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14393/BGJ-v12n1-a2021-60406
1 Endereço para correspondência: Josefa Ferreira de Queiróz, 1749, Jardim Maristela, CEP 79630-390, Três Lagoas-MS.
Diego da S. Borges e Mauro Henrique S. da Silva. Análise da cobertura vegetal e sua relação com o microclima em praças públicas (...)
Brazilian Geographical Journal: Geosciences and Humanities research medium,
Ituiutaba, v. 12, n. 1, p. 4-22, jan./jun. 2021.
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DOI: https://doi.org/10.14393/BGJ-v12n1-a2021-60406
INTRODUÇÃO
Três Lagoas ocupa hoje o lugar de terceira maior cidade de Mato Grosso do Sul, tendo
passado por diversas fases econômicas que trouxeram para a região diversos migrantes que se
instalaram no município, tornando-o o que é hoje.
Ressalta-se que a dinâmica e estrutura urbana provoca alterações nos aspectos e
elementos naturais do espaço, tudo com o intuito de atender as necessidades antrópicas. No
entanto de acordo com Lima (2007) ao modificar a natureza, sem considerar a capacidade de
suporte do ambiente, a população das cidades sofre com a diminuição da qualidade ambiental,
o que pode interferir na qualidade de vida das pessoas, ressaltando ainda que ao retirar a
cobertura vegetal para o crescimento das cidades, é necessário devolver a vegetação na forma
de paisagismo.
Londe e Mendes (2014) afirmam que áreas verdes urbanas, proporcionam diversos
benefícios, que garantem a qualidade ambiental das cidades, dentre eles o conforto térmico,
estabilização de superfície mediante a fixação do solo em razão das raízes dos vegetais, além
de atenuar a poluição, tanto do ar, como a sonora e visual, verificando-se assim que as áreas
verdes contribuem de forma direta para a qualidade de vida. De acordo com Silva et al. (2020)
podem ser considerados áreas verdes tanto espaços construídos como jardins, parques, praças,
cemitérios arborizados ou áreas como florestas urbanas e áreas protegidas para a conservação
da natureza e/ou da paisagem.
Desta forma considerando que as praças públicas são pontos de encontro, lazer,
entretenimento, relações políticas e descanso para a população, alguns requisitos são
necessários para atender as necessidades de conforto esperadas para tais fins, sendo que a
qualidade arbórea se torna um aspecto indispensável neste meio. Como citado por Souza
(2016) as arborizações nas localidades de uso público qualificam e definem muito sobre a
qualidade do meio, que por sua vez acaba por refletir sobre o uso do mesmo.
Assim, nos desperta a necessidade de um estudo que possa analisar a atual situação das
praças públicas da cidade Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, no que diz respeito aos índices
microclimáticos atribuídos, sobretudo, à estrutura da cobertura vegetal destas áreas, até como
forma de alerta as autoridades. Pensando assim no bem comum da população e na qualidade
ambiental da cidade, o presente trabalho busca realizar análises comparativas entre três praças
urbanas na cidade de Três Lagoas, buscando enfatizar a importância da cobertura vegetal
arbórea nos elementos públicos urbanos.
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Três Lagoas, assim como as demais cidades tendem a criar ilhas de calor, mediante a
sua alteração do espaço em comparação com as áreas vizinhas, tornando perceptíveis a
população local tal efeito mediante, aos percursos realizados nas distintas características de
uso e ocupação do espaço.
Ponso et al. (2012), por exemplo, constataram diferentes temperaturas mediante a
heterogeneidade da paisagem na superfície urbana, em que o uso e ocupação do solo, as
distintas concentrações arbóreas e a densidade de ocupação exerceram completa influência,
apresentando a área central como a mais aquecida. No entanto, Silva et al. (2020) acentuam
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que em sua pesquisa foi observada a influência dos diferentes tipos de cobertura vegetal e uso
da superfície urbana sobre as temperaturas noturnas do ar, na medida em que as zonas
próximas de fragmentos florestais existentes na cidade registraram temperaturas mais baixas
que a zona central, pobre em cobertura vegetal.
