Você está na página 1de 39

LOB 1213

Climatologia Aplicada
2o semestre /2023

Profa. Dra. Danúbia Caporusso Bargos


Circulação Geral da Atmosfera
A característica climática de determinada região é controlada pelos
elementos e fatores climáticos.

Os elementos do clima são seus componentes


principais, ou seja, aqueles que se conjugam
principais
para formar o tempo atmosférico e o clima
propriamente dito. Já os fatores do clima,
clima
provocam alterações,
alterações por vezes bastante
significativas, no clima e/ou seus elementos.São
eles que produzem alterações e interferências
diretas e/ou indiretas nos elementos e nos tipos
climáticos. (TORRES e MACHADO, 2011)

A associação dos elementos e fatores climáticos,


climáticos
aliados ao próprio Movimento de Rotação da Terra,
Terra
geram diferenças de pressão que mantém a atmosfera
em constante movimento.
Definições

A circulação geral da atmosfera é:

“[...] o conjunto dos movimentos atmosféricos que, na escala planetária,


determina zonas climáticas e, nos diferentes lugares do planeta, define
tipos de tempos” (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007) .

“[ ...] a forma como as massas de ar se deslocam ou escoam sobre o


planeta, provocando ventos com direções distintas nas regiões
planeta
tropicais, temperadas e polares” (MOLION, 1988).

Devido à complexidade dos fatores envolvidos na circulação do ar na atmosfera e os


problemas colocados pelos dados de observação inadequados sobre a atmosfera, tanto
horizontal como verticalmente, vários modelos conceituais dessa circulação foram
apresentados em várias épocas, por diferentes pesquisadores.
Apesar disso, a compreensão da atmosfera ainda é incompleta!
Recordando...
Recordando ...

O balanço médio da
radiação anual do Globo,
mostra que a região
intertropical apresenta
valor positivo, crescente à
medida que se aproxima
do Equador. O balanço é
negativo para as regiões
temperadas, ocorrendo
os menores valores nas
calotas polares.
SE a Terra não tivesse movimento de rotação e apresentasse uma superfície
homogênea, estabelecer-se-ia, teoricamente, um gradiente contínuo de pressão
homogênea
dirigido dos polos para o Equador, junto á superfície do solo.

Modelo hipotético de circulação atmosférica sem considerar


o efeito de rotação do planeta.
MAS...

o planeta não está parado! Ele gira (rotação), fazendo


com que toda massa de ar em deslocamento sofra um
desvio na sua trajetória por efeito da Força de Coriolis
Coriolis.

Devido ao movimento de rotação da Terra, há


um desvio aparente dos objetos que se
movem: para a direita de sua trajetória de
movimentação no Hemisfério Norte e para a
esquerda de sua trajetória de movimentação
no Hemisfério Sul
Sul, se olhado por qualquer
observador sobre a superfície da Terra.
Portanto, há um desvio em relação ao
observador.

https://www.youtube.com/watch?v=dt_XJp77-mk

https://www.youtube.com/watch?v=KwkrNMnLH78
A circulação geral da atmosfera é responsável pelo aumento ou pela
diminuição da umidade de um local, por exemplo.

Os movimentos de circulação da atmosfera podem ser divididos em


movimentos verticais e movimentos horizontais e sofrem influência da:

1) força do gradiente de pressão;


2) força de Coriolis;
3) aceleração centrípeta;
4) força de fricção (ou atrito).

(Ayoade,1983)
Força do gradiente de pressão:
É considerado por muitos autores o principal fator de movimento
horizontal da atmosfera.

O ar movimenta-se (vento)
de um local da atmosfera
onde há alta pressão para
outro local onde há baixa
pressão.

A menor temperatura faz com que a densidade do


ar seja maior em comparação com o ar em volta, e,
por isso, podemos dizer que ele é mais pesado.

Geralmente, as áreas de baixa pressão são aquelas


que têm maiores temperaturas atmosféricas.
Essa regra também é válida para a atmosfera. Nas latitudes próximas do Equador,
a radiação solar incide de forma mais perpendicular; por isso, essas áreas são
mais aquecidas que outras. O calor da superfície da Terra é transmitido para a
atmosfera, a troposfera se aquece e o ar tende a subir. Por outro lado, o ar nas
calotas polares sofrem resfriamento, aumento de densidade e descendem na
atmosfera (subsidência).

