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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CAMPUS RIO PARANAÍBA


INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CBI 402 - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

NIKOLAS DAVES DOS SANTOS

TRAÇOS FUNCIONAIS DE Lychnophora ericoides Mart. EM CAMPO RUPESTRE NA


MESORREGIÃO DO ALTO PARANAIBA, MG

RIO PARANAÍBA
MINAS GERAIS – BRASIL
2022
NIKOLAS DAVES DOS SANTOS

TRAÇOS FUNCIONAIS DE Lychnophora ericoides Mart. EM CAMPO RUPESTRE NA


MESORREGIÃO DO ALTO PARANAIBA, MG

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Viçosa,


Campus Rio Paranaíba, como parte das exigências da
disciplina CBI 402 -Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientadora: Sabrina da Silva Pinheiro de Almeida

RIO PARANAÍBA
MINAS GERAIS – BRASIL
2022
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NIKOLAS DAVES DOS SANTOS

TRAÇOS FUNCIONAIS DE Lychnophora ericoides Mart. EM CAMPO RUPESTRE NA


MESORREGIÃO DO ALTO PARANAIBA, MG

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Viçosa,


Campus Rio Paranaíba, como parte das exigências da
disciplina CBI 402 -Trabalho de Conclusão de Curso II.

Aprovado em 01/04/2022
Banca examinadora:

_________________________________________
Ana Paula de Oliveira
Universidade Federal de Goiás

_________________________________________
Jaqueline Dias Pereira
Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba

_________________________________________
Sabrina da Silva Pinheiro de Almeida
Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba
Orientadora e Presidente da Banca

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 6
OBJETIVOS .............................................................................................................................. 8
MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................................... 9
Áreas de estudo ...................................................................................................................... 9
Heterogeneidade ambiental .................................................................................................. 11
Traços funcionais ................................................................................................................. 12
Análise de dados ................................................................................................................... 14
RESULTADOS ........................................................................................................................ 14
Heterogeneidade ambiental .................................................................................................. 14
Traços funcionais ................................................................................................................. 17
DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 18
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 21

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RESUMO

Traços funcionais são quaisquer características morfológicas, fisiológicas ou estruturais existentes

em um organismo, que interfiram no seu desenvolvimento e sobrevivência em um determinado

ambiente. O estudo avaliou os traços funcionais de três populações de Lychnophora ericoides em

campo rupestre na mesorregião do Alto Paranaíba, MG, bem como as condições edáficas e a

heterogeneidade ambiental das áreas estudadas. O delineamento amostral consistiu na seleção

aleatória de 20 indivíduos da espécie em três áreas adjacentes de campo rupestre, totalizando 60

indivíduos amostrados. Foram feitas análises químicas e granulométricas do solo e, tanto as variáveis

ambientais quanto os traços funcionais avaliados, foram selecionados e medidos de acordo com

protocolos disponíveis na literatura. Os dados foram analisados por meio de análise de variância

(ANOVA) para comparação das variáveis medidas entre as populações, com significância de 5%. As

médias com diferença significativa foram comparadas através do teste de Tukey, com 5% de

significância. A temperatura do ar foi maior na área 3, enquanto a umidade relativa do ar foi menor

na mesma área. A temperatura do solo apresentou diferença significativa entre as três áreas, onde a

área 1 apresentou a menor temperatura e a área 3 a maior temperatura. A densidade de minerais no

solo foi menor na área 2 em relação às demais. A população 3 apresentou maiores valores de altura

máxima assim como de massa seca foliar em relação às outras populações. Entretanto, a população 1

obteve maior razão comprimento por largura das folhas que as demais. Os dados obtidos, permitem

inferir que a espécie apresenta plasticidade fenotípica em relação às áreas estudadas, o que sugere sua

importância nos processos adaptativos e evolutivos da espécie, uma vez que as diferenças observadas

foram maiores devido às variações ambientais do que ao distanciamento entre as populações.

Palavras-chave: arnica, plasticidade fenotípica, condições edáficas, traços funcionais.

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INTRODUÇÃO

O Cerrado brasileiro é um domínio neotropical espacialmente heterogêneo e que apresenta um

mosaico complexo de diferentes fitofisionomias que englobam formações campestres, savânicas e

florestais (Oliveira-Filho e Ratter 2002).

Os campos rupestres são um tipo fitofisionômico presente no Cerrado, com ocorrência

geralmente em altitudes superiores a 900 metros, predominantemente herbáceo-arbustivo, com a

presença eventual de arvoretas pouco desenvolvidas de até dois metros de altura (Sano et al. 2008).

