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RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo analisar a vulnerabilidade natural à perda de solo e o potencial social do município
de Barão de Cotegipe, RS, e integrá-los no mapa de zoneamento ecológico-econômico. Para tanto, criou-se um banco
de dados espaciais em um ambiente de Sistemas de Informações Geográficas com auxílio do software Spring versão
5.0.6. No mapa de vulnerabilidade natural à perda de solo utilizou-se como base as informações referentes à geomor-
fologia, geologia, solos, vegetação/uso e ocupação da terra, e o mapa de potencial social foi elaborado de acordo nos
potenciais natural, humano, produtivo e institucional, ambos por meio da álgebra de mapas. Como resultado destaca-se
o mapa de vulnerabilidade natural à perda do solo que representou unidades estáveis com predomínio dos processos
formadores do solo, e unidades moderadamente vulneráveis, prevalecendo os processos erosivos. O mapa de poten-
cial social apresentou um equilíbrio entre o dinamismo e a restrição, ou seja, não foram identificadas unidades com
potencial alto, nem baixo. No mapa de zoneamento ecológico-econômico prevaleceram às unidades produtivas de
expansão (59,08%), possibilitando o desenvolvimento do potencial produtivo de maneira sustentável e dinâmica, e as
unidades críticas de conservação (40,21%), caracterizadas pela elevada vulnerabilidade natural e baixa potencialidade.
Com relação às unidades produtivas de consolidação, consideradas ideais, estas representaram somente 0,05% da área
municipal, enquanto que as unidades críticas de recuperação representaram 0,66%, devido ao alto potencial social e a
elevada vulnerabilidade natural.
Palavras chave: Cartografia Ambiental, Cartografia Temática, Vulnerabilidade Natural, Potencialidade Social.
ABSTRACT
This study aimed to analyze the natural of vulnerability soil loss and the social potential of the city of Barão de Cote-
gipe, RS, and integrate them into the map of ecological-economical zoning. To this end, we created a spatial database
in an environment of Geographic Information Systems with the help of software Spring version 5.0.6. The map of
natural vulnerability soil loss used as base information concerning the geomorphology, geology, soils, vegetation/land
use and occupation, and the map of social potential was prepared according on potential natural, human, institutional
Rovani F. F. M. et al.
and productive, both through map algebra. As a result, there is a map of natural vulnerability to loss of soil, which
represented stable units with a predominance of soil forming processes, units and moderately vulnerable, prevailing
erosive processes. The map of social potential presented a balance between dynamism and constraint, ie, there were no
units with high potential, not down. On the map of ecological-economical zoning, synthesis of information, prevailed
productive of expansion units (59.08%), enabling the development of the productive potential of a sustainable, dynamic
and critical of conservation units (40.21%), characterized the high vulnerability and low natural potential. About the
productive of consolidation units, considered ideal, represented only 0.05% of the municipal area, while the critical of
recovery units represented 0.66%, due to the high potential and high social vulnerability natural.
Keywords: Environmental Cartography, Thematic Cartography, Natural Vulnerability, Social Potential.
Para tanto, a álgebra dos mapas foi pedogênese, e da potencialidade para estudos
executada através de programas de Linguagem integrados das imagens de satélite Landsat, visto
Espacial para Processamento Algébrico que permitem uma visão sinótica e holística da
(LEGAL) no SPRING. Dessa forma, cada paisagem (CREPANI et al., 1996).
tema foi analisado individualmente, de acordo De acordo com a metodologia,
com a relação morfogênese/pedogênese primeiramente se elabora um mapa de unidades
(temas físicos), e foi atribuído um grau de homogêneas de paisagem, obtido através
estabilidade/vulnerabilidade a eles, já, para os da análise, interpretação e classificação da
temas socioeconômicos, observou-se a relação imagem de satélite, denominado de Unidades
dinamismo/restrição e atribuiu-se um grau de Territoriais Básicas (UTBs). Em seguida,
baixo/alto potencial. são associadas às informações temáticas
Na álgebra de mapas, utilizaram-se preexistentes (geomorfologia, geologia,
operações pontuais e zonais. Primeiramente, solos, vegetação, clima) ao mapa de unidades
executou-se a operação pontual de ponderação territoriais, identificando e caracterizando as
para cada tema especificado, que transformou unidades ambientais ou de paisagens.
