Você está na página 1de 30

Geografia- os recursos hídricos

A especificidade do clima português:


Qual o papel da água na atmosfera?
O ciclo hidrológico é um sistema fechado onde há transferência de água
entre os três reservatórios (oceanos, atmosfera e continentes), nos seus
três estados físicos (sólido, líquido e gasoso), possibilitando a constante
renovação da água (figura 1).

Esta circulação constante da água é mantida, direta ou indiretamente,


pela energia solar. Através desta:

 a água dos oceanos, rios e lagos evapora-se. Uma parte da água


existente na atmosfera resulta também da evapotranspiração;
 na atmosfera, após a condensação, a água volta à superfície da
Terra através da precipitação.
Da água que se precipita e que chega à superfície terrestre:

 uma parte escorre sobre a superfície, originando os rios e lagos


(escoamento superficial ou escorrência);
 outra penetra nos solos (infiltração);

1
O transporte de água na atmosfera constitui uma das componentes do
ciclo hidrológico, através da qual grande quantidade de água é levada,
na forma de vapor, de uma região para a outra. Sem vapor de água, não
existiriam nuvens nem precipitação.
O total de valor de água que existe numa determinada porção da
atmosfera designa-se por humidade absoluta. Quanto maior for a
temperatura do ar, maior será a evaporação e, por isso, maior será a
humidade absoluta.
A capacidade de o ar conter vapor de água não é infinita. Se a
quantidade de vapor de água existente num certo volume de ar, a uma
determinada temperatura, igualar o máximo de vapor de água que ele
pode conter, diz-se que o ar está saturado, ou seja, que foi atingido o
ponto de saturação.
Nesse caso, todo o vapor de água em excesso passará do estado líquido,
através da condensação, formando pequenas gotículas que constituem as
nuvens (figura 2).

2
Para se avaliar se o ar está ou não saturado, é necessário relacionar o
valor de humidade absoluta com o ponto de saturação à temperatura a
que o ar se encontra. Esta relação dá-nos o conceito de humidade
relativa.
Quando a humidade relativa é 100%, diz-se que o ar está saturado e
todo o vapor de água em excesso condensa.
Para que se verifique a condensação, é necessário que existam também,
na atmosfera, os núcleos de condensação, isto é, partículas sólidas
suspensas na atmosfera, que constituem superfícies sobre as quais o
vapor de água condensa.
Qual a relação entre a pressão atmosférica e os estados de tempo?
A pressão atmosférica é um elemento climático que influencia
diretamente os estados de tempo.
A pressão atmosférica varia de acordo com:
 a altitude;
 a humidade do ar;
 a temperatura;
Altitude: à medida que a altitude aumenta a pressão atmosférica
diminui, uma vez que o ar se vai tornando cada vez mais rarefeito e o
peso da coluna de ar sobre os lugares vai sendo cada vez menor.
Humidade do ar: como o ar húmido possui mais moléculas de vapor de
água, que são mais leves, o ar torna-se menos denso, pelo que a pressão
diminui.
Temperatura: com o aumento da temperatura, o ar expande-se, pelo
que as suas moléculas ficam mais afastadas, exercendo menor pressão.

3
Com a diminuição da temperatura o ar contrai-se, as suas moléculas
ficam mais próximas, o que resulta num aumento da pressão.
Variação da pressão atmosférica de acordo com a altitude:

Variação da pressão atmosférica de acordo com a temperatura:

A pressão atmosférica média, à superfície, é de 1013 mb, também


designado por pressão normal. Assim, podemos considerar:

 altas pressões: se o valor for da pressão à superfície for superior


a 1013 milibares (mb).
 Baixas pressões: se o valor da pressão à superfície for inferior a
1013 milibares (mb).
A cartografia dos valores da pressão atmosférica pode ser feita através
de linhas que unem pontos onde se verifica o mesmo valor de pressão,

4
designadas por isóbaras. Quanto maior a linhadas isóbaras, maior é o
gradiente de pressão.
A partir destas linhas é possível identificar os centros barométricos,
quando as isóbaras são fechadas e concêntricas: os centros de altas e
baixas pressões atmosféricas.

