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A IMPORTÂNCIA DE ÁREAS VERDES NA ATENUAÇÃO DA

TEMPERATURA DO AR DENTRO ÁREAS URBANAS: UM ESTUDO


COMPARATIVO SOBRE O CONFORTO TÉRMICO

O trabalho objetiva demonstrar como os fatores urbanos - como aglomerados urbanos, intenso fluxo
de pessoas e automóveis, impermeabilização do terreno, construções verticalizadas - sem a presença
de elementos atenuantes, como vegetação e recursos hídricos podem ocasionar alterações climáticas
na escala local, alterando a temperatura do ar e de superfície, umidade do ar, velocidade e direção dos
ventos, dentre outros elementos climáticos em diferentes escalas na atmosfera dos centros urbanos.
Para tanto, foram estudados dois bairros com diferenças de uso e ocupação do solo, na cidade de Juiz
de Fora-MG. Foram utilizados três métodos para medidas de comparação, sendo estes: mapas de
conforto térmico, coleta de dados de campo e índice de conforto térmico. Por intermédio desses dados
foram detectados diferentes microclimas na escala local intra-urbana, gerados pelas diferenças nas
formas de ocupação do espaço urbano

Palavras-chave: Urbano; Clima; Geoambientais; bairro

RESUMEN

El trabajo tiene como objetivo demostrar cómo los factores urbanos, como las aglomeraciones
urbanas, el flujo intenso de personas y automóviles, la impermeabilización del terreno, las
construcciones verticales, sin la presencia de elementos atenuantes, como la vegetación y los recursos
hídricos, pueden causar cambios climáticos a nivel local. escala, alterando la temperatura del aire y de
la superficie, la humedad del aire, la velocidad y dirección de los vientos, entre otros elementos
climáticos a diferentes escalas en la atmósfera de los centros urbanos. Para ello, se estudiaron dos
barrios con diferente uso y ocupación del suelo, en la ciudad de Juiz de Fora-MG. Se utilizaron tres
métodos para las medidas de comparación, a saber: mapas de confort térmico, recopilación de datos de
campo e índice de confort térmico. A través de estos datos se detectaron diferentes microclimas a
escala local intraurbana, generados por diferencias en las formas de ocupación del espacio urbano.

Palabras clave: Urbano; Clima; geoambiental; vecindario

INTRODUÇÃO

Segundo Monteiro, os centros urbanos representam o ápice da modificação humana no espaço


(1975), elas são o maior exemplo de interação entre o homem e o meio, dado o fato de que
dentro das regiões urbanizadas o homem se utiliza do meio e de seus recursos para viver. Os
espaços urbanos, com suas constantes modificações e intervenções humanas, foram
concomitantemente perdendo suas características naturais, e se tornando paisagens antrópicas.
Santos (1993) destaca que no Brasil, em meados de 1960 houve uma intensificação no
processo de urbanização do país.

Assim, o aumento da população urbana concomitante ao avanço dos processos urbanos, criam
alterações na atmosfera urbana, criando diferentes microclimas, que normalmente estão
associados às distintas formas de uso, ocupação e na configuração do meio físico Criando
desta forma, um clima urbano, que se diferencia entre os diferentes espaços intra urbanos e
seus entornos peri-urbanos e rurais. O Brasil atualmente possui uma grande população urbana,
segundo os dados do IBGE de 2010, mais de 90% da população do país, reside em áreas
urbanas. Dessarte, a questão que se destaca é, quais consequências essas mudanças no espaço
podem causar no ambiente e na vida dos sujeitos?

Para responder esta questão que é muito debatida, diversos ramos da ciência se voltaram para
estudar esta questão. A geografia como a ciência voltada para o estudo das relações entre o
homem-meio e da organização do espaço, claramente está envolta nessa ampla discussão que
os processos urbanos trouxeram. Contextualizado, o presente trabalho, objetivou, analisar as
relações entre a distribuição das áreas verdes e seus impactos na temperatura do ar e conforto
térmico em dois bairros da cidade de Juiz de Fora-MG.

A cobertura vegetal e corpos hídricos, são os atenuantes mais conhecidos de temperatura de


superfície e do ar, no caso das áreas vegetadas, esses alteram fatores como temperatura do ar,
albedo e permeabilidade, além de que áreas com vegetações mais robustas como as arbóreas
criam um sombreamento na região em que se encontram. Já os corpos hídricos, além de seu
alto calor específico que contribui para a diminuição da amplitude de temperatura, ele altera a
umidade do ar, fazendo com que as temperaturas do ar sejam mais amenas no seu entorno.
Neste contexto, é possível pensar, como esse conjunto de fatores e elementos afeta a vida
humana, sendo o conforto térmico um exemplo dessa condição, retratando como cada
indivíduo reage biologicamente às condições de tempo gerando ou não desconforto térmico a
depender das condições do tempo do local.

