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ENERGIAS RENOVÁVEIS

PROF. DR. PAULO VINICIUS TREVIZOLI


Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR

Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não Diagramação:
vale a pena ser vivida.” Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Revisão Textual:
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica Felipe Veiga da Fonseca
e profissional, refletindo diretamente em nossa Letícia Toniete Izeppe Bisconcim
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Luana Ramos Rocha
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente
e busca por tecnologia, informação e conheci- Produção Audiovisual:
mento advindos de profissionais que possuam Eudes Wilter Pitta Paião
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Márcio Alexandre Júnior Lara
cia no mercado de trabalho. Marcus Vinicius Pellegrini
Osmar da Conceição Calisto
De fato, a tecnologia e a comunicação
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
Gestão de Produção:
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
nos proporcionando momentos inesquecíveis.
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
Fotos:
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
Shutterstock
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.

Que esta nova caminhada lhes traga


muita experiência, conhecimento e sucesso.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
ENERGIAS RENOVÁVEIS

DEFINIÇÕES IMPORTANTES E SISTEMAS DE


CONVERÇÃO COM CICLO RANKINE
PROF. DR. PAULO VINICIUS TREVIZOLI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................... 4
1 - A DEMANDA POR ENERGIA.............................................................................................................................. 5
2 - FONTES DE ENERGIA........................................................................................................................................ 6
3 - O EFEITO ESTUFA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS........................................................................................10
4 - SUSTENTABILIDADE ........................................................................................................................................12
5 - O PANORÂMA BRASILEIRO..............................................................................................................................12
6 - SISTEMAS DE CONVERSÃO COM CICLO RANKINE......................................................................................13
6.1. BIOMASSA........................................................................................................................................................15
6.2. USINAS GEOTÉRMICAS..................................................................................................................................19
7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................... 22

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INTRODUÇÃO
Nossa vida cotidiana não é viável de ser mantida sem energia. Imagine como seria a
organização da sua vida sem ter um refrigerador para conservar alimentos, sem ter luz para
iluminar sua residência; ou, ainda, como sobreviveriam as populações em regiões frias sem
aquecimento. Obviamente, sem a produção e distribuição de eletricidade não seria viável
manter a atual população mundial, que passou os 7,6 bilhões de pessoas em 2017. Não haveria
como produzir alimentos, medicamentos, vestimentas, entre outros itens fundamentais a nossa
sobrevivência, em quantidade suficiente para atender a demanda da população.
Reflita também que atualmente vivemos em uma cascata. Conforme a população aumenta,
como resultado aumenta-se a demanda por energia elétrica. Para atender tal demanda, deve-se
aumentar a produção deste insumo. Se este aumento da produção não é planejado, em geral
utiliza-se sistemas de produção poluentes, o qual culmina no aumento dos problemas ambientais
como o aquecimento global. Logo, é fundamental para a sobrevivência da nossa espécie que
cada vez mais sistemas de produção de energia não poluentes e renováveis sejam utilizados para
geração de energia em larga escala.

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Segundo Max Plank, “energia é definida como a habilidade de um sistema cau-
sar uma reação externa”. Existem diferentes formas de energia, como: mecânica
(potencial e cinética), térmica, elétrica, química, solar, nuclear; e sempre podemos
converter uma energia em outra e realizar trabalho.

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1 - A DEMANDA POR ENERGIA


A demanda por energia não é nova. O homem vem utilizando fontes renováveis como
forma primária para gerar energia. Com a revolução industrial, no século XVIII, este panorama
mudou. O aumento da demanda fez o uso de fontes não-renováveis, derivados de carvão, óleo e
outros combustíveis fósseis, tornar-se a principal forma de geração de energia. Entretanto, no século
XX, observou-se os malefícios do uso de combustíveis fósseis ao meio ambiente e às mudanças
climáticas. Hoje, busca-se retomar o uso de fontes renováveis. Mas, devido ao crescente aumento
na demanda, é cada vez mais difícil e oneroso reverter completamente este quadro.
A demanda por energia cresce anualmente de forma acelerada. O aumento da demanda
é reflexo, principalmente, de dois fatores: o aumento populacional e a melhora na economia
mundial.
A Figura 1 apresenta a correlação entre o aumento no consumo de energia no mundo
comparado com o aumento populacional, até os anos 2000. Nesta análise, observa-se uma
correlação perfeita entre causa e efeito. O resultado, tanto do aumento da população como
o aumento da demanda e produção de energia, é o aumento de emissões de CO2, agravando
problemas ambientais, como o aquecimento global e de saúde pública. A Figura 2 apresenta a
correlação entre o aumento populacional e o aumento nas emissões de CO2, até os anos 2000, em
que, novamente, observa-se a perfeita correlação entre causa e efeito.

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Figura 1 – Correlação entre consumo de energia e aumento populacional. Fonte: E-education (s/a).

O segundo fator, o crescimento da economia, também é fácil de ser entendido. Conforme


a economia cresce, aumenta-se o consumo por produtos e por energia. Logo, as indústrias devem
aumentar a produção para suprir a demanda, aumentando, também, o consumo de energia.

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Figura 2 – Correlação entre emissões de CO2 e aumento populacional. Fonte: Luoma (2016).

O crescimento econômico dos países é fundamental para a economia mundial. Os 34

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países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD
em inglês), que seriam basicamente os países desenvolvidos, hoje têm a meta de que, mesmo
que a economia cresça, o consumo de energia deve crescer apenas 4% entre 2010 e 2030. A
proposta destes países não é aumentar a produção de energia, mas sim melhorar a eficiência dos
equipamentos, reduzindo o consumo por meio de tecnologias mais eficientes. Logo, pode-se
produzir mais, consumindo menos.
Já para os países que não pertencem a OECD, a estimativa é que o crescimento econômico
culmine no aumento de 69% no consumo de energia, entre 2010 e 2030. Desta forma, os países
não membros da OECD, que já eram responsáveis por 54% do consumo mundial de energia
em 2010, devem passar a consumir 65% da energia produzida no mundo em 2030. Ou seja, o
mundo em desenvolvimento vai passar a consumir quase dois terços da energia mundial em
2030, o que é uma grande novidade em relação ao que acontecia no século XX, quando os países
desenvolvidos monopolizavam o uso da energia.

2 - FONTES DE ENERGIA
Primeiramente, vamos definir o que são transportadores de energia como substância que
pode ser utilizada para produzir energia útil, de forma direta ou indireta por meio de um ou
mais processos de conversão entre energia Primária, Secundária e Final. A Figura 3 ilustra um
diagrama que mostra como os transportadores de energia se relacionam por meio de conversão
de energia.

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Figura 3 – Diagrama dos transportadores de energia e as formas de conversão. Fonte: o autor.

No diagrama da Figura 3 vemos que a energia primária é aquela que pode ser utilizada
diretamente ao ser extraída da natureza e convertida em energia final, como, por exemplo, a água
de um rio pode ser usada diretamente em uma hidrelétrica. Já a energia secundária é aquela
que deriva da energia primária por meio de um processo, como, por exemplo, o álcool precisou
ser processado a partir da cana de açúcar para se transformar em um transportador de energia.
Observe também que entre cada etapa da conversão da energia sempre existem diversas perdas
por conversão, distribuição, auto consumo, entre outras. Logo, quanto mais longa for esta cadeia,
maiores as perdas e menor o rendimento na produção de energia.
As fontes primárias de energia podem ser divididas em:

• Fontes convencionais – formas inicialmente utilizadas, que permitiram o uso


generalizado da eletricidade e que hoje são responsáveis pela maior parcela de energia
produzida.

• Fontes alternativas – são aquelas que diferem das tradicionais e que, embora hoje possam
ser utilizadas em menor escala, são importantes para o desenvolvimento sustentável no
futuro (especialmente, formas renováveis).

Dentre as fontes convencionais destacam-se as termoelétricas a carvão, óleo e gás


natural, as hidrelétricas, as usinas nucleares. Já as fontes alternativas são energia solar, eólica,
termoelétricas a biomassa, geotérmica, ondas/marés e células combustíveis.
Entre as fontes convencionais e alternativas misturam-se as fontes renováveis e não
renováveis, que são definidas como:

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• Fontes Não-Renováveis: são aquelas que tem, teoricamente, recursos naturais


limitados. Este limite depende do que há disponível no planeta. As fontes não-renováveis
são basicamente as convencionais, como o carvão, óleo, gás natural e nuclear.

• Fontes Renováveis: são aquelas que, independente do seu uso, podem ser utilizadas ao
longo do tempo sem a possibilidade de esgotamento. As fontes renováveis são basicamente
as alternativas, como a energia solar, eólica, biomassa, biocombustíveis, ondas/marés,
geotérmica, com exceção da hidrelétrica, que é uma fonte convencional.

Conforme mostra a Figura 4, no ano de 2017, de toda a energia produzida no mundo,


num total de 24.345 TWh, mais de 82% foram provenientes de fontes não renováveis (carvão,
gás, óleo e nuclear), enquanto uma pequena fatia ficou para as energias renováveis (solar, eólica,
geotérmica, marés e hidrelétrica). Neste cenário, destaca-se o carvão como a principal fonte
primária, com 39,3% e a hidrelétrica como a principal fonte renovável, com 16%.
Entretanto, o uso de uma dessas fontes para a produção de energia depende fortemente
das características locais e nacionais, ou seja, depende das fontes primárias de energia disponíveis
e das políticas e leis de cada país. Por exemplo, o Brasil tem um enorme potencial hidrelétrico
e o utiliza como a sua principal fonte de energia, sendo mais de 60% da energia produzida
proveniente desta fonte renovável (dados de 2015). O Japão, por outro lado, devido as suas
características geográficas não tem o mesmo potencial hidrelétrico que o Brasil, restando buscar
outras alternativas, como a energia nuclear para produção de energia.

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Além disso, mesmo que um local tenha potencial para utilizar uma determinada fonte
de energia, fatores econômicos também podem influenciar nesta escolha, uma vez que a energia
produzida deve ser barata para o consumidor final, especialmente em países subdesenvolvidos.

Figura 4 – Produção de energia no mundo em 2017, e a contribuição de cada fonte. Fonte: Energy Metal News
(2018).

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Em termos ambientais, a Figura 5 apresenta a quantidade de gramas de CO2 gerado por


Mega Joules de energia produzida, para diferentes fontes primárias de energia. Observa-se que
as energias renováveis não contribuem, ou contribuem muito pouco, para a geração de CO2,
quando comparada às fontes não-renováveis (com exceção da energia nuclear).

Os dados apresentados na Figura 5 são verdadeiros para a produção de energia,


ou seja, as fontes solar, eólica e hídrica, não produzem CO2 para gerar energia.
Entretanto, na realidade, mesmo estas fontes produzem gases do efeito estufa
ao longo de sua vida. Para entender este fato, é importante conhecer a Pegada de
Carbono.
A pegada de carbono é uma metodologia criada para medir as emissões de gases
do efeito estufa, que são convertidos em CO2 equivalente. Tais gases são emitidos
na atmosfera durante o ciclo de vida de um produto, de processo ou de um servi-
ço. Por exemplo, para fabricar um painel solar, uma grande quantidade de maté-
rias primas foram exploradas e posteriormente processadas. Todo este processo
consumiu energia (por vezes proveniente de uma fonte não-renovável) e emitiu
gases do efeito estufa. Obviamente, um painel solar irá produzir muito menos CO2

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que uma fonte não renovável ao longo de sua vida útil. Contudo, a verdadeira pe-
gada de carbono de cada fonte de energia é importante ser conhecida para um
planejamento mais efetivo da geração de energia.

Figura 5 – Produção de CO2 para diferentes fontes de energia primária. Fonte: National Energy
Board – Canada (2017).

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3 - O EFEITO ESTUFA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS


O efeito estufa é um processo natural, responsável por reter o calor proveniente do sol. É
devido a este fenômeno que a temperatura do planeta se mantém em uma faixa adequada para o
equilíbrio dos ecossistemas e sobrevivência das espécies, incluindo o homem. A Figura 6 ilustra
como ocorre o efeito estufa. O balanço de energia na Terra indica que de toda radiação solar que
chega na Terra, o que representa uma quantidade de energia de 1368 W/m2, conhecida como
constante solar, uma parcela, cerca de 31%, é prontamente refletida pela atmosfera de volta para o
espaço. Dos 69% que passa para a terra: 4% é refletida pelo solo, 17,5% é absorvida pela atmosfera
e 47,5% é absorvida pelo solo. Dos 47,5% absorvido pelo solo: 5,5% é reirradiado para o espaço,
e os outros 42% são novamente absorvidas pela atmosfera, sendo 29,5% pela evaporação de água
e 12,5% por condução e radiação. A energia absorvida pela atmosfera, portanto, é que mantem a
temperatura do planeta, resultado do efeito estufa.

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Figura 6 – Ilustração do efeito estufa. Fonte: Fragmaq (2016).

A ação humana, entretanto, tem afetado esta dinâmica do efeito estufa, elevando
a temperatura do planeta acima da faixa adequada para manter os ecossistemas e a vida.
A intensificação do efeito estufa desestabiliza o balanço de energia no planeta explicado
anteriormente, desencadeando o que chamamos de aquecimento global.
As emissões antropogênicas (causadas pelo homem), que resultam no agravamento
do efeito estufa, devem-se não apenas à emissão de carbono na atmosfera (na forma de CO2)
pela queima de combustíveis fósseis, mas também de outros gases que contribuem mais para o
aquecimento global do que o próprio CO2. Dentre eles, os mais importantes são: os CFCs (Cloro-
Fluor-Carbono) que foram muito utilizados na indústria da refrigeração, o metano e o óxido
nitroso. O metano, por exemplo, é 20 vezes mais potente que o CO2. A emissão demasiada destes
gases, juntamente com o CO2, resultando no CO2 equivalente agrava o efeito estufa e aumenta as
temperaturas do planeta. Conforme mostra a Figura 7, em que vemos claramente a correlação
entre os aumentos do CO2 equivalente (linha azul) e da temperatura média global (linha vermelha),
especialmente a partir dos anos 1800, com o aumento da industrialização mundial.

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Figura 7 – Correlação entre os aumentos do CO2 equivalente (linha azul) e da temperatura média global (linha ver-
melha). Fonte: Profpc (s/a).

O aumento da temperatura global desencadeia diversos problemas ambientais, como a


destruição de ecossistemas e o derretimento das geleiras, culminando na elevação dos níveis dos
oceanos. O IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas), órgão estabelecido

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pelas Nações Unidas, é quem investiga as mudanças climáticas devido a ação humana. O objetivo
do IPCC é prover informações para os governos elaborarem políticas relacionadas às mudanças
climáticas. Dentre algumas conclusões do IPCC:

• O aquecimento é inequívoco e existe maior certeza que o homem é o responsável pelo


aquecimento observado.
• O mundo aqueceu em média 0,85°C entre 1880 e 2012.
• Entre 1901 e 2010, o nível do mar elevou-se 19 cm. No cenário mais pessimista, a
elevação pode ser de mais de 80 cm até 2100.
• Alterações nas chuvas, correntes marinhas e do padrão dos ventos, e, como consequência,
o aumento da tendência de secas e enchentes.
• Fontes renováveis suprirão 80% da energia em 2050.
• Biomassa, energia eólica e energia solar serão, dentre as renováveis, as que mais estarão
contribuindo para a oferta de energia no mundo em 40 anos.
• Fontes renováveis poderão reduzir entre 220 Gt e 560 Gt da emissão de CO2 na atmosfera
em 40 anos.

Entre os maiores emissores de gases do efeito estufa, dados de 2010 mostram que 35%
vem do setor de produção de energia, 24% do uso da terra (agricultura, entre outros), 21% da
indústria, 14% do setor de transportes e 6% da construção civil. Vemos que o setor da energia
é o maior responsável pelas emissões desses gases. Assim, conforme destaca o IPCC, o uso de
energias renováveis no setor da produção de energia, conforme apresentado na Figura 4, é de
fundamental importância para minimizar as emissões antropogênicas de CO2, e reduzir a ação
do homem sobre as mudanças climáticas. Entretanto, vemos um contraste entre o aumento da
demanda por energia e o uso de energias renováveis, que são mais caras e algumas tecnologias
ainda estão em fase de aprimoramento e melhora na sua eficiência. Se não existirem políticas
eficazes como as propostas pelo IPCC, não haverá planejamento e o quadro atual pode se agravar.

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4 - SUSTENTABILIDADE
As fontes de energia renováveis e os recursos naturais são fundamentais para alcançarmos
o que chamamos de desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável consiste em
evitar a perda de recursos ambientais e de recursos disponíveis para as gerações futuras. Existem
alguns critérios propostos para avaliar sistemas de energia sustentáveis:

1. Compatibilidade econômica: os serviços de energia sustentável devem ser acessíveis.


Seus preços devem cobrir o custo total para a sociedade, ou seja, os custos externos devem
ser internalizados.

2. Compatibilidade ambiental: as entradas e saídas de e para cada elo da cadeia do sistema


de energia devem minimamente se intrometer nos fluxos e equilíbrios da natureza, ou
seja, não sobrecarregam a capacidade de suporte dos ecossistemas.

3. Compatibilidade sociopolítica: os elos tecnológicos do sistema de energia sustentável


devem ser tolerados pelo público em geral. Satisfazer os critérios precedentes será
fundamental para influenciar as percepções e atitudes do público.

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4. Compatibilidade intergeracional: os serviços de energia devem basear-se em fontes
de energia inesgotáveis ou no uso de fontes finitas que levem à criação de substitutos
sustentáveis (“sustentabilidade fraca”). Os resíduos do sistema energético não devem
representar um risco para as gerações futuras.

5. Compatibilidade de demanda: a qualidade dos serviços de energia não pode ser inferior
aos serviços equivalentes fornecidos pelo sistema estabelecido, ao contrário, deve ter o
potencial de se tornar significativamente melhor. As densidades de suprimento devem
corresponder às densidades de demanda.

5 - o panorâma brasileiro
A matriz energética brasileira é uma das mais limpas do mundo, com forte presença de
fontes renováveis. A Figura 8 apresenta a produção de energia elétrica no Brasil no ano de 2015,
distribuídas entre as diversas fontes de energia.

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Figura 8 – Matriz energética brasileira no ano de 2015. Fonte: EBC (2017).

Os dados fornecidos pela Empresa de Pesquisa Energética mostram que apesar de limpa,
a matriz brasileira é pouco diversificada. As hidrelétricas contribuem majoritariamente com 64%
da produção. Ter uma matriz energética pouco diversificada não garante a segurança energética
fundamental para o país. Por vezes, especialmente em períodos de estiagem, os brasileiros
enfrentam crises de abastecimento, apagões, racionamento e aumento nos preços das tarifas de
energia.
No cenário apresentado, ainda vemos uma grande contribuição de fontes não-renováveis,
como gás natural, derivados de petróleo, carvão e nuclear, totalizando quase 25% do total. O
uso destas fontes de energia tem sido feito, em geral, em caráter emergencial em períodos de
estiagem, como alternativa a evitar falha no abastecimento. Entretanto, as tarifas ficam mais caras
quando as termoelétricas são utilizadas.
Por fim, vemos pouca contribuição de biocombustíveis, eólica e solar fotovoltaica. O
Brasil possui enorme potencial para expandir estas três fontes renováveis, especialmente solar e
eólica na região nordeste.

