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1. INTRODUÇÃO
Na indústria alimentícia o conhecimento das propriedades físicas que estão relacionadas com
processos de transferência de calor é útil para o cálculo de projetos e a análise de sistemas em geral, se
tornando variáveis essenciais para a eficiência do projeto e economia de operações. Estes processos de
transferência de energia se dão quando há uma diferença de temperatura entre meios ou corpos, e podem
ocorrer em três mecanismos distintos: condução, convecção e radiação. O processo de condução, foco
deste trabalho, ocorre através da interação de partículas, ocorrendo em sólidos, líquidos ou gases.
Utiliza-se a lei de Fourier para quantificar a taxa de transferência de calor por condução, onde uma das
variáveis é o coeficiente de condutividade térmica k (Incropera, 2008).
A condutividade térmica é uma propriedade específica para cada material, esta propriedade é de
extrema importância na determinação de taxas de aquecimento e resfriamento e dos perfis de
temperatura em diversos processos. Utiliza-se para a determinação desta propriedade o método gráfico
de Heisler, que se torna viável quando a transferência de calor se dá em regime transiente e
unidimensional, podendo ser utilizado para paredes planas, cilindros e esferas (Çengel, 2012).
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Equipamentos Utilizados
Para a aferir a temperatura dos foi utilizado um termopar da marca Impac, modelo IP-410, com
sensor tipo K, o equipamento apresenta precisão de ± 3% na leitura. Para o aquecimento dos alimentos
utilizou-se um banho de aquecimento (Tmín: 50ºC – Tmáx: 300ºC) da marca FISOTAM BRASIL,
modelo 551, potência 230 V e série 188161. Um paquímetro digital da marca MITUTOYO, 150 mm,
com precisão de ± 1 mm na leitura, foi empregado para mensurar o diâmetro dos alimentos. Para a
medição do tempo, fez-se uso de um cronômetro da marca Q&Q, modelo Water 5 bar Resist. A massa
dos alimentos foi medida utilizando-se uma balança analítica da marca MARTE, modelo AD500 com
precisão de ± 0,001g.
Para este estudo, utilizaram-se alimentos com geometrias que se aproximavam de cilindros, sendo
estes: cenoura, pepino.
Para a determinação da massa específica, mediu-se a massa de cada alimento utilizando uma
balança analítica, o volume dos mesmos foi medido mergulhando o alimento em uma proveta de 200
mL, que continha 100 mL de água. O volume do alimento foi calculado pela diferença do volume final
com o inicial. Utilizando-se o conceito de massa específica, divisão da massa pelo volume, calculou-se
o valor dessa propriedade para cada alimento estudado. Através da análise termogravimétrica, calculou-
se a porcentagem de água contida em cada um dos alimentos, por meio destas porcentagens encontradas,
calcularam-se os valores das propriedades termofísicas k e α analiticamente, utilizando-se equações
encontradas na literatura.
Os diâmetros dos alimentos foram medidos através de um paquímetro digital. Em seguida,
ajustou-se a temperatura do banho de aquecimento em 100ºC, e após sua estabilização, imergiram-se
os alimentos em água durante 20 minutos. Após decorrido este tempo efetuou-se a retirada dos
alimentos do banho, e iniciou-se o processo de aferição das temperaturas no centro e na superfície dos
alimentos, com o auxílio de dois termopares, considerando a primeira medida como o tempo zero. Após
o tempo inicial as temperaturas dos corpos foram aferidas de 5 em 5 minutos, até atingir o tempo final
de 20 minutos, e em posse destes resultados geraram-se tabelas contendo as temperaturas observadas
durante o processo de troca de calor.
Utilizando-se estas tabelas e o método gráfico de Heisler calcularam-se os valores de k para sua
posterior comparação aos valores encontrados pelo método analítico e os valores da água.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Água
Geankoplis (2006), determinou os valores de massa específica (ρ), calor específico (cp),
coeficiente de condutividade térmica (k) e difusividade térmica (α) da água, presentes na tabela 1.
Compararam-se estes valores aos encontrados para os alimentos, visto em trabalhos que são possíveis
estas comparações para alimentos com mais de 40% de água. (Sarria, 2004).
