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CURSO SUPERIOR EM ENGENHARIA AGRONÔMICA

Caracterização e Níveis de Degradação dos Biomas Brasileiros:

Cerrado

Sob orientação do professor

Profº Dr. Randerson Cavalcante da Silva

PIRANHAS - AL
2021
CURSO SUPERIOR EM ENGENHARIA AGRONÔMICA

Edmaíris R. Araújo, Juliane Nogueira & Maria Amélia de O. Silva

Caracterização e Níveis de Degradação dos Biomas Brasileiros:

Cerrado

Sob orientação do professor

Profº Dr. Randerson Cavalcante da Silva

Trabalho apresentado ao Curso


Superior em Engenharia Agronômica do
Instituto Federal de Alagoas – Campus
Piranhas, no como requisito parcial para
aprovação na disciplina de Manejo e
Recuperação de Áreas Degradadas.

PIRANHAS - AL
2021
Sumário

1. Caracterização Geográfica, Edafoclimática e Principais Tipos de Vegetação ...................... 5


1.1. Classificação climática ................................................................................................. 5

1.2. Caracterização pluviométrica ....................................................................................... 6

1.3. Temperaturas .............................................................................................................. 10

1.4. Principais classes de solos do bioma Cerrado ............................................................ 13

1.5. Vegetação ................................................................................................................... 21

1.6. Formações florestais ................................................................................................... 22

2. Área Urbanizada e Rural...................................................................................................... 33


3. Principais Atividades Exploradas na Agropecuária............................................................. 35
4. Caracterização dos Níveis de Degradação ........................................................................... 45
4.1. Desmatamento ............................................................................................................ 45

4.2. Agricultura ............................................................................................................. 48

4.3. Fogo e queimadas ....................................................................................................... 51

4.4. Crescimento populacional e ocupação irregular ........................................................ 53

4.5. Uso da água ................................................................................................................ 53

5. Práticas Mais Utilizadas para a Recuperação de Áreas Degradadas ................................... 54


5.1. PPCerrado................................................................................................................... 55

5.2. Instrumentos do código florestal para a gestão ambiental e rural sustentável ........... 58

5.3. Recuperação da vegetação do Cerrado ....................................................................... 59

5.4. Plantio direto e sistemas consorciados ....................................................................... 61

5.5. Experiências em recuperação ..................................................................................... 61

6. Dados de Desmatamento no Cerrado................................................................................... 62


7. Dados de Reflorestamento, Regeneração e Recuperação de Áreas no Cerrado .................. 70
7.1. Reflorestamento.......................................................................................................... 70

7.2. Restauração ................................................................................................................ 72

7.3. Regeneração ............................................................................................................... 72


8. Sistemas, Tecnologias e Ferramentas utilizadas emPráticasConservacionistas nas
PrincipaisAtividades Desenvolvidas no Cerrado ..................................................................... 73
8.1. Técnicas Recomendadas pela Literatura .................................................................... 73

8.2. Agropecuária .............................................................................................................. 76

9. Conclusão............................................................................................................................. 80
Referências ............................................................................................................................... 81
5

1. Caracterização Geográfica, Edafoclimática e Principais Tipos de Vegetação

O bioma Cerrado é classificado como o segundo maior sistema vegetal no Brasil. Sua
área compreende 2 milhões de quilômetros quadrados englobando os estados de Goiás,
Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rondônia, Maranhão, São Paulo, Bahia,
Minas Gerais e o Distrito Federal. Este bioma possui uma diversidade de formações vegetais,
resultante da heterogeneidade de solos, topografia e climas dessa região.

O bioma Cerrado limita-se, na porção norte, com o domínio da Amazônia; a leste e a


nordeste, com o domínio da Caatinga; e de leste a sudeste, com o domínio da Floresta
Atlântica. Esses limites existem em consequência das chamadas “faixas de transição”, onde
espécies de dois ou mais domínios morfoclimáticos interpenetram-se, dando origem a
complexos sub-regionais de paisagens (SANO et al., 2008.p.71)

1.1. Classificação climática

Segundo a classificação de Köppen (índices climáticos A, B, C, D e E) e dados de


temperatura média do mês mais frio do Cerrado elaborou-se um mapa que apresenta os tipos
de clima predominantes no Cerrado. Foram definidos cinco grupos de clima, sendo o B
representando as áreas secas, com predominância de vegetação xerófita, enquanto os grupos
A, C, D e E corresponde a áreas denominadas úmidas.

Observando a figura 1 SANO (2018) considera a ocorrência de dois tipos de clima:

a) Megatérmico ou tropical úmido (A), com o subtipo clima de savana, com inverno
seco e chuvas máximas de verão (w). Esse tipo de clima (Aw) prevalece em grande parte da
área do Cerrado.

b) Mesotérmico ou temperado quente (C), com inverno seco (tropical de altitude) e


temperatura média do mês mais quente maior 22°C (wa), com ocorrência no sul de Minas
Gerais e em parte do Estado de Mato Grosso do Sul.
6

Figura 1. Tipos de clima predominantes no bioma Cerrado.

Fonte: SANO et al., 2008.

1.2. Caracterização pluviométrica

Além de influenciar a diversidade de formações paisagísticas o clima do cerrado


determina as tipologias das unidades ambientais e a organização e produção do espaço
geográfico. No entanto, determinar uma correlação entre a diversidade de formações
paisagísticas encontradas no Cerrado e as condições meteorológicas é uma tarefa difícil,
apesar de se ter a compreensão de a ocorrência do Cerrado e das matas é limitada pela
disponibilidade hídrica.

As frentes frias atingem o Cerrado durante todo o ano. A frente fria do Pacífico
atravessa a Argentina e a região dos Andes, interagindo com a convecção tropical na altura do
Equador. A massa polar atlântica (Pa) é outro sistema com influência na Região Centro-Oeste
durante todo o ano, porém, com maior freqüência durante o inverno. A entrada dessa massa
de ar na região é facilitada pela configuração do relevo e ocorre no sentido sul–norte, ao longo
dos eixos dos grandes vales fluviais, favorecendo a ocorrência de estiagem durante o inverno
7

e de episódios de chuvas frontais durante o período primavera-verão (SANO et. al.,


2008.p.73)

Estes conjuntos permitem que o cerrado apresente duas estações climáticas bem
definidas, uma chuvosa, que inicia nos meses de setembro e outubro. E a estação seca que
inicia-se nos meses de abril ou maio.

A figura a seguir apresenta a distribuição da precipitação no Cerrado, no mês de


setembro. A figura apresenta uma precipitação no início da estação das chuvas, que varia de
50 mm a 100 mm na porção sul, e outra de 0 mm a 50 mm nas demais áreas da região.

Figura 2. Variação espacial da precipitação pluvial média (mm) do mês de setembro, no


bioma Cerrado.

Fonte: SANO et al., 2008.


Os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são os mais chuvosos em grande parte do
Cerrado, onde a precipitação média mensal varia de 150 mm a 500 mm, à exceção de parte
das áreas dos estados do Piauí, do Maranhão, de Mato Grosso e do Vale do Jequitinhonha, em
8

Minas Gerais, que apresenta precipitação de 0 mm a 100 mm nessa época do ano (SANO et
al., 2008).

A média mensal do mês de janeiro e apresentado na figura 3, onde a precipitação varia


de 100 mm a 500 mm. Ainda na figura é observado que em pequena parte do Estado do Piauí,
a precipitação não ultrapassa 100 mm. Observa-se que a distribuição das chuvas é bastante
heterogênea, onde as menores taxas de precipitação são vistas na franja limítrofe com a
Região Semi-Árida, que corresponde ao sul do Piauí, ao sudoeste da Bahia e ao norte de
Minas Gerais.

Figura 3. Variação espacial da precipitação pluvial (mm), média do mês de janeiro, no bioma
Cerrado.

Fonte: SANO et al., 2008.


A precipitação média anual (Figura 4), mostra a ocorrência de índices de 400 mm a 600
mm no centro-sul do Piauí e em parte do Vale do Jequitinhonha, MG. À medida que se
avança na direção de leste para oeste, a precipitação total anual aumenta, atingindo valores de
9

2.000 mm a 2.200 mm, com pequeno núcleo no Estado do Tocantins, que pode chover até
2.400 mm.

Figura 4. Precipitação média pluvial anual (mm) no bioma Cerrado.

Fonte: SANO et al., 2008.

Embora os totais anuais médios de precipitação sejam considerados suficientes para


muitas culturas, o Cerrado é afetado por períodos de estiagem durante a estação chuvosa.
Fenômeno este denominado de “veranico”.

A figura 5 exemplifica a frequência de ocorrência de veranicos de 15 dias no mês de


janeiro, com base numa série histórica de 20 anos de dados pluviométricos registrados no
Cerrado. Observa-se que, em grande parte dos estados do Tocantins, de Goiás, de Mato
Grosso e de Mato Grosso do Sul ocorre de zero a dois períodos de 15 dias consecutivos sem
chuva no mês de janeiro. Na franja limítrofe com a Região Semiárida, que compreende o sul
do Piauí, o sudoeste da Bahia e o norte de Minas Gerais, a frequência observada foi maior e
10

oscilou entre quatro e oito veranicos. No Distrito Federal, bem como em grande parte do
Estado de Minas Gerais, foram observados até quatro períodos de 15 dias sem chuva no mês
de janeiro.

Figura 5. Frequência de ocorrência de veranicos de 15 dias, no mês de janeiro, no bioma


Cerrado.

Fonte: SANO et al., 2008.

1.3. Temperaturas

A figura 6 apresenta a variação espacial da temperatura média anual em áreas de


Cerrado. Observando a figura é possível determinar que as médias anuais mais elevadas
ocorrem nas partes sul dos estados do Maranhão e do Piauí e no sudoeste da Bahia, médias
anuais entre 23 °C e 27 °C. As temperaturas mais baixas são vistas nos estados de Goiás, de
Minas Gerais e de Mato Grosso do Sul, com temperaturas entre 18 °C e 22 °C.
11

Figura 6. Temperatura média anual (°C) no bioma Cerrado.

Fonte: SANO et al., 2008.


A figura 7 apresenta a variação das médias da temperatura máxima anual. É possível
observar que as médias das temperaturas máximas no Cerrado variam entre 24 °C e 33 °C.

Figura 7. Temperatura máxima anual (°C) no bioma Cerrado.

Fonte: SANO et al., 2008.


12

As médias anuais da temperatura mínima podem ser vistas na figura 8. As temperaturas


mais baixas são observadas nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, cujos
valores médios variam de 14 °C a 18 °C. As áreas restantes apresentam temperaturas mínimas
anuais de 19 °C a 23 °C. Ainda na Figura 8, é observado que as áreas dos estados do
Maranhão e do Piauí são as que apresentam temperaturas mínimas anuais mais elevadas, com
valores médios de 21 °C a 23 °C.

Figura 8. Temperatura mínima anual (°C) no bioma Cerrado.

Fonte: SANO et al., 2008.


13

1.4. Principais classes de solos do bioma Cerrado

Tabela 1. Principais classes de solos de ocorrência no bioma Cerrado e sua correspondente


vegetação natural.
Classes de solo Ocorrência estimada (%) Vegetação natural correspondente
(aproximação)
Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA) 24,56 Cerradão/Cerrado Denso/Cerrado
Típico/Mata Ciliar/Mata de Galeria
Latossolo Vermelho (LV) 22,1 Cerradão/Cerrado Denso/Cerrado
Típico/Mata Seca
Neossolo Quartzarênico (RQ) 14,46 Cerradão/Cerrado Denso/Cerrado
Ralo/ Cerrado Típico
Neossolo Litólico (RL) 7,49 Campo Rupestre/Cerrado Rupestre
Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA) 7,2 Cerrado Denso/Cerrado Típico
Argissolo Vermelho (PV) 6,46 Mata Seca/Cerradão/Cerrado Denso/
Cerrado Típico
Plintossolo Háplico (FX) 5,41 Campo Sujo/Parque de Cerrado/Mata
de Galeria/Mata Ciliar/Campo Limpo/
Campo Rupestre/Vereda/Palmeiral/
Cerrado Ralo
Cambissolo (C ) 3,47 Cerrado Típico/Cerrado Ralo/Cerrado
Rupestre/Mata de Galeria
Plintossolo Pétrico (FF) 2,91 Parque de Cerrado/Campo Sujo/
Campo Rupestre/Cerrado Ralo/Cerrado
Rupestre
Latossolo Amarelo (LA) 2,0 Cerradão/Cerrado Denso/Cerrado
Típico
Nitossolo Vermelho (NV) 1,43 Mata seca
Gleissolo Háplico (GX) 1,41 Vereda/Palmeiral/Parque de Cerrado/
Campo Limpo/Cerrado Ralo
Planossolo (S) 0,27 Campo Sujo Úmido/Campo Limpo
Úmido
Gleissolo Melânico (GM) 0,2 Vereda/Palmeiral/Cerrado Ralo/Mata
de Galeria/Mata Ciliar
Chernossolo (M) 0,08 Mata Seca Decídua/ Mata Seca
Semidecídua
Neossolo Flúvico (RU) 0,07 Mata de Galeria Inundável/Mata de
Galeria Não-Inundável/Mata Ciliar/
Vereda
Organossolo Mésico ou Háplico (OY) 0,01 Campo
Limpo/Úmido/Vereda/Palmeiral
Total ±100
Fonte: RIBEIRO et al. (1983), LOPES (1984), ADÁMOLI et al. (1986), CAMARGO et al. (1987), MACEDO
(1996) apud SANO et al., 2008.

Latossolos

Com base na tabela apresentada acima os Latossolos representam aproximadamente


47% do bioma Cerrado.
14

As formas de relevo predominantes nos Latossolos do bioma Cerrado são residuais de


superfícies de aplainamento, conhecidas regionalmente como chapadas, que apresentam
topografia plana a suave-ondulada (figura 9). Nas posições de topo até o terço médio das
encostas suave-onduladas, podem ocorrer Latossolos em áreas de derrames basálticos,
especialmente ao sul da região e nas áreas de influência dos arenitos (SANO et al., 2008).

Figura 9. Área de ocorrência de Latossolos em relevo plano (esquerda) e Perfil representativo


de um Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA) (direito).

Foto: João Roberto Correia.

Cerca de 95 % dos Latossolos no Cerrado são distróficos e ácidos, de baixa a média


capacidade de troca catiônica e com níveis de pH em torno de 4,0 a 5,3 (tabela 2).
15

Tabela 2. Algumas características químicas (valores médios) e mineralógicas diferenciais dos


Latossolos do bioma Cerrado.

Fonte: ADÁMOLI et al. (1986); CHAGAS (1994); PRADO (1995a, 1995b); MACEDO (1996) apud SANO et al., 2008.

