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TENDÊNCIA DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA E A

INFLUÊNCIA NA CULTURA DO ABACAXI

Ana Clara Pinho Rabelo– aniinha_rabelo@hotmail.com


Rua do Aririzal, Nº45, Condomínio Madri, Casa 18, Bairro: Turu
Faculdade Pitágoras de São Luís/MA
65067190 – São Luís – Maranhão

Mariana dos Santos Nascimento– mariananascimento03@hotmail.com


Faculdade Pitágoras de São Luís/MA

Naara Suzanny da Silva Reis– naara.suzan@hotmail.com


Faculdade Pitágoras de São Luís/MA

Paula Verônica Campos Jorge Santos- veve.unifap@gmail.com


Faculdade Pitágoras de São Luís/MA

Victor Lamarão de França- vlamarao@gmail.com


UFMA – Universidade Federal do Maranhão

Resumo: O presente trabalho objetivou caracterizar a tendência anual e decadal dos elementos
climáticos temperatura e precipitação associando-as a eventos climáticos como El Nino, La Niña e
Brisa marítima. A área de desenvolvimento da pesquisa foi o município de Turiaçu, localizado na
região costeira do estado do Maranhão, na Amazônia legal. A partir da análise dos dados observou-se
que as médias de temperatura no decorrer dos anos não sofreram oscilações acentuadas, já as médias
de precipitações apresentam modificações extremas não tendo um padrão definido, mas tendendo a
diminuir ao longo dos anos. Diante desse cenário foi realizada a análise dessas modificações
climáticas e as prováveis modificações na cultura do abacaxi que é a principal fonte econômica da
região e uma iguaria que se diferencia significativamente das demais variedades encontradas no
estado.

Palavras-chave: Temperatura, Precipitação, Abacaxi Turiaçu


PRECIPITATION AND TEMPERATURE TREND AND INFLUENCE IN
THE PINEAPPLE CROP

Abstract: This study aimed to characterize the annual and decadal trend of climatic temperature and
precipitation elements linking them to climatic events such as El Nino, La Nina and Sea Breeze. The
research development area was the city of Turiaçu, located in the coastal region of the state of
Maranhão, in the Legal Amazon. From the data analysis it was observed that the average temperature
over the years did not experience sharp fluctuations, since the average rainfall have extreme
modifications not having a set pattern, but tended to decrease over the years. Given this scenario was
carried out analysis of climate change and the likely changes in the pineapple crop that is the main
economic source of the region and a delicacy that significantly differs from the other varieties found in
the state.