Em cada um dos seus barométricos, o ar desloca-se sempre das pressões


mais altas para as pressões mais baixas, à superfície e em altitude,
sofrendo um desvio de direção contrária ao movimento de rotação da
Terra.
Quais os estados do tempo?
Os centros barométricos têm uma grande influência no estado do tempo
que se faz sentir num determinado lugar da superfície terrestre.
Assim, no hemisfério norte:
 centros de altas pressões
- o ar é subsidente (descendente) em altitude;
- é divergente à superfície;
- aquece (ao descer, o ar comprime-se e a sua temperatura aumenta);
- a sua humidade relativa diminui;
- o seu ponto de saturação não é atingido;
- não há condensação;

5
Resulta no bom tempo, céu limpo, possibilidade de ocorrência de vento
fraco, não há precipitação.

 centros de baixas pressões


- o ar converge à superfície;
- ascende (sobe);
- arrefece (ao subir, o ar expande-se e arrefece);
- a sua humidade relativa aumenta;
- o seu ponto de saturação pode ser atingido;
- pode existir condensação;
Resulta no mau tempo, céu nublado, possibilidade de ocorrência de
vento moderado ou forte, pode ocorrer precipitação.

6
Quais as características da circulação geral da atmosfera
Os centros barométricos distribuem-se em latitude em faixas de pressão
alternadas.
A circulação do ar à superfície permite identificar, em cada hemisfério,
os ventos de este, de oeste e alísios.
O conjunto de faixas de pressão atmosférica e dos movimentos
horizontais e verticais do ar designa-se por circulação geral da
atmosfera.

Estas faixas de centros barométricos sofrem oscilações para norte ou


para sul, acompanhando o movimento anual aparente do sol.
Assim, por exemplo, no hemisfério norte, deslocam-se para norte, no
verão, e para sul, no inverno.
Quais as massas de ar que afetam o estado do tempo em Portugal?
As massas de ar movidas pela ação dos ventos, influenciam os estados
do tempo, visto que apresentam características próprias no que respeita
a temperatura, humidade e pressão atmosféricas.

7
As massas de ar:

 adquirem as propriedades das regiões sobre as quais se


formaram durante um longo período de tempo e transportam-nas
para as regiões para onde se deslocam;
 podem sofrer maiores ou menores alterações, de acordo com o
percurso que efetuam.
O continente europeu é influenciado por massas de ar distintas, que têm
forte influência nos estados do tempo.
Massas de ar podem classificar-se de acordo com a origem:

 ar ártico
 ar equatorial
 ar polar
 ar antártico
 ar tropical

ou então de acordo com a natureza:

 marítima
 continental

8
Atendendo à sua localização geográfica, Portugal:
 é menos afetado pela massa de ar ártico que os países do norte
da Europa.
 sofre uma maior influência de duas massas de ar:
- massa de ar frio polar, que se forma nas altas latitudes, nas regiões
subpolares;
- massa de ar quente tropical, cuja génese se encontra nas regiões
subtropicais e tropicais.
Como se forma a frente polar?
A frente polar resulta da convergência, à latitude das baixas pressões
subpolares, de duas massas de ar distintas: ar quente tropical e ar frio
polar.
Por se tratarem de massas de ar com características opostas, não se
misturam, sendo possível demarcar uma fronteira quase sempre semi-
continua e semi-permanentes entre as mesmas, a que se dá o nome de
frente.
A movimentação das massas de ar pode resultar num avanço:
9
 do ar frio sob o ar quente, originando uma superfície frontal fria
e, consequentemente, uma frente fria;

-» do ar quente sobre o ar frio, dando origem a uma superfície frontal


quente e, por consequência, a uma frente quente.

-» a associação de duas ou mais frentes designa-se por sistema frontal,


quando uma frente quente e uma frente fria se associam a uma
depressão barométrica, forma-se uma perturbação frontal, de que é
exemplo a perturbação da frente polar.

10
Como evolui a frente polar e quais os estados de tempo?
A frente polar explica os estados do tempo mais frequentes no nosso
país no inverno, pois, nessa altura do ano, as baixas pressões subpolares,
onde a frente polar se desenvolve, deslocam-se em latitude para sul,
afetando o território nacional.
As perturbações da frente polar deslocam-se de oeste para este,
acompanhando o movimento de rotação da Terra, embora também se
possam deslocar de sudoeste para nordeste. A evolução da perturbação
da frente polar passa por fases distintas.

