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 Encontro  Internacional  da  Governança  da  Água   Governança  da  Água  e  


Mudanças  Climáticas  
 

MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA AMAZÔNIA OCIDENTAL ASSOCIADAS À


TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR
 
 
Daris Correia DOS SANTOS
Universidade Federal de Campina Grande – UFCC  
Departamento de Ciências Atmosféricas  
dariscorreia@gmail.com

Raimundo Mainar DE MEDEIROS


Universidade Federal de Campina Grande – UFCC  
Departamento de Ciências Atmosféricas  
mainarmedeiros@gmail.com

José Ivaldo Barbosa DE BRITO


Universidade Federal de Campina Grande – UFCC
Departamento de Ciências Atmosféricas  
ivaldo@dca.ufcg.edu.br  

RESUMO

Objetiva-se verificar as correlações de detecção de mudanças climáticas, dependentes de


índices de extremos climáticos de temperatura do ar, na Amazônia Ocidental e analisar suas
relações com as anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) nas regiões do Índice do
Atlântico Norte Tropical (TNAI), Índice do Atlântico Sul Tropical (TSAI) e nas regiões do Oceano
Pacífico Niño 1+2, 3, 3+4 e 4. Utilizou-se uma série de índices de temperatura do ar de 36 pontos
de grades da Amazônia Ocidental, no período de 1970 a 2001, provenientes de reanalise do projeto
ERA-40 do European Center for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF), e os índices das
anomalias de TSM disponíveis no site do NCEP (National Centers for Environmental Prediction).
Realizou-se a correlação (coeficiente de correlação de Pearson) entre as anomalias de TSM e a
média aritmética anual dos índices de temperatura do ar. As correlações entre os índices de
temperatura do ar e as anomalias de TSM dos oceanos Atlântico e Pacífico demonstraram a forte
influência das anomalias de TSM de ambos os Oceanos sobre a região estudada, fortalecendo assim,
estudos que mostram a atuação do ENOS e do Dipolo do Atlântico como de grande influência sobre
o clima da Amazônia Ocidental.

Palavras-chave: Temperatura da Superfície do Mar; Variabilidade Climática; Índices.

ABSTRACT

It aims to verify the correlation detection of climate change, dependent on weather extremes
indices of air temperature in the Amazônia Ocidental and analyze their relationships with the
anomalies of sea surface temperature (SST) in the regions of North Atlantic Tropical Index (TNAI),
South Atlantic Tropical index (TSAI) and regions of the Pacific Ocean Niño 1 +2, 3 +4 3 and 4. We
used a series of indices of air temperature of 36 grid points in the Amazônia Ocidental, in the period
1970-2001, from reanalysis project ERA-40 from the European Centre for Medium-Range Weather
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Forecasts (ECMWF), and indices of SST anomalies on the site of the NCEP (National Centers for
Environmental Prediction). We conducted correlation (Pearson correlation coefficient) between the
SST anomalies and the average annual rates of air temperature. Correlations between indices of air
temperature and SST anomalies in the Atlantic and Pacific oceans demonstrated the strong
influence of SST anomalies from both Oceans on the studied region, thus strengthening, studies
show that the performance of ENSO and the dipole Atlantic as a major influence on the climate of
the Amazônia Ocidental.

Keywords: Surface Temperature Sea; Climate Variability; Indexes.

RESUMEN

Su objetivo es comprobar la detección de correlación del cambio climático, en función de los