Keywords: Temperature, Haste, Pineapple Turiaçu

1. INTRODUÇÃO

Alterações persistentes nos padrões climáticos de longos períodos na média aritmética e/ou
em outras medidas de sua variabilidade, independentes de suas causas configuram as mudanças
climáticas (IPCC,2007). Essas irregularidades no clima não são somente o excesso ou a falta de algum
elemento meteorológico, mas resulta também na distribuição temporal. Tais perturbações tendem a ser
diferentes em cada região do planeta, já que se constituem dentre outros fatores das alterações
termodinâmicas ocorridas na atmosfera, que afetam os padrões climáticos regionais e
consequentemente, todas as atividades desenvolvidas localmente (FERREIRA, 2002).
Nesse contexto de mudanças no padrão climático, a temperatura do ar se destaca entre as
variáveis atmosféricas mais utilizadas no desenvolvimento de estudos de impactos ambientais com
mudanças nos processos metrológicos e hidrológicos (VAZ,2010). A temperatura é um dos mais
importantes elementos meteorológicos, pois traduz os estados energéticos e dinâmicos da atmosfera e
revelando a circulação atmosférica, sendo capaz de facilitar e/ou bloquear os fenômenos atmosféricos
(DANTAS et al., 2000).
A tendência climática é definida como uma mudança sistemática e continua na série
temporal em qualquer parâmetro de uma dada amostra, excluindo-se mudanças periódicas, ou seja, a
tendência climática é uma mudança climática caracterizada por um suave acréscimo ou decréscimo nos
valores médios no período da série em registro. A série deve conter apenas um máximo mínimo no
limite, para que este local seja o parâmetro de análise dos outros dados. Todavia, períodos mais curtos
de observações, desde que sejam feitos anos sucessivos podem ser considerados validos para avaliar o
comportamento do clima. (CONTI, 2000)
A precipitação consiste de uma variável de entrada, dentro da fase hidrológica, que é
fundamental para o entendimento da dinâmica do meio físico. Esse entendimento e comportamentos são
de suma importância para o planejamento do meio ambiente, geração de energia e manejo da
agricultura, especialmente em condições tropicais (MELLO & SILVA, 2009). Nóbrega et al (2008)
exemplificam que ao ocorrer modificações nos padrões de precipitação e temperatura são
desencadeados mudanças nos recursos hídricos afetando a geração energética, abastecimento de água e
agricultura. (NÓBREGA, 2008).
A avaliação da variabilidade climática no Brasil indica que estão ocorrendo alterações
constantes nos elementos meteorológicos, como precipitação e temperatura, o que depende da região a
ser analisada (PEREIRA, A.S. et al., 2008). Essa avaliação regional é importante e necessária visto que
o país possui dimensões continentais e apresenta um alto grau de instabilidade, relacionado aos
possíveis efeitos das modificações climáticas, precipuamente, considerando as projeções atuais de
mudança no clima global quando são considerados (SOLOMON et al., 2007).
Na região nordeste, foco deste estudo o clima que prevalece é o semiárido, que apresenta
variações espaciais de precipitação pluvial e temporais e elevações na temperatura ao longo do ano
(NÓBREGA et al., 2014). O município de Turiaçu encontra-se na área da Amazônia Maranhense,
possui importância socioeconômica focada no cultivo do abacaxi, sendo essa a principal fonte de renda
local. Atualmente a área em que essa atividade é desenvolvida é de 190 hectares com rendimento médio
26.400 frutos por hectare (IBGE, 2014) o que classifica esse município como segundo maior produtor
estadual (MARTINS et al., 2012).
Assim, cenários de modificações climáticas intensas criam flutuações nos padrões das
precipitações pluviométricas, que são determinantes na definição do sucesso ou fracasso da cultura do
abacaxi. Nesse sentido o objetivo desse trabalho foi analisar a tendência climatológica de precipitação e
temperatura no período de 1985-2014 na região da estação no município Turiaçu-Maranhão e a relação
desses fatores com o produção do abacaxi daquela região.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O município de Turiaçu localiza-se na Mesorregião Oeste do Maranhão dentro da


Microrregião do Gurupi, nas seguintes coordenadas geográficas de Latitude Sul 01°39'36" e -45°22'12"
de Longitude Oeste de Greenwich (IBGE, 2009). Compreende uma área de 2578,4 km2, com uma
população de 33.933 habitantes (Censo 2010), a 400 km de distância da capital São Luís. A sede do
município está localizada à margem esquerda do Rio Carapanaí ou São João, limitando-se ao Norte com
o Oceano Atlântico, ao Sul com os municípios de Candido Mendes e Turilândia, a Leste Turilândia e
Bacuri, e a Oeste com Candido Mendes (Figura 1).

Figura 1- Mapa de Localização do Município de Turiaçu-MA.

Fonte: elaborado a partir de IBGE; EMBRAPA, 2010.


Conforme observado na figura 1, toda a extensão do município encontra-se inserida dentro
da área da Amazônia Legal, sendo assim influenciado pelo clima equatorial úmido típico dessa região.
Foram abordados aspectos que envolvem fatores climatológicos de precipitação e temperatura da
estação climatológica de Turiaçu. A série história que compõem as médias mensais de precipitação e
temperatura foram obtidos no site do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, mantido pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da plataforma BDMEP (Banco de Dados
Meteorológicos para Ensino e Pesquisa). A série histórica analisada foi de 30 anos, compreendendo o
período de 1985 até 2015. A estação meteorológica utilizada está localizada no Município de Turiaçu –
MA, assumindo o status atual de estação operante.
Os dados foram importados para o software Microsoft Office Excel 2013 e submetidos à
estatística descritiva com determinação da média Através de valores característicos (precipitação e
temperatura totais anual e mensal) foi obtida a evolução temporal. As médias dos elementos climáticos
em relação ao tempo foram dispostas em um gráfico de dispersão e ajustadas a uma curva de tendência
expressa pelo modelo linear do tipo y= a+bx, onde x é a variável tempo e y a precipitação. O coeficiente
linear a corresponde ao valor da reta ajustada para o tempo t = 0, enquanto b corresponde ao coeficiente
angular, referente à inclinação da reta.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira informação importante em relação ao banco de informações é que a série de


dados de temperatura não é homogênea, não foram registrados dados dos anos de 1989 a 1994,
conforme observado na Tabela 1.