Essa fitofisionomia tem como características ambientais solos rasos e ácidos; oscilações extremas de

temperatura, com dias muito quentes e noites muito frias, exposição a fortes ventos, radiação solar

intensa e restrições hídricas, já que as águas pluviais escoam rapidamente para os rios, devido à pouca

profundidade e reduzida capacidade de retenção pelo solo (Sendulski & Burman 1978). Essas

características estimulam o desenvolvimento de uma vegetação tipicamente xeromórfica, com

adaptações estruturais típicas de ambientes com baixa disponibilidade hídrica (xéricos), composta

principalmente por ervas e arbustos distribuídos em mosaico. Dentre solos rasos e afloramentos

rochosos (Hermes 2017), é possível encontrar a maioria das espécies da subtribo Lychnophorinae na

qual está inserido o gênero Lychnophora (Lusa et al. 2014).

Como a vegetação encontrada sobre áreas de afloramentos rochosos é exposta a altas

irradiâncias e temperaturas, além da baixa umidade relativa do ar na estação seca (Franco 2002), tais

características podem resultar em uma grande amplitude de respostas adaptativas das plantas aos

vários estresses sazonais (Palhares et al. 2010). As plantas têm a capacidade de se estabelecerem em

diferentes ambientes devido à plasticidade fenotípica, um fenômeno essencial para a sobrevivência

de qualquer espécie que se desenvolve em ambientes heterogêneos (Pearcy et al. 2004; Valladares et

al. 2007). A plasticidade fenotípica é comum entre os seres vivos (Pigliucci 2001; Schlichting &

Wund 2014) e permite que um mesmo genótipo dê origem a diferentes fenótipos, de acordo com o

ambiente biótico e abiótico em que o organismo cresce e se desenvolve (West-Eberhard 2003).

6
Esta é uma resposta crucial da planta, em curto prazo, para um mecanismo de mudança climática

(Nicotra et al. 2010; Franks et al. 2014).

A capacidade que as plantas possuem em alterar caracteres fenotípicos em decorrência da

interação com o ambiente pode contribuir para a sua estabilidade funcional, em especial, quando a

plasticidade fenotípica age sobre caracteres ligados à sobrevivência, tornando-se uma ferramenta de

importância fundamental para sua adaptação (Reis 2003), sendo especialmente importante para as

plantas, como organismos sésseis, responderem às mudanças nas condições (Pigliucci e Preston

2004).

Traços funcionais são quaisquer características morfológicas, fisiológicas ou estruturais

existentes em um organismo, que interfiram no seu desenvolvimento e sobrevivência em um

determinado ambiente (Violle et al. 2007) devido a capacidade de influência potencialmente

significativa no estabelecimento, na sobrevivência ou no fitness adaptativo de alguma espécie em seu

ambiente natural (Reich et al. 2014). Assim, os traços funcionais são características interessantes para

avaliar a plasticidade fenotípica de populações e espécies de plantas.

A distribuição dos organismos vegetais não ocorre de forma aleatória, pois existe um vínculo

entre as diferenças funcionais das plantas e a sua distribuição em habitats diferentes (Duarte 2007).

Dessa forma, a variação nos traços funcionais entre indivíduos também apresenta o potencial de

influenciar a amplitude da distribuição espacial das espécies (Lavorel et al. 2007). Os traços

funcionais mais utilizados para mensuração em ecologia vegetal são os relacionados à arquitetura

estrutural (Lima & Rodal 2010; Bueno 2017); os traços foliares (Reich et al. 2003; Swenson et al.

2011; Souza et al. 2015), e reprodutivos (Lima & Rodal 2010; Prado-Júnior et al. 2014).

A importância de se estudar esse fenômeno e suas implicações vai além de dar base a um

novo arcabouço teórico-evolutivo. Compreender mecanismos de respostas complexas dos

organismos às mudanças no seu ambiente relevante, especialmente no atual cenário global de

mudanças climáticas (Merilä e Hendry 2014; Schlichting e Wund 2014). À medida que a instabilidade
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climática intensifica os desafios, tanto agrícolas quanto ecológicos, ao desempenho das plantas, uma

atenção crescente tem sido direcionada para a compreensão dos mecanismos naturais de resiliência

das plantas (Mackenzie e Kundariya 2019).

Lychnophora ericoides (espécie popularmente conhecida como arnica-da-serra) é a espécie

mais comercializada do gênero pois, além de terapêutica, tem utilidade cosmética, ornamental e na

aromatização de ambientes devido a suas folhas e flores aromáticas (Almeida et al. 1998). Está

categorizada como quase ameaçada de extinção devido ao endemismo, degradação de habitat pela

expansão da pecuária, atividades agrícolas (CNCFlora 2012) e extrativismo predatório por raizeiros,

benzedeiros/curandeiros e fitoterapeutas que comercializam preparados/compostos (garrafadas,

cremes, tinturas) a base de arnica, in natura (Vieira et al. 2018).

