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ZONEMAENTO DO SORGO CULTIVADO EM SEQUEIRO EM CENÁRIOS DE

ALTEAÇÕES CLIMÁTICA PARA O ESTADO DO CEARÁ

Vinicius Antunes de Carvalho 1; Joaquim Branco de Oliveira 2; Cainan Alcântara Arrais 1; Amanda
Cibely Fernandes Casé 3
1bolsista . Rodovia Iguatu / Várzea Alegre, km 05 s/n - Cajazeiras, Iguatu - CE, 63500-000. Instituto Federal

de Ciência e tecnologia do Ceará ; 2Docente. Rodovia Iguatu / Várzea Alegre, km 05 s/n - Cajazeiras, Iguatu
- CE, 63500-000. Instituto Federal de Ciência e tecnologia do Ceará ; 3técnico. Rodovia Iguatu / Várzea
Alegre, km 05 s/n - Cajazeiras, Iguatu - CE, 63500-000. Instituto Federal de Ciência e tecnologia do Ceará

RESUMO
O sorgo é conhecido pelo seu alto nível de produtividade, tendo como uma de suas principais
características, a sua alta resistividade a altas temperaturas, o sorgo é uma cultura propícia a ser
cultivada em regiões semiáridas, onde existe uma carência por conta de suas elevadas temperaturas.
No Brasil, a expansão do cultivo do sorgo começou na década de 70 e hoje o país está entre os
principais produtos. A partir de pontos pluviométricos localizados em todo o estado do Ceará para
que fosse possível a obtenção dos dados, foram gerados mapas de zoneamento agroclimáticos com
diferentes índices de temperatura e de chuva. Após a análise dos mapas aplicados, foi possível
detectar que a elevação desproporcional da temperatura pode levar a cultura a ser restrita em grande
parte do estado.

PALAVRAS-CHAVE: Produção; Semiárido; Zoneamento;;

INTRODUÇÃO
O sorgo granífero, Sorghum bicolor (L.) Moench, é uma planta de origem africana e pertencente à
família Poaceae, sendo o quinto cereal mais produzido no globo, superado apenas por trigo, arroz,
milho e cevada. No Brasil, sua principal utilização está na alimentação animal, como alternativa ao
milho para a fabricação de rações, possibilitando uma redução no custo da produção (RODRIGUES,
2010). Segundo o IBGE, a área plantada com o sorgo aumentou de 1.030.866 (2022) para 1.260.355
hectares (2023). Já a produção disparou de 2.850.368 para 3.818.734 toneladas no mesmo período. O
desempenho mais forte em produção (em comparação à área plantada) revela que o cultivo do cereal
avançou 9,6% em produtividade. O zoneamento agrícola é uma ferramenta essencial no processo de
tomada de decisão, por conta que a partir das análises de variabilidades climáticas de determinada
região e de sua especialização local, e assim, permitir a delimitação de regiões com diferentes aptidões
ao plantio e diagnóstico do seu risco de perda.

OBJETIVOS
O estudo teve por realizar o zoneamento da cultura do sorgo em dois cenários de mudanças climáticas
sendo um mais otimista e outro pessimista em períodos limites até 2040, 2070 e 2100.

MATERIAL E MÉTODOS
O Ceará está localizado na região Nordeste do Brasil, limitando-se a Norte com o Oceano Atlântico;
ao Sul com o Estado de Pernambuco; a Leste com os Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba e a
Oeste com o Estado do Piauí. Com 148.886,3 km², quase integralmente inserido no semiárido, limita-
se ao norte na ponta de Jericoacoara (j = 2° 47' 00'' S e l = 40° 28' 54''), ao sul em Pena Forte (j = 07°
51' 30'' S e l = 39º 05' 28'' W), ao leste na praia de Timbaú (j = 04° 49' 53'' S e l = 37º 15' 11'' W) e a
oeste pela Serra de Ibiapaba (j = 03° 22' 11'' S e l = 41º 26' 10'' W). O clima predominante é tropical
quente semiárido com pequenas manchas de tropical quente subúmido e úmido e resquícios de
tropical subquente úmido localizados em superfícies topograficamente elevadas.

