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INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO

CAMPUS RECIFE – DIRETORIA DE ENSINO


DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CURSOS SUPERIORES
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
COMPONENTE CURRICULAR: CLIMATOLOGIA DINÂMICA
Prof.: Joazadaque Lucena de Souza
Discente:José Jorge Pereira da Silva Júnior

FICHAMENTO

Este trabalho tem como objetivo sintetizar as principais ideias e conceitos do capítulo 4
intitulado de "Circulação e dinâmica da atmosfera" do livro "Climatologia: noções básicas e
climas do Brasil", escrito pelos autores Francisco Mendonça e Inês Moresco Danni-Oliveira e
publicado em 2007 pela editora Oficina de Texto em São Paulo.
Inicialmente, o texto relata que nos tempos primórdios os estudos sobre a atmosfera
terrestre estavam associados intrinsecamente aos elementos de vegetação e relevo, a partir da
sua espacialidade, sem considerar toda a dinâmica e a complexidade da formação do clima e
da movimentação do ar. Diante do desdobramento da Segunda Guerra Mundial, que trouxe
como consequências avanços tecnológicos e técnicos que possibilitaram uma maior
movimentação e entendimento das tropas, baseado nos estudos referentes à movimentação do
ar e da percepção mais ampliada do entendimento da atmosfera terrestre, com esse advento,
pode-se abrir as discussões e pesquisas para a compreensão do mecanismo, sazonalidade e
controle climáticos que ocorrem na superfície terrestre.

1. CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA

● O conceito de atmosfera terrestre está relacionado à estruturação do conjunto de gases


que estão retidos pela atração gravitacional do Planeta Terra, e seus movimentos
acontecem a partir das leis da mecânica dos fluidos e da termodinâmica. Podemos
entender que o conjunto de movimentos atmosféricos é que determinará as zonas
climáticas e os tipos de tempo, que também estão associados à distribuição desigual da
energia solar na superfície da Terra e à latitude. Todos esses elementos são
denominados de circulação geral da atmosfera (p.83-84);
● Devido à distribuição desigual da energia solar na superfície terrestre, existe um
equilíbrio no balanço de energia do planeta, onde as zonas intertropicais, que recebem
um excesso de energia, transferem, pelas correntes atmosféricas e oceânicas, para as
zonas temperadas e polares (p.84);
● Os autores ainda discutem que os centros atmosféricos de ação são reconhecidos como
de alta pressão (anticiclones) e de baixa pressão (ciclones ou depressões). Além disso,
abordam que existem tipos de deslocamento que resultam dessa circulação,
demonstrados na forma horizontal, que é paralela à superfície, e na vertical,
perpendicular a esta e com velocidade média mais fraca que o fluxo horizontal (p.84);
● De forma geral, os anticiclones e depressões permanentes e semipermanentes, no
hemisfério Sul, recuam em direção ao Sul durante a primavera e o verão, ocorrendo o
inverso no hemisfério Norte (p.85);
● A circulação geral da atmosfera está dividida em três grandes zonas: nas latitudes
baixas (zonas intertropicais), na latitudes médias (zonas temperadas) e nas latitudes
altas (zonas polares) (p.85);
● Nas zonas subtropicais, a formação dos anticiclones é de origem dinâmica. Já nas
zonas polares é térmica (p.86 );
● A dinâmica da distribuição dos anticiclones e das depressões na superfície da Terra é
diretamente influenciada pela variação sazonal da radiação solar. Durante o inverno, é
comum a formação de extensas áreas anticiclônicas sobre as regiões continentais frias
nas latitudes médias. Quando ocorre o prolongamento de um setor anticiclônico mais
amplo, forma-se uma zona de alta pressão nas latitudes médias, que é conhecida como
dorsal anticiclônica (p.88-89);
● Os ventos que se originam nas altas pressões subtropicais tendem a soprar
predominantemente para oeste em direção aos pólos. No hemisfério sul, esses ventos
são mais intensos em comparação com o hemisfério norte, devido à menor extensão
territorial continental no sul, o que reduz a influência do atrito sobre o movimento do
ar. Já nas regiões polares, os ventos sopram em direção oposta, do leste para o oeste
(p.89).
1.1 Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e Zona de Convergência do Atlântico
Sul (ZCAS)

● A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é formada em baixas latitudes, onde os


ventos alísios do sudeste encontram-se com os ventos alísios do nordeste, causando
uma ascendência das massas de ar, geralmente úmidas. Essa zona atua como uma
fronteira entre a circulação atmosférica do hemisfério norte e sul e é conhecida por
diversos nomes, incluindo Equador Meteorológico (EM), Descontinuidade Tropical
(DT), Zona Intertropical de Convergência (ZIC) e Frente Intertropical (FIT) (p.90);
● A ZCIT acompanha o Equador Térmico (ET) em seus movimentos sazonais. O ET
representa a região de máxima temperatura exotérmica do globo, que se aproxima da
linha do Equador sobre os oceanos e penetra mais profundamente sobre os
continentes. Assim, a ZCIT serve como uma divisão entre as células de circulação
atmosférica que se localizam próximas ao Equador, incluindo as células norte e sul de
Hadley (p.91);
● A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) apresenta características associadas
aos processos convectivos de precipitação nas áreas onde se forma. Essa zona é
resultante da intensificação do calor e da umidade oriunda do encontro das massas de
ar quente e úmido da Amazônia e do Atlântico Sul, na porção central do Brasil. Em
geral, a ZCAS se estende da porção sul da região Amazônica até a porção central do
Atlântico Sul (p.92).