A arnica-da-serra é uma espécie altamente polimórfica e apresenta alta plasticidade fenotípica

(Bueno 2017), que pode ser medida através de avaliações de fatores edáficos, medições de arquitetura

aérea das plantas, associação com micro-organismos dentre outros fatores. L. ericoides é

extremamente adaptada ao ambiente xérico, de campo e cerrado rupestre em que vivem, dessa forma

é muito conveniente o estudo de suas características fenotípicas já que podem auxiliar o entendimento

das estratégias adaptativas das plantas nesses ambientes, assim como entender melhor como

contribuir com a conservação da espécie.

OBJETIVOS

Objetivou-se com esse estudo avaliar os traços funcionais morfológicos de três populações de

L. ericoides, bem como analisar as condições edáficas e a heterogeneidade ambiental das diferentes

áreas de campo rupestre onde estão localizadas essas populações. Buscamos, dessa forma, investigar

se existe um padrão entre os dados ambientais analisados e avaliar a plasticidade fenotípica da

espécie, visto que tal conhecimento pode favorecer a elaboração de planos para a conservação e

manejo dessas populações.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Áreas de estudo

A coleta dos dados foi realizada durante o mês de dezembro de 2019, em fragmentos de campo

rupestre na mesorregião do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, município de Tapira, pertencente à

microrregião de Araxá (Fig. 1). As três populações de L. ericoides selecionadas para o estudo estão

localizadas nas seguintes coordenadas: 19º59'29,26"S, 46º50'16,67"O; 19º51'15,96"S,

46º54'26,03"O; 19º59'14,71"S, 46º50'33,60"O; sendo respectivamente área 1, área 2 e área 3 (Fig. 1).

As populações são consideradas isoladas entre si, devido à distância entre elas (Avelino 2005).

Figura 1: Localização das três áreas amostradas com populações Lycnhophora ericoides no
município de Tapira, mesorregião do Alto Paranaíba em Minas Gerais.

Essa região é composta pelos planaltos de Araxá e do Paranaíba, caracterizados por apresentarem

superfícies tabulares e escarpas com domos de estrutura erodida situados entre 900 e 1280 m. O solo

e os protocolos do manual de medição de caracteres funcionais vegetais (Perez et al. 2013) é


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predominante derivado de rochas sedimentares como arenito, e sua derivada metamórfica quartzito

(Novais 2011). A vegetação é predominantemente campestre, principalmente rupestre,

fitofisionomias do bioma Cerrado (Fig. 2).

Figura 2: Lychnophora ericoides. Detalhe das folhas e flores (A), folhas, caule e frutos (B) e da área
de estudo localizada no campo rupestre na mesorregião do Alto Paranaíba, Minas Gerais.

A região apresenta um clima que passa pelo tropical de altitude até alguns traços de subtropical

(Novais 2011). O período chuvoso estende-se de outubro a abril, com a média anual temperatura

entre 20 e 23°C, e a umidade relativa média anual oscilando entre 70 e 75%, apresentando variações

sensíveis de acordo com as estações do ano, chegando ao máximo de 80% em dezembro e ao mínimo

de 55% em agosto (da Motta 2004). O clima é caracterizado como Cwa, um clima quente temperado,

de zona tropical, com raras geadas noturnas (Cruz 2007). Típico do sudeste do Brasil tem uma

cobertura de apenas 2,5% do território nacional e apresenta temperatura média anual de 21 Cº, sendo

janeiro o mês mais quente (23,5 Cº) e julho o mês mais frio (17,5 Cº). Aproximadamente 25% do

território mineiro é classificado como clima Cwa, sempre que observado em paisagens entre climas

Aw/As e Cwb (Alvares et al. 2015)

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De acordo com os dados do Inmet (estação A505), em 2019 para a região de Araxá, a precipitação

anual foi de 1311,6 mm, com as chuvas concentradas de outubro a março, enquanto a média anual de

temperatura foi de 22,3 °C (Fig. 3).

Figura 3: Precipitação total mensal (mm) e temperatura média mensal (°C) ao longo do ano de 2019
na região de Araxá, Minas Gerais. Fonte: INMET, estação automática A505 (Araxá).

Heterogeneidade ambiental

As características ambientais foram avaliadas para cada indivíduo e foram baseadas nos dados

temperatura do solo (Ts, °C), umidade do solo (Us, m3/m3) e condutividade elétrica em massa (DM,

dS.m-1), estimados com o auxílio de sensor de temperatura e umidade do solo (GS3, Decagon Devices

Inc., Pullman, WA, EUA) acoplado a um dispositivo ProCheck (Decagon Devices Inc., Pullman,

WA, EUA), a uma distância de, no máximo, 20 cm do caule e há 5 cm de profundidade do solo. Além

dessas medidas, as variáveis de temperatura (Ta, ° C) e umidade relativa do ar (UR, %) foram

realizadas com termo-higrômetro digital Incoterm, em um raio máximo de um metro de proximidade

da copa. .