índices de extremos climáticos de temperatura del aire en la Amazônia Ocidental y analizar sus
relaciones con las anomalías de la temperatura superficial del mar (SST) en las regiones del Índice
Tropical del Atlántico Norte (TNAI), Sur Índice Tropical del Atlántico (TSAI) y las regiones del
Océano Pacífico Niño 1 +2, 3 +4 3 y 4. Utilizamos una serie de índices de la temperatura del aire de
36 puntos de la cuadrícula en la Amazônia occidental, en el período 1970-2001, a partir de
proyectos de reanálisis ERA-40 del European Centre for Medium-Range Weather Forecasts
(ECMWF), y índices de anomalías de TSM en el sitio de la NCEP (National Centers for
Environmental Prediction). Se realizó correlación (coeficiente de correlación de Pearson) entre las
anomalías de la TSM y las tasas medias anuales de temperatura del aire. Las correlaciones entre los
índices de temperatura del aire y anomalías de la TSM en el Atlántico y el Pacífico han demostrado
la fuerte influencia de las anomalías de TSM de ambos océanos en la región estudiada,
fortaleciendo así, los estudios muestran que el rendimiento de ENSO y el dipolo Atlántico como
una gran influencia en el clima de la Amazônia Ocidental.

Palabras clave: Temperatura superficial del mar; La variabilidad del clima; Índices.

INTRODUÇÃO

Estudos sobre tendências da temperatura do ar têm sido desenvolvidos em vários países da


América do Sul. Um estudo compreensivo de Duursma (2002) mostra tendências de aquecimento
nas principais cidades durante os últimos 100 anos: +0.12ºC em Quito (Equador) e +0.60ºC em São
Paulo (Brasil). Na bacia Amazônica, Marengo (2003) estimou o aquecimento na ordem de
+0.85ºC/100 anos, comparado com o estimado de +0.56ºC/100 anos obtido por Victoria et al.
(1998).

OBJETIVO
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A alta variabilidade climática na Amazônia resulta em eventos de completa inundação da
bacia amazônica a secas severas (por exemplo, a ocorrida no ano de 2005 e estudada por
Marengo et al. (2008)). Com isso, torna-se imprescindível pesquisar as correlações dos índices de
extremos climáticos para a Amazônia Ocidental, uma vez que os mesmos podem ser utilizados
como indicadores para prevenir ou mitigar desastres. Este artigo tem como objetivo estudar a
influência das anomalias da Temperatura da Superfície do Mar- TSM do Atlântico e do Pacífico nos
anos de 1970 a 2001 sobre o regime de índices de extremos climáticos, dependentes da temperatura
do ar na Amazônia Ocidental.

METODOLOGIA

Os índices de temperatura do ar utilizado são provenientes de reanalise do projeto ERA-40


do Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo (ECMWF - European Center for
Medium-Range Weather Forecasts), para o período de 1970 a 2001 da Amazônia Ocidental
(Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia), disponibilizados em ponto de grade com resolução de 2,5°
x 2,5°, e as anomalias da TSM do Atlântico e Pacífico estão disponíveis no site do NCEP (National
Centers for Environmental Prediction).
Para os índices climáticos disponíveis, foram escolhidos 36 pontos de grade, que
apresentaram dados de 1970 a 2001, A Figura 1 representa todos os pontos de grade e a Tabela 1
suas respectivas coordenadas geográficas.

Figura 1. Distribuição espacial dos pontos de grade na Amazônia Ocidental e sua localização no Brasil.
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Tabela 1. Coordenadas geográficas dos pontos de grade na Amazônia Ocidental.
Pontos de grade Longitude (graus) Latitude (graus) Pontos de grade Longitude (graus) Latitude (graus)
1 -60 0 19 -72,5 -10
2 -62,5 0 20 -60 2,5
3 -65 0 21 -62,5 2,5
4 -67,5 0 22 -65 2,5
5 -70 0 23 -57,5 -2,5
6 -60 5 24 -60 -2,5
7 -57,5 -5 25 -62,5 -2,5
8 -60 -5 26 -65 -2,5
9 -62,5 -5 27 -67,5 -2,5
10 -65 -5 28 -70 -2,5
11 -67,5 -5 29 -60 -7,5
12 -70 -5 30 -62,5 -7,5
13 -72,5 -5 31 -65 -7,5
14 -60 -10 32 -67,5 -7,5
15 -62,5 -10 33 -70 -7,5
16 -65 -10 34 -72,5 -7,5
17 -67,5 -10 35 -60 -12,5
18 -70 -10 36 -62,5 -12,5

Na Tabela 2, estão apresentados os índices climáticos, derivados da temperatura do ar,


utilizados nessa pesquisa, conforme a definição realizada pelo "Expert Team on Climate Change
Detection Monitoring and Indices (ETCCDMI)".