Por representar a maior porção de classe de solo no Cerrado deve ser preservada áreas
de vegetação nativa nesses solos, para que não haja risco de extinção de espécies de animais,
como a ema (Rhea americana), a seriema (Cariama cristata), o lobo-guará
(Chrysocyonbrachyurus), o veado-campeiro (Ozotecerusbezoarticus), entre outras espécies.

Neossolo Quartzarênico

No bioma Cerrado, os Neossolos Quartzarênicos estão relacionados a sedimentos


arenosos de cobertura e a alterações de rochas quartzíticas e areníticas, normalmente em
relevo plano ou suaveondulado (figura10), e ocupam em torno de 15% desse bioma. Em
relevo mais movimentado, esses solos não permanecem estáveis. Extensas áreas ocorrem em
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, oeste da Bahia, sul do Pará, Maranhão e Piauí (SANO et
al., 2008).
16

Figura 10. Perfil representativo de Neossolo Quartzarênico (RQ) (direita) e Ambiente de


ocorrência de Neossolo Quartzarênico (esquerda).

Foto: João Roberto Correia.


Por apresentarem baixos teores de argila e de matéria orgânica e baixa capacidade de
agregação de partículas, são solos muito suscetíveis à erosão. E quando ocorrem em
cabeceiras de drenagem e adjacentes a mananciais, devem isolados e destinados à
preservação.

Argissolos

Nas áreas de Cerrado, os Argissolos mais comuns são o Argissolo Vermelho-Amarelo


(PVA) e o Argissolo Vermelho (PV), fazendo-se a distinção entre eles pela coloração
avermelhada mais escura e o teor de óxidos de ferro mais elevado no PV. Ocupam, na
paisagem, a porção inferior das encostas (figura 11), geralmente nas encostas côncavas onde o
relevo se apresenta ondulado (8 % a 20 % de declive) ou forte-ondulado (20 % a 45 % de
declive) (SANO et al., 2008).

Argissolos sem cobertura vegetal e em relevo ondulado sofrem problemas de erosão,


devido o horizonte A apresentar menos argila que horizonte B.
17

Figura 11. Ambiente de ocorrência de Argissolo (esquerda) e Perfil representativo de um


Argissolo. (direita).

Foto: Jamil Macedo.

Nitossolo Vermelho

Classe de solo derivada de rochas básicas e ultrabásicas, ricas em minerais


ferromagnesianos (figura 12). No bioma Cerrado, estima-se uma ocorrência de
aproximadamente 1,7 % da superfície total da região.Ocupa as porções média e inferior de
encostas onduladas até forte-onduladas (figura 12) (SANO et al., 2008).

São solos normalmente localizados em relevos ondulados e forte-ondulados, e por


serem muito utilizados na agricultura e pecuária, podem ser encontrados desprovidos de sua
vegetação original e consequentemente expostos à erosão.

Figura 12. Ambiente de ocorrência de Nitossolo Vermelho (NV) (esquerda) e Perfil


representativo de Nitossolo Vermelho (NV) (direita).

Foto: Jamil Macedo.


18

Cambissolos

São solos que apresentam horizonte subsuperficial submetido a poucas alterações física
e química, porém, suficientes para o desenvolvimento de cor e de estrutura. Geralmente,
apresentam minerais primários facilmente intemperizáveis e teores mais elevados de silte,
indicando baixo grau de intemperização. Seu horizonte subsuperficial é denominado B
incipiente (figura 13). Ocorrem em todo o território nacional, em áreas de pequena extensão.
No bioma Cerrado, correspondem a aproximadamente 3,47 %. Estão associados a relevos
mais movimentados (ondulados e Forte ondulados) (figura13). Podem ser desde rasos a
profundos, atingindo entre 0,2 m e 1 m. São identificados no campo pela presença de mica na
massa do solo e pela sensação de sedosidade na textura, decorrente do silte (SANO et al.,
2008).

São solos que devem ser destinados à preservação permanente, por estarem associados a
relevos movimentados e são mais rasos. Uma alternativa de preservação seria o
reflorestamento com espécies nativas para proporcionar a cobertura do solo.

Figura 13. Ambiente de ocorrência de Cambissolo (esquerda) e Perfil representativo de


Cambissolo (direita).

Foto: João Roberto Correia.

Plintossolos

São solos minerais hidromórficos, com séria restrição à percolação de água, encontrados
em áreas de alagamento temporário e, portanto, de escoamento lento (figura 14). No bioma
Cerrado, correspondem a 9% da área total, sendo típicos de regiões quentes e úmidas com
estação seca definida, oscilando de 5 a 6 meses. Ocorrem em relevo plano e suave-ondulado,
19

em áreas deprimidas e nos terços inferiores da encosta onde há importante movimentação


lateral de água (figura14) (SANO et al., 2008).

Figura 14.Ambiente de ocorrência de um Plintossolo Háplico (esquerda) e Perfil


representativo de Plintossolo Háplico (direita).

Foto: João Roberto Correia.

Neossolo Litólico

São solos rasos, associados a muitos afloramentos de rocha. No bioma Cerrado,


correspondem a aproximadamente 7,49 %. São pouco evoluídos, com horizonte A assentado
diretamente sobre a rocha (R) ou sobre o horizonte C pouco espesso (figura 15).
Normalmente, ocorrem em áreas bastante acidentadas, de relevo ondulado até montanhoso
(figura15). Os Neossolos Litólicos, por serem muito rasos (com horizonte A sobre a rocha),
apresentam séria limitação à penetração do sistema radicular das plantas. Outro aspecto a se
notar nesses solos é que a água de percolação, ao atingir a rocha, interrompe ou diminui o seu
fluxo, expondo-os aos efeitos da enxurrada. Em áreas acidentadas, o risco de erosão é forte. Já
os Neossolos Regolíticos (um pouco mais espessos), esses apresentam condições menos
limitantes que a classe anterior (SANO et al., 2008).
20

Figura 15.Ambiente de ocorrência de Neossolo Litólico (esquerda) e Perfil representativo de


Neossolo Litólico (direita).

Foto: Jamil Macedo.

Gleissolo Háplico e Gleissolo Melânico

São solos hidromórficos que ocupam geralmente as depressões da paisagem sujeitas a


inundações. Apresentam drenagem dos tipos mal drenado ou muito mal drenado, ocorrendo,
com frequência, espessa camada escura de matéria orgânica mal decomposta sobre uma
camada acinzentada (gleizada), resultante de ambiente de oxirredução (figura16). No bioma
Cerrado, a área estimada desses solos é de 1,61 %, estando o Gleissolo Melânico em menor
proporção (0,2 %). Estão localizados em áreas de Várzeas, normalmente em relevo plano, que
permite o acúmulo de água durante todo o ano ou na maior parte dele. Podem ocorrer em
cabeceiras de rios ou de córregos, e ao longo deles, estando sujeitos a inundações.

São solos que devem ser preservados, pois são conservadores de água, próximos às
nascentes e aos cursos d’água.
21

Figura16.Ambiente de ocorrência de Solos Hidromórficos (esquerda) e Perfil representativo


de um Gleissolo Háplico (direita).

Foto: José Madeira Neto.

1.5. Vegetação

A vegetação deste bioma é única e característica do Cerrado. Sua formação é


influenciada pelo clima da região, da química e da física do solo, da disponibilidade de água e
de nutrientes, e da geomorfologia e da topografia.

O bioma Cerrado possui 11 tipos de vegetações, como visto na figura 17, sendo
classificadas como: formações florestais (Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e
Cerradão), savânicas (Cerrado sentido restrito, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e
campestres (Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre).

Figura 17. Esquema adaptado das principais fitofisionomias do bioma Cerrado.

Fonte: (SANO et al., 2008).

Essas 11 fitofisionomias estão apresentadas em um gradiente daquelas de maior


biomassa (formações florestais à esquerda) para as de menor biomassa (formações savânicas e
22

campestres à direita), na posição topográfica em que geralmente ocorrem. Esse esquema não
implica que cada uma dessas fitofisionomias ocorra na natureza uma ao lado da outra, nessa
topossequência. O Cerrado sentido amplo é indicado conforme Coutinho (1978). As classes
de solos estão de acordo com a nova Classificação Brasileira de Solos (Embrapa 1999) e estão
destacadas quanto à sua ocorrência em cada fitofisionomia: Latossolo Vermelho (LV),
Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA), Latossolo Amarelo (LA), Neossolo Quartzarênico
(RQ), Argissolo Vermelho (PV), Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA), Nitossolo Vermelho
(NV), Cambissolo Háplico (CX), Chernossolo (M), Gleissolo Háplico (GX), Gleissolo
Melânico (GM), Plintossolo Háplico (FX), Plintossolo Pétrico (FF), Neossolo Flúvico (RU),
Neossolo Lítico (RL) e Organossolo Mésico ou Háplico (OY) e Planossolo (S) (SANO, et al.,
2008).

1.6. Formações florestais

As formações florestais é o tipo de vegetação com predominância de espécies arbóreas,


com a formação de dossel contínuo. A Mata Ciliar e a Mata de Galeria são fisionomias
associadas a cursos de água. A Mata Seca e o Cerradão ocorrem nos interflúvios em terrenos
bem drenados, sem associação com cursos de água (SANO et al., 2008).

Mata Ciliar

As Mata Ciliares são vegetações florestais que seguem a orientação de rios de médio e
grande porte do Cerrado, e a sua vegetação arbórea não forma galerias. Classificam-se por ser
um tipo de mata estreita, que dificilmente cruza os 100 m de largura em cada margem.

As árvores, predominantemente eretas, variam em altura de 20 m a 25 m, com alguns


poucos indivíduos emergentes alcançando 30 m ou mais. As espécies típicas são
predominantemente caducifólias, com algumas sempre verdes, conferindo à Mata Ciliar um
aspecto semidecíduo. Ao longo do ano as árvores fornecem uma cobertura arbórea variável de
50 % a 90 %. Na estação chuvosa, a cobertura chega a 90 %, dificilmente ultrapassando esse
valor, ao passo que, na estação seca, pode até mesmo ser inferior a 50 % em alguns trechos
(figura17) (SANO et al., 2008).
23

Figura18. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de uma Mata Ciliar representando
uma faixa de 80 m de comprimento por 4 m de largura nos períodos seco (maio a setembro) e
chuvoso (outubro a abril).

Fonte: SANO et al., 2008.

Mata de Galeria

Por Mata de Galeria entende-se a vegetação florestal que acompanha os rios de pequeno
porte e córregos dos planaltos do Brasil Central, formando corredores fechados (galerias)
sobre o curso de água. Geralmente localiza-se nos fundos dos vales ou nas cabeceiras de
drenagem onde os cursos de água ainda não escavaram um canal definitivo o (Ratter et al.,
1973; Ribeiro et al., 1983 apud Sano et al., 2008). Essa fisionomia é perenifólia, e não
apresenta caducifólia evidente durante a estação seca.

A altura do efetivo arbóreo varia de 20 m a 30 m e apresenta uma cobertura arbórea de


70% a 95%. Esta alta porcentagem de cobertura arbórea proporciona uma alta umidade no
interior da mata mesmo na época seca.

Devido características ambientais como topografia e variações na altura do lençol


freático ao longo do ano, a Mata de Galeria pode ser separada em dois subtipos: Mata de
Galeria Não-Inundável (figura18) e Mata de Galeria Inundável (figura18).
24

Figura19. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de uma Mata de Galeria Não-
Inundável (esquerda), representando uma faixa de 80 m de comprimento por 10 m de largura
e de uma Mata de Galeria Inundável, representando uma faixa de 80 m de comprimento por
10 m de largura (direita)

Fonte: SANO et al., 2008.

A Mata de Galeria Não-Inundável é a vegetação florestal que acompanha um curso de


água, onde o lençol freático não se mantém próximo ou sobre a superfície do terreno na maior
parte dos trechos o ano todo, mesmo na estação chuvosa. A Mata de Galeria Inundável é a
vegetação florestal que acompanha um curso de água, onde o lençol freático se mantém
próximo ou sobre a superfície do terreno na maior parte dos trechos durante o ano todo,
mesmo na estação seca (SANO et al., 2008).

Mata Seca

A Mata Seca são as formações florestais que não possuem associação com cursos de
água, caracterizadas por diversos níveis de caducifolia durante a estação seca. A vegetação
ocorre nos interflúvios, em locais geralmente mais ricos em nutrientes. A Mata Seca é
dependente das condições químicas e físicas do solo mesotrófico, principalmente da
profundidade. Em função do tipo de solo, da composição florística e, em consequência, da
queda de folhas no período seco, a Mata Seca pode ser tratada sob três subtipos: Mata Seca
Sempre-Verde (figura 19A), Mata Seca Semidecídua (figura19B), a mais comum, e Mata
Seca Decídua (figura19C) (SANO et al., 2008).
25

Figura 20. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) dos três subtipos de Mata Seca, em
diferentes épocas do ano, representando faixas com 26 m de comprimento por 10 m de largura
cada uma. CA: cobertura arbórea em %. O trecho do lado esquerdo (A) representa uma Mata
Seca Sempre-Verde; o trecho do meio (B), uma Mata Seca Semidecídua; e o trecho do lado
direito (C), uma Mata Seca Decídua, com afloramentos de rocha.

Fonte: Ribeiro e Walter, 1998 apud SANO et al., 2008.

A altura média do estrato arbóreo varia entre 15 m e 25 m. A grande maioria das árvores
é ereta, com alguns indivíduos emergentes. Na época chuvosa as copas se tocam, fornecendo
uma cobertura arbórea de 70% a 95%. Na época seca a cobertura pode ser inferior a 50%,
especialmente na Mata Decídua, que atinge porcentagens inferiores a 35%, em virtude do
predomínio de espécies caducifólias. O dossel fechado na época chuvosa desfavorece a
26

presença de muitas plantas arbustivas, enquanto a diminuição da cobertura na época seca não
possibilita a presença de muitas espécies epífitas (SANO et al., 2008).

Cerradão

O Cerradão é a formação florestal com características esclerófilas. É característica por


apresentar espécies que ocorrem no Cerrado sentido restrito, na Mata Seca Semidecídua e em
Mata de Galeria Não-Inundável.

O Cerradão apresenta dossel contínuo e cobertura arbórea que pode oscilar de 50% a
90% (Figura20), sendo maior na estação chuvosa e menor na seca. A altura média do estrato
arbóreo varia de 8 m a 15 m, proporcionando condições de luminosidade que favorecem a
formação de estratos arbustivo e herbáceo diferenciados. Embora possa ser perenifólio, o
padrão geral é semidecíduo, sendo que muitas espécies comuns ao Cerrado sentido restrito
como Caryocar brasiliense, Kielmeyera coriacea e Qualea grandiflora, ou comuns às Matas
Secas, como Dilodendron bippinatum e Physocallimma scaberrimum, apresentam caducifolia
em determinados períodos na estação seca (SANO et al., 2008).