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Para análise do solo, em cada área, foi realizada amostra composta do horizonte superficial

(entre 0 e 5 cm de profundidade, devido à pouca estruturação dos solos, solos rasos), em um raio de

30 cm de todos os 20 indivíduos de cada população. A amostra composta de cada uma das três áreas

foi homogeneizada e submetida a análises de granulometria e determinações analíticas sendo elas:

pH em H2O, teor de matéria orgânica (MO), teor disponível de Al, K, Ca, Mg, e P. Todas as análises

de solo foram realizadas no Laboratório de Análises de Solos, Substratos e Nutrição de planta da

Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (LASSNUT/EA/UFG), de acordo com

metodologia da EMBRAPA (2017).

Traços funcionais

Em cada uma das populações distribuídas nas três áreas, foram avaliados os traços funcionais

de indivíduos adultos. O critério estabelecido para considerar os indivíduos como adultos foi o de

tamanho mínimo de 50 centímetros para a medição da altura máxima do caule. Para a caracterização

das populações, foi estabelecido uma amostragem aleatória de plantas, que foram marcadas com

etiquetas de papel enumeradas (Bueno 2017). Após a seleção dos 20 indivíduos de cada população,

a arquitetura foi avaliada para cada indivíduo, seguindo a metodologia proposta por Bueno (2017) e

Nessim (2008). Além disso, foi coletado um indivíduo de cada população, com no mínimo 3 ramos,

para confecção de exsicatas para depósito em herbário presente na UFV Campus Rio Paranaíba. Os

traços de arquitetura coletados foram:

1. Altura máxima (Hmax): a altura máxima (Hmax) em centímetros foi aferida medindo da base da

planta até o ápice da pequena copa do ramo mais alto.

2. Altura da primeira ramificação (H1r): A “H1r” em centímetros foi medida da base da planta até a

base do primeiro ramo secundário. Ambas com o auxílio de trena.

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3. Diâmetro do caule (Dca): O “Dca” em milímetros foi medido a 5 cm do solo com o auxílio de

paquímetro digital.

4. Diâmetro da copa (Dcop): O “Dcop” em centímetros foi calculado como a média aritmética entre

o maior eixo da copa e o seu eixo perpendicular, devido ao formato irregular da copa, com o auxílio

de fita métrica.

5. Comprimento da copa (Ccop): O “Ccop” em centímetros foi calculado pela diferença entre a altura

máxima e a altura da primeira ramificação (Ccop = Hmax - H1r).

6. Número de ramos secundários e terciários (Ram): O número de ramos “Ram” foi calculado como

a soma dos ramos secundários e terciários, desconsiderando na contagem possíveis ramos

quaternários.

7. Massa Seca Foliar (MSf) medida em gramas, em balança analítica AUW-220, Shimadzu.

8. Razão comprimento por largura da folha (Rcl): O comprimento e a largura das folhas em

milímetros foram medidos utilizando-se paquímetro digital e papel milimetrado a partir da medição

de 10 folhas de cada indivíduo contabilizado, totalizando 200 folhas para cada área, que foram

coletadas e embaladas em sacos plásticos fechados, com papel filtro umedecido com água dentro. As

folhas coletadas foram medidas e posteriormente, colocadas em estufa a 70ºC até atingir massa

constante e, em seguida, tiveram seu conteúdo de Massa Seca Foliar (MSf) determinado em balança

analítica. A “Rcl“ foi calculada pela razão Comprimento da folha/Largura da folha. Foram utilizadas

apenas folhas sem danos causados por predação ou patógenos e plenamente expandidas, dessa forma

evitando interferência do estágio de desenvolvimento foliar sobre as dimensões.

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Análise de dados

Para as análises estatísticas dos dados, foi feita análise de variância (ANOVA) para

comparação das variáveis utilizadas (Hmax, H1r, Dca, Dcop, Ccop, Ram, Msf e Rcl) entre as

populações (P1, P2 e P3), com significância de 5%. As médias com diferença significativa foram

comparadas através do teste de Tukey, com 5% de significância. Os valores medianos dos dados que

apresentaram diferença significativa foram apresentados em gráficos de barra, permitindo uma

comparação visual dos dados disponíveis. As pressuposições para a ANOVA foram verificadas pelo

teste de Shapiro-Wilk, para avaliar a normalidade dos dados e, pelo teste de Levene, para a

homoscedasticidade, ambos a 5% de significância. Todas as análises foram realizadas no software

Past 4.08 (Hammer et al. 2001).

RESULTADOS

Heterogeneidade ambiental

O solo apresentou características (Tab. 1) esperadas para a fitofisionomia de campo rupestre

como acidez elevada, baixa fertilidade, saturação de alumínio considerável e textura

predominantemente arenosa (Negreiros 2008, Ribeiro & Walter 1998, Mucina 2018).