6 - SISTEMAS DE CONVERSÃO COM CICLO RANKINE


A grande maioria das instalações de geração de energia elétrica, conhecidas como centrais
termoelétricas, consistem de ciclos de potência a vapor e suas derivações, que são baseados no
Ciclo Rankine. No ano de 2017, de toda a energia produzida no mundo, mais de 39,3% foram
provenientes de termoelétricas a carvão (Figura 4). A Figura 9 apresenta os componentes
principais de uma instalação simples de geração de potência a vapor.

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Figura 9 – Diagrama esquemático de um sistema de potência a vapor. Fonte: o autor.

Na caldeira é admitido o ar e o combustível que, devido ao processo de combustão


externa, fornecem energia na forma de calor para a água, que é fluido de trabalho. A queima

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do combustível gera gases de combustão (como o CO2) os quais são rejeitados para a atmosfera
através da chaminé. Ao passar pela caldeira, o fluido de trabalho é condicionado a alta pressão e
temperatura, que ao expandir na turbina, converte energia térmica em potência mecânica. O eixo
da turbina, acoplado a um gerador elétrico, converte a potência mecânica em potência elétrica.
Na saída da turbina o fluido de trabalho passa pelo condensador, retornando ao estado líquido
e, posteriormente, é bombeado de volta para a caldeira, fechando o ciclo. Estas usinas operam
com eficiência entre 30 e 42%. Na conversão de calor em energia o rendimento para a potência
de saída é de aproximadamente 25% a 40%.
Em quase toda totalidade das centrais termoelétricas, a energia utilizada é resultante da
queima de um combustível fóssil, como carvão, óleo ou gás. Como consequência, estas centrais
são responsáveis por emitir fuligens, fumaças (eventualmente contendo óxidos ou sulfetos
metálicos), que agravam a qualidade do ar; gases carbônicos (CO e CO2) resultados da queima
incompleta e completa do combustível; gases nitrogenados (NOx) dando origem a oxidantes
fotoquímicos, como o ozônio, a acidez atmosférica e a precipitação de nitratos no solo e nas
águas; gases sulfurosos (SOx) dando origem à acidez e à precipitação de sulfatos e sulfetos. Todos
estes gases impactam diretamente na atmosfera, agravam problemas de saúde e contribuem para
mudanças climáticas.
Devido a sua importância à produção de energia global, é muito oneroso e complexo
substituir todas as usinas termoelétricas por fontes renováveis, tanto por motivos econômicos
como por questões locais (disponibilidade de recursos e fontes renováveis em um determinado
país). Deste modo, o paradigma que fica é: como alterar este cenário e substituir o uso de
combustíveis fósseis sem substituir as usinas termoelétricas?
Conforme proposto pelo próprio IPCC, o uso de Bioenergéticos (ou Biomassa), que é
uma fonte renovável e pouco poluente quando comparado ao carvão, por exemplo (ver Figura
5), seria uma alternativa sustentável e viável, uma vez que as centrais a vapor são facilmente
adaptáveis a trocas de combustível. Outra forma de se utilizar o ciclo Rankine seria por meio
de usinas geotérmicas. Mas estas necessitam uma estrutura diferente das usinas a combustíveis
fósseis convencionais. Vamos explicar estas duas formas de produção de energia na sequência.

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6.1. Biomassa
Qualquer matéria orgânica usada como combustível e transformada em energia térmica
ou elétrica pode ser considerada um bioenergético ou biomassa. Um exemplo bastante comum
do nosso dia a dia de uma biomassa, com grande aproveitamento no Brasil, é o bagaço de cana,
que é um resíduo produzido em grande quantidade pelas usinas de açúcar e álcool.
Ao ser incinerado, um bioenergético libera calor e, assim, podem ser utilizados em uma
caldeira, para produzir o vapor utilizado em um ciclo Rankine, substituindo os combustíveis
fósseis. A quantidade de energia liberada pela queima de qualquer combustível (bio ou fóssil)
pode ser calculada por:

Q ̇=m ̇C PCI Eq.1

em que m ̇C é a vazão mássica de combustível (em kg/s) e o PCI (em kJ/kg) é o seu poder
calorífico inferior. Em anexo a esta unidade está uma tabela fornecida pela Alfa Laval, que traz
o PCI de diversos combustíveis fósseis e biomassas. Analisando esta tabela, observamos que o
PCI dos combustíveis fósseis são relativamente maiores que os dos bioenergéticos. Assim, para se
gerar a mesma quantidade de calor (), devemos queimar uma maior vazão de combustível quando
utilizamos as biomassas. Por outro lado, em termos ambientais, conforme mostra a Figura 5, a
produção de CO2 é relativamente menor quando comparado aos combustíveis fósseis.

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Todavia além de fornecer energia para acionar as caldeiras de centrais termoelétricas, a
biomassa terrestre pode desempenhar um outro papel muito importante para o meio ambiente:
como sumidouro de carbono. O carbono existente na atmosfera na forma de CO2 entra na
composição das moléculas orgânicas dos seres vivos a partir da fotossíntese, e a sua devolução ao
meio ocorre pela respiração aeróbica, pela decomposição e pela combustão da matéria orgânica.
Portanto, as plantas (ou biomassa) necessitam do CO2 para produzir a sua própria energia, e o
capturam do ar atmosférico. Contudo, a quantidade de CO2 que as plantas retiram da atmosfera
depende de vários fatores como local da floresta, condições climáticas e, também, da idade da
biomassa.
Conforme ilustra a Figura 10, quando a biomassa é nova, ela necessita de grande
quantidade de energia para se desenvolver. Essa energia é chamada de PPL, e corresponde a
taxa corresponde a taxa fotossintética total menos a energia utilizada pelas plantas para o seu
próprio metabolismo (respiração). A energia é proveniente da fotossíntese e, assim, a biomassa
retira grandes quantidades de CO2 da atmosfera, ao mesmo tempo que, por ser jovem, produz
pouca matéria orgânica que, ao se decompor, devolve CO2 para a atmosfera. Fazendo o balanço, a
planta jovem ajuda a controlar os níveis de CO2 presente na atmosfera. A medida que a biomassa
amadurece, ela passa a produzir maiores quantidades de matéria orgânica e a captação de CO2
diminui, até que o consumo e produção de gás carbônico se equivalem quando a planta está
madura.

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Figura 10 – Dinâmica do metabolismo ecológico. Fonte: o autor.

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Portanto, se retiramos a biomassa madura do meio ambiente e o repomos por uma
planta nova, podemos manter esta dinâmica sempre ativa e utilizar a biomassa coletada como
um combustível renovável. A Figura 11 apresenta um quadro esquemático de como funciona o
balanço de CO2 do uso completo de uma biomassa, desde o seu plantio, até sua colheita e uso
como biocombustível.
Durante o crescimento da biomassa, uma grande quantidade de carbono é retirado da
atmosfera para ser utilizado no metabolismo da planta. A medida que a floresta de biomassa
cresce, resíduos orgânicos são gerados, originando CO2 que retorna para a atmosfera. Quando
a floresta está madura ela é coletada. Durante a colheita existem emissões de carbono devido ao
uso de equipamentos e maquinários. Dentre os produtos da biomassa, um deles é o utilizar como
fonte de bioenergia. Quando utilizado como combustível, a biomassa produz carbono devido a
sua combustão. Entretanto, emissões são evitadas quando usamos um biocombustível ao invés
de um combustível fóssil. Ao replantar a floresta de biomassa este ciclo reinicia, e podemos,
portanto, classificá-lo como renovável.

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Figura 11 – Balanço de carbono no ciclo da biomassa. Fonte: Fiorese; Guariso (2013).

Obviamente, este ciclo da biomassa deve ser planejado de forma sustentável para não

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trazer danos ao meio ambiente. Por exemplo, se muita biomassa for retirada do ambiente em um
curto espaço de tempo, sem planejamento, de modo que provoque danos ao solos e ao ecossistema,
danos severos ao meio ambiente podem resultar desta exploração do recurso natural.
Os bioenergéticos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos:

• Sólidos: resíduos de floresta, agricultura, fração biodegradável de resíduos industriais


e resíduos urbanos. Dentre eles, destacam-se a palha de arroz, bagaço de cana, madeiras
em geral, pó de madeira, papel, tecidos, entre outros.

• Líquidos: são os combustíveis como o biodiesel e o etanol. O etanol pode ser produzido
a partir da cana-de-açúcar. Já o biodiesel pode ser produzido a partir de gorduras animais
ou de vegetais como a mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, soja, entre outros.
Rejeitos de óleo de cozinha também podem ser convertidos em biodiesel.

• Gasosos: são os biogases, produzidos a partir da mistura de CO2 e metano por meio
de bactérias fermentadoras em matérias orgânicas. A matéria prima para produção de
biogás pode ser esterco, bagaços vegetais, lixo orgânico, entre outros. O biogás mais
conhecido é metano.

Dentre os exemplos citados, o caso do etanol e do bagaço de cana é o mais interessante. A


Figura 12 ilustra todo o ciclo em uma usina de açúcar e álcool, que produz o biocombustível para
vender e abastecer os nossos veículos, dentre outros usos, e reaproveita o seu resíduo (bagaço)
como biomassa sólida para produção de energia elétrica ou de vapor superaquecido para ser
utilizado em diversos processos industriais. A energia elétrica produzida pode ser utilizada pela
própria usina, e/ou ser vendida para a concessionária para o uso comum.

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Figura 12 – Ilustração de uma usina de açúcar e álcool, com a utilização do bagaço de cana como biomassa para

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produção de energia elétrica. Fonte: Bernardo (s/a).

Sumarizando, dentre vantagens da biomassa, podemos destacar:

• É uma energia renovável.

• Menor emissão de poluentes, se comparado à queima de combustíveis fósseis, diminuição


do CO2 na atmosfera.

• Capacidade de reaproveitamento de resíduos, o que pode ser uma solução para o destino
final de lixo urbano.

• Mais barata do que a energia gerada em termoelétricas movidas a combustíveis fósseis.

• Menor corrosão dos equipamentos (caldeiras, fornos etc.).

Dentre as desvantagens, destacamos:

• Se não for planejado, pode causar o desmatamento de florestas, além da destruição de


habitats.
• Em geral, possuem menor poder calorífico quando comparado com os combustíveis
fósseis.
• Os biocombustíveis líquidos contribuem para a formação de chuvas ácidas;

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6.2. Usinas Geotérmicas


Uma usina geotérmica aproveita as atividades vulcânicas do interior da terra como fonte
de calor. Conforme ilustra a Figura 13, um poço é perfurado em uma região onde a atividade
vulcânica é mais próxima à superfície, o que permite trazer para a utilizar o vapor a alta temperatura
e pressão. Este vapor é levado à superfície por meio de dutos. O vapor superaquecido (ou água
quente a alta pressão) pode ser: (A) expandido diretamente na turbina; ou (B) ser utilizado em um
trocador de calor que aquece uma nova quantidade de vapor para, enfim, ser utilizado na turbina,
conforme ilustra a Figura 13. O eixo da turbina conectado a um gerador produz energia elétrica.
O vapor que sai da turbina é condensado. No caso (A) o condensado é bombeado diretamente
para o poço para ser novamente convertido em vapor, enquanto no caso (B) o vapor proveniente
do fundo da terra tem um ciclo fechado e, após condensado no trocador de calor, retorna para o
poço.
Comparando os casos (A) e (B), uma simples análise permite verificar que o caso (A), em
que o vapor proveniente do fundo da terra é diretamente expandido na turbina é mais eficiente,
uma vez que não temos as perdas e irreversibilidades associadas ao uso de um trocador de calor
intermediário como no caso (B). Por outro lado, o caso (B) tem operação mais segura, uma vez
que a pressão e temperatura do vapor que entra na turbina são controlados no trocador de calor.
É importante destacar que temos, em uma usina geotérmica, o ciclo Rankine completo,
entretanto, não temos uma caldeira e nem a necessidade da queima de um combustível. Logo,

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dentre as energias renováveis, a energia geotérmica é considerada uma das mais limpas e viáveis
economicamente.

Figura 13 – Ilustração de uma usina geotérmica. Fonte: Abreu (2017).

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Existem diversos locais ao redor do planeta onde a atividade vulcânica está perto o
suficiente da superfície, permitindo a instalação de uma usina geotérmica. Países como o México,
Estados Unidos, Japão, Itália e Nova Zelândia já vêm utilizando esta fonte de energia, mas em
pequena escala. O Brasil não possui nenhuma usina geotérmica.
Dentre as inúmeras vantagens da fonte geotérmica, destacamos:

• É mais barata que a gerada por combustíveis fósseis.

• Não produz CO2 pela queima de um combustível.

• Há a disponibilidade de energia independente de variações de chuvas, níveis de rios,


disponibilidade de combustível, entre outros.

• A área requerida para a instalação da usina é pequena.

• Pode abastecer comunidades isoladas.

• Possui um baixo custo de operação, devido ao baixo custo do combustível.

As principais desvantagens são:

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• Pode levar o campo geotérmico local ao esgotamento.

• Altos custos para reconhecimento do local para a futura instalação da usina.

• O vapor d’água vindo do interior da Terra contém diversos gases dissolvidos, entre eles o
ácido sulfídrico, que possui um odor desagradável. Este ácido, em baixas concentrações,
provoca apenas náuseas, mas, em concentrações mais elevadas, é corrosivo e nocivo à
saúde.

Atualmente, cerca de 25 países têm utilizado a energia geotérmica, contudo o


Brasil não se encontra neste conjunto. Por que será que o Brasil, um dos países
do mundo que apresentam maior potencial para produção de energias renováveis
não tem potencial para utilização da fonte geotérmica? Em geral, na maior parte
dos locais onde as usinas geotérmicas são instaladas existem transição entre as
placas tectônicas da crosta terrestre. Pesquise e descubra a correlação entre a
transição das placas tectônicas e o potencial para uso da energia geotérmica.

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Existem diversos artigos informativos quanto ao tema apresentado na Unidade I.


Dentre eles, destacamos alguns artigos que discutem o potencial brasileiro quan-
to a utilização de fontes renováveis e como ele é pouco explorado, como o artigo
Para onde caminha a geração de energia do Brasil, 2017. Disponível em <http://
www.ebc.com.br/especiais/energias-renovaveis>.

Também sugerimos que o aluno busque artigos, livros e apostilas sobre energias
renováveis, em especial que tratem de biomassas e energia geotérmica. Dentre
eles, indicamos o artigo de SOUZA, V. H. A. et al. Aspectos sustentáveis da bio-
massa como recurso energético. Revista Augustus, v. 20, nº 40, p. 105-123, 2016;
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Atlas de energia elétrica no Brasil,
2002. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/livro_atlas.pdf >.

CARDOSO, B. M. Uso da Biomassa como alternativa energética. Universidade Fe-


deral do Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/mo-
nografias/monopoli10005044.pdf>.

ARBOIT, N. K. S. et al. Potencialidade de utilização da energia geotérmica no

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Brasil – uma revisão de literatura. Revista do Departamento de Geografia – USP,
Vol. 26, p. 155-168, 2013. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rdg/ article/
view/75194/78742>.

Um vídeo que explica bem como funciona a matriz energética brasileira:


• Energias renováveis: para onde caminha a geração do Brasil, publicado pela EBC
Agência Brasil (2017).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?time_continue=70&v=4seod-
01mHNg >. Acesso em: 22 jan. 2019.
Para mais informações sobre biomassa, vejam os vídeos:
• Fontes Renováveis de Energia 4 - Biomassa, publicado pela TV USP Piracicaba
(2013).
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v= QrGh4p_TYt8>. Acesso em:
22 jan. 2019.
• O uso da biomassa é alternativa para produção de energia, publicado pela TV
NBR (2013).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v= wWsFqqyJXuM>. Acesso
em: 22 jan. 2019.
Para mais informações sobre energia geotérmica, veja o vídeo:
• O poder da Energia Geotérmica, publicado pela National Geographic (2016).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=oPcXNdVy1Ik>. Acesso em:
22 jan. 2019.

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7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta primeira unidade da disciplina sobre Energias Renováveis foram apresentados, de
maneira introdutória, algumas definições importantes para o acompanhamento da disciplina, bem
como para reconhecermos a importância do uso de energias renováveis na atualidade. Conforme
os cenários catastróficos apresentados pelo IPCC, as mudanças climáticas podem se agravar
ainda mais, culminando no aquecimento global, destruição de ecossistemas, derretimentos das
geleiras, entre outras consequências. A mudança de hábitos e o uso de energias renováveis é
fundamental para frear este cenário.
Também vimos que as usinas termoelétricas a carvão e gás ainda são as mais utilizadas
como fonte primária para produção de energia elétrica. Contudo, existem alternativas interessantes
para substituir o uso de combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, mitigar as mudanças climáticas
com a utilização de biomassas. A bioenergia é uma das energias renováveis mais versáteis por
possibilitar a produção de energia elétrica, com emissões níveis de emissões de carbono muito
baixos. Por fim, falamos da energia geotérmica, considerada dentre as fontes mais limpas e
baratas para produção de energia. Esta última, devido as condições geográficas do seu território,
tem pouco potencial para ser utilizada no Brasil. Entretanto, é uma alternativa importante para
outros países, com o objetivo de reduzir emissões de CO2.

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PODER CALORÍFICO INFERIOR

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Fonte: Alfa Laval (s/d).