Tabela 2. Índices climáticos dependentes da temperatura do ar, com suas definições e unidades.
TXx Máxima da temperatura máxima Valor máximo mensal da temperatura máxima diária °C
TNn Mínima da temperatura mínima Valor mínimo mensal da temperatura mínima diária °C

O software utilizado no cálculo dos índices e homogeneização foi o Excel e na elaboração


dos mapas utilizou-se o Surfer. Realizou-se a correlação (coeficiente de correlação de Pearson)
entre as anomalias de TSM e a média aritmética anual dos 36 pontos de grade, para cada índice,
versus a média anual de anomalia de TSM de cada uma das áreas TNAI e TSAI, no Atlântico, e as
regiões Niño 1+2, Niño 3, Niño 3+4 e Niño 4, no Pacífico, período de 1970 a 2001.
O coeficiente de correlação de Pearson normalmente representado pela letra r. Sua fórmula
de cálculo é dada conforme equação (1):
r=(xi−x)   (yi−y)((xi−x)²)   ((yi−y)²)
(1)

O coeficiente de correlação, r, apresenta valores no intervalo de -1 (menos um) a 1 (um).


Quando o valor de r e igual a +1, ou a -1, a correlação e dita perfeita.
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Para a análise da significância estatística das correlações da TSM, aplicou-se o teste-t de
Student, através da equação (2):
𝑡=𝑟(𝑛−2)12(1−𝑟2)12

(2)

Foram adotados três níveis de significância, ou seja, 90% que corresponde a valores de
1,69≤t<2,04, 95% com valores de 2,04≤ t <2,75 e 99% correspondendo a t≥2,75.

MARCO TEÓRICO

Uma das mais significativas consequências do aquecimento global poderá ser um aumento na
magnitude e frequência dos extremos de precipitação através do acréscimo dos níveis de umidade
na atmosfera e/ou atividades convectivas de grande escala (SHOURASENI e ROBERT, 2004).
A TSM é um dos fatores com grande influência sobre o clima da área estudada, sendo assim,
o comportamento dos Oceanos Pacífico e Atlântico é de relevante importância para o clima.
Segundo Münnich e Neelin (2005) grande parte da variabilidade do Atlântico tropical é atribuída ao
El Niño Oscilação Sul-ENSO.
O desmatamento e as mudanças no uso da terra, como resultado das atividades humanas na
Amazônia e na bacia do rio Prata, aumentaram rapidamente nas recentes décadas e há evidências de
que estas ações modificam as características termodinâmicas da baixa atmosfera (MARENGO,
2006). Estas mudanças são consequências de influência mútua entre o clima, hidrologia, vegetação
e o gerenciamento dos recursos hídricos.
A possibilidade de influências do Atlântico tropical na precipitação da Amazônia foi destaque
após o evento severo de seca em 2005 (MARENGO et al., 2008; ZENG et al., 2008). Este evento de
seca foi um dos piores dos últimos 100 anos, que afetou rios afluentes do Amazonas, como o
Solimões e Madeira no sul da Amazônia (MARENGO et al., 2008).
Estudos recentes apontam que o aquecimento global trará impactos potencialmente
catastróficos para a Amazônia, ao passo que a manutenção da floresta amazônica oferece uma das
opções mais valiosas e de baixo custo para mitigar as mudanças climáticas (FEARNSIDE 2009).
Ademais, a água reciclada pela floresta fornece parte da chuva que mantém as condições climáticas
apropriadas para floresta tropical, especialmente durante a estação seca (FEARNSIDE 2009;
YOON e ZENG 2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Por meio do padrão espacial obtido das correlações é possível notar os principais sistemas
térmicos que atuam na Amazônia Ocidental e a presença ou não da influência do Oceano Atlântico
e Pacífico. Os tons claros (cinzas) representam as correlações negativas (positivas).
O índice TXx (°C) é positivamente correlacionado com as regiões do Pacífico, Figura 2(a),
(b), (c) e (d), na parte leste e este. Na Amazônia Ocidental a ocorrência de eventos de El Niño tende
a ocasionar aumentos nas temperaturas máximas e mínimas e a ocorrência de eventos de La Niña
tende a provocar efeitos inversos.
Adicionalmente, Schneider et al. (2006) encontraram que o desflorestamento da Amazônia
levaria a um aumento da variabilidade do ENSO e um aquecimento médio anual no Pacífico
equatorial leste. Esse aumento da variabilidade do ENSO estaria relacionado com um aumento da
temperatura da superfície na região desflorestada que levaria a mudanças no padrão de vento
próximo à superfície, que se estenderiam até o Pacífico e Atlântico e afetaria o vento superficial
sobre o oceano, com anomalias de oeste no Pacífico leste. O índice TXx correlaciona-se
positivamente apresentando significância estatística com as regiões do Pacífico, Tabela 3.