Contudo, fica clara a indicação de desconforto térmico, mediante as variações
climáticas sazonais em Três Lagoas (CERQUEIRA e SILVA, 2017), apresentando a importância
de áreas verdes na cidade, em busca de proporcionar temperaturas mais amenas,
possibilitando o conforto térmico e qualidade de vida aos moradores locais.
METODOLOGIA
Para alcance do objetivo proposto, foi necessário um planejamento metodológico, em
que se baseou na revisão bibliográfica, para maior aprofundamento do tema proposto bem
como adquirir experiências já vivenciadas por outros pesquisadores da área.
Como alvo de análise, três praças públicas urbanas na cidade de Três Lagoas, foram
selecionadas, levando em consideração sua infraestrutura, e tendo como critério as avaliações
estruturais das praças urbanas de Três Lagoas apresentadas nas análises de Eugênio (2017).
Para a escolha das praças também foi levado em consideração a localização, bem como
o fluxo e uso e ocupação do espaço em seu entorno, além de uma observação prévia de sua
composição vegetativa.
As praças selecionadas foram: a praça dos Ferroviários, a Senador Ramez Tebet e a
terceira praça foi a Nova Europa (Figura 02).
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Com base nos estudos de Eugênio (2017) a praça dos Ferroviários possui uma área de
aproximadamente 3.194 m², localizada no bairro Nossa Senhora Aparecida, com
predominância de residências ao seu redor, sendo classificada de acordo com sua pesquisa
como uma praça de caráter satisfatória quanto a sua organização infraestrutural e composição
vegetativa. Ainda pode se ressaltar que esta praça está em um dos bairros mais antigos da
cidade, sendo construída para atender os trabalhadores da linha férrea que residiam nesta
região.
Já a praça Senador Ramez Tebet, tem uma área de aproximadamente 11.690 m²,
situada no bairro Centro, com predominância de comércios ao seu redor também sendo
classificada como satisfatória pela autora em relação a sua composição infraestrutural para o
uso da população. Esta praça devido a sua localidade é uma das mais frequentadas pela
população, que diariamente é frequentada por um grande contingente de pessoas. Por sua vez,
a praça Nova Europa possui aproximadamente uma área total de 4.580 m², no bairro Alto da
Boa Vista com a predominância de residências em seu entorno, no entanto ainda é presente
espaços rurais em suas mediações. Sendo esta praça de acordo com as análises de Eugenio
(2017) como não satisfatória, tendo em vista a carência infraestrutural detectada pela autora.
Em cada alvo amostral (praça pública urbana pré-selecionada), primeiramente foi
realizado um levantamento e análise da cobertura vegetal quantificando cada indivíduo
arbóreo (Figura 03), bem como sua altura e D.A.P (diâmetro a altura do peito), seguindo as
recomendações para análise de vegetação, nas fichas de análise infra estrutural de áreas verdes
urbanas de Minaki (2007).
Fonte: Autores.
Os dados coletados foram inseridos e adaptados para uma planilha no software Excel e
em seguida, organizados em gráficos possibilitando uma melhor análise comparativa, da
distribuição vegetativa, bem como suas características individuais.
Os resultados sobre a cobertura vegetal de porte arbóreo, levaram em consideração o
D.A.P como critério para definir árvores jovens e árvores adultas, deste modo, baseando-se no
IBGE (2012) e nas observações de campo foi estipulada uma classificação, onde: Árvores com
DAP < 5,0 cm, foram consideradas indivíduos jovens, ou seja, em desenvolvimento, e portanto
com pouco potencial de sombreamento, por outro lado, ás Árvores com DAP => 5,0 foram
consideradas indivíduos adultos, já desenvolvidas, e portanto com alto potencial de
sombreamento.
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Com o uso de drone (Figura 03), o qual foi programado para sobrevoar a uma altitude
de 100m a partir da superfície de cada praça, alcançando uma resolução de 4,3 cm/Pixel, com
70% de sobreposição das fotos e uma velocidade de 13 m/s, realizou-se o registro superficial
por imagem das praças, alvo amostrais da pesquisa.