Figura 21. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Cerradão representando uma
faixa de 80 m de comprimento por 10 m de largura.

Fonte: SANO et al., 2008.

Formações Savânicas

As formações savânicas abrange quatro tipos fitofisionômicos, sendo elas o Cerrado


sentido restrito, o Parque de Cerrado, o Palmeiral e a Vereda.
27

Cerrado sentido restrito

O Cerrado sentido restrito é a fitofisionomia caracterizada pela presença de árvores


baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas, e geralmente com
evidências de queimadas. Os arbustos e subarbustos encontram-se espalhados, com algumas
espécies apresentando órgãos subterrâneos perenes (xilopódios), que permitem a rebrota após
queima ou corte. Na época chuvosa, os estratos subarbustivo e herbáceo tornam-se
exuberantes, devido ao seu rápido crescimento. Em virtude da complexidade dos fatores
condicionantes, originam-se subdivisões fisionômicas do Cerrado sentido restrito, sendo as
principais o Cerrado Denso, o Cerrado Típico, o Cerrado Ralo e o Cerrado Rupestre. As três
primeiras refletem variações na forma dos agrupamentos e no espaçamento entre os
indivíduos lenhosos, seguindo um gradiente de densidade decrescente do Cerrado Denso ao
Cerrado Ralo. Já o Cerrado Rupestre diferencia-se dos demais subtipos pelo substrato,
tipicamente em solos rasos com a presença de afloramentos de rocha, e por apresentar
algumas espécies indicadoras, adaptadas a esse ambiente (SANO et al., 2008)

Parque de Cerrado

O Parque de Cerrado é uma formação savânica caracterizada pela presença de árvores


agrupadas em pequenas elevações do terreno, algumas vezes imperceptíveis e outras com
muito destaque, que são conhecidas como “murundus” ou “monchões”. As árvores, nos locais
onde se concentram, possuem altura média de 3 m a 6 m. Considerando um trecho com os
agrupamentos arbóreos e as “depressões” ou “planos” campestres entre eles, forma-se uma
cobertura arbórea de 5% a 20% (figura21). Considerando somente os agrupamentos arbóreos
a cobertura sobe para 50% a 70% e cai praticamente para 0% nas depressões (SANO et al.,
2008). Os murundus possuem de 0,1 m a 1,5 m de altura e 0,2 m a mais de 20 m de diâmetro.
28

Figura 22. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Parque de Cerrado,
representando uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura.

Fonte: SANO et al., 2008.

Palmeiral

A formação savânica caracterizada pela presença marcante de uma única espécie de


palmeira arbórea é denominada Palmeiral. Nesta fitofisionomia praticamente não há destaque
das árvores dicotiledôneas, embora essas possam ocorrer com frequência baixa (SANO et al.,
2008).

No Cerrado ocorrem quatro subtipos mais comuns de Palmeirais, que podem variar
conforme a espécie dominante na área. Este domínio de determinada espécie pode conferir a
vegetação o nome da espécie.
29

Figura 23. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de três palmeirais representando
faixas com cerca de 26 m de comprimento por 10 m de largura cada. O trecho do
ladoesquerdo (A) mostra um Palmeiral,onde predomina a gueroba (ou guariroba), (B) o trecho
central, onde predomina o babaçu, e (C) o trecho da direita, onde predomina o buriti.

Fonte: SANO et al., 2008.

Vereda

A Vereda é a fitofisionomia com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa emergente, em


meio a agrupamentos mais ou menos densos de espécies arbustivo-herbáceas. As Veredas
(figura23) são circundadas por campos típicos, geralmente úmidos, e os buritis não formam
dossel como ocorre no Buritizal. Na Vereda, os buritis adultos possuem altura média de 12 m
a 15 m e a cobertura varia de 5% a 10% (figura23). Assim como no “Parque de Cerrado”, essa
cobertura refere-se a um trecho com as três zonas da Vereda. Se consideradas somente a
“borda” e o “meio”, em faixas largas nos sentidos perpendicular e longitudinal em relação ao
“fundo”, a cobertura arbórea pode ser próxima de 0%. Se considerado o “fundo”, a cobertura
sobe para porcentagens acima de 50% em alguns trechos, com uma vegetação densa de
arbustos e arvoretas, efetivamente impenetrável em muitos locais (SANO et al., 2008)
30

Figura 24. Diagrama de perfil (1) e cobertura de arbórea (2) de uma Vereda, representando
uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura.

Fonte: SANO et al., 2008.

Formações campestres

As formações campestres do Cerrado englobam três tipos fitofisionômicos principais: o


Campo Sujo, o Campo Limpo e o Campo Rupestre.

Campo Sujo

O Campo Sujo é um tipo de vegetação arbustivo-herbáceo. Em função de


particularidades ambientais, o Campo Sujo pode apresentar três subtipos fisionômicos
distintos. Na presença de um lençol freático profundo, ocorre o Campo Sujo Seco
(figura24A). Se o lençol freático é alto, há o Campo Sujo Úmido (figura24B). Quando na área
ocorrem micro relevos mais elevados (murundus), ocorre o Campo Sujo com Murundus
(figura24C).
31

Figura 25. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Campo Sujo, representando
uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura, onde a porção (A) mostra a
vegetação em local seco, (B) em local úmido, e (C) em local mal drenado, com Murundus.

Fonte: SANO et al., 2008.

Campo Limpo

O Campo Limpo é uma fitofisionomia predominantemente herbácea, com raros arbustos


e ausência completa de árvores. Pode ser encontrado em diversas posições topográficas, com
diferentes variações de grau de umidade, profundidade e fertilidade do solo. Entretanto, é
encontrado com mais frequência nas encostas, nas chapadas, nos olhos d’água, circundando as
Veredas e na borda das Matas de Galeria, geralmente em solos Neossolos Litólicos,
Cambissolos ou em Plintossolos Pétricos. Quando ocorre em áreas planas, relativamente
extensas, contíguas aos rios e inundadas periodicamente, também é chamado de “Campo de
Várzea”, “Várzea” ou “Brejo” (SANO et al., 2008).

O Campo Limpo apresenta particularidades ambientais, devido sofrer influências do


clima e consequentemente pela umidade do solo e topografia. Na presença de um lençol
freático profundo, ocorre o Campo Limpo Seco (figura25A), se o lençol freático é alto, há o
Campo Limpo Úmido (figura25B). Quando aparecem os murundus, tem-se o Campo Limpo
com Murundus (figura25C).
32

Figura 26. Diagrama do perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Campo Limpo,
representando uma faixa de 40 m de comprimento e 10 de largura, onde a porção (A) mostra a
vegetação em local mais seco, (B) em local mais úmido, e (C) em local mal drenado, com
Murundus.

Fonte: SANO et al., 2008.

Campo Rupestre

O Campo Rupestre é um tipo fitofisionômico predominantemente herbáceo-arbustivo,


com a presença eventual de arvoretas pouco desenvolvidas de até dois metros de altura
(figura26). Abrange um complexo de vegetação que agrupa paisagens em micro relevos com
espécies típicas, ocupando trechos de afloramentos rochosos. Geralmente, ocorre em altitudes
superiores a 900 m, ocasionalmente a partir de 700 m, em áreas onde há ventos constantes e
variações extremas de temperatura, com dias quentes e noites frias (SANO et al., 2008).

A composição florística desta fitofisionomia pode bastante e a densidade das espécies


depende da profundidade do solo, fertilidade, disponibilidade de água, posição topográfica,
etc.
33

Figura 27. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Campo Rupestre,
representando uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura (notar vegetação
crescendo entre as rochas).

Fonte: SANO et al., 2008.

2. Área Urbanizada e Rural

Segundo o projeto conservação e manejo da biodiversidade do bioma cerrado, o bioma


ocupa aproximadamente cerca 23% do território nacional e constitui um ecossistema muito
diversificado, estimado em 5% da biodiversidade total do globo. Atualmente uma gama de
povos habita o Cerrado. Os chamados "Povos do Cerrado" são muitos, desde índios,
remanescentes de quilombos, extrativistas, raizeiros, geraizeiros, agricultores familiares.
Paralelamente à ocupação tradicional, o Cerrado tem a presença de imigrantes, especialmente
nordestinos e sulistas, estes últimos associados à ocupação da fronteira agrícola local.

Com uma população de cerca de 25.531.063 habitantes, distribuídos em 1.077


municípios, o Cerrado tem uma taxa de urbanização de 82,9% (IBGE, 2000), enquanto 17,1%
da população ainda vivem na zona rural. Doze são os Estados da Federação que compõem a
área contínua do Cerrado, a saber: Pará (1 município), Distrito Federal (1 município), Ceará
(5 municípios), Rondônia (9 municípios), Bahia (27 municípios), Mato Grosso do Sul (45
municípios), Maranhão (58 municípios), Piauí (121 municípios), Mato Grosso (69
34

municípios), Tocantins (107 municípios), Goiás (242 municípios) e Minas Gerais (392
municípios). A população urbana pressiona o Cerrado indiretamente na medida em que
constitui cidades, ocupa espaços, invade ecossistemas, cria mercado consumidor que demanda
infra-estrutura para escoamento da produção agropecuária, desmatando indiscriminadamente.
A população rural pressiona de forma mais direta a biodiversidade, por meio da destruição de
espécies e uso do solo para produção agrícola. Tanto os grandes e médios produtores rurais,
quanto os pequenos, cada uma à sua maneira, são responsáveis por tal pressão. Exemplar
neste sentido são os produtos rurais no Distrito Federal, que desmatam as matas de galeria,
haja vista encontrarem ali terras agricultáveis e compatíveis com as tecnologias que dispõem,
além da necessidade do aumento do espaço produtivo.

Resultados obtidos de um estudo indicam que a área do Cerrado é recoberta por


vegetação nativa em suas diversas fitofisionomias, considerando-se o ano base 2002,
representa 60,42% do bioma. A Região Fitoecológica predominante é a de Savana
Arborizada, que responde por 20,42% de todo o Cerrado, seguindo-se Savana Parque, que
recobre 15,81% deste. A área florestada, somadas as diversas fitofisionomias nessa categoria,
abrange 36,73% do bioma, enquanto a área não florestada recobre 23,68% deste. O restante
refere-se aos 38,98% de área antrópica, onde a categoria predominante é a de pastagens
cultivadas (26,45% do bioma), e a 0,6% de água (tabela 3).

Tabela 3. Caracterização do bioma Cerrado por Região Fitoecológica agrupada

Fonte: Embrapa Cerrados, Universidade Federal de Uberlândia – UFU; Universidade Federal de Goiás – UFG;
Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Agronegócio – FAGRO.
35

3. Principais Atividades Exploradas na Agropecuária

O bioma Cerrado nas últimas décadas vem desempenhando grande influência no


desenvolvimento e expansão da agricultura no Brasil, tendo como destaque a expansão de
culturas temporárias que mais contribuiu para o aumento do valor da produção agrícola no
país (Figura 37). O Cerrado também tem desempenhado um papel fundamental na expansão
da bovinocultura, suinocultura e avicultura no Brasil. No caso do rebanho bovino, embora a
participação do bioma no total do Brasil tenha reduzido após 1993, em termos absolutos, o
número de animais continuou crescendo, atingindo 76 milhões de cabeças em 2015. Em
contrapartida, a expansão da suinocultura e da bovinocultura no Cerrado foi maior do que no
restante do Brasil ao longo de praticamente todo o período analisado. Como resultado, a
parcela do Cerrado nessas atividades cresceu, atingindo 22% e 25%, respectivamente
(BOLFE et al., 2020).

Figura 28. Participação das culturas temporárias e permanentes do Cerrado em termos de


valor da produção no Brasil, no período de 1975-2015.

Fonte: IBGE (2018)

A tabela 4 apresenta as principais lavouras temporárias do Cerrado que contribuíram


para a expansão agrícola do Brasil, a exemplo têm-se plantios de soja, milho, algodão, cana-
de- -açúcar, sorgo, arroz, tomate, feijão, alho, amendoim e batata-inglesa, entre outras.
36

Tabela 4. Área colhida (hectares) com culturas temporárias nas microrregiões do Cerrado no
período 1975-2015.

Fonte: IBGE (2018).

Cultivos de soja, milho e algodão

Nos anos 1970 cerca de 50 microrregiões do Cerrado cultivavam soja. A criação de


cultivares adaptadas ao clima tropical juntamente com outros fatores, como o preço da terra
relativamente mais atraente, o crédito abundante, a crescente demanda internacional e o
empreendedorismo dos produtores, particularmente os do Sul do País, favoreceram a
expansão da soja para outras microrregiões do bioma. Em 2015, 99 microrregiões de um total
de 110 produziam essa oleaginosa no Cerrado. Como consequência desse desenvolvimento, a
área colhida com esta cultura no Cerrado passou de 540 mil hectares em 1975 para 17,4
milhões de hectares em 2015. Em termos relativos, esses valores correspondem,
respectivamente, a 9% e a 54% do total do Brasil (BOLFE et al., 2020).

Em contradição com o plantio de soja, que cresceu tanto em termos de microrregiões


produtoras como em área utilizada, o milho foi cultivado em quase todas as microrregiões do
Cerrado no período 1975–2015. A contribuição do bioma para a expansão do milho no Brasil
ocorreu, portanto, sem que houvesse um avanço significativo da cultura em direção a novas
37

microrregiões. Em 1975, o Cerrado respondeu por 20% da área colhida com milho no Brasil.
Em 2015, essa participação foi bem maior (49%), portanto, em quatro décadas o bioma se
tornou a principal região de cultivo desse grão no País (BOLFE et al., 2020).

Entre os anos de 1975 e 2015 o cultivo de algodão no Cerrado cresceu


exponencialmente tornando-se uma das principais culturas do bioma. Em 1975 o Cerrado
respondia por 22% da área total colhida de algodão. Posteriormente, por causa de um
conjunto de fatores, como desenvolvimento de novas tecnologias, infestação de pragas em
outras regiões, ocorrência de alguns eventos climáticos extremos, mudanças de políticas
econômicas e abertura comercial, o cultivo do algodão foi migrando gradualmente de outros
biomas para o Cerrado. A intensificação desse processo de mudança espacial da cultura
ocorreu a partir do final dos anos 1990 (figura 29). Até aquele período, a área colhida com
algodão no Cerrado variou entre 200 mil e 390 mil hectares. A partir de 1998, iniciou-se uma
nova tendência que elevou a participação do Cerrado na área total colhida com esse produto
para 98% em 2015, ou seja, praticamente toda a produção de algodão do Brasil passou a estar
concentrada no Cerrado (BOLFE et al., 2020).