Disponível em: <http://www.aalborg-industries.com.br/downloads/poder-calorifico-inf.pdf>

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02
DISCIPLINA:
ENERGIAS RENOVÁVEIS

HIDRELÉTRICAS
PROF. DR. PAULO VINICIUS TREVIZOLI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................... 26
1 - A ENERGIA HIDRÁULICA.................................................................................................................................. 27
2 - CENTRAIS HIDRELÉTICAS............................................................................................................................... 27
3 - CLASSIFICAÇÃO DAS USINAS HIDRELÉTRICAS........................................................................................... 30
3.1. TIPOS DE BARRAGEM E RESERVATÓRIOS................................................................................................... 30
3.2. ALTURA DE QUEDA D’ÁGUA E TIPO DE TURBINA....................................................................................... 32
3.3. POTÊNCIA INSTALADA................................................................................................................................ 33
4 - IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS CAUSADOS POR INSTALAÇÕES HIDRELÉTRICAS................................ 33
5 - PRINCIPAIS COMPONENTES DE UMA CENTRAL HIDRELÉTRICA............................................................. 34
5.1. BARRAGEM E RESERVATÓRIO...................................................................................................................... 35

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5.2. VERTEDOURO.................................................................................................................................................. 36
5.3. SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA E CONDUTOS FORÇADOS................................................................... 36
5.4. CANAL DE FUGA E DESCARGA DE FUNDO................................................................................................... 37
5.5. CASA DE FORÇA: GERADORES E TURBINAS............................................................................................... 37
5.5.1. GERADORES.................................................................................................................................................. 37
5.5.2. TURBINAS.................................................................................................................................................... 38
6 - AVALIAÇÃO DE UM APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO............................................................................. 40
7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................... 48

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INTRODUÇÃO
A matriz energética brasileira, que seria a energia ofertada à sociedade para produção de
bens de consumo e serviços, é uma das mais limpas do mundo. Conforme apresentado na Figura
8 da Unidade I, mais de 75% da energia produzida no Brasil vem de fontes renováveis, sendo 64%
do total a partir de usinas. No mundo, a fonte hidroelétrica corresponde a apenas 17% do total
produzido.
O uso desta fonte no Brasil se deve ao fato de que o nosso país detém o maior potencial
hidrelétrico do mundo, sendo 70% deste potencial nas bacias do Amazonas e do Tocantins/
Araguaia. A maior usina hidrelétrica brasileira, na realidade binacional (Brasil e Paraguai), é a
Usina Binacional de Itaipu, localizada no Rio Paraná com capacidade instalada de 14000 MW.
Somadas as 10 maiores usinas hidrelétricas do Brasil, a capacidade total seria de mais de 54 000
MW.
Nesta unidade falaremos sobre a energia hídrica e hidrelétrica, apresentando suas
características, componentes e como calcular o potencial hidrelétrico de um aproveitamento.
Também falaremos um pouco sobre as principais centrais hidrelétricas brasileiras.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 2

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1 - A ENERGIA HIDRÁULICA
A energia hidráulica, ou energia hídrica, é aquela obtida por meio do aproveitamento da
energia potencial e cinética das correntes de água em rios, mares ou quedas d’água. É considerada
uma fonte de energia renovável e limpa.
Para entender o seu credenciamento como uma energia renovável, precisamos saber sobre
o ciclo da água, ilustrado na Figura 1. O ciclo da água se origina com o processo de evaporação
da água da superfície de rios, lagos, oceanos, pela transpiração dos seres vivos e pelo uso da água
pelos seres humanos. O vapor d’água, proveniente da evaporação, forma as nuvens na atmosfera
que, ao entrar em contato com as camadas mais frias da atmosfera, retornam ao estado líquido,
resultando na precipitação, na forma de chuva ou neve. A água da chuva ou neve derretida se
infiltra no solo, formando ou renovando os lençóis freáticos, bem como restabelece os níveis
dos rios, lagos e açudes. Desta forma, a água utilizada para produzir energia elétrica é reposta
por meio da chuva. Uma vez que o ciclo da água é infinito, podemos classificar a energia hídrica
como renovável.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 2

Figura 1 – O ciclo da água. Fonte: Planeta Biologia (s/a).

2 - CENTRAIS HIDRELÉTICAS
Uma central hidrelétrica, ilustrada na Figura 2, converte a energia potencial hidráulica,
em energia cinética (rotação) em uma turbina que, por sua vez é convertida em energia elétrica.
A energia elétrica em uma usina hidroelétrica é gerada pela passagem da água através de uma
turbina, sendo que o seu eixo está acoplado a um gerador elétrico (síncrono de polos salientes),
formando o conjunto turbina gerador. Esse conjunto gira a velocidades relativamente baixas, de
50 a 300 rpm, quando comparadas às turbinas a vapor.

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A energia potencial gravitacional está armazenada no reservatório, o qual é formado


pela barragem da usina. A água contida no reservatório escoa pelo conduto forçado (duto, na
figura), que a leva para a unidade geradora. O conduto forçado, portanto, converte a energia
potencial em energia cinética. Na unidade geradora está presente o conjunto turbina-gerador. A
turbina irá converter a energia cinética em energia mecânica e, ao girar o seu eixo acoplado ao
gerador, converte energia mecânica em energia elétrica. A energia elétrica produzida passa por
subestações elevadoras e, posteriormente, é distribuída para uso.

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Figura 2 – Diagrama esquemático de uma usina hidrelétrica. Fonte: Infotec-ASF (2013).

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Dentre as vantagens de uma usina hidrelétrica, podemos destacar:


• Fonte renovável.
• É uma fonte energética de baixo custo.
• Flexibilidade e a capacidade de armazenamento.
• Não produz CO2, pelo contrário, os reservatórios auxiliam no combate às mudanças
climáticas agindo como sequestradores de carbono.
• Coletam água das chuvas, a qual pode ser também utilizada para consumo humano,
irrigação em lavouras, entre outros.
• Desenvolvimento de infraestruturas, impulsionando a construção de estradas e
comércios, melhorando a vida das comunidades.
• Não corre o risco de esgotamento, possuem uma ampla vida útil.
• São consideradas como meios pelos quais é possível se alcançar o desenvolvimento
sustentável. 

Das desvantagens, destacamos:


• Expropriações de comunidades indígenas ou tradicionais.
• Desmatamento, perda do equilíbrio do ecossistema, pois as represas necessitam de amplas
áreas, inundando florestas e a vegetação nativa. O desmatamento pode desencadear um
desequilíbrio aos ecossistemas locais.
• A formação de represas afeta a vida aquática, havendo perdas de espécies de peixes.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 2


• Mudanças no clima local, pois o reservatório concentra uma ampla quantidade de água,
aumentando a transpiração nos locais onde as hidrelétricas estão instaladas.
• Podem alterar os regimes de chuvas na região, assim como a temperatura.

Os reservatórios das usinas hidrelétricas são capazes de armazenar energia na


forma potencial. Em um local ou país onde a energia seja majoritariamente feita
por energias renováveis, como solar e eólica, as hidrelétricas poderiam ser utili-
zadas como armazenador de energia. Assim, quando as outras fontes de energia
falhassem, as hidrelétricas seriam ativadas para suprir a demanda por energia.
Essa seria uma estratégia eficiente e não poluente para garantir a segurança ener-
gética de um país. O atual modelo brasileiro, em que maior parcela da produção
é dependente das hidrelétricas, quando elas necessitam reduzir a sua produção
(como em períodos de estiagem), as termoelétricas são ativadas. Contudo, elas
são mais caras para produzir energia, além de serem poluentes. Será que não se-
ria uma boa alternativa o Brasil investir em outras fontes renováveis e deixar suas
hidrelétricas como reservatórios de energia? Reflita!

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3 - CLASSIFICAÇÃO DAS USINAS HIDRELÉTRICAS


As principais variáveis utilizadas na classificação de uma usina hidrelétrica são: (A) o
tipo de barragem e reservatório; (B) altura da queda d’água e tipo de turbina empregada; e (C) a
capacidade ou potência instalada.

3.1. Tipos de Barragem e Reservatórios


Para a operação de um aproveitamento hidrelétrico, primeiramente deve-se garantir o
seu desnível. Os desníveis podem ser naturais, como cachoeiras pré-existentes, ou construídos na
forma de barragens por meio de desvio do curso natural dos rios para formação de reservatórios.
A finalidade da barragem é interromper o ciclo natural do rio, criando um reservatório
d’água. Já o reservatório tem outras funções além da estocagem de água como:

• Criação do desnível de água.


• Captação de água em volume adequado para produção de energia.
• Regulação da vazão dos rios em tempos de chuva e estiagem.

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Os principais tipos de reservatórios são os de acumulação e os fios d’água, apresentados
na Figura 3.

Figura 3 – Usina com reservatório de acúmulo (à esquerda); reservatório de fio d’água (à direita). Fonte: Sergio
Nobre (2013).

Os reservatórios de acumulação são formados nas cabeceiras dos rios e, ao interromper o


seu curso natural, resultam em grandes reservatórios com grande acúmulo de água. O principal
exemplo de uma usina com reservatório de acumulação é a Usina de Itaipu, a qual possui uma
área alagada de 1,4 mil km2 e tem capacidade de 14 mil MW. Estes tipos de usina resultam em
um grande impacto ambiental por causa da imensa área alagada resultante da formação do
reservatório. Contudo, os reservatórios ajudam a manter a produção de energia durante os
períodos mais secos, ao armazenar energia potencial. Logo, as usinas de acumulação garantem a
segurança energética nacional.

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Já os reservatórios de fio d’água aproveitam a velocidade das águas do rio para movimentar
as turbinas. Como se aproveita a energia cinética da própria corrente do rio. Assim, necessita
de menores desníveis, bem como de reservatórios com mínimo de acúmulo de água, além de
preservar o curso natural do rio. O principal exemplo é a Usina de Belo Monte, a qual possui
uma área alagada de 0,5 mil km2 e tem capacidade de 11,2 mil MW. Os tipos de turbinas que são
utilizados nestas usinas que usam estes tipos de reservatório também são diferentes, conforme
será explicado adiante.
Comparativamente, qual seria o melhor tipo? As usinas de fio d’água são uma opção
mais sustentável, pois não utiliza grandes reservatórios de água, reduz a estrutura das barragens
e a dimensão dos alagamentos. Mesmo dispensando grandes reservatórios, essas usinas mantêm
uma reserva mínima para garantir sua operação e estabilidade. Por outro lado, somente as usinas
de acúmulo garantem maior segurança energética ao país nos períodos de seca.

Existe um terceiro tipo de reservatório, é o Reservatório Reversível, ilustrado na


figura a seguir. Eles utilizam um conjunto bomba-turbina e possuem reservatório
à montante (superior) e outro, de menores dimensões, à jusante (inferior) da uni-
dade geradora. Em períodos de baixa demanda em que o preço da energia não
é atrativo (alto), água é bombeada do reservatório à jusante para a montante a

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outro reservatório, sendo consumida energia para o bombeamento. Em períodos
de pico, quando o preço pago pela energia é elevado aciona-se a turbina para pro-
duzir energia. Assim, o balanço entre produção e consumo, e também financeiro,
é positivo o que viabiliza tal tipo de usina. O armazenamento hidráulico também
pode ser considerado quando a entrada de água através das chuvas não é sufi-
ciente para manter as represas.

Fonte: Caneles et al (2015).

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3.2. Altura de Queda D’água e Tipo de Turbina


Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), define-se a altura de queda
d’água como baixa até 15 m, média de 15 a 150 m, e alta para alturas maiores que 150 m. Entretanto
estas medidas para a classificação não são um consenso, sendo possível encontrar outros valores
em outras referências.
Para cada altura de queda, combinada com a sua vazão, existe um tipo de turbina
adequado para ser utilizada, conforme ilustra a Figura 4. Observe nesta figura que as referências
para as alturas baixa, média e alta são diferentes daquela proposta pela ANEEL. Para alturas () de
quedas elevadas ( 200 m), com baixas vazões (), utilizam-se turbinas de ação. A mais comum é a
turbina tipo Pelton. Já para alturas médias (30 200 m), para vazões médias, utilizam-se turbinas
de reação do tipo Francis. Por fim, para baixas alturas ( 30 m) e vazões altas utilizam-se turbinas
de reação do tipo Kaplan e do tipo Bulbo, sendo esta última não mostrada na figura a seguir, mas
que são utilizadas nas usinas de fio d’água. A altura de queda e a vazão também estão relacionadas
à potência instalada. A potência () e as faixas de rotação para cada turbina são temas abordados
mais adiante nesta unidade.

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Figura 4 – Relação altura de queda d’água com o tipo de turbina. Fonte: Martins (s/a).

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3.3. Potência Instalada


A potência instalada determina se a usina de é grande ou médio porte, ou se é uma
Pequena Central Hidrelétrica (PCH). A Figura 5 apresenta um quadro comparativo entre as
maiores usinas hidrelétricas brasileiras. Segundo a ANEEL:

• Micro centrais geradoras – produzem até 1 MW.


• PCHs – produzem de 1 a 30 MW.
• Usina Hidrelétrica – produzem mais que 30 MW.

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Figura 5 – Comparativo entre as maiores usinas hidrelétricas brasileiras. Fonte: Folha de São Paulo (2013).

4 - IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS CAUSADOS POR


INSTALAÇÕES HIDRELÉTRICAS
Uma instalação hidrelétrica traz diversos benefícios para as comunidades locais, como o
desenvolvimento de estradas e comércio, bem como para a segurança energética do país. Por outro
lado, apesar de ser uma fonte de produção de energia limpa, pois não produz CO2 na geração, ela
causa diversos impactos socioambientais no local da instalação da usina e seus entornos.
De maneira gera, a vida da população local é profundamente afetada. Por vezes, as áreas
inundadas pela formação da represa faziam parte de plantações, áreas indígenas, quilombolas,
ribeirinhas, ou seja, de comunidades cuja sobrevivência depende da utilização dos recursos
locais, além dos vínculos de cunho religioso e espiritual com o local. Por vezes, comunidades
inteiras devem ser deslocadas e suas residências são inundadas pelo reservatório. Um exemplo, é
a grande discussão entorno da Usina de Belo Monte, cujo reservatório inundou áreas indígenas.
Um outro exemplo, com a formação da represa de Itaipu, As Sete Quedas, que era localizada no
município de Guaíra (PR), desapareceu, sendo perdida uma beleza natural, a qual era explorada
de forma turística por comerciantes locais.

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Quanto aos impactos ambientais, é inevitável a morte de organismos da fauna e flora do


local onde o reservatório se forma. Mesmo com planejamento prévio, não se pode assegurar que
todos os animais que compõem o ecossistema serão salvos, além das mudanças nos seus habitats.
Além disso, o solo inundado se torna inutilizável para qualquer finalidade.
Os impactos ambientais se agravam em regiões planas, como a região amazônica. Se o
terreno apresenta baixo desnível, uma maior quantidade de água deverá ser armazenada resultando
numa extensa área de reservatório, impactando ainda mais no ecossistema local. Observe na
Figura 5 que as usinas localizadas nas regiões norte e nordeste possuem um reservatório extenso
quando comparada a sua capacidade de produção de energia.
Sobre os rios, os quais possuem um equilíbrio dinâmico entre descarga, velocidade média
da água, carga de sedimentos e morfologia do leito, a construção de reservatórios afeta esse
equilíbrio, causando mudanças de ordem hidrológica, não apenas no local do represamento, mas
também na área do entorno e no leito abaixo da represa. Assim, é inevitável a morte de peixes.

5 - PRINCIPAIS COMPONENTES DE UMA CENTRAL


HIDRELÉTRICA
Para que a produção de energia hidrelétrica ocorra é necessário que exista uma integração

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entre a vazão do rio, o desnível do terreno (natural ou não) e a quantidade de água disponível.
O sistema de uma usina hidrelétrica é composto pelos componentes apresentado na Figura 6 e
explicados a seguir.

Figura 6 – Componentes de usinas hidrelétricas brasileiras. Fonte: Gonçalves (2012).

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5.1. Barragem e Reservatório


A finalidade da barragem é interromper o ciclo natural do rio, criando um reservatório
de água. O reservatório tem outras funções, além de estocar água, como: criar o desnível, captar
água das chuvas ou outras fontes, regular a vazão dos rios nos períodos de chuva e estiagem,
armazenam nos períodos chuvosos, entre outras. Os reservatórios podem ser de:

• Compensação, os quais possuem volume suficiente apenas para regularização das


descargas semanais ou diárias. São os reservatórios das usinas de fio d’água.
• Acumulação, os quais são maiores, com capacidade para regularizar vazões de um mês
ou ano.

Já as barragens podem ser de concreto ou de aterro. As de concreto são de gravidade,


as quais resistem a força da água pelo próprio peso e transmitem as solicitações de carga à sua
fundação; e em arco ou em abóbada, as quais possuem uma curvatura horizontal que permite
transmitir a força da impulsão da água para as margens. As barragens de aterro podem ser:
de terra, constituídas de solo compactado por equipamentos mecânicos; ou de enrocamento,
constituídas por blocos de rocha de tamanhos diferentes cuja vedação é obtida através de uma
membrana impermeável, que pode ser de solo impermeável, concreto armado, concreto asfáltico,
aço, entre outros. A usina de Itaipu Binacional possui diversas barragens, de diferentes tipos

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 2


como de enrocamento, aterro e a barragem principal de concreto de gravidade, conforme mostra
a Figura 7.

Figura 7 – Barragem da Usina de Itaipu Binacional. Fonte: Itaipu Binacional (s/a).

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5.2. Vertedouro
O vertedouro permite a saída de água sempre que o nível do reservatório ultrapassa os
limites recomendáveis. Isso ocorre normalmente nos períodos de chuva. Eles são dimensionados
para garantir o escoamento do excedente de água, quando o reservatório está com 60 a 80% de
sua capacidade, e possuem um mecanismo para reduzir a velocidade da descarga. O vertedouro
da Usina de Itaipu Binacional é mostrado na Figura 8. Assim, o vertedouro é aberto quanto:

• A produção de energia elétrica é prejudicada porque o nível de água está acima do nível
ideal.
• Para evitar o transbordamento e, consequentemente, as enchentes no entorno da usina.

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Figura 8 – Vertedouro da Usina de Itaipu Binacional. Fonte: Itaipu Binacional (s/a).

5.3. Sistema de Captação de Água e Condutos Forçados


O sistema de captação de água é composto por túneis, canais e condutos metálicos que
levam água até a casa de força. Na entrada do sistema de captação existe um sistema de proteção
composto por grades e comportas. As grades agem como filtros. Já as comportas permitem isolar
a água do reservatório das turbinas, permitindo trabalhos de manutenção.
Os condutos forçados são as tubulações onde a água escoa sob pressão. Eles podem ser
compostos pela:

• Câmara de carga: interliga o sistema de baixa pressão em canal com o de alta pressão.
Durante a partida, a câmara de carga garante que não entre ar no conduto forçado, já nas
paradas bruscas, ela garante estabilidade ao sistema de adução.
• Chaminé de equilíbrio: interliga o sistema de baixa pressão em encanamento com o
de alta pressão. Durante a partida, a chaminé de equilíbrio garante que não entre ar no
conduto forçado, já em momentos de variação da vazão ela suaviza os efeitos do golpe de
aríete.
• Duto forçado: sistema de alta pressão que leva a água às turbinas hidráulicas.

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5.4.Canal de Fuga e Descarga de Fundo


Após passar pelas turbinas, a água retorna ao leito natural do rio pelo canal de fuga. Ele
está localizado entre a casa de força e o rio e, portanto, o seu dimensionamento depende do
tamanho da casa de força e do rio.
Já a descarga de fundo é uma abertura em forma de galeria ou túnel, fechada por comporta
ou válvula, que atravessa ou circunda a barragem. Ela tem como finalidades: esvaziar ou rebaixar
o nível d’água para realização de manutenção; eliminar sólidos decantados no reservatório; liberar
água durante parada das turbinas, escoar águas de enchentes, desviar o rio durante a construção
da barragem.

5.5. Casa de Força: Geradores e Turbinas


Na casa de força é onde se encontram as turbinas conectadas aos seus respectivo geradores,
além de equipamentos auxiliares e o canal de fuga. As casas de força são projetadas com a visão de
operação e manutenção, isto é, facilitar montagem e desmontagem dos equipamentos instalados.
A Figura 9 apresenta a estrutura principal de uma casa de força.

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Figura 9 – Estrutura principal da casa de força. Fonte: Campana (2013).

5.5.1. Geradores
As centrais hidrelétricas operaram em baixa rotação. Por isso, utilizam geradores
síncronos, de polos salientes, com grande número de polos, geralmente múltiplos de 4 polos. Ao
operar, os geradores produzem correntes parasitas, as quais por efeito Joule, o aquece. Assim, as
máquinas de grande porte necessitam sistema de refrigeração.

