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Cerrado
PIRANHAS - AL
2021
CURSO SUPERIOR EM ENGENHARIA AGRONÔMICA
Cerrado
PIRANHAS - AL
2021
Sumário
5.2. Instrumentos do código florestal para a gestão ambiental e rural sustentável ........... 58
9. Conclusão............................................................................................................................. 80
Referências ............................................................................................................................... 81
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O bioma Cerrado é classificado como o segundo maior sistema vegetal no Brasil. Sua
área compreende 2 milhões de quilômetros quadrados englobando os estados de Goiás,
Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rondônia, Maranhão, São Paulo, Bahia,
Minas Gerais e o Distrito Federal. Este bioma possui uma diversidade de formações vegetais,
resultante da heterogeneidade de solos, topografia e climas dessa região.
a) Megatérmico ou tropical úmido (A), com o subtipo clima de savana, com inverno
seco e chuvas máximas de verão (w). Esse tipo de clima (Aw) prevalece em grande parte da
área do Cerrado.
As frentes frias atingem o Cerrado durante todo o ano. A frente fria do Pacífico
atravessa a Argentina e a região dos Andes, interagindo com a convecção tropical na altura do
Equador. A massa polar atlântica (Pa) é outro sistema com influência na Região Centro-Oeste
durante todo o ano, porém, com maior freqüência durante o inverno. A entrada dessa massa
de ar na região é facilitada pela configuração do relevo e ocorre no sentido sul–norte, ao longo
dos eixos dos grandes vales fluviais, favorecendo a ocorrência de estiagem durante o inverno
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Estes conjuntos permitem que o cerrado apresente duas estações climáticas bem
definidas, uma chuvosa, que inicia nos meses de setembro e outubro. E a estação seca que
inicia-se nos meses de abril ou maio.
Minas Gerais, que apresenta precipitação de 0 mm a 100 mm nessa época do ano (SANO et
al., 2008).
Figura 3. Variação espacial da precipitação pluvial (mm), média do mês de janeiro, no bioma
Cerrado.
2.000 mm a 2.200 mm, com pequeno núcleo no Estado do Tocantins, que pode chover até
2.400 mm.
oscilou entre quatro e oito veranicos. No Distrito Federal, bem como em grande parte do
Estado de Minas Gerais, foram observados até quatro períodos de 15 dias sem chuva no mês
de janeiro.
1.3. Temperaturas
Latossolos
Fonte: ADÁMOLI et al. (1986); CHAGAS (1994); PRADO (1995a, 1995b); MACEDO (1996) apud SANO et al., 2008.
Por representar a maior porção de classe de solo no Cerrado deve ser preservada áreas
de vegetação nativa nesses solos, para que não haja risco de extinção de espécies de animais,
como a ema (Rhea americana), a seriema (Cariama cristata), o lobo-guará
(Chrysocyonbrachyurus), o veado-campeiro (Ozotecerusbezoarticus), entre outras espécies.
Neossolo Quartzarênico
Argissolos
Nitossolo Vermelho
Cambissolos
São solos que apresentam horizonte subsuperficial submetido a poucas alterações física
e química, porém, suficientes para o desenvolvimento de cor e de estrutura. Geralmente,
apresentam minerais primários facilmente intemperizáveis e teores mais elevados de silte,
indicando baixo grau de intemperização. Seu horizonte subsuperficial é denominado B
incipiente (figura 13). Ocorrem em todo o território nacional, em áreas de pequena extensão.
No bioma Cerrado, correspondem a aproximadamente 3,47 %. Estão associados a relevos
mais movimentados (ondulados e Forte ondulados) (figura13). Podem ser desde rasos a
profundos, atingindo entre 0,2 m e 1 m. São identificados no campo pela presença de mica na
massa do solo e pela sensação de sedosidade na textura, decorrente do silte (SANO et al.,
2008).
São solos que devem ser destinados à preservação permanente, por estarem associados a
relevos movimentados e são mais rasos. Uma alternativa de preservação seria o
reflorestamento com espécies nativas para proporcionar a cobertura do solo.
Plintossolos
São solos minerais hidromórficos, com séria restrição à percolação de água, encontrados
em áreas de alagamento temporário e, portanto, de escoamento lento (figura 14). No bioma
Cerrado, correspondem a 9% da área total, sendo típicos de regiões quentes e úmidas com
estação seca definida, oscilando de 5 a 6 meses. Ocorrem em relevo plano e suave-ondulado,
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Neossolo Litólico
São solos que devem ser preservados, pois são conservadores de água, próximos às
nascentes e aos cursos d’água.
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1.5. Vegetação
O bioma Cerrado possui 11 tipos de vegetações, como visto na figura 17, sendo
classificadas como: formações florestais (Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e
Cerradão), savânicas (Cerrado sentido restrito, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e
campestres (Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre).
campestres à direita), na posição topográfica em que geralmente ocorrem. Esse esquema não
implica que cada uma dessas fitofisionomias ocorra na natureza uma ao lado da outra, nessa
topossequência. O Cerrado sentido amplo é indicado conforme Coutinho (1978). As classes
de solos estão de acordo com a nova Classificação Brasileira de Solos (Embrapa 1999) e estão
destacadas quanto à sua ocorrência em cada fitofisionomia: Latossolo Vermelho (LV),
Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA), Latossolo Amarelo (LA), Neossolo Quartzarênico
(RQ), Argissolo Vermelho (PV), Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA), Nitossolo Vermelho
(NV), Cambissolo Háplico (CX), Chernossolo (M), Gleissolo Háplico (GX), Gleissolo
Melânico (GM), Plintossolo Háplico (FX), Plintossolo Pétrico (FF), Neossolo Flúvico (RU),
Neossolo Lítico (RL) e Organossolo Mésico ou Háplico (OY) e Planossolo (S) (SANO, et al.,
2008).
