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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO

DISCIPLINA: METEOROLOGIA AGRÍCOLA UNEC / EAD

METEOROLOGIA AGRÍCOLA

Prof. Dr. Marcos Alves de Magalhães


Eng. Agrônomo (UFV)
Especialista em Desenvolvimento e Gestão Ambiental (UESC)
Mestre em Engenharia Agrícola na área de concentração em Tratamento de Resíduos (UFV)
Doutor em Engenharia Agrícola na área de concentração em Recursos Hídricos (UFV)

Caratinga / MG
2020/2

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Professor: Marcos Alves de Magalhães – professormarcosmagalhaes@gmail.com.br
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DISCIPLINA: METEOROLOGIA AGRÍCOLA UNEC / EAD
3ª aula - Meteorologia Agrícola

Antes de adentrarmos neste tópico faremos algumas indagações: Por que se cultiva uma
cultura numa região e em outra não? Por que as safras ou épocas de semeadura são denominadas
de safra das águas, safra da seca ou safrinha e safra de inverno? Por que a época de semeadura
das culturas anuais varia entre regiões para uma mesma safra? Por que as culturas anuais e
perenes têm seus rendimentos variáveis entre regiões e anos de produção? Por que não se cultiva
maçãs na BA e nem café no RS? Por que a irrigação é necessária em algumas regiões e em
outras não? Por que as doenças de plantas ocorrem mais em alguns anos do que em outros?
Essas indagações serão discutidas no tópico Meteorologia Agrícola ou Agrometeorolo-
gia que é o ramo da meteorologia que estuda as relações de causa e efeito das condições mete-
orológicas nas atividades agropecuárias.
A Meteorologia Agrícola interage com as mais diversas áreas de conhecimento das Ci-
ências Agrárias e isso faz dela uma disciplina extremamente importante na formação do Enge-
nheiro Agrônomo, sendo de fundamental importância no planejamento agrícola e nas tomadas
de decisões.
Neste contexto o Engenheiro Agrônomo ao fazer o planejamento agrícola deve, dentre
outras coisas, atentar para o clima local e o balanço hídrico que define as estações seca e úmida,
decidindo a época mais adequada de realizar o preparo do solo, semeadura, adubação, irrigação,
controle fitossanitário, colheita.
Portanto, o planejamento agrícola deve estar alicerçado no conhecimento das informa-
ções meteorológicas, para permitir a adequada tomada de decisão sobre a necessidade de reali-
zação de uma prática agrícola, em função das condições meteorológicas ou hídricas atuais do
solo e da previsão do tempo para os próximos dias. A isso chamamos de Agrometeorologia
Operacional.
Para contextualizar a Agrometeorologia Operacional podemos citar como exemplo o
Estado do Paraná que dispõe de áreas aptas ao cultivo do feijão, entretanto a época de plantio
varia de acordo com a época do ano, devido às restrições térmicas. Na safra das águas, todo o
estado tem condições de aptidão para o cultivo do feijão. Na safra da seca, a cultura passa a ser
apta somente no centro-sul do estado. No norte e oeste, as temperaturas são muito elevadas para
a cultura nessa época, limitando seu desenvolvimento e os níveis de rendimento. Por outro lado,
na safra de inverno a cultura do feijão passa a ser apta somente no norte e oeste do estado,

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porque no centro-sul as temperaturas caem acentuadamente, aumentando o risco de geadas nas
fases de florescimento e frutificação.
No planejamento agrícola deve ser considerado pelo Engenheiro Agrônomo os aspectos
topoclimáticos e microclimáticos da área. Em relação ao planejamento topoclimático a dispo-
sição das culturas deve ser feita de acordo com a configuração e exposição do terreno, de modo
a se evitar as áreas mais sujeitas às geadas e, também, nas médias latitudes o aproveitamento
das encostas com melhor exposição à radiação solar. Quanto ao planejamento microclimático
deve-se avaliar a necessidade de uso de quebra-ventos para proteção de culturas, arborização
de cafezais para proteção contra geadas ou excesso de radiação solar.
Na tomada de decisão para o preparo do solo o mesmo para ser manejado não deve estar
nem muito seco, para não causar a sua desestruturação e nem muito úmido para que não ocorra
compactação. O ideal é entre 40 e 90% da capacidade de campo.
Para a semeadura somente deve ser realizada quando a disponibilidade de água no solo
for suficiente para garantir a germinação, ou seja, maior do que 70% da capacidade de campo.
Para a aplicação de defensivos exige tempo seco e com pouco vento. Além disso, não
pode haver chuva após a aplicação, o que reduz a eficiência do controle.
Em relação a irrigação, se necessário a aplicação de lâmina de água a ser reposta de-
pende da umidade do solo, a qual por sua vez depende do balanço entre a ET e a chuva.
E para colheita a sua realização exige condições secas, pois a chuva atrapalha o processo
de secagem dos produtos e a entrada de máquinas e homens no campo.

Exercício de fixação da aula – responda as questões a seguir:

1. Por que se cultiva uma cultura numa região e em outra não?

2. Por que as safras ou épocas de semeadura são denominadas de safra das águas, safra da
seca ou safrinha e safra de inverno?

3. Por que a época de semeadura das culturas anuais varia entre regiões para uma mesma sa-
fra?

4. Por que as culturas anuais e perenes têm seus rendimentos variáveis entre regiões e anos de
produção? Por que não se cultiva maçãs na BA e nem café no RS?

5. Por que a irrigação é necessária em algumas regiões e em outras não?

6. Por que as doenças de plantas ocorrem mais em alguns anos do que em outros?

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