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Para determinar o número de polos de um gerador, a Equação 1 é utilizada:

Eq.1

em que rpm é a rotação da turbina e, portanto, do gerador, pois estão acoplados diretamente
no mesmo eixo, f é a frequência rede (no Brasil, f=60 Hz), e p é o número de polos.

5.5.2. Turbinas
As turbinas são máquinas hidráulicas que convertem energia mecânico-hidráulica em
energia mecânico-motriz. São máquinas reais, ou seja, a energia disponibilizada em seu eixo
mecânico é menor do que aquela fornecida pelo fluido. O rendimento da turbina é definido como
a razão da potência mecânico-motriz pela potência mecânico-hidráulica
As turbinas são classificadas em turbinas de ação, reação e para pequenos desníveis.
Conforme apresentado anteriormente, a turbina mais apropriada para cada usina hidrelétrica
depende da altura de queda e da vazão. Por exemplo, nas usinas de fio d’água, são utilizadas
turbinas do tipo bulbo por não exigir a existência de grandes reservatórios e ser indicada para
baixos desníveis e altas vazões.
As turbinas de ação transformam energia cinética da água em trabalho. São construídas
com eixo vertical ou horizontal, sendo que o rotor da turbina gira no ar. Dentre as turbinas de ação

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destacam-se as turbinas Pelton, Michell-Banki e Turgo. No tipo Pelton, apresentada na Figura 10,
na entrada da turbina, um ou mais bicos injetores aceleram do fluxo de água, formando um jato,
e o direciona de modo que o jato d’água colida com a pá da turbina em um ângulo otimizado.

Figura 10 – Turbina Pelton. Fonte: Melo (s/a); Rickly (s/a).

As turbinas de reação transformam as energias cinética e de pressão da água em trabalho.


O seu rotor fica dentro da corrente d’água, e o fluxo d’água é orientado e distribuído igualmente
pela região periférica. Dentre as turbinas de reação destacam-se as turbinas Francis e Kaplan,
apresentadas nas Figuras 11 e 12, respectivamente.
Já as turbinas para pequenos desníveis, são as utilizadas para usinas de fio d’água. Dentre
as principais estão as Tipo S e Bulbo. A Turbina Bulbo é apresentada na Figura 13. Por fim, a
Figura 14 apresenta uma curva que relaciona a altura da disponibilidade e a vazão, resultando na
potência hidráulica. Para cada faixa de vazão, altura e potência, existe um tipo de turbina ideal a
ser utilizada em uma usina hidrelétrica.

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Figura 11 – Turbina Francis. Fonte: Melo (s/a); Voith (s/a).

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Figura 12 – Turbina Kaplan. Fonte: Melo (s/a); Direct Industry (s/a).

Figura 13 – Turbina Bulbo. Fonte: Melo (s/a); Voith (s/a).

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Figura 14 – Curva de altura da disponibilidade em função da vazão, sendo indicado tipo de turbina ideal para cada
aplicação. Fonte: Henn (2006).

Ao observarr a Figura 14, vamos analisar a linha de potência constante de 10000 kW.
Uma usina hidrelétrica que possui potência hidráulica de 10000 kW poderá utilizar qualquer
tipo de turbina (observe que a escala do gráfico varia):

• Tipo Pelton, para combinações de vazão entre, aproximadamente, 0,6 e 6 m3/s, e alturas
entre, aproximadamente, 200 e 1800 m.
• Tipo Francis, para combinações de vazão entre, aproximadamente, 3 e 70 m3/s, e alturas
entre, aproximadamente, 15 e 350 m.
• Tipo Kaplan, para combinações de vazão entre, aproximadamente, 15 e 200 m3/s, e
alturas entre, aproximadamente, 5 e 60 m.

A seguir, vamos aprender como determinar as potências envolvidas em um aproveitamento


hidrelétrico e como selecionar as turbinas.

6 - AVALIAÇÃO DE UM APROVEITAMENTO
HIDRELÉTRICO
Antes de apresentar as equações, vamos fazer um fluxograma de energia característico de
uma usina hidrelétrica, conforme mostra a Figura 15. Como dito anteriormente, tanto turbina
como gerador são equipamentos reais, que possuem um rendimento característico. No fluxograma
são mostradas todas as formas de energia envolvida, suas conversões e os rendimentos.

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Figura 15 – Fluxograma de energia de uma usina hidrelétrica. Fonte: MEC (s/a).

A potência hidráulica teórica (PH,T em kW) de um aproveitamento hidrelétrico é calculada


pela seguinte equação:

PH,T = 9,81QHTop Eq. 2

em que Q (em m3/s) é a vazão firme e HTop (em metros) a altura topográfica.

Contudo, a altura disponível, ou altura líquida, do aproveitamento hidrelétrico (H), é


definida como a altura topográfica menos as perdas localizadas na tomada d’água (HTAg) e na
canalização (HCan). Conforme mostra a Equação 3 e a Figura 15, sempre deve-se descontar as
perdas hidráulicas da altura topográfica. Assim, a potência hidráulica corrigida, descontando
as perdas é dada pela Equação 4, em que a altura líquida do aproveitamento hidrelétrico (H, em
metros) é utilizada. Sempre utilizaremos a Equação 4 para determinar a potência hidráulica (PH
em kW).

H=HTop-HTAg-HCan Eq. 3
PH=9,81QH Eq. 4

A relação entre a altura disponível, altura topográfica e as perdas, também poderão ser
avaliadas em termos do rendimento da canalização (ηC), dada por:

Eq. 5

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A vazão firme, ou vazão do aproveitamento (Q), é definida como a vazão de fluido que
passa por uma turbina sem que haja alteração na altura do reservatório. Ela é calculada pela
velocidade do escoamento multiplicada pela área da seção transversa do duto.
A potência hidráulica é convertida em potência mecânica (PM em kW) pela turbina,
sendo PM determinada pela Equação 6,

pm = ηT PH Eq. 6

em que ηT é o rendimento da turbina. O rendimento de uma turbina é função de diversas


variáveis, como a potência nominal da turbina, o tipo de turbina, o fabricante, a montagem
ou posição física do eixo, entre outras. A Figura 16 mostra um gráfico com o rendimento de
alguns tipos de turbinas, em função da razão vazão de operação pela vazão máxima da turbina.
Conforme mostra o gráfico, para razões de vazão entre maiores que 0,6, em geral, o rendimento
é maior que 80%.

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Figura 16 – Rendimento de alguns tipos de turbinas, em função da razão vazão de operação pela vazão máxima da
turbina. Fonte: Miranda (2009).

Já a potência mecânica é convertida em potência elétrica (PG em kW) no gerador, sendo


PG calculado por:

PG = ηG= PM Eq. 7

em que ηG é o rendimento do gerador. As unidades para as potências podem ser dadas em


kW e cv. Para converter kW em cv, e vice-versa, temos que

1cv= 0,7355 kW

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Por fim, a energia elétrica potencial (E, em kWh) armazenada em um reservatório de


volume (V) associado a uma queda líquida (H) é calculada por:

Eq. 8

sendo que o rendimento do conjunto turbina-gerador (ηT ηG) é da ordem de 0,85.

EXEMPLO 1: Segundo os dados da Usina de Itaipu Binacional apresentado a seguir, qual


o rendimento do conjunto turbina-gerador de Itaipu?

Reservatório Unidades geradoras


Volume de água no nível máximo normal: 29 Quantidade: 20
bilhões de m³ Potência: 700 MW
Extensão: 170 km Tensão: 18 kV
Nível máximo normal (cota): 220,3 m Frequência: 50 e 60 Hz
Área no nível máximo normal: 1.350 km² Queda: 118,4 m
Barragem Vazão Nominal: 690 m³/s
Altura: 196 m Peso: 6.600 t
Comprimento total: 7.919 m Condutos forçados
Bacia Hidrográfica Quantidade: 20
Área: 820.000 km² Comprimento: 142 m

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Precipitação média anual: 1.650 mm Diâmetro interno: 10,5 m
Vazão média afluente: 11.663 m³/s Descarga nominal: 690 m³/s
Casa de Força Turbinas
Comprimento: 968 m Vazão nominal: 690 m³ de água/s
Largura: 99 m
Altura máxima: 112 m
Fonte: Itaipu Binacional (s/a).

Resolução:
Considerando a queda 118,4 m como altura disponível e a vazão firme de 690 m3/s,
temos que a potência hidráulica é:

PH=9,81QH=801,44 MW

Considerando a potência elétrica das 20 unidades geradores de 700 MW, assim,


combinando as equações 6 e 7, temos que:

PG=ηT ηG PH

Assim,

ηT ηG=87,3%.

Para o projeto de uma turbina utilizamos as turbinas geometricamente semelhantes, as


quais seriam turbinas desenvolvidas com as mesmas proporções, mas com tamanhos e potências
diferentes, conforme ilustra a Figura 17.

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Figura 17 – Turbinas geometricamente semelhantes. Fonte: o autor.

A primeira turbina de uma série de semelhantes é a turbina unidade, definida como


uma turbina hipotética geometricamente semelhante a uma família de turbinas, que, ao operar
com uma altura disponível de 1 metro, fornece uma potência mecânica de 1 cv ou 0,7355 kW.
Definindo também a velocidade específica (nS) como a velocidade real da turbina unidade, e a

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velocidade qualitativa de todas as turbinas de uma família geometricamente semelhante. Todas
as turbinas semelhantes possuem a mesma velocidade específica, mas a velocidade real (nR)e
potência podem variar, ou seja:

• nS=nR – para a turbina unidade

• nS≠nR – para a turbina semelhante

A velocidade específica de uma família geometricamente semelhante é um parâmetro


importante para a sua classificação. Por exemplo, uma turbina Francis tem velocidade específica
igual a 400 rpm: essa informação permite classificar a turbina e toda a sua família geometricamente
semelhante; por outro lado, essa mesma turbina real, considerando a potência, vazão nominal e
altura disponível, terá uma velocidade de operação real diferente, por exemplo, de 90 rpm.
A velocidade específica também dependerá do tipo de turbina, podendo ser calculada
pelas seguintes equações, onde Nrot é o número de injetores para a turbina Pelton:

Eq. 9

Eq. 10

Eq. 11

Eq. 12

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Dessa forma, em um projeto, sendo conhecidas a vazão firme e a altura topográfica e a


altura disponível, podemos determinar o tipo de turbina adequado para aquela instalação, por
meio de cálculos ou de diagramas como o da Figura 14. Determinada a turbina, sendo conhecido
o rendimento do conjunto turbina-gerador, podemos avaliar a potência produzida pelo conjunto
turbina-gerador e a velocidade específica da sua família de turbinas. Por fim, podemos calcular a
velocidade de rotação real (n) do conjunto turbina-gerador pela seguinte equação:

Eq. 13

em que, PG,cv é a potência produzida pelo gerador em cv, dada todas as conversões de
energia e seus rendimentos. Lembrando que 1 cv equivale a 0,736 kW.
Sendo conhecida a velocidade real do conjunto turbina-gerador, podemos retornar a
Equação 1 e determinar o número de polos do gerador. Observe que n, na Equação 13, corresponde
à rpm, na Equação 1.
A Tabela 1 apresenta a correlação entre tipo de turbina, velocidade específica e altura do
aproveitamento.

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Tabela 1 – Correlação entre tipo de turbina, velocidade específica e altura disponível. Fonte: o autor.

EXEMPLO 2: Uma usina hidrelétrica utiliza turbinas Kaplan. A velocidade angular das
turbinas é de 67 rpm, e a altura topográfica do aproveitamento é de 19,2 m. A partir da equação
empírica adequada, determine a velocidade específica dessa família de turbinas. Na sequência,
considerando o rendimento da canalização de 70% e HCan=5,76 m, qual a potência elétrica, em
MW, do aproveitamento?

Resolução:
A velocidade específica da turbina Kaplan é:

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Para determinar agora a altura disponível, temos:

Como não conhecemos o rendimento do conjunto turbina-gerador, podemos calcular a


potência elétrica pela Equação 13:

Convertendo para kW - PG=54,35 MW

As usinas hidrelétricas têm operação estável e segura, entretanto, diversos proble-


mas operacionais podem ocorrer durante a operação das turbinas, os quais po-
dem resultar em acidentes graves. Dentre os problemas destacamos a cavitação,
que resulta da erosão das hélices ou pás das turbinas, e o golpe de aríete, que é
uma onda de pressão resultante da variação da velocidade média do escoamento
nas tubulações. Este último foi responsável por alguns acidentes graves. Pesqui-
se um pouco mais sobre estes problemas e reflita como eles podem ser evitados!

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 2


Para mais informações sobre o funcionamento dos diferentes tipos de turbinas
hidráulicas, veja o vídeo:

• Comparison of Pelton, Francis & Kaplan Turbine, publicado por Learn Enginee-
ring (2013). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v= k0BLOKEZ3KU>.
Acesso em: 26 jan. 2019.
Outro vídeo muito interessante sobre usinas hidrelétricas:

• Como Funciona uma Hidrelétrica, publicado por NatuFive (2016). Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=9FMYh8J2Uys>. Acesso em: 26 jan. 2019.

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ENSINO A DISTÂNCIA

Além desta apostila, o aluno deve procurar mais informações sobre hidrelétricas
e turbinas hidráulicas em outras fontes, algumas apresentadas nas referências.
Aqui destacamos algumas fontes interessantes:

• O site da Itaipu Binacional é uma fonte riquíssima para obter informações desde
a hidrologia da usina até a geração e distribuição de energia. Disponível em: <ht-
tps://www.itaipu.gov.br/ energia/geracao>.

• O site objetos educacionais do Ministério da Educação traz uma animação didá-


tica sobre as hidrelétricas, disponível em: <http://objetoseducacionais2. mec.gov.
br/bitstream/handle/mec/5034/index.html?sequence=5>.

• Um tema muito interessante a ser pesquisado é sobre as PCHs, uma vez que elas
podem ser uma excelente oportunidade de negócio. Diversas informações podem
ser obtidas no site da ANEEL, especialmente o Guia do Empreendedor de PCHs.
Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/biblioteca/downloads/livros/guia_em-
preendedor.pdf>.

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• Outras informações relevantes são encontradas na fonte Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), Atlas de energia elétrica no Brasil, 2002. Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/ arquivos/pdf/livro_atlas.pdf>.

• Já a leitura do artigo do engenheiro Alan Kardec, traz uma boa reflexão sobre
usinas de fio d’água. Disponível em:
<https://www.bloglogistica.com.br/mercado/hidreletricas-fio-dagua-e-questao-
-ambiental-um-tiro-pe/>.

Uma excelente sugestão de vídeos são os que trazem informações sobre a cons-
trução e operação da Usina de Itaipu Binacional, dentre eles:

• Novo Vídeo Institucional da Itaipu Binacional, publicado pela Itaipu Binacional


(2018). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5Kejx8uZ9pg>. Aces-
so em: 26 jan. 2019.

• Construindo Itaipu, produzido pela National Geographic Channel. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=VDbH3ff4hzo>. Acesso em: 26 jan. 2019.

• Itaipu – a pedra que canta - Parte 1, publicado por Alexandre Paiva Jr (2013).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=paNkP-zhojc>. Acesso em:
26 jan. 2019.

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ENSINO A DISTÂNCIA

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta segunda unidade da disciplina sobre Energias Renováveis, falamos sobre a geração
de energia por usinas hidrelétricas, uma vez que esta fonte de energia é a mais importante no
nosso país. Vimos diversos aspectos importantes, desde o seu funcionamento, vantagens e
desvantagens, seus componentes e, por fim, como calcular as potências hidráulica, mecânica e
elétrica produzida. Apesar de renovável, uma usina hidrelétrica não pode ser considerada 100%
limpa, tendo em vista os impactos ambientais originados, principalmente com a formação das
represas, além de diversos impactos sociais. Por outro lado, um reservatório de água representa
segurança energética ao país, além de trazer prosperidade às localidades onde a usina é instalada.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

03
DISCIPLINA:
ENERGIAS RENOVÁVEIS

ENERGIA SOLAR
PROF. DR. PAULO VINICIUS TREVIZOLI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................................51
1 - A ENERGIA SOLAR............................................................................................................................................ 52
1.1. ENERGIA SOLAR TÉRMICA OU HELIOTÉRMICA.......................................................................................... 53
1.2. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA.................................................................................................................. 57
2 - O PANORAMA BRASILEIRO............................................................................................................................. 59
3 - CONCEITOS DE RADIAÇÃO SOLAR................................................................................................................. 59
4 - PAINÉIS FOTOVOLTAICOS............................................................................................................................... 62
5 - DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS............................................................................... 67
5.1. AVALIAÇÃO DO RECURSO SOLAR DO LOCAL............................................................................................... 68
5.2. SISTEMAS SFI E SFCR E A ESTIMATIVA DA DEMANDA DE ENERGIA...................................................... 70

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5.3. DETERMINANDO A QUANTIDADE DE PAINÉIS............................................................................................71
5.4. DIMENSIONAMENTO DA QUANTIDADE DE PAINÉIS INSTALADOS EM SÉRIE E PARALELO................ 72
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................... 74

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ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Dentre as fontes de energia renováveis, a energia solar é atualmente a que desponta como
mais acessível às pessoas. Hoje em dia é tecnicamente e economicamente viável instalar aquecedores
solares ou painéis fotovoltaicos, para aquecer água ou produzir energia, respectivamente, em uma
residência. Obviamente, em uma escala maior, também existem as usinas solares que utilizam a
energia térmica (para aquecimento de água) ou a luz solar (efeito fotovoltaico) para operarem.
Isso será apresentado ao longo desta Unidade.
Entretanto, ao falar simplesmente em “energia solar”, podemos destacar que as fontes de
energias renováveis como hidráulica, biomassa, eólica e energia das marés e ondas, são resultadas
indiretamente da energia solar. Por isso, sempre que nos referirmos a energia solar nesta Unidade,
estaremos nos referindo a utilização da energia térmica ou luz solar para produção de calor ou
energia elétrica.
Por fim, destacamos que, nesta Unidade, daremos maior destaque aos sistemas
fotovoltaicos. Apresentaremos diversas definições e parâmetros importantes para a seleção e
dimensionamento de painéis fotovoltaicos. Ao término deste capítulo, o aluno deverá ser capaz
de dimensionar um sistema fotovoltaico para a sua residência.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 3

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ENSINO A DISTÂNCIA

1 - A ENERGIA SOLAR
A energia solar pode ser utilizada para diversos fins. No que concerne a conversão e
geração de energia, a Figura 1 apresenta um diagrama que mostra os diversos usos da energia
solar. Na figura vemos que a energia solar pode ser convertida em energia térmica ou elétrica.
No caso da energia térmica, seus usos se dividem em três faixas de temperatura: (A)
baixas temperaturas para aquecimento de ambientes, refrigeração e outros processos; (B) média
temperatura com uso em fornos, produção de vapor e energia; (C) alta temperatura. Para o
escopo desta disciplina, o mais interessante é a faixa de média temperatura, em que a energia
solar é convertida em energia térmica para produzir vapor d’água a ser utilizado em um ciclo
Rankine. Já no caso da energia elétrica, a luz solar é convertida diretamente em energia elétrica
graças ao efeito fotovoltaico.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 3


Figura 1 – Diagrama dos usos da energia solar. Fonte: o autor.