A temperatura do ar foi maior na área 3 (Tab. 2, Fig. 4A), enquanto a umidade relativa do ar

foi menor na área 3 (Tab. 2, Fig. 4B).

A temperatura do solo apresentou diferença significativa entre as três áreas, onde a área 1

apresentou a menor temperatura e a área 3 a maior temperatura em Cº (Tab. 2, Fig. 5A). Quanto à

densidade de minerais no solo, esta variável foi menor na área 2 em relação às demais (Tab. 2, Fig.

5B). A umidade do solo não apresentou diferença estatística entre as áreas (Tab. 2).

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Tabela 1: Caracterização química e granulométrica de solos superficiais (0 a 5 cm) nas três áreas
localizadas no campo rupestre na mesorregião do Alto Paranaíba, Minas Gerais. Abreviações:
Matéria orgânica (M.O.), Saturação de bases (V), Saturação de alumínio (M), Capacidade de troca de
cátions (CTC).

Tabela 2: Resultados da análise de variância (ANOVA) para comparação das variáveis de dados
ambientais utilizados nas três áreas localizadas no campo rupestre na mesorregião do Alto Paranaíba,
Minas Gerais. Onde GL é o grau de liberdade, SQ é a soma dos quadrados, QM é a média dos
quadrados, F é a distribuição de Fisher-Snedecor e p a probabilidade.

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Figura 4: (A) Temperatura do ar (Cº) e (B) Umidade relativa do ar (%) nas três áreas localizadas no
campo rupestre na mesorregião do Alto Paranaíba, Minas Gerais. As colunas representam as médias
e as barras o erro padrão. Letras diferentes significam diferença estatística de acordo com o teste de
Tukey a 5%.

Figura 5: (A) Temperatura do solo (Cº) e (B) Densidade de minerais no solo (ds/m) nas três áreas
localizadas no campo rupestre na mesorregião do Alto Paranaíba, Minas Gerais. As colunas
representam as médias e as barras o erro padrão. Letras diferentes significam diferença estatística de
acordo com o teste de Tukey a 5%.

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Traços funcionais

Os resultados mostraram grande variação nos traços funcionais entre as populações estudadas.

A população 3 apresentou maiores valores de altura máxima (Tab. 3, Fig. 6A) assim como de massa

seca foliar (Tab. 3, Fig. 6B) em relação às demais. Entretanto, a população 1 obteve maior razão

comprimento/largura que as populações 2 e 3 (Tab. 3, Fig. 6C).

Tabela 3: Resultados da análise de variância (ANOVA) para comparação das variáveis de traços
funcionais utilizados. Onde GL é o grau de liberdade, SQ é a soma dos quadrados, QM é a média dos
quadrados, F é a distribuição de Fisher-Snedecor e p a probabilidade. Altura máxima (Hmax), Altura
da primeira ramificação (H1r), Diâmetro do caule (Dca), Diâmetro da copa (Dcop), Comprimento da
copa (Ccop), Número de ramos secundários e terciários (Ram), Massa Seca Foliar (MSf), Razão
comprimento por largura da folha (Rcl) de três populações localizadas em áreas de campo rupestre
na mesorregião do Alto Paranaíba, Minas Gerais.

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Figura 6: (A) Altura máxima (cm), (B) Massa seca foliar (g) e (C) razão comprimento/largura (mm)
nas três populações localizadas no campo rupestre na mesorregião do Alto Paranaíba, Minas Gerais.
As colunas representam as médias e as barras o erro padrão. Letras diferentes significam diferença
estatística de acordo com o teste de Tukey a 5%.

DISCUSSÃO

Nossos resultados vão de encontro com os de Bueno (2017), mostrando que L. ericoides é

uma espécie altamente polimórfica e com alta plasticidade fenotípica, já que as plantas podem ser

claramente distinguidas de acordo com o seu desenvolvimento no ambiente em que se estabelecem.

A altura máxima está relacionada ao armazenamento de carbono, competição por luz,

dispersão de sementes (Thomson et al. 2011), enquanto a altura e a distribuição da copa são

características que favorecem a estratégia de defesa contra o fogo (Fonda 2001). A estratégia de

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alocação de recursos direcionados ao desenvolvimento da altura e estruturação da copa também está

relacionada à capacidade das espécies em se estabelecer na competição por luz (King et al. 2006)

mas, como no campo rupestre as plantas estão submetidas a constante radiação, este não é um fator

tão importante como estímulo da altura das populações de L. ericoides localizadas nas áreas estudadas

e, portanto, é possível inferir que, nesse caso, a altura máxima depende mais de uma série de outras

variáveis, como a fertilidade do solo e disponibilidade de água (Marimon Junior & Haridasan 2005,

Liu et al. 2012), a precipitação (Kanegae et al. 2000; Bamberg 2014) e a temperatura (Dreyer et al.

2020).