Figura 29. Área colhida de algodão herbáceo no Cerrado, nos demais biomas e no Brasil, no
período de 1975-2015.

Fonte: IBGE (2018).


38

Cultivo do sorgo

Entre 1975 e 1995, a área colhida de sorgo no bioma cresceu agregando 83.729 ha aos
11.652 ha cultivados inicialmente. Comparado com o observado em 1995–2015 (inclusão de
uma área adicional de 515.038 ha), a expansão da área colhida em 1975–1995 foi
relativamente menor. A explicação para essa diferença está relacionada ao acentuado
desenvolvimento da produção de sorgo no Cerrado a partir de meados dos anos 1990.

Durante a década de 70 o cultivo de sorgo era realizado em sua grande maioria na


região Sul do Brasil, no entanto, a competição com outras culturas, como o milho e o trigo,
não permitiu que houvesse um crescimento na produção agrícola do sorgo. Outro fator que
veio dificultar a expansão da cultura foi a utilização do sistema de plantio direto e da safrinha
(safra de outono-inverno).

Como resultado dessa situação, o cultivo do sorgo migrou para o Cerrado (Tsunechiro
et al., 2002). Um terceiro fator também contribuiu para o deslocamento do sorgo para o
Cerrado o (Duarte, 2008): a criação do Grupo Pró-Sorgo, que tinha como objetivo fomentar o
cultivo desse produto e divulgar novas tecnologias. Nesse contexto, a participação do Cerrado
na área colhida com sorgo no Brasil aumentou de 13% em 1975 para 83% em 2015.

Cultivo da cana-de-açúcar

Entre os anos de 1975 e 2015, a área colhida de cana-de-açúcar cresceu de 490 mil para
cerca de 5 milhões de hectares. Com isso, passou de 25% para 49% de toda a área colhida de
cana no país. As principais regiões do Cerrado produtoras desta cultura fazem parte do estado
de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

De acordo com Correa (2013) expansão da cana nesses três últimos estados,
considerados como a nova fronteira agrícola desse produto, foi motivada, entre outros fatores,
pela disponibilidade e preços menores das terras nessa região; pelos incentivos dos governos
estaduais e municipais para a instalação de novas usinas de açúcar e álcool; pelas condições
climáticas adequadas à cultura; pela declividade do terreno (favorável à mecanização) e pela
proximidade dos mercados internos.

Cultivos diversos

Segundo BOLFE (2020) o bioma Cerrado também exerce papel importante na expansão
agrícola do país através do cultivo de feijão, tomate, alho, amendoim e batata- -inglesa. Nos
anos de 1975 a 1996, a área colhida com feijão no Cerrado caiu de 662.680 ha para 460.056
39

ha. Após esse período, a área colhida com feijão caiu fortemente nas demais regiões enquanto
no Cerrado houve uma expansão significativa, alcançando uma área de 796.552 ha em 2015.
Esse crescimento na área colhida se deve a algumas microrregiões do bioma como no Entorno
de Brasília, em Unaí, e em Paracatu, MG.

Devido ao clima, novas tecnologias, logística privilegiada, que permite a produção de


até quatro safras por ano, a produção de tomate no Cerrado tem sido favorecida e tem
apresentado um constante processo de expansão. A área colhida com tomate no Cerrado foi de
18% em 1975 para 34% em 2015. O estado de São Paulo apresenta-se como maior produtor,
seguido do estado do Goiás.

Em relação ao alho e ao amendoim, o Cerrado aportou recursos naturais e humanos


suficientes para que a participação desses cultivos nas respectivas áreas colhidas com esses
produtos no Brasil aumentasse de 15% a 17% em 1975 para 33% a 48% em 2015. No caso da
batata-inglesa cultivada no Cerrado, o incremento da participação da área colhida no total
nacional foi de 3% para 26% no mesmo período (BOLFE et al., 2020).

Ainda de acordo com BOLFE (2020) o Cerrado veio deixando de ser um bioma
importante para o cultivo do arroz, sendo que está cultura atuou como atividade pioneira
durante o processo de ocupação agrícola do bioma que se iniciou nos anos 1960. Em 1975,
mais da metade da área total colhida de arroz no Brasil tinha como origem o Cerrado. Após
quatro décadas este total caiu para 20%. Segundo Pinheiro et al. (2008) esta queda de
produção procedeu do deslocamento da preferência dos consumidores nacionais do padrão
amarelão de sequeiro para o padrão longo-fino do arroz irrigado. Outro fator foi a introdução
de novas cultivares de grãos longos-finos denominadas “agulhinha de sequeiro” na década de
1990 e a difusão do sistema Barreirão, que consiste no cultivo consorciado do arroz e outras
culturas com pastagem, a tendência de redução do cultivo do arroz de terras altas continuou
ao longo dos anos até o presente.

Culturas permanentes

Como exemplo de culturas permanentes que mais contribuem para a expansão agrícola
do Cerrado tem-se o café, laranja, seringueira, banana, limão e a manga.

Entre 1975 e 2015, o cultivo do café experimentou uma mudança importante na


geografia da sua produção, deslocando-se espacialmente do eixo tradicional São Paulo e
Paraná para em direção ao Espírito Santo e partes do Cerrado, especialmente para algumas
microrregiões de Minas Gerais: Passos, Capelinha, Patrocínio, Patos de Minas, Araxá, Piuí,
40

Paracatu e Unaí. Como resultado dessa transformação, a participação do Cerrado na área total
colhida com café no Brasil aumentou de 12% em 1975 para 18% em 2015. Entre outros, os
principais fatores que influenciaram essa dinâmica foram: a ocorrência de fortes geadas que
incidiram sobre os cafezais do Paraná e de São Paulo, em especial em 1975; a introdução de
novas variedades e práticas agronômicas; os zoneamentos agroclimáticos; as políticas
públicas, como as medidas de erradicação de cafezais e o Plano de Renovação e
Revigoramento dos Cafezais; e a extinção do organismo oficial regulador do setor, o Instituto
Brasileiro do Café (IBC) (PELEGRINI; SIMÕES, 2010).

Outra atividade agrícola de grande importância para o Cerrado é o cultivo de laranjeira.


A tabela 5 mostra que a área colhida de laranja passou de 160 mil hectares em 1975 para 429
mil hectares em 1990, no entanto, nos anos seguintes a área colhida foi declinando atingindo
um total de 284 mil hectares no ano de 2015. Em 2015 o Cerrado representava 43% do total
nacional em área colhida.

Tabela 5. Área colhida (hectares) com culturas permanentes nas microrregiões do Cerrado no
período 1975-2015.

Fonte: IBGE (2018)

Em relação aos cultivos de limão e manga no Cerrado representaram um total de 30% a


41% no período 1975–2015. A participação da manga foi de 20% a 30%. No caso da banana,
41

a área colhida no Cerrado foi a terceira mais expressiva em termos absolutos, porém, em
comparação com o observado em todo o território nacional, a participação foi relativamente
menor do que a do limão e da manga. Não obstante, o Cerrado respondeu por
aproximadamente 12% da área total colhida com banana no Brasil ao longo do período 1975–
2015 (BOLFE et al., 2020).

Bovinocultura

A bovinocultura no Cerrado expandiu 120% no período de 1975-2015 (aumento de 35


milhões de cabeças para 76 milhões de cabeças). Em 1975, o bioma respondeu por 34% do
efetivo bovino nacional. Essa participação cresceu até 1993 quando atingiu o pico de 41%.
Após aquele ano, ela diminuiu gradualmente, porém, estabilizou-se em um nível
relativamente elevado no período 2005–2015, ou seja, em torno de 35% (figura 30) (BOLFE
et al., 2020).

BOLFE (2020) explica que a expansão da pecuária bovina no Cerrado passou por duas
fases distintas durante as quatro últimas décadas. A primeira fase, entre 1975 e 1993, o
rebanho expandiu a uma taxa média anual de crescimento de 3,5%. Em contraste com esse
desempenho, no restante do Brasil, o crescimento do efetivo bovino foi relativamente menor
naquele período (1,8% ao ano). Já na segunda fase, no período de 1994–2015, a taxa média
anual de crescimento do efetivo bovino no Cerrado (0,95%) foi menor do que a registrada nas
demais regiões do País (2,27%).

O crescimento do rebanho bovino ocorrido nos períodos 1975–1993 se devem aos


elevados investimentos realizados pelo governo em infraestrutura de transporte ligando o
Centro-Oeste a centros dinâmicos no Sul e Sudeste do Brasil; a maior disponibilidade de
novas tecnologias desenvolvidas por instituições de pesquisa; e programas de
desenvolvimento regional como o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o
Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer) e o Programa para o Desenvolvimento dos
Cerrados (Polocentro). O Polocentro foi responsável pela incorporação de 2,4 milhões de
hectares à agricultura do Cerrado nos cinco primeiros anos de sua execução, sendo parte dessa
área utilizada para a pecuária (BOLFE et al., 2020).
42

Figura 30. Efeito bovino e participação do Cerrado no rebanho bovino brasileiro em


porcentagem e no período de 1975-2015.

Fonte: IBGE (2018).

A crescente demanda doméstica e internacional por produtos agropecuários juntamente


com a disponibilidade de terras baratas e políticas públicas, como o crédito rural subsidiado, a
política de preços mínimos e a quase isenção total do imposto de renda que incidia sobre o
setor (BINSWANGER,1991), também favoreceram a ampliação de atividades pecuárias e
agrícolas no Cerrado.

Avicultura

O rebanho avícola no Brasil cresceu cerca de 430% entre 1975 e 2015. No Cerrado, a
expansão observada foi de 570% no mesmo período. Em 1975, o efetivo no Cerrado era de 50
milhões de aves (figura 31). Quatro décadas mais tarde, esse número atingiu um pouco mais
de 300 milhões (IBGE, 2018). As principais microrregiões produtoras no Cerrado são Alto
Teles Pires, MT, Uberlândia, MG, Sudoeste de Goiás, GO, Brasília, DF e Divinópolis, MG.
Destaque particular é dado para a microrregião de Alto Teles Pires, MT, onde o seu rebanho
avícola cresceu mais de 1.500 vezes, alcançando 28 milhões de aves em 2015. De fato, essa
região se consolidou como uma das que apresentaram maior dinâmica agrícola no Brasil,
sendo também importante produtora de soja e algodão.
43

Figura 31. Efeito avícola e participação do Cerrado no rebanho avícola brasileiro em


porcentagem e no período de 1975-2015.

Fonte: IBGE (2018).

Um fator que influenciou o crescimento da avicultura no Cerrado, sobretudo em regiões


do Mato Grosso, foi a instalação de estabelecimentos avícolas próximos a áreas produtoras de
milho e farelo de soja, insumos básicos dessa atividade. Os maiores desafios para a expansão
da avicultura nessa região incluem a contratação de mão de obra com experiência, o que pode
ser superado com investimentos em granjas cada vez mais automatizadas (De Zen et al.,
2014).

De acordo com Cenci e Talamini (2006) a região Centro-Oeste apresenta maiores


vantagens comparativas em avicultura do que a região Sul. Portanto, atrai maiores
investimentos para o setor e, consequentemente, gera maior número de empregos e renda.
Essa vantagem decorre, sobretudo, das condições de oferta de grãos na parte central do País,
que se traduz em menores custos de produção. Contudo, como assinalaram esses autores, a
avicultura tem crescido também na região Sul, embora a taxas menores.

Suinocultura

No Brasil, entre o período de 1975 e 2015 o crescimento da suinocultura no país foi de


apenas 6%, enquanto no bioma Cerrado o crescimento foi de 21% (figura 32). Entre outros
elementos, esse desempenho resultou de avanços em produtividade obtidos por meio da
introdução de animais híbridos a partir da década de 1970, da utilização de melhores práticas
de manejo e de programas de genética, nutrição e bem-estar animal (Embrapa, 2018).
44

A suinocultura industrial no Cerrado teve início no sul do Mato Grosso (município de


Rondonópolis) na década de 1990, quando as primeiras granjas tecnificadas foram
construídas. O objetivo inicial era agregar valor aos grãos produzidos na região, contudo,
somente a partir de 1996, com a regulamentação do Programa Granja de Qualidade, foi que a
criação de suínos passou a ter maior desenvolvimento (Rural Centro, 2010). Ainda segundo
Anunciato e Paz (2016) a implantação do Programa Granja de Qualidade em Mato Grosso,
aliada à disponibilidade de matéria-prima para a fabricação de ração, proporcionou um
ambiente de negócios favoráveis ao desenvolvimento da suinocultura.

Figura 32. Efeito suinícola e participação do Cerrado no rebanho brasileiro de suínos em


porcentagem e no período de 1975-2015.

Fonte: IBGE (2018).

Desde o final da década de 2000, vários municípios mato-grossenses, como Lucas do


Rio Verde, Nova Mutum, Tapurah, Campo Novo do Parecis, Sapezal, Vera, Campo Verde,
Primavera do Leste, Sorriso, Campos de Júlio, Itiquira, Trivelato e Tangará da Serra, têm se
destacado na produção de milho e soja. Como resultado, o interesse de empresas vinculadas à
suinocultura em se instalar nesse estado tem aumentado substancialmente (Rural Centro,
2010).

A recente abertura de mercados internacionais para a carne suína de Santa Catarina, que
alcançou o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, deverá gerar benefícios para a
carne suína produzida em outras regiões, especialmente no Cerrado. A carne suína catarinense
deverá ser cada vez mais direcionada para o mercado externo e, por essa razão, a demanda
interna deverá ser suprida por outras regiões (MACHADO, 2018).
45

Assim como em grande parte das atividades agropecuárias, na suinocultura, as novas


tecnologias e ferramentas de gestão surgem em intervalos de tempo cada vez menores,
portanto, agravam os desafios de escassez e qualificação da mão de obra. Associado a isso, os
principais desafios do setor são as crescentes exigências dos consumidores com o bem-estar
animal e a sustentabilidade ambiental (EMBRAPA, 2018).

4. Caracterização dos Níveis de Degradação

O Cerrado brasileiro é popularmente conhecido como “a savana mais rica do planeta”


— apesar de ele apresentar não apenas formações savânicas, mas também campestres e
florestais — e abrange um elevado número de espécies animais e vegetais. Esse bioma, além
disso, também é conhecido como “a caixa d'água do Brasil” por conter nascentes ou abrigar
leitos de alguns dos mais importantes rios brasileiros. No entanto, tal importância não serviu
de justificativa para conter a expansão das práticas humanas sobre o seu espaço natural, e esse
domínio natural foi amplamente devastado ao longo do século XX (Pena, s/d).

