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Aos meus filhos André e Daniel

Taxonomia para não taxonomistas

Não há quem não conheça pelo menos algumas plantas. Elas


fazem parte das nossas vidas, estão na nossa alimentação, no nosso
lazer, nas nossas casas, nas ruas e praças, em todo lugar. Por isso,
sabemos o nome de muitas delas, que aprendemos, na maioria das
vezes, porque as pessoas ao nosso redor nos ensinaram. Essa
aprendizagem vai se construindo aos poucos e planta por planta.
Quando pequenos aprendemos a reconhecer boa parte dos vegetais
do dia a dia. Uma criança é capaz de diferenciar uma alface de uma
couve-flor, ou reconhecer boa parte das frutas que consome.
Conforme crescemos, dependendo dos nossos interesses,
passamos a incorporar o nome de mais plantas no nosso
vocabulário: orquídeas, rosas, bromélias, palmeiras, margaridas. Se
costumamos ir à praia, logo podemos passar a reconhecer um
chapéu-de-sol ou um coqueiro, se visitamos regularmente uma
chácara ou fazenda, com um pomar ou uma horta, vamos logo nos
acostumando a achar normal reconhecer uma mangueira, um
abacateiro, um eucalipto ou uma paineira.
Para a maioria das pessoas, esse conhecimento é o suficiente
para que sigam suas vidas. Mas há pessoas que trabalham mais
diretamente com as plantas ou as tem como hobbie. Pode ser um
paisagista, um biólogo, um agrônomo ou pessoas para as quais o
conhecimento sobre as plantas, suas características e seus nomes
têm que ir um pouco além. Exatamente é para essas pessoas que
esse livro foi feito. Para trazer as primeiras noções sobre as partes
de uma planta e os termos utilizados para cada uma delas e suas
variações e, assim, permitir um acesso mais fácil às ferramentas que
nos auxiliam na identificação das espécies vegetais.
O profissional que trabalha especificamente com a identificação
das plantas e sua classificação é chamado de Taxonomista e a sua
ciência de Taxonomia. Esse livro não tem sozinho a pretensão de
formar um desses profissionais, pois há muito mais além daquilo que
está aqui. Mas ele pode ser utilizado sim como um primeiro passo.
Por isso o título desse capítulo.
A Taxonomia é hierárquica

Como seres humanos, precisamos organizar as coisas para nos


sentirmos confortáveis e conseguirmos mais adequadamente viver
neste mundo. Querendo ou não, o tempo todo estamos organizando
nossos pensamentos e classificando as coisas em categorias
hierárquicas. Se vamos ao supermercado, encontraremos uma
organização deste tipo. Laticínios estão todos juntos e, neste setor,
as diferentes marcas e tipos de molhos de tomate ficarão próximos
uns dos outros, assim como as latas de milho ou de ervilha. Isso
facilita a nossa vida. Se refletirmos bem, notaremos que na simples
tarefa de ir ao supermercado também organizamos em nossa mente
como esta tarefa será executada, por exemplo, definindo
antecipadamente o que é prioritário de ser comprado e o que não é.
O que pode ser estocado e o que não pode. Organizamos e
classificamos o tempo todo nosso pensamento e nossas ações. Nas
Ciências não é diferente.
Na Taxonomia as plantas estão organizadas de uma maneira
lógica que pode ser compreendida com alguma facilidade. Não
precisamos saber cada detalhe do sistema de classificação das
plantas para podermos usufruir dele, da mesma forma que não
preciso saber cada detalhe de como são organizados os setores do
supermercado para poder fazer compras.
Desde o início da civilização, o Homem se preocupou em
organizar as plantas em categorias e subcategorias. O que pode ou
não comer e, entre essas últimas, quais são mais saborosas ou
menos, quais podem ser guardadas e quais precisam ser
consumidas no mesmo dia. Com o desenvolvimento da Ciência,
houve uma sistematização deste conhecimento, de forma que
pudesse ser transmitido através dos livros e passado mais
eficientemente de geração em geração. Uma figura histórica nesse
processo de catalogação das plantas foi Carolus Linnaeus, que em
1753 publicou um livro chamado “Species Plantarum” ou “Espécies
de Plantas”, com a intenção de apresentar todas as espécies
vegetais conhecidas naquela época em um sistema de classificação
baseado principalmente no número de estames da flor. Plantas como
as orquídeas já se agrupavam neste sistema, assim como plantas
obviamente muito semelhantes como o feijão, a ervilha e a soja.
Com o passar do tempo, esse sistema de classificação foi se
aperfeiçoando, com a utilização de mais características e
começaram a ser criadas diferentes categorias hierárquicas, como
famílias e ordens de plantas. Mais recentemente, os sistemas de
classificação passaram a refletir não só a semelhança entre as
plantas, mas também o seu parentesco. Mas essa já é outra
história...
A unidade principal que buscamos na identificação de uma planta
é o nível de espécie. Geralmente é isso que esperamos quando
pretendemos ter uma planta identificada. As espécies são agrupadas
em gêneros, os gêneros em famílias, as famílias em ordens e assim
por diante. Também há categorias que subdividem as espécies,
como as variedades, subespécies, formas, etc. Aqui vamos tratar
principalmente de três categorias taxonômicas: as espécies, os
gêneros e as famílias.
Para exemplificar, utilizaremos uma família que inclui plantas
muito utilizadas por nós na alimentação: as Cucurbitaceae.
Pertencem a essa família plantas como o chuchu, a melancia, o
melão, o pepino, a moranga e a abóbora, apenas para citar alguns
exemplos. Na atual classificação destas plantas, todas elas
pertencem à mesma família, mas duas delas pertencem também ao
mesmo gênero. Veja o esquema abaixo:
Família: Cucurbitaceae
Gênero: Citrullus
Espécie: Citrullus lanatus (melancia)
Gênero: Cucumis
Espécie: Cucumis melo (melão)
Espécie: Cucumis sativus (pepino)
Gênero: Cucurbita
Espécie: Cucurbita pepo (abóbora)
Espécie: Cucurbita maxima (moranga)
Gênero: Sechium
Espécie: Sechium edule (chuchu)