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A estimativa da temperatura do ar foi realizada conforme procedimentos sugeridos por Oliveira et al.
(2013):

Ti - temperaturas normais médias mensais (i = 1, 2..., 12); e anual (i=13) estimadasl - longitude da
estação (INMET) em graus e décimos (valores negativos);

j - latitude da estação em graus e décimos (valores negativos);

h - modelo digital de elevação;

An - coeficientes da equação de regressão.

Os valores de chuva, utilizados no balanço hídrico foram obtidos das séries históricas da Agência
nacional das Águas, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste e da Fundação Cearense
de Meteorologia.

Os valores de temperatura e chuva foram perturbados de acordo com os cenários a serem avaliados
(Tabela 1) para o Ceará e Estados vizinhos utilizados como condição de contorno.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após levantamento de cenários futuros, nota-se que com as elevações de temperatura e diminuição
de chuva, no cenário B1 entre os anos de 2040, 2070, 2100, pode-se notar que essas alterações são
quase que irrisórias, que significa que pouco afetaram a cultura, já que as elevações de temperatura
são de no máximo 3.5°C, e por se tratar de uma cultura resistente, a mesma se adaptaria sem maiores
complicações ao clima ao qual estaria exposto, como mostrado na figura 1.

Já no cenário A2 entre os anos de 2040, 2070, 2100, já pode-se notar que mesmo com a alta
resistividade do sorgo, a elevação fora do comum já trás sérios danos para a cultura no estado, pois,
no cenário A2 2070, constata-se uma mancha considerável na região dos inhamuns do estado do
Ceará, e em seguida, no cenário A2 2100, a cultura já está restrita em mais de 60% do estado, que
traria danos consideravéis para os produtores e para o próprio estado, como visto na figura 2.

Segundo KRAMER & ROSS (1975), o sorgo suporta melhor as altas temperaturas do que

a maioria das outras culturas, inclusive o milho, sendo que temperaturas extremas podem reduzir seu
rendimento. Porém, existe um limite para essa resistividade pode alcançar como visto na análise
acima, a alta elevação de +4,5 °C tornaria a cultura restrita no estado, levando em consideração
também da diminuição significativa de chuvas.

CONCLUSÃO
Em função dos mapas apresentados, conclui-se que no cenário mais pessimista (A2 2100), parte
considerável do Estado apresentará restrição a cultura em condições de sequeiro, que traria danos
significativos na produção, e acarretaria em danos incalculáveis.

REFERÊNCIAS
COSTA, J. M. N.; ANTUNES, F. Z.; SANTANA, D. P. Zoneamento climático e planejamento
agrícola. Informe Agropecuário, v. 12, n. 138, p. 14, 1986.

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KRAMER, N.W.; ROSS, W.M. Cultivo de sorgo granífero en Estados Unidos. In: Wall, J.S.; Ross,
W.M., Comp. producción y usos del sorgo. Buenos Aires: Hemisfério Sur, 1975. cap. 5, p. 93-111.

MEDEIROS, R. M.; DUARTE, J. F. M. Caju versus sorgo e sua aptidão climática no município de
Recife. Revista Percurso, v. 12, n. 1, p. 3-18, 202

OLIVEIRA, J. B.; ARRAES, F. D. D.; VIANA, P. C. Methodology for the spatialisation of a


reference evapotranspiration from SRTM data. Ciência Agronômica, v. 44, n. 3, p. 445-454, 2013.

PAULA JÚNIOR, T. J.; VENZON, N. 101 culturas: manual de tecnologias agrícolas. Belo
Horizonte: EPAMIG, 2007. 800 p.

RODRIGUES, J. A. S. (Ed.). Cultivo do sorgo. 6. ed. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2010.
(Embrapa Milho e Sorgo. Sistema de produção, 2).

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