Tabela 1- Dados da média de precipitação e temperatura máxima


Data Média Temp Máxima (°C) Média precipitação (mm/ano)
1985 29,7 298,26
1986 25,4 245,3
1987 28,8 125,85
1988 30,5 217,35
1989 208,35
1990 182,1
1991 235,26
1992 121,98
1993 120,99
1994 220,44
1995 30,9 183,8
1996 31 193,81
1997 29 115,91
1998 31,8 150,2
1999 26 197,1
2000 28,5 199,44
2001 29 194,21
2002 31,7 154,55
2003 29 202,8
2004 31,3 202,55
2005 27 186,075
2006 32 185,98
2007 32 172,71
2008 25 212,97
2009 31 266,95
2010 32,4 167,43
2011 31,5 228,15
Data Média Temp Máxima (°C) Média precipitação (mm/ano)
2012 32 120,51
2013 30 135,54
2014 30 170,61

Na tabela 1 estão organizados os dados de temperatura e precipitação de todo o período


estudado. Destaca-se que os dados de precipitação pluviométrica apresentam-se como uma série
homogênea, não faltando nenhuma informação.
Foi possível observar que não há grandes variações nas temperaturas ao longo do tempo,
conforme figura 2.

Figura 2. Temperatura máxima do período de 1985-2014, para o município de Turiaçu - MA


y = 0,0725x + 28,558
R² = 0,084
35
30
25
20
(°C)

15
10
5
0
1998
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997

1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Anos
media temp maxima media média do período Linear (media temp maxima media)

Os anos mais quentes foram 1988, 1995, 1996, 1998, 2002, 2004, 2006, 2007, 2009, 2010,
2011 e 2012. Os anos que apresentaram menor temperatura foram 1986 e 2008, sendo que 2008
apresentou uma temperatura mais amena em relação a 1986.
A partir da linha de tendência observou-se que a temperatura está apresentando um
aumento gradual. Em 2002 a 2003 a linha da média do período se cruza com a linha de tendência e a
partir de 2004 começa a subir, ultrapassando a média. As médias de temperatura máxima anual estão
concentradas em torno da média do período, sendo possível identificar um comportamento regular a
partir de 2002 está conforme sugere a linha de tendência.
Essas elevações na temperatura podem estar relacionadas a eventos de escala global, dentre
o qual pode-se destacar o El Niño. No Brasil no ano de 1988 foi registrado El Nino moderado e em
1998 El Nino forte, em 1997 ocorreu uma baixa incidência de chuvas provocada também pelo fenômeno
climático do El Ninõ (CONFALONIERI, 2003), que corresponde a um aumento na temperatura para
região nordeste a qual o município de Turiaçu está inserido. Nos anos que ocorreram uma elevação na
temperatura, a média oscilou entre 30,5 ° C a 32°C. Tais flutuações podem ocorrer em função dos
fatores atuantes na atmosfera como alta intensidade dos raios solares, e baixa cobertura de nuvens,
flutuações irregulares da umidade relativa do ar e a oscilação da pressão atmosférica.
Na costa Maranhense outro fenômeno climático é capaz de regular a temperatura, os
ventos alísios que contém, em média, 79,4% de umidade relativa do ar que, associado à grande
quantidade de nebulosidade durante o ano todo, fazendo com que a temperatura em grande parte da
costa maranhense seja amenizada. No período chuvoso (julho), a temperatura média é de 30ºC e no
período seco (novembro) é de 31ºC, sugerindo a manutenção de temperaturas elevadas durante o ano
todo (UFMA, 2002). Considerando as temperaturas elevadas, a umidade atinge valores recomendáveis
para o ambiente, provocando certo conforto térmico em decorrência da influência da massa de ar
tropical marítima e devido aos rios, lagos e lagunas presentes na área.
A análise decadal dos dados permite identificar o período exato em que a tendência de
comportamento da variável climatológica sofre modificação. Na figura 3 está representado o período de
1985 a 1994.