os geocampos temáticos (PI de entrada) em Nesta pesquisa, consideraram-se as
geocampos numéricos (PI de saída), por meio informações referentes à geomorfologia, à
do operador Pondere. geologia, aos solos e à vegetação, juntamente
Em seguida, executou-se a operação com o uso e ocupação da terra, pois foi possível
de média zonal, que consistiu na atualização analisar, além do grau de cobertura vegetal,
do cálculo do valor médio de estabilidade/ os diferentes usos da terra e as implicações no
vulnerabilidade ou baixa/alta potencialidade, meio. Devido à impossibilidade de obtenção
ponderado pela área da classe do tema dentro de dados climáticos do município, referentes
da UTB ou do setor censitário, isto é, classes à pluviosidade anual e à duração do período
com áreas maiores tiveram maior participação chuvoso, eles não foram considerados para a
no valor atribuído à unidade ou ao setor. análise.
A terceira operação realizada consistiu A metodologia ainda nos propõe uma
na operação de maioria zonal, que permitiu classificação do grau de estabilidade ou
distribuir, na tabela de geo-objetos, o nome da vulnerabilidade (resistência ao processo natural
classe que ocorreu em maior quantidade dentro à erosão) de cada unidade, segundo as relações
das UTBs e dos setores censitários. de morfogênese e pedogênese, a partir da análise
Outras operações foram executadas, entre integrada das rochas, do solo, do relevo e da
elas destacam-se: a operação de espacialização, vegetação. Desse modo, quando predomina a
por meio do operador Espacialize, para os morfogênese, prevalecem os processos erosivos
valores de estabilidade/vulnerabilidade e alta/ modificadores da forma do relevo, e, quando
baixa potencialidade nas UTBs, gerando um predomina a pedogênese, prevalecem os
novo geocampo numérico com um único processos formadores do solo. A vulnerabilidade
valor para as UTBs; e a operação pontual de foi expressa pela atribuição de valores de
fatiamento, operador Fatie, para a definição dos estabilidade em uma escala de 1 a 3 para cada
intervalos de classes dos mapas de potenciais e unidade de paisagem (Tabela 1).
de vulnerabilidade natural à perda de solo.
2.2.3 Avaliação da Vulnerabilidade Natural Tabela 1: Valores da estabilidade/Vulnerabilidade
à Perda de Solo das unidades de paisagem de acordo com a
relação pedogênese/morfogênese
A análise da vulnerabilidade natural à Relação
Unidade Valor
perda de solo, representada no mapa temático, pedogênese/morfogênese
foi elaborada com base na metodologia proposta Estável Prevalece a pedogênese 1,0
por Crepani et al. (1996), para subsidiar o ZEE
Equilíbrio entre a pedogênese
da Amazônia. Essa metodologia foi desenvolvida Intermediária 2,0
e a morfogênese
a partir do conceito de ecodinâmica de Tricart
(1977), baseado na relação morfogênese/ Instável Prevalece a morfogênese 3,0
Para a definição e atribuição dos valores componente principal das bandas 5 e 7. Esta
de vulnerabilidade/estabilidade de cada classe etapa constou de uma segmentação da imagem
temática, fez-se necessário seguir alguns critérios pelo modo regiões. Posteriormente, visando à
propostos por Crepani et al. (1996) e também melhor delimitação das UTBs, considerando
tomar como base o trabalho de campo realizado os elementos como textura, relevo, drenagem,
anteriormente a esta etapa: tonalidade de cinza e alterações, editou-se os
- Para a geomorfologia: formas do relevo e polígonos por meio da edição vetorial do SIG.
os índices morfométricos referentes à dissecação Esse tipo de mapa possibilitou identificar os
do relevo pela drenagem e amplitude altimétrica; polígonos (UTBs) como objetos geográficos e
- Para a geologia: história e evolução do atribuir a cada um diferentes atributos.