Algumas observações:
- Nomes de gêneros e espécies são sempre destacados do texto,
em itálico ou sublinhado.
- Nomes de espécies são compostos de duas partes: o nome do
gênero e um epíteto específico (a segunda palavra no nome da
espécie, como “lanatus”, por exemplo).
- Os nomes de famílias, gêneros e espécies são palavras em
latim e devem ser pronunciadas da melhor forma possível.
Felizmente para nós brasileiros o português tem uma pronúncia
muito parecida com o latim. Uma das poucas exceções é o “ae”, que
deve ser lido com som de “e”. Assim, devemos pronunciar
“Cucurbitacee”, como se o “a” não existisse.
- Para que não restem dúvidas sobre a identidade de um nome
científico, o nome do autor que primeiramente o publicou deve ser
referido logo a seguir. Alguns são bastante extensos e, para facilitar
a leitura do texto, todos eles foram omitidos.
Nomes científicos e nomes
populares

Quando nos comunicamos no nosso dia a dia, entre nossos amigos


e familiares, ou na feira ou supermercado, utilizamos os nomes
populares das plantas, afinal é assim que as plantas são conhecidas
pelas pessoas. Mas, no meio científico, em que a precisão é uma
exigência, os nomes científicos são mais adequados, em primeiro
lugar porque espera-se que para cada espécie exista apenas um
nome válido. Em segundo lugar porque os nomes científicos são
universais, ou seja, não mudam de país para país ou de uma língua
para outra. O arroz chama-se Oryza sativa em qualquer lugar do
mundo, mas não é chamado de "arroz" no mundo todo. Em países
de língua inglesa, por exemplo, é "rice". Mas podemos ir um pouco
além.
Mesmo em um determinado país, uma espécie pode ter
diferentes nomes populares. Veja o caso da mandioca, nome como é
conhecida a espécie Manihot esculenta no Sudeste do Brasil. No
Norte e no Nordeste, as pessoas a chamam mais comumente de
macaxeira ou aipim, mas é a mesma espécie. Por outro lado, há
nomes populares que se aplicam a muitas espécies. Jurubeba, por
exemplo, é um nome que se aplica a diferentes espécies do gênero
Solanum e caraguatá é um nome aplicado a diversas espécies e
gêneros da família Bromeliaceae.
Se nomes populares são mais conhecidos pela população em
geral, mas não são tão precisos quanto os nomes científicos, qual
dos dois é mais importante aprender? Depende dos seus objetivos,
porém na maioria dos casos o ideal é que você conheça os dois.
Mas, cuidado, você pode saber o nome popular de uma planta com
base no seu nome científico, mas o risco de erro é imenso se você
tentar descobrir o nome científico de uma planta a partir de seu nome
popular.
Por onde começar?
Pela Morfologia