(b)
(a)
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(c) (d)

Figura 2. Correlação do índice TXx com: (a) Niño 1+2; (b) Niño 3; (c) Niño 3+4 e (d) Niño 4, para a Amazônia
Ocidental, período 1970-2001.

Tabela 3. Correlações que apresentam significância estatística do índice TXx com as TSM do
oceano Pacífico, período de 1970 a 2001, Amazônia Ocidental.
TXx TXx
Long. Lat. TXx Niño1+2 Long. Lat. TXx Niño3 Long. Lat. Niño3+4 Long. Lat. Niño4
-65 0 0,33* -67,5 0 0,32* -67,5 0 0,32* -67,5 0 0,35*
-60 -5 0,46*** -70 0 0,34* -70 0 0,42** -60 -5 0,44**
-62,5 -5 0,46*** -60 -5 0,47*** -60 -5 0,42** -72,5 -5 0,39**
-72,5 -5 0,35** -62,5 -5 0,39** -72,5 -5 0,33* -67,5 -10 0,37**
-60 -10 0,31* -60 2,5 0,34* -60 2,5 0,32* -57,5 -2,5 0,30*
-62,5 -10 0,34* -65 2,5 0,47*** -65 2,5 0,43** -60 -2,5 0,43**
-65 -10 0,42** -57,5 -2,5 0,39** -57,5 -2,5 0,35** -62,5 -2,5 0,44**
-67,5 -10 0,30* -60 -2,5 0,48*** -60 -2,5 0,47*** -70 -2,5 0,33*
-65 2,5 0,53*** -62,5 -2,5 0,37** -62,5 -2,5 0,36** -60 -12,5 0,41**
-57,5 -2,5 0,45**
-60 -2,5 0,48***
-62,5 -2,5 0,39**
-60 -7,5 0,35**
-65 -7,5 0,40**
-67,5 -7,5 0,46***
Legenda: Valores críticos para o Teste t de Student: * t ≥1,69 90% de confiabilidade; ** t ≥2,04 95% de confiabilidade;
*** t ≥2,75 99% de confiabilidade.

Observa-se, Figura 3(a), que na medida em que o índice TXx vai deixando de se
correlacionar com as regiões do Pacífico, a TXx passam a se correlacionar fortemente com o TNAI,
apresentando significâncias superiores a 90%, Tabela 4. O TSAI apresenta pouca influência no
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comportamento do índice TXx, Figura 3(b). Estes resultados concordam com os encontrados por
Silva Júnior (2010) para a Amazônia Ocidental.

(a) (b)

Figura 3. Correlação do índice TXx com: (a) TNAI e (b) TSAI; para a Amazônia Ocidental, período 1970-2001.