Dentre as vantagens da energia solar, destacamos:


• É renovável e limpa, não produzindo CO2 na geração de energia.
• As centrais necessitam de pouca manutenção.
• Excelente opção para locais remotos ou difícil acesso.
• No caso dos sistemas fotovoltaicos, nos últimos anos o rendimento dos painéis vem
melhorando e seus custos reduzindo.
• Em países como o Brasil, a utilização da energia solar é viável em praticamente todo
território.

Dentre as desvantagens:
• Produção de energia depende das condições climáticas e, portanto, não tem produção
uniforme em escala anual, mensal e até diária.
• Obviamente, não produz energia durante períodos noturnos, o que requer sistemas de
produção secundários ou de armazenamento de energia.
• No caso dos sistemas fotovoltaicos, com a tecnologia disponível atualmente, o
rendimento dos painéis ainda é baixo.

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1.1. Energia Solar Térmica ou Heliotérmica


A conversão da energia solar em energia térmica, ou energia heliotérmica, se dá por
meio da absorção da radiação solar por uma superfície escura, ou tratada. O calor absorvido
pela superfície é transferido para um fluido de trabalho, que transporta esta energia para um
processo ou uso subsequente. Um exemplo do dia-a-dia do uso da energia solar térmica são
os aquecedores domésticos, utilizados para aquecer água para o uso em residências, piscinas,
entre outras aplicações. A Figura 2 ilustra um aquecedor para uso doméstico. Neste sistema,
água potável proveniente da caixa d’água é fornecida aquecida pelos aquecedores solares, sendo
posteriormente armazenada em um reservatório térmico para uso posterior. A quantidade de
energia solar absorvida é proporcional à energia útil utilizada para aquecer a água, e varia de
acordo com a qualidade do material absorvedor e da intensidade de radiação solar incidente. Um
outro uso interessante para um sistema de aquecimento semelhante a este é utilizar a energia solar
como fonte de energia térmica para operar um sistema de condicionamento de ar por absorção,
conforme proposto no trabalho de conclusão de curso de ex-alunos do curso de Engenharia
Mecânica do Centro Universitário Ingá.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 3

Figura 2 – Aquecedor solar de água para usos domésticos. Fonte: Soletrol (s/a).

Um uso mais nobre da energia solar térmica seria para a produção de energia em uma
usina termoelétrica solar, ou usina heliotérmica. Conforme diz o nome, a usina termoelétrica irá
converter a energia térmica em energia elétrica, por meio da expansão do vapor d’água em uma
turbina seguindo o ciclo Rankine, já apresentado na Unidade I.

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ENSINO A DISTÂNCIA

Existem basicamente dois tipos de usina termoelétrica solar: os sistemas de torre solar
e os sistemas com coletores parabólicos. Nas usinas com torre solar, apresentada na Figura 3,
existe uma torre receptora que recebe os raios refletidos por espelhos, ou heliostatos, sempre
orientados para o sol. A luz solar incide sobre os espelhos e é refletida para a torre solar. Todos
os espelhos concentram a luz refletida para o receptor, instalado no topo da torre. Um fluido
condutor de calor, formado por um sal líquido, é bombeado para o receptor, onde retira o calor
fornecido pelos raios solares concentrados. O fluido deixa o repositor a uma temperatura de
cerca de 565ºC, e posteriormente o fluido condutor rejeita este calor para a água na caldeira. A
água deixa a caldeira no estado de vapor superaquecido, a uma temperatura de cerca de 540ºC,
e a alta pressão, que é expandido na caldeira produzindo potência mecânica. Para fechar o ciclo
Rankine, o vapor que sai da caldeira é condensador no condensador. A turbina, por sua vez, está
acoplada ao gerador elétrico, que converte a potência mecânica em elétrica.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 3


Figura 3 – Usina termoelétrica solar, ou heliotérmica, com torre. Fonte: Solar Energia (2015).

As usinas com coletores parabólicos (Figura 5) funcionam de forma semelhante.


Novamente, utiliza-se o ciclo Rankine, em que o vapor sai da caldeira na condição de
superaquecido e a alta pressão. Contudo, agora o sistema de captação de energia solar se dá
por de coletores parabólicos, sendo um dos seus tipos apresentados na Figura 4. Os coletores
ou espelhos parabólicos são dispostos em arranjos série-paralelo, e concentram a energia solar
sobre os tubos que transportam o sal líquido. O sal transporta o calor que será fornecido à água
de alimentação na caldeira. Os espelhos parabólicos se movimentam de acordo com a posição do
sol, de modo a coletar a maior quantidade de energia durante um dia.

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ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 3


Figura 4 – Usina termoelétrica solar com coletor parabólico. Fonte: DSG (2010); CRESESB (2016).

No mundo ainda existem poucas usinas heliotérmicas, sendo a maior a Usina


Ivanpah localizada no deserto do Majove, Califórnia (EUA) – foto à esquerda –
com capacidade superior a 392 MW, conta com três torres de 190 m e 173.500
espelhos, ocupando uma área de 14.164 km2. Já uma usina com coletores para-
bólicos é a Usina de Solana, Arizona (EUA) – foto à direita – com capacidade de
280 MW, conta com 50.400 concentradores parabólicos, ocupando uma área de
7,72 km2.

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Fonte: USA Department of Energy – Ivampha (s/a)

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 3


Fonte: USA Department of Energy – Solana (s/a)]

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1.2. Energia Solar Fotovoltaica


A energia solar fotovoltaica é aquela que converte diretamente a radiação solar em
energia elétrica, e é o tema principal desta Unidade. Os sistemas fotovoltaicos possuem diversas
aplicações para produção de energia elétrica, desde pequena até larga escala. Dentre eles, temos:

• Produtos de consumo: usos em calculadoras, brinquedos, relógios, aparelhos portáteis,


entre outros.
• Sistemas autônomos: usos em telecomunicações, bombeamento d’água, sinalização,
iluminação pública, residências, entre outros.
• Sistemas interligados a redes: para produção e consumo próprio ou distribuição.

A Figura 5 ilustra uma aplicação em uma residência. Os painéis fotovoltaicos são


instalados, geralmente, nos telhados da residência e produzem energia elétrica, mas em corrente
contínua (DC). A energia produzida passa por um conversor onde a corrente contínua é convertida
em corrente alternada (AC), para ser utilizada nos aparelhos domésticos como televisores,
computadores, entre outros. Caso a energia elétrica seja produzida em excesso, ela pode ser
armazenada, Figura 5(a), o que requer o uso de um banco de baterias, ou ela pode ser repassada
para a rede de distribuição pública, gerando créditos para o produtor de energia, Figura 5(b). O
primeiro caso, seria de sistemas isolados, e o segundo, sistemas interligados a rede, conforme

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falaremos adiante. Neste segundo caso, as residências contam com um relógio bidirecional, o
qual controla a quantidade de energia que entra e sai da residência. Ou seja, em períodos em que
não é produzida energia elétrica, como no período noturno, compra-se energia da distribuidora
(quantidade de energia que entra), já em períodos de excesso de produção, repassa-se o excesso
para a distribuidora (quantidade de energia que sai), gerando os créditos que são utilizados para
abater os gastos com a energia comprada da distribuidora, reduzindo a conta de luz no final
do mês. Hoje existem, no Brasil, leis que regulamentam a questão da produção residencial de
energia, bem como os usos dos créditos.

Figura 5 – Produção de energia fotovoltaica em escala residencial: (a) sistemas isolados; (b) sistemas interligados a
rede. Fonte: Warm Placas Fotovoltaias (2015).

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Sistemas de grande porte, conhecidos como Parques Fotovoltaicos, são aqueles que
produzem grandes quantidades de energia para distribuição. Hoje existem diversos parques
fotovoltaicos ao redor do mundo, sendo o maior deles localizado no deserto de Tengger, em
Zhongwei, na China, apresentada na Figura 6, tem capacidade de 1547 MW e cobre uma área de
43 km2. É importante ressaltar que os parques solares, muito por conta de sua simplicidade de
instalação, são mais numerosos que as usinas heliotérmicas apresentadas anteriormente.

Figura 6 – Parque fotovoltaico em Zhongwei na China. Fonte: Solarinsure (2017).

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Nesta seção apresentamos que a energia solar pode ser utilizada para gerar ener-
gia elétrica de duas formas, conforme o diagrama a seguir:

Fonte: o autor.

Vemos que, no caso da fotovoltaica, a luz solar é convertida diretamente em ele-


tricidade, entretanto este processo possui baixa eficiência. Já a conversão helio-
térmica temos três conversões de energia até a produção final de energia elétrica.
Sabemos que a cada etapa de conversão de energia uma parcela é perdida, já que
todos estes processos são reais, e as máquinas/equipamentos possuem um ren-
dimento característico. Assim sendo, qual das duas formas seria a mais eficiente?
Pesquise a respeito e reflita sobre!

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2 - O PANORAMA BRASILEIRO
O Brasil é um dos poucos países no mundo que recebe luz solar em período superior
a 3000 horas por ano. Apenas a região Nordeste conta com uma incidência de radiação média
diária na faixa 4,5 a 6 kWh/m2. A Figura 7 apresenta os valores de radiação média diária incidentes
sobre as diferentes regiões do Brasil.
Entretanto, apesar de ser um dos países com maior potencial de energia solar do mundo,
faltam incentivos fiscais e políticos para que o potencial solar brasileiro seja melhor explorado.
Dados de 2015 mostraram que do total de 135.000 MW de potência instalada, a parcela produzida
por sistemas fotovoltaicos é de apenas 15 MW.
Em contraste, a Alemanha, por exemplo, possui uma capacidade instalada de 35.500 MW
de potência produzida por centrais fotovoltaicas. Este valor é superior a potência total produzida
por termelétricas no Brasil, que é de 25.919 MW de capacidade instalada. Mas isso não é tudo! A
Alemanha recebe menos da metade da radiação solar diária em comparação com o Brasil. Esse
país europeu recebe cerca de 2,5 KWh/m² diários, contra 5,9 KWh/m² diários incidentes no
nordeste brasileiro.

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Figura 7 – Regiões do Brasil e radiação média. Fonte: Atlas Brasileiro de Energia Solar (2006).

3 - CONCEITOS DE RADIAÇÃO SOLAR


Nesta seção vamos definir alguns conceitos importantes relacionados à energia solar.
Alguns destes já comentamos nas seções anteriores sem a devida definição, e outros serão
importantes para entendermos plenamente os sistemas fotovoltaicos. Primeiramente, definimos:

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• Irradiância: é a taxa na qual a energia solar atinge uma unidade de área (em W/m2).
Irradiância também é conhecida por radiância.

• Radiação: é a integral da irradiância para um determinado período de tempo (em Wh/


m2). Radiação também é conhecida por irradiação.

Conforme já introduzido na Unidade I, nem toda a energia proveniente do sol é transferida


para a superfície da terra. Veja a Figura 8, nela temos que a irradiância total média ao longo de
um ano que chega na atmosfera terrestre é de 1367 W/m2. Este valor é também conhecido como
constante solar (). Entretanto, uma parte é prontamente refletida pela atmosfera. Da parcela que
adentra a atmosfera, uma parte é absorvida na superfície, e a outra parte se difunde no caminho
até o solo. Assim, a irradiância que chega a superfície terrestre é de 1000 W/m2, mas esse valor
depende de fatores como a nebulosidade e poluição. Ou seja, quanto mais espessa for a camada
atmosférica a ser vencida, menor será a irradiância ao nível do solo. Veremos adiante que o valor
de 1000 W/m2 que chega a superfície é de extrema importância para os sistemas fotovoltaicos.
A radiação global incidente sobre a terra se divide em três partes:

• Direta: vem diretamente da direção do sol, produz sombras.

• Difusa: se espalha ao entrar na atmosfera, logo ela se divide em várias direções.

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• Refletida: que resulta da reflexão da radiação solar na superfície, também denominada
albedo.

Figura 8 – Componentes da radiação total. Fonte: Portal das Energias Renováveis (2008).

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Outras definições importantes são quanto aos ângulos da geometria solar, ilustrados na
Figura 9. São eles:

• Ângulo de Incidência (θ): é o ângulo que se forma entre o raio solar e o vetor normal
(n) a superfície.

• Altura Solar (α): é o ângulo formado entre o raio solar e a sua projeção sobre o plano
horizontal.

• Ângulo Azimutal da Superfície (γ): é o ângulo compreendido entre a projeção da normal


à superfície no plano horizontal e a direção Norte-Sul. Ele varia na faixa de -180o<γ<180o,
sendo positivo quando a projeção se encontra à esquerda do Norte e negativo quando se
encontra à direita.

• Ângulo Azimutal do Sol (γs): é o ângulo formado entre a projeção do raio solar no plano
horizontal e a direção Norte-Sul. Obedece a mesma convenção citada para o ângulo
azimutal da superfície - -180o<γs<180o.

• Inclinação da Superfície (β): é o ângulo formado entre o plano da superfície coletora e


a horizontal.

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• Ângulo Zenital (θZ): é o ângulo formado entre o raio solar e o Zênite.

• Ângulo Horário do Sol (ω): definido como o deslocamento angular Leste-Oeste do Sol,
a partir do meridiano local, devido ao movimento de rotação da Terra. Cada hora angular
corresponde a um deslocamento de 15º.

Figura 9 – Ângulos da geometria solar. Fonte: CRESESB (2014).

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Por fim, introduzimos a hora solar, a qual é definida a partir do ângulo horário do
sol e pode ser diferente do horário civil. Outra variável que pode ser citada: horas de sol de
pico, apresentada em detalhes na Figura 10. A irradiância varia durante o dia e tem sua maior
intensidade ao meio-dia solar. As horas de sol de pico são aquelas em que a irradiação que chega
ao solo terrestre é máxima, ou próximo à máxima de 1000 W/m2. Em geral, consideram-se as
horas de sol de pico entre 2 a 3 horas antes e depois do meio-dia solar. O valor das horas de sol
de pico são muito importantes para o dimensionamento de sistemas fotovoltaicos, pois é durante
este período de pico que o sistema irá gerar o máximo de energia durante um dia.

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Figura 10 – Horas de sol de pico. Fonte: Souza (2011).

4 - PAINÉIS FOTOVOLTAICOS
O efeito fotovoltaico é a conversão direta da energia solar em energia elétrica, em que
os fótons contidos na luz solar que são convertidos em energia elétrica por meio das células
solares. As células solares, por sua vez, são formadas por diversas junções do tipo p-n de materiais
semicondutores. Estes últimos são caracterizados pela presença de bandas de energia, sendo que
nas bandas de valência há a presença de elétrons, as bandas de condução estão totalmente vazias.
A conversão da luz solar em energia elétrica pode ser obtida em todos materiais
semicondutores, sendo o mais utilizado o silício. Conforme ilustra a Figura 11, na junção
p-n do semicondutor, existem elétrons livres do lado n que passam ao lado p e se alojam em
lacunas. Assim, ocorre o acúmulo de elétrons no lado p, que se torna negativamente carregado,
e a deficiência de elétrons do lado n, que se torna positivo. Isto resulta em um campo elétrico
permanente que dificulta a passagem de mais elétrons do lado n para o lado p, e a junção entra
em equilíbrio. Entretanto, se a junção p-n for exposta à luz solar, desencadeará a geração de
novos pares elétron-lacunas, desfazendo-se o equilíbrio inicial. Com isso, o fluxo de elétrons
através da junção desencadeado pela exposição à luz solar gera uma corrente elétrica que,
consequentemente, origina uma diferença de potencial, resultando no efeito fotovoltaico, base de
funcionamento das células fotovoltaicas.

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Figura 11 – Explicação da origem do efeito fotovoltaico na junção p-n. Fonte: CRESESB (2008).

As células fotovoltaicas são, geralmente, construídas de silício, arseneto de gálio, telureno


de cádmio, disseleneto de cobre e índio. O silício é o mais utilizado devido a sua abundância na
natureza. Para a fabricação das células, o silício pode ser processado de diferentes formas como
cristalino, policristalino, monocristalino e amorfo, o que ditará a qualidade da célula fotovoltaica.
As células de silício cristalino são feitas a partir de areia que contém alto teor de
impurezas para ser processada. Os depósitos de quartzito chegam a possuir 99% de silício. Após
ser purificada, podemos chegar a diferentes graus de pureza, como o silício metalúrgico com
98% de pureza, e o silício grau semicondutor. As células de silício monocristalino são obtidas de
barras cilíndricas de silício monocristalino fabricadas em fornos especiais, e a sua eficiência na
conversão fotovoltaica é de 15 a 18%. Já as células de silício policristalino são obtidas de blocos
de silício fabricados a partir da fusão de silício puro, resfriado lentamente em moldes especiais,
sendo a sua eficiência na faixa de 13 a 15%. Por fim, as células de silício amorfo são obtidas da
deposição de camadas finas de silício sobre superfícies de vidro ou metal, e a sua eficiência varia
entre 5% e 9%. Outras células, a base de disseleneto de cádmio e índio, possuem eficiência de 7,5
a 9,5%, e as a base de telureto de cádmio, na faixa de 6 a 9%.
As células fotovoltaicas de silício cristalino, por exemplo, produzem tensão tipicamente
entre 0,46 V a 0,56 V e corrente aproximada de 30 mA/cm². Para obter maiores tensões e correntes
geradas, as células são conectadas em arranjos série e paralelo chamados Painéis (ou Módulos)
Fotovoltaicos. Em geral, soldam-se os terminais da parte frontal de uma célula à parte traseira da
seguinte e assim por diante. As células comerciais operam com correntes na ordem de 1 a 7 A, e
um módulo com tensão nominal de 12 V conta com aproximadamente 36 células conectadas em
série.
Os painéis fotovoltaicos (Figura 12) apresentam algumas característica e propriedades
importantes. Ao consultar o catálogo de um fabricante é importante conhecer tais propriedades
para selecionar os módulos adequadamente. Dentre elas, destacamos:

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Figura 12 – Painéis fotovoltaicos. Fonte: Energia Wise (s/a).

• Tensão Nominal (Vn): é a tensão padrão para a qual o módulo foi desenvolvido.

• A quantidade de células fotovoltaicas determina a Tensão Nominal:

◉ Tensão de Máxima Potência (Vmpp): é a tensão máxima que o módulo gerará, em


seu ponto de máxima potência, sob as condições padrão de teste (STC).

◉ Tensão em Circuito Aberto (Voc): é tensão máxima que o módulo fornece em

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seus terminais, em vazio (sem carga).

• Corrente em Máxima Potência (Imp): corrente máxima que um módulo fotovoltaico


pode fornecer a uma carga, em condições padrão de teste.

• Corrente de Curto Circuito (Isc): corrente máxima que o módulo fotovoltaico fornece
com seus terminais em curto circuito, sob condições padrão de teste.

• Potência Máxima (PM): a potência é calculada pelo produto entre tensão e corrente
(V×I) cujo valor máximo é obtido em um único ponto, para dada condição de teste
(irradiância e temperatura).

• Um módulo fotovoltaico estará fornecendo a máxima potência quando o circuito


externo drenar uma carga que determine os valores máximos de tensão e corrente.

• Eficiência (η): é a razão entre a potência elétrica gerada e a irradiância incidente sobre
o módulo.