As imagens obtidas foram adaptadas para um modelo de mosaico, feito no software
Agisofty Metashap (Versão Trial For Windows). Em seguida cada mosaico foi transferido para
o software Qgis (Versão 2.18 Las Palmas – Gratuita) com a finalidade de, através de um
processo de vetorização, calcular a cobertura espacial das copas arbóreas, bem como vegetação
rasteira e perímetro total das áreas de estudo, convertidos em dados de porcentagem, para
análise comparativa.
As análises microclimáticas se apoiaram no estudo das condições termo-
higrométricas das respectivas praças públicas em conjunto com as características urbanas
de seu entorno. Para tal finalidade instalou-se um instrumento Datalogger fixo modelo
HobboOnset U23 Pro V2 (Figura 03), em dois pontos específicos de cada alvo amostral, a
saber: um dentro do perímetro da praça, sob influência de sombreamento provindo das
copas das árvores, e o segundo aparelho instalado a uma distância de aproximadamente
15m fora do perímetro da praça, exposto em área isenta de cobertura vegetal, com
exposição direta aos raios solares, com a finalidade de uma análise comparativa, de dois
ambientes próximos, porém com características distintas de cobertura vegetal de
superfície.
Foram coletados dados de temperatura e umidade em dois diferentes períodos do ano,
sendo um durante o inverno, no dia 30 de agosto de 2019 às 6h, sendo esse historicamente o
horário mais frio da referida estação e também o mês mais secos do ano de acordo com as
normais climatológicas para a área; e o segundo, durante primavera, no dia 17 de outubro de
2019 às 15h, uma vez que, de acordo com as Normais Climatológicas para a região, a primavera
no mês outubro historicamente é o período mais quente na cidade, e os trabalhos de Ponso
(2012) e Cerqueira e Silva (2017) apontaram o horário entre às 13:00 e às 15:00 como os mais
quentes na variação diária da temperatura.
Por fim, com o intuito de avaliar a correlação entre a vegetação das praças analisadas
e as condições microclimáticas, foi aplicado o Coeficiente de Correlação (R), com uso de
ferramenta específica do software Excel, sendo essa ferramenta aplicada entre as seguintes
variáveis Temperatura (T), Umidade Relativa (UR), ambos dados do ambiente interno, com
as variáveis Número de Indivíduos (NºI) e Percentual de Cobertura Vegetal (%CV) de cada
praça.
Para a interpretação da correlação entre as variáveis seguiu-se as recomendações de
Figueiredo Filho e Silva Junior (2009) que apontam uma classificação baseada no valor de “R”
(Quadro 1), que varia entre 0 a 1, onde quanto mais próximo a 1 maior é a relação entre as
variáveis, sendo que o gráfico demonstrará se a correlação é positiva, ou seja, quanto uma
variável aumenta a outra também segue essa dinâmica, ou correlação negativa, quando uma
das variáveis diminui em relação ao aumento da outra.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nova Europa
Sendo a Praça dos Ferroviários a mais densamente ocupada por vegetação arbórea,
seguida pela praça Senador Ramez Tebet, na área central, e por último, a praça Nova Europa
no bairro Alto da Boa Vista, mais recentemente construída, e portanto, com carência da
presença de vegetação arbórea adulta (Gráfico 01).
2
no caso da praça dos Ferroviários a vetorização por imagens de drone dificultou o mapeamento de áreas de
gramíneas, justamente pela configuração paisagística ser constituída predominantemente de vegetação
arbórea cujas copas dificultam a visualização da superfície em tomadas aéreas
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Fonte: Autores.
Com base nos dados coletados a partir da vetorização, evidenciou-se que a praça dos
Ferroviários se apresenta com a maior distribuição de área coberta por vegetação arbórea,
apresentando 48,98% da área constituída por árvores com copas evidentes, porém, mais da
metade da área, ou seja 51,02% fica exposta ao sol. Destaca-se ainda que mesmo não podendo
ser quantificado a cobertura por vegetação herbácea nesta praça estudada, afirma-se que, pelas
observações de campo é notada expressiva presença de área impermeável e de gramínea no
local, as quais apresentam inclusive, dificuldade de estruturação e crescimento devido o
potencial de sombreamento das espécies arbóreas em predomínio na área (Figura 05).