Aprendemos a reconhecer muitas plantas pela simples convivência


com outras pessoas que as conhecem bem. Isso acontece conosco
em nossa família, desde os primeiros anos de vida e, como
profissionais, podemos sempre aprender com os colegas. Mas, se o
objetivo é ter uma certa autonomia e ser capaz de extrair ao máximo
as informações que estão ao nosso alcance, seja em livros ou em
sites na rede mundial de computadores, é fundamental aprender a
“língua” da Botânica, que é a Morfologia Vegetal. Saber o nome das
partes das plantas é importante para entender o que está escrito nos
diversos textos e também para conseguirmos nos comunicar. Há
verdadeiros tratados sobre os termos morfológicos e provavelmente
nenhum botânico, por mais experiente que seja, conhece cada um
dos milhares de termos e suas variações. Mas há aqueles básicos,
simples de aprender e com os quais precisamos estar familiarizados.
Este livro trará apenas os primeiros passos, procure se dispor a
aprender ainda mais ou a consultar glossários de botânica toda vez
que tiver dúvidas ou se deparar com um novo termo.
Características Vegetativas e Reprodutivas
Vamos pensar em uma árvore. Há partes dela que estão
presentes ao longo de toda a sua vida e outras que surgem apenas
quando é hora de se reproduzir. Caules, folhas e raízes se encaixam
na primeira categoria. A função dessas partes é garantir a
sobrevivência da planta: as raízes obtendo água e nutrientes, as
folhas produzindo compostos orgânicos através da fotossíntese e o
caule sustentando a planta e conduzindo água, nutrientes ou
substâncias diversas pela planta. Assim, características das raízes,
caules e folhas são chamadas de vegetativas, as quais por estarem
mais sujeitas à ação ambiental (frio, sombra, predadores, etc.)
tendem a ser mais plásticas. É comum, por exemplo, verificar uma
grande variação no formato, coloração e tamanho de uma folha em
uma mesma planta, principalmente se há partes mais expostas à luz
e outras menos.
Já as características reprodutivas são aquelas relacionadas à
reprodução da planta, ou seja, às suas flores e frutos. Por não serem
fundamentais para a sobrevivência do indivíduo (mas sim da
espécie), de uma forma geral, flores e frutos são menos plásticos, ou
seja, mais estáveis, em relação às diferenças ambientais.
Exatamente por variarem menos, as características reprodutivas
foram tradicionalmente muito mais utilizadas do que vegetativas em
Taxonomia e assim foi ao longo de toda a história dessa Ciência.
Mas, se a classificação das plantas se baseia principalmente nas
características reprodutivas, como fazer para identificar as plantas
nos períodos em que ela não possui flores e frutos? Muitos
taxonomistas dizem que não é possível identificar plantas sem
observar suas flores ou frutos. Mas como fazer, se não há tempo
para esperar a floração de todas as espécies de uma floresta, por
exemplo? Este é o grande desafio que este livro se dispôs:
apresentar ferramentas para avançar na identificação das plantas,
mesmo sem dispor de todas as suas partes, mesmo que isso
carregue uma certa margem de erro. Embora o ideal sempre seja
dispor de uma planta completa para identificá-la, com suas
características vegetativas e reprodutivas presentes, é possível uma
aproximação bastante satisfatória, inclusive no que se refere ao
reconhecimento das principais famílias. Mas este será o assunto de
capítulos mais à frente.
Quase não usamos características das raízes para a identificação
das plantas. Por isso, vamos deixar o seu detalhamento para os
livros específicos de Morfologia. Em relação ao caule, vamos nos
concentrar em questões ligadas ao porte da planta, afinal é esta
parte da planta que define isso. Já em relação às folhas, o
detalhamento será maior e sobre as flores vamos tratar apenas dos
conceitos básicos.
O Porte das Plantas

De uma maneira geral, as plantas podem ser divididas em quatro


tipos principais de porte: as ervas, os arbustos, as árvores e as
trepadeiras. Há outros tipos, que não se encaixam bem em nenhuma
dessas categorias, como os bambus e as palmeiras, mas vamos nos
concentrar nesses tipos principais.
A parte lenhosa de uma planta surge como consequência do
chamado crescimento secundário, que promove o aumento em
espessura de uma planta. Pensando novamente em uma árvore,
lembre-se de que ela cresce não só em altura, mas também seu
caule vai ficando cada vez mais grosso e com a deposição de
lignina, uma substância que dá a consistência dura à madeira.
Algumas plantas crescem em espessura e ficam lenhosas e outras
crescem apenas em comprimento.
Plantas que não crescem em espessura e, assim, não se tornam
lenhosas, são o que chamamos tecnicamente de ervas. Esse é o
caso do feijão, das orquídeas, dos capins, ou seja, são plantas
herbáceas.
As plantas lenhosas podem apresentar uma diferenciação entre o
tronco principal e a copa, onde fica a folhagem ou os troncos podem
se ramificar muito e a folhagem ocupar a planta toda, desde próximo
ao solo. No primeiro caso temos as árvores e, no segundo caso, os
arbustos.
Plantas que dependem de um apoio para se desenvolver são
chamadas de trepadeiras, as quais podem ser herbáceas
(chamadas às vezes de vinhas) ou lenhosas (chamadas às vezes de
lianas). Alguns preferem denominar trepadeiras apenas plantas que
possuem órgãos especiais para sua sustentação, como gavinhas ou
discos adesivos, utilizando o termo plantas volúveis para aquelas
que apenas se enroscam no substrato, sem estruturas especiais.
Há ainda situações intermediárias (como tudo em Ciência). E
termos como subarbustos são utilizados para plantas sublenhosas,
que seriam intermediárias entre ervas e arbustos ou arvoretas, para
as situações intermediárias entre arbustos e árvores.
Embora geralmente ervas sejam plantas pequenas e árvores
sejam plantas grandes, note que em nenhuma dessas definições o
tamanho da planta foi levado em consideração. Existem ervas que
podem atingir mais de três metros de altura, como a cana-de-açúcar
ou o milho e árvores e arbustos com altura inferior a esta.
A morfologia do caule
A morfologia externa do caule é relativamente simples, mas
importante de ser entendida para que os conceitos ligados às folhas
sejam perfeitamente compreendidos. Nos caules se desenvolvem as
gemas, terminais, que vão promover o crescimento da planta em
comprimento e as laterais, que ficam na axila das folhas e que
formarão as ramificações. Apenas muito raramente folhas ou raízes
produzem gemas ou estas se desenvolvem em outros locais do
caule.
O caule é dividido em duas partes, os nós - onde ficam as gemas
laterais e onde se desenvolvem as folhas - e os internós, os espaços
existentes entre dois nós consecutivos.
A morfologia das folhas

Este já é um assunto bem mais complexo do que a morfologia do


caule, mas nem tanto. Algumas definições são importantes para que
se entenda os termos utilizados quando se quer descrever uma
planta. Vamos a eles.