ambiente geológico (grau de coesão das rochas); Após as UTBs terem sido delimitadas na
- Para os solos: basicamente se considerou categoria Cadastral, criou-se uma categoria
o grau de desenvolvimento dos solos (processos Objeto responsável por agrupar os atributos
de formação de solos ou de relevo); referentes a elas. As unidades foram transformadas
- Para a vegetação/uso e ocupação da terra: em objetos com nome e rótulo, para posterior
a densidade de cobertura vegetal. identificação. Em seguida, elaborou-se uma
Deste modo, as classes de cada mapa tabela com os diferentes atributos definidos
temático foram substituídas pelos valores de para as UTBs, no qual foram incluídos também
vulnerabilidade preestabelecidos no SIG. Em os atributos que permitem complementar a
seguida, por meio de operações de álgebra de descrição das UTBs com as informações sociais
mapas utilizando a linguagem de programação e econômicas, e vice-versa
do software SPRING, os atributos de cada mapa Deste modo, poderão ser realizadas
foram integrados, apresentando como resultado análises e sínteses com base nos mapas obtidos
final um mapa síntese. sobre as UTBs ou sobre os setores censitários.
2.2.4 Unidades Territoriais Básicas Este modelo georrelacional permitiu realizar
consultas sobre cada uma das unidades (nome,
As Unidades Territoriais Básicas (UTBs), área, classes), enquanto a álgebra de mapas
segundo Becker e Egler (1996), são as células possibilitou relacionar os diferentes temas
elementares de informação e análise para um (solos, geologia, geomorfologia) a cada uma
ZEE. Uma célula é uma entidade geográfica das unidades, por meio dos atributos contidos
que contém atributos ambientais que permitem na tabela, atualizando-os sempre que necessário.
diferenciá-la das demais e, além disso, possui
vínculos dinâmicos que a articulam a uma 2.2.5 Mapa de Vulnerabilidade Natural à
complexa rede integrada por outras unidades Perda de Solo
territoriais (CREPANI et al., 1996). O mapa de vulnerabilidade natural à
As UTBs podem ser divididas em perda de solo, como a metodologia propõe, foi
duas categorias: as unidades de paisagem elaborado a partir da integração dos quatro temas
natural e os polígonos de ação antrópica. As trabalhados: solos, geomorfologia, geologia
unidades de paisagem natural são definidas, nas e vegetação/uso e ocupação da terra. Para a
imagens, pela interpretação de seus elementos, definição do grau de estabilidade/vulnerabilidade
tais como a textura, o relevo, a drenagem e final, executou-se uma operação pontual de
tonalidades de cinza. Os polígonos de ação média aritmética dos quatro temas trabalhados.
antrópica correspondem às feições decorrentes O resultado desta operação foi uma nova grade
da intervenção humana na paisagem e são de valores de vulnerabilidade.
identificados pelas alterações na tonalidade de A partir desta nova grade de valores,
cinza dentro de padrões característicos. executaram-se as operações zonais. A operação
Para a elaboração do mapa cadastral das seguinte constou da operação média zonal
UTBs, realizou-se primeiramente a interpretação (MedZ), para que cada UTB recebesse o valor
da imagem Landsat, na composição RGB, com médio da estabilidade/vulnerabilidade na
a banda 4 e as primeiras componentes principais tabela de atributos. Posteriormente, utilizou-
da combinação das bandas 1, 2 e 3 e a primeira se o operador Espacialize, para a operação de
espacialização dos valores dentro de cada UTB. Tabela 2: Valores do potencial social de
Por último, executou-se o operador Fatie, para o acordo com o dinamismo/restrição dos setores
fatiamento dos valores da escala de ponderação censitários
de 1,0 a 3,0 em 21 classes de estabilidade/ Condições para o
Potencial Valor
vulnerabilidade. desenvolvimento humano
Deste modo, a representação final do mapa Alto Prevalecem os fatores dinâmicos 3,0
de vulnerabilidade natural à perda do solo deu-se
Equivalência entre os valores
em uma escala de estabilidade/vulnerabilidade Médio
dinâmicos e restritivos
2,0
com 21 classes, que posteriormente foram
Baixo Prevalecem os fatores restritivos 1,0
associadas a cinco grandes classes (Estável,
Moderadamente Estável, Medianamente
Estável/Vulnerável, Moderadamente Vulnerável abastecimento de água, saneamento domiciliar,
e Vulnerável). As unidades mais estáveis coleta de lixo e número de alfabetizados;
apresentaram valores próximos a 1,0, as - Potencial Produtivo: Densidade
intermediárias, próximos a 2,0 e as unidades rodoviária, rentabilidade do chefe da família e
mais vulneráveis, próximos a 3,0 (CREPANI et rentabilidade agropecuária;
al., 1996). - Potencial Institucional: Autonomia
político-administrativa e participação político
2.2.6 Avaliação do Potencial Social
eleitoral.