HN
HN
Centro de Alta Pressão Atmosférica Centro de Baixa Pressão Atmosférica
- Retira umidade de uma área - Concentra umidade em uma área
- Ar seco; menos nuvens se formam - Ajuda na formação de nuvens
- Reduz a chance de chuva - Favorece chuva

https://www.climatempo.com.br/noticia/2016/12/23/alta-pressao-x-baixa-pressao-5386
A condição de aquecimento de massas de ar na região do Equador (temperaturas
elevadas) cria no local uma região de Baixa Pressão (BP), enquanto que a
constante condição de resfriamento do ar nos polos gera uma região de alta
pressão (AP).

Fonte: https://content.meteoblue.com/pt/meteoscool/clima-em-grande-escala-lsw/alta-baixa-pressao
Fonte: http://www.jovemexplorador.iag.usp.br/?p=blog_circulacao-geral
Ventos Alísios

"[...] as áreas de baixas latitudes recebem mais energia do que perdem


por emissão para o espaço e, nas latitudes médias e altas, observa-se o
contrário" (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA,2007).
Dessa forma, podemos concluir que há um movimento de ar na atmosfera em
direção ao Equador, visto que o ar, nessa região, fica mais quente, menos denso e
sobe. O lugar dele é ocupado por ar vindo de outras latitudes (mais elevadas).
Esses ventos são chamados de ventos alísios.”
Os ventos alísios são originados do deslocamento das massas de ar frio das
zonas de alta (trópicos) para as zonas de baixa pressão (equador).
A massa de ar que se eleva no Equador desloca-se, na parte superior da
atmosfera, em direção aos polos. Ao se deslocar em direção ao Polo Sul, por
exemplo, deflete à esquerda, originando ventos de noroeste em altitude
(Contra-Alísios).

Ao chegar à zona de baixa


pressão do equador, os ventos
alísios ascendem provocando o
resfriamento dos níveis mais
altos e perdendo umidade por
condensação e precipitação.
É aí, então, que surgem os
ventos “contra-alísios”, quando
estes movem-se em sentido
contrário até as zonas dos
cinturões anticiclônicos
(AP)mantendo-se assim, o
sistema de circulação entre
zonas tropicais e subtropicais e a
zona equatorial.
A parte da massa de ar que descendeu na faixa dos 30° de latitude sul, orienta-
se para o sul (Polo Sul), defletindo para a esquerda pela ação da Força de Coriolis
(ventos de noroeste) e propiciando “Ventos de Oeste” em torno da latitude de
60° (Sul) - área de baixa pressão de origem dinâmica.

Os ventos alísios são os


responsáveis por
transportar umidade das
zonas tropicais para a zona
equatorial provocando
chuvas nessa região.
Enquanto que os ventos
contra-alísios levam ar seco
para as zonas tropicais,
ficando , os
maiores desertos da Terra
justamente nessa zona,
principalmente no
hemisfério norte.

Representação esquemática da circulação geral da atmosfera terrestre


(considerando a superfície terrestre homogênea)
https://www.climatempo.com.br/noticia/2019/03/31/os-10-maiores-desertos-do-mundo-3568
Força de Coriolis:
Outro fator que
desempenha alterações
no movimento do ar é a
rotação da Terra. A
rotação faz com que
tanto o planeta como a
atmosfera se
movimentem no sentido
Leste-Oeste. Esse fato
determina que, em
locais com menores
latitudes, os ventos
alísios sigam a região do
Equador, porém com
pequeno desvio.
Desde que o ar seja obrigado a se mover pela força
do gradiente de pressão, ele é imediatamente
afetado pela Força Defletora, que se deve ao
Movimento de Rotação da Terra.
Os centros atmosféricos de ação que exercem o controle climático do
planeta são conhecidos como de alta pressão (anticiclonais), onde há
divergência de ar, e de baixa pressão (ciclonais).

A distribuição dessas áreas é fundamental para a distribuição da umidade no planeta.