Podemos ainda ressaltar segundo Shinzato (2009) o importante desempenho positivo que
áreas permeáveis e vegetadas causam no controle de drenagem das águas das chuvas.
Fonte: Autores.
A praça Senador Ramez Tebet, por sua vez, se apresenta com uma diferença muito
expressiva quanto a essa distribuição, uma vez que a área coberta pelas copas das árvores é de
apenas 22% da área total, apresentando dessa forma 78% de área descoberta, e portanto,
exposta diretamente a incidência de raios solares. Contudo, essa localidade apresenta
quantidade significativa de vegetação ornamental, com intuito paisagístico, em sua maioria
composta por palmáceas (Figura 06) as quais são as maiores responsáveis pela deficiência no
sombreamento do local tendo em vista a estrutura pobre em folhagem que constitui as copas
deste tipo de vegetação. As folhagens segundo Paiva e Paulino (2014) são fatores que
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Fonte: Autores.
Referente aos dados do Nova Europa, a diferença é ainda mais expressiva com 92,67%
da área total sem proteção por dossel de espécies arbóreas, sendo está representada por apenas
7,33%. No entanto a praça Nova Europa, possui um espaço equivalente a 58% de gramínea,
sendo essas áreas vegetativas rasteiras de grande importância, mediante ao processo de
absorção e refletância da luz solar, contribuindo assim de forma direta na interferência das
temperaturas e umidades locais. Segundo Pillar (1995) a vegetação partilha no ciclo
hidrológico com seu processo de evapotranspiração, em que libera vapor d’agua contribuindo
com a umidade relativa do ar. Desta forma, embora esta praça apresente um número muito
pequeno de área coberta, a mesma se destaca apresentando um bom planejamento de
composição arbórea futura, uma vez que apresenta boa composição e espacialização de
indivíduos jovens (Figura 07).
Fonte: Autores.
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°C
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Fonte: Autores.
A praça dos Ferroviários apresentou em seu interior uma umidade de 28%, e no exterior
25%, sendo uma diferença de 3%. A Senador Ramez Tebet teve sua umidade registrada em 27%
em seu interior, e em sua área externa 24%, apresentando uma diferença significativa também
de 3%, na Nova Europa os dados registraram 27% no perímetro da praça e 25% no lado de fora,
com uma diferença de 2%, o que pode ser justificada pela região não apresentar uma multi
diversidade paisagística em que possibilite uma maior dinâmica do meio com a atmosfera,
sendo assim um espaço de caráter mais homogêneo seus resultados se mostraram menos
distintos.
Em uma análise comparativa, percebe-se que nos espaços arborizados, sendo este o
interior das praças, apresentou uma maior concentração de umidade, podendo assim associar
este fato com a cobertura vegetal, já que a mesma passa por processos de retenção de calor e
elimina vapor através de seu processo natural de evapotranspiração. Segundo Paiva e Paulino
(2014) além da interferência na temperatura a vegetação contribui com a umidade relativa do
ar, mediante o seu processo natural de evapotranspiração, já que a mesma libera água na forma
liquida ou em vapor.
A temperatura, por sua vez, se mostrou de igual forma mais elevada nas áreas fora do
perímetro das praças (Gráfico 6). A praça dos Ferroviários apresentou temperatura interna de
36,9°C sendo sua área externa de 40,1°C, apresentando 3,2°C de amplitude térmica. A Senador
Ramez Tebet registrou temperatura interna de 38,1°C e externa de 41,5°C, sendo este o ponto
de estudo com a maior amplitude térmica entre interno e externo, apresentando 3,4°C. Já a
Nova Europa registrou uma temperatura interna de 38,4°C e externa de 40,3°C, com uma
amplitude de 1,9°C.
