http://dx.doi.org/10.12702/iii.inovagri.

2015-a019

ESTIMATIVA DAS TEMPERATURAS MÉDIAS NORMAIS PARA A

BACIA DO BOI BRANCO-SP

M. A. de L. SALES1; R. M. SÁNCHEZ-ROMÁN2 ; R. N. F. MONTEIRO3; J. V. R. da S. de

SOUSA4; L. R. SINOBAS5

RESUMO: O conhecimento do comportamento das variáveis climáticas é de suma

importância para o planejamento das atividades agrícolas. A temperatura é um parâmetro que
varia significativamente com o tempo, sendo afetada por uma série de outras variáveis e
fatores. Objetivou-se com esse trabalho estimar as temperaturas mínimas, médias e máximas
mensais do ar para a bacia hidrográfica do Boi Branco, a partir da latitude (°), longitude (°) e
altitude (m) e posteriormente, comparar dados medidos. O método de regressão para
estimativa da temperatura utilizado neste estudo mostrou-se eficaz paras as condições
climáticas da bacia do Boi Branco, apresentando resultados satisfatórios quando comparado a
dados medidos de temperatura do ar para a mesma região de estudo.
PALAVRAS-CHAVE: latitude, longitude, validação de dados.

ESTIMATED MINIMUM, MEDIUM AND MAXIMUM TEPERATURES FOR

WATERSHED OF BOI BRANCO-SP

SUMMARY: The knowledge of the behavior of climate variables is of paramount

importance for the planning of agricultural activities. The temperature is a parameter that
varies significantly over time, being affected by a number of other variables and factors. The

1
Doutoranda, Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP, Rua José Barbosa de Barros, 1.780, Depto de
Engenharia Rural, CEP 18.610-307, Botucatu, SP. Fone (14) 9 8191 4234. E-mail: mal_sales@hotmail.com.
2 Prof. Doutor, Depto de Engenharia Rural, FCA/UNESP, Botucatu, SP.
3Doutor em Irrigação e Drenagem.
4 Mestrando em Irrigação e Drenagem. FCA/UNESP, Botucatu, SP.
5 Profa. Dra, Depto Ingeniería Agroforestal, ETSIA/UPM, Madrid, ESP.
M. A. de L. Sales et al.

objective of this study was to estimate the minimum, medium and maximum temperatures the
air monthly for the Boi Branco watershed, from the latitude (°), longitude (°) and altitude (m)
and subsequently compare measured data . The regression method to estimate the temperature
used in this study was effective paras weather conditions in the Boi Branco watershed with
satisfactory results when compared to measured data of air temperature to the same area of
study.

KEYWORDS: latitude, longitude, data validation.

INTRODUÇÃO
A temperatura do ar é um elemento meteorológico fundamental para o crescimento e
desenvolvimento das plantas, condicionando a duração das fases fenológicas e do ciclo das
culturas, portanto, torna-se necessária a estimativa dos valores médios de temperatura do ar
(BARDIN et al., 2010). A temperatura é um parâmetro que varia significativamente com o
tempo, sendo afetada por uma série de outras variáveis e fatores (TERUEL, 2010).
Segundo Oliveira Neto et al. (2002), o conhecimento do comportamento das variáveis
climáticas é de suma importância para o planejamento das atividades agrícolas. Para Jerszurki
e Souza (2010) a averiguação da confiabilidade de métodos utilizados para estimar a
temperatura média do ar é de grande importância, haja visto que valores de temperatura são
comumente utilizados na avaliação dos efeitos positivos ou negativos em atividades agrícolas
e na a condução de estudos referentes á produção agropecuária, irrigação, zoneamentos
agroclimáticos, aptidão climática, época de semeadura, estudos de mudança climática, entre
outras.
Com isso, os métodos de estimativas dos parâmetros básicos do clima como
temperatura, na ausência de dados medidos, são de fundamental importância. Uma técnica
muito utilizada por vários autores está ligada a regressões múltiplas com parâmetros
geográficos baseadas no fato de que a temperatura média do ar é função da altitude, da
latitude e da longitude (BARDIN et al. 2010).
O objetivo deste trabalho foi estimar as temperaturas mínimas, médias e máximas do ar
para uma sub-bacia hidrográfica do Boi Branco, em São Paulo, a partir de dados geográficos
como latitude, longitude e altitude e comparar os dados estimados a dados medidos na mesma
região.

