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MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Pedro Felipe Soares Lima 1; Mateus Lima Silva 1; Maria Fernanda da Silva Vieira 1; Igor Oliveira da
Silva 1; Joaquim Branco de Oliveira 2
1Dicente. Estrada Iguatu - Várzea Alegre, Km 5 S/n, BR-122, 505 - Cajazeiras, Iguatu - CE, 63500-000.
RESUMO
O milho é uma das culturas mais importantes do Brasil, principalmente na região nordeste, onde sua
produção é principalmente como cultura de sequeiro sendo muito frequente do consórcio com feijão
na agricultura familiar. Este trabalho teve por objetivo realizar o zoneamento da cultura do milho em
cenários de mudanças climáticas. Foram implantados pontos pluviométricos em todo o estado para a
obtenção dos dados necessários para realização do estudo, juntamente com a construção de mapas de
zoneamentos com diferentes cenários de temperatura e de chuva. Houve a detecção que possíveis
mudanças climáticas afetam a cultura a ponto de tornar-se inapto seu cultivo em partes do estado. A
elevação desproporcional de temperatura e a diminuição de chuvas, acabam tornando a cultura inapta
em determinadas áreas dentro do zoneamento.
INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays) é uma das culturas mais antigas do mundo sendo até hoje amplamente cultivada,
e desempenha papel fundamental no sistema de produção alimentar brasileiro (Martins, 2012). Apesar
de ser uma cultura com boa resistência às adversidades climáticas, a produtividade pode ser bastante
reduzida devido à deficiência hídrica, principalmente quando ocorre em torno do período de
florescimento (Tommaselli & Villa Nova, 1995). Segundo o IBGE, em 2021 o Brasil colheu cerca de
19.024.538 hectares de milho, sendo que, 557.785 foram colhidas no estado do Ceará. O zoneamento
agrícola é uma ferramenta essencial no processo de tomada de decisão, por conta que a partir das
análises de variabilidades climáticas de determinada região e de sua especialização local, e assim,
permitir a delimitação de regiões com diferentes aptidões ao plantio e diagnóstico do seu risco de
perda. Na execução do zoneamento agrícola deve-se avaliar parâmetros climáticos e fisiológicos que
afetam as plantas, como, o coeficiente da cultura, evapotranspiração potencial, precipitação, radiação
solar, temperatura, disponibilidade de água do solo, ciclo e fase fenológica da planta.
OBJETIVOS
O estudo tem como objetivo analisar as mudanças na adequação climática do estado do Ceará para o
plantio de milho, para comparativo com as condições climáticas atuais e possíveis alterações no clima
no futuro.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido para o Estado do Ceará, localizado no nordeste brasileiro entre as latitudes
2,5° e 8° sul e longitudes 37° e 42° oeste. De acordo com a classificação climática de Koppen a área
de estudo apresenta três climas: BSh, Aw w Cw, com predominância do clima BSh (semiárido) em
80% da área.
Para que fosse possível a obtenção dos dados de precipitação pluviométrica, foram utilizados dados
de 294 estações, oriundos de postos pluviométricos e estações meteorológicas do Instituto Nacional
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de Meteorologia (INMET) da Fundação Cearense de Meteorologia (FUNCEME) e da
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), localizados no Estado do Ceará e em
estados vizinhos, para que fosse possível a interpolação (Figura 1). Para a simulação, foram utilizados
dois cenários, presentes no quadro 1, onde B1 seria o mais otimista quando comparada com A2, que
prevê um aumento maior da temperatura e uma diminuição do número de chuvas.
Foram construídos mapas de zoneamentos considerando o cenário padrão a partir das normais
climatológicas de 1961-1990. Tanto o cenário otimista quanto o pessimista tiveram sofreram
alterações de temperatura e chuva de acordo com o Tabela 1.
* PBMC (2012)
Os índices de temperatura e chuva para o milho utilizados foram os propostos por Monteiro (2009),
Paulo Junior (2007) e Cruz, et al. (2011). Com os valores da temperatura e umidade encontrados para
o estado, inseriu-se os dados no mapa através do software de geoprocessamento Idrisi Selva®. No
mesmo software, classificou-se as zonas em aptas, restritas ou inaptas (Tabela 2).
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Restrita 12 < Tm < 26 e 34 < Tm < 40 350 < Chv < 500 e 600 < Chv < 1000
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estado do Ceará é divido em 13 sub-regiões, onde existem variações de temperatura e de
pluviometria, uma parte significativa do estado está apta para a produção da cultura do milho, prova
disso é que a cultura do milho vem a ser a mais produzida no estado em questão de área por hectare,
a seguir, a figura 1 representa as sub-regiões do estado.
Quanto aos cenários futuros, observa-se, que o mais otimista dos cenários apresenta em 2070 uma
expansão da faixa apta e uma redução da faixa restrita, as zonas aptas mesmo que reduzias, continuam
concentradas. Em 2040, apresenta uma grande faixa restrita para a produção, e apenas, alguns pontos
de apta e inapta, onde a inapta aparece em maior quantidade proporcional à aptas. Quanto ao cenário
em 2100, 72,78% do estado é inapto à produção e apenas pequenas faixas do estado estão aptas para
produção, como mostrado na figura 2.
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Figura 2: Aptidão climática do milho no Ceará para cenário B1 2040, 2070 e 2100.
Observa-se o zoneamento diante do cenário, em 2040 cerca de 8,82% do estado apresenta inapta,
13,41% é apta e 77,77% restrita, o sertão do Inhamuns apresenta maior aptidão. Em 2070, cerca de
55% do estado apresenta aptidão, em relação a 2040 existe um decréscimo na restrição e aumento da
inaptidão. Em 2100, cerca de 90% do estado apresentou ser inapto à produção do milho por conta da
elevação exacerbada da temperatura e diminuição significativa.
Figura 3: Aptidão climática do milho no Ceará para cenário A2 2040, 2070 e 2100.
CONCLUSÃO
Conclui-se que, nos cenários de 2070 existe uma expansão da aptidão em diversas regiões do estado,
porém, a mesma alteração afeta o estado quase que proporcionalmente, com ênfase no cenário A2
2070 que chega a ser proporcional ambas as classificações, já no cenário de 2100 o estado estará 90%
inapto para a produção do milho.
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REFERÊNCIAS
BRITO, S.S.B.; CUNHA, A.P.M.A.; CUNNINGHAM, C.C.; ALVALÁ, R.C.; MARENGO, J.A.;
CARVALHO, M.A. Frequency, duration and severity of drought in the Semiarid Northeast
Brazil region. International Journal of Climatology, v. 38, n. 2, p. 517-529, 2018.
CRUZ, J. V. Milho: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília: Embrapa, 2011. 338 p.
PAULA JÚNIOR, T. J.; VENZON, N. 101 culturas: manual de tecnologias agrícolas. Belo
Horizonte: EPAMIG, 2007. 800 p.
TOMMASELLI, J.T.G.; VILLA NOVA, N.A. Épocas de plantio de milho em função das
deficiências hídricas no solo em Cambará, PR. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.30,
n.4, p.505-514, abr. 1995.
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