As perturbações da frente polar são, então mais frequentes e ativas no


inverno, à latitude de Portugal. Estas estão em permanente movimento
e, ao deslocarem-se pelo território, vão provocando sucessivas
alterações nos estados do tempo.

11
 ar frio polar posterior (ou pós-frontal)

- melhoria progressiva do estado do tempo;


- diminuição da nebulosidade;
- alguns aguaceiros dispersos;
- temperatura relativamente baixa (devido à influência do ar frio polar);

 frente fria

- agravamento do estado de tempo;


- aumento da nebulosidade (nuvens de grande desenvolvimento vertical,
como os cumulonimbus);
- chuvas intensas e de curta duração (aguaceiros), por vezes
acompanhadas de trovoadas;
- aumento da velocidade e mudança do rumo do vento (o processo de
ascensão do ar quente é rápido);
- diminuição da temperatura (devido à aproximação do ar frio polar);

 ar quente tropical

- melhoria temporária do estado do tempo (irá aproximar-se a frente


fria, que agravará o estado do tempo);
- diminuição da nebulosidade, ocorrendo mesmo períodos de céu limpo
ou pouco nublado;
- diminuição da pressão atmosférica;

12
- temperatura relativamente elevada;
- vento moderado, que poderá mudar de direção;

 frente quente

- céu muito nublado, com predomínio de nuvens de grande


desenvolvimento horizontal, como os estratos;
- chuvas contínuas e de longa duração (chuviscos);
- temperatura relativamente baixa, com subida progressiva (devido à
aproximação do ar quente tropical);
- diminuição progressiva da pressão atmosférica (o ar quente, que se
aproxima, é menos denso);
- vento fraco (o processo de ascensão do ar quente é lento);

 ar frio polar anterior (ou pré-frontal)

- nuvens altas e finas;


- temperatura relativamente baixa;
- início do agravamento do estado do tempo (aproxima-se a frente
quente);
Numa perturbação frontal, a frente quente e a frente fria deslocam-se no
mesmo sentido, de oeste para este, mas a velocidades diferentes.
A frente fria acaba por alcançar a frente quente e o ar frio posterior
junta-se ao anterior, obrigando todo o ar quente a subir forma-se, então,
uma frente oclusa, que corresponde à fase final de um sistema frontal.

13
A perturbação frontal dura apenas alguns dias, no máximo uma semana,
acabando por se dissipar.
Quais os tipos de precipitação mais frequentes?
No território nacional, é comum verificarem-se três grandes tipos de
mecanismos responsáveis pela ascensão do ar: frontal, convectivo e
orográfico.

Imagens 17/18/19- página 208


Como varia, no tempo, a precipitação?
Variabilidade intra-anual…
A grande diversidade de estados do tempo em Portugal reflete-se na
irregularidade da precipitação ao longo do ano, que se traduz numa
significativa variabilidade intra-anual da precipitação.
Assim, é possível identificar dois períodos:

 um mais chuvoso, sobretudo nos meses de outono e de inverno;


 um mais seco, correspondente aos meses da primavera e do
verão;
Imagem 20- página 209
Variabilidade interanula…

14
Para além da irregularidade ao longo do ano, é possível constatar
também uma variabilidade interanual de precipitação.
Com efeito, a dinâmica da atmosfera, mais precisamente ao nível da
deslocação em latitude dos centros barométricos, das massas de ar e das
perturbações da frente polar, leva a que os totais anuais de precipitação
sejam variáveis ao longo dos anos, sendo possível identificar anos mais
chuvosos e anos mais secos.
Imagem 21- página 210
Como se distribui a precipitação em Portugal?
Ao nível da distribuição da precipitação, Portugal regista assinaláveis
contrastes entre o norte e o sul e o litoral e o interior do território,
justificados por um conjunto de fatores como:
Fatores do clima

 latitude
 relevo
 continentalidade

Portugal continental…
Em Portugal continental, a distribuição da precipitação, através de
mapas isoietas, caracteriza-se por:

 um aumento, à medida que a latitude aumenta;


 uma diminuição, do litoral para o interior;
 valores totais mais elevados a norte do rio Tejo;