Figura 3. Análise Climatológica decadal (1985-1994) da Temperatura Máxima média


y = 0,58x + 27,15
35
R² = 0,1114
30
25
20
°C

15
10
5
0
1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994
Anos
media temp maxima media média do período
Linear (media temp maxima media)

Foi possível identificar que a temperatura média máxima começou a aumentar a partir de
1988 ultrapassando a média do período (29,8ºC) e elevando a linha de tendência. Outras observações
não foram possíveis pela ausência dos dados. A segunda década está apresentada na figura 4.

Figura 4. Análise Climatológica decadal (1995-2004) da Temperatura Máxima média


y = -0,023x + 29,967
35
R² = 0,0016
30
25
20
°C

15
10
5
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Anos
media temp maxima media média do período
Linear (media temp maxima media)

Foi possível observar que na década que se estende de 1995 a 2004 três anos consecutivos
(1999, 2000 e 2001) a temperatura esteve abaixo da média do período. A linha de tendência apresenta-se
constante. Já o comportamento da década de 2005 a 2014 houve predominância de dados acima da
média do período, apenas os anos de 2005 e 2008 estiveram abaixo da média. Nesse período observa-se
linha de tendência crescente (Figura 5).
Figura 5. Análise Climatológica decadal (2005-2014) da Temperatura Máxima média.
y = 0,1741x + 29,347
35
R² = 0,043
30

25

20
°C

15

10

0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Anos
media temp maxima media média do período
Linear (media temp maxima media)

É possível que as informações encontradas em relação a temperatura possam estar


relacionadas a ocupação humana/atividade econômica na área. A literatura destaca que a maior
concentração de focos de calor coincide com as regiões ocupadas por pequenos produtores rurais, os
quais não dispõem de assistência técnica e praticam agricultura de corte e queima. (Confalonieri, 2003).

As médias anuais de precipitação para o período de 1985 a 2014 estão apresentadas na


figura 6.

Figura 6. Médias anuais de precipitação do período de 1985-2014


350

300

250

200
(mm)

150

100

50

0
1994
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993

1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014

Anos
media precipitação media do periodo Linear (media precipitação)

A precipitação apresenta-se elevada nos dois primeiros anos da série, a partir de 1987
começa a oscilar em relação à média do período. É bom destacar que a média de precipitação
pluviométrica do ano de 1985 (298,96 mm) foi um evento isolado que não voltou a ocorrer na mesma
proporção, em 2009 voltou a ocorreu um pico, um aumento de chuvas na região.
Esse episódio pode ter ocorrido devido aos altos índices pluviométricos registrados no
primeiro semestre de 2009 no Maranhão, explicado pelo comportamento a região costeira que apresenta
um ciclo anual das chuvas com maiores índices pluviométricos registrados nos meses de março e abril
com acentuado declínio nos meses subsequentes. A dinâmica da circulação atmosférica em toda a zona
costeira maranhense faz com que a pluviosidade seja marcada pela irregularidade. De janeiro a maio de
2009, o padrão estabelecido nos oceanos Pacifico e Atlântico tropical foi característico de anos
extremamente chuvosos: anomalia negativa da TSM. Essas condições contribuíram para o aumento no
volume e intensidade de chuvas no estado do Maranhão. (UEMA, 2009).
A distribuição de precipitação da região é bastante complexa considerando a atuação dos
sistemas de correntes perturbadas e a alta variabilidade dos índices de umidade presente na área.
(ICMBIO, 2014)
Na figura 7 é possível observar que na primeira década a tendência da precipitação é uma
diminuição brusca.

Figura 7. Análise Climatológica decadal (1985-1994) da precipitação.


350 y = -9,4692x + 249,67
R² = 0,2324
300
250
200
(mm)

150
100
50
0
1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994
Anos
media precipitação media do periodo
Linear (media precipitação)

Nessa década é perceptível anos de precipitação muito abaixo da média (1987, 1992 e 1993). A
tendências em relação a precipitação foi de diminuição. Nos anos de 1985 e 1989 são considerados
anos de La nina. E no ano de 1992 o El nino apresentou anomalia negativa no campo da precipitação.
Para a década seguinte observa-se um aumento gradual ada linha de tendência da precipitação (Figura
8).