A variáveis - albedo, emissividade, vegetação, massa construída, corpos d’água, áreas


impermeabilizadas, altimetria, quando analisados de forma isolada ou conjunta, podem criar
diferenças de temperatura e umidade do ar em microescalas, criando áreas mais ou menos
quentes, mais ou menos úmidas. Este trabalho propõe por intermédio de dados de temperatura
do ar coletados em campo, comparar o conforto térmico em dois bairros com características
diferentes.

METODOLOGIA

A metodologia foi desenvolvida considerando 4 passos centrais, sendo eles, levantamento


bibliográfico, aquisição de dados climáticos em campo, aquisição de dados geoambientais e
geourbanos, por meio de imagens e fotografias aéreas e por último o cálculo de conforto
térmico.

O primeiro consiste no levantamento e construção de dados climáticos e espacialização de um


conjunto de variáveis geoambientais e geo-urbanas.

O segundo processo consiste em gerar mapas de potencial térmico dos diferentes bairros, a
partir da metodologia proposta por Ferreira (2014), e adaptada ao objetivo do presente
trabalho (ver detalhes em Ferreira 2014. p. 58). As principais bases para a geração desses
mapas são imagens de satélite da cidade, aliadas a ferramentas como google maps, google
street view e ArcMap.

O terceiro processo metodológico compreende a coleta de dados climáticos em campo


(temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento). A coleta de dados compreenderá
um período de 15 dias consecutivos no período de outono/inverno, no qual deverá prevalecer
estabilidade atmosférica. essa coleta seria feita através das estações meteorológicas alocadas
em ambos os bairros. Esses dados serão utilizados para fins de análise e de parâmetros para o
conforto térmico de cada região.

Por fim, o último processo metodológico, seria o cálculo e análise do conforto térmico nos
dois bairros em análise. Conforto térmico, é quando o ser humano consegue manter a sua
temperatura que gira em torno de 36º a 37ºC sem recorrer a nenhum mecanismo que atenue
ou aumente sua temperatura. Esse parâmetro será utilizado, para fins de comparação,
demonstrando como as diferentes temperaturas do ar registradas no espaço intra-urbano
podem produzir diferentes condições de conforto térmico para os sujeitos que ali residem, e
exercem sua vida cotidiana. Para o cálculo do conforto térmico será utilizada a metodologia
semelhante à de ASSIS, que trabalha com uma série de dados básicos e pré estabelecidos
sobre as faixas de temperatura e sua ação no corpo humano, que trabalham com a resposta
fisiológica do corpo a depender da temperatura na qual de encontram, tendo como base essa
série de dados será possível uma comparação entre a temperatura do bairro São Pedro e o
Centro, constatando assim a importância de fatores atenuantes para a prevalência do conforto
térmico.

Localização da área de estudo:

Os dois bairros que constituíram a área de estudo, consistem nos bairros São Pedro e Centro.
No bairro São Pedro está localizada na zona oeste da cidade, prevalecem áreas residenciais,
contudo, ainda possui um centro com atividades comerciais, bancárias e de prestação de
serviços. Apresenta um crescimento vertical, em função dessa expansão urbana e muito
atrelada a edifícios residenciais e apresentou um aumento no fluxo de pessoas e automóveis.
Concentram-se ainda dentro deste bairro a presença de vários condomínios residenciais
fechados, alguns prevalecendo residências horizontais e outras residências verticais apesar
disto, dentro deste bairro ainda se encontram resquícios de cobertura vegetal, além do fato de
estar localizado numa altitude média de 900m. O bairro Centro está localizado no vale do rio
Paraibuna, a uma altitude média de 600 m, possui grande adensamento urbano, no qual
consorcia em sua maioria prédios residenciais e comerciais, o que intensifica o fluxo de
pessoas e veículos. Concentra a maior parte das atividades econômicas, comerciais e de
prestação de serviços da cidade, destaca-se ainda que Juiz de Fora, polariza a região da Zona
da Mata Mineira, parte das Vertentes e também uma área significativa de cidades do estado
do rio de Janeiro, e boa parte desta população tem suas atividades concentradas no centro da
cidade.