1.2 Ciclone Tropical

● Os ciclones são perturbações tropicais extremamente rápidas, e é o termo genérico


utilizado pelos cientistas para designá-las. No entanto, esse fenômeno é conhecido por
diferentes nomes regionais, como Tufão no extremo oriente e noroeste do Oceano
Pacífico, Hurricane ou Furacão no Atlântico Norte e no Mar do Caribe, Tornado ou
Willy-Willy na Austrália, Baggio nas Filipinas, Travados em Madagascar, Papagallos
no nordeste do Pacífico, entre outros (p.93);
● A formação de um ciclone tropical ocorre quando o ar é condensado em condições de
convecção, liberando calor latente e resultando em processos de grande intensidade
nas regiões tropicais. Os fluxos de calor sensível e latente do oceano para a atmosfera
também desempenham um papel crucial na manutenção e intensificação do ciclone. O
ciclone é caracterizado pela transformação de uma quantidade gigantesca de energia
calorífica em movimento circular ao redor de um centro de baixa pressão, que é
influenciado pela força de Coriolis e a força centrífuga da perturbação (p.93);
● A partir do sistema de nuvens que caracterizam sua formação, é possível observar a
dimensão e a estrutura de um ciclone. Esse fenômeno pode ter um diâmetro que varia
entre 500 a 1000 quilômetros (p.93).

2.CENTROS DE AÇÃO

● Os centros de ação são extensas zonas de alta ou baixa pressão atmosférica que
originam os movimentos da atmosfera, influenciando os fluxos de ventos
predominantes e os diferentes tipos de tempo. Normalmente, o movimento do ar se faz
dos centros de ação positivos, de alta pressão, também conhecidos como Anticiclones,
em direção aos centros de ação negativos, de baixa pressão, também chamados de
ciclones ou depressões. Esses movimentos são influenciados pela força de Coriolis,
que faz com que o ar se desloque do centro de ação positivo em direção ao centro de
ação negativo, movendo-se para a direita no hemisfério norte e para a esquerda no
hemisfério sul (p.95-96);
● De maneira geral, os centros de ação atmosférica são móveis ao longo do ano,
apresentando deslocamentos sazonais devido à variação da radiação nos dois
hemisférios. No hemisfério sul, durante o verão, os anticiclones e suas massas de ar
apresentam seus deslocamentos mais expressivos em direção ao sul. Já no inverno,
ocorre o oposto. No hemisfério norte, a situação é invertida, com os deslocamentos
ocorrendo em direção ao norte durante o verão e em direção ao sul no inverno (p.96).

2.1 Centros de ação da América do Sul

● A dinâmica e a circulação atmosférica da América do Sul são controladas pela


interação de sete centros de ação, que apresentam variações ao longo do ano. Esses
sete centros de ação são distribuídos em cinco centros positivos e dois negativos
(p.96);
● Os centros de ação positivos são: Anticiclone dos Açores, Anticiclone da Amazônia
ou Doldrums, Anticiclone Semifixo do Atlântico Sul, Anticiclone Semifixo do
Pacífico e Anticiclone Migratório Polar (p.96,98-99);
● Os centros de ação negativos são: Depressão do Chaco e Depressão dos 60° de
Latitude Sul (p.99).

3. AS MASSAS DE AR

● Segundo os autores, uma massa de ar é uma unidade aerológica, ou seja, uma porção
da atmosfera de extensão considerável que possui características térmicas e
higrométricas homogêneas. Para a formação de uma massa de ar, são necessárias três
condições básicas: superfícies com considerável planura e extensão, baixa altitude e
homogeneidade. As características superficiais exigem que ela se forme somente sobre
oceanos, mares e planícies continentais. Na maioria das vezes, as massas de ar
originam-se nos lugares onde as circulações são mais lentas e as situações
atmosféricas mais estáveis, como nas regiões de altas pressões subtropicais e polares
(p.99-100);
● Ao se deslocarem de sua região de origem, as massas de ar adquirem as características
termoigrométricas principais e influenciam as regiões por onde passam, trazendo para
essas áreas novas condições de temperatura e umidade. Ao mesmo tempo, as massas
de ar são influenciadas pelas condições atmosféricas das regiões por onde passam
(p.100);
● Uma massa de ar que mantém as características principais de sua área de formação,
sem ter sofrido alterações significativas, é denominada massa de ar primária. Já a
massa de ar que sofreu mudanças consideráveis de suas propriedades, como resultado
da interação com as condições atmosféricas da nova região em que se encontra, é
conhecida como massa de ar secundária (p.100);
● As duas principais características de uma massa de ar são temperatura e umidade. A
combinação dessas duas características resulta em quatro tipos básicos de massas de
ar: quente e úmida, quente e seca, fria e úmida, e fria e seca (p.100-102).
4. FRENTES