Mata Ciliar
As Mata Ciliares são vegetações florestais que seguem a orientação de rios de médio e
grande porte do Cerrado, e a sua vegetação arbórea não forma galerias. Classificam-se por ser
um tipo de mata estreita, que dificilmente cruza os 100 m de largura em cada margem.
Figura18. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de uma Mata Ciliar representando
uma faixa de 80 m de comprimento por 4 m de largura nos períodos seco (maio a setembro) e
chuvoso (outubro a abril).
Mata de Galeria
Por Mata de Galeria entende-se a vegetação florestal que acompanha os rios de pequeno
porte e córregos dos planaltos do Brasil Central, formando corredores fechados (galerias)
sobre o curso de água. Geralmente localiza-se nos fundos dos vales ou nas cabeceiras de
drenagem onde os cursos de água ainda não escavaram um canal definitivo o (Ratter et al.,
1973; Ribeiro et al., 1983 apud Sano et al., 2008). Essa fisionomia é perenifólia, e não
apresenta caducifólia evidente durante a estação seca.
Figura19. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de uma Mata de Galeria Não-
Inundável (esquerda), representando uma faixa de 80 m de comprimento por 10 m de largura
e de uma Mata de Galeria Inundável, representando uma faixa de 80 m de comprimento por
10 m de largura (direita)
Mata Seca
A Mata Seca são as formações florestais que não possuem associação com cursos de
água, caracterizadas por diversos níveis de caducifolia durante a estação seca. A vegetação
ocorre nos interflúvios, em locais geralmente mais ricos em nutrientes. A Mata Seca é
dependente das condições químicas e físicas do solo mesotrófico, principalmente da
profundidade. Em função do tipo de solo, da composição florística e, em consequência, da
queda de folhas no período seco, a Mata Seca pode ser tratada sob três subtipos: Mata Seca
Sempre-Verde (figura 19A), Mata Seca Semidecídua (figura19B), a mais comum, e Mata
Seca Decídua (figura19C) (SANO et al., 2008).
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Figura 20. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) dos três subtipos de Mata Seca, em
diferentes épocas do ano, representando faixas com 26 m de comprimento por 10 m de largura
cada uma. CA: cobertura arbórea em %. O trecho do lado esquerdo (A) representa uma Mata
Seca Sempre-Verde; o trecho do meio (B), uma Mata Seca Semidecídua; e o trecho do lado
direito (C), uma Mata Seca Decídua, com afloramentos de rocha.
A altura média do estrato arbóreo varia entre 15 m e 25 m. A grande maioria das árvores
é ereta, com alguns indivíduos emergentes. Na época chuvosa as copas se tocam, fornecendo
uma cobertura arbórea de 70% a 95%. Na época seca a cobertura pode ser inferior a 50%,
especialmente na Mata Decídua, que atinge porcentagens inferiores a 35%, em virtude do
predomínio de espécies caducifólias. O dossel fechado na época chuvosa desfavorece a
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presença de muitas plantas arbustivas, enquanto a diminuição da cobertura na época seca não
possibilita a presença de muitas espécies epífitas (SANO et al., 2008).
Cerradão
O Cerradão apresenta dossel contínuo e cobertura arbórea que pode oscilar de 50% a
90% (Figura20), sendo maior na estação chuvosa e menor na seca. A altura média do estrato
arbóreo varia de 8 m a 15 m, proporcionando condições de luminosidade que favorecem a
formação de estratos arbustivo e herbáceo diferenciados. Embora possa ser perenifólio, o
padrão geral é semidecíduo, sendo que muitas espécies comuns ao Cerrado sentido restrito
como Caryocar brasiliense, Kielmeyera coriacea e Qualea grandiflora, ou comuns às Matas
Secas, como Dilodendron bippinatum e Physocallimma scaberrimum, apresentam caducifolia
em determinados períodos na estação seca (SANO et al., 2008).
Figura 21. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Cerradão representando uma
faixa de 80 m de comprimento por 10 m de largura.
Formações Savânicas
Parque de Cerrado
Figura 22. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Parque de Cerrado,
representando uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura.
Palmeiral
No Cerrado ocorrem quatro subtipos mais comuns de Palmeirais, que podem variar
conforme a espécie dominante na área. Este domínio de determinada espécie pode conferir a
vegetação o nome da espécie.
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Figura 23. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de três palmeirais representando
faixas com cerca de 26 m de comprimento por 10 m de largura cada. O trecho do
ladoesquerdo (A) mostra um Palmeiral,onde predomina a gueroba (ou guariroba), (B) o trecho
central, onde predomina o babaçu, e (C) o trecho da direita, onde predomina o buriti.
Vereda
Figura 24. Diagrama de perfil (1) e cobertura de arbórea (2) de uma Vereda, representando
uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura.
Formações campestres
Campo Sujo
Figura 25. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Campo Sujo, representando
uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura, onde a porção (A) mostra a
vegetação em local seco, (B) em local úmido, e (C) em local mal drenado, com Murundus.
Campo Limpo
Figura 26. Diagrama do perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Campo Limpo,
representando uma faixa de 40 m de comprimento e 10 de largura, onde a porção (A) mostra a
vegetação em local mais seco, (B) em local mais úmido, e (C) em local mal drenado, com
Murundus.