REFERENCIAL TEÓRICO

O artigo em questão teve por aspectos basilares, autores de clássicos como, Monteiro, com
seus trabalhos dentro da climatologia urbana, como “Clima urbano” (2003), e “Teoria e
clima urbano” (1975), e Mendonça e Oliveira, dentro da climatologia geral e também da
urbana, dando especial destaque para seus livros “Climatologia: noções básicas e climas do
Brasil”

Ademais, o referencial teórico para as metodologias de estudos utilizadas para a confecção


deste trabalho, destacam-se três autores que trabalharam neste segmento de estudo, Ferreira,
Vianna e Assis, todos autores da área de clima, cada qual trazendo inovações que se
complementam para o estudo cada vez mais detalhado e preciso das características climáticas
em diferentes escalas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

O processo de urbanização pode gerar mudanças no clima urbano, associado ao


aumento de prédios, consequente verticalização de uma ou várias área da cidade diminuição
de áreas verdes, maior impermeabilização do solo, alteração do albedo e emissividade de
superfície, dentre outros fatores geourbanos e das características geoambientais, a interrelação
entre estes fatores podem contribuir para o aumento/diminuição das temperaturas de
superfície e do ar à medida que ocorre um maior armazenamento de energia solar de ondas
curtas e maior emissão de ondas longas pelos materiais utilizados nas áreas urbanas. Essa
alteração no balanço de energia aliado com a falta de atenuantes como áreas verdes e corpos
d'água, fazem com que áreas como o centro se tornem mais quentes, criando microclimas
distintos que afetam o conforto térmico da população residente, gerando desconforto se
comparado o outros bairros, como o São Pedro, que apesar do avanço do processo de
urbanização desta região, ainda estão presentes fatores geoambientais que se comportam
como atenuantes (vegetações arbóreas e arbustivas, áreas permeáveis, maior altimetria,
associados a fatores geo urbanos que influenciam de forma menos expressiva, pois apresenta
uma menor massa construída e impermeabilização do solo.

Desta forma, a distribuição heterogênea dos fatores geoambientais e geourbanos, propiciam


espaços termicamente distintos no espaço intra-urbano. Essas diferenças de temperatura e
umidade do ar e da velocidade do vento, cria espaços diferenciados no que tange ao conforto
térmico

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Monteiro e Mendonça em sua obra Clima urbano (2003), discutem, como o homem,
não é apenas um modificador da paisagem, afetando suas características geo morfoclimáticas,
ele é também uma força de alteração dentro do sistema clima urbano, como tal, suas ações no
meio reverberam em causalidades que podem ou não trazer consequências. No caso do clima
em áreas urbanas, as mudanças geradas pelas construções, pavimentações e desmatamento,
criam um desequilíbrio no S.C.U que acarreta mudanças atmosféricas em escalas locais. A
atmosfera local, passa a se modificar e adaptar as mudanças criadas pelas intrusões humanas
no ambiente. destarte, podemos concluir, que apesar das mudanças que ocorreram em escala
local, pequenas mudanças, como o aumento da arborização, utilização de materiais com alto
albedo e baixa emissividade por exemplo, podem agir como atenuantes dentro das áreas mais
urbanizadas, e servirem como solução para o desconforto térmico causado pelo constante
avanço urbano no meio, principalmente em regiões menos exploradas.

REFERÊNCIAS

ALBERTONI, F.P. V. A ação dos sujeitos sociais na urbanização da região de São Pedro em
Juiz de Fora/MG. Juiz de Fora. 2014.
ASSIS, D. C de. O conforto térmico associado às variáveis de cobertura da terra na região
central de Juiz de Fora – MG. Juiz de Fora. 2016.

Atlas censo demográfico 2010 Disponível em: <


https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca[1]catalogo?view=detalhes&id=264529>

FERREIRA, C de C. M. Modelo para análise das variáveis de cobertura da terra e a


identificação de microclimas, em centros urbanos. Juiz de Fora. 2014.

FERREIRA, C de C. M; PIMENTEL, F. O. Clima urbano: o uso de modelos geoespaciais na


investigação do comportamento térmico em juiz de fora- mg

FROTA, A. B; SCHIFFER, S. R. Manual do conforto térmico. 8º ed. São Paulo. 2003. 14


IBGE: Instituto brasileiro de geografia e estatísticas Disponível em: <
https://www.ibge.gov.br/>

MENDONÇA, F; OLIVEIRA, I. M. D. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São


Paulo. 2007.

MENDONÇA, F. Et al. Clima Urbano. São Paulo. Contexto. 2003

MONTEIRO, C. A de F. Teoria e clima urbano. 1975. SANTOS, M. A urbanização


Brasileira. São Paulo. 1993

SANTOS, M. A urbanização Brasileira. São Paulo. 1993

SOUZA, D. M de; NERY, J. T. O Conforto térmico na perspectiva da Climatologia


Geográfica. Londrina. v. 21, n.2. 2012. Pág.65-83.

VIANNA, Y. C. G. Modelagem e identificação de ilhas de calor em Ubá - MG

VIANNA, Y. C; FERREIRA, C de C. M; PIMENTEL, F. O. Modelagem e identificação de


potenciais térmicos em Ubá- MG

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