Tabela 4. Correlações que apresentam significância estatística do índice TXx com as TSM do
oceano Atlântico, período de 1970 a 2001, Amazônia Ocidental.
Long. Lat. TXx TNAI Long. Lat. TXx TNAI Long. Lat. TXx TNAI Long. Lat. TXx TNAI
-63 0 0,62*** -72,5 -10 0,48*** -65 -5 0,60*** -70 -2,5 0,65***
-65 0 0,71*** -62,5 2,5 0,66*** -67,5 -5 0,48*** -60 -7,5 0,70***
-68 0 0,57*** -65 2,5 0,69*** -70 -5 0,63*** -63 -7,5 0,60***
-70 0 0,35** -57,5 -2,5 0,50*** -60 -10 0,56*** -65 -7,5 0,62***
-60 5 0,79*** -60 -2,5 0,41** -62,5 -10 0,55*** -68 -7,5 0,58***
-58 -5 0,62*** -62,5 -2,5 0,73*** -65 -10 0,60*** -70 -7,5 0,57***
-60 -5 0,63*** -65 -2,5 0,64*** -67,5 -10 0,72*** -73 -7,5 0,46***
-63 -5 0,69*** -67,5 -2,5 0,47*** -70 -10 0,37** -60 -12,5 0,37**
Long. Lat. TXx TSAI
-65 -10 0,32*
Legenda: Valores críticos para o Teste t de Student: * t ≥1,69 90% de confiabilidade; ** t ≥2,04 95% de confiabilidade;
*** t ≥2,75 99% de confiabilidade.

A Figura 4(a), (b), (c) e (d) evidencia a influência positiva do aquecimento das águas do
Pacífico sobre as TNn em eventos de El Niño e a redução em eventos de La Niña. O índice TNn é
fortemente correlacionado com todas as anomalias da TSM do Pacífico, apresentando significância
estatística de 99% em quase todas as células, Tabela 5.
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(a) (b)

(c) (d)

Figura 4. Correlação TNn com: (a) Niño 1+2 (b) Niño 3 (c) Niño 3+4 (d) Niño 4; para a Amazônia Ocidental, período
1970-2001.