Campo Rupestre
Figura 27. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Campo Rupestre,
representando uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura (notar vegetação
crescendo entre as rochas).
municípios), Tocantins (107 municípios), Goiás (242 municípios) e Minas Gerais (392
municípios). A população urbana pressiona o Cerrado indiretamente na medida em que
constitui cidades, ocupa espaços, invade ecossistemas, cria mercado consumidor que demanda
infra-estrutura para escoamento da produção agropecuária, desmatando indiscriminadamente.
A população rural pressiona de forma mais direta a biodiversidade, por meio da destruição de
espécies e uso do solo para produção agrícola. Tanto os grandes e médios produtores rurais,
quanto os pequenos, cada uma à sua maneira, são responsáveis por tal pressão. Exemplar
neste sentido são os produtos rurais no Distrito Federal, que desmatam as matas de galeria,
haja vista encontrarem ali terras agricultáveis e compatíveis com as tecnologias que dispõem,
além da necessidade do aumento do espaço produtivo.
Fonte: Embrapa Cerrados, Universidade Federal de Uberlândia – UFU; Universidade Federal de Goiás – UFG;
Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Agronegócio – FAGRO.
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Tabela 4. Área colhida (hectares) com culturas temporárias nas microrregiões do Cerrado no
período 1975-2015.
microrregiões. Em 1975, o Cerrado respondeu por 20% da área colhida com milho no Brasil.
Em 2015, essa participação foi bem maior (49%), portanto, em quatro décadas o bioma se
tornou a principal região de cultivo desse grão no País (BOLFE et al., 2020).
Figura 29. Área colhida de algodão herbáceo no Cerrado, nos demais biomas e no Brasil, no
período de 1975-2015.
Cultivo do sorgo
Entre 1975 e 1995, a área colhida de sorgo no bioma cresceu agregando 83.729 ha aos
11.652 ha cultivados inicialmente. Comparado com o observado em 1995–2015 (inclusão de
uma área adicional de 515.038 ha), a expansão da área colhida em 1975–1995 foi
relativamente menor. A explicação para essa diferença está relacionada ao acentuado
desenvolvimento da produção de sorgo no Cerrado a partir de meados dos anos 1990.
Como resultado dessa situação, o cultivo do sorgo migrou para o Cerrado (Tsunechiro
et al., 2002). Um terceiro fator também contribuiu para o deslocamento do sorgo para o
Cerrado o (Duarte, 2008): a criação do Grupo Pró-Sorgo, que tinha como objetivo fomentar o
cultivo desse produto e divulgar novas tecnologias. Nesse contexto, a participação do Cerrado
na área colhida com sorgo no Brasil aumentou de 13% em 1975 para 83% em 2015.
Cultivo da cana-de-açúcar
Entre os anos de 1975 e 2015, a área colhida de cana-de-açúcar cresceu de 490 mil para
cerca de 5 milhões de hectares. Com isso, passou de 25% para 49% de toda a área colhida de
cana no país. As principais regiões do Cerrado produtoras desta cultura fazem parte do estado
de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
De acordo com Correa (2013) expansão da cana nesses três últimos estados,
considerados como a nova fronteira agrícola desse produto, foi motivada, entre outros fatores,
pela disponibilidade e preços menores das terras nessa região; pelos incentivos dos governos
estaduais e municipais para a instalação de novas usinas de açúcar e álcool; pelas condições
climáticas adequadas à cultura; pela declividade do terreno (favorável à mecanização) e pela
proximidade dos mercados internos.
Cultivos diversos
Segundo BOLFE (2020) o bioma Cerrado também exerce papel importante na expansão
agrícola do país através do cultivo de feijão, tomate, alho, amendoim e batata- -inglesa. Nos
anos de 1975 a 1996, a área colhida com feijão no Cerrado caiu de 662.680 ha para 460.056
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ha. Após esse período, a área colhida com feijão caiu fortemente nas demais regiões enquanto
no Cerrado houve uma expansão significativa, alcançando uma área de 796.552 ha em 2015.
Esse crescimento na área colhida se deve a algumas microrregiões do bioma como no Entorno
de Brasília, em Unaí, e em Paracatu, MG.
Ainda de acordo com BOLFE (2020) o Cerrado veio deixando de ser um bioma
importante para o cultivo do arroz, sendo que está cultura atuou como atividade pioneira
durante o processo de ocupação agrícola do bioma que se iniciou nos anos 1960. Em 1975,
mais da metade da área total colhida de arroz no Brasil tinha como origem o Cerrado. Após
quatro décadas este total caiu para 20%. Segundo Pinheiro et al. (2008) esta queda de
produção procedeu do deslocamento da preferência dos consumidores nacionais do padrão
amarelão de sequeiro para o padrão longo-fino do arroz irrigado. Outro fator foi a introdução
de novas cultivares de grãos longos-finos denominadas “agulhinha de sequeiro” na década de
1990 e a difusão do sistema Barreirão, que consiste no cultivo consorciado do arroz e outras
culturas com pastagem, a tendência de redução do cultivo do arroz de terras altas continuou
ao longo dos anos até o presente.
Culturas permanentes
Como exemplo de culturas permanentes que mais contribuem para a expansão agrícola
do Cerrado tem-se o café, laranja, seringueira, banana, limão e a manga.
Paracatu e Unaí. Como resultado dessa transformação, a participação do Cerrado na área total
colhida com café no Brasil aumentou de 12% em 1975 para 18% em 2015. Entre outros, os
principais fatores que influenciaram essa dinâmica foram: a ocorrência de fortes geadas que
incidiram sobre os cafezais do Paraná e de São Paulo, em especial em 1975; a introdução de
novas variedades e práticas agronômicas; os zoneamentos agroclimáticos; as políticas
públicas, como as medidas de erradicação de cafezais e o Plano de Renovação e
Revigoramento dos Cafezais; e a extinção do organismo oficial regulador do setor, o Instituto
Brasileiro do Café (IBC) (PELEGRINI; SIMÕES, 2010).