A análise do potencial social e sua Após a coleta dos dados necessários
representação cartográfica tiveram como base para cada um dos indicadores, observou-se o
a metodologia indicada por Becker e Egler dinamismo/restrição, e atribuíram-se os valores
(1996) e buscaram representar o dinamismo de alto/baixo potencial, por meio da álgebra de
ecológico-econômico. A potencialidade social mapas integrada à base dos setores censitários.
foi avaliada de acordo com os dados dos setores
2.2.7 Mapa de Potencial Social
censitários do município, obtidos a partir do
censo demográfico do IBGE para o ano de 2010 Para o mapa de potencial social, utilizou-
(IBGE, 2011b) e do censo agropecuário de 2006 se a base dos setores censitários fornecida
(IBGE, 2011a). pelo IBGE no formato shapefile, totalizando
Seguindo a proposta de Becker e Egler 22 setores. No SIG, criou-se uma categoria
(1996), a potencialidade de cada unidade Cadastral e uma categoria Objeto responsáveis
territorial foi estabelecida de acordo com a por agrupar os atributos referentes a eles. Os
relação entre os fatores dinâmicos e os fatores setores foram transformados em objetos, com
restritivos, em termos econômicos, sociais e nome e rótulos. Elaborou-se também uma tabela
políticos, a partir de quatro grupos de parâmetros com os diferentes atributos definidos para os
considerados como componentes básicos para o setores.
desenvolvimento sustentável: potencial natural, As informações que foram adicionadas
humano, produtivo e institucional. De acordo à tabela de atributos dos setores censitários,
com a análise integrada destes quatro grupos, o na análise do potencial social, são passíveis de
potencial social de cada setor foi expresso em serem consultadas no banco de dados. A álgebra
valores de potencial (alto, médio e baixo). A de mapas possibilitou relacionar os quatro
Tabela 2 apresenta os valores de potencialidade potenciais a cada um dos setores censitários, por
atribuídos a cada um dos potenciais, de acordo meio dos atributos contidos na tabela.
com os critérios de dinamismo ou restrição. De acordo com a metodologia proposta por
Para expressar o dinamismo/restrição Becker e Egler (1996), este mapa foi elaborado
foram coletados dados referentes à indicadores de acordo com uma média ponderada dos
para cada potencial: quatro potenciais: natural, humano, produtivo e
- Potencial Natural: Cobertura florestal e institucional. Para esta operação, considerou-se
aptidão agrícola dos solos; basicamente o número de indicadores analisados,
- Potencial Humano: Serviços de saúde, com peso 1,0 em cada um dos potenciais.
Desta maneira, tem-se que o potencial social das informações poderá apresentar unidades
(PotSocial) é resultado da operação 1: produtivas de expansão ou consolidação e
unidades críticas de recuperação ou conservação,
PotSocial = (PotNatural*2,0+ PotHumano*5,0+ de acordo com os valores de vulnerabilidade ou
PotProdutivo*3,0+ PotInstitucional*2,0)/12 potencialidade da unidade (Figura 2).