Além disso, é importante conhecer o comportamento da corrente gerada por um painel


em relação a irradiância e os efeitos da temperatura sobre a operação do painel. De acordo com
a Figura 13, a corrente do painel é diretamente proporcional à irradiância, ou seja, aumentando
a irradiância aumenta-se a corrente gerada. Já o aumento da temperatura de operação do
painel reduz a tensão fornecida, logo reduz a potência gerada. Esse comportamento também é
apresentado na Figura 13.

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Figura 13 – Comportamento da corrente em função da irradiação, e da tensão em função a temperatura em painéis


fotovoltaicos. Fonte: Solar Brasil (s/a).

Observe como a temperatura influencia a tensão produzida pelo painel fotovoltaico, de


modo que com a variação da temperatura em um local ao longo do ano (devido as estações do
ano) influenciará a tensão produzida pelo painel. Assim, um dado importante geralmente obtido

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em catálogos é o coeficiente de temperatura, o qual é necessário para estimar a tensão mínima e
máxima de um arranjo fotovoltaico, decorrente das variações de temperatura ao longo do ano.
Por fim, em uma instalação fotovoltaica, seja para uso doméstico ou para produção em
larga escala, os painéis fotovoltaicos são associados para fornecer valores de tensão e corrente
necessários para o sistema a ser alimentado. Esta associação irá depender carga e do dispositivo
de potência e/ou controle. Na associação em série, chamada de fileira (string), a tensão fornecida
pela associação será a soma das tensões de cada painel, enquanto a corrente total será a média das
correntes fornecidas por cada painel. Esta associação é ilustrada na Figura 14(a). Na associação
em paralelo, a corrente total fornecida pela associação será a soma das correntes de cada painel,
enquanto a tensão total terá o valor da tensão de um único painel. Esta associação é ilustrada na
Figura 14(b).

Figura 14 – Associação de painéis fotovoltaicos: (a) em série; (b) em paralelo. Fonte: MPP solar (s/a).

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Na maioria dos casos práticos será necessário associar os painéis em série, formando
as strings, para alcançar a tensão nominal do sistema, e as strings, por sua vez, são associadas
em paralelo, para alcançar a potência-pico do projeto, conforme ilustra a Figura 15. Assim, as
instalações reais agregam as características dessas duas associações. Em geral, para se evitar
perdas, nas associações deve-se utilizar painéis com características semelhantes.

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Figura 15 – Associação de painéis fotovoltaicos. Fonte: MPP solar (s/a).

A primeira célula solar moderna foi apresentada por Chapin, Fuller e Pearson, em
1954, durante a reunião anual da National Academy of Sciences. Já a primeira a
seguir, datada de 1955, e consistia em um painel com nove células. Dois anos
depois, painéis foram utilizados pela NASA, no Vanguard I, e operaram por um pe-
ríodo de 8 anos, demonstrando sua confiabilidade. Durante a década de 70, com
a crise de petróleo, o interesse em painéis fotovoltaicos teve um aumento, mas
havia o empecilho dos custos elevados das células. No entanto, nos últimos anos
os custos com os painéis diminuiu consideravelmente, o que ajudou na populari-
zação desta fonte renovável para produção de energia.

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Fonte: CSI Sun (s/a).

5 - DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS
FOTOVOLTAICOS
O dimensionamento do sistema fotovoltaico é o balanço entre a energia que os painéis
fotovoltaicos podem receber por meio da radiação solar e a demanda de energia a ser atendida.
Para dimensionar um sistema fotovoltaico, sugerimos seguir as seguintes etapas:

1. Levantar informações quanto a radiação solar do local.


2. Definir o tipo de sistema: SFI ou SFCR.
3. Fazer a estimativa da demanda de energia em um período, avaliando o consumo de
energia do local.
4. Dimensionar a quantidade de painéis necessários para suprir tal demanda.
5. Dimensionar os demais equipamentos, como o controlador (SFI), inversor (SFI e
SFCR), o sistema de armazenamento (SFI), entre outros.

Nesta apostila, trataremos dos itens 1 ao 4, não sendo tratados aspectos relevantes do
item 5.

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5.1. Avaliação do Recurso Solar do Local


O primeiro passo para verificar a viabilidade do projeto de um sistema fotovoltaico,
obviamente, deve ser avaliar a quantidade de radiação disponível para produzir a energia elétrica.
A intensidade radiação, conforme já apresentado, depende de uma série de fatores ambientais e
locais, e a produção de energia é diretamente proporcional à irradiância local.
Por isso, ao avaliar a radiação solar disponível no local, deve-se tomar cuidado, uma
vez que, nem sempre os dados disponíveis são precisos. Por exemplo, nem toda cidade possui
uma estação meteorológica, assim, é comum utilizar os dados de uma cidade próxima, mas que
podem não representar fielmente a radiação do local da aplicação.
Hoje em dia, podemos obter as informações climatológicas de uma cidade ou região
on-line. Os dados de irradiância, são geralmente disponibilizados na forma de valores médios
mensais para a energia acumulada ao longo de um dia. Uma observação importante é sempre
tomar cuidado com as unidades envolvidas.
Uma aproximação utilizada no dimensionamento é a utilização das Horas de Sol Pleno
(HSP, em h/dia). Ela é definida como o número de horas em que a irradiância solar é constante
e igual a 1000 W/m2. Conforme explicado anteriormente na Figura 10, a irradiância varia ao
longo do dia, sendo que o pico (na faixa de 1000 W/m2) ocorre no meio-dia solar. Além disso, a
irradiância depende de outros fatores como nebulosidade e poluição. A aproximação pela HSP é
bastante útil para simplificar o dimensionamento de um sistema fotovoltaico, e utilizar um valor

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constante de horas diárias que represente a variação da irradiância ao longo de um dia. A Figura
16 ilustra o conceito de HSP.

Figura 16 – Horas de sol pleno. Fonte: Alves (2016).

Por exemplo, em um dia ensolarado um determinado local apresenta irradiação de 6


kWh/m2 ao longo de 1 dia. Assim, a HPS = 6 [kWh/m2] / 1 [kW/m2] = 6 h/dia. Já em locais
onde existe sombreamento natural ou artificial, ou em dias nublados e chuvosos, a quantidade
de irradiação que chega ao solo é menor. Assim, uma forma bastante simples de considerar a
redução na irradiação local, é diminuir o número de horas de sol pleno, conforme ilustra a Figura
16.

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Assim sendo, pela HSP conseguimos avaliar a quantidade de horas diárias que chega
ao solo (plano horizontal) uma irradiação de 1000 W/m2. Já a irradiação incidente sobre um
painel fotovoltaico dependerá da orientação do painel e da sua inclinação. Quanto a orientação,
para melhor aproveitamento da radiação solar, no hemisfério sul sempre posiciona-se os painéis
orientados para o norte geográfico.
No que se refere a inclinação do painel, veja a Figura 17. No caso de um painel colocado
sobre o solo, no plano horizontal, pode-se utilizar os dados de irradiação (Gd,h) ou a HSP
diretamente. Já no caso de painéis inclinados, é necessário levar em conta a inclinação do painel
(β), e converter os valores médios da irradiação no plano horizontal (Gd,h) para o plano médio
(Gd,β), utilizando a seguinte equação:

Eq. 1

onde θ é o ângulo de Incidência e θZ o ângulo zenital, apresentados anteriormente.

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Figura 17 – Correção dos dados de irradiação de um plano horizontal para um plano inclinado. Fonte: Alvez (2016).

Para um melhor aproveitamento e captação da luz solar, existem algumas recomendações


que relacionam a latitude do local da instalação do sistema fotovoltaico e o ângulo de inclinação
dos painéis (β). A Tabela 1 apresenta estas recomendações:

Tabela 1 – Recomendações para o ângulo de inclinação dos painéis solares em função da latitude do local de insta-
lação. Fonte: Barreto; Carvalho (2018).

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Por fim, para o dimensionamento mais completo do sistema fotovoltaico, outros aspectos
são relevantes, como estudar a interação da localização com o meio ao redor e verificar a presença de
sombras provocadas por árvores, edifícios, entre outros. Além disso, é muito importante verificar
a possibilidade dos painéis trocarem calor com o ambiente externo no local da instalação, com
o objetivo de evitar o aquecimento demasiado das placas e garantir o seu bom funcionamento.

5.2. Sistemas SFI e SFCR e a Estimativa da Demanda de En-


ergia
Após conhecer a localidade e a disponibilidade de radiação solar, se o projeto é
tecnicamente viável, na sequência define-se se ele será um sistema isolado (off-grid) ou conectado
à rede (on-grid). Algumas características destes sistemas foram apresentados na Figura 5. Assim,
dependendo do tipo de sistema, alguns equipamentos são necessários, como um banco de baterias
para alguns usos sistemas isolados, ou um relógio bidirecional, necessário para sistemas on-grid
residenciais.
Os sistemas fotovoltaicos isolados (SFI), em geral, são utilizados em:

• Bombas d’água: onde não é necessário um sistema de armazenamento (baterias).


• Iluminação é necessário um sistema de armazenamento.

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• Aplicações domésticas em áreas isoladas (meio rural): são sistemas autônomos que
operam com corrente alternada.
• Sistemas de comunicação em locais remotos: são sistemas autônomos que operam com
corrente contínua.

Como os SFI não estão conectados às redes de distribuição de energia, dependendo da


sua aplicação, seu projeto deve ser capaz de produzir mais energia do que é consumido em um
determinado período. Durante o dia, período em que o sistema fotovoltaico gera energia, o total
produzido deve ser igual ao consumo no mesmo período mais uma parcela que será armazenada
para ser utilizada nos períodos sem geração, como durante a noite ou dias chuvosos. Assim, é de
extrema importância fazer uma estimativa precisa da demanda de energia da aplicação, para que
a mesma seja atendida mesmo em períodos em que energia não seja produzida pelo SFI. No caso
de uma residência, por exemplo, a demanda deve ser avaliada somando as energias consumidas
por cada equipamento em kWh/dia e, para maior precisão, trabalha-se com uma média semanal.
Nos SFI, quando há a necessidade de converter a CC em CA por meio de um inversor,
sempre a eficiência do inversor deve ser considerada nos cálculos. Os aparelhos alimentados por
CC podem ser ligados diretamente, sem a necessidade do inversor. O inversor, por sua vez, deve
atender a demanda máxima de forma contínua, mesmo com picos de partida. Os SFI, em geral,
possuem baterias para atender o consumo em períodos em que não há geração, logo, também
deve-se considerar o rendimento da bateria. Em aplicações de bombeamento de água, o sistema
de armazenamento de energia pode ser realizado na forma de energia potencial gravitacional,
armazenando água em um reservatório elevado.
Assim, em um SFI com uso de CC e CA, a demanda total de energia (, em kWh/dia) é
calculada pela seguinte equação:

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Eq. 2

em que, DCC é a demanda por energia em CC (em Wh/dia), DCA é a demanda por energia
em CA (em Wh/dia), ηbat é a eficiência da bateria e ηinv é a eficiência do inversor.
Já os sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR), toda a energia produzida por ser
injetada na rede de distribuição, como no caso dos parques fotovoltaicos, ou o excedente de
produção pode ser repassado para a distribuidora obtendo créditos, como no caso de sistemas
domésticos. A rede age como uma carga, absorvendo energia. Em geral, tanto os parques como os
sistemas domésticos não possuem sistemas de armazenamento, os quais são volumosos e caros.
Entretanto, estes sistemas devem seguir a regulamentação e legislação local, uma vez que usam a
rede de distribuição das concessionárias de energia.
Para os SFCR, podemos utilizar o mesmo procedimento descrito para o SFI. Entretanto,
como os SFCR são conectados à rede, além de não haver a necessidade de um sistema de
armazenamento, a estimativa da demanda de energia da aplicação não precisa ser tão rigorosa,
uma vez que, ocorrendo falta de energia, utiliza-se a rede de distribuição. Tal estimativa pode ser
o consumo médio mensal e até anual do local onde o SFCR fornecerá energia. Uma possibilidade
é utilizar a conta de luz, baseando-se no consumo médio dos últimos 12 meses.

5.3. Determinando a Quantidade de Painéis

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Para determinar a quantidade de painéis necessários para atender a demanda em uma
aplicação, podemos utilizar dois métodos diferentes: o método comum e o método do mês
crítico. É importante destacar desde agora que tanto o consumo como a produção de energia em
uma determinada aplicação podem variar no decorrer de um período mais longo. Por exemplo,
em uma residência, se considerarmos o período de um ano, tanto consumo como produção vão
variar de acordo com as estações do ano. No verão, o consumo pode aumentar com o uso de
condicionadores de ar, ao passo que a produção é maior. Já no inverno, a produção é menor, mas
o consumo também pode ser menor se aquecedores não são utilizados.
No método comum, considera-se o balanço entre consumo e produção em período. Por
exemplo, se o consumo médio em 1 ano é de 1000 kWh/mês, pelo balanço, deve-se utilizar a
quantidade de painéis necessários para produzir-se 1000 kWh/mês em 1 ano. Ou seja, a produção
será igual a demanda no período de 1 ano. Assim, nos meses de verão, existe um excesso de
produção, o qual pode ser repassado para a concessionária e obter créditos, enquanto nos meses
de inverno, a produção é menor que a demanda e a energia em falta deve ser comprada da
concessionária. O resultado do método do mês comum é a necessidade de uma menor quantidade
de painéis e demais equipamentos para suprir a demanda média, o que também resulta em uma
menor área necessária para instalação.
Já o método do mês crítico considera o balanço entre consumo e demanda na condição
mais desfavorável do dimensionamento. A ideia é que se o sistema dimensionado funcionar no
mês crítico, funcionará em todos os outros meses. Em geral, os meses crítico são os de inverno,
quando a radiação média é menor. Por exemplo, se a relação entre demanda e produção de
energia é mais desfavorável no mês de julho, deve-se utilizar a quantidade de painéis necessários
para suprir a demanda deste mês. Assim, nos demais meses do ano sempre existirá um excesso
de produção o qual pode ser repassado para a concessionária. O resultado do método do mês
crítico é a necessidade de uma maior quantidade de painéis e demais equipamentos para suprir
a demanda do mês crítico, o que também resulta em uma maior área necessária para instalação.

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Assim, determinada a demanda média anual para o método do mês comum, ou a


demanda do mês critico, determinarmos a potência total (P, em kW) que deve ser suprida pelos
painéis fotovoltaicos, utilizando a Equação 3:

Eq. 3

em que, E é a energia gerada (em kWh/dia), a qual deve ser igual a demanda média anual
(mês comum) ou a demanda crítica (mês crítico), HSP é a hora de sol pleno (em h/dia) e R=0,8,
é uma constante que representa o rendimento do sistema, incluindo o rendimento do painel e do
inversor além de contabilizar alguns fatores ambientais.
O número de painéis (nP) pode, então, ser determinada dividindo a potência total pela
potência de um painel (PP), conforme a Equação 4. A potência do painel é obtida por meio de
catálogos.

Eq. 4

5.4. Dimensionamento da Quantidade de Painéis Instalados


em Série e Paralelo

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 3


Para determinar o número de painéis instalados em série (Nsérie), formando uma string,
necessários para produzir a tensão mínima de entrada do inversor, utilizamos a Equação 5:

Eq. 5

em que, Vimin é a tensão mínima (CC) na entrada do inversor, Vimax é a tensão máxima
(CC) e Voc é a tensão do circuito aberto. Essas informações são obtidas do catálogo de inversores
e de painéis fotovoltaicos.
Para determinar o número de painéis ou strings associados em paralelo (Npar), temos:

Eq. 6

em que, Iimax é a corrente máxima (CC) admitida na entrada do inversor e Isc é a corrente
de curto do painel. Novamente, essas informações são obtidas do catálogo de inversores e de
painéis fotovoltaicos.

Nesta última seção da Unidade III foi apresentado como fazer o dimensionamen-
to de um sistema fotovoltaico, determinar a quantidade de painéis necessários e
também diversas recomendações para um projeto de sucesso. Será que você se-
ria capaz de dimensionar um sistema fotovoltaico para a sua casa? Reflita sobre!
Essa será uma das atividades complementares requeridas nesta Unidade.

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ENSINO A DISTÂNCIA

Dois vídeos muito interessantes apresentando a energia heliotérmica e o poten-


cial brasileiro quando a utilização dessas usinas, são apresentados em:

• O que é e onde está a energia heliotérmica no Brasil, publicado pela Ambiente


Energia (2015). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v =nliC4GeT-
CBM>. Acesso em: 30 jan. 2019.

• Energia Heliotérmica no Brasil, publicado pela Energia Heliotérmica (2015). Dis-


ponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tyrbKO8g-Zs>. Acesso em: 30
jan. 2019.

Além desta apostila, o aluno deve procurar mais informações sobre sistemas de
energia solar em outras fontes, algumas apresentadas nas referências. Aqui des-

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 3


tacamos algumas fontes interessantes.

• O site do Centro de Referência para as Energias Solar e Eólica Sérgio de S. Brito


(CRESESB) traz diversas informações sobre sistemas heliotérmicos e fotovoltai-
cos, disponível em: <http://www.cresesb. cepel.br/>.

• Outra leitura muito frutífera é o livro digital Os Sistemas de Energia Solar Fotovol-
taica fornecida gratuitamente pela BlueSol Educacional, onde informações com-
plementares sobre sistemas de armazenamento e inversores podem ser obtidas,
disponível em: <www.bluesol.com.br>.

• Também indicamos o Trabalho de Conclusão de Curso de uma ex-aluna do Cen-


tro Universitário Ingá: SURMANI, C. L. S., Estudo da Implementação de um Sistema
Fotovoltaico em uma das Edificações do Centro Universitário Ingá. UNINGÁ (2018).

• Outras informações relevantes são encontradas na fonte Agência Nacional de


Energia Elétrica (ANEEL), Atlas de energia elétrica no Brasil, 2002. Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/ arquivos/pdf/ livro_atlas.pdf>.

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ENSINO A DISTÂNCIA

Vídeos sobre sistemas fotovoltaicos são diversos, incluindo cursos sobre o di-
mensionamento desses sistemas. Dentre eles destacamos:

• Funcionamento básico de sistemas fotovoltaicos, publicado pela Fotaic Energia


Solar (2017). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=i5 NG_ wHAo-
dk>. Acesso em: 30 jan. 2019.