Tabela 5. Área colhida (hectares) com culturas permanentes nas microrregiões do Cerrado no
período 1975-2015.
a área colhida no Cerrado foi a terceira mais expressiva em termos absolutos, porém, em
comparação com o observado em todo o território nacional, a participação foi relativamente
menor do que a do limão e da manga. Não obstante, o Cerrado respondeu por
aproximadamente 12% da área total colhida com banana no Brasil ao longo do período 1975–
2015 (BOLFE et al., 2020).
Bovinocultura
BOLFE (2020) explica que a expansão da pecuária bovina no Cerrado passou por duas
fases distintas durante as quatro últimas décadas. A primeira fase, entre 1975 e 1993, o
rebanho expandiu a uma taxa média anual de crescimento de 3,5%. Em contraste com esse
desempenho, no restante do Brasil, o crescimento do efetivo bovino foi relativamente menor
naquele período (1,8% ao ano). Já na segunda fase, no período de 1994–2015, a taxa média
anual de crescimento do efetivo bovino no Cerrado (0,95%) foi menor do que a registrada nas
demais regiões do País (2,27%).
Avicultura
O rebanho avícola no Brasil cresceu cerca de 430% entre 1975 e 2015. No Cerrado, a
expansão observada foi de 570% no mesmo período. Em 1975, o efetivo no Cerrado era de 50
milhões de aves (figura 31). Quatro décadas mais tarde, esse número atingiu um pouco mais
de 300 milhões (IBGE, 2018). As principais microrregiões produtoras no Cerrado são Alto
Teles Pires, MT, Uberlândia, MG, Sudoeste de Goiás, GO, Brasília, DF e Divinópolis, MG.
Destaque particular é dado para a microrregião de Alto Teles Pires, MT, onde o seu rebanho
avícola cresceu mais de 1.500 vezes, alcançando 28 milhões de aves em 2015. De fato, essa
região se consolidou como uma das que apresentaram maior dinâmica agrícola no Brasil,
sendo também importante produtora de soja e algodão.
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Suinocultura
A recente abertura de mercados internacionais para a carne suína de Santa Catarina, que
alcançou o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, deverá gerar benefícios para a
carne suína produzida em outras regiões, especialmente no Cerrado. A carne suína catarinense
deverá ser cada vez mais direcionada para o mercado externo e, por essa razão, a demanda
interna deverá ser suprida por outras regiões (MACHADO, 2018).
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Os impactos ambientais causados pela degradação do Cerrado que podem ser citados
são:
4.1. Desmatamento
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2014), até 2010, uma área de 986.711 km² foi
suprimida ou antropizada no bioma Cerrado, o que corresponde a 47% da área total do bioma.
A cobertura vegetal remanescente é de 1.039.854 km2. Nos Estados, contudo a proporção
entre desmatamento e remanescente varia significativamente. Enquanto o Estado de São
Paulo já desmatou mais de 90% da área original de Cerrado, no Piauí apenas 16,6% foi
desmatado, restando mais de 83% da cobertura de Cerrado original (figura 33).
Figura 33. Área total do bioma e proporções de área desmatada e remanescente em 2010 nos
Estados que compõem o Cerrado.
Em termos absolutos, o Estado que apresenta a maior área convertida é Goiás, com
214.132 km² de área desmatada até 2010, seguido de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul
(Tabela 6).
Além disso, há dados divulgados por ONGs ambientalistas que afirmam que o
processo de desmatamento de suas áreas avança em 1,5% ao ano, o que é considerado um
índice elevado; essa velocidade de desmatamento no Cerrado é similar e, algumas vezes,
muito superior ao desflorestamento na Amazônia (Klink e Moreira, 2002), o que faz alguns
pesquisadores afirmarem que, se assim persistir, o Cerrado poderá desaparecer até 2030 (CI-
Brasil, s/d). As principais causas do desmatamento são a agricultura, a produção de carvão
(carvoarias), as queimadas e, mais recentemente, o crescimento urbano.
4.2. Agricultura
notadamente a partir dos processos de correção dos solos ácidos do Cerrado brasileiro, antes
pouco favoráveis à inserção de monoculturas.
Mais da metade das pastagens localizadas no Cerrado brasileiro podem estar em algum
estágio de degradação. São 32 milhões de hectares em que a qualidade do pasto está abaixo do
esperado, comprometendo a produtividade e gerando prejuízos econômicos e ambientais. A
pastagem extensiva é a principal fonte alimentar do rebanho brasileiro e contribui para a
competitividade da produção nacional, que tem um dos menores custos no mundo, estimado
em 60% e 50% daquilo que é gasto da Austrália e Estados Unidos, respectivamente. A
degradação tem sido um entrave para o setor e as iniciativas de recuperação encontram
dificuldades de implantação, entre outros motivos, devido à falta de informações atualizadas e
detalhadas sobre a localização dessas áreas. Esses são dados fundamentais para políticas de
recuperação e manejo racional das pastagens (Embrapa, 2014).
Figura 35. Cenários para ocorrência de pastagens com algum grau de degradação.