(1)
Em que:
PotNatural: potencial natural multiplicado pelo
peso 2,0
PotHumano: potencial humano multiplicado
pelo peso 5,0
PotProdutivo: potencial produtivo multiplicado
pelo peso 3,0
PotInstitucional: potencial institucional
multiplicado pelo peso 2,0 Fig. 2 - Classificação das unidades de paisagem
de consolidação, expansão, recuperação e de
Para esta operação, criou-se uma categoria conservação.
Temática e um PI no banco de dados do SIG.
A operação pontual de média ponderada do Assim, de acordo com a figura 2, foram
potencial social foi executada por meio da consideradas unidades produtivas de consolidação
integração das grades dos potenciais, de acordo ou de fortalecimento do desenvolvimento
com os pesos considerados para cada um dos humano aquelas que apresentaram baixa
potenciais. Em seguida, executou-se o operador vulnerabilidade e alta potencialidade. As
algébrico Fatie, para o agrupamento dos dados unidades que apresentaram baixa potencialidade
em classes temáticas do potencial social, de e baixa vulnerabilidade foram definidas como
acordo com os valores da grade, na escala unidades de expansão do potencial produtivo,
de 21 classes e posteriormente, realizou-se o pois seus fatores determinantes, físicos e sociais,
fatiamento em cinco classes temáticas. Por fim, permitem o desenvolvimento desta unidade.
efetuou-se a operação média zonal (MedZ), para Com relação às unidades críticas, foram
que cada setor censitário recebesse o valor médio consideradas unidades de recuperação aquelas
do grau de potencial na tabela de atributos. que apresentaram alta potencialidade e alta
Assim, a representação final do mapa vulnerabilidade, devido ao alto potencial de
de potencial social deu-se em uma escala desenvolvimento (fatores sociais) e à elevada
de potencial alto/baixo com 21 classes que vulnerabilidade natural. Já as unidades que
posteriormente foram associadas as cinco apresentaram alta vulnerabilidade e baixa
grandes classes (Baixo, Moderadamente Baixo, potencialidade foram consideradas de
Medianamente Baixo/Alto, Moderadamente conservação, devido, sobretudo, ao elevado
Alto e Alto). Os setores com potencial baixo grau de vulnerabilidade natural.
apresentaram valores próximos a 1,0, os No banco de dados do SIG, criou-se
intermediários, próximos a 2,0, e os setores com uma categoria Temática e um PI para que
potencial alto, próximos a 3,0. as informações relativas à vulnerabilidade
e à potencialidade fossem integradas. Além
2.2.8 Mapa do Zoneamento Ecológico-
disso, executou-se uma operação Booleana
Econômico
para que fossem criadas as classes temáticas
O mapa do Zoneamento Ecológico- de recuperação, expansão, consolidação e
Econômico consistiu na integração do mapa de conservação, de acordo com os valores de
vulnerabilidade natural à perda do solo com o vulnerabilidade e potencialidade presentes nas
mapa de potencial social, por meio da álgebra grades numéricas. Nesse sentido, considerou-
de mapas. De acordo com a metodologia se alta potencialidade valores acima de 2,0 e
descrita por Becker e Egler (1996), a síntese baixa, valores abaixo de 2,0, bem como para a
vulnerabilidade (alta, valores maiores que 2,0, de cobertura vegetal, especialmente das florestas
e baixa, menores que 2,0). nativas, em encostas e topos de morros convexos
A síntese desta integração resultou em e tabulares. Além disso, caracterizam as unidades
unidades relativamente homogêneas, mas não que apresentam maior estabilidade à perda do
estáticas, isto é, em unidades que poderão solo, em relação às demais, e desta forma devem
expandir ou não sua área, de acordo com as ser preservadas.