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta terceira unidade da disciplina sobre Energias Renováveis, falamos sobre a geração de
energia pelo uso do sol, sendo por meio de usinas heliotérmicas ou sistemas fotovoltaicos. Apesar
de pouco explorada no Brasil, a energia solar é abundante em nosso pais, podendo até se tornar a
principal fonte primária para geração de energia. Além disso, ela poderia trazer desenvolvimento
para uma das regiões mais pobres do Brasil. Vimos também diversos aspectos da energia solar,

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 3


como suas vantagens, os principais tipos (heliotérmicas e fotovoltaica), seus componentes e
como convertem a energia proveniente do sol em energia elétrica e, por fim, como dimensionar
um sistema fotovoltaico. Fica agora pra você fazer os exercícios e as atividades propostas. Um dos
principais objetivos desta Unidade é que o aluno possa dimensionar um sistema fotovoltaico para
a sua residência.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

04
DISCIPLINA:
ENERGIAS RENOVÁVEIS

ENERGIA EÓLICA E ENERGIA


DAS ONDAS E MARÉS
PROF. DR. PAULO VINICIUS TREVIZOLI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................................77
1 - A ENERGIA EÓLICA........................................................................................................................................... 78
2 - O PANORAMA E O POTENCIAL BRASILEIRO PARA PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA............................ 80
3 - CONCEITOS SOBRE ENERGIA EÓLICA........................................................................................................... 84
3.1. ANÁLISE DAS VELOCIDADES DOS VENTOS................................................................................................. 84
3.2. FUNCIONAMENTO DOS AEROGERADORES, A CONVERSÃO DA ENERGIA DOS VENTOS EM ENERGIA ELÉ-
TRICA E SEUS PRINCIPAIS COMPONENTES...................................................................................................... 86
3.3. TIPOS DE TURBINAS EÓLICAS E SEUS COMPONENTES........................................................................... 88

3.4. PARQUES EÓLICOS ...................................................................................................................................... 90


4 - AVALIAÇÃO DO POTENCIAL EÓLICO.............................................................................................................. 92
5 - A ENERGIA DAS ONDAS E MARÉS................................................................................................................. 95

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5.1. ENERGIA MAREMOTRIZ................................................................................................................................. 95
5.2. ENERGIA DAS CORRENTES MARÍTIMAS..................................................................................................... 96
5.3. ENERGIA DAS ONDAS.................................................................................................................................... 97
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................. 100

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ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Nesta Unidade final da apostila do curso de Energias Renováveis falaremos sobre duas
das fontes de energias mais limpas e promissoras: a energia eólica e a energia das ondas e marés.
Conforme apresentado na Unidade III, essas duas formas de energia, na realidade, são resultado
indireto da energia solar. Entretanto para nós, sempre trataremos a energia eólica resultado das
forças dos ventos e a outra forma de energia resultado da força de ondas e marés.
Iniciaremos a Unidade falando sobre a energia eólica, seus principais conceitos e
componentes, e como avaliar o potencial eólico de uma região. Na sequência, vamos apresentar
a energia das ondas e marés, e sobre as diferentes tecnologias existentes para converter a energia
das águas em energia elétrica.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4

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1 - A ENERGIA EÓLICA
Podemos definir a energia eólica como a energia cinética contida nas massas de ar
em movimento, que chamamos de ventos. Esta fonte de energia primária, renovável é muito
abundante e disponível virtualmente em todos os locais do planeta. Entretanto, como veremos
adiante, nem todo local tem potencial para produção de energia em larga escala.
A energia eólica tem origem na energia solar, uma vez que os ventos são resultado do
aquecimento não uniforme da atmosfera. De acordo com a ilustração da Figura 1, as regiões
tropicais recebem a radiação solar de forma mais direta e, assim, são mais aquecidas do que
as regiões polares. O ar mais quente em baixas altitudes nas regiões tropicais, por ser menos
denso (menor massa específica), tende a subir e é substituído por massas de ar mais frio, mais
densos (maior massa específica), vindo das regiões polares. Assim, o aquecimento não uniforme
da atmosfera, resulta na diferença de massas específicas e em gradientes de pressões, os quais são
a força motriz para o deslocamento de massas de ventos, o que determina a formação dos ventos.
É importante salientar que os ventos também são influenciados pelo movimento de rotação da
Terra, e dependem da latitude, longitude, altitude, entre outros.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


Figura 1 – Ilustração explicativa da origem dos ventos. Fonte: Evolução AALP (2012).

A primeira aplicação da utilização das forças dos ventos data do Século V na Pérsia, em
que moinhos de vento foram usados para bombear água para irrigação. Até os dias de hoje existem
estes tipos de moinho e o princípio de funcionamento não mudou: o vento atinge e propulsiona
uma hélice, que por sua vez rotaciona um eixo que impulsiona uma bomba. Substituindo o eixo
da bomba por um gerador elétrico, podemos produzir eletricidade.
No que diz respeito a produção de energia elétrica, a energia eólica é considerada a
energia mais limpa do planeta. Isso, associado à sua abundância no planeta, é tida como a melhor
alternativa às energias não-renováveis. Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da
energia cinética de translação em energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas,
também conhecidas como aerogeradores. A quantidade de energia transferida dos ventos para
o eixo da turbina eólica é função da densidade do ar, da área coberta pela rotação das pás, ou
hélices, da turbina e da velocidade do vento.

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ENSINO A DISTÂNCIA

Dentre as vantagens da energia eólica destacamos:


• É renovável, e mais que isso, é inesgotável.
• Não causa emissões de gases poluentes, como o CO2, e não poluem as águas.
• Não produz nenhum tipo de lixo tóxico.
• É uma excelente opção para geração de energia e investimentos em zonas desfavorecidas.
• Um exemplo, uma solução para o nordeste brasileiro.
• O custo dos aerogeradores são elevados (o que é uma desvantagem), porém, um parque
• eólico tem retorno financeiro a um curto prazo.

Por outro lado, as desvantagens:


• Causam poluição sonora, os aerogeradores produzem um ruído constante.
• Provocam um impacto visual. A  instalação dos  parques eólicos  modifica
consideravelmente a paisagem.
• Podem ameaçar pássaros, os quais morrem ao colidirem com as pás da turbina. Além
disso, os aerogeradores podem impactar a migração de pássaros.
• Podem causar interferência na transmissão de televisão.
• Em regiões onde o vento não é constante, ou a intensidade é muito fraca, obtêm-se
pouca energia e quando ocorrem chuvas muito fortes, há desperdício de energia.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


A primeira turbina eólica para fins comerciais, mostrada na fotografia a seguir e
que possui 54 metros de altura, foi instalada em 1976, na Dinamarca, e ainda está
em operação. No ano de 1978, a produção de energia eólica naquele país foi de
apenas 120 MWh. Em pouco mais de quatro décadas, a tecnologia e capacidade
das turbinas aumentou de maneira exponencial. No ano de 2017, novamente na
Dinamarca, uma turbina eólica gigantesca, com 220 metros de altura e 35 tonela-
das, produziu sozinha 216 MWh em um período de 24 horas. Neste mesmo ano, a
produção de energia por aerogeradores chegou a 14,8 TWh.

Fonte: Richardson (2015).

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2 - O PANORAMA E O POTENCIAL BRASILEIRO PARA


PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA
Para que a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que
a energia produzida por metro quadrado seja igual ou superior a 500 W/m2 a uma altitude de
50 m. Para produzir tal fluxo de energia, é necessário uma velocidade de vento mínima de 7
m/s. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, apenas 13% da superfície terrestre possui
ventos com velocidade média igual ou superior a 7 m/s, na altitude de 50 metros. A Figura 2(a)
apresenta uma tabela que contém dados sobre as velocidades médias dos ventos em diferentes
continentes, a Figura 2(b) expõe uma estimativa do potencial eólico de cada continente.

(a)

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


(b)

Figura 2 – (a) velocidade média dos ventos em cada continente; (b) estimativas do potencial eólico de cada conti-
nente. Fonte: ANEEL (2002).

Como podemos ver pela Figura 2, África, América do Norte e a Europa Ocidental são
os continentes que apresentam as maiores áreas continentais com velocidades do vento acima de
7 m/s. Consequentemente, também são os continentes que apresentam maior potencial bruto e
líquido para produção de energia eólica.
No que se refere ao cenário brasileiro, conforme mostra a Figura 3(a), boa parte do nosso
litoral apresenta velocidades de vento propícias ao aproveitamento de energia eólica em larga
escala. Algumas áreas montanhosas no interior do país também possuem velocidades maiores
que 7 m/s.

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ENSINO A DISTÂNCIA

Dados mais atualizados, incluindo informações sobre a velocidades dos ventos


off-shore (explicaremos adiante: off-shore refere-se à produção de energia eólica
no mar) podem ser encontrados no site: <http://novoatlas.cepel.br/index.php/ma-
pas-tematicos/>., sendo que os dados para 50 metros de altura estão anexados
nesta unidade.

A Figura 3(b) mostra o potencial eólico de cada região do Brasil. Analisando as Figuras
3(a) e (b), podemos destacar:

• O nordeste possui potencial de 144,3 TWh/ano (75 GW), sendo as principais localidades
a faixa litorânea do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará, a região das chapadas
e off-shore.

• O sudeste possui potencial de 54,9 TWh/ano (29,7 GW), sendo as principais localidades
o norte fluminense, o Espírito Santo e locais de altitude no estado de São Paulo.

• No sul, destaque apenas para as regiões litorâneas, com potencial de 41,1 TWh/ano

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


(22,8 GW).

• No norte, toda a parte da floresta amazônica é inapropriada para a produção de energia


eólica, devido a presença da mata. Seu potencial é de 26,4 TWh/ano (12,8 GW), com
destaque apenas para uma pequena faixa litorânea do Amapá e Pará.

• O centro oeste apresenta o menor potencial, por ser a região localizada mais ao centro
do continente. Seu potencial é de apenas 5,4 TWh/ano (3,1 GW), sendo possível utilizar
a energia eólica em algumas áreas na fronteira com o Paraguai.

O cenário apresentado na Figura 3 diz respeito ao potencial para produção de energia


elétrica. Já no que diz respeito a capacidade instalada, a Tabela 1 apresenta dados de 2017 dos
10 maiores estados em capacidade instalada de energia eólica. Já a Figura 4 mostra a capacidade
eólica instalada no Brasil até o ano de 2018 e as projeções para 2019 e 2020. Nessa figura podemos
observar duas barras, sendo a maior a capacidade instalada acumulada (soma das capacidades
até o ano de avaliação) e a barra menor a capacidade instalada naquele ano.

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ENSINO A DISTÂNCIA

(a)

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


(b)

Figura 3 – (a) velocidade média dos ventos em território brasileiro; (b) estimativas do potencial eólico de cada região
do Brasil. Fonte: CRESESB (s/a); Oliveira (2008).

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Os maiores parques eólicos do Brasil são o Complexo Eólico Alto Sertão I e II,
localizados no semiárido baiano. Somados, ambos têm capacidade instalada de
679,7 MW.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


Tabela 1 – Ranking dos 10 maiores estados produtores em capacidade instalada 2017. Fonte: CCEE (2017).

Figura 4 – Evolução da capacidade eólica instalada no Brasil. Fonte: Usinagem Brasil (2016).

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Um fator importante que deveria servir como incentivo para maiores investimen-
tos na instalação e ampliação da capacidade eólica instalada no Brasil é a pos-
sibilidade de complementaridade entre a geração hidrelétrica e eólica. Dados da
ANEEL mostram que o maior potencial eólico na região nordeste ocorre justamen-
te durante o período de menor disponibilidade hídrica, em períodos de estiagem
(meses de inverno). Será que o Brasil ao ampliar o potencial eólico poderia não
ser mais dependente de usinas termoelétricas que usam combustíveis fósseis
durante os períodos de estiagem? Pesquise e reflita sobre!

3 - CONCEITOS SOBRE ENERGIA EÓLICA

3.1. Análise das Velocidades dos Ventos


A disponibilidade eólica, em geral, não é constante ao longo do ano. Na prática, verifica-

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


se que as velocidades do vento apresentam variações temporais, sejam elas anuais, diárias e
sazonais. A Figura 5 apresenta a correlação entre a velocidade do vento e a temperatura do ar, e
a sua variação ao longo de um dia. Na figura, observamos que, quando a massa de ar está mais
quente, a velocidade do vento aumenta. Isso ocorre, no exemplo, entre as 12 e 16 horas do dia.

Figura 5 – Variação diária na velocidade dos ventos. Fonte: Galvani (s/a).

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Dado um fluido em movimento sobre uma superfície plana, a velocidade do escoamento


irá aumentar a medida que afasta-se da superfície. Esta afirmação ficará mais clara para o aluno
após os cursos de Mecânica dos Fluidos e Transferência de Calor, quando serão apresentados
os conceitos de camada limite. Por hora, o mais importante é entender que, no caso do vento
escoando sobre um tipo de solo qualquer, a sua velocidade aumenta à medida que se aumenta
a altura em relação ao solo. Entretanto, a topografia e a rugosidade do solo representam grande
influência tanto na frequência de ocorrência dos ventos como na sua velocidade local. Por
exemplo, em terrenos planos e com baixa rugosidade, a variação na velocidade do vento é muito
menor do que em terrenos irregulares, com alta rugosidade.
Na Figura 6(a) vemos a relação entre a altura em relação ao solo e a velocidade do
vento. Próximo à base temos a rugosidade (z0). Até a altura z_0 a velocidade do vento pode ser
considerada zero. Acima de z0, temos o desenvolvimento da camada limite. A camada limite é
originada devido ao atrito ente a corrente de vento e o solo. O atrito diminui a velocidade do
vento e pode causar mudanças na sua direção. A camada limite se desenvolve até atingir uma
certa altura do solo, em que as linhas de corrente do vento se tornam paralelas, que seria a região
de ventos geostróficos. Quanto maior a rugosidade do solo, maior é o tamanho da camada limite.
Por isso os aerogeradores devem ser instalados em terrenos planos com baixa rugosidade, onde
a velocidade do vento é elevada em uma altitude moderada e os aerogeradores devem ser altos o
suficiente para captar as maiores velocidades dos ventos e com menores influências do terreno,
ou seja, mais próximo o possível da região de vento geostrófico. A Figura 6(b) ilustra bem o que

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


foi dito. Neste exemplo, em altitudes acima de 70 m, temos menores influências da rugosidade
do solo sobre a velocidade do vento. Assim, um aerogerador de 98 m com rotor de 71 m, captaria
ventos a uma velocidade média elevada na altitude média de 100 m.
(a) (b)

Figura 6 – (a) Exemplo de perfil de velocidade do vento em relação à altura do solo; (b) Exemplo de como interpretar
a velocidade do vento com a altura do aerogerador. Fonte: Picolo, Bühler, Rampinelli (2014); Rossi, Oliveira, Alé
(2012).

Com base no que foi apresentado, a medida que a tecnologia se desenvolve e novos
materiais são empregados, é natural que na evolução dos aerogeradores eles tenham ficado mais
altos e com pás com diâmetro maiores. O efeito da altura já foi explicado, enquanto o efeito
do diâmetro de pás, quanto maior for a área coberta pelas pás do aerogerador, maior a energia
eólica captada. Este último efeito será melhor explicado adiante. A Figura 7 mostra essa evolução.
Atualmente, os aerogeradores possuem alturas na faixa de 120 m e pás com diâmetro de 125 m,
capazes de produzir 5 MW. A perspectiva futura, é aumentar altura para valores na ordem de 180
m, com pás de 250 m de diâmetro, capazes de produzir 20 MW.

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Figura 7 – Evolução dos aerogeradores. Fonte: Okita (2017).

3.2. Funcionamento dos Aerogeradores, a Conversão da

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


Energia dos Ventos em Energia Elétrica e seus Principais
Componentes
O funcionamento de uma turbina eólica é apresentado na Figura 8. A energia cinética
dos ventos, ou energia eólica, é convertida pela rotação do rotor da turbina em energia mecânica,
sendo o eixo da turbina conectado a um multiplicador mecânico. Os rotores podem ser verticais
ou horizontais, conforme veremos a seguir. A velocidade de rotação da turbina é muito baixa,
não possibilita acionar diretamente o gerador elétrico, como em uma usina hidrelétrica. Assim,
o multiplicador mecânico tem a função de aumentar a velocidade angular para valores que
possibilitem acionar o gerador. O multiplicador tem, portanto, o seu eixo conectado ao gerador
elétrico, convertendo, assim, a energia mecânica em energia elétrica. A energia elétrica, por sua
vez, passa por processos de tratamento antes de ser distribuída para a rede elétrica.
As pás das turbinas são dispositivos aerodinâmicos com perfis especialmente
desenvolvidos, equivalentes às asas de aviões. Ao passar pela pá da turbina, a velocidade do vento
associada à força de sustentação e arraste faz resultar o movimento de rotação, como ilustra
a Figura 9. Em condições de velocidade de vento na faixa de projeto das pás de uma turbina,
a camada limite não “se descola” da superfície da pá, conforme ilustra a Figura 9. Quando a
velocidade do vento aumenta muito, para valores acima das velocidades de projeto, a camada
limite passa a “se descolar” da superfície da pá, originando zonas de turbulência, o que reduz a
força de sustentação (Efeito Estol), podendo reduzir a potência da turbina. Assim, o efeito Estol
pode ser utilizado para o controle de potência em turbinas eólicas.

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Figura 8 – Funcionamento de uma turbina eólica e as etapas de conversão de energia. Fonte: Picolo, Bühler, Ram-
pinelli (2014).

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Figura 9 – Funcionamento de uma turbina eólica, forças atuante nas pás da turbina. Fonte: Energias Renováveis
(s/a).

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Dentre outros componentes, destacamos o sistema de controle que é constituído por


uma série de sensores, para medir a velocidade e direção dos ventos, a velocidade de rotação
do rotor, entre outros, que irão fornecer os dados para garantir a segurança da turbina durante
o seu funcionamento, bem como aproveitar ao máximo a energia eólica disponível. As turbinas
também contam com um sistema de freios para o rotor, os quais permitem que o rotor inicie
operação somente se a velocidade mínima operacional dos ventos é atingida, e também para
travar o rotor quanto a velocidade dos ventos está acima da velocidade máxima operacional. Por
fim, o suporte estrutural é constituído, principalmente, pela torre e pela gávea giratória.

3.3. Tipos de Turbinas Eólicas e Seus Componentes


Existem diferentes tipos de aerogeradores, os quais podem ser classificados quanto:
a orientação do eixo, a posição do rotor e ao número de pás. As máquinas de grande porte,
utilizadas para produção de energia em larga escala, em geral, são compostas por três pás em eixo
horizontal. Entretanto, existem máquinas com uma, duas, quatro e multi-pás. Também existem
turbinas em eixo vertical, como as turbinas Darrieus e Savonius, as quais são utilizadas para
produção de energia em pequena escala (até 50 kW).
As turbinas de eixo horizontal, apresentadas na Figura 10, são as mais comuns. Durante
a sua operação, elas sempre devem estar orientadas na direção do vento. As de pequeno porte
utilizam um aerofólio de cauda, montando a jusante do rotor, o qual prontamente orienta a turbina

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


na direção do vento. As de grande porte possuem um sistema de anemômetros direcionais, os
quais medem a intensidade e direção do ventos e acionam servo-motores que movem a turbina e
a orientam na direção correta.

Figura 10 – Turbina de eixo horizontal. Fonte: Microeolica (s/a) e Archi Expo (s/a).

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As turbinas de eixo horizontal podem ter o rotor à montante ou à jusante, mostradas


na Figura 11. As turbinas com rotor a montante são as mais comuns, onde o vento passa pelo
rotor antes de passar pelo corpo da máquina. A sua maior vantagem é que a corrente do ar não
sofre influência do corpo da máquina. Por outro lado, as pás do rotor precisam ser mais rígidas,
pois recebem diretamente a força do vento, e necessitam de um sistema de orientação, pois seu
equilíbrio direcional é instável. Já nas turbinas com rotor à jusante, vento passa primeiramente
ao redor do corpo da máquina e depois pelo rotor. Elas têm a vantagem de seguirem o vento
passivamente, não necessitando de sistema de orientação, exceto em turbinas de grande porte.
Entretanto, a corrente de ar sofre influência ao entrar em contato com o corpo da máquina e
torre.