Tabela 7. Desmatamento até 2010 absoluto e relativo e densidade anual de focos de calor
entre 2003 e 2012 e em 2012 por nível de prioridade para a conservação do Cerrado
As queimadas são muito utilizadas no bioma, seja para estimular a rebrota das
pastagens, seja para abrir ou “limpar” áreas para o plantio (queimadas culturais). Mesmo que
o Cerrado seja considerado adaptado ao fogo, estas práticas causam prejuízos ao solo (perda
de nutrientes, compactação e erosão) e a todo o ambiente. Se não efetuadas com os cuidados
necessários, as queimadas podem atingir áreas maiores, naturais ou não. Por outro lado,
eliminar totalmente o fogo, também pode causar danos. Se o material de fácil combustão se
acumular, uma eventual queima na época de seca pode ocasionar temperaturas muito mais
elevadas, as quais são prejudiciais à flora e à fauna do solo (Klink e Moreira, 2002),
retardando ou impedindo sua recomposição.
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De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente no ano de 2014,
com relação à frequência de focos de calor entre 2010 e 2012, observa-se que os municípios
com incidência de focos de calor superior a 300 focos/ano, demonstrados na cor marrom claro
(figura 36), concentram-se na região norte do bioma.
Figura 36. Focos de calor nos municípios do Cerrado em 2010 (7A), 2011 (7B) e 2012 (7C) e
proporção de focos de calor que em área de Cerrado remanescente por município.
Apesar das áreas urbanas ocuparem pouco menos de 2% do Cerrado (Klinke Moreira,
2005), seus danos ambientais podem ser muito significativos. A transformação deste Bioma
foi e, continua sendo, muito rápida. Sua população acresceu muito nos últimos 50 anos e, na
maior parte dos casos, ocupou o território de forma desordenada. Os problemas mais comuns
são poluição d’água, redução da quantidade e qualidade da água para abastecimento,
degradação dos solos e, consequentemente, perda da qualidade ambiental. A caça também é
preocupante, tanto em áreas rurais como em áreas naturais próximas de centros urbanos. Seja
por necessidade ou para o tráfico, a coleta de espécies da fauna e da flora é muito efetuada e
tem reduzido populações de algumas espécies silvestres, podendo desequilibrar os processos
naturais ou mesmo causar a extinção local de algumas delas.
O Bioma Cerrado é considerado o “berço das águas” e fornece água para outras regiões
brasileiras. Entretanto, estudos e modelos de simulação ecológica têm demonstrado que
alterações na cobertura vegetal do Cerrado modificam a hidrologia e afetam a dinâmica e os
estoques de carbono no ambiente (Klink e Moreira, 2005). O uso de água nos sistemas
humanos para irrigar cultivos e abastecer cidades e indústrias é enorme, além de,
normalmente, acompanhado de altos índices de desperdício. A forma de utilização da água
subterrânea, geralmente empírica, improvisada e sem controle, também normalmente acarreta
problemas, como poluição, interferência entre poços, impactos em áreas encharcadas e
redução dos fluxos em rios, fontes e nascentes.
drenado por quatro grandes bacias ou regiões hidrográficas que distribuem as águas
superficiais para os outros biomas adjacentes. Ao norte e noroeste, a bacia do Tocantins e a
bacia Amazônica, que drenam respectivamente 29% e 8% da superfície do bioma, adentram o
bioma Amazônia; ao leste, a região hidrográfica do Atlântico-Nordeste drena 33% do bioma,
alimentando importantes rios dos biomas Caatinga e Mata Atlântica, tais como os rios São
Francisco e Parnaíba; ao sul, a bacia do rio Paraguai drena 30% do Cerrado, levando suas
águas aos biomas Mata Atlântica e Pampa, através dos rios Paraná e Paraguai.
Segundo a figura 37, é possível visualizar que a fração da bacia do Paraguai que drena o
Cerrado detém 76% de sua área desmatada. A densidade média de focos de calor foi de 1,8
focos/ha/ano entre 2003 e 2012. Em 2012, a densidade foi reduzida para 0,9 focos/ha/ano.
Tanto a bacia Amazônica quanto a do Tocantins apresentaram 41% da superfície que drena o
Cerrado desmatada. A região hidrográfica do Atlântico Nordeste tem a menor área desmatada
(37%). Por outro lado, apresenta a maior densidade média de focos de calor (6,2
focos/ha/ano), que aumentou em 2012 para 7,1 focos/ha/ano (MMA, 2008).
Figura 37. Percentual de área remanescente (verde) e desmatada (rosa) até 2010 por bacia
hidrográfica e densidade de focos de calor média no período 2003-2012 (azul) e em 2012
(vermelho
Nos últimos anos, ações coordenadas pelo Ministério do Meio Ambiente e algumas
organizações ambientais vêm trabalhando para conservar as áreas do Cerrado, fazendo-se
respeitar os termos, já bastante limitados, do Código Florestal brasileiro. O Cerrado tem hoje
sua conservação amparada pela legislação ambiental vigente, seja como Áreas de Preservação
Permanente, seja nas áreas de Reserva Legal estabelecidas pelo Código Florestal, como dito
anteriormente. Dentro dessas áreas, a vegetação natural deve ser mantida e, caso tenha sido
desmatada ilegalmente, precisa ser recuperada (DURIGAN et al., 2011).
5.1. PPCerrado
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, no que diz respeito ao bioma Cerrado,
a meta fixada na 15ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima (UNFCCC) é de reduzir em 40% os índices anuais de desmatamento em
relação à média verificada entre os anos de 1999 e 2008. Dessa forma o PPCerrado, cuja
elaboração tomou por base a experiência exitosa do PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção
e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), contou com ações nos seguintes eixos
durante suas duas primeiras fases de execução:
Com o início da aplicação do programa, durante sua primeira fase, já foi possível
observar a redução do desmatamento ao longo dos anos de 2008 a 2011 (figura 38). É no
Cerrado, dentre todos os biomas brasileiros, que se configura mais emblematicamente o
desafio de conciliar o binômio produção/proteção ambiental, tendo em vista seu regime
jurídico de proteção (percentual de reserva legal de 20%) e a grande demanda por ocupação
de suas terras, particularmente pela agropecuária (MMA, 2018).
que gera uma forte pressão sobre a vegetação nativa para o atendimento da demanda.