O maior investimento em tamanho da folha, avaliado nos maiores valores de área foliar ou na

razão comprimento/largura da folha, resultam na maior exposição do limbo, o que leva à maior

captação de luz, bem como maximização da captação e utilização de recursos (Lambers et al. 2008).

Entretanto, nas folhas menores, o tamanho pequeno ajuda a manter a temperatura da folha menor e

leva a uma maior eficiência fotossintética e do uso da água sob a combinação de alta radiação solar e

baixa disponibilidade hídrica (Ackerly et al. 2002), condições as quais L. ericoides está

constantemente exposta na fitofisionomia de campo rupestre (Ribeiro & Walter 1998).

As alterações nas condições do ambiente impõem forças de seleção nas plantas que controlam

as diferenças intraespecíficas em seus traços funcionais até certo ponto (Poorter 2009; Falcão et al.

2015). Os efeitos dos traços funcionais, desse modo, representam as soluções desenvolvidas de

acordo com os diferentes desafios de aquisição e uso dos recursos em um determinado ambiente, ou

seja, as respostas dos organismos aos fatores ambientais (Perez-Harquindeguy et al 2013).

A variação genética hereditária entre os indivíduos e a plasticidade fenotípica resultam na

variação intraespecífica dos traços funcionais, que condiciona as estratégias das plantas para

responder aos filtros ecológicos (fatores abióticos e interações bióticas) (Fridley et al. 2007). A

plasticidade em ambientes perturbados pode estabelecer fenótipos adaptados parcialmente, dessa

forma, podendo acelerar processos evolutivos nas plantas (Lande 2009).


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Uma estratégia utilizada pela espécie é o arranjo de pequenas folhas rígidas em múltiplas

espirais ao redor da extremidade terminal dos ramos, característica que fornece um auto-

sombreamento. Outra adaptação muito eficiente para evitar o estresse causado pela alta radiação UVA

é a redução da área foliar, além de minimizar a área superficial que contribui para a transpiração

(Silva et al. 2014).

A massa seca foliar pode ser relacionada à capacidade e eficiência fotossintética, incorporação

de carbono, competição por luz, taxa de crescimento relativo (Westoby et al. 2002).

No presente estudo, as duas populações que apresentaram traços funcionais mais similares

entre si (População 2 e População 3), estão geograficamente mais distantes, mas apresentaram maior

semelhança em relação às variáveis ambientais avaliadas nas áreas 2 e 3. Isso sugere que, em uma

escala local, a variação ambiental pode ser mais importante que a distância geográfica em relação às

respostas adaptativas das plantas. Os dados obtidos, permitem inferir que a espécie apresenta

plasticidade fenotípica em relação às áreas estudadas, o que sugere sua importância nos processos

adaptativos e evolutivos da espécie, uma vez que as diferenças observadas foram maiores em relação

das variações ambientais do que devido ao distanciamento entre as populações, para complementar

tais informações e corroborar as hipóteses, estudos anatômicos seriam de grande relevância.

O presente trabalho foi muito importante, pois foi possível, a partir da visualização dos

resultados desenvolver várias perguntas que podem ser investigadas no futuro, deixando aberta a

possibilidade de elaborar a avaliação da plasticidade fenotípica de Lychnophora ericoides de forma

mais ampla, através da adição de estudos anatômicos, coleta de outros dados ambientais além dos já

amostrados, observação dos mecanismos reprodutivos, havendo o potencial até de se fazer uma

análise biogeográfica, extrapolando os estudos para populações em outras áreas de ocorrência da

espécie, que apresentem características mais distintas como as áreas já estudadas no quadrilátero

ferrífero (Bueno 2017) e na região de Alto Paraíso de Goiás (Souza 2006).

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REFERÊNCIAS

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The manuscript text should be prepared in English (see Preparing the article file below for details) and submitted online
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Cover letter
All manuscripts must be submitted with a cover letter, which should summarize the scientific strengths of the paper that the authors
believe qualify it for consideration by Acta Botanica Brasilica. The cover letter should also include a statement declaring that the
manuscript reports unpublished work that it is not under active consideration for publication elsewhere, nor been accepted for
publication, nor been published in full or in part (except in abstract form). Please also provide a statement that the authors have
the rights to publish all images included in the manuscript.