Partes da folha
Há três partes principais em uma folha: a bainha, o pecíolo e o
limbo. A maioria das folhas não tem essas três partes e são
denominadas de "incompletas". A bainha é a parte da folha que
“abraça” o caule, o que pe facilmente visível em um imbé, por
exemplo. O pecíolo é o "cabinho" (haste) que sustenta o limbo, este
a parte geralmente achatada e larga, onde é realizada a fotossíntese.
Folhas sem pecíolo são chamadas de “sésseis”.

Inserção das folhas (filotaxia)


As folhas, evidentemente, se inserem no caule. As formas como
elas se organizam geralmente são bastante características de
espécies, gêneros e famílias e, além de serem termos fáceis de
compreender, são extremamente úteis na Taxonomia.
Basicamente há três tipos principais de filotaxia para as folhas:
1. Folhas alternas - quando apenas uma folha é formada em cada
nó. Esta categoria é subdividida, ainda, em folhas alternas dísticas,
quando as folhas se alternam ao longo de um único plano ou folhas
alternas espiraladas, quando as folhas se alternam em vários planos,
conferindo um aspecto espiralado.
2. Folhas opostas - quando duas folhas são formadas em cada nó.
Embora tradicionalmente divida-se este tipo de inserção em folhas
opostas dísticas e cruzadas (quando os planos se alternam ao longo
do caule), é possível que folhas opostas dísticas sequer existam ou,
no mínimo, são extremamente raras.
3. Folhas verticiladas - quando três ou mais folhas são formadas
em cada nó.
QUER ACERTAR?: Não é muito incomum que se cometa erros
por tentar se tentar interpretar a inserção das folhas usando partes
muito jovens do caule. Há dois problemas nisso: 1. Os internós
podem ainda não ter se desenvolvido totalmente e, por causa dos
internós muito curtos, folhas alternas serem interpretadas como
opostas ou verticiladas; 2. Por causa da torção das folhas em direção
ao sol, folhas alternas espiraladas podem parecer dísticas. Como
acertar? Observe partes mais velhas do ramo, onde o caule já é
suficientemente rígido e os internós estão plenamente
desenvolvidos. Se as folhas já caíram, não tem problema, é até
melhor, observe suas cicatrizes!

Composição das folhas (simples ou


compostas)
Vamos lembrar, em primeiro lugar, que uma folha se insere no nó,
que é também onde se localizam as gemas laterais. Portanto, na
axila de quase toda folha deve haver uma gema lateral. Ocorre que,
em alguns casos, as folhas são divididas em unidades menores, os
folíolos, que se parecem muito com folhas individuais. Como
diferenciar uma folha de um folíolo? Folíolos não tem gemas em sua
axila.
Assim, temos dois tipos de folhas: as simples, que não são
divididas em folíolos e as compostas, que são divididas em folíolos.
Como não confundir uma folha composta com vários folíolos com um
ramo com várias folhas? Observe as gemas. Uma folha composta
não possui nem gemas na axila dos folíolos, nem no seu ápice.
Folhas compostas são, ainda, subdivididas em vários tipos
(digitadas, trifolioladas, pinadas, etc.), mas não trataremos desse
assunto aqui.
Dica importante: Os folíolos sempre se dispõem de forma dística -
com raríssimas exceções.

Nervação das folhas


As nervuras das folhas possuem a função de distribuir as
substâncias produzidas pela planta - inclusive os produtos da
fotossíntese - e também a água e os sais minerais absorvidos pelas
raízes. Funcionam quase como o sistema de artérias e vasos que
carregam nosso sangue.
A forma como as nervuras se dispõem nas folhas possui um
grande valor taxonômico nos diferentes níveis. Ajuda tanto no
reconhecimento de grandes grupos como as Monocotiledôneas, de
determinadas famílias, como as Melastomataceae (família da
quaresmeira) e até mesmo ao nível de espécies é muito útil na
diferenciação entre elas.
Há diferentes propostas de classificação quanto aos tipos de
nervação das folhas. Vamos ficar com a mais simples e tradicional e
citar apenas os tipos mais comuns.

Folhas peninérveas: quando há apenas uma nervura principal e


as nervuras secundárias partem desta ao longo da folha. É o tipo
mais comum entre as não monocotiledôneas.
Folhas paralelinérveas: várias nervuras principais partem da base
da folha em direção ao ápice de forma mais ou menos paralela. É o
tipo mais comum entre as monocotiledôneas.
Folhas curvinérveas: há três ou mais nervuras principais que
partem da base da folha em direção ao ápice, dispondo-se na forma
de arcos.
Folhas palminérveas: semelhante ao tipo anterior, mas apenas a
nervura central atinge o ápice da folha.
Folhas peniparalelinérveas: há uma nervura central bem marcada
e inúmeras nervuras secundárias bem próximas e paralelas. São
típicas das bananeiras e parentes próximos delas.