Como meio de reduzir o desmatamento da vegetação remanescente do Cerrado, as ações
propostas buscam principalmente incentivar o plantio de florestas em áreas já abertas
visando à substituição do carvão oriundo da vegetação remanescente pelo carvão de
florestas plantadas. Além disso, pretende-se avançar nos estudos sobre o potencial das
espécies nativas para a formação de povoamentos, ou para estabelecer o Manejo Florestal
Sustentável para produção de carvão vegetal;
b) Manejo florestal de espécies nativas, visando aprimorar o manejo madeireiro e não
madeireiro para a valorização da flora, biodiversidade e conservação, principalmente com
a implantação de SAF’s;
c) Aumento da adoção de sistemas e práticas sustentáveis de produção agropecuária em
áreas subutilizadas, degradadas e abandonadas, a fim de reverter a degradação dos solos
para garantir a produtividade e a viabilidade econômica da produção, aumentando a sua
rentabilidade e a qualidade de vida do produtor rural, além de reduzir a abertura de novas
áreas com vegetação remanescente, aumentando assim a área de pastagens recuperada;
d) Ampliação e qualificação da assistência técnica e extensão rural em modelos extrativistas
de produção sustentáveis, capacitando produtores rurais e técnicos em alternativas ao uso
do fogo e transferindo tecnologias relacionadas aos modelos produtivos sustentáveis da
agropecuária.
e) Implementação de arranjos produtivos locais (APL’s) para o aumento do consumo e
valorização dos produtos da sociobiodiversidade do Cerrado;
f) Recuperação de áreas degradadas em reserva legal e área de preservação permanente
visando a restauração das características originais e das funções ecológicas do Cerrado,
que desempenham papel importante tanto para a manutenção da biodiversidade da flora e
fauna, como para a conservação dos recursos hídricos, interferindo diretamente no regime
de chuvas da região e, consequentemente, na quantidade e qualidade de água;
g) Implementação de ações de manejo integrado e adaptativo do fogo, considerando sua
importância ecológica, social e econômica, com o objetivo de controlar queimadas e
prevenir e combater os incêndios florestais, numa perspectiva de constante
monitoramento, avaliação e adaptação;
h) Criação e consolidação de áreas protegidas (UC e TI) para a conservação da
sociobiodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais. Essa prática tem como foco a
implementação do mosaico do Jalapão e ampliação de Unidades de Conservação, como a
Serra do Cipó e a Chapada dos Veadeiros.
58
A CRA aplica-se para o caso do proprietário ou possuidor de imóvel com reserva legal
conservada e inscrita no CAR, cuja área seja superior ao mínimo exigido pela Lei nº
12.651/2012 (no caso do Cerrado, de 20%5) que terá a faculdade de usar essa área excedente
para constituir servidão ambiental e Cota de Reserva Ambiental. Com a CRA, espera-se que
haja um incentivo à manutenção de áreas nativas excedentes, criando condições para
conservação de importantes fragmentos nos biomas brasileiros (MMA, 2014).
De acordo com Durigan et al. (2011), para a recuperação da cobertura vegetal antes
degradada do Cerrado, algumas técnicas são utilizadas, como a Regeneração natural,
utilizada em todas as situações nas quais o solo e a vegetação de cerrado foram submetidos a
baixo impacto e há árvores e arbustos em regeneração com densidade e diversidade
suficientes; nesse caso, basta que sejam eliminados os agentes de perturbação, como espécies
invasoras. Essa prática é utilizada em pastagens de baixa tecnologia, áreas reflorestadas com
espécies exóticas, áreas exploradas para produção de lenha e carvão e áreas de corte ou
“empréstimo” para abertura de estradas ou retirada de terra para obras diversas.
Nas situações em que o impacto foi um pouco mais intenso ou persistiu por tempo mais
longo, é comum encontrar plantas de cerrado em regeneração, mas com baixa densidade ou
com a presença de um número muito restrito de espécies. Nesses casos usa-se o plantio de
enriquecimento, para acelerar a recobertura do terreno e aumentar a diversidade. Os
exemplos mais comuns desta situação são pastagens utilizadas por longos períodos, roçadas
e/ou queimadas com frequência que o plantio aumente a densidade e o número de espécies em
até 2 mil plantas lenhosas (árvores e arbustos) por hectare, do maior número de espécies
possível (DURIGAN et al., 2011).
Áreas de cerrado onde o solo tenha sido revolvido muitas vezes e alterado
quimicamente por corretivos e fertilizantes geralmente não apresentam potencial de
regeneração natural. Nessas áreas, a única técnica recomendável é o plantio de espécies de
cerrado, sejam árvores, arbustos e plantas ainda menores.
Além do plantio direto, outras tecnologias serão difundidas por meio do ABC, como é o
caso do sistema consorciado ILP e ILPF, ou Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Destaca-
se que a inserção do componente florestal na paisagem agrícola será de grande importância
em virtude da crescente demanda de biomassa, particularmente de carvão vegetal para a
indústria siderúrgica, reduzindo assim a pressão sobre os remanescentes de Cerrado para
suprir essa crescente demanda.
maneira alternada; Oliveira (2006) utilizou de plantio de espécies nativas e uso de poleiros
artificiais para restaurar uma área perturbada no Cerrado; Durigan et al., (2004) utilizaram
plantio de enriquecimento em Linhas em uma área de Cerradão em São Paulo com espécies
nativas, entre outros. As Agroflorestas se mostram uma técnica importante para a proteção,
restauração e recuperação de áreas degradadas no bioma.