Tabela 5. Correlações que apresentam significância estatística do índice TNn com as TSM do
oceano Pacífico, período de 1970 a 2001, Amazônia Ocidental.
Long. Lat. TNn Niño1+2 Long. Lat. TNn Niño1+2 Long. Lat. TNn Niño3 Long. Lat. TNn Niño3
-60 0 0,33* -70 -10 0,30* -60 0 0,39** -60 2,5 0,54***
-62,5 0 0,43** -60 2,5 0,48*** -62,5 0 0,43** -62,5 2,5 0,43**
-65 0 0,61*** -62,5 2,5 0,43** -65 0 0,55*** -65 2,5 0,59***
-67,5 0 0,61*** -65 2,5 0,61*** -67,5 0 0,53*** -57,5 -2,5 0,52***
-70 0 0,51*** -57,5 -2,5 0,58*** -70 0 0,50*** -60 -2,5 0,60***
-60 5 0,35** -60 -2,5 0,61*** -57,5 -5 0,39* -62,5 -2,5 0,51***
-57,5 -5 0,48*** -62,5 -2,5 0,50*** -60 -5 0,57*** -65 -2,5 0,57***
-60 -5 0,60*** -65 -2,5 0,63*** -62,5 -5 0,52*** -67,5 -2,5 0,58***
-62,5 -5 0,60*** -67,5 -2,5 0,64*** -65 -5 0,52*** -70 -2,5 0,59***
-65 -5 0,62*** -70 -2,5 0,59*** -67,5 -5 0,53*** -60 -7,5 0,59***
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-67,5 -5 0,60*** -60 -7,5 0,66*** -70 -5 0,58*** -62,5 -7,5 0,48***
-70 -5 0,60*** -62,5 -7,5 0,58*** -72,5 -5 0,60*** -65 -7,5 0,55***
-72,5 -5 0,51*** -65 -7,5 0,66*** -60 -10 0,41** -67,5 -7,5 0,59***
-60 -10 0,46*** -67,5 -7,5 0,62*** -62,5 -10 0,40** -70 -7,5 0,41**
-62,5 -10 0,49*** -70 -7,5 0,40** -65 -10 0,48*** -72,5 -7,5 0,44**
-65 -10 0,54*** -72,5 -7,5 0,45*** -67,5 -10 0,52*** -60 -12,5 0,31*
-67,5 -10 0,50*** -62,5 -12,5 0,31* -70 -10 0,33*
-70 -10 0,30
Long. Lat. TNn Niño3+4 Long. Lat. TNn Niño3+4 Long. Lat. TNn Niño4 Long. Lat. TNn Niño4
-60 0 0,39** -60 2,5 0,53*** -60 0 0,35** -62,5 2,5 0,48***
-62,5 0 0,43** -62,5 2,5 0,44*** -62,5 0 0,46*** -65 2,5 0,53***
-65 0 0,53*** -65 2,5 0,54*** -65 0 0,51*** -57,5 -2,5 0,47***
-67,5 0 0,49*** -57,5 -2,5 0,51*** -67,5 0 0,45*** -60 -2,5 0,50***
-70 0 0,48*** -60 -2,5 0,57*** -70 0 0,48*** -62,5 -2,5 0,48***
-57,5 -5 0,33* -62,5 -2,5 0,50*** -57,5 -5 0,31* -65 -2,5 0,50***
-60 -5 0,55*** -65 -2,5 0,54*** -60 -5 0,51*** -67,5 -2,5 0,52***
-62,5 -5 0,45*** -67,5 -2,5 0,55*** -62,5 -5 0,36** -70 -2,5 0,50***
-65 -5 0,46*** -70 -2,5 0,55*** -65 -5 0,42** -60 -7,5 0,41**
-67,5 -5 0,49*** -60 -7,5 0,50*** -67,5 -5 0,42** -62,5 -7,5 0,34**
-70 -5 0,54*** -62,5 -7,5 0,41** -70 -5 0,46*** -65 -7,5 0,38***
-72,5 -5 0,67*** -65 -7,5 0,47*** -72,5 -5 0,64*** -67,5 -7,5 0,47***
-60 -10 0,33* -67,5 -7,5 0,57*** -67,5 -10 0,39** -70 -7,5 0,37**
-62,5 -10 0,33* -70 -7,5 0,44*** -70 -10 0,30* -72,5 -7,5 0,33*
-65 -10 0,41** -72,5 -7,5 0,42** -60 2,5 0,47***
-67,5 -10 0,51*** -60 -12,5 0,30*
-70 -10 0,37**
Legenda: Valores críticos para o Teste t de Student: * t ≥1,69 90% de confiabilidade; ** t ≥2,04 95% de confiabilidade;
*** t ≥2,75 99% de confiabilidade.

O índice TNn está melhor correlacionado de forma positiva com as anomalias do Atlântico
Norte, Figura 5(a) e com as anomalias dos Atlântico Sul apresenta fraca correlação, Figura 5(b). O
aumento da TNn é um forte indicador de aquecimento. A Tabela 6 apresenta as correlações com
significância estatística do TNAI e TSAI com o índice TNn.
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(a) (b)

Figura 5. Correlação do índice TNn com: (a) TNAI (b) TSAI; para a Amazônia Ocidental, período 1970-2001.

Tabela 6. Correlações que apresentam significância estatística do índice TNn com as TSM do
oceano Atlântico, período de 1970 a 2001, Amazônia Ocidental.
Long. Lat. TNn TNAI Long. Lat. TNn TNAI Long. Lat. TNn TNAI
-60 0 0,29* -65 -5 0,52*** -65 -2,5 0,43**
-62,5 0 0,63*** -67,5 -5 0,47*** -67,5 -2,5 0,64***
-65 0 0,61*** -70 -5 0,36** -70 -2,5 0,48***
-67,5 0 0,59*** -60 -10 0,41** -60 -7,5 0,63***
-70 0 0,57*** -62,5 2,5 0,59*** -62,5 -7,5 0,46***
-60 5 0,68*** -65 2,5 0,68*** -65 -7,5 0,38**
-57,5 -5 0,66*** -57,5 -2,5 0,52*** -67,5 -7,5 0,35**
-60 -5 0,50*** -60 -2,5 0,37**
-62,5 -5 0,32* -62,5 -2,5 0,48***
Long. Lat. TNn TSAI Long. Lat. TNn TSAI
-60 5 0,41** -70 -10 -0,36**
Legenda: Valores críticos para o Teste t de Student: * t ≥1,69 90% de confiabilidade; ** t ≥2,04 95% de confiabilidade;
*** t ≥2,75 99% de confiabilidade.