Os impactos ambientais causados pela degradação do Cerrado que podem ser citados
são:

a) Aumento das emissões dos gases de efeito estufa;


b) Aumento das queimadas;
c) Extinção de diversas espécies de plantas e animais;
d) Mudanças climáticas (seca);
e) Contaminação dos rios;
f) Contaminação do solo e da água;
g) Erosão;
h) Esgotamento dos recursos naturais.

Esses fatores citados são ocasionados, principalmente, pelo desmatamento para


implantação da agricultura sem controle, fogo e queimadas, crescimento populacional e
ocupação irregular, além do mal uso da água.

4.1. Desmatamento

Originalmente, o Cerrado apresentava uma área superior a 204 milhões de hectares, e


entre 1970 e 1975, o desmatamento médio no Cerrado era de 40.000 km2 ao ano; estudos
feitos em 2002, utilizando imagens do satélite MODIS, mostraram que 55% do Cerrado já
estava desmatado ou transformado pela ação do homem (Machado et al., 2004a).
46

Uma revisão efetuada pelo Centro de Sensoriamento Remoto (CSR/IBAMA, 2009)


mostrou que, até 2008, a área desmatada estava em 975.711 km2. Atualmente, 57% da área
total do Cerrado já foi totalmente degradado, e o restante encontra-se subdividido em áreas
modificadas e fortemente modificadas, o que foi responsável pelo baixíssimo nível de
conservação de suas reservas naturais.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2014), até 2010, uma área de 986.711 km² foi
suprimida ou antropizada no bioma Cerrado, o que corresponde a 47% da área total do bioma.
A cobertura vegetal remanescente é de 1.039.854 km2. Nos Estados, contudo a proporção
entre desmatamento e remanescente varia significativamente. Enquanto o Estado de São
Paulo já desmatou mais de 90% da área original de Cerrado, no Piauí apenas 16,6% foi
desmatado, restando mais de 83% da cobertura de Cerrado original (figura 33).

Figura 33. Área total do bioma e proporções de área desmatada e remanescente em 2010 nos
Estados que compõem o Cerrado.

Fonte: MMA (2014)


47

Em termos absolutos, o Estado que apresenta a maior área convertida é Goiás, com
214.132 km² de área desmatada até 2010, seguido de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul
(Tabela 6).

Tabela 6. Desmatamento e vegetação nativa remanescente nos estados brasileiros que


compõem o bioma Cerrado.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2014), a contribuição relativa dos


estados ao desmatamento no bioma Cerrado muda constantemente. Considerando o
desmatamento até 2002, quatro estados eram responsáveis por mais de 75% do desmatamento
no bioma: Goiás (23%), Minas Gerais (20%), Mato Grosso do Sul (18%) e Mato Grosso
(15%). Entre 2002 e 2008, no entanto, houve um aumento significativo do desmatamento em
alguns estados que até então apresentavam baixos incrementos, tais como: Maranhão,
Tocantins e Bahia. Neste período, a soma da contribuição destes estados foi superior a 40%
do total desmatado no bioma (Figura 34).
48

Figura 34. Contribuição dos estados ao desmatamento e área de vegetação nativa


remanescente do Cerrado.

Além disso, há dados divulgados por ONGs ambientalistas que afirmam que o
processo de desmatamento de suas áreas avança em 1,5% ao ano, o que é considerado um
índice elevado; essa velocidade de desmatamento no Cerrado é similar e, algumas vezes,
muito superior ao desflorestamento na Amazônia (Klink e Moreira, 2002), o que faz alguns
pesquisadores afirmarem que, se assim persistir, o Cerrado poderá desaparecer até 2030 (CI-
Brasil, s/d). As principais causas do desmatamento são a agricultura, a produção de carvão
(carvoarias), as queimadas e, mais recentemente, o crescimento urbano.

4.2. Agricultura

Uma das principais causas da degradação do Cerrado foi a expansão da fronteira


agrícola brasileira, em que as atividades agropecuárias passaram a ocupar em larga escala os
domínios antes pertencentes ao domínio natural em questão. Tal processo foi, em grande
parte, facilitado pelos avanços no que diz respeito às diferentes técnicas de cultivo,
49

notadamente a partir dos processos de correção dos solos ácidos do Cerrado brasileiro, antes
pouco favoráveis à inserção de monoculturas.

Mais da metade do bioma Cerrado já foi transformado em pastagens plantadas


(65.874km2 ou 41,5%) e cultivos (17.985km2 ou 11,3%). Atualmente, as principais ameaças à
biodiversidade no Cerrado estão centradas na expansão da agricultura e da pecuária, que tem
sido efetivada, em geral, mediante a conversão de áreas de cerrado em áreas de agropecuária,
com perda de vegetação originária. Esta expansão da agropecuária tem sido feita com uso
intensivo de agrotóxicos, fertilizantes e corretivos; irrigação sem controle; pisoteio excessivo
de animais; monocultura e cultura em grande escala; uso inadequado de fatores de produção,
traduzido, no caso específico, no emprego de alta tecnologia química e pesada mecanização
(CUNHA et al., 2008).

Mais da metade das pastagens localizadas no Cerrado brasileiro podem estar em algum
estágio de degradação. São 32 milhões de hectares em que a qualidade do pasto está abaixo do
esperado, comprometendo a produtividade e gerando prejuízos econômicos e ambientais. A
pastagem extensiva é a principal fonte alimentar do rebanho brasileiro e contribui para a
competitividade da produção nacional, que tem um dos menores custos no mundo, estimado
em 60% e 50% daquilo que é gasto da Austrália e Estados Unidos, respectivamente. A
degradação tem sido um entrave para o setor e as iniciativas de recuperação encontram
dificuldades de implantação, entre outros motivos, devido à falta de informações atualizadas e
detalhadas sobre a localização dessas áreas. Esses são dados fundamentais para políticas de
recuperação e manejo racional das pastagens (Embrapa, 2014).

Um estudo da Embrapa realizado em 2014 utilizou imagens do satélite Spot Vegetation


e aplicou um coeficiente denominado Slope para identificar a ocorrência de pastagens com
algum processo de degradação. O coeficiente foi utilizado como um ponto de corte ou
referência para a definição de três cenários: muito otimista, otimista e realista. A pesquisa
usou como base os dados do projeto Probio, do Ministério do Meio Ambiente, que contabiliza
um total de 53 milhões de hectares de pastagens plantadas em todo o bioma Cerrado.

No cenário mais otimista, as pastagens consideradas com algum grau de degradação


correspondem a cerca de 12,5 milhões de hectares, ou 24% do total das pastagens plantadas
no Cerrado. No segundo cenário, classificado de otimista, essa área sobe para cerca de 18,4
milhões de hectares – 35%, um valor ainda menor do que aqueles estimados até então por
estudos sobre o tema. Já num cenário considerado mais realista, foram identificados em torno
50

de 32 milhões de hectares de pastagens degradadas, ou 60% das pastagens plantadas no


Cerrado (figura 35) (Embrapa, 2014).

Figura 35. Cenários para ocorrência de pastagens com algum grau de degradação.

Fonte: EMBRAPA (2014).


Em todos os cenários o estudo aponta para uma concentração da ocorrência de
pastagens degradadas. Cerca de 80% dos locais em degradação foram encontrados nos
Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, que são justamente
aqueles com as maiores extensões de áreas ocupadas por pastagem. O mapeamento pode
auxiliar, por exemplo, no direcionamento de recursos e na orientação de iniciativas de
recuperação em regiões prioritárias (Embrapa, 2014).

Essas áreas prioritárias para a aplicação de medidas/práticas de conservação e de


regeneração são determinadas, além do grau de degradação, por outros fatores, como a
infraestrutura, ecossistemas, insubstituibilidade, inventário biológico, dentre outros. Dessa
forma, elas foram divididas em três níveis de prioridade: alta, muito alta e extremamente alta.
A tabela 7 mostra que 25% das áreas com alta prioridade foras desmatadas até 2010 e a
densidade de focos de calor em 2012 foi 30% superior em relação à média 2003-2012. As
áreas com prioridade muito alta detêm quase 38% de sua área desmatada e mais de 30% das
áreas com prioridade extremamente alta foram desmatadas até 2010 (MMA, 2014).
51

Tabela 7. Desmatamento até 2010 absoluto e relativo e densidade anual de focos de calor
entre 2003 e 2012 e em 2012 por nível de prioridade para a conservação do Cerrado

Fonte: Ministério do Meio Ambiente – MMA (2014).

É importante salientar que os graus de degradação das regiões do Cerrado se associam,


principalmente, a intensidade da exploração agropecuária. Um trabalho realizado por Cunha
et al., (2008) demonstra que o nível de degradação global no Cerrado pode ser dividido em
microrregiões do núcleo do Cerrado, onde o estado de Minas Gerais foi o que apresentou
maior média do índice (0,376), seguido de Mato Grosso (0,330), enquanto os menores valores
médios dos índices foram em Tocantins (0,168), Piauí (0,189) e Maranhão (0,214). Minas
Gerais foi o estado que concentrou maior proporção de microrregiões (50%), ou seja, metade
delas com elevada intensidade de exploração agropecuária e, portanto, maior degradação no
núcleo do Cerrado.

As microrregiões de Tocantins lideraram o ranking das menos degradadas, expressaram


os menores níveis de degradação e todas posicionadas no último estrato (1), sendo, portanto,
menos críticas à questão ambiental. Piauí e Maranhão também se posicionaram em patamares
inferiores de degradação; os resultados podem ser justificados pelo fato de que esses estados
representam a mais nova fronteira agrícola de ocupação; portanto, ainda com pouca
intensidade de exploração agropecuária, e, consequentemente menor degradação (MMA,
2014).

4.3. Fogo e queimadas

As queimadas são muito utilizadas no bioma, seja para estimular a rebrota das
pastagens, seja para abrir ou “limpar” áreas para o plantio (queimadas culturais). Mesmo que
o Cerrado seja considerado adaptado ao fogo, estas práticas causam prejuízos ao solo (perda
de nutrientes, compactação e erosão) e a todo o ambiente. Se não efetuadas com os cuidados
necessários, as queimadas podem atingir áreas maiores, naturais ou não. Por outro lado,
eliminar totalmente o fogo, também pode causar danos. Se o material de fácil combustão se
acumular, uma eventual queima na época de seca pode ocasionar temperaturas muito mais
elevadas, as quais são prejudiciais à flora e à fauna do solo (Klink e Moreira, 2002),
retardando ou impedindo sua recomposição.
52

Ademais, as queimadas acidentais, provocadas pelo acendimento de fogueiras ou por


apenas um descarte inadequado de bitucas de cigarro, e as queimadas criminosas, feitas por
caçadores ou revoltosos para a destruição de refúgios naturais e/ou áreas de preservação, têm
se demonstrado como algo recorrente no bioma. Essa prática, juntamente com o
desmatamento, promove a redução da biodiversidade, onde espécies vegetais e animais,
como, neste, a onça-pintada, o lobo-guará, o veado e o tamanduá-bandeira, por exemplo, tem
sua população drasticamente reduzida, ocasionando o desequilíbrio ambiental.

De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente no ano de 2014,
com relação à frequência de focos de calor entre 2010 e 2012, observa-se que os municípios
com incidência de focos de calor superior a 300 focos/ano, demonstrados na cor marrom claro
(figura 36), concentram-se na região norte do bioma.

Figura 36. Focos de calor nos municípios do Cerrado em 2010 (7A), 2011 (7B) e 2012 (7C) e
proporção de focos de calor que em área de Cerrado remanescente por município.

Fonte: MMA (2014).


53

Os municípios onde os incêndios têm ocorrido com maior frequência no Cerrado


apresentam grandes áreas de vegetação remanescente e, na maioria dos casos, os incêndios
concentram-se em suas frações de vegetação nativa. Na Figura 36–D, demonstra-se a
proporção de focos de calor que incidiu sobre a vegetação nativa remanescente do município.
Municípios esverdeados apresentaram maior proporção de focos de calor em áreas
desmatadas, enquanto nos municípios avermelhados a maioria dos focos de calor foi detectada
em vegetação nativa.

4.4. Crescimento populacional e ocupação irregular

Apesar das áreas urbanas ocuparem pouco menos de 2% do Cerrado (Klinke Moreira,
2005), seus danos ambientais podem ser muito significativos. A transformação deste Bioma
foi e, continua sendo, muito rápida. Sua população acresceu muito nos últimos 50 anos e, na
maior parte dos casos, ocupou o território de forma desordenada. Os problemas mais comuns
são poluição d’água, redução da quantidade e qualidade da água para abastecimento,
degradação dos solos e, consequentemente, perda da qualidade ambiental. A caça também é
preocupante, tanto em áreas rurais como em áreas naturais próximas de centros urbanos. Seja
por necessidade ou para o tráfico, a coleta de espécies da fauna e da flora é muito efetuada e
tem reduzido populações de algumas espécies silvestres, podendo desequilibrar os processos
naturais ou mesmo causar a extinção local de algumas delas.

4.5. Uso da água

O Bioma Cerrado é considerado o “berço das águas” e fornece água para outras regiões
brasileiras. Entretanto, estudos e modelos de simulação ecológica têm demonstrado que
alterações na cobertura vegetal do Cerrado modificam a hidrologia e afetam a dinâmica e os
estoques de carbono no ambiente (Klink e Moreira, 2005). O uso de água nos sistemas
humanos para irrigar cultivos e abastecer cidades e indústrias é enorme, além de,
normalmente, acompanhado de altos índices de desperdício. A forma de utilização da água
subterrânea, geralmente empírica, improvisada e sem controle, também normalmente acarreta
problemas, como poluição, interferência entre poços, impactos em áreas encharcadas e
redução dos fluxos em rios, fontes e nascentes.

Os recursos hídricos do bioma Cerrado merecem atenção especial, considerando a


elevada densidade de drenagem e a estreita interação entre os ecossistemas e a disponibilidade
de água nos diferentes ambientes que formam o Bioma. Segundo o Ministério do Meio
Ambiente (2008), tendo o Planalto Central como principal divisor de águas, o Cerrado é
54

drenado por quatro grandes bacias ou regiões hidrográficas que distribuem as águas
superficiais para os outros biomas adjacentes. Ao norte e noroeste, a bacia do Tocantins e a
bacia Amazônica, que drenam respectivamente 29% e 8% da superfície do bioma, adentram o
bioma Amazônia; ao leste, a região hidrográfica do Atlântico-Nordeste drena 33% do bioma,
alimentando importantes rios dos biomas Caatinga e Mata Atlântica, tais como os rios São
Francisco e Parnaíba; ao sul, a bacia do rio Paraguai drena 30% do Cerrado, levando suas
águas aos biomas Mata Atlântica e Pampa, através dos rios Paraná e Paraguai.