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.
Exceção se faz para o estado de Rondônia e para o Distrito Federal. No primeiro caso,
as maiores taxas foram observadas em glebas federais, enquanto para o Distrito Federal o
maior percentual foi em unidades de conservação. Isso se deve, em parte, ao fato de que o
território do Distrito Federal está inserido predominantemente em Área de Proteção
Ambiental, cujas características permitem áreas de domínio privado.
Tabela 9. Histórico dos 10 municípios com maior desmatamento no ano de 2019 no Cerrado.
Desmatament
Desmatamento anual (km2)
o no Período
Município UF Situação 2016 2017 2018 2019 Soma
Formosa do Rio
BA Prioritário 79,51 73,83 78,85 213,8 232,19
Preto
Correntina BA Prioritário 86,35 98,66 61,9 119,78 246,91
Balsas MA Prioritário 110,6 118,05 98,28 108,69 326,92
Uruçuí PI Prioritário 63,57 135,17 80,54 85,88 279,28
Cocalinho MT Prioritário 84,45 86,24 42,82 82,08 213,52
Santa Rita de Cássia BA 72,95 32,79 48,61 77,51 154,34
Baixa Grande do
PI Prioritário 133,34 48,48 47,7 72,04 229,52
Ribeiro
Paranâ TO Prioritário 31,72 47,47 65,36 68,45 144,57
Rosário Oeste MT Prioritário 56,94 37,6 57,29 66,19 151,84
Jaborandi BA Prioritário 51,83 89,79 82,57 63,58 224,19
Total dos 10 mais desmatados em 2019 771 768 664 958
Total desmatado no Cerrado 6777 7408 6657 6484
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.
Esses dez municípios são responsáveis por 15% de todo o desmatamento que ocorreu no
Cerrado no ano de 2019 (Prodes Cerrado 2019). Estes municípios, com exceção de Baixa
Grande do Ribeira (PI), integram a lista de municípios prioritários para o Cerrado e, em sua
maioria, estão localizados na região do Matopiba. A exceção se faz para Cocalinho e Rosário
do Oeste, ambos localizados no Mato Grosso.
Tabela 10. Histórico das 10 terras indígenas com maior desmatamento no ano de 2019.
Desmatamento
Desmatamento Anual (km2)
no Período
Terra Indígena UF 2016 2017 2018 2019 Soma
Porquinhos dos Canela-
MA 3,37 22,25 10,92 12,48 49,02
Apãnjekra
Bacurizinho MA 16,55 8,62 9,71 7,25 42,13
Krikati MA 0,63 0,89 2,16 4,29 7,97
Wedez MT 0,0 5,6 5,26 3,71 14,57
Menku MT 0,0 0,0 0,0 2,89 2,89
KadiwJu MS 0,2 0,16 0,39 1,24 1,99
Taego TO 0,83 0,25 0,44 1,22 2,75
Kanela Memortumré MA 1,22 1,15 1,01 1,13 4,51
Cana Brava/Guajajara MA 0,36 0,07 0,16 1,05 1,64
Kanela MA 0,08 0,12 0,06 0,87 1,13
Total dos 10 mais desmatados em
23,24 39,12 30,1 36,14
2019
Total no ano (TI) 27,04 45,66 62,47 41,59
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.
Tabela 11. Histórico das 10 unidades de Conservação com maior desmatamento em 2018.
Desmatamento
Desmatamento Anual (km2)
no Período
Unidade de Conservação UF 2016 2017 2018 2019 Soma
Monumento Natural das Árvores
TO 1,0 0,55 2,13 1,02 4,7
Fossilizadas
Parna dos Lençóis Maranhenses MA 0,23 0,02 0,47 0,64 1,39
Parna da Chapada dos Veadeiros GO 0,05 0,66 0,31 0,65 1,66
Parna da Serra da Bodoqueina MS 0,0 0,03 0,0 0,53 0,56
Parna da Serra da Canastra MG 0,21 0,54 0,47 0,5 1,71
Resex Lago do Cedro GO 0,0 0,05 1,37 0,48 1,9
Parque Nacional da Chapada das
MA 1,69 0,85 0,41 0,36 3,31
Mesas
Flona de Cristcpolis BA 0,24 0,05 2,48 0,35 3,11
Resex Chapada Limpa MA 0,44 0,5 0,73 0,33 2,0
Parque Estadual de Terra Ronca GO 0,0 0,02 0,14 0,29 0,46
Total dos 10 mais desmatados em 2018 3,87 3,25 8,5 5,17
Total no ano (UC) 436,11 363,73 488,88 517,2
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.
Tabela 12. Histórico dos 10 Assentamentos com maior desmatamento no ano de 2019.
Desmatamento
Desmatamento Anual (km2)
no Período
Unidade de Conservação UF 2016 2017 2018 2019 Soma
PA Macife MT 12,07 10,46 11,85 10,48 44,86
PA Santo Antônio da Mata Azul MT 8,03 6,84 7,04 8,63 30,54
PA Santa Rita BA 7,78 6,32 4,72 7,33 26,14
PA Jambeiro MG 0,15 0,38 0,5 6,21 7,24
PIC – Barra do Corda MA 5,94 4,06 1,93 6,05 17,97
PA Primorosa MT 5,11 3,83 3,28 4,51 16,73
PA São Judas Tadeu TO 1,27 3,62 6,06 4,33 15,28
PE Belaguá MA 2,5 3,49 3,71 4,33 14,02
PA Oziel Alves Pereira GO 4,96 2,57 3,36 4,02 14,9
PA Angical I BA 6,16 4,15 5,16 3,93 19,4
Total dos 10 mais desmatados em
45,75 46,33 56,25 56,25
2018
Total no ano (Assentamento) 318,38 349,91 377,59 300,22
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.