Esta distribuição deve-se a fatores como:


A latitude…
Imagem 22- página 211
15
O relevo…
A influência do relevo faz-se sentir através da:
 altitude
norte e centro:
- valores mais elevados da precipitação, em resultado do relevo mais
acidentado e de maior altitude;
sul:
- valores mais reduzidos de precipitação, em virtude do relevo menos
acidentado e de menor altitude;
 disponibilidade em relação à linha de costa
Imagem 23- página 212
A continentalidade…
litoral:
- valores mais elevados de precipitação, em resultado da maior
influência do oceano Atlântico, tornando as áreas de menor
continentalidade mais sujeitas à influência dos ventos de oeste, muito
húmidos.
interior:
- valores mais reduzidos de precipitação, devido à menor influência dos
ventos húmidos de oeste, já que estes vão perdendo humidade, devido à
precipitação que vai ocorrendo no seu trajeto.
Regiões Autónomas…
Arquipélago dos Açores:

16
Imagem 24- página 213
Arquipélago da Madeira:
Imagem 25- página 213
Quais os estados do tempo mais frequentes no território nacional?
As cartas sinóticas, que permitem observar, monitorizar e prever os
estados de tempo, são elaboradas a partir de informações enviadas por
satélites meteorológicos e a partir da observação diária dos valores dos
diferentes elementos do clima registados nas estações meteorológicas.
As situações meteorológicas mais frequentes no verão…
Nesta estação do ano, as temperaturas médias mais elevadas registadas
no território nacional, devem-se à:
 menor obliquidade com que os raios solares atingem as latitudes
a que Portugal se encontra (que se traduz numa menor área
iluminada, mas mais aquecida, e numa menor espessura
atmosférica atravessada pelos raios solares);
 maior duração do dia natural;
 maior insolação;
 maior influência das massas de ar quente tropical;
A posição geográfica de Portugal determina que, nesta época do ano, as
duas situações meteorológicas mais comuns sejam:
A- anticiclone dos Açores posicionado a oeste da Península Ibérica
Imagem 26- página 214
A presença deste anticiclone:

17
 inibe a influência da frente polar, que nesta época do ano, está
mais deslocada para norte, raramente afetando as nossas
latitudes;
 explica a existência do céu limpo ou pouco nublado, vento
moderado e ausência de precipitação.
B- Depressão barométrica de origem térmica no interior da
Península Ibérica
Imagem 27- página 215
Esta situação meteorológica resulta das elevadas temperaturas registadas
no interior da Península Ibérica. Em Portugal continental, esta situação
meteorológica afeta, sobretudo, o interior do país, onde o aquecimento
da superfície terrestre é mais, rápido e intenso. Assim:

 o contacto do ar com a superfície terrestre muito quente leva à


formação de uma depressão barométrica de origem térmica,
existindo, então, condições para a ocorrência de precipitação
convectiva, muitas vezes acompanhada por trovoada.
Imagem 28- página 215

 quando a ação de uma depressão térmica no interior da


Península Ibérica se conjuga com a ação do anticiclone
subtropical dos Açores, localizado um pouco a norte deste
arquipélago, forma-se um vento fresco do quadrante norte-
Nortada, que afeta sobretudo o litoral ocidental.
Imagem 29- página 216

 quando a ação de uma depressão barométrica de origem térmica


no interior da Península Ibérica, que se estende até ao norte de
África, se conjuga com um anticiclone localizado na Europa
central, gera-se um vento do quadrante este, o chamado vento de
18
Levante. Dado o seu percurso continental, este vento caracteriza-
se pela elevada temperatura e secura.
As situações meteorológicas mais frequentes no inverno…
No inverno, as temperaturas médias mais reduzidas, que se registam no
território português, ficam a dever-se à:

 maior obliquidade com que os raios solares atingem as latitudes


a que Portugal se encontra;
 menor duração do dia natural;
 menor insolação;
 maior influência das massas de ar frio polar;