Segundo a figura 37, é possível visualizar que a fração da bacia do Paraguai que drena o
Cerrado detém 76% de sua área desmatada. A densidade média de focos de calor foi de 1,8
focos/ha/ano entre 2003 e 2012. Em 2012, a densidade foi reduzida para 0,9 focos/ha/ano.
Tanto a bacia Amazônica quanto a do Tocantins apresentaram 41% da superfície que drena o
Cerrado desmatada. A região hidrográfica do Atlântico Nordeste tem a menor área desmatada
(37%). Por outro lado, apresenta a maior densidade média de focos de calor (6,2
focos/ha/ano), que aumentou em 2012 para 7,1 focos/ha/ano (MMA, 2008).

Figura 37. Percentual de área remanescente (verde) e desmatada (rosa) até 2010 por bacia
hidrográfica e densidade de focos de calor média no período 2003-2012 (azul) e em 2012
(vermelho

Fonte: MMA (2014).


Dentre esses tópicos citados, a degradação do bioma apresenta ligação direta
principalmente com o desmatamento para ocupação agropecuária.

5. Práticas Mais Utilizadas para a Recuperação de Áreas Degradadas

O predomínio do interesse econômico sobre a conservação do meio ambiente provoca


como consequência imediata a degradação ambiental, através da perda da camada de solo
agrícola e a redução da população de diversas espécies de plantas e de animais, além dos
efeitos indiretos sobre o clima e a população humana (OLIMPIO e MONTEIRO, 2005).

Segundo o portal da empresa Dinâmica Ambiental (2017), apesar de seu tamanho e


importância, o Cerrado é um dos biomas menos protegidos atualmente, além de ser o que
mais sofre com as alterações ambientais causadas pelas ações humanas. Desmatamento, caça
ilegal, queimadas e atividades econômicas (como garimpo, monocultura, agricultura e
55

pecuária), pontos citados anteriormente, estão entre os principais causadores da degradação do


Cerrado; esse processo de degradação do bioma coloca em risco não apenas a fauna e a flora,
mas também os recursos hídricos e naturais da região.

Nos últimos anos, ações coordenadas pelo Ministério do Meio Ambiente e algumas
organizações ambientais vêm trabalhando para conservar as áreas do Cerrado, fazendo-se
respeitar os termos, já bastante limitados, do Código Florestal brasileiro. O Cerrado tem hoje
sua conservação amparada pela legislação ambiental vigente, seja como Áreas de Preservação
Permanente, seja nas áreas de Reserva Legal estabelecidas pelo Código Florestal, como dito
anteriormente. Dentro dessas áreas, a vegetação natural deve ser mantida e, caso tenha sido
desmatada ilegalmente, precisa ser recuperada (DURIGAN et al., 2011).

Monitora-se também o avanço do desmatamento através do Plano de Ação de


Prevenção e Controle do Desmatamento no Bioma do Cerrado (PPCerrado). No entanto,
ainda há muito o que avançar, pois as Unidades de Conservação são apenas 0,85% das áreas
desse domínio e, mesmo elas, sofrem com a pressão de ruralistas e agro negociantes que
buscam expandir suas áreas de cultivo.

5.1. PPCerrado

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, no que diz respeito ao bioma Cerrado,
a meta fixada na 15ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima (UNFCCC) é de reduzir em 40% os índices anuais de desmatamento em
relação à média verificada entre os anos de 1999 e 2008. Dessa forma o PPCerrado, cuja
elaboração tomou por base a experiência exitosa do PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção
e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), contou com ações nos seguintes eixos
durante suas duas primeiras fases de execução:

a) Fomento às atividades sustentáveis: Pretende estimular aquelas atividades que levam à


transição para um modelo de desenvolvimento sustentável, tendo como base a
manutenção e a melhoria dos teores de matéria orgânica no solo, a diversificação das
atividades econômicas na propriedade e o respeito às especificidades locais e regionais;
b) Monitoramento e Controle: Contém ações de fiscalização ambiental, criação e
aprimoramento dos sistemas de monitoramento da cobertura vegetal e detecção do
desmatamento em tempo real;
c) Áreas protegidas e ordenamento territorial: Pretende favorecer o planejamento do
território, com o objetivo de promover a ocupação e o uso da terra de forma sustentável.
56

Isso inclui a criação e consolidação de Unidades de Conservação, a demarcação e


homologação de Terras Indígenas, o planejamento do uso dos recursos hídricos e a
elaboração do Macrozoneamento Ecológico-Econômico do bioma, além de estimular os
estados a conduzirem planejamento semelhante na escala local.

Com o início da aplicação do programa, durante sua primeira fase, já foi possível
observar a redução do desmatamento ao longo dos anos de 2008 a 2011 (figura 38). É no
Cerrado, dentre todos os biomas brasileiros, que se configura mais emblematicamente o
desafio de conciliar o binômio produção/proteção ambiental, tendo em vista seu regime
jurídico de proteção (percentual de reserva legal de 20%) e a grande demanda por ocupação
de suas terras, particularmente pela agropecuária (MMA, 2018).

Figura 38. Redução do desmatamento com a implantação do PPCerrado e perspectivas


futuras.

Fonte: MMA (2018).

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2014), a segunda fase do Programa,


com Plano Operativo entre 2014 e 2015, fomenta algumas atividades produtivas sustentáveis
visando a recuperação de áreas degradadas do Cerrado com a utilização de técnicas e práticas
sobre esse bioma, como:

a) Implantação de florestas plantadas como meio de reduzir a pressão sobre a vegetação


nativa do Cerrado, uma vez que há um grande déficit de madeira plantada no Brasil, o
57

que gera uma forte pressão sobre a vegetação nativa para o atendimento da demanda.
Como meio de reduzir o desmatamento da vegetação remanescente do Cerrado, as ações
propostas buscam principalmente incentivar o plantio de florestas em áreas já abertas
visando à substituição do carvão oriundo da vegetação remanescente pelo carvão de
florestas plantadas. Além disso, pretende-se avançar nos estudos sobre o potencial das
espécies nativas para a formação de povoamentos, ou para estabelecer o Manejo Florestal
Sustentável para produção de carvão vegetal;
b) Manejo florestal de espécies nativas, visando aprimorar o manejo madeireiro e não
madeireiro para a valorização da flora, biodiversidade e conservação, principalmente com
a implantação de SAF’s;
c) Aumento da adoção de sistemas e práticas sustentáveis de produção agropecuária em
áreas subutilizadas, degradadas e abandonadas, a fim de reverter a degradação dos solos
para garantir a produtividade e a viabilidade econômica da produção, aumentando a sua
rentabilidade e a qualidade de vida do produtor rural, além de reduzir a abertura de novas
áreas com vegetação remanescente, aumentando assim a área de pastagens recuperada;
d) Ampliação e qualificação da assistência técnica e extensão rural em modelos extrativistas
de produção sustentáveis, capacitando produtores rurais e técnicos em alternativas ao uso
do fogo e transferindo tecnologias relacionadas aos modelos produtivos sustentáveis da
agropecuária.
e) Implementação de arranjos produtivos locais (APL’s) para o aumento do consumo e
valorização dos produtos da sociobiodiversidade do Cerrado;
f) Recuperação de áreas degradadas em reserva legal e área de preservação permanente
visando a restauração das características originais e das funções ecológicas do Cerrado,
que desempenham papel importante tanto para a manutenção da biodiversidade da flora e
fauna, como para a conservação dos recursos hídricos, interferindo diretamente no regime
de chuvas da região e, consequentemente, na quantidade e qualidade de água;
g) Implementação de ações de manejo integrado e adaptativo do fogo, considerando sua
importância ecológica, social e econômica, com o objetivo de controlar queimadas e
prevenir e combater os incêndios florestais, numa perspectiva de constante
monitoramento, avaliação e adaptação;
h) Criação e consolidação de áreas protegidas (UC e TI) para a conservação da
sociobiodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais. Essa prática tem como foco a
implementação do mosaico do Jalapão e ampliação de Unidades de Conservação, como a
Serra do Cipó e a Chapada dos Veadeiros.
58

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a terceira fase do Plano Operativo do


PCCerrado, que condiz aos anos de 2016 a 2020, dispõe também de algumas atividades com
relação à recuperação de áreas degradadas, como o aumento do percentual da área protegida
do bioma por Unidades de Conservação; redução da área atingida por incêndios florestais;
aprimoramento e fortalecimento do monitoramento da cobertura vegetal; promoção do
manejo florestal sustentável; criação de instrumentos para controle do desmatamento ilegal,
entre outros.

5.2. Instrumentos do código florestal para a gestão ambiental e rural sustentável

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2014), a implementação das novas


regras da Lei nº 12.651/2012, conhecida como o novo Código Florestal, é um dos caminhos
para conciliar produção com proteção. Entre os instrumentos de gestão florestal dos imóveis
rurais, destacam-se: Cadastro Ambiental Rural (CAR), Programa de Regularização Ambiental
(PRA) e a Cota de Reserva Ambiental (CRA).

Com o CAR os órgãos ambientais federais e estaduais terão um instrumento de


planejamento das políticas, em virtude do maior conhecimento da situação dos remanescentes
florestais, além de um instrumento para distinguir desmatamento legal e ilegal; os PRAs têm
como objetivo regularizar os imóveis rurais em relação às situações consolidadas até 22 de
julho de 2008 nas áreas de reserva legal e de preservação permanente. Cumpridas as
obrigações estabelecidas no PRA ou no termo de compromisso para a regularização
ambiental, as multas serão consideradas como convertidas em serviços de preservação,
melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente (MMA, 2014).

A CRA aplica-se para o caso do proprietário ou possuidor de imóvel com reserva legal
conservada e inscrita no CAR, cuja área seja superior ao mínimo exigido pela Lei nº
12.651/2012 (no caso do Cerrado, de 20%5) que terá a faculdade de usar essa área excedente
para constituir servidão ambiental e Cota de Reserva Ambiental. Com a CRA, espera-se que
haja um incentivo à manutenção de áreas nativas excedentes, criando condições para
conservação de importantes fragmentos nos biomas brasileiros (MMA, 2014).

Um outro instrumento importante preconizado no Art. 40 do Código Florestal é o


estabelecimento, pelo Governo Federal, de uma Política Nacional de Manejo e Controle de
Queimadas, Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais. No caso do Cerrado, o fogo,
apesar de ser elemento histórico ligado à formação e adaptação do Bioma, vem sendo
utilizado de modo inadequado. Assim, o objetivo de estabelecer uma política nacional sobre
59

incêndios florestais é reduzir os danos ambientais (perda de biodiversidade e emissão de gases


de efeito estufa, por exemplo) e socioeconômicos advindos desses eventos. Assim, a Política
pretende promover a articulação interinstitucional com vistas ao manejo integrado e
adaptativo do fogo, incluindo ações de substituição gradativa do uso do fogo no meio rural, de
controle de queimadas, de prevenção e de combate aos incêndios florestais (MMA, 2014).

5.3. Recuperação da vegetação do Cerrado

De acordo com Durigan et al. (2011), para a recuperação da cobertura vegetal antes
degradada do Cerrado, algumas técnicas são utilizadas, como a Regeneração natural,
utilizada em todas as situações nas quais o solo e a vegetação de cerrado foram submetidos a
baixo impacto e há árvores e arbustos em regeneração com densidade e diversidade
suficientes; nesse caso, basta que sejam eliminados os agentes de perturbação, como espécies
invasoras. Essa prática é utilizada em pastagens de baixa tecnologia, áreas reflorestadas com
espécies exóticas, áreas exploradas para produção de lenha e carvão e áreas de corte ou
“empréstimo” para abertura de estradas ou retirada de terra para obras diversas.

Nas situações em que o impacto foi um pouco mais intenso ou persistiu por tempo mais
longo, é comum encontrar plantas de cerrado em regeneração, mas com baixa densidade ou
com a presença de um número muito restrito de espécies. Nesses casos usa-se o plantio de
enriquecimento, para acelerar a recobertura do terreno e aumentar a diversidade. Os
exemplos mais comuns desta situação são pastagens utilizadas por longos períodos, roçadas
e/ou queimadas com frequência que o plantio aumente a densidade e o número de espécies em
até 2 mil plantas lenhosas (árvores e arbustos) por hectare, do maior número de espécies
possível (DURIGAN et al., 2011).

Áreas de cerrado onde o solo tenha sido revolvido muitas vezes e alterado
quimicamente por corretivos e fertilizantes geralmente não apresentam potencial de
regeneração natural. Nessas áreas, a única técnica recomendável é o plantio de espécies de
cerrado, sejam árvores, arbustos e plantas ainda menores.

Algumas técnicas também são indicadas quanto à recuperação da vegetação em áreas


degradadas do bioma Cerrado, como pode-se observar no Quadro 1.
60

Quadro 1. Técnicas recomendadas para recuperação da vegetação em áreas degradadas de


Cerrado mediante diferentes processos de perturbação.

Fonte: Durigan et al., 2011


A CI-Brasil (2019) também demonstrou que boas práticas agrícolas auxiliaram na
redução do desmatamento de remanescentes de Cerrado na região do Matopiba: em 2019,
1.788 hectares de área degradada entraram em recuperação através do uso de tecnologias de
agricultura de baixa emissão de carbono. Apoio a Embrapa permitiu que 20 fazendas tivessem
o aumento de 40% de sua produtividade, redução de custos, sem abertura de novas áreas de
vegetação nativa.
61

5.4. Plantio direto e sistemas consorciados

O atual avanço da fronteira agrícola ao norte do Bioma traz o desafio de continuar


produzindo e, paralelamente, aumentar a eficiência do uso dos recursos naturais, mudando o
paradigma de ocupação das décadas passadas. Por essa razão, as novas frentes da
agropecuária no Cerrado exigem que áreas críticas e sensíveis do ponto de vista ambiental
sejam conservadas, tanto no que se refere à biodiversidade quanto aos recursos hídricos e
territórios de populações tradicionais (Ministério do Meio Ambiente, 2014).

A introdução de modelos produtivos mais sustentáveis é uma das alternativas para


conciliar produção e proteção no bioma Cerrado. Um desses modelos sustentáveis, que
conserva o solo e reduz a erosão, é o plantio direto. Segundo dados do MAPA, o plantio
direto já atinge uma área de 27,8 milhões de hectares, o que equivale a aproximadamente um
terço da área plantada com lavouras temporárias. Em virtude de seus benefícios para a
conservação do solo e dos recursos hídricos, um dos objetivos do MAPA é a expansão do uso
dessa tecnologia nas áreas com agricultura, particularmente por meio do Plano de Agricultura
de Baixa Emissão de Carbono – ABC (BRASIL, 2012), que faz parte das ações do
PPCerrado.

