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Laudo Ambiental

Caracterização do Terreno

Caputera – Mogi das Cruzes / SP


Processo nº20170728007072-1
REFERÊNCIA: PROCESSO Físico nº20170728007072-1

ASSUNTO:

Carla Geanfrancisco Falasca, Tecnóloga em Gestão Ambiental, com registro


no CREA-SP nº: 5070427894 e CRQ-IV nº: 04270408, Técnica em Mineração
com registro no– CFT nº: 8910592593, vem, mui respeitosamente, apresentar:
Relatório Técnico Pericial de Caracterização do Imóvel, objeto da Ação de
Reintegração e Manutenção de Posse. Que demonstra que as dúvidas; quanto
a localização, metragem dos terrenos, propriedade, posse e construção dos
muros; levantadas pelo perito oficial, foram sanadas, com as documentações
que foram entregues, no próprio processo e com este relatório.
No mais a constatação do perito; de que possa haver erros quanto a área de
desapropriação e seus limitas, efetuado pela concessionaria que administra a
Rodovia Airton Senna – SP070, não deve interferir, na questão do pleito da
Ação e Reintegração de Posse. Entendendo ainda, que seja justamente, por
questão desta desapropriação, que estejam surgindo os tais “Grileiros”.

Nestes Termos
Atenciosamente

Guarulhos, 8 de abril 2019

______________________________________

Carla Geanfrancisco Falasca


Tecnóloga em Gestão Ambiental
Técnica em Mineração

Sumário
Nenhuma entrada de sumário foi encontrada.
1. Objetivo

O presente documento tem por objetivo demonstrar cronologicamente as


alterações da área em questão do processo nº 20170728007072-1 (Auto de
Infração Ambiental) via imagens captadas por satélites adquiridas no software
Google Earth esclarecendo, junto às legislações vigentes que aqui serão
apresentadas, o cumprimento do uso e ocupação do senhor Valdir Navarro
Almenara de forma legítima e regular com suas devidas especificações.

2. Identificação da área de interesse

O Terreno encontra-se na rodovia SP 102, número 1000 no bairro denominado


Taiaçupeba no Município Mogi Das Cruzes -SP, contendo uma área de 51.001

2.1 Caracterização do entorno

2.1.1 Meio Físico

O clima do município de Mogi das Cruzes é caracterizado como clima


mesotérmico subtropical temperado (Cwa). Seu distanciamento em relação a
linha do Equador é aproximadamente de 23º S, latitude na qual possui uma
incidência solar considerável, resultando num clima com características gerais
como tropical onde possuem temperaturas mais elevadas e as estações do ano
bem definidas. Sua altitude situa-se em sua maior parte entre 715 metros e 900
metros em relação ao nível do mar. Recebe influência da massa de ar tropical
atlântica, que se forma sobre os oceanos Atlântico e Pacífico, caracterizada
como uma massa quente e úmida (possuindo duas camadas sendo a superior
quente/seca sobrepondo uma fria/úmida).

As estações do ano na região são bem definidas, seguindo um padrão onde no


verão a precipitação e temperaturas são elevadas e no inverno, as temperaturas
ficam mais amenas assim como o nível das chuvas; com o intermédio da
primavera e outono intercalando as condições. Na tabela 01 a seguir é possível
identificar com danos numéricos, as médias dos meses que contemplaram o ano
de 2020 confirmando a citação anterior.

Tabela 01 - dados climatológicos - Mogi das Cruzes/2020

MÊS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEC ANO

Temperatura
24,9 25,1 24,5 22,8 21,2 20 19,4 20,4 21,1 22 23 24 22,4
máxima média (°C)

Temperatura
20,6 20,8 20,1 18,1 16,1 14,7 14,1 15,1 16,1 17,4 18,6 19,6 17,6
média (°C)

Temperatura
16,4 16,5 15,7 13,5 11,1 9,5 8,8 9,8 11,2 12,8 14,2 15,3 12,9
mínima média (°C)

Precipitação (mm) 239 225 190 88 72 54 43 55 92 163 152 209 131,8

Fonte: climate-data.org

Existem duas unidades hidrográficas de gerenciamento de recursos hídricos no


município, sendo elas UGRHI 2- Paraíba do Sul e UGRHI- 6 Alto Tietê, sendo
essa segunda a unidade que abrange a área em questão, estabelecido pelo
comitê de bacias Tietê/Cabeceiras. Na figura 01 é possível identificar a
localização da área em questão em relação aos limites da UGRHI.