Figura 8. Análise Climatológica decadal (1995-2004) da precipitação.


y = 3,3894x + 160,8
250 R² = 0,1224

200

150
(mm)

100

50

0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Anos
media precipitação media do periodo
Linear (media precipitação)

Nos anos de 1995 e 2004 é possível perceber o aumento gradativo da linha de tendência em
relação à média do período não ocorrendo um padrão, pois as taxas de precipitação variam de forma
desordenada ao longo dos anos. Nos anos de 1997 e 1998 ocorreu uma redução do índice pluviométrico
pois foram anos que sofreramforte influência do El Niño, com redução do índice pluviométrico em
praticamente quase todo o território do Maranhão. Logo os anos de 1997 e 1998, apresentaram uma
queda significativa como pode ser observado no gráfico da figura 9.
Na segunda década apenas três anos estiveram abaixo da média do período, sendo dois
anos consecutivos (1997, 1998) e o ano de 2002. Os dois primeiro anos estiveram acima da média, dois
anos depois o padrão acima da média se repete por três anos consecutivos (1999, 2000 e 2001) em
seguida se repete novamente nos anos de 2003 e 2004. De forma a análise geral indica que a tendência
de precipitação nesta década foi aumento. A terceira década mostra a tendência de diminuição de
precipitação, conforme visualizada na figura 9.

Figura 9. Análise Climatológica decadal (2005-2014) da precipitação.


300 y = -4,8924x + 211,6
R² = 0,1187
250

200
(mm)

150

100

50

0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Anos
media precipitação media do periodo

Durante a ocorrência de um El Niño moderado, a precipitação tende a ser menor que a


normal, enquanto que durante a ocorrência de um evento La Niña moderado, a precipitação tende a ser
maior que a normal (SOUSA et al., 2015).
Em 2005 e 2014 é perceptível um decréscimo em relação à média do período, porém não
tão acentuado quanto o de 1985 a 1994. O ano de 2012 registraram os menores valores da precipitação
anual, foi considerado o ano mais seco considerando os valores mais baixos na precipitação anual. O
ano de 2009 e 2010 foram caracterizados por anos de precipitação abaixo da média em praticamente
todo o estado.( JUNIOR et al., 2014). Porém a estação de Turiaçu registrou uma baixa na precipitação
somente no ano de 2010, conforme figura 9. Foi realizada a comparação dos dados de precipitação e
temperatura na figura 10.
Figura 10. Relação da precipitação e temperatura média da máxima de 1985-2014, para o município de
Turiaçu – MA.
350 35
300 30
250 25
200 20
(mm)

°C
150 15
100 10
50 5
0 0
1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013

media precipitação Anos media temp maxima media

A relação entre as duas variáveis climáticas (Precipitação e Temperatura) mostrou que nos
anos de 1985 a 1986 os dados encontram-se em comportamento mais aproximado ambas apresentam
uma elevação em 1985 e um decréscimo em 1986. Nos anos seguintes observa-se quedas na
precipitação e aumento da temperatura, sendo configurado um comportamento inversamente
proporcional entre essas variáveis. Esse comportamento pode ser explicado em função da localização da
área em estudo, no oeste maranhense, que está sobre forte influência do clima equatorial, com medias
térmicas e pluviométricas elevadas.