Além do plantio direto, outras tecnologias serão difundidas por meio do ABC, como é o
caso do sistema consorciado ILP e ILPF, ou Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Destaca-
se que a inserção do componente florestal na paisagem agrícola será de grande importância
em virtude da crescente demanda de biomassa, particularmente de carvão vegetal para a
indústria siderúrgica, reduzindo assim a pressão sobre os remanescentes de Cerrado para
suprir essa crescente demanda.

Segundo Vilela et al. (2012), o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) mostra-se


como alternativa para reverter a degradação de pastagens, melhorando a qualidade do solo e o
teor de matéria orgânica, promovendo aumento da produtividade e outros benefícios ao
ambiente.

5.5. Experiências em recuperação

A Embrapa, através do Código Florestal, disseminou algumas experiências em


recuperação de áreas degradadas em diferentes biomas. No cerrado, algumas técnicas já foram
utilizadas com êxito no que diz respeito à promoção dessa recuperação. Miccolis et al., (2016)
utilizaram da Agrofloresta Biodiversa para a restauração de Área de Preservação Permanente
(APP) no Cerrado com o uso de espécies ornamentais, medicinais e alimentícias dispostas de
62

maneira alternada; Oliveira (2006) utilizou de plantio de espécies nativas e uso de poleiros
artificiais para restaurar uma área perturbada no Cerrado; Durigan et al., (2004) utilizaram
plantio de enriquecimento em Linhas em uma área de Cerradão em São Paulo com espécies
nativas, entre outros. As Agroflorestas se mostram uma técnica importante para a proteção,
restauração e recuperação de áreas degradadas no bioma.

Outra técnica já comentada anteriormente apresenta exemplos de sucesso em seu uso.


Sampaio et al., (2015) utilizaram a semeadura direta com o plantio em área total para
restaurar o estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo de campos e savanas, onde após o primeiro
ano, a cobertura do solo com espécies nativas alcançou mais de 40% do espaço para
restauração.

6. Dados de Desmatamento no Cerrado

No Cerrado, a preocupação com o avanço do desmatamento permanece na porção norte


do bioma, onde estão concentrados os maiores fragmentos de vegetação natural
remanescentes. As áreas mais desmatadas, durante o ano de 2019, ocorrem especialmente na
região conhecida como Matopiba (fronteira agrícola do bioma Cerrado compreendida pelos
estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) (figura 39).
63

Figura 39. Desmatamento acumulado no bioma Cerrado até o ano de 2019.

Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.

Em termos gerais, a dinâmica do desmatamento em 2019 não diferiu da observada em


2018, com algumas pequenas variações entre os estados. Os quatro estados que mais
contribuíram para o desmatamento no Cerrado em 2019 foram: Tocantins (23%, ou 1.495
km²), Maranhão (20%, ou 1.309 km²), Mato Grosso (14%, ou 931 km²) e Bahia (13%, ou 832
km²) (figura 40).
64

Figura 40. Desmatamento no Cerrado, por estado, para o ano de 2019.

Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.

A análise da dinâmica do desmatamento para o ano de 2019 (Prodes Cerrado) mostra


que, com exceção do Distrito Federal e dos estados do Paraná e de Rondônia, a maior
concentração de áreas desmatadas está na categoria Áreas Privadas ou Sem Informações, que
são as categorias predominantes neste bioma. O número e a área coberta por assentamentos,
unidades de conservação e terras indígenas são bem menores no Cerrado, se comparado à
Amazônia. Além disto, as glebas federais incluídas nesta análise são apenas aquelas que estão
localizadas nos estados que compõem a Amazônia Legal, Mato Grosso, parte do Maranhão e
Tocantins, já que não há dados disponíveis para os demais estados.

A distribuição do desmatamento no Cerrado, de acordo com as categorias fundiárias,


mostra que a dinâmica nesse bioma é mais homogênea entre elas, havendo maior
concentração do desmatamento em áreas privadas ou sem informação, nas quais se localizam
os imóveis rurais e demais áreas que não foram enquadradas nas outras categorias (tabela 8).
65

Tabela 8. Desmatamento nas categorias fundiárias por Estado no ano de 2019.


Área Contribuição
Terra Unidades de
Estado Assentamento Glebas Privada/Sem do Estado
Indígena Conservação
informação (km2)
BA 0% 26% 3% 0% 72% 832
DF 0% 95% 0% 0% 5% 2
GO 0% 7% 6% 0% 87% 651
MA 2% 3% 6% 2% 87% 1.309
MT 1% 6% 9% 6% 78% 931
MS 1% 0% 1% 0% 98% 294
MG 0% 1% 5% 0% 93% 496
PR 0% 26% 0% 0% 74% 1
PI 0% 0% 1% 0% 99% 463
RO 0% 0% 0% 99% 1% 0,24
SP 0% 6% 0% 0% 94% 6
TO 0% 10% 3% 7% 80% 1.495
Contribuição da
1% 8% 5% 3% 84% 6.484
Categoria (%)
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.

Exceção se faz para o estado de Rondônia e para o Distrito Federal. No primeiro caso,
as maiores taxas foram observadas em glebas federais, enquanto para o Distrito Federal o
maior percentual foi em unidades de conservação. Isso se deve, em parte, ao fato de que o
território do Distrito Federal está inserido predominantemente em Área de Proteção
Ambiental, cujas características permitem áreas de domínio privado.

A análise da distribuição do desmatamento por estados deve considerar também a


diferença do regime de proteção legal entre Amazônia e Cerrado. Para propriedades rurais
inseridas no bioma Cerrado, a área de Reserva Legal mínima a ser mantida é de 20%,
enquanto no bioma Amazônia a Reserva Legal é de 80%. Para as propriedades que estão
compreendidas dentro dos limites do bioma e da Amazônia Legal, a área mínima de Reserva
Legal sobe para 35%. Portanto, é de se esperar um maior desmatamento em áreas privadas do
Cerrado, em especial em propriedades que estão fora dos limites da Amazônia Legal. Na
tabela 9 constam os dez municípios com maior desmatamento no ano de 2019.
66

Tabela 9. Histórico dos 10 municípios com maior desmatamento no ano de 2019 no Cerrado.
Desmatament
Desmatamento anual (km2)
o no Período
Município UF Situação 2016 2017 2018 2019 Soma
Formosa do Rio
BA Prioritário 79,51 73,83 78,85 213,8 232,19
Preto
Correntina BA Prioritário 86,35 98,66 61,9 119,78 246,91
Balsas MA Prioritário 110,6 118,05 98,28 108,69 326,92
Uruçuí PI Prioritário 63,57 135,17 80,54 85,88 279,28
Cocalinho MT Prioritário 84,45 86,24 42,82 82,08 213,52
Santa Rita de Cássia BA 72,95 32,79 48,61 77,51 154,34
Baixa Grande do
PI Prioritário 133,34 48,48 47,7 72,04 229,52
Ribeiro
Paranâ TO Prioritário 31,72 47,47 65,36 68,45 144,57
Rosário Oeste MT Prioritário 56,94 37,6 57,29 66,19 151,84
Jaborandi BA Prioritário 51,83 89,79 82,57 63,58 224,19
Total dos 10 mais desmatados em 2019 771 768 664 958
Total desmatado no Cerrado 6777 7408 6657 6484
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.

Esses dez municípios são responsáveis por 15% de todo o desmatamento que ocorreu no
Cerrado no ano de 2019 (Prodes Cerrado 2019). Estes municípios, com exceção de Baixa
Grande do Ribeira (PI), integram a lista de municípios prioritários para o Cerrado e, em sua
maioria, estão localizados na região do Matopiba. A exceção se faz para Cocalinho e Rosário
do Oeste, ambos localizados no Mato Grosso.

As terras indígenas correspondem a apenas 1% do desmatamento registrado para o ano


de 2019, concentrado em poucas Terras Indígenas. As dez terras indígenas mais desmatadas
equivalem a 87% do desmatamento nesta categoria, refletindo a alta concentração do
desmatamento em poucas áreas, sendo que as 3 mais desmatadas no ano de 2019, somam
mais da metade do desmatamento na categoria (58%). É importante mencionar que o
desmatamento nesta categoria, em 2019, foi 33% inferior ao ano de 2018. (Tabela 10).
67

Tabela 10. Histórico das 10 terras indígenas com maior desmatamento no ano de 2019.
Desmatamento
Desmatamento Anual (km2)
no Período
Terra Indígena UF 2016 2017 2018 2019 Soma
Porquinhos dos Canela-
MA 3,37 22,25 10,92 12,48 49,02
Apãnjekra
Bacurizinho MA 16,55 8,62 9,71 7,25 42,13
Krikati MA 0,63 0,89 2,16 4,29 7,97
Wedez MT 0,0 5,6 5,26 3,71 14,57
Menku MT 0,0 0,0 0,0 2,89 2,89
KadiwJu MS 0,2 0,16 0,39 1,24 1,99
Taego TO 0,83 0,25 0,44 1,22 2,75
Kanela Memortumré MA 1,22 1,15 1,01 1,13 4,51
Cana Brava/Guajajara MA 0,36 0,07 0,16 1,05 1,64
Kanela MA 0,08 0,12 0,06 0,87 1,13
Total dos 10 mais desmatados em
23,24 39,12 30,1 36,14
2019
Total no ano (TI) 27,04 45,66 62,47 41,59
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.

As unidades de conservação respondem por 8% do desmatamento registrado para o ano


de 2019. As dez unidades de conservação mais desmatadas somam apenas 2% do
desmatamento nesta categoria, refletindo uma dispersão do desmatamento nas unidades de
conservação no Cerrado. Houve aumento de 6% na taxa de desmatamento entre os anos de
2018 e 2019. (tabela 11).
68

Tabela 11. Histórico das 10 unidades de Conservação com maior desmatamento em 2018.
Desmatamento
Desmatamento Anual (km2)
no Período
Unidade de Conservação UF 2016 2017 2018 2019 Soma
Monumento Natural das Árvores
TO 1,0 0,55 2,13 1,02 4,7
Fossilizadas
Parna dos Lençóis Maranhenses MA 0,23 0,02 0,47 0,64 1,39
Parna da Chapada dos Veadeiros GO 0,05 0,66 0,31 0,65 1,66
Parna da Serra da Bodoqueina MS 0,0 0,03 0,0 0,53 0,56
Parna da Serra da Canastra MG 0,21 0,54 0,47 0,5 1,71
Resex Lago do Cedro GO 0,0 0,05 1,37 0,48 1,9
Parque Nacional da Chapada das
MA 1,69 0,85 0,41 0,36 3,31
Mesas
Flona de Cristcpolis BA 0,24 0,05 2,48 0,35 3,11
Resex Chapada Limpa MA 0,44 0,5 0,73 0,33 2,0
Parque Estadual de Terra Ronca GO 0,0 0,02 0,14 0,29 0,46
Total dos 10 mais desmatados em 2018 3,87 3,25 8,5 5,17
Total no ano (UC) 436,11 363,73 488,88 517,2
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.

Os assentamentos correspondem a 4% do desmatamento registrado para o ano de 2019.


Os dez assentamentos mais desmatados somam 20% do desmatamento nesta categoria, sendo
que os 5 mais desmatados no ano de 2019, somam 13% do desmatamento na categoria. A taxa
de desmatamento diminuiu em 20% no ano de 2019 em relação ao ano de 2018. (Tabela 12).

Tabela 12. Histórico dos 10 Assentamentos com maior desmatamento no ano de 2019.
Desmatamento
Desmatamento Anual (km2)
no Período
Unidade de Conservação UF 2016 2017 2018 2019 Soma
PA Macife MT 12,07 10,46 11,85 10,48 44,86
PA Santo Antônio da Mata Azul MT 8,03 6,84 7,04 8,63 30,54
PA Santa Rita BA 7,78 6,32 4,72 7,33 26,14
PA Jambeiro MG 0,15 0,38 0,5 6,21 7,24
PIC – Barra do Corda MA 5,94 4,06 1,93 6,05 17,97
PA Primorosa MT 5,11 3,83 3,28 4,51 16,73
PA São Judas Tadeu TO 1,27 3,62 6,06 4,33 15,28
PE Belaguá MA 2,5 3,49 3,71 4,33 14,02
PA Oziel Alves Pereira GO 4,96 2,57 3,36 4,02 14,9
PA Angical I BA 6,16 4,15 5,16 3,93 19,4
Total dos 10 mais desmatados em
45,75 46,33 56,25 56,25
2018
Total no ano (Assentamento) 318,38 349,91 377,59 300,22
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.
69

As glebas públicas federais respondem por 3% do desmatamento registrado para o ano


de 2019. Sendo que as áreas analisadas nesta categoria cobrem apenas os estados que fazem
parte da Amazônia Legal (Maranhão, Mato Grosso e Tocantins). As dez glebas mais
desmatadas somam 33% do desmatamento nesta categoria, sendo que as 5 mais desmatadas
no ano de 2019, somam 21% do desmatamento na categoria. Nota-se uma redução em 20% na
taxa de desmatamento entre 2018 e 2019. (Tabela 13).

Tabela 13. Histórico das 10 Glebas Federais com maior desmatamento no ano de 2019.
Desmatamento
Desmatamento Anual (km2)
no Período
Gleba UF 2016 2017 2018 2019 Soma
Maior TO 7,38 11,32 20,64 10,99 50,33
Rio Novo MT 0,0 0,0 4,84 8,25 13,09
Data São João das
MA 4,93 9,1 14,77 7,33 36,12
Chagas
Anajá TO 19,93 15,62 6,94 7,09 49,57
Formiga MT 0,02 1,32 0,08 6,43 7,85
Serra do Taquaruçu TO 1,13 3,36 2,24 6,15 12,88
Data Montevidéu MA 4,61 6,35 7,81 5,75 24,52
Juruena – I MT 28,54 3,8 3,46 4,52 40,32
Sucuruina I – A MT 6,08 0,15 0,02 3,44 9,69
Riachinho MA 1,01 0,98 0,83 3,41 6,23
Total dos 10 mais desmatados em 2018 73,63 52 61,62 63,37
Total no ano (Glebas) 336,98 297,47 243,4 194,31
Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.