Margem das folhas


Embora exista toda uma terminologia para os diferentes tipos de
margem das folhas, inicialmente vai nos interessar saber se as folhas
possuem margem inteira (lisa) ou não inteira (que pode ser serreada,
denteada, erosa, crenada, etc.).
Pontuações translúcidas
Você já deve ter notado que há folhas com aromas muito
peculiares: uma laranjeira, uma pitangueira, uma erva-cidreira, etc.
Este aroma, que geralmente está associado à defesa das plantas,
deve-se a óleos essenciais, que são voláteis (evaporam
rapidamente), produzidos pelos tecidos das folhas e que podem
estar dispersos em células específicas ou agrupados em glândulas.
Estas podem ser grandes o suficiente para que sejam observadas a
olho nu ou com o auxílio de uma lupa de bolso, por possuírem uma
coloração bem mais clara. Conferem às folhas a aparência de um
céu estrelado, graças aos pontos translúcidos que podem ser
observados colocando a folha entre o olho e uma fonte potente de
luz (pode ser o sol ou uma lâmpada forte). Às vezes são muito
pequenas e o uso de uma lupa é indispensável.

As estípulas
Estípulas são estruturas que têm como função a proteção dos
meristemas (tecidos de crescimento) das plantas em suas fases mais
jovens e sensíveis. Nem todas as plantas possuem estípulas e,
quando estão presentes, são encontradas principalmente nas partes
muito jovens do ápice do caule.
Depois de cumprirem sua função, as estípulas, na maioria das
vezes, caem (são chamadas de decíduas ou caducas), deixando
uma cicatriz que revela sua presença. Portanto, procure sempre as
estípulas nas partes mais jovens do caule e esteja atento à presença
de cicatrizes. Use uma lupa, que pode ser de bolso. As estípulas são
muito importantes no reconhecimento das famílias.
Há três tipos principais de estípulas: as laterais, mais comuns,
que se desenvolvem aos pares, uma de cada lado da gema lateral;
as terminais, que formam um capuz ao redor da gema terminal e
que caem, conforme o ramo se desenvolve. Mas, como saber que
estou observando uma estípula terminal e não a gema terminal? A
estípula terminal deixa uma cicatriz bastante característica ao redor
do caule, na altura dos nós. Por fim, as estípulas interpeciolares
ocorrem em algumas plantas com folhas opostas e são resultantes
da fusão das estípulas laterais, conferindo a aparência de que a
estípula fica entre os pecíolos.
Observação: em determinadas plantas, as estípulas estão
transformadas em espinhos.
Dica importante: Não confunda as estípulas com as gemas
laterais. Estas últimas ficam na axila das folhas, enquanto as
estípulas ficam geralmente aos pares nas laterais das folhas e
gemas.

A morfologia das flores


As flores são os órgãos responsáveis pela reprodução das
Angiospermas e a sua estrutura é voltada para esta finalidade. De
uma forma geral, uma flor possui, de fora para dentro, um conjunto
de sépalas, denominado de cálice, ao qual é atribuída a função
primária de proteção do botão floral, mas em algumas espécies pode
também servir para atração dos polinizadores ou para a dispersão
dos frutos. A seguir, ainda nesta sequência, estão as pétalas (cujo
conjunto é chamado de corola), que geralmente são mais delicadas e
coloridas e estão associadas à atração dos polinizadores. Flores que
tem cálice e corola são chamadas de diclamídeas (di=2), as que
possuem um ou outro são chamadas de monoclamídeas (mono=1) e
as que não possuem nenhum dos dois são chamadas de aclamídeas
(a=não).
O cálice e a corola possuem grande importância para a flor, mas
a reprodução é realizada por duas outras partes: os estames, cujo
conjunto é chamado de androceu, responsável pela produção dos
grão-de-pólen e os pistilos (cujo conjunto é chamado de gineceu),
onde ficam armazenados os óvulos, que posteriormente vão formar
as sementes. A parte do pistilo onde ficam os óvulos é chamada de
ovário (e se transformará no fruto), já o local que recebe os grãos de
pólen é chamado de estigma. A haste entre o ovário e o estigma é
chamada de estilete. A grande maioria das flores possui apenas um
pistilo. Flores que possuem somente estames ou somente pistilos
são chamadas de unissexuadas (ou diclinas = dois leitos, um para
cada sexo) e flores que possuem ambos são chamadas de
bissexuadas (ou monoclinas = um leito para os dois sexos).
Inflorescências
A maioria das flores não se dispõe de forma isolada na planta,
mas em conjuntos chamados de inflorescências. Há muitos tipos
diferentes de inflorescências e sua interpretação não é muito
simples, tanto que há livros inteiros destinados apenas ao seu
entendimento e terminologia. Aqui vamos ficar apenas com os dois
tipos básicos, muito úteis no reconhecimento das famílias, são eles
as inflorescências cimosas, nas quais geralmente não há um eixo
bem definido e a inflorescência termina em uma flor e as
inflorescências racemosas, em que há um eixo bem definido e o
ápice da inflorescência é uma gema atrofiada. Observe sempre as
inflorescências bem maduras, pois quando estão jovens, a distinção
entre esses dois tipos pode não ser muito clara. Muitas
inflorescências são ramificadas e genericamente podem ser
chamadas de panículas, embora isso não seja um consenso entre os
autores.