A posição geográfica de Portugal determina a prevalência de duas


situações meteorológicas mais comuns no inverno:

 a influência das perturbações da frente polar;


 a formação de anticiclones de origem térmica na Europa
ocidental e na Península Ibérica.
A: perturbação da frente polar no território nacional
Imagem 30- página 217
A perturbação da frente polar é, nesta época do ano, muito ativa, pelo
que a sua aproximação origina instabilidade atmosférica: céu muito
nublado, precipitação relativamente elevada, vento do quadrante oeste
ou noroeste, moderado ou forte.
B: anticiclones de origem térmica na Europa ocidental e na
Península Ibérica
Imagem 31- página 217

19
Estes anticiclones de origem térmica acabam, muitas vezes, por reforçar
o anticiclone subtropical dos Açores, constituindo uma barreira à
passagem das perturbações frontais, desviando-as mais para norte.
Neste caso, e apesar das baixas temperaturas, verificam-se dias de céu
limpo ou pouco nublado, ausência de precipitação e vento moderado,
podendo haver formação de geada durante a noite, sobretudo nas regiões
de maior continentalidade, devido ao intenso arrefecimento noturno.
As situações meteorológicas mais frequentes na primavera e no
outono…
Na primavera e no outono, ocorrem situações meteorológicas de alguma
instabilidade atmosférica, que se caracterizam, sobretudo, pela transição
entre as situações mais típicas do inverno e do verão. Assim,

 na primavera, entre sensivelmente março e maio, o estado do


tempo caracteriza-se por precipitações que podem ainda ser
muito frequentes, devido à influência das perturbações da frente
polar e das baixas pressões subpolares. Contudo, a frequência
destas vai diminuindo, devido à deslocação gradual para norte
do anticiclone dos Açores.
 o outono é caracterizado pelo progressivo decréscimo da
temperatura e pelo aumento da precipitação, devido ao
deslocamento para sul das baixas pressões subpolares e das
perturbações da frente polar.
Quais as características do clima em Portugal?
O território português localiza-se na zona temperada do norte. Devido
ao seu posicionamento dos diferentes elementos climáticos num período
de tempo suficientemente longo para se proceder a análise do clima,
pode-se afirmar que o território nacional tem características climáticas
de feição mediterrânea, que são mais vincadas no sul do país.
20
Assim, o clima de Portugal é temperado mediterrâneo, embora com
algumas variações a nível regional, que se justificam, sobretudo, pelo
comportamento dos seguintes fatores.
- à medida que a latitude aumenta os invernos vão sendo mais
progressivamente mais frios e mais chuvosos. No norte litoral, a
influência marítima é mais marcante do que no sul.
- à medida que a continentalidade aumenta a amplitude térmica anual
vai aumentando e os quantitativos pluviométricos vão sendo menores.
A feição continental é mais notória no norte interior, onde a amplitude
térmica anual é muito elevada e a precipitação inferior à registada no
litoral.
- à medida que a altitude aumenta os locais vão registando temperaturas
menores e quantitativos pluviométricos superiores ao longo do ano.
Assim, apresentam um clima mediterrâneo com influência de altitude,
que é +/- vincado em função das respetivas cotas máximas.
No arquipélago da Madeira, existe uma maior diversidade climática do
que no Arquipélago dos Açores, nomeadamente entre a vertente norte
que é mais húmida e pluviosa, e a vertente sul, que é mais quente e seca.
Assim, o território nacional apresenta uma significativa diversidade
climática, sendo possível identificar os seguintes conjuntos climáticos:

 o clima temperado mediterrâneo;


 clima temperado mediterrâneo de influência marítima;
 clima temperado mediterrâneo de influência continental;
 clima temperado mediterrâneo de influência da altitude;

imagens página 220 e 221

21
As disponibilidades hídricas em Portugal
Qual a variabilidade das disponibilidades hídricas?
A desigual repartição e a sua variabilidade intra e interanual
condicionam os recursos hídricos, que se podem classificar em:

 superficiais

- rios;
podem ser naturais ou artificiais.
- lagos/lagoas;

 subterrâneos

- aquíferos;
- águas minerais e termais;

Assim, as disponibilidades hídricas variam no tempo (variabilidade


temporal) e no espaço (variabilidade espacial).
Apresentam variabilidade:

 temporal

- mais elevadas no outono e no inverno, devido aos maiores


quantitativos pluviométricos e às temperaturas mais reduzidas.
- mais reduzidas na primavera e no verão, devido aos menores
quantitativos pluviométricos e às temperaturas mais elevadas.