iniciativas de implementação e ações ambientais. As UTBs identificadas como mediamente
Desse modo, este instrumento servirá como estável/vulnerável, em maior proporção
subsídio para gestão territorial no município, (72,53%), estão na transição entre as unidades
pois integrou os aspectos naturais e humanos mais estáveis e as mais vulneráveis, sendo
presentes na paisagem. encontradas na maior parte territorial. Na
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES porção norte do município, prevaleceu a classe
mediamente estável por compreender unidades
3.1 Mapa de Vulnerabilidade Natural à Per- com solos do tipo cambissolo háplicos, topos
da de Solo de morros aguçados, convexos e presença
da floresta nativa e culturas. As unidades
O mapa de vulnerabilidade natural à perda classificadas como medianamente vulneráveis
do solo, resultante da integração das informações predominaram na porção leste, oeste e sul, com
referentes aos valores de estabilidade/ características muito próximas às anteriores,
vulnerabilidade dos solos, da geomorfologia, porém se diferenciando com os solos do tipo
da geologia e da vegetação e uso da terra com latossolo bruno, topos de morros tabulares e
base nas UTBs, pode ser observado na figura 3. convexos e menor ocorrência de vegetação. Estas
As classes de estabilidade e vulnerabilidade são unidades que representam um equilíbrio
foram definidas de acordo com a metodologia. entre a pedogênese e morfogênese.
As unidades que apresentaram valores entre Por seguinte, apresentam-se as unidades
1,0 a 1,3 foram definidas como estáveis, as classificadas como moderadamente vulneráveis
que apresentaram valores de 1,4 a 1,7 foram (0,71%) e que requerem maiores cuidados, pois
classificadas de moderadamente estável. Os nelas predominam os processos de morfogênese,
valores no intervalo de 1,8 a 2,2 definiram a modificadores do relevo. Em especial,
classe de medianamente estável/vulnerável, os identificaram-se unidades na parte noroeste
valores entre 2,3 a 2,6 determinaram a classe do município, com a presença de solos do tipo
de moderadamente vulnerável e, por fim, as neossolo litólico, topos de morros aguçados e
unidades com valores entre 2,7 a 3,0 foram com a presença de vegetação e culturas.
classificadas de vulneráveis.
Ao observar a figura 3, pode-se verificar 3.2 Mapa de Potencial Social
a presença de 4 classes de estabilidade/ O potencial social, síntese dos potenciais
vulnerabilidade, variando desde a classe estável natural, humano, produtivo e institucional, pode
até a classe moderadamente vulnerável, com ser visualizado na figura 4. Esta representação do
predomínio da classe medianamente estável/ potencial social visa principalmente identificar
vulnerável. Em trabalhos similares, Gomes os fatores impulsionadores do desenvolvimento
(2005) e Valles (2008) identificaram classes endógeno do município, bem como aqueles que
de vulnerabilidade à perda de solo variando de apresentam restrições e merecem ser destacados,
estável até vulnerável, considerando as diferentes pois possivelmente apresentarão novos cenários,
características das áreas em estudo. se decisões concretas forem tomadas.
As UTBs mais estáveis (classe estável Ao observar a figura 4, o mapa do potencial
e moderadamente estável) à perda de solo social, percebe-se que no município, em síntese,
representam as áreas relativamente homogêneas há certa homogeneidade da potencialidade,
com relação às características de solo, geologia, demonstrando um equilíbrio entre o dinamismo
geomorfologia, vegetação e uso da terra, e a restrição. Colaborando com esta proposta,
totalizando 26,82% da área municipal. Estão o trabalho desenvolvido por Campagnani e
situadas principalmente nas áreas com a presença Santos (1998) para o Médio Vale do Paraiba,
no estado do Rio de Janeiro, aponta grande florestal e boa aptidão agrícola dos solos. Os
variação do potencial social, sobretudo devido potenciais produtivo, institucional e humano não
a sua diversidade natural e social. apresentaram significativos contrastes.