Os capítulos
Um tipo muito peculiar de inflorescência é o capítulo. Nele, muitas
flores muito pequeninas se dispõem de forma semelhante a uma
única flor. Este é o caso da margarida, do crisântemo e do girassol.
Aquilo que pode parecer uma flor é, na realidade formado por
dezenas ou centenas de flores, algumas delas mais externas, com a
função apenas (ou principalmente) de atrair os polinizadores.
Quais famílias de plantas preciso
aprender primeiro?

Uma vez entendidos os termos morfológicos principais, fica mais


fácil a comunicação em relação a esta parte principal do livro. A sua
concepção, única, se fez a partir de algumas constatações, voltadas
para a realidade do Brasil, mas aplicáveis a muitas outras partes do
mundo.
1. Há famílias de plantas muito mais comuns do que outras.
Foram selecionadas cerca de 30 famílias de plantas (das 230 nativas
do Brasil), as quais incluem aproximadamente 70% das espécies
nativas no país, sem contar com uma grande quantidade de espécies
naturalizadas e cultivadas. Priorizamos nesta lista grupos
predominantemente arbóreos e que são importantes ao longo de
todo o Brasil, na maioria dos tipos de vegetação. Ou seja, se você
conseguir reconhecer bem estas famílias, será capaz de reconhecer
a família de duas em cada três plantas que encontrar nos ambientes
naturais em praticamente todo o Brasil. Não é um bom começo?

2. As famílias mais comuns são também as mais fáceis de


reconhecer, mesmo utilizando-se apenas características vegetativas.
Esta é uma grande notícia, afinal de contas, em uma floresta, por
exemplo, dificilmente encontraremos muitas espécies com flores ou
frutos. Com este esquema é possível ao menos dar um palpite com
uma margem de erro não tão grande. Afinal de contas, tudo tem
exceção. Lembre-se, esse é apenas um começo, um primeiro
contato com o universo da identificação de plantas. Com a prática
você irá aprender novas famílias, a reconhecer as exceções e tudo
aos poucos vai ficando mais fácil. O importante nesse início é o
prazer de tentar, de conseguir fazer e de ter êxito por conta própria.
Identificando as famílias de plantas

Vamos começar dividindo as famílias de plantas em dois grupos,


um deles natural (as monocotiledôneas) e o outro não (as
“dicotiledôneas”). Diferenciá-las não é difícil e não é necessário
contar o número de cotilédones para isso. Responda as perguntas
abaixo para acertar sempre:

- As folhas têm bainha?


- A planta é uma erva ou palmeira?
- As folhas são paralelinérveas ou peniparalelinérveas?

