pela cor azul. Ao lado, observamos os gametas do
testador, duplo recessivo e que, após a fertilização, dará origem a possível prole diploide e, que, da
mesma forma, evidenciará prole do tipo parental e prole recombinante (GRIFFITHS et al., 2011).
Uma revisão interessante dos conceitos sobre ligação gênica nos vídeos: Linka-
ge - Parte 1, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iLwHBzxUSA0>
(acesso em: 05 fev. 2019) e Parte 2, disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=WrlZoChXqyc> (acesso em: 05 fev. 2019).
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ENSINO A DISTÂNCIA
A chance de crossing over entre dois pontos em determinada célula pode ser
baixa, mas em uma grande população de células, é provável que esse crossing
over ocorra várias vezes simplesmente porque há muitas oportunidades
independentes. Assim, a quantidade que realmente precisamos medir é o
número médio de crossing over em determinada região cromossômica. … a
distância entre dois pontos no mapa genético de um cromossomo é o número
médio de crossing overs entre eles (SNUSTAD; SIMMONS et al., 2013, p. 141).
Para compreender esta definição, observemos a Figura 12. Nela, existem 100 ovogônias
(AB/ab) que sofreram meiose, e uma delas originará 100 gametas (ovócitos II). Destes, 70 gametas
não sofreram crossing over (cromossomos homólogos da esquerda para a direita na figura), 20
gametas sofreram 1 crossing over - simples, 8 gametas sofreram dois crossing overs - duplo e 2
gametas sofreram três crossing overs - triplo. Frente a estes dados, calcula-se a frequência de
ocorrência de crossing overs simples, duplos e triplos entre o gene A e B.
Figura 12 - Cálculo do número médio de crossing overs entre os genes A e B nos cromossomos isolados na meiose.
Fonte: Snustad; Simmons (2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Assim:
70 gametas dos 100 não sofreram crossing over [0x(70/100)]
20 gametas dos 100 sofreram crossing over simples [1x(20/100)]
8 gametas dos 100 sofreram crossing over duplo [2x(8/100)]
2 gametas dos 100 sofreram crossing over triplo [3x(2/100)]
A soma de todas essas frequências será útil para estimar a distância no mapa genético
entre esses loci (local do gene A e B) que neste caso é de 0,42.
Para ilustrar a técnica de mapeamento de dois pontos (2 genes) consideremos o
cruzamento teste da Figura 13, realizado em Drosophilas. Fêmeas do tipo selvagem (cor de corpo
cinza e asas longas) foram cruzadas com machos homozigotos para duas mutações autossômicas:
vg - asas vestigiais, curtas e b - cor de corpo preto. Todas as moscas da F1 apresentaram asas
longas e corpo cinza, concluindo-se assim que os alelos selvagens, vg+ e b+, são dominantes.
Após a realização do cruzamento teste, quatro classes fenotípicas foram observadas, duas mais
abundantes: moscas com asas longas e corpo cinza (415) / asas vestigiais e corpo preto (405), e
duas menos abundantes, fenótipo recombinante: moscas com asas vestigiais e corpo cinza (92) /
asas normais e corpo preto (88) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
Figura 13 - Experimento com dois genes ligados, vg (asas vestigiais) e b (corpo preto) em Drosophila. Fonte: Snus-
tad; Simmons (2013).
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ENSINO A DISTÂNCIA
[Recombinação e Evolução!
A recombinação é uma característica essencial para a reprodução sexuada. Du-
rante a meiose, por ocasião da aproximação dos cromossomos e do crossing
over, há uma oportunidade de criar novas combinações de alelos. Algumas delas
podem beneficiar o organismo por aumento da sobrevivência ou da capacidade
reprodutiva. Com o tempo, o esperado é que essas combinações benéficas se
disseminem na população e se tornem características usuais da constituição ge-
nética da espécie. Portanto, a recombinação meiótica é uma maneira de emba-
ralhar a variação genética para potencializar as mudanças evolutivas (SNUSTAD;
SIMMONS, 2013, p. 152).
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ENSINO A DISTÂNCIA
3 - EXPRESSIVIDADE E PENETRÂNCIA
De acordo com Otto (2012), expressividade variável é quando a expressão de um gene
apresenta variação em diferentes indivíduos. Como exemplo, temos em equinos a exostose
múltipla, herança autossômica dominante, mas a gravidade desta doença difere entre os
indivíduos, ou seja, o mesmo gene pode determinar pequenas e poucas exostoses (diagnosticadas
apenas por radiografias), até tumores ósseos deformantes. Já a penetrância incompleta é quando
um gene que se expressa em um indivíduo pode não ter efeito em outro. Cita-se como exemplo o
polidactilia, de cada 100 pessoas que apresentam o gene autossômico dominante, e logo, deveriam
apresentar a característica, apenas 60 têm a alteração para este gene. Ou seja, a penetrância do
gene da polidactilia é de 60%.
Vale ressaltar que:
[...] existem genes, como o da polidactilia, que apresenta penetrância incompleta
e também expressividade variável, mas isso não é obrigatório. Existem outros
genes que têm penetrância incompleta, mas sua expressividade não é variável,
e outros, ainda, cuja expressividade é variável, mas a penetrância é completa.
Sem esquecer que a maioria dos genes tem mesmo é penetrância completa e
expressividade não variável (OTTO, 2012, p. 27).
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado no exposto nesta Unidade, verificamos a importância que os trabalhos de Mendel
tiveram para a elaboração da 2º Lei ou Lei da segregação independente. Da mesma forma, estes
estudos foram cruciais para que outros geneticistas, baseados em suas observações experimentais,
notassem a presença de variações dos padrões sugeridos por Mendel e, devido a isto, elaborassem
novos conhecimento e conceitos extremamente úteis na genética moderna.
Encerramos aqui os conteúdos básicos da disciplina de Genética Animal. Muitos aspectos
não contemplados nestas unidades direcionam a genética moderna e suas ferramentas, passíveis à
aplicação na área de Medicina Veterinária, principalmente no campo do melhoramento genético
animal.
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ENSINO A DISTÂNCIA
REFERÊNCIAS
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40-44, 2017.
GRIFFITHS, J. F.; WESSLER, S. R.; CARROLL, S. B.; DOEBLEY, J. Introdução à Genética. 9º ed.
Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2011.
KREBS, J.; GOLDSTEIN, E. S.; KILPATRICK, S. T. Lewin’s GENES XII. 12º Ed. Jones & Bartlett
Learning, 2018.
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www.uel.br/pessoal/rogerio/genetica/respostas/pratica_12.html>. Acesso em: 02 jun. 2018.
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