Quando há alteração de suas posições, como, por exemplo, quando ocorre o El Niño, a
distribuição das chuvas e das áreas mais secas no globo terrestre muda.
Contra Alísios

Ventos secos Ventos secos


para os para os
trópicos trópicos

Ventos Ventos
úmidos úmidos Capta a
Capta a
umidade para o para o umidade
Alísios Equador Equador Alísios

30 30
Latitude 0 Latitude Latitude
Equador
Existem zonas de baixa pressão (BP) em torno do Equador e em torno das
latitudes de 60º, nos dois hemisférios. As zonas de alta pressão (AP)
ocorrem em torno dos pólos e em torno das latitudes de 30º nos dois
hemisférios.
1

2
As zonas de altas pressões
polares têm origem
térmica,
devido à incidência menor
e mais oblíqua dos raios
solares.
As zonas de baixas
pressões subpolares, em
torno das latitudes de 60º,
em ambos os hemisférios,
são essencialmente de
origem dinâmica.

As zonas de baixa pressão subpolares são causadas pelo Movimento de Rotação da Terra
que provoca um turbilhão polar e, assim, uma tendência para baixa pressão em torno dos
pólos. “Entretanto, por causa do frio intenso nos pólos, o efeito dinâmico é mascarado
pelo efeito térmico”. (AYOADE ,2003)
As “Latitudes dos Cavalos” (horse
latitudes) são localizadas
aproximadamente em 30°N e 30°S.
Aproximadamente nessas regiões é
onde os ventos de escala global
divergem: ventos em direção ao
Equador (os alísios) e ventos em
direção aos polos (os mais
conhecidos são os ventos de oeste
ou ‘westerlies’).
Essa divergência dos ventos
resultam em uma área de alta
pressão, com ventos calmos, céu
ensolarado e pouca ou nenhuma
precipitação.
Curiosidade!
Why horse latitudes?
Quando os navegadores europeus saiam em direção ao Novo Mundo, era frequente permanecer dias ou até
semanas nestas áreas de alta pressão, onde os ventos eram muito fracos e prejudicavam a navegação. Além
disso, as precipitações eram praticamente inexistentes. Dessa maneira, a tripulação logo ficava sem água e
toda a carga viva também. “Reza a lenda” que para economizar água a tripulação jogava os cavalos no mar
quando isso acontecia.Dessa maneira haveria mais água para o consumo humano.
Célula de Hadley
Um dos primeiros modelos de circulação da atmosfera foi desenvolvido por
George Hadley em 1735. Nesse modelo, é indicado o movimento dos ventos
alíseos na altura do Equador. Em 1856, Ferrel propôs um modelo mais
completo, contemplando as elevadas latitudes (AYOADE ,1983)

A circulação do ar, elevando-se


no Equador, descendendo na
latitude aproximada de 30ºS,
dando origem aos ventos
sudeste de superfície (Alísios de
Sudeste) e noroeste em altitude
(Contra-Alísios), constitui a
“Célula Tropical de Circulação
Meridional” ou “Célula de
Hadley”. A célula de Hadley diz
respeito à circulação no plano
vertical meridional (sul-norte)

Na latitude do equador as células de Hadley se individualizam, acontecendo o mesmo com as


células de Ferrel na altura das frentes polares. (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA,2007).
Célula das latitudes médias (célula de Ferrel)

É uma célula de circulação


atmosférica média nas
latitudes extratropicais,
reconhecida por Ferrel em
1856. Nesta célula, o ar
move-se para os polos e para
leste junto à superfície, e no
sentido do Equador e para
oeste em altitude, fechando-
se a circulação por
subsidência nos subtrópicos.
Célula Polar
Ocorre na latitude dos polos devido à
divergência do ar na região.
Nestas regiões, o ar diverge para fora dos
centros de altas pressões e retorna para sul,
fechando a circulação celular.
Em resposta a esses padrões de distribuição de pressão, há seis sistemas
principais de ventos em superfície, sendo três em cada hemisfério.

Hemisfério Norte: Ventos


Alísios de Nordeste, Ventos
Dominantes de Oeste e os
Ventos Polares de Leste
(nordeste);

Hemisfério Sul: Ventos


Alísios de Sudeste, os
Ventos Dominantes de
Oeste e os Ventos
Polares de Leste
(sudeste).
Bibliografia Sugerida:
TORRES, F.T.P; MACHADO, P.J.O. Introdução à Climatologia. Cengage
Learning, 2012. Capitulo 6.
AYOADE, J.O. Introdução à Climatologia para os trópicos. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1983.

Você também pode gostar