 espacial

22
- mais elevadas no norte litoral e nas áreas de maior altitude, em virtude
dos níveis de precipitação mais elevados.
- mais reduzidas no interior sul, onde a precipitação é mais reduzida.
Quais as características da rede hidrográfica?
A precipitação caída numa dada área segue diferentes trajetos, que
podem ocorrer por evaporação direta, escoamento superficial e
infiltração.
Uma parte da água que escoa à superfície alimenta os rios, que se
organizam em redes hidrográficas.
Portugal continental…
A rede hidrográfica de Portugal continental apresenta as seguintes
características:
 mais densa no norte, com rios de maior caudal, que escoam por
vales mais estreitos, mais profundos e de maior declive;
 menos densa no sul, com rios de menor caudal e mais
irregulares, e que escoam em vales pouco profundos, mais largos
e com menor declive;
 orientação geral E-O, NE-SO, NNE-SSO, acompanhando à
inclinação geral do relevo na Península Ibérica, à exceção dos
rios Sado e Guadiana, que escoam de sul para norte e de norte
para sul, respetivamente;
 rios que escoam direta e indiretamente para o oceano Atlântico,
com destaque para o litoral ocidental.
Na rede hidrográfica nacional destacam-se os rios luso-espanhóis:
Douro, Tejo, Guadiana, Minho e Lima.
Rios extensos- pagina 229

23
Regiões autónomas…
Nas regiões autónomas, os cursos de água não têm grande
desenvolvimento em termos de dimensão, pelo que são designados por
ribeiras.
Nos Açores, em virtude da sua origem vulcânica, as ribeiras, na
generalidade:
 dispõe-se de forma radia, escoando do topo das caldeiras para o
mar, em várias direções;
 constituem pequenos cursos de água com vales estreitos, por
vezes bem encaixados, que secam durante o verão, mas que
podem originar enxurradas nos períodos de precipitação mais
abundante (outono e inverno).
Imagem 34- página 230
A rede hidrográfica da ilha da Madeira apresenta, igualmente uma
distribuição radial em torno do eixo topográfico central da ilha, de
orientação este-oeste.
Imagem 35- página 230
Os rios são um importante agente erosivo, que contribuem para a
transformação das formas de relevo.
A dinâmica fluvial assenta em três ações, que, apesar de se observar
desde a nascente até à foz, predominam em determinadas secções dos
rios.
Imagem 36- página 231

24
Curso do rio superior- montante

 domina a erosão, pois a altitude e o declive são mais acentuados,


o que provoca uma maior força da corrente. O rio apresenta um
menor caudal.
 vale em “V” fechado.

Curso do rio médio

 domina o transporte, embora a erosão ainda seja considerável. O


caudal do rio é maior do que na secção superior.
 Vale em “V” aberto.

Curso do rio inferior- jusante

 domina a acumulação dos materiais transportados pelos rios,


pois a altitude e o declive são fracos, o que faz com que os
cursos de água percam capacidade de transporte. O curso de
água apresenta maior caudal.
 Vale fundo largo.

25
26
27
28
 Conceitos:

⤷ evaporação: passagem da água do estado líquido ao estado gasoso.

29
⤷ evapotranspiração: fenómeno resultante da transpiração das plantas e
da evaporação do meio circundante (superfície do solo, água retida nas
depressões do terreno, rios, lagos, etc).

⤷ precipitação: queda de água no estado líquido (chuva ou pluviosidade)


ou no estado sólido (neve, granizo e saraiva).

⤷ condensação: passagem da água do estado gasoso para o estado


líquido.

⤷ escoamento superficial (ou escorrência): parte da água que escoa à


superfície, em direção ao corpo hídrico mais próximo, proveniente da
precipitação ou do degelo e que não foi devolvida à atmosfera por
evapotranspiração. Exprime-se em milímetros de altura.

⤷ Infiltração (ou escoamento subterrâneo): penetração de água no


subsolo, por ação da gravidade. Expressa-se em, habitualmente, em
mm/h.

⤷ humidade absoluta: quantidade total de vapor de água por


unidade de volume de ar. Exprime-se em g/m3.

30

Você também pode gostar