Figura 01 - Localização do terreno em relação a UGRHI - 6.

Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004/2007


2.1.2 Meio Biótico

A vegetação local é composta por espécies nativas da mata Atlântica estando


inserida na segunda maior reserva do Bioma brasileiro. A área apontada possui
características de florestas ombrófila densa, secundária em estágio pioneiro de
regeneração, isto é, florestas nas quais sua vegetação predomina-se sempre
verde em elevações montanhosas, com uma grande variedade de espécies.
Suas variedades arbóreas possuem alturas elevadas em torno dos 20 a 30
metros com um mix de espécies arbustivas, ervas, exóticas, invasoras e
trepadeiras descontínuas.
A região é rica em espécies animais que contemplam a fauna local possuindo
espécies Avifauna (aves), Mastofauna (mamíferos), Herpetofauna (répteis e
anfíbios) e Ictiofauna (peixes). Na Tabela 02 é possível identificar a
quantificação de espécies que correm perigo de extinção de acordo com a
listagem nacional encontrada na instrução normativa federal (IBAMA) nº 003
DE 26/05/2003.

Tabela 02: Quantificação espécies da fauna local

Espécies Quant. Ameaçadas de extinção

Jacupemba (Penelopesuperciliaris) e o Papagaio-


Avifauna 152
verdadeiro (Amazona aestiva).

Mastofauna 10 Jaguatirica (|Leoparduspardalis)

Herpetofauna 16 NA

Ictiofauna 18 NA
Fonte: Inventário de fauna represa de abastecimento de Taiaçupeba

O município de Mogi das Cruzes possui uma porção de territórios de interesse


ambiental nos quais possuem legislações, restrições e normas para seu uso e
ocupação, podendo ser citadas: Área Natural Tombada Serra do Mar e de
Paranapiacaba, Parque Estadual Serra do Mar, Área de Proteção Ambiental -
APA (Anhembi) - Remanescente de Mata Atlântica, Área de Proteção
Ambiental - APA - Várzea do Alto Tietê, Estação Ecológica Itapeti, Área de
Proteção aos Mananciais - Área da Unidade de Conservação, Área de
Proteção Ambiental Federal - Bacia do Rio Paraíba do Sul.

2.1.3 Meio Antrópico

O município possui uma área territorial de 712,541 km ² com uma população


estimada (2020) de 450.785 pessoas, com sua densidade demográfica de
544,12 hab/km².
Segundo o artigo 11 do plano diretor publicado em 2019, a macrozona em que
o terreno se encontra possui a sigla MIPRM-01 com seu significado Macrozona
de incentivo à produção rural em mananciais podendo ser observado na figura
02.
Figura 02 - Macrozonas Mogi das Cruzes

Fonte: Plano diretor Mogi das Cruzes 2019

A zona é caracterizada pela relevância regional na produção de água para o


abastecimento público da Região Metropolitana de São Paulo e conta com a
presença de atividades agropecuárias, chácaras de lazer, áreas de
reflorestamento, áreas de atividade minerária e a Serra do Mar e núcleos
localizados de atividades urbanas.
4. Bens a Proteger

A área localizada dentro do perímetro de proteção e recuperação dos


mananciais, deve manter as características naturais e seus atributos
ambientais relevantes como, as paisagens naturais, os remanescentes de
vegetação nativa primária e/ou secundária e que sejam voltadas à proteção,
conservação, e recuperação dos recursos naturais e hídricos de importâncias
estratégica para o município de Mogi das Cruzes e para a região metropolitana
de São Paulo; Proteção e preservação da biodiversidade das espécies vegetais
e animais, especialmente as ameaçadas em extinção; Ocupação de várzeas e
áreas com altas declividades e com alto suscetibilidade a processos de
movimentos de massa.

5. Caracterização do terreno

5.1 Análise de documentação


O proprietário Valdir Navarro Almenara possui o contrato particular de compra
e venda do imóvel com cessão de direitos hereditários. O pagamento do
terreno está em andamento sendo totalizado o valor de R$ 170.000,00, dívida
que se encerrará no dia 10 de janeiro de 2021.