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Tabela 13. Histórico das 10 Glebas Federais com maior desmatamento no ano de 2019.
Desmatamento
Desmatamento Anual (km2)
no Período
Gleba UF 2016 2017 2018 2019 Soma
Maior TO 7,38 11,32 20,64 10,99 50,33
Rio Novo MT 0,0 0,0 4,84 8,25 13,09
Data São João das
MA 4,93 9,1 14,77 7,33 36,12
Chagas
Anajá TO 19,93 15,62 6,94 7,09 49,57
Formiga MT 0,02 1,32 0,08 6,43 7,85
Serra do Taquaruçu TO 1,13 3,36 2,24 6,15 12,88
Data Montevidéu MA 4,61 6,35 7,81 5,75 24,52
Juruena – I MT 28,54 3,8 3,46 4,52 40,32
Sucuruina I – A MT 6,08 0,15 0,02 3,44 9,69
Riachinho MA 1,01 0,98 0,83 3,41 6,23
Total dos 10 mais desmatados em 2018 73,63 52 61,62 63,37
Total no ano (Glebas) 336,98 297,47 243,4 194,31
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.
Tabela 41. Meta de Redução de Desmatamento no Bioma Cerrado até o ano de 2020.
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.
7.1. Reflorestamento
7.2. Restauração
7.3. Regeneração
Em linhas gerais, podem ser recomendadas três técnicas para a recuperação da cobertura
vegetal do Cerrado, descritas a seguir:
Regeneração Vegetal
Enriquecimento
Nas situações em que o impacto foi um pouco mais intenso ou persistiu por tempo mais
longo, é comum encontrarmos plantas de Cerrado em regeneração, mas com baixa densidade
ou com a presença de um número muito restrito de espécies. Nesses casos é recomendável o
plantio de enriquecimento, para acelerar a recobertura do terreno e aumentar a diversidade.
Plantio Convencional
Áreas de Cerrado onde o solo tenha sido revolvido muitas vezes e alterado
quimicamente por corretivos e fertilizantes geralmente não apresentam potencial de
regeneração natural. Essas práticas de uso do solo tendem a eliminar as estruturas
subterrâneas que poderiam rebrotar e, além disso, não há registros de recuperação da
vegetação de Cerrado a partir de banco de sementes do solo ou trazidas por vento ou por
animais, colonizando áreas totalmente desmatadas e cultivadas intensamente por anos a fio.
Nessas áreas, a única técnica recomendável é o plantio de espécies de Cerrado, seguindo as
práticas silviculturais convencionais, com pequenas adaptações que variam de acordo com a
situação em questão e as características do local a ser recuperado.
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8.2. Agropecuária
Adubação Verde
Pesquisas mostram que, no SPD, a palha, mantida à superfície (figuras 45), contribui
para a manutenção e para o aumento da matéria orgânica do solo, promovendo o sequestro de
carbono e reduzindo a emissão de gases de efeito estufa (GEE), além de minimizar os
impactos causados por práticas anteriores de revolvimento do solo e de incorporação ou
eliminação de palhada (figuras 45A e 45B), além de auxiliar no controle da erosão.
Figura 45. Detalhe da superfície de solo exposto com plantio convencional de milho (A) e a
formação de sulcos de erosão após chuva intensa (B). Vista panorâmica de plantio de milho
sob sistema plantio direto (C) e detalhe da cobertura do solo proporcionada pela soja 50 dias
após plantio direto sobre palhada de milho consorciado com braquiária (D).
Figura 46. Visão panorâmica de cultivo de milho em Sistema de Plantio Direto – SPD (A),
plantas de milho em fase inicial de crescimento em SPD (B) e plantas adultas de milho em
SPD.
Fonte: Revista Agropecuária (2017) (A); Bartz et al. (2020) (B); Fundação MS (2021) (C).
Fonte: Embrapa Cerrado (2012). Fotos de Fábio M. D. (B) e Bastos Breno Lobato (A, C, e D).
9. Conclusão
Pode-se afirmar que as soluções técnico-científicas são apenas parte da resolução dos
problemas. A educação ambiental tem o papel de conscientizar e sensibilizar sobre a
importância das medidas de restauração e pode ser aplicada, também, na forma de cursos de
capacitação técnica voltados aos proprietários rurais, mostrando a importância da restauração
do cerrado para o fornecimento de serviços ambientais, que a médio ou longo prazo, trarão
vários benefícios, não só monetários, como também a melhoria da qualidade ambiental
(Durigan).
81
Referências
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da avicultura no Brasil. Informativo Cepea, Ano 1, edição 1, 2014.
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Paulo, 2011. Disponível em:<http://www.ambiente.sp.gov.br/mataciliar>. Acesso em 10 ago.
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RAMOS, V. S. Manual para recuperação da vegetação de Cerrado. 3. ed. 19 p. São
Paulo:SMA, 2011.
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MACHADO, R. B., RAMOS NETO, PEREIRA, P., CALDAS, E., GONÇALVES, D.,
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Ministério do meio ambiente (Org.). PPCerrado – Plano de Ação para prevenção e controle do
desmatamento e das queimadas no Cerrado: 2ª fase (2014-2015). Brasília: MMA, 2014. 132
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Ministério do meio ambiente (Org.). PPCerrado – Plano de Ação para prevenção e controle do
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SANO, Sueli Matiko; DE ALMEIDA, Semiramis Pedrosa; RIBEIRO, José Felipe. Cerrado:
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