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 III INOVAGRI International Meeting, 2015

MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na sub-bacia do córrego do Boi Branco, localizado na região
sudoeste do estado de São Paulo, com uma área de 80,71 km², situada entre os municípios de
Paranapanema e Itaí, com as seguintes coordenadas geográficas de Latitude: 26º90'90'' S a
27º03'56" S e Longitude: 54º44'27" W a 54º35'612" W. A área da sub-bacia do córrego do
Boi Branco está inserida no domínio dos Latossolos Vermelhos, textura argilosa. O clima da
região segundo Köppen, é do tipo Cwa, caracterizado como clima temperado úmido,
apresentando inverno seco e chuvas no verão (MIRANDA et al., 2014).
A sub-bacia do Boi Branco além de ser um grande pólo agrícola, é uma região com
acentuada carência de dados climatológicos disponíveis, nesse intuito, torna-se de grande
importância a busca por metodologias eficientes na estimativa dos principais dados climáticos
da região.
A metodologia proposta por Oliveira Neto et al. (2002), estima temperatura média do ar
utilizando dados de altitude, latitude e longitude, que são parâmetros que influenciam nas
condições climáticas de uma região. A metodologia foi empregada para estimar a temperatura
mínima, média e máxima do ar nas coordenadas onde estão localizadas os postos
pluviométricos E5-065 e E5-067, onde estes influenciam na sub-bacia do Boi Branco. Os
postos estão localizados nos municípios de Paranapanema e Itapeva, com as seguintes
longitudes, latitudes e altitudes respectivamente 48°53’; 23°26’; 610m e 48°50’;23°38’;
740m. A equação 1 foi empregada na estimativa da temperatura mínima do ar e a equação 2
utilizada para estimativa das temperaturas médias e máximas
T min   0  (1 * Lat )  ( 2 * Long )  ( 3 * Alt ) Eq. 1

Tm   0  (1 * Lat)  ( 2 * Long)  ( 3 * Alt )  ( 4 * Alt 2 )  ( 5 * TX ) Eq. 2

onde, Tmin = temperatura mínima (°C); Tm = temperatura média ou temperatura máxima

(ºC); Lat = latitude (º); Long= longitude (º); Alt= altitude (m); β = coeficientes tabelados para
cada parâmetro; TX= 0, para o bloco 1 e TX=1, para o bloco 2.
Como não houve identidade entre as equações para os blocos 1 e 2, uma variável binária
(TX) foi incluída no modelo, sendo considerado TX=0 para o bloco 1 e TX=1 para o bloco 2.
Fonte: Oliveira Neto et al. (2002).

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M. A. de L. Sales et al.

Figura 1. Localização dos blocos 1 e 2 de acordo com a latitude e longitude da área para a
estimativa da temperatura.

Após estimados os valores de temperaturas mínimas, médias e máximas para os postos

pluviométricos realizou-se uma média dos valores, e para determinação de sua área de
influencia foi empregado a metodologia do polígono de Thiessen.
Para validar os dados estimados pela metodologia proposta por Oliveira Neto et al.
(2002), os valores estimados foram comparados a valores medidos em uma propriedade
situada dentro da sub-bacia. Os dados medidos foram coletados entre os anos de 2009 à 2012.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos resultados apresentados na Tabela 1, pode-se verificar que não há diferença
discrepante nos dados de temperatura mínima, média e máxima entre os dois pontos, isso
ocorreu pelo fato dos dados estimados serem oriundos dos valores de latitude, longitude e
altitude de cada posto pluviométrico, e os mesmos não se diferenciarem tanto. Com os
resultados de temperatura de cada posto realizou-se o cálculo da temperatura dentro da sub-
bacia, utilizando a metodologia dos polígonos de Thiessen.