Em 2019, o desmatamento observado para o Cerrado, de 6.484 km2, se manteve inferior


a 2018, quando foi registrada uma perda de 6.657km² de vegetação nativa (Prodes
Cerrado/INPE). Este dado superou a meta de redução de 40% em relação à média dos anos de
1999 a 2008, estipulada pela Política Nacional de Mudança do Clima (PNMC) para o
Cerrado. Visando atender ao Decreto n°7.390/2010, que regulamentam a Política Nacional
sobre Mudança do Clima (PNMC), na figura 41 representa a meta de redução de
Desmatamento no Cerrado.
70

Tabela 41. Meta de Redução de Desmatamento no Bioma Cerrado até o ano de 2020.

Fonte: Elaborado pelo MMA, com base nos dados dos Prodes Cerrado/ Inpe, 2019.

7. Dados de Reflorestamento, Regeneração e Recuperação de Áreas no Cerrado

7.1. Reflorestamento

Em literatura e sistemas de monitoramento disponíveis ao público são escassos os dados


encontrados a respeito dos números de reflorestamento das áreas que compreendem o bioma
Cerrado. Todavia, abaixo, estarão dispostos os dados reunidos nessa pesquisa.

Uma ação desenvolvida pela Ecologia e Ação – ECOA (organização não


governamental), através do grupo Restaura Cerrado, que conta com pesquisadores o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia, da Embrapa Cerrados e da Universidade de Brasília (UnB), promoveu em
novembro de 2016 o plantio de sementes de 80 espécies de gramíneas, arbustos e árvores
nativas do Cerrado em uma área de 96 ha. A área utilizada fica no município de Alto Paraíso,
nordeste de Goiás, que faz parte do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. A técnica
utilizada foi denominada de plantio direto, e consiste na aplicação de sementes já misturadas
com terra sobre uma área a ser restaurada, onde as sementes foram espalhadas pela área com
auxílio de um aplicador de calcário.

Em março de 2017 as plantas germinadas já estavam com 10 cm de altura, começando a


formar um tapete verde sobre a área antes ocupada por um capinzal de espécies africanas, que
crescem com rapidez e tomam o espaço das nativas (ECOA, 2017).Nesse trabalho, os
71

pesquisadores pretendem colher evidências adicionais de que a chamada semeadura direta


pode realmente ser uma alternativa viável para repor a vegetação desse ambiente natural do
Brasil. Essa técnica de plantio consiste, que foi avaliada também por outro grupo de pesquisa
em São Paulo.

A fim de monitorar o avanço do Brasil com o compromisso de restaurar paisagens em


áreas degradadas para recuperar seu potencial ambiental e sua capacidade de gerar ganhos
econômicos firmado no Acordo de Paris, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura
desenvolveu uma plataforma, chamada Observatório da Restauração e Reflorestamento, que
reúne dados de restauração, reflorestamento e regeneração natural no Brasil. Até 2030, o país
tem como meta restaurar 12 milhões de hectares.

O Observatório reúne informações de campo com dados de satélite para traçar um


panorama da situação do reflorestamento e da restauração em todos os biomas brasileiros e,
até o momento, mapeou mais de 79 mil hectares de florestas restauradas no país. Entretanto,
os dados obtidos até o momento estão incompletos e subestimados, de acordo com a Coalizão
Brasil.

Dados obtidos a partir do Observatório da Restauração e Reflorestamento (2021), até o


presente momento, indicam que no Bioma Cerrado foram reflorestados cerca de 3,3 milhões
de hectares (figura 42).

Figura 42. Área Reflorestada por Bioma no Brasil até 2021.

Fonte: Observatório da Restauração e Reflorestamento (2021).


72

7.2. Restauração

Dados obtidos a partir do Observatório da Restauração e Reflorestamento (2021), até o


presente momento, indicam que no Bioma Cerrado foram restaurados pouco mais de 4,2 mil
hectares de área (figura 43).

Figura 43. Área Restaurada por Bioma no Brasil até 2021.

Fonte: Observatório da Restauração e Reflorestamento (2021).

7.3. Regeneração

Dados obtidos a partir do Observatório da Restauração e Reflorestamento (2021), até o


presente momento, indicam que no Bioma Cerrado foram regenerados pouco mais de 399 mil
hectares de área (figura 44).
73

Figura 44. Área Regenerada por Bioma no Brasil até 2021.

Fonte: Observatório da Restauração e Reflorestamento (2021).

8. Sistemas, Tecnologias e Ferramentas utilizadas emPráticasConservacionistas nas


PrincipaisAtividades Desenvolvidas no Cerrado

8.1. Técnicas Recomendadas pela Literatura

Em linhas gerais, podem ser recomendadas três técnicas para a recuperação da cobertura
vegetal do Cerrado, descritas a seguir:

Regeneração Vegetal

Consiste na eliminação do fator/agente de perturbação para que, naturalmente, possa se


dar início ao processo de regeneração da vegetação nativa. Em todas as situações nas quais o
solo e a vegetação de Cerrado foram submetidos a baixo impacto e há árvores e arbustos em
regeneração com densidade e diversidade suficientes, basta que sejam eliminados os agentes
de perturbação. Quando a área estiver ocupada por espécies invasoras, como a braquiária, o
capim, gordura, etc., medidas visando o controle dessas plantas, como o pastoreio controlado
(mantendo-se o gado apenas o tempo necessário para baixar o capim e com densidade inferior
a meia cabeça por hectare) ou a aplicação de herbicida de baixo impacto (à base de glifosato),
têm se mostrado capazes de acelerar o processo de regeneração das plantas de Cerrado e
reduzir o risco e os danos provocados por incêndios.
74

Enriquecimento

Nas situações em que o impacto foi um pouco mais intenso ou persistiu por tempo mais
longo, é comum encontrarmos plantas de Cerrado em regeneração, mas com baixa densidade
ou com a presença de um número muito restrito de espécies. Nesses casos é recomendável o
plantio de enriquecimento, para acelerar a recobertura do terreno e aumentar a diversidade.

Recomenda-se que o plantio aumente a densidade e o número de espécies para aqueles


valores mínimos já mencionados, ou até 2 mil plantas lenhosas (árvores e arbustos) por
hectare, do maior número de espécies possível. Os exemplos mais comuns desta situação são
pastagens utilizadas por longos períodos, roçadas e/ou queimadas com frequência.

Plantio Convencional

Áreas de Cerrado onde o solo tenha sido revolvido muitas vezes e alterado
quimicamente por corretivos e fertilizantes geralmente não apresentam potencial de
regeneração natural. Essas práticas de uso do solo tendem a eliminar as estruturas
subterrâneas que poderiam rebrotar e, além disso, não há registros de recuperação da
vegetação de Cerrado a partir de banco de sementes do solo ou trazidas por vento ou por
animais, colonizando áreas totalmente desmatadas e cultivadas intensamente por anos a fio.
Nessas áreas, a única técnica recomendável é o plantio de espécies de Cerrado, seguindo as
práticas silviculturais convencionais, com pequenas adaptações que variam de acordo com a
situação em questão e as características do local a ser recuperado.
75

Quadro 2. Espécies recomendadas para o plantio visando à recuperação da vegetação do


Cerrado no Estado de São Paulo.
Ocorrência Natural
Nome
Espécie Porte Abundância Cerrado Mata
Popular Cerradão
Típico Galeria
Acosmium dasycarpum Perobinha Árvore Rara x
Amendoim-
A. subelegans Árvore Comum x x
falso
Acrocomia aculeata Macaúba Palmeira Rara x x
Aegiphila lhotszkyana Tamanqueira Árvore Comum x
Tatu, pau-
Agonandra brasiliensis Árvore Rara x x
marfim
Alibertia edulis Marmelada Árvore Variável x
A. sessilis Marmelada Árvore Variável x
Canela-de-
Amaioua guianensis Árvore Variável x
veado
Anadenanthera falcata Angico-preto Árvore Comum x x
Angico-
A. macrocarpa Árvore comum x
vermelho
Angelim-
Andira anthelmia Árvore Rara x x
amargoso
Anemopaegma anvense Catuaba Subarbusto Variável x
Annona cariacea Marolo Árvore comum x x
A. crassiflora Araticum Árvore Comum x x
A. dioica Araticum Arbusto Vaiável x x
Aspidosperma Peroba-do-
Árvore comum x x
tomentosum campo
Astronium fraxinifolium Gonçalo-alves Árvore Rara x x
Palmeira
Attalea geraensis Catolé, indaiá Variável x
acaule
Arbusto,
Bauhinia rufa Unha-de-vaca Comum x x
arvoreta
Sucupira-
Bowdichia virgilioides preta, Árvore Rara x x
sucupira-roxa
Arbusto,
Brasimum gaudichaudii Mama-cadela Variável x
arvoreta
Palmeira
Butia paraguayensis Butiá Variável x
acaule
Byrsonuma Murici-de-
Árvore Variável x x
caccolobifolia flor-rosa
B. crassa Murici Árvore Comum x x
B. intermedia Murici-miúdo Arbusto Comum x x
B. verbascifolia Murici Árvore Rara x
Comum: geralmente mais de 50 indivíduos/ha; Rara: geralmente menos de 10 indivíduos por hectare.
Fonte: DURIGAN et al. (2011).
76

Quadro 3. Técnicas recomendadas para recuperação da vegetação de Cerrado mediante


diferentes processos de perturbação.
Processo de Potencial de
Técnica de Recuperação
Perfuração Regeneração Natural
 Controle de incêndios e de espécies
Desmatamento Muito alto
invasoras (gramíneas exóticas);
 Eliminação das árvores exóticas;
Reflorestamento
Muito alto  Controle de incêndios e de espécies
(exóticas)
invasoras (gramíneas exóticas);
 Controle de incêndios e de espécies
Fogo Muito alto
invasoras (gramíneas exóticas);
 Suspensão de roçadas;
 Controle de incêndios e gramíneas
Pastoreio Alto a baixo exóticas;
 Plantio de espécies lenhosas longevas (área
total ou só enriquecimento);
 Plantio de espécies lenhosas longevas;
Agricultura Baixo a muito baixo
 Controle de espécies invasoras;
 Regeneração natural (lenta);
Cortes (retirada de
Médio  Opcional: plantio de enriquecimento com
terra)
espécies tolerantes a ambiente inóspito;
 Recuperação do solo (estrutura e
Aterros e
nulo microrganismos) + plantio de espécies
mineração
tolerantes a ambientes inóspitos.
Fonte: DURIGAN et al. (2011). Adaptado pelos Autores (2021).

8.2. Agropecuária

Entre as principais atividades agropecuárias desenvolvidas dentro do bioma Cerrado,


destacam-se os cultivos de milho, soja, cana-de-açúcar e algodão e a criação de rebanho
bovino. Nestas atividades, os sistemas, técnicas e manejos utilizados como Práticas
Conservacionistas se relacionam, em sua maioria, com o preparo de solo e práticas culturais.

Adubação Verde

É utilizada com a finalidade principal de fornecer nitrogênio ao solo sem o emprego de


fertilizantes minerais, com o acréscimo de manter o solo coberto por vegetação, minimizando
o efeito de agentes erosivos como a água e o vento, além da oferta de matéria orgânica que
influi positivamente nas características físicas/estruturais e químicas do solo.
77

Curva de Nível, Terraços e Barreiras de Pedras

São técnicas executadas em diferentes situações, porém apresentam a mesma finalidade


principal que é evitar que a água da chuva percorra áreas de declive mais acentuados
livremente. As 3 técnicas agem como barreiras ao escoamento livre. A definição de qual deve
ser usada ou uma eventual associação de uma ou mais se dá em função de cada caso
específico.

Sistema de Plantio Direto (SPD)

Pesquisas mostram que, no SPD, a palha, mantida à superfície (figuras 45), contribui
para a manutenção e para o aumento da matéria orgânica do solo, promovendo o sequestro de
carbono e reduzindo a emissão de gases de efeito estufa (GEE), além de minimizar os
impactos causados por práticas anteriores de revolvimento do solo e de incorporação ou
eliminação de palhada (figuras 45A e 45B), além de auxiliar no controle da erosão.

Figura 45. Detalhe da superfície de solo exposto com plantio convencional de milho (A) e a
formação de sulcos de erosão após chuva intensa (B). Vista panorâmica de plantio de milho
sob sistema plantio direto (C) e detalhe da cobertura do solo proporcionada pela soja 50 dias
após plantio direto sobre palhada de milho consorciado com braquiária (D).

Fonte: BOLFE et al. (2020).


78

Figura 46. Visão panorâmica de cultivo de milho em Sistema de Plantio Direto – SPD (A),
plantas de milho em fase inicial de crescimento em SPD (B) e plantas adultas de milho em
SPD.

Fonte: Revista Agropecuária (2017) (A); Bartz et al. (2020) (B); Fundação MS (2021) (C).

Sistemas Integrados: Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-


Floresta

Os sistemas integrados constituem uma tecnologia de produção altamente viável para


recuperação de áreas alteradas ou degradadas, especialmente de pastagens degradadas,
considerando-se que mais de 50% das pastagens brasileiras apresentam algum nível de
degradação. A integração lavoura-pecuária (ILP) e a integração lavoura-pecuária-floresta
(ILPF) são apenas dois dentre as várias possibilidades de sistemas integrados (figuras 47, 48 e
79

49). A ILPF é uma estratégia de produção que emprega os princípios de sustentabilidade e


permite a produção, na mesma área, deleite, fibras, energia, grãos, carne e madeira,
otimizando a interação dos ciclos biológicos de plantas e de animais, dos insumos e seus
resíduos, e dos efeitos sinérgicos entre os componentes

Figura 47. Vista panorâmica de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) na Fazenda Santa


Brígida em Ipameri, GO.

Fonte: BOLFE et al. (2020).

Figura 48. Integração Lavoura-floresta (ILF) com diversificação de culturas na Fazenda


Santa Brígida, Ipameri-GO (A), milho (B) e soja (C).

Fonte: EMBRAPA (2018).


80

Figura 49. Vista aérea de Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta Fazenda Santa


Brígida, Ipameri-GO. Consórcio de Eucalipto com sorgo (A), bovinos em área de pastejo (B),
consórcio pastagem-eucalipto (C) e bovinos em sombra ofertada por componente florestal
como forma de conforto térmico (D).

Fonte: Embrapa Cerrado (2012). Fotos de Fábio M. D. (B) e Bastos Breno Lobato (A, C, e D).

9. Conclusão

Pode-se afirmar que as soluções técnico-científicas são apenas parte da resolução dos
problemas. A educação ambiental tem o papel de conscientizar e sensibilizar sobre a
importância das medidas de restauração e pode ser aplicada, também, na forma de cursos de
capacitação técnica voltados aos proprietários rurais, mostrando a importância da restauração
do cerrado para o fornecimento de serviços ambientais, que a médio ou longo prazo, trarão
vários benefícios, não só monetários, como também a melhoria da qualidade ambiental
(Durigan).
81

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