Se o número de respostas "sim" foi maior do que o número de


respostas não, quase certamente você estará diante de uma
monocotiledônea. Caso contrário, considere que é uma
“dicotiledônea” (entre aspas porque já está claro que não é um grupo
natural).
Treine a identificação das plantas utilizando os diagramas das
próximas páginas. Após fazer isso, confirme se a família está correta,
utilizando livros com descrições mais completas e observando
também as características das flores, se elas estiverem disponíveis.
O objetivo é que você seja capaz de identificar a família de duas em
cada três plantas que encontrar. Como este esquema foi feito para
plantas nativas, é provável que a taxa de sucesso seja maior se você
estiver em um local com vegetação nativa.
Para identificar, é importante possuir um material de boa
qualidade, de preferência fresco, e observar com MUITA atenção
cada detalhe. Não esqueça que as famílias apresentadas não são
todas as existentes, mas apenas as principais. Comece sempre pelo
primeiro item, sem pular etapas.
Os termos utilizados foram descritos nas páginas anteriores,
exceto os muito específicos, que são facilmente encontrados em
glossários ou na internet. De forma simplificada, o termo folhas
opostas inclui também as verticiladas e o termo serreada inclui todas
as variações de margens não inteiras.
Muita atenção no que se refere ao aroma das folhas. Esmague-as
vigorosamente e inale o aroma imediatamente. O termo "aromático"
se refere a um cheiro semelhante ao das cascas de frutas. Exercite o
olfato para acertar sempre!
De todos, o grupo mais complexo é o das dicotiledôneas com
folhas alternas e simples. Você notará que muitas famílias não
incluídas neste esquema se encaixam aí e, mesmo as que foram
aqui incluídas, não são fáceis de ser distintas vegetativamente e
dependem de aspectos mais complexos, como a percepção do
cheiro característico ou dos nectários extraflorais, às vezes difíceis
de localizar. O ideal sempre é observar também as flores.
Amaryllidaceae - Outras famílias com as características
indicadas: Asparagaceae, Commelinaceae e Hypoxidaceae. A
maioria das Amaryllidaceae apresenta um bulbo e flores dispostas
em umbelas (tipo de inflorescência em que as flores saem de um
mesmo ponto).
Araceae - A família varia muito em relação à nervação foliar.
Muitas são epífitas ou trepadeiras.
Arecaceae - Inconfundível, pelo seu porte único, com folhas
geralmente agrupadas no ápice da planta.
Bromeliaceae - A maioria possui folhas formando "jarros" onde
se acumula água. Se possuir flores, esteja atento ao cálice e corola
distintos entre si. A maioria das espécies é epífita e rupícola.
Cyperaceae - As espécies são mais comuns em áreas alagáveis.
Pode ser confundida com Juncaceae.
Iridaceae - Frequente no interior das florestas.
Marantaceae - Outras famílias com as características indicadas:
Cannaceae, Costaceae e Heliconiaceae. As Marantaceae são mais
comuns em áreas sombreadas das florestas.
Orchidaceae - Inconfundível pelas flores com sépalas e pétalas
semelhantes, com uma dessas muito modificada em um labelo. A
maioria é epífita ou rupícola e possui um pseudobulbo espesso e
raízes com velame, que dá um tom esbranquiçado, mas há também
diversas espécies terrestres.
Poaceae -Uma das famílias mais comuns nos ambientes
campestres.
Anacardiaceae - Outra família com as características indicadas:
Burseraceae. São arbustos ou árvores. Ocasionalmente apresentam
folhas simples.
Bignoniaceae - Outras famílias com as características indicadas:
Caryocaraceae e Cunoniaceae. Geralmente são árvores ou
trepadeiras, as flores são gamopétalas, zigomorfas, com quatro
estames e um estaminódio.
Fabaceae - Outras famílias com as características indicadas:
algumas Euphorbiaceae e algumas Malvaceae. Esta é a maior
família da flora brasileira, incluindo diversos tipos de porte.
Meliaceae - A distinção entre esta família e Sapindaceae é baseada
principalmente na flor, uma vez que as Meliaceae possuem androceu
formando um tubo. Geralmente são árvores. Guarea é um dos
gêneros mais comuns e pode ser reconhecido pela presença de um
gema no ápice da folha composta (algo bastante incomum).
Rutaceae - Algumas plantas desta família apresentam folhas simples
(ou compostas com um folíolo) ou opostas. Geralmente são árvores
e espinhos são comuns.
Sapindaceae - Ver também observações em Meliaceae. Uma
característica muito comum nesta família é a presença de uma
extensão da raque foliar (alguns referem como um folíolo atrofiado),
presente em muitos gêneros, como Matayba e Cupania. Geralmente
são árvores ou trepadeiras.
Apocynaceae - Outras famílias com as características indicadas:
Calophyllaceae, Sapotaceae. O principal gênero arbóreo de
Apocynaceae, Aspidosperma, está incluído aqui. A grande maioria
das demais plantas desta família possui folhas opostas. Flores de
Apocynaceae são gamopétalas, actinomorfas e com estames em
número igual ao das pétalas.
Annonaceae - Outra família com as características indicadas:
Myristicaceae. As flores de Annonaceae são trímeras, com carpelos
livres, formando frutículos individuais ou reunidos em frutos
compostos.
Asteraceae - Esta é uma família bastante variável
vegetativamente, incluindo folhas alternas ou opostas e,
ocasionalmente, látex ou folhas aromáticas. Já do ponto de vista
reprodutivo, apresenta inflorescência do tipo capítulo, além de cálice
geralmente transformado em uma estrutura plumosa, o papilho, que
auxilia na dispersão dos frutos. A imensa maioria das Asteraceae
apresenta porte herbáceo ou arbustivo. Árvores de maior estatura
são bem pouco comuns.
Euphorbiaceae - A família pode ou não apresentar látex e, neste
último caso, ser confundida com Malvaceae, Chrysobalanaceae,
Celastraceae e outras. A posição do nectário extrafloral é bastante
variável, podendo ser no pecíolo, limbo ou na margem das folhas. As
flores são unissexuadas, geralmente aclamídeas ou monoclamídeas,
com gineceu tricarpelar e fruto com abertura explosiva.
Lauraceae - Na sua maioria são árvores. As flores são trímeras,
com anteras com aberura valvar.
Malvaceae - Ver comentários em Euphorbiaceae. As flores são
geralmente diclamídeas e bissexuadas e os nectários extraflorais são
muito pouco frequentes. Algumas Malvaceae apresentam folhas
compostas, neste caso, sempre digitadas.
Moraceae - Na maioria são árvores, algumas bastante robustas.
O gênero mais comum é Ficus, que apresenta um tipo único de
inflorescência, denominado sicônio. Ocasionalmente as estípulas
são laterais e, nestes casos, pode ser confundida com as
Euphorbiaceae.
Piperaceae - As espécies do gênero Piper, o mais comum da
família, são geralmente arbustos ou pequenas árvores e apresentam
a característica indicada no diagrama, além de possuir espigas
opostas às folhas, caráter bastante incomum. Outro gênero da
família é Peperomia, que inclui plantas herbáceas, geralmente
epífitas.
Solanaceae - Muitas famílias apresentam as características
indicadas, embora sejam muito menos comuns. São plantas
geralmente de pequeno porte, principalmente de borda de matas e
algumas características adicionais que auxiliam no seu
reconhecimento são o aroma desagradável de suas folhas e o
desenvolvimento precoce de algumas gemas axilares que, por
vezes, se assemelham a folhas ou estípulas.
Acanthaceae - Outras famílias com as características
indicadas: Gesneriaceae e também algumas Lamiaceae e
Verbenaceae, com margem lisa. Na sua grande maioria as
Acanthaceae são ervas do interior das florestas, mas também
são comuns no cerrado. As flores são gamopétalas, zigomorfas,
com quatro estames e comumente a inflorescência possui
brácteas vistosas.
Apocynaceae - Outra família com as características indicadas:
Clusiaceae. A família inclui diversas trepadeiras, arbustos e árvores.
Flores de Apocynaceae são gamopétalas, actinomorfas e com
estames em número igual ao das pétalas.
Asteraceae - Esta é uma família bastante variável
vegetativamente, incluindo folhas alternas ou opostas e,
ocasionalmente, látex ou folhas aromáticas. Já do ponto de vista
reprodutivo, apresenta inflorescência do tipo capítulo, além de cálice
geralmente transformado em uma estrutura plumosa, o papilho, que
auxilia na dispersão dos frutos. A imensa maioria das Asteraceae
apresenta porte herbáceo ou arbustivo. Árvores de maior estatura
são bem pouco comuns.
Lamiaceae - A distinção das famílias que formam a Ordem Lamiales,
como Acanthaceae, Lamiaceae e Verbenaceae não é possível, na
maioria das vezes, sem a observação das flores e o diagrama aqui
apresentado está sujeito a falhas. Lamiaceae inclui principalmente
ervas e arbustos, sendo as árvores menos comuns e sempre de
pequeno porte. Diferencia-se de Verbenaceae pela inflorescência
cimosa, enquanto esta última possui inflorescência racemosa.
Malpighiaceae - As plantas desta família são em sua maior parte
trepadeiras, mas alguns gêneros arbustivos e arbóreos não são
incomuns, com destaque para Byrsonima, que apresenta estípulas
intrapeciolares (a estípula se posiciona sobre a gema lateral). Uma
característica marcante da família é a presença de elaióforos,
nectários posicionados sobre as sépalas.
Melastomataceae - Além da nervação das folhas, outra
característica marcante da família é a presença de anteras
falciformes (em forma de foice), com abertura poricida (através de
poros apicais).
Myrtaceae - Família predominantemente lenhosa, é a maior em
número de espécies de árvores na Mata Atlântica. Uma
característica marcante de suas flores é o fato do androceu assumir
a função de atração dos polinizadores.
Rubiaceae - Outra família com as características indicadas:
Loganiaceae. As Rubiaceae incluem desde ervas até árvores de
grande porte e também trepadeiras. Geralmente as flores são
gamopétalas, actinomorfas, com número de estames igual ao de
pétalas e ovário ínfero.
Verbenaceae - São geralmente arbustos ou árvores. Ver outras
observações em Lamiaceae.
Já sei a família, e agora?