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 III INOVAGRI International Meeting, 2015

Figura 2. Postos pluviométricos (pontos lilás) próximos a sub-bacia do Boi Branco

(preenchida em roxo) juntamente com os polígonos de Thiessen. Fonte: Ferreira (2014)

Tabela 1. Valores calculados das temperaturas (°C) mínima, média e máxima referentes aos
postos pluviométricos e o valor de temperatura média ponderada dentro da sub-bacia
utilizando a metodologia proposta por Oliveira Neto et al. (2002).
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
E5-065 18,9 21,9 19,2 15,9 12,9 10,9 12,9 12,3 13,9 15,6 17,0 18,1
TMín (°C)

E5-067 18,2 21,9 18,4 15,3 12,3 10,4 12,8 11,7 13,1 15,0 16,3 17,4
Média 18,6 21,9 18,9 15,7 12,7 10,7 12,9 12,1 13,6 15,4 16,7 17,8
E5-065 23,4 23,4 23,4 22,6 24,2 19,4 19,4 22,8 19,1 21,0 22,7 22,7
TMéd (°C)

E5-067 22,5 22,5 22,5 22,5 24,7 19,9 19,9 24,1 18,4 20,0 21,8 21,9
Média 23,1 23,1 23,1 22,6 24,4 19,6 19,6 23,2 18,9 20,6 22,4 22,4
E5-065 29,3 30,0 29,6 27,3 24,8 23,3 23,8 25,6 26,0 28,0 28,6 28,6
TMáx (°C)

E5-067 28,3 28,9 28,7 26,1 23,8 22,1 22,7 24,3 24,9 27,2 27,4 27,4
Média 29,0 29,6 29,3 26,9 24,5 22,9 23,4 25,2 25,6 27,7 28,2 28,2
TMín- temperatura mínima; TMéd- temperatura média; TMáx- temperatura máxima.

Os valores dos coeficientes de determinação ajustados (R²) calculados na Tabela 1

foram de 0,75 a 0,91.
Utilizando-se dos dados disponíveis de temperatura mínima e máxima do período de
2009 a 2012 em uma propriedade situada dentro da sub-bacia, foi possível validar os valores
estimados. Nas Tabelas 2, 3 e 4, observa-se que estes foram similares à média dos valores
encontrados na propriedade.

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M. A. de L. Sales et al.

Tabela 2. Temperaturas mínimas (°C) obtidas na fazendo Olhos D’Água - (A) e pela
metodologia de Oliveira Neto et al. (2002) - (B).
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
A 18,0 20,1 19,0 18,0 16,8 15,1 14,0 13,6 15,1 17,5 16,5 18,1
Tmín B 18,6 21,9 18,9 15,7 12,7 10,7 12,9 12,1 13,6 15,4 16,7 17,8
(ºC)
% 0,97 0,92 1,00 1,15 1,32 1,41 1,09 1,13 1,11 1,14 0,99 1,02
*% = relação entre as temperaturas A e B.

Tabela 3. Temperaturas média (°C) obtidas na fazendo Olhos D’Água - (A) e pela
metodologia de Oliveira Neto et al. (2002) - (B).
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
A 23,4 24,4 23,9 23,1 22,1 19,6 19,5 20,2 20,6 23,0 22,8 23,8
Tméd B 23,1 23,1 23,1 22,6 24,4 19,6 19,6 23,2 18,9 20,6 22,4 22,4
(ºC)
% 1,01 1,06 1,04 1,02 0,90 1,00 0,99 0,87 1,09 1,12 1,02 1,06
*% = relação entre as temperaturas A e B.

Tabela4. Temperaturas máximas (°C) obtidas na fazendo Olhos D’Água - (A) e pela
metodologia de Oliveira Neto et al. (2002) - (B).
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
A 28,7 28,7 28,9 28,3 27,4 24,1 24,9 26,8 26,2 28,6 29,0 29,5
Tmáx B 29,0 29,6 29,3 26,9 24,5 22,9 23,4 25,2 25,6 27,7 28,2 28,2
(ºC)
% 0,99 0,97 0,99 1,05 1,12 1,05 1,06 1,06 1,02 1,03 1,03 1,05
*% = relação entre as temperaturas A e B.

Pode-se afirmar que, os resultados obtidos na estimativa das temperaturas médias da

área são bem semelhantes as que encontraríamos in loco.

CONCLUSÕES
O método de estimativa da temperatura a partir de dados de latitude, longitude e altitude
se mostrou eficaz paras as condições climáticas da região, apresentando resultados
satisfatórios quando comparado a dados medidos de temperatura do ar para a mesma região
de estudo.

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 III INOVAGRI International Meeting, 2015

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TERUEL, B. J. Controle automatizado de casas de vegetação: Variáveis climáticas e
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43662010000300001

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