Visto os resultados é possível realizar análises comparativas em demais trabalhos
realizados na região de Três Lagoas-MS, como o de Ponso e Sakamoto (2014) que concluem
que a cidade em questão mediante as características individuais do uso e ocupação do solo
apresentam diferentes comportamentos diários na temperatura. Almeida et. Al (2009) ainda
sobre a cidade diz, que a mesma possui uma arborização descontinua no espaço, sendo este
considerado pelo autor como um fator que provavelmente contribui com o comportamento
térmico.
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Por sua vez a umidade relativa, quanto correlacionada ao número de espécies arbóreas
quantificadas no interior de cada praça pública, apresentou correlação classificada como
“Muito Forte”, nos dois períodos analisados. Por outro lado, o coeficiente de Correlação entre
a Umidade Relativa do Ar do interior das praças e a superfície coberta pelas copas das árvores
revelou-se menos significativo, uma vez que foi classificada como “Forte” em 30 de agosto de
2019 e, “Moderada” em 17 de outubro de 2019. No entanto é evidenciado que existe uma
relação importante entre essas variáveis higrométricas e vegetacionais.
É importante ainda destacar que os índices para esse cenário correlacional foram
positivos, evidenciando que ao passo que se aumenta o número de árvores e a superfície
coberta por copas nas praças públicas, as consequências serão a preservação dos teores de água
na atmosfera próxima a superfície, acarretando na manutenção da umidade relativa do ar, em
detrimento dos locais circunvizinhos carentes de vegetação arbórea adulta e portanto sem
potencial de formação de copas e sombreamento da superfície. Mais uma vez os resultados
apontam para a importância da presença da vegetação arbórea e com potencial de formação
de copas, para as características microclimáticas locais.
CONCLUSÃO
Diante dos resultados, observa-se que a praça dos Ferroviários se apresentou como
sendo a de melhor composição arbórea em sua paisagem, levando em consideração sua
cobertura das copas que ocupam um maior espaço do perímetro da praça e por apresentar
indivíduos jovens que posteriormente estarão contribuindo para uma melhor cobertura. Na
primavera, no horário das 15hs, as temperaturas se demonstraram menores em comparação
as demais praças analisadas, sendo este um horário de alta incidência solar, evidenciando
inclusive umidade relativa do ar mais concentrada.
A praça Senador Ramez Tebet embora tenha composição arbórea quantitativamente
mais expressiva que as demais praças analisadas, estas apresentam má distribuição espacial
no perímetro da praça, além de priorizar a questão estética em vez da qualidade de vida, uma
vez que entre as espécies arbóreas que a compõem, apresentam significativo número de
espécies ornamentais, tais como palmeiras.
A praça Nova Europa, embora sendo hoje a com menor cobertura de copa, apresenta
uma vasta área de gramíneas e árvores jovens, o que já lhe garante futuramente resultados
melhores dos que apresentados, mostrando que a inclusão deste elemento urbano na cidade
de Três Lagoas levou em consideração um planejamento baseado na função principal da praça
ligada a qualidade de vida da população.
Conclui-se então a relação direta das árvores com a temperatura e umidade sobre o
microclima local, sendo que esta influência é mais pronunciada em períodos sazonais e
horários mais quentes, visto que as áreas de interior da praça onde se encontra cobertura
vegetal se apresentaram menos quentes e mais úmidas, quando comparadas com o espaço
externo, sendo este sem cobertura vegetal. Em um olhar mais voltado para a comparação entre
as praças, as que apresentaram com cobertura de copa mais expressiva demonstraram com
temperaturas menores e umidades mais altas.
Esta pesquisa experimental revela indicativos importantes quanto à relação entre a
vegetação e as variáveis climáticas em microescala na esfera do clima urbano e planejamento
das cidades, sendo necessário maiores aprofundamentos e coleta de dados mais detalhados de
modo a revelar a situação de todas as praças da cidade de Três Lagoas e com escala de maior
abrangência estacional e horária.
Contudo resta às autoridades, se disporem a proporcionar a populações condições mais
confortáveis para uma qualidade de vida, em que no planejamento tenha em vista o plantio de
árvores buscando estabelecer um equilíbrio microclimático em meio as cidades.
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AGRADECIMENTOS
A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e a FUNDECT, pela disponibilização de bolsa
estudantil, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e CAPES.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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