Uma vez que você conseguiu identificar a família de uma planta, o


acesso aos demais níveis taxonômicos fica muito mais fácil. A
maioria dos guias de identificação e floras seguem essa organização
e, sem saber a que família a planta pertence, fica quase impossível
ter sucesso. Além disso, você pode solicitar o auxílio de especialistas
nas famílias e, mesmo que você tenha identificado a família
incorretamente, pode estar certo de que o especialista já está
acostumado a receber materiais de outros grupos semelhantes e o
orientará quanto à correta identificação.
Os herbários virtuais são ferramentas poderosas, existentes hoje,
para identificação das plantas. O Brasil está à frente da maioria dos
países neste sentido e temos pelo menos duas excelentes
plataformas. O splink (http://inct.splink.org.br/) e o reflora
(http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual). Sabendo a família da
planta que você está tentando identificar e os dados da sua
localização, a chance de sucesso é bastante grande. Compare
cuidadosamente com as fotos disponíveis, lembrando que as
espécies variam dentro de determinados limites, o que inclui o
tamanho e o formato de suas folhas ou outras partes. Observando
muitos espécimes, você poderá avaliar se o seu material se inclui no
espectro de variação da espécie. Não esqueça de observar detalhes
sobre nervação e indumento (pilosidade). Normalmente as imagens
disponíveis possuem alta resolução e você precisará de uma lupa
para observar com detalhes o seu próprio material.
Agradecimentos

Agradeço a todos aqueles colegas e alunos que ajudaram ao longo


dos anos a testar essa forma de identificar plantas e a todos que
auxiliaram na sua produção, em especial ao Carlos Eduardo
Camargo de Godoy (Amparo) por todas as dicas e incentivo.
Também agradeço a Maria e nossos filhos.
Sobre o autor
Vinicius Castro Souza
Professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(ESALQ) da Universidade de São Paulo desde 1991, licenciou-se
para ocupar o cargo de diretor da Escola Nacional de Botânica
Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro entre 2016 e 2017.
Possui mais de 150 artigos publicados na área de Botânica e mais
de 10 livros, em um total de mais de 50.000 exemplares
comercializados.

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