O comportamento da Temperatura máxima das máximas, TXx (°C), Figura 6(a) para a
Amazônia Ocidental durante o período 1970-2001 exibe um aquecimento sistemático na Amazônia
Ocidental, detectando tendências positivas na amplitude térmica máxima em nível anual. Este
aquecimento pode se dar por causa de fatores naturais ou fatores antropogênicos (ex.: ilha de calor e
o efeito de urbanização das grandes cidades, ou a uma combinação dos dois). Observa-se uma
grande variabilidade interanual, com aumentos na amplitude térmica durante as grandes secas que
afetaram a Amazônia Ocidental durante 1980, 1983, 1991 e 1998, provocando aumento das
queimadas e graves impactos à população, com as mais graves associadas ao El Niño (MARENGO
et al., 2006).
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Para a temperatura mínima das mínimas, TNn, (Figura 6b) observa-se que os valores mais
elevados ocorreram em anos de evento El Niño (1982/83; 1987; 1992/93 e 1997/98), enquanto, os
menores, com exceção do ano de 1981, foram verificados em ano de La Niña (1974/75; 1985; 1989
e 1999). Entretanto, ao longo da série é verificado um decaimento de 0,45oC, em 30 anos,
possivelmente devido a efeitos locais, como, por exemplo, o desmatamento, pois a retirada da
vegetação pode levar a uma diminuição da evapotranspiração. Com isto a atmosfera pode ficar mais
seca facilitando a perda para o espaço exterior da radiação de onda longa. Se por um lado, o
desmatamento pode levar a uma diminuição das temperaturas mínimas (Figura 6b), por outro lado,
também pode produzir um aumento das temperaturas máximas (Figura 6a).   Com respeito às
modificações de temperatura para a Amazônia, segundo Nobre (2001), nota-se que a projeção de
aumento de temperatura global segue a mesma tendência de aumento de temperatura à superfície
devido ao desmatamento.  

(a) (b)

Figura 6. Tendências dos índices de temperatura média mensal do ar (°C) na Amazônia Ocidental (a) TXx e (b) TNn,
período 1970-2001.

CONCLUSÃO

Na Amazônia Ocidental durante um período médio de 32 anos, compreendido entre 1970 a


2001, verificou-se que a ocorrência de eventos de El Niño tende a ocasionar aumentos nas
temperaturas máximas e mínimas e a ocorrência de eventos de La Niña tende a provocar efeitos
inversos.
As correlações entre os índices e as anomalias de TSM dos oceanos Atlântico e Pacífico
demonstraram a forte influência das anomalias de TSM de ambos os Oceanos sobre a região
estudada, fortalecendo assim, estudos que mostram a atuação do ENOS e do Dipolo do Atlântico
como de grande influência sobre o clima da Amazônia Ocidental. Os possíveis elementos de caráter
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regional que podem ter modificado o clima dessas áreas são o mau uso dos ecossistemas, dos solos,
as queimadas e o desmatamento.
A estimação da existência da mudança climática é importante não só para possibilitar
condições de adaptação da sociedade às mudanças, permitindo a compreensão dos aspectos físicos
relacionados, mas também para que as estimativas realizadas a partir as observações existentes
sejam confiáveis às condições presentes.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)


pela concessão de bolsa para o desenvolvimento dessa pesquisa.

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