Os setores que apresentaram potencial Os setores localizados ao norte do município,
social moderadamente alto, valores entre 2,3 a 16 a 20, foram classificados com potencial social
2,6, estão situados na área urbana (01, 02, 04, moderadamente baixo, com valores entre 1,4 e
21 e 22), representando 0,93% da área total, 1,7, representando 42,64% da área municipal.
mas concentram a maior parte da população Destacaram-se mais com relação ao potencial
quando comparados com os setores do meio natural, pela presença das florestas nativas, e
rural. Destacam-se com o potencial humano e ao potencial institucional, porém o potencial
institucional principalmente por terem melhor humano mostrou-se moderadamente baixo, o
acesso ao saneamento básico, à educação e à que aponta uma deficiência, principalmente com
participação da população no meio institucional. o saneamento domiciliar, acesso a água potável
Porém, o baixo potencial natural, basicamente e coleta do lixo. O potencial produtivo também
relacionado à cobertura florestal, e o médio se apresentou baixo em relação aos demais
potencial produtivo foram fundamentais para setores, o que indica que fatores naturais, tais
este cenário. como relevo acidentado, também influenciam na
Os demais setores urbanos 06 a 10 e os rentabilidade agropecuária e nas vias de acesso.
setores rurais 11 a 15, localizados na metade Esta representação mostra que o município
sul do município, apresentaram potencial social necessita dar maior ênfase às necessidades
médio, isto é, valores entre 1,8 a 2,2. Esta apresentadas, especialmente no potencial
classe foi majoritária, representando 56,43% produtivo e no potencial humano. Com relação
da área municipal, o que pode ser considerado ao primeiro, porque representa a base econômica
um aspecto positivo, mas que possivelmente é municipal, constituída basicamente pela
capaz de avançar com estímulos municipais, agropecuária, podendo, assim, dinamizar os
diante das representações e constatações. O modos de produção e investir mais e melhor na
potencial que apresentou maior destaque foi o agricultura familiar e na diversidade de produtos
natural, sobretudo pela presença da cobertura agrícolas. Já, no que diz respeito ao potencial
humano, a prioridade se justifica devido ao fato vididas em: unidades críticas de recuperação, por
dele estar estritamente relacionado à qualidade apresentarem alto potencial de desenvolvimento
de vida da população, onde se inclui o acesso à (fatores sociais) e elevada vulnerabilidade natu-
educação, o atendimento à saúde e o saneamento ral (alta potencialidade e alta vulnerabilidade), e
básico. unidades críticas de conservação, sobretudo pelo
3.3 Mapa do Zoneamento Ecológico- elevado grau de vulnerabilidade natural (alta
Econômico vulnerabilidade e baixa potencialidade).
A integração das informações, no banco
O resultado da integração das informações de dados do SIG, foi possível por meio da
ambientais e sociais, ou seja, do mapa de programação em LEGAL, demonstrando a
vulnerabilidade natural à perda de solo e do importância do uso de geotecnologias para o
mapa de potencial social, visou apresentar o tratamento e análise dos dados geográficos
mapa de zoneamento ecológico-econômico de no SIG. Devido à representação espacial dos
acordo com a figura 5. Estes mapas apresentam dados de vulnerabilidade natural ter como base
cenários que possibilitam a sensibilização aos as UTBs, e os dados do potencial social ter
problemas ambientais e sociais, destinados não como base os setores censitários, optou-se por
somente à conscientização do estado da dinâmica representar as unidades de paisagem com base
ambiental, mas também para subsidiar as ações nas UTBs, pois favorecem melhor a ideia de
e decisões no planejamento territorial. continuidade e dinâmica espacial.
Esta representação possibilitou definir as Com base na figura 5, pode-se observar
unidades em duas grandes classes: produtivas que, no município de Barão de Cotegipe-RS,
ou críticas. As unidades produtivas foram di- praticamente predominaram duas classes
vididas em: produtivas de consolidação ou de de unidades, as críticas de conservação e as
fortalecimento do desenvolvimento humano unidades produtivas de expansão. Já as classes
(baixa vulnerabilidade e alta potencialidade) e de unidades críticas de recuperação e produtivas
produtivas de expansão do potencial produtivo de consolidação se restringiram a unidades
(baixa potencialidade e baixa vulnerabilidade). específicas.
Com relação às unidades críticas estas foram di- As unidades críticas de conservação