4. INFLUÊNCIA DA PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA NO CULTIVAR TURIAÇU

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de abacaxi [Ananas comosus var. comosus
(L.) Merril], respondendo por 15 % da produção mundial, equivalente a 1.470,3 mil toneladas e área
plantada de 60.016 ha em 2010 (IBGE, 2010).
O abacaxi Turiaçu é da família da Bromeliacea e seu nome científico é Ananas comosus
(L.). A denominação ‘Turiaçu’ refere-se ao tipo ou variedade nativo e cultivado no município
maranhense de mesmo nome. O abacaxizeiro é originário da região compreendida entre 15º N e 30º S
de latitude e 40º L e 60º W de longitude, o que inclui a zona central e zona sul do Brasil, o nordeste da
Argentina e o Paraguai (MOURA, 2004).
Mais recentemente, tem crescido a exploração da cultivar 'Turiaçu', concentrada no
município de Turiaçu, com área atual de 149 ha (12,0% do total), sendo este o segundo maior produtor
estadual. (ARAUJO et al., 2012).
Segundo (MALÉZIEUX et al., apud AGUIAR Jr et al., 2014) as pesquisas tem destacado
que os fatores meteorológicos influenciam decisivamente no ciclo do abacaxizeiro (KIST et al., 2011), o
autor destaca que na literatura da área algumas pesquisas têm destacado que a composição do açúcar do
abacaxi pode estar ligada à época de cultivo, já que esta tem influência sobre as enzimas relacionadas ao
metabolismo da sacarose. Embora o abacaxi seja considerado um fruto não-climatérico (ROHANA et
al., 2009; CHITARRA & CHITARRA, 2005). O abacaxi Turiaçu comporta-se diferente de um fruto não
climatérico, seu processo de amadurecimento, após a colheita, é mais acelerado comparado a outras
cultivares, um dos fatores para ocorrer à rápida mudança na coloração da casca dá-se devido ao clima
quente do local.
Os fatores climáticos influenciam diretamente na atividade agrícola, portanto alterações
naquele pode levar a mudanças na produção, manejo e zoneamento. Pois as plantas respondem
reduzindo ou maximizando sua produção, desde o processo de florescimento sendo ele tardio ou
antecipado, até a redução ou prolongamento do desenvolvimento vegetativo.
No Maranhão, a Mesorregião Central é a mais tradicional no cultivo do abacaxi, com
destaque para cultivar 'Pérola', onde os municípios de São Domingos do Maranhão (808 ha), Tuntum
(45 ha) e Grajaú (30 ha) respondem juntos, por 70,2% da área cultivada no Estado (IBGE, 2010).
A temperatura, a pluviosidade bem como outros fatores tais quais foto período,
luminosidade, e a umidade relativa também afetam o desenvolvimento do abacaxizeiro e este por sua
vez necessita de uma temperatura constante. As taxas de transpiração diminuem com o aumento da
temperatura durante o dia, e permanecem constantes à noite, indica também que oscilações de
temperatura entre o dia e a noite diminui a assimilação de (MALÉZIEUX et al., apud AGUIAR Jr et al.,
2014).
O abacaxi Turiaçu ocorre principalmente no município de Turiaçu, localizado na
Microrregião do Gurupi, sofrendo forte influência do clima amazônico, especialmente o longo e
concentrado período chuvoso. (MOURA, 2004). O autor destaca que as melhores temperaturas para o
cultivo do abacaxizeiro estão entre 24 e 30º e as chuvas entre 2000 a 2.400 mm por ano, sendo que o
abacaxizeiro não resiste a solos encharcados e nem a secas (SANTOS, 2013), sendo importante um
meio termo. Nesse sentido é importante a avaliação dos anos mais e menos chuvosos e a avaliação das
tendências de precipitação e temperatura na região como forma de planejamento de anos mais propícios
à produção com o menor custo econômico.
Dessa forma, conforme as necessidade da espécie que foram destacadas com o
levantamento bibliográfico, os anos mais quentes e menos chuvosos tendem a serem mais favoráveis à
produção do abacaxi. No entanto é preocupante o cenário de tendência de diminuição das precipitações
e aumento das temperaturas, já que os elementos climáticos podem sair das exigências da variedade.

5. CONCLUSÃO

Foram analisados dados de precipitação e temperatura da estação climatológica de Turiaçu


- MA no período de 1985-2014 de acordo com os dados do INMET.
A temperatura e a precipitação apresentaram comportamentos distintos, pois a temperatura
mostrou-se constante, não registraram tendências significativas enquanto a precipitação não manteve um
padrão definido.
Os dados climatológicos demonstram que para o abacaxi de Turiaçu deve elevar a
produtividade nos anos de menor precipitação.
Foi observado pelo fato da temperatura apresentar uma constância, que o mesmo resiste
muito bem aos períodos de seca, e o abacaxizeiro não tolera solos encharcados. Desta forma, pode-se
observar que há uma ligação direta entre as tendências climáticas e o cultivar Turiaçu.
É imprescindível que o setor econômico utilize pesquisas climatológicas para aumentar a
produtividade da cultura do abacaxi e diminuir os custos.

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