Preparing the article file


(Please consult a last issue of Acta Botanica Brasilica for layout and style)
All manuscripts must follow these guidelines: the text should be in Times New Roman font, size 12, double-spaced throughout and
with 25 mm margins; the paper size should be set to A4 (210 x 297 mm). All pages should be numbered sequentially. Each line of the
text should also be numbered, with the top line of each page being line 1. For text files .doc, .docx and .rtf are the only acceptable
formats. Files in Adobe® PDF format (.pdf files) will not be accepted. When appropriate, the article file should include a list of figure
legends and table heads at the end. This article file should not include any illustrations or tables, all of which should be submitted in
separate files. Do not include field code either.
The first page should state the type of article (Original Article, Review, Viewpoint, Method or Short communication) and provide a
concise and informative full title followed by the names of all authors. Each name should be followed by the Orcid number and an
identifying superscript number (1, 2, 3 etc.) associated with the appropriate institutional address to be entered further down the page.
Only one corresponding author should be indicated with an asterisk and should always be the submitting author. The institutional
address(es) of each author should be listed next, each address being preceded by the superscript number where appropriate. The
address must be synthetic and in English with institution, postal code, city, state and country. Do not translate laboratory, department
and university. Titles and positions should not be mentioned. This information is followed by the e-mail address of the corresponding
author.
The second page should contain a structured Abstract not exceeding 200 words in a single paragraph without references. The
Abstract should outline the essential content of the manuscript, especially the results and discussion, highlighting the relevance of
main findings.
The Abstract should be followed by between five and ten Keywords. Note that essential words in the title should be repeated in the
key words.
Original articles should be divided into sections presented in the following order:
Title page

Abstract

Introduction

Materials and methods

Results

Discussion

Acknowledgements

References

Tables and Figures legends

Supplementary Data (if applicable)


Materials and methods and Results should be clear and concise. The Discussion section should avoid extensive repetition of the
results and must finish with some conclusions. This section can be combined with results (Results and Discussion), however, we
recommend authors consult the Editoral Board for a previous evaluation.
Plant names must be written out in full in the abstract and again in the main text for every organism at first mention but the genus is
only needed for the first species in a list within the same genus (e.g. Hymenaea stigonocarpa e H. stilbocarpa). The authority (e.g., L.,
Mill., Benth.) is required only in Materials and methods section. Use The International Plant Names Index (www.ipni.org) for correct
plants names. Cultivars or varieties should be added to the scientific name (e.g. Solanum lycopersicum ‘Jumbo’). Authors must
include in Materials and methods a reference to voucher specimen(s) and voucher number(s) of the plants or other material
examined.
Abbreviations must be avoid except for usual cases (see recent issues) and all terms must be written out in full when used to start a
sentence. Non-conventional abbreviations should be spelled out at first mention.
Units of Measurement. Acta bot. bras. adopts the Systéme International d’Unités (SI). For volume, use the cubic metre (e.g. 1 × 10–
5 m3) or the litre (e.g. 5 μL, 5 mL, 5 L). For concentrations, use μM, μmol L–1 or mg L–1. For size and distance use meters (cm, mm,
um, etc) and be consistent in the manuscript.
Numbers up to nine should be written out unless they are measurements. All numbers above ten should be in numerals unless they
are starting sentences.
Citations in the text should take the form of Silva (2012) or Ribeiro & Furr (1975) or (Mayer & Wu 1987a; b; Gonzalez 2014; Sirano
2014) and be ordered chronologically. Papers by three or more authors, even on first mention, should be abbreviated to the name of
the first author followed by et al. (e.g. Simmons et al. 2014). If two different authors have the same last name, and the article have the
same year of publication, give their initials (e.g. JS Santos 2003). Only refer to papers as ‘in press’ if they have been accepted for
publication in a named journal, otherwise use the terms ‘unpubl. res.’, giving the initials and last name of the person concerned (e.g.,
RA Santos unpubl. res.).
References should be arranged alphabetically based on the surname of the author(s). Where the same author(s) has two or more
papers listed, these papers should be grouped in year order. Letters ‘a’, ‘b’, ‘c’, etc., should be added to the date of papers with the
same citation in the text. Please provide DOI of ‘in press’ papers whenever possible.
For papers with six authors or fewer, please give the names of all the authors. For papers with seven authors or more, please give
the names of the first three authors only, followed by et al.
Please follow the styles:
Books
Smith GM. 1938. Cryptogamic botany. Vol. II Bryophytes and Pteridophytes. 2nd. edn. New York, McGraw-Hill Book Company.
Chapters in books
Schupp EW, Feener DH. 1991. Phylogeny, lifeform, and habitat dependence of ant-defended plants in a Panamanian forest. In:
Huxley CR, Cutler DC. (eds.) Ant-plant interactions. Oxford, Oxford University Press. p. 175-197.
Research papers
Alves MF, Duarte MO, Oliveira PEAM, Sampaio DS. 2013. Self-sterility in the hexaploid Handroanthus serratifolius (Bignoniaceae),
the national flower of Brazil. Acta Botanica Brasilica 27: 714-722.
Papers in press (ahead of print)
Alves JJ, Sampaio MTY. 2015. Structure and evolution of flowers. Acta Botanica Brasilica (in press). doi: 10.1590/0102-
33062015abb3339.
Online-only journals
Wolkovich EM, Cleland EE. 2014. Phenological niches and the future of invaded ecosystems with climate change. AoB Plants 6:
plu013 doi:10.1093/aobpla/plu013
Thesis (citation should be avoided)
Souza D. 2014. Plant growth regulators. PhD or MSc Thesis, University, City.
Websites and other sources (citation should be avoided)
Anonymous. 2011. Title of booklet, leaflet, report, etc. City, Publisher or other source, Country.
References to websites should be structured as: author(s) name author(s) initial(s). year. Full title of article. Full URL. 21 Oct. 2014
(Date of last successful access).
Acknowledgements should be in fewer than 80 words. Be concise: “we thank…” is preferable to “The present authors would like to
express their thanks to…”. Funding information should be included in this section.
The following example should be followed:
We acknowledge the Center of Microscopy (UFMG) for providing the equipment and technical support for experiments involving
electron microscopy. We also thank J.S. Santos for assistance with the statistical analyses. This work was supported through a
research grant from the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (ID number).
For SHORT COMMUNICATIONS note that the editorial guidelines applying to original papers must also applying here. In general, the
difference between original papers and short communications is the lack of subsections in the text and limited space for illustrations
in the latter. Figures and tables can be present, assuming that the overall size of the manuscript does not exceed the five printed page
limit (supplementary material can be added). The abstract (as described for original articles) must be followed by a “running text” (a
single section, without subheadings), followed by the acknowledgments and references.