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Figura 11 – Turbinas de eixo horizontal (a) à montante; (b) à jusante. Fonte: Evolução Energia Eólica (s/a).

No que se refere ao número de pás das turbinas horizontais, ele varia em função de
velocidade de rotação, da velocidade do vento e de considerações estruturais. Turbinas para fins
de geração de energia elétrica utilizam entre uma a três pás, sendo o modelo com três pás o mais
comum. Já as turbinas com múltiplas pás (12 a 24) são os cata-ventos, utilizados para moagem e
bombeamento d’água.
As turbinas eólicas de eixo vertical podem ser de três tipos, apresentadas na Figura
12: Darrieus, Savonius e Panémones. Todos eles funcionam seguindo o mesmo princípio
aerodinâmico, que é a criação de forças tangenciais desbalanceadas em torno do eixo. Dentre
os três tipos, o mais utilizado é o tipo Darrieus, pois tem construção mais simples. Os rotores
Savonius e Panémones apresentam construção mais complexa, especialmente à medida que seu
tamanho aumenta.
Os rotores Darrieus são constituídos por dois ou três aerofólios retos ou em forma de
arcos. Os aerofólios são montados de tal forma que, independente da direção do vento, sempre
existirá uma força de arrasto resultante que faz o rotor girar. Os rotores Savonius consistem
basicamente de uma chapa dobrada em forma de S ou em dois semi-cilindros, presos ao eixo. Por
fim, os rotores Panémones são semelhantes a anemômetros de concha, com calotas semiesféricas
pressas ao eixo.

WWW.UNINGA.BR 89
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ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


Figura 11 – Turbinas de eixo horizontal (a) Darrieus tipo hélice, tipo H e tipo D; (b) Savonius. Fonte: Das, Talpatra
(2016); Wind Works (s/a); Carmo (2012); Archi Expo (s/a).

3.4. Parques Eólicos


Os parques eólicos são conjuntos de aerogeradores individuais ligados a uma rede de
transmissão de energia elétrica. Eles podem ser destinados à produção de energia para regiões
isoladas e, portanto, ter pequenas dimensões; ou podem ser destinados para produção de energia
em larga escala, contendo centenas de aerogeradores e ocupando uma grande área. Um parque
que produza acima de 1 MW é considerado uma usina. Portanto, os parques eólicos podem ser:

• Isolados da rede elétrica e, assim como apresentado na Unidade III, necessitam de


baterias para armazenar energia.

• Interligados à rede, idem aos sistemas on-grid fotovoltaicos, sendo toda a energia
produzida repassada à rede de distribuição.

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• Híbridos, os quais combinam a energia eólica com outros tipos de geração de energia,
como solar, motores à diesel, entre outros. Essa associação é fundamental em alguns
casos para manter o fornecimento de energia caso alguma fonte pare de funcionar, ou
não produza energia em um certo período do dia.

• Sistemas off-shore, são aqueles instalados nos oceanos.

Os parques eólicos off-shore estão instalados a uma certa distância da costa do continente.
O desenvolvimento desse tipo de parque vem crescendo nos últimos anos, devido a:

• Não ter limitações em termos de utilização do solo.

• Não produzir impactos visuais e não haver problemas quanto à impactos sonoros.

• A superfície do mar ter baixa rugosidade, logo, influenciam menos na velocidade dos
ventos.

• Consequentemente ao item anterior, as turbinas podem ser menores quando comparadas


às turbinas instaladas em solo.

ENERGIAS RENOVÁVEIS | UNIDADE 4


• A turbulência do vento é menor no mar, devido à ausência de barreiras. Desta forma, as
turbinas sofrem menos desgaste e maior vida útil.

Por outro lado, os sistemas off-shore apresentam maior custo de instalação e manutenção,
mas hoje são a alternativa devido ao esgotamento em diversos países, como a Dinamarca, de
áreas com potencial eólico em terra. A Figura 12 mostra a foto de um parque em solo e um
parque off-shore.

Figura 11 – (a) Parque eólico em solo – Osório (RS); (b) O maior parque eólico off-shore do mundo, localizado no
Reino Unido. Fonte: Preview banco de imagens (2018); Engenharia é (2017).

WWW.UNINGA.BR 91
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Conforme vimos, os parques eólicos são instalados em locais isolados, onde o


terreno apresenta baixa rugosidade e o uso de aerogeradores não afeta o dia-a-
-dia dos seres humanos. Entretanto, será que é possível a instalação de parques
eólicos em centros urbanos? A resposta que se apresenta de imediato é não, uma
vez que as áreas urbanas apresentam rugosidade bastante elevada, logo a veloci-
dade dos ventos são menores e as correntes mais turbulentas. Entretanto, hoje é
possível encontrar diversas aplicações, especialmente de turbinas verticais, para
a geração de energia em pequena escala. Vejam o vídeo disponível em <https://
www.youtube.com/watch?v=MjgIYJ_9aIM> e reflitam sobre essa e outras possibi-
lidades para utilização de energia eólica em meio urbano.

4 - AVALIAÇÃO DO POTENCIAL EÓLICO


A potência eólica total (P em W) de uma massa de ar com velocidade (V em m/s)

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atravessando uma área (A em m2) é calculada por:

Eq. 1

em que, a densidade do ar (ρ) é igual a 1,225 kg/m3. Para os aerogeradores, considera-


se que a área A é a superfície traçada pelas pás do rotor. Por exemplo, para um aerogerador
horizontal A=πR2, em que R é o raio do rotor da turbina.
Ao analisar a Equação 1, observa-se que a potência produzida pela turbina eólica é
proporcional ao cubo da velocidade dos ventos. Assim, pequenas variações na velocidade
resultam em uma significativa variação na potência.
Além disso, conforme já apresentado, a potência eólica irá aumentar a altura em relação do
nível do terreno, pois a velocidade aumenta. Contudo, nem sempre é possível medir a velocidade
em altitudes elevadas. Para isso, recorre-se a Equação 2:

Eq. 2

em que, V é a velocidade que se deseja estimar em uma altura H muito acima do nível do
solo. V0 é uma velocidade medida em uma certa altura H0 conhecida, e n é o fator de rugosidade
do terreno, cujo valores estão na Tabela 2. Assim, podemos utilizar um instrumento de medição
das velocidades dos ventos, como um anemômetro, e medir a velocidade do mesmo em uma
altura conhecida e acessível, por exemplo, medimos 5 m/s a uma altura de 2 metros. Sendo
também o tipo de terreno conhecido, por exemplo, gramado com n = 0,12, podemos estimar
qual a velocidade a 50 metros. Pela Equação 2, V=7,36 m/s.

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Tabela 2 – Fator de rugosidade.Fonte: Wizelius (2007).

No entanto, turbinas e geradores são equipamentos reais e, assim sendo, cada um deles
possui um determinado rendimento. Obviamente, a potência eólica total disponível, calculada
pela Equação 1, não é totalmente convertida em energia elétrica. Logo, podemos definir um

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rendimento total da turbina eólica (ηT) pela seguinte equação:

ηT=ηB ηA ηG Eq. 3

em que, ηB é o rendimento teórico, ηA é o rendimento aerodinâmico das pás e do rotor e


ηG é o rendimento do gerador.
Dessa forma, a potência elétrica produzida por um aerogerador (PE, em W) é calculada
por:

PE=ηT P Eq. 4

Por fim, definimos o coeficiente de potência (CP), como a relação entre a potência
disponível nos ventos (potência eólica total) e a potência extraída pelo aerogerador:

Eq. 5

Observe que apesar de terem a mesma definição, o CP e o ηT não são a mesma variável.
O ηT, nas análises, é considerado constante, enquanto o CP, conforme apresentado na Figura 12,
varia com a velocidade dos ventos.
A Figura 12 apresenta uma curva de potência típica de um aerogerador. Nesses gráficos,
geralmente, são apresentadas a potência nominal do vento (Equação 1) e o coeficiente de potência
para o aerogerador em função da velocidade dos ventos. Também podemos observar três/quatro
regiões ou pontos de interesse: o cut-in, o ponto de CP máximo, o ponto de velocidade nominal
do vento e o cut-out.

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Considerando a Figura 12, temos que:

• Cut-in: é a velocidade mínima requerida pelo aerogerador para entrar em operação. No


exemplo, na faixa de 2,5 a 4,5 m/s o freio do rotor é liberado e o aerogerador entra em
operação.

• Ponto de CP máximo: corresponde a velocidade dos ventos em que se extrai o máximo de


energia eólica pelas turbinas. O CP~0,5, para este exemplo, ocorre para ventos velocidades
entre 9 e 12 m/s.

• Velocidade nominal do vento: é a velocidade na qual o aerogerador atinge a sua


potência nominal. No exemplo, a velocidade nominal é de 15 m/s. Observe que ao
atingir a velocidade e potência nominas, mesmo que a velocidade dos ventos aumente,
a potência produzida passa a ser constante e igual ao seu valor nomina. Por outro lado,
o CP na velocidade nominal é mais baixo do que na região de máximo, ou seja, mesmo
na operação de velocidade nominal, o aerogerador aproveita menos a energia disponível
dos ventos.

• Cut-off: é a velocidade máxima admitida pelo aerogerador. Para não operar o gerador
elétrico em velocidades muito elevadas, o sobrecarregando, o sistema é desativado quando

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os ventos atingem velocidades muito altas, no exemplo, maiores que 28 m/s. Observe
que para velocidades muito acima da velocidade nominal, próximo ao cut-off, o CP é
relativamente baixo.

Figura 12 – Curvas de potência e coeficiente de potência em função da velocidade dos ventos. Fonte: Leão (s/a).

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5 - A ENERGIA DAS ONDAS E MARÉS


A energia proveniente dos mares e oceanos podem ser divididas em três classes: energia
das marés, também conhecida como maremotriz; energia das correntes marítimas; e energia das
ondas, ou ondomotriz. Nesta parte da Unidade IV falaremos um pouco sobre cada uma delas.
A energia das ondas e marés possuem diversas vantagens, dentre elas:

• É renovável e limpa, não gerando CO2 na produção de energia.


• Assim como a energia eólica, é um recurso infinito.
• As correntes marítimas são mais previsíveis do que as correntes de vento.
• Pode ser uma solução para países que recebem pouca radiação solar, mas que possuem
um litoral amplo.

Entre as desvantagens, destacamos:


• Pode bloquear rotas marítimas.
• Interferência na vida marinha.
• Locais com potencial para utilização são limitados.
• Custo elevado de implementação.
• Os equipamentos podem ser danificados por tempestades.
• Necessidade de materiais resistente a corrosão.

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A pesquisa e desenvolvimento do uso dos mares e oceanos para produção de energia
iniciou nos anos 1960. Apesar do avanço significativo da tecnologia nos últimos anos, ainda não
se desenvolveu uma tecnologia eficaz para a exploração comercial em grande escala. Além disso,
outro desafio é a topografia de alguns litorais, que encarecem a construção de usinas.

5.1. Energia Maremotriz


A energia maremotriz utiliza a energia potencial obtida pela diferença de altura que
pode ser criada pela oscilação entre as marés alta e baixa para produzir energia elétrica. Para o
aproveitamento desta fonte de energia seja considerado renovável, é necessária a existência de
uma diferença de, no mínimo, 7 metros entre a maré alta e baixa. No Brasil essa modalidade não
é muito explorada devido à ausência de marés com amplitudes elevadas ou canais.
A instalação utilizada para conversão da energia maremotriz em energia elétrica, ilustrada
na Figura 13, é semelhante ao de uma usina hidrelétrica, vista na Unidade II. São construídas
barragens e diques, que permitem a entrada e saída de água, além de abrigar as turbinas
hidráulicas. As barragens são construídas próximas ao mar, e os diques são responsáveis pela
captação de água durante a alta da maré (maré montante), por meio de uma comporta principal.
Durante a baixa da maré (maré descendente), a comporta principal é fechada e a comporta da
turbina liberada. A água é armazenada, então, pela turbina geradora, que converte a energia
potencial em energia elétrica.

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Figura 13 – Energia maremotriz. Fonte: Teceltnv (s/a).

5.2. Energia das Correntes Marítimas


As correntes marítimas também podem ser consideradas como energia maremotriz,
uma vez que elas são causadas principalmente pelas altas e baixas das marés. Porém, aqui a
classificamos de forma diferente da energia das marés explicada no item 5.1.

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A energia das correntes marítimas aproveita a sua energia cinética para produzir energia
elétrica. Um ponto positivo deste tipo de energia é que as correntes marítimas são mais previsíveis
que as correntes de ventos (energia eólica). Dentre outras vantagens do uso das correntes do mar,
destacamos:

• A grande capacidade para gerar energia. Conforme veremos, as turbinas utilizadas são
semelhantes às turbinas eólicas. Assim, uma vez que a água possui alta densidade, pela
Equação 1, a quantidade de energia que pode ser produzida é muito grande, mesmo em
velocidades mais baixas que as velocidades dos ventos.

• A previsibilidade dos recursos, sendo a sua disponibilidade futura conhecida e planejada.

• Recursos vastos que podem ser explorados com pouco impacto ambiental.

A conversão da energia cinética em energia elétrica pode ser feita de modo semelhante
aos sistemas eólicos apresentados anteriormente. Algumas das turbinas se assemelham aos
aerogeradores horizontais. Veja alguns exemplos ilustrados e fotografias na Figura 14. A energia
cinética contidas nas marés passa por um rotor, que a converte em energia mecânica. A energia
mecânica é posteriormente convertida em energia elétrica.

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Figura 14 – Exemplos de turbinas utilizadas para o aproveitamento da energia das correntes marítimas. Fonte: Woo
(2017); Blackaby (2018); Holder (2018); Japan for Sustainbility (2012).

5.3. Energia das Ondas


A energia ondomotriz é o aproveitamento das ondas oceânicas para gerar energia.
Existem uma variedade de tecnologias sendo desenvolvidas para aproveitar a energia das ondas.
Cada uma delas são propostas de acordo com as características geológicas do local e onde serão
instaladas, se na costa (shoreline) ou em alto mar (offshore).

• Sistemas shoreline: dentre os sistemas instalados na costa, destacamos a coluna de água


oscilante e o sistema de flutuadores e água doce pressurizada desenvolvido no Brasil.

• Sistemas offshore: destacamos os pelamis, wave dragon, OPT waves (boias), waveroller
(pêndulo invertido), AWS.

Algumas destas tecnologias são apresentadas na Figura 15 e serão melhor estudadas pelos
alunos nas atividades complementares.

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Figura 15 – Exemplos de tecnologias utilizadas para aproveitamento da energia das ondas: (a) sistema de flutuadores
e água doce pressurizada desenvolvido no Brasil; (b) pelamis; (c) OPT waves; (d) waveroller. Fonte: Portal Biossiste-
mas (2018), Rio do Saber (2013), Yale Environment 360 (2014), Waveroller (s/a).

Diversos países ao redor do mundo têm desenvolvido tecnologias para o aprovei-


tamento da energia de ondas e marés. Dentre os países que mais tem colabora-
do com o desenvolvimento destas tecnologias, destacamos: Inglaterra, Portugal,
Noruega, Japão, Escócia, Dinamarca, EUA, Austrália, Espanha e, também, o Brasil.
Observe que grande parte deles têm interesse nestas formas de energia por in-
disponibilidade de outros recursos renováveis, como a energia solar, hidrelétrica e
eólica. Por exemplo, a maior parte dos países da Europa recebem pouca radiação
solar ao longo do ano, não tem recursos hídricos abundantes, não tem ventos em
velocidades altas e/ou não tem território disponível para instalação de usinas so-
lar e eólicas.

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Além desta apostila, o aluno deve procurar mais informações sobre sistemas eó-
licos e energia das ondas e marés em outras referências.

• Aqui destacamos a apostila publicada por VILLENA, Tecnologia de energia eó-


lica. Disponível em: <http://ead2.ctgas.com.br/a_rquivos/aperfeicoamento/TGE_
Turma1_2014/Apostila%20V14_04_14.pdf>.

• Também indicamos o livro FADIGAS, E. A. F. A. Energia eólica. Baueri: Manole,


2011.

• Sobre energia das marés e ondas, as referências são mais escassas e a maioria
em língua inglesa, entretanto alguns sites e blogs de engenharia, como: <www.
portal-energia.com> trazem informações sobre as diferentes formas de utilização
desta fonte de energia.

• Outras informações relevantes são encontradas na fonte Agência Nacional de


Energia Elétrica (ANEEL), Atlas de energia elétrica no Brasil, 2002. Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/ arquivos/pdf/ livro_atlas.pdf>.

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Alguns vídeos muito interessantes sobre energia eólica e sua aplicação no Brasil:

• Você sabe como funciona a Energia Eólica, publicado pela Ambiente Energia
(2013). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6Fc3V0-ZA7k>. Aces-
so em: 30 jan. 2019.

• Energia Eólica, publicado no programa Terra Sul (2007). Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=O_FcV6xPcws>. Acesso em: 30 jan. 2019.

Sobre energia das marés e ondas, destacamos:

• ENERGIA – Energia das marés, publicado por Apollo 1 Consultoria e Treinamento


(2014). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=xbxqclFCrcs>. Aces-
so em: 30 jan. 2019.

• Como funciona a Usina de Ondas de Pecém, publicado pela Coppe UFRJ (2014).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_2iYWJ14QMU>. Acesso em:
30 jan. 2019.

• Geração de Eletricidade pelas Ondas do Mar, publicado pelo Canal Furnas (2013).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iGK1VE2cTKM>. Acesso em:
30 jan. 2019.

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6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta última unidade da disciplina sobre Energias Renováveis falamos sobre a energia
dos ventos e a energia de ondas e marés. A energia eólica é considerada a energia mais limpa do
planeta, podendo ser aplicada tanto em solo como no mar. O recurso eólico é infinito, ou seja,
sempre poderemos explorar a energia dos ventos para produção de energia elétrica. No Brasil, esta
fonte de energia vem sendo explorada, mas ainda faltam incentivos maiores para torná-la mais
participativa na produção de energia no nosso país. Aliás, com planejamento, poderíamos tornar
a produção de energia no Brasil independente de fontes não-renováveis e termoelétricas, uma
vez que a produção eólica seria maior no período de estiagem, quando a produção hidrelétrica
é mais afetada. Outro tema desta unidade foi a energia das ondas e marés. Esta fonte de energia
é muito promissora, pois, assim como a fonte eólica, é inesgotável e poderia ser a solução para
diversos países que possuem poucos recursos naturais renováveis. Entretanto, sua exploração
ainda é pequena e muitas tecnologias ainda estão em fase de desenvolvimento. No Brasil temos
alguns exemplos, como a Usina de Pecém no Ceará.

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ANEXO

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Fonte: CEPEL (s/a).

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REFERÊNCIAS
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em: 22 jan. 2019.

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em: 22 jan. 2019.

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Minigeração Distribuídas. 2015. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/geracao-distribuida>.
Acesso em: 22 jan. 2019.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Perguntas e Respostas sobre a


aplicação da Resolução Normativa nº 482/2012. 2017. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/
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