3.2. Cenoura
Utilizou-se cenoura com geometria próxima a um cilindro, realizando-se os procedimentos para
uma amostra com diâmetro de 37,04mm. A massa especifica é dada pela relação entre a massa do
produto e o seu volume. Esse parâmetro expressa a quantidade de matéria por unidade de volume e
serve de parâmetro na caracterização de um produto (Dantas Junior, 2007). A tabela 2 apresenta os
valores de massa específica para a cenoura.
Na curva DTG (azul) da cenoura, observou-se um estágio significativo de perda de massa com
um pico centrado em 140ºC, este relacionado à eliminação de água. A curva TG (verde) apresenta a
perda de massa em porcentagem referente ao mesmo pico, encontrando-se o valor da porcentagem de
umidade da cenoura igual a 88,77%. A perda de massa entre 300 a 350 °C foi atribuída a pirólise da
matéria orgânica resultante da cenoura.
Tabela 5 – Comparação das propriedades físicas (k e α) calculadas pelo método de Heisler, com o
método analítico e as propriedades teóricas da água para a cenoura.
Coeficiente de condutividade Difusividade térmica
CENOURA térmica k (W/mºC) α (m2/s)
Método de Heisler 0,624 1,580.10-7
Método analítico 0,586 1,375.10-7
Propriedades da água 0,602 1,438.10-7
3.3. Pepino
Utilizou-se pepino com geometria próxima a um cilindro, realizando-se os procedimentos para
uma amostra com diâmetro de 36,25 mm. Calculou-se inicialmente a massa específica do pepino, cujos
resultados estão presentes na tabela 6.
Tabela 8 – Temperaturas encontradas em relação ao tempo durante a troca de calor para o pepino.
Tempo (s) 0 5 10 15 20
Ø=36,25mm Tsuperfície (ºC) 58,8 51,0 44,8 39,6 35,6
Tcentro (ºC) 70,0 59,1 49,2 43,6 42,3
Para o pepino realizou-se os mesmos procedimentos empregados para a cenoura, para calcular as
propriedades físicas utilizando o Método Gráfico de Heisler. As propriedades calculadas por este
método estão presentes na tabela 9.
Tabela 9 – Comparação das propriedades físicas (k e α) calculadas pelo método de Heisler, com o
método analítico e as propriedades teóricas da água para o pepino.
Coeficiente de condutividade Difusividade térmica
PEPINO térmica k (W/mºC) α (m2/s)
Método de Heisler 0,585 1,615.10-7
Método analítico 0,603 1,395.10-7
Propriedades da água 0,602 1,438.10-7
4. CONCLUSÃO
A obtenção da condutividade térmica via método analítico e através das cartas de Heisler
apresentaram resultados concordantes com a literatura. Os resultados obtidos para os diversos legumes
e frutas apresentaram desvios em relação ao previsto na literatura na ordem de 2,18 a 6,48 %. A variação
dos valores de k pode ser atribuída entre outros fatores, a aproximação das geometrias estabelecidas,
ao erro de leitura dos termopares e à variação de temperatura do meio externo.
As curvas TG/DTG exibiram perdas de massa atribuídas à evaporação de água, permitindo assim,
mensurar a porcentagem de água presente em cada alimento. O método de Heisler apresentou-se como
um método adequado para a obtenção da condutividade térmica.
5. EQUAÇÕES
= 0,837 + 3,349 . (1)
( , ) ∞
= = J ( ) (4)
∞
∞
, = = (5)
∞
6. NOMENCLATURA
cp = calor específico (kJ/kgºC);
7. REFERÊNCIAS
ÇENGEL, Y. A.; GHAJAR, A. J. Transferência de calor e massa: uma abordagem prática. 4.ed. Porto
Alegre: AMGH, 2012.
DANTAS JUNIOR, E. E. et. al. Determinação e elaboração de modelos de predição da massa específica
da manga espada. Revista educação agrícola superior. Campina Grande, v.22, n.1, p.39-42, 2007.
GEANKOPLIS, C. J. Transport processes and separation process principles. 4.ed. New Jersey:
Prentice Hall, 2006.
INCROPERA, F. P. et al. Fundamentos de transferência de calor e de massa. Rio de Janeiro: LTC,
2008.
SARRIA, S. D.; HONÓRIO, S. L. Condutividade e difusividade térmica do figo (Ficus carica.L.) “roxo
de valinhos”. Eng. Agric., Jaboticabal, v.24, n.1, p.185-194, 2004.