Preparing Figures, Tables and Supplementary material


All figures (photographs, maps, drawings, graphs, diagrams, etc.) and tables must be cited in the text, in ascending order. Citations of
figures in the text should appear in an abbreviated, capitalized form (e.g., Fig. 1, Fig. 2A-D, Fig. 3A, Figs. 3A, 4C, Tab.1).
The maximum dimensions of individual figures should be 170 × 240 mm. The width of an individual component can be 170 mm or 85
mm, without exception, whereas the height can be ≤ 240 mm. For continuous tone images (e.g., photographs), please supply TIFF
files at 300 dpi. More complex drawings, such as detailed botanical illustrations will not be redrawn and should be supplied as 600 dpi
TIFF files.
Grouping of related graphics or images into a single figure (a plate) is strongly encouraged. When a block of illustrative material
consists of several parts, each part should be labelled with sequential capital letters, in the order of their citation in the text (A, B, C,
etc.). The letters that identify individual images should be inserted within white circles in the lower right-hand corner. For separate the
grouped images, authors should insert white bars (1mm thickness).
Individual images (not grouped as a plate) should be identified with sequential Arabic numerals, in the order of their citation in the text
(Fig. 1, Fig. 2, Fig. 3, etc.), presented in the same manner as the letters identifying individual images (described above).
The number that identifies a grouped figure (e.g., Fig. 2) should not be inserted into the plate but should rather be referenced only in
the figure caption and the text (e.g., Fig. 2A-C).
Scale bars, when required, should be positioned in the lower right-hand corner of the figure. The scale bar units should be given either
at the end of the figure caption or, when a figure contains multiple scale bars with different units, above each bar.

Details within a figure can be indicated with arrows, letters or symbols, as appropriate.
Tables should be preceded by titles, indicated with sequential Arabic numerals (Table 1, 2, 3, etc.; do not abbreviate). Tables should
be created using the Table function of Microsoft Word™. Columns and rows should be visible, although no dark lines should be used
to separate them. Horizontal rules should be used only at the top (below the title) and bottom (below the final row) of the table. Do not
use fills, shading or colors in the tables.
When appropriate, excess (but important) data can be submitted as Supplementary Files, which will be published online and will be
made available as links. This might include additional figures, tables, or other materials that are necessary to fully document the
research contained in the paper or to facilitate the readers’ ability to understand the work.
Supplementary Materials are linked from the main article webpage. They can be cited using the same DOI as the paper.
Supplementary Materials should be presented in appropriate .doc file for text and tables and .tiff file at 300dpi for figures and graphics.
The full title of the paper and author names should be included in the header. All supplementary figures and tables should be referred
in the manuscript body as “Table S1” and/or “Figure S1”.
Acta bot. bras. intends to maintain archives of Supplementary Materials but does not guarantee their permanent availability. Acta bot.
bras. reserves the right to remove Supplementary Materials from a published article in the future.

The Review Process


All authors will receive an email acknowledging the submission of the manuscript, with its correspondent reference number. The
Editor-in-Chief will evaluate manuscript adherence to instructions, quality and novelty and will decide on the suitability for peer
reviewing. Manuscripts failing to adhere to the format will be returned to the authors. Manuscripts are sent to at least two anonymous
referees that are given 21 days to return their reports.

Submitting a revised paper


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in duplicate.

Publication and printing process


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within 72 h. It is the sole responsibility of the corresponding author to check for errors in the proof.
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The dates of submission and acceptance will be printed on each paper.
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