● O encontro de duas massas de ar com características diferentes gera uma zona de


transição na atmosfera, conhecida como frente. Essa zona é estreita e inclinada, onde
ocorre uma mudança abrupta nos elementos climáticos. As frentes são originadas pelo
processo de frontogênese e dissipam-se pela frontólise. Existem dois tipos de frente: a
frontal ártica/antarctica e as frentes polares (p.102);
● A frente ártica/antártica é uma frente fria que ocorre principalmente durante o inverno.
Ela é caracterizada pela presença de massas de ar glaciais árticas/antárticas, que se
formam sobre as zonas cobertas de gelo, e de massas polares, que são relativamente
menos frias, provenientes dos oceanos (p.103);
● A frente polar é comum nas latitudes médias e baixas e é responsável por separar o ar
polar do ar tropical. Existem dois tipos básicos de frente polar: a frente fria, na qual o
ar frio polar avança sobre a região do ar quente tropical, e a frente quente, na qual o ar
quente avança sobre a região do ar frio polar (p.103);
● A frente ártica/antártica é uma frente fria que se manifesta principalmente durante o
inverno. Ela é definida pela presença de massas de ar glaciais árticas/antárticas,
originárias de áreas cobertas de gelo, juntamente com massas polares provenientes dos
oceanos, que são relativamente menos frias (p.103);
● Quando um desses tipos de frente avança sobre uma região, a instabilidade
atmosférica aumenta e o tempo pode variar bastante, com precipitações sendo comuns.
Essas frentes são responsáveis pelo dinamismo da atmosfera em determinadas regiões
da Terra, caracterizando a sucessão dos tipos de tempo. Elas se formam em áreas onde
há contrastes térmicos significativos entre as massas de ar, sendo a frente polar
especialmente ativa nesse aspecto (p.103);
● As frentes se movem sobre a superfície em forma de arco, com um centro de alta
pressão como origem e um centro de baixa pressão na ponta do arco (p.103);
● Uma frente fria ocorre quando uma massa de ar frio, mais densa e pesada, empurra o
ar quente para cima e para frente, expulsando-o da área tanto por elevação quanto por
advecção (p.103);
● As frentes frias podem apresentar-se de duas formas: deslocamento rápido e
instabilidade, ou deslocamento lento e estabilidade (p.104);
● Quando o ar quente consegue empurrar o ar frio de uma determinada localidade,
ocorre uma frente quente. No entanto, a maior densidade do ar quente e o atrito com a
superfície dificultam o avanço da frente em relação à frente fria adjacente. Por isso, a
linha da frente quente assume a forma de uma cunha, com o ar frio na base e o ar
quente sobre ele (p.104-105);
● Existem duas maneiras pelas quais uma frente quente pode se manifestar:
deslocamento lento ou deslocamento rápido (p.105).

5. AS MASSAS DE AR DA AMÉRICA DO SUL E SUA DINÂMICA

● A dinâmica atmosférica na América do Sul é influenciada por diversos fatores,


incluindo a sazonalidade da radiação solar, a extensão longitudinal do continente, o
estreitamento com o aumento da latitude e a configuração do relevo. Como resultado,
a região é caracterizada pela presença de massas de ar equatoriais, tropicais e polares
que atuam em diferentes faixas ou zonas. A dinâmica do ar em cada uma dessas zonas
é influenciada não apenas pelas massas de ar que se originam dentro delas, mas
também pela interação com massas de ar provenientes de outras zonas, bem como
pelos fenômenos associados a essa interação (p.107);
● Em geral, é possível identificar três grupos de massas de ar de grande extensão que,
quando interagem com massas de ar de regiões distintas, determinam a dinâmica
atmosférica na América do Sul e influenciam os diferentes tipos de clima presentes na
região (p.108);
● Na faixa equatorial: Massa Equatorial do Atlântico Norte e Sul (MEAN E MEAS) e
Massa de Ar Equatorial Continental (MEC) (p.108)
● Na faixa tropical: Massa Tropical Atlântica (MTA), Massa Tropical Continental
(MTC) e Massa Tropical Pacífica (MTP) (p.110);
● Na faixa subpolar: Massa Polar (MP) e Massa Polar Atlântica (MPA) (p.111).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir a leitura, pude notar que os autores apresentam o conceito de forma


dinâmica e sintetizada, sem deixar de aprofundar o conteúdo. Eles utilizam vários recursos
cartográficos, ilustrações e esquemas que facilitam a visualização e compreensão do leitor.
Apesar de ser uma temática extensa, os autores abordam-na de forma leve e fluida. No
entanto, gostaria de fazer algumas ressalvas: não compreendi totalmente quando eles
abordaram a questão das células de Hadley, Ferrel e Welker, pois parecia bastante técnico e
acadêmico. Seria bom se o livro incluísse um glossário no rodapé ou em forma de box para
facilitar a leitura. No mais, o livro é bastante prático e acessível a qualquer público
interessado em climatologia.

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