5.2 Histórico de ocupação do terreno


O terreno citado faz parte de uma repartição de lotes de uma Gleba com área
138.500 m² adquirido na data 09 de Dezembro de 1954 pelo comprador Tetsuo
Kawashita, japonês e de sua esposa Hide Kawashita, japonesa, transcrição
feita sob nº 37.378, no livro 3-A-, no valor de Cr$ 90.000,00. O senhor Valdir
Navarro Almenara adquiriu o terreno no qual já contia com uma casa de taipa
em estado degradado.
6. Análise multitemporal do uso e ocupação do solo

Utilizando-se do software Google Earth, segue as imagens históricas


capturadas via satélite que são as de interesse no processo nº
20170728007072-1.
Vale ressaltar a possibilidade de deslocamento das poligonais devido ao
referencial geodésico.

Figura 1 - Imagem registrada no dia 13 de Agosto de 2015, período no qual o


senhor Valdir Navarro Almenara não usufruía do terreno.

Figura 2 - Imagem registrada no dia 17 de Abril de 2016, período no qual o


senhor Valdir Navarro Almenara já havia adquirido o terreno. Não houveram
alterações no seu meio físico/biótico.
Figura 3 - Imagem registrada no dia 08 de Julho de 2016. Não houveram
alterações no seu meio físico/biótico.

Figura 4 - Imagem registrada no dia 16 de Agosto de 2016. É possível observar


a supressão da vegetação para manutenção da estrada que dá acesso a casa
existente.
Figura 5 - Imagem registrada no dia 19 de Outubro de 2016. Não houveram
alterações no seu meio físico/ biótico comparando com a imagem anterior.

Figura 6 - Imagem registrada no dia 18 de Junho de 2017. Não houveram


alterações no seu meio físico/biótico comparando com a imagem anterior.
Figura 7 - Imagem registrada no dia 26 de Julho de 2017. É possível observar a
supressão da vegetação para manutenção da estrada que dá acesso a casa
existente na área 2.

Figura 8 -
Figura 9 -

Figura 10
Figura - 11

Figura 12 -
7.0 Inspeções
Foi realizada visita na área em questão no dia 27 de Novembro de 2020 para
identificação dos meio bióticos, físicos e antrópicos que estão envolvidos no
processo.

8.0 Impugnação

O senhor Valdir foi autuado por destruir ou danificar florestas ou demais formas
de vegetação ou utilizá-las com infringência das normas de proteção, em área
considerada de preservação permanente, sem autorização do órgão
competente, quando exigível, ou em acordo com a obtida e área especialmente
protegida - área de preservação permanente- faixa marginal de curso d’água
perene e/ou intermitente - curso d‘água menos de 10 metros/30 metros, duas
áreas distintas uma sendo de 0,55366 hectares e a outra 0,39532 hectares.
A resolução SMA nº 74 de 27 de Dezembro no seu Art 1º estabelece atividades
que por não serem caracterizados por projetos agrícolas e de se observarem
como potencial poluidor/degradador reduzidos, não dependem do
licenciamento ambiental desde que não impliquem supressão de vegetação
nativa ou estejam localizadas em áreas de preservação permanente.
A área em questão encontra-se numa zona de incentivo à produção rural em
mananciais, como descrito no plano diretor do município de Mogi das Cruzes
publicado em 26 de Dezembro de 2019. Por mais que terrenos vizinhos se
encontram em áreas de preservação permanente, toda a metragem do terreno
do senhor Valdir encontra-se fora desse perímetro, fazendo com que não exista
a necessidade de licenciamento para tais práticas realizadas que se
enquadram no item I e IV da resolução, sendo eles: “I. limpeza manual ou com
o emprego de pequenos equipamentos de drenos artificiais em várzeas, corpos
d’água ou em reservatórios de água para irrigação e outros usos rurais, com
área de espelho d’água menor que 1 hectare, contemplando remoção de
sedimentos (solo) acumulados, da vegetação aquática e matéria orgânica que
estejam prejudicando a finalidade original do dreno ou reservatório, desde que
seja dada destinação adequada ao material oriundo da limpeza, sendo
admitida a disposição temporária do material dragado em áreas de
preservação permanente desprovidas de vegetação nativa”; e “IV. manutenção
de estradas, carreadores internos, aceiros e cercas e aviventação de divisas e
picadas.”
A supressão da vegetação foi dada pela necessidade do acesso à residência
que existe na área desde a compra do terreno. O senhor Valdir Navarro
Almenara tinha planos para reformá-la já que encontra-se em estado bem
deteriorado, como é permitido pelo item VIII da resolução SMA 74 que resolve
“reforma de imóveis rurais sem ampliação de área construída ou
impermeabilizada, em Área de Proteção dos Mananciais da Região
Metropolitana de São Paulo”.
.A espécie que foi destruída para que se existisse o acesso é denominada
cientificamente por Chusquea aff. oligophylla, muito conhecida como “bambu
invasor”, espécie não nativa com potencial de causar asfixia a mata nativa.
Quanto à localização do terreno em relação a áreas de proteção e recuperação
dos mananciais, o mesmo encontra-se em área de interesse de gerenciamento
dos recursos hídricos do Alto Tietê (UGRHI 06). O Art. 8 da Lei Estadual n º
15.913/2015 compreende como Áreas de Restrição à Ocupação (ARO)
aquelas que estão a 50 (cinquenta) metros de distância, em projeção
horizontal, a partir da linha de contorno, dos reservatórios Ponte Nova,
Taiaçupeba, Jundiaí, Biritiba e Paraitinga. Na Tabela 03 a seguir é possível
verificar a distância entre o terreno e os reservatórios junto a sua localização,
seguindo os critérios do artigo apresentado.

Tabela 03 - Distanciamento entre terreno e reservatórios de interesse Lei


15.913/2015

Ponto da linha de Ponto da linha de


Reservatório Distância (m)
contorno - Terreno contorno - Reservatório

23° 37.058'S 23° 34.901'S


Ponte Nova 22.127
46° 11.129'O 45° 58.335'O

23° 37.060'S 23° 36.757'S


Taiaçupeba 7.081
46° 11.232'O 46° 15.347'O

23° 37.090'S 23° 37.262'S


Jundiaí 322
46° 11.191'O 46° 11.186'O

23° 37.082'S 23° 37.744'S


Biritiba 9.096
46° 11.148'O 46° 5.857'O

23° 36.985'S 23° 31.888'S


Paraitinga 26.067
46° 11.161'O 45° 56.572'O

É possível verificar que o terreno não encontra-se inserido em nenhuma ARO


quando sua relação se dá aos reservatórios citados na legislação vigente,
porém por ainda assim o terreno estar localizado em uma área de proteção de
mananciais, outro ponto deve ser levado em consideração. O Art 10 da Lei
Estadual nº 15.913/2015 menciona Áreas de Ocupação Dirigida (AOD) que são
áreas de interesse para consolidação ou implantação de uso urbano ou rural. O
terreno do senhor Valdir Navarro Almenara está inserido na Subárea de
Conservação Ambiental (SCA) a jusante do Reservatório Jundiaí sendo
aquelas ocupadas predominantemente com cobertura vegetal natural ou com
usos agropecuários ou de agronegócios, bem como outros usos, compatíveis
com a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas de importância
ambiental e paisagística na qual não há a proibição de manutenção da estrada
da forma que foi citada anteriormente.

9.0 Conclusão

Eu, Carla Geanfrancisco Falasca, Tecnóloga em Gestão Ambiental – CREA-SP


nº: 5070427894 e CRQ-IV nº: 04270408 – Técnica em Mineração – CFT nº:
8910592593, Cientista da Computação, Técnica em processamento de dados,
produzi o presente estudo técnico, com o objetivo de confecção de Relatório
técnico Pericial contemplando:

● Caracterização do terreno;
● Análise de documentação sobre a área (análise multi temporal);
● Inspeções de reconhecimento, visita com objetivo técnico de
constatação;
● Respostas aos quesitos solicitados.

O profícuo trabalho realizado, demonstra que o autor, atuado no processo de


infração ambiental nº 20170728007072-1 pela execução da manutenção da
estrada para acesso do seu imóvel, está de acordo com as legislações de uso
e ocupação de solo e legislações citadas, dispensado do licenciamento
ambiental para este ato por se enquadrar como reduzido potencial
poluidor/degradador de acordo com a resolução SMA 74 de Dezembro de
2011.

10.0 ART

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